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O Governo Dutra foi caracterizado por ter sido o governo que iniciou o período da Quarta República brasileira. Esse período iniciou-se em 1945 e estendeu-se até o golpe militar que aconteceu em 1964. O governo de Dutra foi caracterizado pelo alinhamento do Brasil como aliado incondicional dos EUA na Guerra Fria e pela perseguição aos movimentos trabalhistas e aos comunistas. No início de 1945, como resposta à pressão política que sofria, Getúlio Vargas realizou o decreto do Ato Adicional. Com isso, Vargas convocou eleições presidenciais para o final de 1945 e estabeleceu as condições para o surgimento de partidos políticos no Brasil – algo que estava proibido desde o início do Estado Novo, em 1937. A vida política brasileira ao longo da Quarta República iniciou-se a partir dos partidos que foram criados após o Ato Adicional. O primeiro grande partido que atuou durante o período da Quarta República foi a União Democrática Nacional (UDN). A UDN surgiu como oposição ao legado político do getulismo, e em sua fundação agrupou um quadro heterogêneo formado por representantes da burguesia comercial e industrial, classes médias urbanas, além de socialistas democratas. No entanto, na medida em que sua postura política se consolidou, todos os socialistas e dissidentes comunistas abandonaram o partido. A UDN consolidou-se como um partido conservador que evocava um discurso moralista contra a corrupção e que possuía uma forte tendência anticomunista e antigetulista. Outro partido importante desse período foi o Partido Social Democrático (PSD). Esse partido estruturou-se a partir da burocracia criada por Getúlio Vargas durante o Estado Novo. Foi criado pelos interventores aliados de Vargas e, ao longo da Quarta República, mostrou-se muito eficiente em estruturar uma rede de acordos e favores políticos, o que lhe permitiu eleger grande quantidade de políticos, tornando-se o maior partido desse período. O terceiro grande partido desse período foi o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O PTB foi criado pelo próprio Getúlio Vargas para manter sua política de aproximação com os trabalhadores urbanos e as lideranças sindicais. Ao longo da Quarta República, o PTB alinhou-se com uma política democrática mais à esquerda. Com a aproximação das eleições, os candidatos à presidência foram postulando-se. Concorreram na eleição de 1945 os seguintes candidatos: • General Eurico Gaspar Dutra (PSD/PTB) • Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) • Iedo Fiúza (PCB) O apoio de Vargas à candidatura de Eurico Gaspar Dutra no dia 28 de novembro de 1945 – às vésperas das eleições – deu mais força ainda para o candidato do PSD. O resultado foi uma vitória folgada de Eurico Gaspar Dutra, que recebeu 55% dos votos do eleitorado O Governo Dutra O primeiro ato de destaque do governo de Eurico Gaspar Dutra foi a formação de uma Constituinte que trabalhou na elaboração de uma nova Constituição para o Brasil que foi responsável por trazer parcialmente de volta direitos políticos e democráticos aos cidadãos brasileiros. Cabe também mencionar que a Constituição de 1946 recebe algumas críticas dos historiadores pelos seguintes fatores: • Ampliou o acesso à democracia, no entanto, não de maneira satisfatória, uma vez que os analfabetos não tinham direito ao voto; • Continuou excluindo os trabalhadores rurais dos direitos trabalhistas conquistados pelos trabalhadores urbanos na primeira metade da década de 1940; • Criou mecanismos que davam ao governo a possibilidade de restringir o direito à greve do trabalhador. https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/golpe-militar-1964-inicio-ditadura.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/guerra-fria.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/era-vargas-estado-novo.htm O governo brasileiro alinhou-se incondicionalmente como aliado dos Estados Unidos e do bloco capitalista. Assim, internamente, iniciou-se uma forte repressão contra organizações políticas e de trabalhadores que se alinhavam com a esquerda e o comunismo. As ações de Dutra nesse sentido levaram ao rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e União Soviética em 1947. Posteriormente, o governo brasileiro colocou o Partido Comunista do Brasil na ilegalidade a partir de um dispositivo da Constituição contra partidos “antidemocráticos”. Na economia, a postura do governo Dutra pode ser resumida a partir da seguinte afirmação do historiador Thomas Skidmore: De maneira resumida, o governo Dutra optou por uma política liberal em seus primeiros anos, nos quais houve incentivo às importações como forma de combater a alta da inflação. As importações sem regulamentação fizeram com que as reservas cambiais do nosso país fossem reduzidas de 708 milhões de dólares (1945) para 92 milhões de dólares (1947), forçando o governo a alterar sua política econômica |3|. Com a alteração da política econômica, o governo impôs maior controle sobre as importações, delimitando-as a itens como maquinário e combustíveis, por exemplo. Quanto aos itens de consumo básico, o governo indiretamente incentivou a produção interna para abastecimento do nosso mercado e isso se refletiu como incentivo à industrialização do Brasil. Mais ao fim de seu governo, Dutra propôs a criação do Plano Salte, que estipulava a priorização de investimentos para as áreas de saúde, alimentação, transporte e energia. O plano mal saiu do papel, mas, de qualquer forma, a mudança na política econômica após 1947 refletiu-se em um crescimento anual médio de 8%. Um ponto negativo notável da política econômica de Dutra foi o fracasso no combate do aumento do custo de vida, sobretudo nas grandes capitais brasileiras.
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