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Resenha Crítica a respeito da importância da VIII Conferência Nacional da Saúde para os dias atuais
Nome: Dhyenyfer Bombazar
Curso: Enfermagem
Turma: 1A 
 A Construção do SUS, isto é, um Sistema Único, Universal, Integral, Descentralizado, Democrático e Não Mercantil de Saúde, que fosse capaz de atender as necessidades de milhões de pessoas de forma eficaz não se deu do dia para a noite, aconteceu de forma gradativa, lenta e depois de muita luta e pressão popular. O Grande marco da conquista pelo direito à saúde foi a VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, no período pós Ditadura Militar, que provocou mudanças altamente intensas e profundas no modo como se vê e distribui saúde no Brasil.
 O Contexto Histórico que antecede a criação do SUS e a VIII Conferência, é a chamada Ditadura Militar, que foi de 1964 até 1984, e foi um período marcado pelo retrocesso em saúde e nos processos em cuidar. Na época, a saúde era vista como algo material e comercializável, e neste período surgiram diversas clinicas médicas privadas e o próprio governo, que deveria tomar conta da saúde pública, acabou por se tornar um grande aliado e financiador destas clínicas. “De 1964 até 1974, o número de hospitais com fins lucrativos foi de 944 para 2.121”. (bbcnews.com).
 No final dos anos 70 o Modelo de Saúde implantado pelos ditadores torna-se mais ineficiente do que já era anteriormente, principalmente após o Ministério da Saúde deixar de ser prioridade, e o repasse de investimentos para o mesmo ser muito baixo, nota-se um considerável aumento nas taxas de mortalidade. Em 1970 a taxa de mortalidade infantil era de 120,7 para cada mil nascidos vivos, em comparação, no ano de 2015 era de 13,82 para cada mil nascidos vivos, também (brasildefato.com.br). Com o enfraquecimento do modelo ditatorial, os Movimentos Sociais e de Saúde ganham mais força e mais apoiadores nos diversos âmbitos existentes, e graças a eles surgem uma série de programas de assistência em saúde pública. Importante ressaltar que no ano de 1978 chega à América Latina o conceito de Atenção Primária à saúde e os princípios da Medicina Comunitária. 
 Apesar das dificuldades já citadas, é incontestável que pequenos avanços foram feitos, como por exemplo a Criação do Sistema Nacional de Saúde em 1975, e posteriormente o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde, em 1980, também se deu o surgimento de organizações como a Associação brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), o Centro brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES), a Associação dos Médicos Sanitaristas e a Associação Paulista de Saúde Pública.
 Com o fim da Ditadura Militar, realizou-se, em 1986, a VIII Conferência Nacional de Saúde e surgiu a necessidade de uma profunda Reforma Sanitária para atender às novas demandas em Saúde. Esta foi realizada em um período histórico de bruscas mudanças sociais, em que o povo passa a não somente a conhecer e entender seus direitos, mas também os reivindica. Tal Conferência se torna especial pois pela primeira vez deixa de ser limitada a um grupo em especifico e amplia os setores envolvidos neste processo, para se ter uma ideia, essa CNS contou com cerca de quatro mil participantes, desde provedores do sistema até usuários e trabalhadores. 
 Primeiramente entendeu-se que o conceito de saúde que tínhamos até então era limitado, pensando apenas na ausência de doenças, e deixando de analisar os fatores ambientais e socioculturais, como a alimentação, o acesso ao saneamento básico, condições de moradia, limitação da liberdade, a qualidade dos ambientes familiar e de trabalho e entre outros. Então a partir desta analise entende-se o homem como um ser biopsicossocial e o ambiente em que ele está inserido passa a ser notado como fator de influência no processo saúde-doença. As outras Conferências não abordavam tão profundamente a relação saúde e ambiente saudável, então a VIII CNS abriu espaço e deu visibilidade ao assunto para discussões futuras. 
 Com esta CNS passou-se a reconhecer o acesso à saúde como direito Constitucional de todos os cidadãos e é dever do Estado garanti-lo, impedindo assim que novamente a mesma seja mercantilizada e vista como negócio. Para isso seria necessário tornar o sistema descentralizado e estatizado, promovendo a participação de todos os níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal). Para manter-se o controle do Sistema e trata-lo com um comando único, deveriam ser criados conselhos de saúde a nível local, municipal, regional e estatual, que contasse com a participação tanto de usuários quanto de prestadores de serviços.
 Para todos esses planos se concretizarem seria necessário realizar uma profunda Reforma Sanitária e também uma Reforma Fiscal e Tributária, ao entender-se que, seria fundamental e de extrema importância separar o serviço Previdenciário do Serviço de saúde, e que ambos deveriam ser vistos e tratados separadamente. Também se considerando que quem garantiria o financiamento do Sistema único de Saúde seria o Estado. 
 	Com a Promulgação da Constituição Federal, a criação do SUS foi aprovada, e nela constam dois artigos principais para o mesmo, sendo eles, o art.194, que diz que “A seguridade social compreende um conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da Sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social.” E o art.196, que afirma o seguinte: “ A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
 Diante do exposto, reconhece-se que todas as Conferências Nacionais são de importância extrema na criação e implementação de novas Políticas Públicas, uma vez que a partir de cada uma delas elabora-se um Plano Nacional de Saúde, o PNS, para facilitar o planejamento da Gestão, e ele procura expor o que precisa ser melhorado e, por conseguinte impulsionar avanços na saúde brasileira.
 Sempre recebe destaque e reconhecimento a VIII CNS, pois ela surge como um divisor de águas, apenas dois anos após o final do Regime Militar, período de grande repressão e descaso para com a dignidade humana, a mesma vem como um sinal de esperança, de que nem tudo se perdeu e que a democracia pode ser reestabelecida. A prova disso é que, pela primeira vez, uma Conferência Nacional da Saúde foi aberta a todo o público que dela quisesse participar, ela deu voz e espaço às pessoas, coisa que não se havia visto por 20 anos. Nela entendeu-se que, se é desejado construir algo de eficácia para o povo, precisa-se dele como atuante interino neste processo todo.
 A VIII CNS foi um marco para a democracia, mas especialmente para toda a comunidade da saúde, não só pelas mudanças imediatas que promoveu, mas pela abertura e impulso que deu para novos assuntos serem tratados nas Conferências seguintes, como por exemplo a relação entre ambiente saudável e saúde, que antes de restringia a falar a respeito do lixo, controle de vetores de doenças e saneamento básico, hoje, ampliado, procura investigar e melhorar as condições gerais da existência (habitação, alimentação, liberdade...).

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