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A função do filho Cap 3 - Diagnóstico Diferencial da Imagem Corporal

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Capítulo "Diagnóstico Diferencial da Imagem Corporal”
1) A função Cênica da Imagem do Corpo
	A imagem do corpo é, desde o início da humanidade, uma força de alienação, estruturante para o ser humano. Dos reflexos na água ao uso do espelho, refletindo quem está do outro lado, se percebendo, se olhando. Para o recém-nascido, o primeiro espelho é a mãe, imitando-a como se fosse um, tendo uma fase de projeção para enfim separar-se dela, construindo sua própria imagem, mas ainda associada continuadamente ao espelho.
	Sem a mãe, o Outro, a criança não poderia constituir-se num espelho. A construção de linguagem e imagem corporal parte do Ele para o eu. Esse cenário de reflexo permite a ela modificar-se. Negando seu corpo, encontra nesse reflexo sua imagem, posteriormente ressignificando para enfim construir um esquema corporal. 
	Os terapeutas behavioristas, criam labirintos e analisam o comportamento e ação de camundongos buscando a resposta. Seus conceitos se constroem a partir da observação, buscando como resultado a solução do problema. Em contrapartida, para a psicanálise, é necessário estar no labirinto, junto da criança. Criando contornos, sem misturar-se, possibilitando um encontro de si, do outro lado do labirinto, construído pela própria criança.
2) Postura e Imagem Frente ao Espelho 
Ao adentrarmos nesse labirinto, é importante, para melhor compreensão diagnóstica, determinar se a criança montou sua imagem corporal, podendo ainda utilizar dela ou não. Dessa forma podemos entender se ela entrou ou não nesses labirintos. Sem a formação da imagem não há possibilidade de construção da representação corporal, sendo que é a partir que constrói a subjetividade e comportamentos.
3) Imagem Refletida e Imagem Refratada
	Usando como exemplo o reflexo da água, referente a metáfora do espelho, a imagem superficial refletida seria o equivalente ao primeiro momento, onde a criança ainda vê a si e a mãe como uma só unidade. Enquanto ao fundo, a imagem refratada simbolizaria a sua existência, sempre através do Outro. Sem esse encontro com uma imagem mais a fundo, a criança não conseguiria diferenciar-se de sua mãe, caminhando rumo a psicose infantil e narcisismo. O espelho não cumpriria seu papel cênico, além de uma impossibilidade da função paterna ser internalizada.
	Sem o grande Outro, a criança estaria refratando em uma posição sem refletir a imagem alguma. apenas seu corpo estaria ali, sem refração simbólica e sem uma imagem virtual. Se completaria apenas a partir dela mesma, sem um terceiro, o que poderia levar à psicose (sem refração) ou autismo (sem imagem).
4) O Mistério da Imagem Corporal 
	O que torna intrigante e a falta, incompletude dessa imagem, o que a torna em sujeito desejante. Isso ocorre devido a função paterna, ao imprimir a lei sustentando simbolicamente essa imagem, abrindo espaço para a criança na relação familiar triangular como filho.
	É comum que a criança passe a brincar em frente ao espelho, esse objeto com uma imagem refletida, que a cativa a tentar sempre encontrar a solução, que nunca se acha. Mas a cada vez se recria e ressignifica, pois o espelho desperta na criança a curiosidade e a impulsiona a saciá-la. 
5) Para um Diagnóstico Diferencial da Imagem do Corpo
	Para o diagnóstico diferencial, é imprescindível a relação com a criança, diferenciando dos exames terapêuticos comuns que demandam uma bateria de exames e testes. A imagem, com formação inconsciente, só pode ser alcançada por meio desse laço criado com a criança. Há alguns padrões utilizados que servem como referência no para o diagnóstico.
	São os olhares que inserem a criança na cultura, através de sua relação com a mãe, em um diálogo gestual. Por tanto, inicialmente, devemos observar se existe esse jogo de refração ou reflexão de olhares.
	Pelo toque, se constrói o diálogo tônico libidinal, a mãe que pelo toque gera postura, ao segurar o bebe. Esse toque gera consistência a sua postura, bem como a imagem do corpo. Da postura, nascem por meio do movimento, os gestos. Quando não há uma imagem de corpo, o toque não terá significância. 
	A voz que se apresenta como afetiva, intimida, sedutora,nos momentos iniciais, que leva o bebe a responder com gestos e movimentos na boca, emitindo sons para responder a melodia apresentada pelo Outro. A voz do Outro cria o encontro com o corpo em desenvolvimento, que leva o bebe a movimentar-se de acordo com a melodia, respondendo ao Outro.

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