DOUTRINA DA INTELIGENCIA II 5 Contrainteligência II

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Doutrina de inteligência II
Aula 5: Contrainteligência II
INTRODUÇÃO
As ações de Segurança Ativa (SEGAT) são divididas em contrapropaganda, contraespionagem, contrassabotagem e
contraterrorismo. 
Além das medidas de SEGAT, existe a Segurança de Assuntos Internos (SAI), que objetiva acompanhar ações que
possam inviabilizar o desenvolvimento da Atividade de Inteligência em sua destinação �nal, como o envolvimento de
agentes internos do órgão ou instituição com o crime organizado e com a corrupção. 
Nesta aula, estudaremos movimentos e organizações que in�uem na vida em sociedade, analisando as organizações
criminosas, cuja atuação causa sérios problemas ao Estado em que vivemos. 
Em seguida, examinaremos alguns conceitos ligados aos con�itos sociais, suas origens e repercussões, uma vez que
podem in�uenciar a paz social no Estado Democrático de Direito.
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OBJETIVOS
Identi�car as principais medidas de Segurança Ativa na Contrainteligência.
Analisar algumas ameaças ao Estado, como as Organizações Criminosas.
Examinar os Con�itos Sociais.
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CRIME ORGANIZADO
De acordo com a Convenção de Palermo (glossário)  (2000), "Grupo criminoso organizado" é o grupo estruturado de
três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou
mais infrações graves ou enunciadas na Convenção, para obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou
um benefício material. 
Na Lei 12.850/2013 (glossário), o crime organizado é de�nido no art. 1º §1º:
A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
A Convenção de Palermo (glossário) abordou alguns itens importantes para o combate ao crime organizado. É
responsabilidade dos Países adotarem as seguintes medidas, entre outras:
Criminalização da participação em um grupo criminoso organizado;
Criminalização da lavagem do produto do crime;
Medidas para combater a lavagem de dinheiro;
Criminalização da corrupção;
Responsabilidade das pessoas jurídicas;
Cooperação internacional para efeitos de confisco de bens produtos de crimes
transnacionais;
Extradição;
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm
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Assistência judiciária recíproca;
Técnicas especiais de investigação;
Proteção das testemunhas;
Com a adesão à Convenção, o Brasil procurou avançar em matérias de legislação de combate ao crime organizado:
  Atualização da Lei antidrogas (Lei 11.343/2006 (glossário))
  Lei de combate ao crime organizado (Lei 12.850/2013)
              Lei anticorrupção (Lei 12.846/2013 (glossário))
A análise do fenômeno do crime organizado teve grande atualização, com o avanço tecnológico nos últimos anos,
ampliando a capacidade de coleta de dados e de provas para o processo criminal.
Não devemos nos preocupar apenas com o fenômeno do crime organizado pelas lentes do poder judiciário, mas
também realizar sua análise dentro do contexto sócio-político do qual estamos inseridos. De acordo com Miguel Reale:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm
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Fatos históricos + Valores + Norma escrita = “Lei” stricto sensu.
O campo sociopolítico do fenômeno criminal pode proporcionar uma gama de conhecimentos úteis ao gestor/decisor
como: 
alocação de recursos para as polícias;
elaboração de leis mais efetivas;
fomento de políticas públicas para minimizar o problema;
conscientização da sociedade em campanhas educacionais;
destinação de incentivos de investimentos ao setor privado.
CRIME ORGANIZADO NO BRASIL
A produção de conhecimentos sobre o crime organizado demanda o acompanhamento em diferentes fontes:
Fonte Policial
As dinâmicas das estatísticas criminais e ‘modus operandi’ das ações criminosas podem
inferir dados importantes ao mapeamento criminal. Assim como os conteúdos dos
Inquéritos Policiais e Denúncias Criminais oferecidas pelo Ministério Público revelam
aspectos sobre a motivação dos crimes e suas organizações internas.
Fonte Acadêmica
Os estudos acadêmicos proporcionam a reflexão teórica dos fatores de influência do
crime e manifestações sociológicas. 
Fonte de Mídia e Redes Sociais
O acompanhamento de tais ferramentas pode revelar tendências e dados úteis quanto à
sensação de segurança e a formação da opinião pública.
Fonte Política e Econômica
O acompanhamento das altas esferas de poder e o trajeto percorrido pelo capital são
fontes importantes para uma boa análise de inteligência.
O analista de Inteligência deve buscar as fontes originárias e estar alinhado com a realidade. Ainda que o analista
tenha sua posição pessoal, ele deve se guiar pelo princípio da Imparcialidade. Em campo próprio, há a possibilidade de
se emitir a opinião particular do agente.
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Saiba Mais
, 
Uma boa fonte de pesquisa sobre drogas é a United Nations O�ce on Drugs and Crime (UNODC) (//www.unodc.org/lpo-
brazil/pt/frontpage/2017/06/cerca-de-29-5-milhes-de-pessoas-em-todo-o-mundo-sofrem-de-transtornos-provocados-pelo-uso-de-
drogas--os-opiides-so-os-mais-prejudiciais_-aponta-relatrio-mundial-sobre-drogas-2017-do-unodc.html).
AÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
Trá�co de Drogas
Cada Estado da Federação possui características próprias. Na Região Sudeste, facções
criminosas como o Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos são bem
conhecidas no Rio de Janeiro, assim como o Primeiro Comando da Capital em São Paulo.
As facções possuem grande poder econômico, poder de intimidação e histórico de
enfrentamento direto com a Polícia. Importante para o setor de Inteligência saber que os
principais produtores mundiais de cocaína se situam no continente Sul-americano, em
países que fazem a fronteira direta com o Brasil. Na esfera internacional, temos os cartéis
colombianos, que recebem a in�uência das Farcs, e os grupos mexicanos que possuem
forte poderio e merecem um estudo detalhado pela proximidade com o Brasil.
Má�as de serviços de proteção
São grupos criminosos que se utilizam da extorsão de comerciantes, com a obrigação de
venda de produtos ilegais, o contrabando e a lavagem de dinheiro. Exemplo: as conhecidas
má�as italianas e orientais.
Má�as ligadas à corrupção
Esses grupos estão envolvidos na corrupção de agentes públicos como as má�as que
atuam no ramo da saúde pública, nas licitações dos governos, as má�as do comércio de
combustíveis e previdência social, entre outras. Importante observar que cada uma possui
seu próprio sistema de atuação.
Milícias
A nova modalidade surgiu no Rio de Janeiro, com características parecidas com as má�as
de proteção. No primeiro momento, com o argumento de se prevenir contra as ameaças de
tra�cantes de drogas, houve uma adaptaçãono modo de atuação de justiçadores e grupos
de extermínio, que começaram a ocupar territórios e explorar todas as atividades
econômicas das localidades, lícitas e ilícitas; cobrança de taxas de proteção de
comerciantes e moradores; taxas sobre venda de imóveis; serviços de comércio de gás e
água; transporte alternativo; ameaças e homicídios de pequenos marginais e moradores que
se opunham as suas táticas. 
Veja a capa do jornal O Globo do ano de 2006 (galeria/aula5/docs/a05_doc1.pdf), quando
esses fatos ainda não eram de conhecimento da sociedade. 
https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2017/06/cerca-de-29-5-milhes-de-pessoas-em-todo-o-mundo-sofrem-de-transtornos-provocados-pelo-uso-de-drogas--os-opiides-so-os-mais-prejudiciais_-aponta-relatrio-mundial-sobre-drogas-2017-do-unodc.html
https://estacio.webaula.com.br/cursos/GON851/galeria/aula5/docs/a05_doc1.pdf
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Com o avanço de atuação e a di�culdade de combate pelo poder público, além da
mobilização da sociedade, foi editada a Lei nº 12.720, de 27 de setembro de 2012
(galeria/aula5/docs/a05_doc2.pdf), que dispôs sobre o crime de extermínio de seres
humanos.
Má�as do colarinho branco
Segundo Veras (2010), “os crimes do colarinho branco têm em comum os elementos de sua
de�nição, elaborada por Sutherland, ou seja, são crimes cometidos por pessoas
respeitáveis, com elevado status social, no exercício de sua pro�ssão. Portanto, a pergunta
que se deve formular é: por que pessoas respeitáveis de elevado status social cometem
crimes no exercício de suas pro�ssões?” 
Os crimes do colarinho branco possuem, atualmente, um lugar de destaque no meio político
no Brasil. Graças a um novo panorama da sociedade e à atuação �rme de Polícia Federal,
Ministério Público e Justiça. Para conhecermos a fundo a tipologia do crime, não basta
veri�carmos somente as notícias jornalísticas, mas precisamos buscar os meandros nas
sentenças proferidas pela Justiça, cuja transparência proporciona uma efetiva ferramenta
de divulgação e estudos avançados no tema. Exemplo: Acórdão da Ação penal 470,
conhecido como Mensalão (galeria/aula5/docs/a05_doc3.pdf).
O crime organizado no Brasil não se resume apenas aos apresentados nesta aula. Existem, também, as má�as de
exploração sexual, trá�co de pessoas etc. O importante para a atividade de Inteligência é o estudo sistemático das
diversas modalidades, buscando dados em todos os ramos de conhecimento: criminológico, jurídico, sociopolítico,
senso comum, mídia, entre outros, para a elaboração de conhecimentos úteis ao decisor. 
A importância da produção de conhecimentos sobre o crime organizado �ca clara com os atuais debates de liberação
do uso de drogas, do contexto e consequências das audiências de custódias, do acúmulo de presos nos sistemas
carcerários do País, de políticas públicas para a execução penal etc.
Audiências de custódia liberaram 65 mil presos em todo o país em 2016
Por Felipe Luchete
Dos mais de 140 mil presos em �agrante que tiveram a oportunidade de serem ouvidos por um juiz no ano passado,
nas audiências de custódia, 65 mil (46%) conseguiram responder ao processo em liberdade, com �ança, relaxamento
ou alguma medida cautelar. Os 75 mil restantes correspondem a um terço dos 221 mil presos provisórios do país.
CONFLITOS SOCIAIS
O Brasil, aparentemente, possui uma sociedade coesa e que vive em harmonia. Contudo, não podemos nos esquecer
que o caráter paci�sta de nosso povo pode não ser uma realidade, considerando as estatísticas de cerca de 60 mil
homicídios anuais. 
Desigualdades sociais e aproveitamento político ideológico são ingredientes para a exaltação de con�itos. A existência
de movimentos sociais que pleiteiam direitos legítimos na sociedade podem ser objeto de aproveitamento de pessoas
https://estacio.webaula.com.br/cursos/GON851/galeria/aula5/docs/a05_doc2.pdf
https://estacio.webaula.com.br/cursos/GON851/galeria/aula5/docs/a05_doc3.pdf
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com intenções inconfessáveis para a eclosão de con�itos sociais. Em 2013, uma parte da população ocupou as ruas
diante da indignação popular com os rumos políticos do País. 
A atividade de Inteligência deve conhecer os fundamentos dos movimentos sociais e suas degenerações, a �m de
manter os decisores informados e aptos a gerir processos em andamento que possam in�uir na Paz Social. 
Segundo Lakatos (1990), os movimentos sociais:
São empreendimentos coletivos para estabelecer nova ordem de vida;
Têm início em uma condição de inquietação;
Derivam seu poder de motivação na insatisfação diante de uma forma corrente de vida,
de um lado, e dos desejos e esperanças de um novo esquema ou sistema de viver, do
outro;
São elementos de grande importância em um Estado Democrático de Direito;
Expõem à sociedade correntes culturais e descontentamentos sociais como
marginalização de grupos vulneráveis e injustiças.
Saiba Mais
, 
O estudo de con�itos sociais e revoluções auxiliam entender os resultados da falta de mecanismos de diálogos entre os atores
sociais e a importância da mediação da política. 
Exemplos disso são a Revoluções Francesa (https://www.youtube.com/watch?v=tHkcp0f2kwc&t=28s) e Russa - são marcadores
fundamentais para se entender o mundo moderno. 
Apesar da importância histórica dos con�itos sociais que alteraram o modo de se enxergar o mundo, é importante ressaltar que
houve grandes derramamentos de sangue e enaltecimento do ódio. 
Assista ao vídeo A Guilhotina da Igualdade - Série Brasil - A Última Cruzada (https://www.youtube.com/watch?v=2k7gKPjMzpE).
No mundo moderno, em que cada vez mais o progresso tecnológico e o uso racional do diálogo são fatores
determinantes, a atividade de Inteligência pode funcionar como importante ferramenta para se evitar a degeneração
dos movimentos, garantindo que as transformações na sociedade sejam realizadas sempre por meio de mecanismos
pací�cos e pela política. 
O analista de Inteligência deve ter a preocupação com o aproveitamento do movimento social por agentes com
intenções maliciosas, por meio da chamada infowar (guerra de informações), com a difusão de notícias falsas, o
fanatismo das pessoas envolvidas e seus �nanciadores (siga o dinheiro).
https://www.youtube.com/watch?v=tHkcp0f2kwc&t=28s
https://www.youtube.com/watch?v=2k7gKPjMzpE
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O evento (glossário) que ocorreu no Brasil, em junho de 2013, merece um estudo especí�co. Uma manifestação na
Avenida 23 de maio, em São Paulo, fechou a circulação de veículos. Cartazes, faixas e bandeiras com menções ao
aumento de tarifas dos ônibus e ao “passe livre” foram o estopim para uma sequência de pneus e lixeiras queimadas e
um con�ito com a polícia desprevenida para o tumulto. Aquele evento acabou sendo o estopim para um grande
movimento que se irradiou por todo o País. 
A conclusão sobre as manifestações de 2013 e outros movimentos sociais no Brasil e no mundo é que o papel da boa
política e a necessidade da representatividade de segmentos sociais, por partidos políticos, associações civis e
movimentos sociais, são o caminho para se evitar o aproveitamento de agentes adversos e a consequente
radicalização dos movimentos.
EXERCÍCIOS
Qual a importância do conhecimento apreciação para a antecipação de fatos?
Resposta Correta
Descreva as principais ações de Segurança Ativa contidas na Contrainteligência:
Resposta Correta
De acordo com a Convenção de Palermo, como podemos de�nir o crime organizado?
Resposta Correta
Descreva no mínimo três itens constantes na Convenção de Palermo que são importantes para o combate ao crime
organizado:
Resposta Correta
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Cite algumas das principais fontes de dados para a produção de conhecimentos de Inteligência no campo do crime
organizado:
Resposta Correta
Como podemos de�nir os movimentos sociais?
Resposta Correta
Glossário
CONVENÇÃO DE PALERMO
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, promulgada pelo Brasil pelo Decreto nº 5.015, de 12 de
março de 2004.
EVENTO
Uma boa narrativa de todo o ocorrido sobre os movimentos do ano de 2013, obviamente com uma visão particular, se encontra no
livro “Por trás da máscara”, de Flávio Morgenstern, que procura analisar o evento desde o início e as formas de organizações de
movimentos sociais que tiveram efetiva participação.