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Clínica Integrada Mariana Santos PARASITOSES INTESTINAIS Epidemiologia Acomete cerca de 3,5 bilhoes de pessoas, especialmente crianças (55,3% crianças brasileiras, maioria poliparasitada). HTS (ascaris, T. trichiura, N.americanos e A. duodenale) em taxas preocupantes, tendência ao declínio no Brasil. Determinantes: más condições de habitação, residências sem água encanada e rede de esgoto, baixo nível educacional. Tratamento comunitário preventivo em áreas de altas taxas - >20% de prevelência (albendazol, mebendazol). Helmintos Nematelmintos (cilíndricos): Ascaris lumbricoides (ascaridíse) Ancilostoma duodenale ou Necator americanus (ancilostomíase) Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase) Enterobius vermiculares (enterobíase ou oxiuríse) Trichuris trichiura (trichiuríase ou tricocefalíase) Platelmintos (achatados): Taenia saginata e Taenia solium (teníase) Hymenolepis nana (himenolepíase) Diphylobothrium latum (difilobotríase) Protozoários Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar (amebíase) Balantidium coli (balantidíase) Giardia lamblia (giardíase) Isospora belli (isosporíase) Cryptosporidium sp. (criptosporidiose) Blastocystis hominis (blastocistose) Cyclospora cayetanensis (ciclosporose) Comensais Entamoeba coli, Endolimax nana (aqueles que estão presentes, mas não trazem danos, ou seja, não precisamos tratar) Quadro clínico geral Maioria oligo/assintomáticos: diarreia, dor abdominal, distenção, desnutrição Cultura popular: “barriga de vermes”, olhos escovados, olhar penetrante, cílios longos, vontades (doces...), “manchas brancas na pele” Eliminação do parasita pode ajudar no diagnóstico, pois as vezes os pacientes levam para o consultório (kkkk Deus) ou apenas descrevem e conseguimos identificar Inespecíficos: anorexia, irritabilidade, distúrbio do sono, náuseas, vômitos ocasionais, diarreias. Agrava a desnutrição e pode ser grave especialmente nesse grupo. Gravidade: infecções maciças, virulência do parasito, colonização de sítios menos habituais (pâncreas, fígado, outros) Antes de medicação imunossupressora tratar áscaris e estrongiloidíase. NUNCA ESQUECER DISSO!! Convivência crônica tendência a autolimitação dos sintomas. Desnutrição e verminose Algumas parasitoses podem dar alterações que são muito sugestivas, como: Ancilostomíase: anemia Prolapso retal e enterorragia: tricuríase Hepatoesplenomegalia: esquistossomose Obstrução intestinal: ascaridíase Feses gordurosas, esbranquiçadas por alteração no metabolismo dos sais biliares: giardíase Prurido anal: oxiurus Eosinofilia: lembra muito estrongiloidiase AGRAVO NUTRICIONAL: Lesão mucosa, competição pelo alimento, facilitação de proliferação bacteriana no int. grosso (Ameba), exsudação intestinal, perda sanguínea intestinal, alteração no metabolismo dos sais biliares (Giardia) - NECESSIDADE NUTRICIONAL NA CRIANÇA As parasitoses intestinais são muito frequentes na infância. São consideradas problema de saúde pública, principalmente nas áreas rurais e periferias das cidades dos países chamados subdesenvolvidos, onde são mais frequentes. Clínica Integrada Mariana Santos Diagnostico Sintomas inespecíficos, baixa sensibilidade propedêutica Dados epidemiológicos Típicos períodos de acalmia e exacerbação Acometimento familiar Habitantes rurais Imunossupressão Eosinofilia nas helmintíases (*S. stercoralis) Exame macroscópico das fezes Laboratório: EPF (material recente colhido e repetir para concluir). Fixação MIF para cistos e ovos. Exame direto (trofozoitos)/ HPJ (ovos)/ sedimentação espontânea e Faust (cistos) / Baerman-Moraes (larvas)/ Fita Gomada (oxiurus). Elisa para cistos e trofozoitos: + recente Algumas alterações mais especificas Anemia: ancilostomíase Prolapso retal/enterorragia: tricuríase Hepatoesplenomegalia: esquistossomose Obstrução intestinal: ascaridíase Transmissão Água e alimento contaminado: Giardia, E.histolítica, Criptosporidium, Isospora Ingestão de ovos do solo: áscaris, E. vermicularis, T. trichiura, H. nana Penetração de larvas do solo: Necator, S. stercoralis Ingestão de cisticercos em carnes: T. solium e saginata Pessoas que lidam com suínos: B. coli É preciso saber para melhor orientar!!! Raio X – distensão de alças – bolo de áscaris Bolo de Ascaris no intestino. Clínica Integrada Mariana Santos Profilaxia Destino adequado das fezes humanas; Lavagem das mãos; Água adequada para consumo; Lavagem e conservação dos alimentos; Uso de calçados; Ambiente livre de insetos; Não levar objetos/dedos à boca nem relações sexuais oro-anais; Desaconselhar o abandono precoce do aleitamento materno. ASCARIDÍASE Nematelminto “Ascaris lumbricoides“ ou “lombriga”. Mais prevalente no mundo. Alto índice de reinfecção. Contaminação: Ingestão de ovos embrionados (muito resistentes). Larvas liberadas dos ovos invadem o intestino e alcançam a corrente sanguínea, fígado e, posteriormente os pulmões. As larvas, através das vias respiratórias atingem a epligote, são deglutidas e se transformam em vermes adultos no intestino delgado. Transmissão: alimentos e água, mãos contaminadas, inalação e deglutição. Parasita do intestino delgado. S. Loeffler: passagem das larvas pelos pulmões (pneumonite). É um diagnóstico diferencial de asma, pneumonia. Maioria assintomática. Pode haver migração atípica: vias biliares, pâncreas, apêndice, vias aéreas. Oclusão ou semi- oclusão intestinal. Tratamento Mebendazol – 1° linha Albendazol – 1° linha Ivermectina Pamoato de pirantel Nitazoxanida TRIQUIURÍASE Tricocefalose, tricocefalíase, tricurose, tricuríase Nematoide “Trichocephalustrichiurus” ou “Trichiura trichiurus”. Ovos eliminados nas fezes e embrionados no solo. Contaminação através da ingestão dos ovos do parasita. Vermes adultos localizam-se preferencialmente no ceco, apêndice, íleo terminal. Diarreia, cólicas abdominais, disenteria, tenesmo, prolapso retal, enterorragia, anemia ferropriva. Importante causa de enterorragia em lactentes e prolapso retal em desnutridos. Isso chama muito atenção pra Triquiuríase Tratamento: 1° linha: mebendazol (repetir em 15 dias), albendazol (3 dias) 2° linha: ivermectina + albendazol (1 dose), nitazoxanida Repetir 3 vezes na infestação maciça ANCILOSTOMÍASE “Necator americanus”* e“Ancylostoma duodenale” Amarelão ou D. do Jeca-Tatu Ovos nas fezes, larvas, pele íntegra (dermatite pruriginosa), corrente sanguínea, pulmões (pneumonite eosinofílica), tubo digestivo, vermes adultos. Vermes adultos, podem causar duodenite (epigastralgia, vômitos), alteração do apetite, do hábito intestinal e alimentar (geofagia, causada pela anemia que o verme desenvolve no indivíduo) TTO: Reposição de ferro Albendazol Mebendazol Pamoato de pirantel Nitazoxanida ESTRONGILOIDÍASE Nematelminto “Strongyloides stercoralis” Clínica Integrada Mariana Santos Verme encontrado na mucosa e submucosa do intestino delgado. Larvas eliminadas nas fezes, penetram a pele (dermatite larvária), sangue, pulmões, intestino. Sintomas na pele e pulmões semelhantes aos ancilostomídeos. Dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia e síndrome de má absorção. Formas leves até S. pseudoulcerosa (como se o paciente estivesse como uma ulcera péptica mesmo) Alta eosinofilia sanguínea é característica. Todas podem dar, mas essa causa muito. Septicemia em imunossuprimidos por disseminação, penetração e carreamento de bactérias intestinais.Por isso que os pacientes que vão se submeter a qualquer coisa que leve a imunossupressão, a gente tem que oferecer medicação que cobre ascarides e estrongiloides) Tratamento Heteroinfecção, auto-infecção interna ou externa: 1° linha: Ivermectina 2° linha: Tiabendazol, Albendazol (geralmente tratamos por 7 dias, diferente da ascaridíase que é apenas uma dose), Nitazoxanida ENTEROBÍASE OU OXIURÍASE Nematelminto “Enterobios vermicularis” Prurido anal Colonização é de intestino grosso. As gêmeas fazem deposição de ovos, principalmente à noite, por isso dá tanto prurido anal noturno. Cólon direito e ceco. Fêmeas, após a fecundação depositam ovos na região perianal e, podendo invadir e provocar reação inflamatória no trato genito- urinário feminino. Contaminação pessoa-pessoa ou fômites. Geralmente envolve familiares (lavar roupa de cama, trocar, deixar secar por mais dias, passar ferro quente, tratar familiares mesmo sem sintomas, não ficar varrendo a casa pra não espalhar). Auto-infecção é problema (criança coça e coloca mão na boca) Dor em fossa ilíaca direita, prurido anal, vulvar (vulvovaginite), flatulência, diarreia, náuseas. Tratamento 1° linha: Albendazol, Mebendazol Outros; Pamoato de pirvínio, nitazoxanida Reinfecção é comum, sendo necessárias medidas: Tratar familiares Unhas aparadas – Higiene Evitar disseminação pelo ar TENÍASE “Taenia saginata” (carne bovina) ou “Taenia solium” (carne suína - solitária) Ingestão de carne mal cozida Bovina- cysticercus bovis (T. saginata) Suina- cysticercus cellulosae (T. solium) O cisticerco libera a larva que origina o verme adulto. A tênia fixa-se ao intestino delgado através do escólex e elimina ovos e proglotes (fragmentos do corpo) nas fezes. A cisticercose humana é a complicação mais temível desta helmintíase, causando principalmente neuropatias (T. solium). Cólicas abdominais, flatulência, diarreia, sensação de fome. Tratamento Praziquantel (também para neurocistircercose) Niclosamida Ivermectina Nitazoxanida (T. saginata) Reexaminas as fezes 1 e 3 meses após o tto. HIMENOLEPÍASE “Hymenolepis nana” Ovos ingeridos liberam o embrião que penetra no intestino delgado do homem. Sintomas através da irritação mecânica do intestino (não há quadro característico). Tratamento: Praziquantel*, nitazoxanida, niclosamida Pode ser necessário repetir ESQUISTOSSOMOSE Caso clinico: Uma criança de 10 anos moradora da região norte de Minas Gerais mudou-se para Araguaína e foi atendida pelo Hospital de Doenças Tropicais apresentando-se com o seguinte quadro: ascite, esplenomegalia, dor abdominal e desnutrição moderada. Foi solicitado exame parasitológico de fezes e o resultado revelou presença de poucos ovos em formato oval e espiculado, medindo cerca de 150 um. Clínica Integrada Mariana Santos A sintomatologia da paciente e a presença de ovo em formato oval e espiculado no exame parasitológico indicam que o parasita em questão é o Schistosoma sp., responsável pela ESQUISTOSSOMOSE. Dentre as várias espécies do gênero Schistosoma, é bem provável que a espécie em questão seja Schistosoma mansoni, a principal responsável pelos casos na África e América do Sul. Platelminto da classe “Trematoda” Presença de ventosas (fixação à parede dos vasos) Digenéticos (necessitam hospedeiro definitivo e intermediário para completar seu ciclo vital) Ovos eliminados nas fezes do homem contém miracídios que em meio líquido abandonam os ovos e infectam os hospedeiros intermediários (moluscos do gênero “Biomphalaria”) Miracídio se reproduz assexuadamente dando origem às cercárias que abandonam o hospedeiro e penetram na pele Cercárias, esquistossômulos invadem pulmões, sistema porta intra-hepático onde atingem a maturidade Ela disse que na lagoa Silvana tem a cercaria kkkkk então, se cair um caso no osce falando de lagoa Silvana, já sabe ne? Classificação da esquistossomose mansoni Formas agudas x Fase tardia Forma hepatointestinal / Forma hepática Forma hepatoesplênica: compensada x descompensada Outras formas clínicas e complicações: Forma vasculopulmonar Hipertensão pulmonar / Glomerulopatia Forma neurológica Outras localizações: Pseudoneoplásica |Doença linfoproliferativa Tratamento: 1° linha:mOxamniquina* Praziquantel GIARDÍASE “Giárdia lamblia”(G. intestinalis, G.duodenalis) Infecção é endêmica nos países subdesenvolvidos Acomete principalmente crianças Incidência diminui com a idade, exceto nos homossexuais Animais de estimação são potenciais fontes de transmissão. Formas de trofozoíta e cisto Forma infectante é o cisto que é eliminado nas fezes Cisto: resistente ao cloro(piscinas), a baixas temperaturas(sorvetes) Maioria dos infectados não apresenta sintomas (portador) TRANSMISSÃO: água e alimentos contaminados, piscinas, vegetais crus, pessoa a pessoa (creche), contato sexual. DIARREIA AGUDA Aquosa, sem sangue ou pus, odor fétido Em média 5 dias Acompanhada de náuseas, vômitos, dor epigástrica Esteatorreia DIARREIA CRÔNICA Imunossuprimidos Lactentes Crianças Quadro de desnutrição e anemia intensos Comprometimento da absorção de dissacarídeos (Def. lactase) Infecções repetidas TRATAMENTO: Metronidazol Tinidazol Secnidazol Albendazol Nitozoxanida Diagnóstico e tratamento precoce mesmo para assintomático (é interrogado); Autolimitadas não é necessário (é interrogado). POLEMICAAA. Alguns dizem que o tto é importante pq Reduz especialmente a síndrome pós-infecciosa. AMEBÍASE “Entamoeba hystolitica” Distribuição universal e endêmica em países subdesenvolvidos (40% no México e América do Sul). Ingestão de cistos que dão origem aos trofozoítos que se reproduzem por divisão binária e voltam a se encistar para serem eliminados nas fezes Alimentos e água contaminada. Clínica Integrada Mariana Santos INTESTINAL Não invasiva: assintomática Invasiva: Não complicada: aguda ou crônica Complicada: hemorragia perfuração, obstrução, peritonite, apendicite, septicemia / ameboma EXTRA-INTESTINAL Hepática Pleuro-pericárdica Cutânea Cerebral Maioria alterna constipação e diarreia TRATAMENTO Portadores assintomáticos: Etofamida, Teclosan (amebicida intraluminal) Portadores sintomáticos: Metronidazol, Tinidazol, Secnidazol seguido por Etofamida ou Teclosan. E realizar Exame de fezes de acompanhamento Abcesso hepático: raramente cirurgia, por vezes punção percutânea BALANTIDÍASE “Balantidium coli” Ingestão de água contaminada por fezes de suínos Tratamento: metronidazol, nitazoxanida CRIPTOSPORIDIOSE Criptosporidium sp Principal sintoma diarreia Transmissão fecal-oral Não é comum, a não ser em imunossuprimidos. Imunodeprimidos: diarreia crônica, líquida, profusa, não sanguinolenta, cólicas abdominais. Laboratório: método Ziehl Neelsen TRATAMENTO Paramomicina ou azitromicina em imunossuprimidos Nitazoxanida 3-7 dias (desnecessário em imunocompetente) CICLOSPORÍASE Cyclospora caytanensis (coccídeo) Acomete imunodeficientes Sintomas: diarreia intensa e síndrome da má-absorção. Uma das causas da diarreia do viajante. Método: Ziehl-Nielsen modificado / aspirado duodenal / biópsia duodenal Tto: SMZ-TMP por 7 dias MICROSPORÍASE E ISOS PORÍASE Protozooses Imunodeficientes em especial Diarreia predomina Tratamento: Microsporíase:Albendazol Isosporíase: SMZ-TMP MEDICAMENTOS DE TTO DE 1° E 2° L INHA Clínica Integrada Mariana Santos TEMAS QUE ELA QUER Q UE A GENTE REVEJA Ou seja, talvez caia no OSCE ou integradora D IARREIA AGUDA Conceito: Aumento do número de evacuações amolecidas oulíquidas (>=3/24h). Fezes aquosas ou de pouca consistência desequilíbrio entre produção e absorção de líquidos). Pode ocorrer presença de sangue. Muitas vezes acompanhada de febre, dor e distensão abdominal e por vezes de náuseas e vômitos. Categorias Diarreia Aguda Aquosa (até 14 dias) desidratação Diarreia aguda com sangue (disenteria)- Shigella Diarreia persistente > 14 dias, desnutrição, complicações e letalidade Início abrupto, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitada, duração <14 dias (maioria em <7dias), pode ter consequências graves como desidratação e desnutrição. Princípios da avaliação clínica Anamnese Exame físico Identificar os riscos de complicações O peso é fundamental no acompanhamento Anamnese Duração da diarreia Número diário de evacuações Presença de sangue nas fezes Vômitos/ número de episódios Febre ou outras manifestações Alimentação prévia e vigente Contato com outros casos Oferta e consumo de líquidos Uso de medicamentos Imunização Diurese, peso recente, doenças Exame físico Hidratação Estado nutricional Estado de alerta (ativo, irritado, letárgico) Capacidade de beber água Diurese Peso – pode estar relacionado com o volume de déficit Classificação da desidratação Desidratação leve: perda até 5% - 50ml/Kg Desidratação moderada: perda de 5-10% - 50-100ml/Kg Desidratação grave: perda >10% - >100ml/Kg Avaliação da desidratação Clínica Integrada Mariana Santos Técnica de perfusão capilar Técnica: manter a mão da criança fechada e comprimida por 15 seg., abrir a mão e observar o tempo que a coloração da mão retorna (normal até 3 segundos). Importante especialmente em desnutrido (avaliação da desidratação difícil). Pacientes de risco <2 meses de idade Doença de base: DM, IR ou hepática, outras doenças crônicas Vômitos persistentes Perdas diarreicas volumosas e frequentes (+8 por dia) Percepção de desidratação pelos pais Saber tratamento, alimentação na diarreia, terapia de reidratação oral, vitamina A, antibióticos, zinco, prevenção e saneamento. SABER SOBRE CONSTIPAÇÃO!!!
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