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1 POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO | PENAL | @DIREITOCOMPOLIS | 2021.2 Lei Penal no Tempo e no Espaço o NO TEMPO Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Em regra, aplica-se, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso – tempus regit actum Será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar fatos passados, desde que benéfica ao réu – extratividade. RETROATIVIDADE ULTRA-ATIVIDADE EX.: Lei “A” (pena de 2 a 4 anos) é revogada pela Lei “B” (pena de 1 a 3 anos). A lei “B” deve retroagir para alcançar os fatos passados, pois é mais benéfica. EX.: Lei “A” (pena de 1 a 3 anos) é revogada pela Lei “B” (pena de 2 a 4 anos). A lei “B” não pode retroagir para alcançar os fatos passados, pois é prejudicial. Nesse caso, para fatos anteriores continua sendo aplicada a Lei “A”. Extra-atividade retroatividade capacidade de ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência ultra-atividade aplicação da lei mesmo após a sua revogação ou cessação de efeitos Súmula 611 STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Súmula 471 STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. 2 POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO | PENAL | @DIREITOCOMPOLIS | 2021.2 Pelo cumprimento da pena ou outra causa qualquer Se esta for a mais Se esta fora mais favorável favorável aplica-se a retroatividade aplica-se a regra geral benéfica (tempus regit actum) Se esta for a mais favorável, Se esta for a mais favorável Aplica-se a ultratividade aplica-se a regra geral (tempus benéfica regit actum) Se esta for a mais favorável ao réu, deve retroagir à data do fato ou, sob o ângulo da sentença, será considerada ultrativa Abolitio Criminis – extingue a figura criminosa. Sempre que o legislador, atento às mutações sociais, resolve não mis incriminar determinada conduta. (causa extinta de punibilidade) Ex.: crime de adultério, deixou de ser crime. Fato Sentença Extinção da punibilidade Lei 1 Lei 2 Lei 1 Lei 1 Sentença Extinção da punibilidade Lei 2 Lei 1 Lei 1 Lei 2 Lei 1 Extinção da punibilidade Lei 3 3 POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO | PENAL | @DIREITOCOMPOLIS | 2021.2 Novatio legis in mellius – nova lei que de qualquer modo beneficia o réu. ANTES DEPOIS A progressão de regimes para presa gestante, mãe ou responsável por criança ou adolescente dependia do cumprimento de 1/6 (crime comum) ou 2/5 ou 3/5 (crimes hediondos ou equiparados). A progressão de regimes para presa gestante, mãe ou responsável por criança ou adolescente pode ser de 1/8, desde que preenchidos os requisitos do art. 122, paragrafo 3º, da LEP, mesmo para crimes hediondos ou equiparados. OBS: A nova Lei retroage para alcançar os fatos anteriores (art.2º, parágrafo único, CP). o TEMPO DO CRIME Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Teoria da atividade: praticado o delito no momento da conduta, não importando o instante do resultado. o SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO Ocorre quando o mesmo fato é regido por diversas leis penais, as quais se sucedem no tempo. Quando ocorre a sucessão, é necessário observar as regras da ultra-atividade e da retroatividade. Irretroatividade – lei beneficia de algum modo o acusado (ou mesmo o condenando). Sucessão de lei incriminadora (novatio legis) – lei que não existia no momento da prática da conduta e se considera delito a ação ou omissão realizada. Norma irretroativa, de acordo com o art. 1º CP. Art. 1º - Não há CRIME sem lei anterior que o defina. Não há PENA sem prévia cominação legal. ANTES DEPOIS Utilizar pontos eletrônicos para fraudar concurso público era, na visão do STF, atípica. Utilizar pontos eletrônicos para fraudar certames passou a ser crime (neocriminalização), previsto no art. 311-A CP. OBS: O novo tipo não retroage para alcançar os fatos anteriores, obedecendo a garantia prevista no art. 1º CP (anterioridade) Novatio legis in pejus – nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu (lex gravior), também irretroativa, sendo aplicada a lei vigente quando no tempo o crime. ANTES DEPOIS O art. 316 CP, que tipifica o crime de concursão, era punido com 2 a 8 anos. Para o crime de concussão (art. 316 CP), a pena passou a ser de 2 a12 anos de reclusão. OBS: A nova Lei, obviamente, não retroage para alcançar os fatos anteriores. Súmula 722 STF: São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. 4 POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO | PENAL | @DIREITOCOMPOLIS | 2021.2 Princípio da continuidade normativo-típica – manutenção do caráter proibido da conduta. A intenção é que a conduta permaneça criminosa. Abolitio Criminis Continuidade normativa típica Extinção da figura criminosa Extinção formal do crime A condutada não será mais punida (o fato deixa de ser punível) O fato permanece punível (a conduta criminosa migra para outro tipo penal) A intenção é não é mais considerar o fato criminoso A intenção é manter o caráter criminoso do fato A extra-atividade da lei nova vai depender se, ao migrar o conteúdo criminoso para outro tipo penal, redundou num benefício ou prejuízo para o réu. o LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. OBS: As leis temporárias e excepcionais não se sujeitam os efeitos da abolitio criminis (salvo se houver lei expressa). o NO ESPAÇO Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Lei Temporária e Lei Excepcional L. T. : Tem um prazo determinado. criminaliza determinada conduta. No seu texto tem o lapso temporal para a sua vigência. L. E.: Editada em função de evento transitório (guerra, calamidade etc). perdura enquanto persistir o estado de emergência. L ei s te m p o rá ri a e ex ce p ci o n al Autorrevogabilidade revogadas assim que encerrado o prazo fixado(lei temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional). Ultra-atividade alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que as circunstâncias de prazo e de emergência tenham se esvaído. 5 POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO | PENAL | @DIREITOCOMPOLIS | 2021.2 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo\ no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Territorialidade – crimes cometidos no nosso país. Exceção: convenções, tratados, e regras do direito internacional (territorialidade temperada). Intraterritorialidade – aplicação de lei estrangeira a fato praticado em território brasileiro. Ex.: imunidade diplomática Princípio da territorialidade Princípio da extraterritorialidade Princípio da intraterritorialidade Local do crime Brasil País estrangeiro Brasil Lei a ser aplicada Brasileira Brasileira Estrangeira Na intraterritorialidade, o fato criminoso, apesar de ser praticado no Brasil, será punido de acordo com a lei estrangeira aplicada pelo seu juiz criminal. Em nenhuma hipótese o juiz criminal brasileiro aplica legislação penal estrangeira. Quando os navios ou aeronaves brasileiras forem públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro são considerados parte do nosso território. Se os navios ou aeronaves forem privadas, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam. Quanto aos navios e aeronaves estrangeiros, em território brasileiro, desde que privados, são considerados parte de nosso território. Embarcações e aeronaves Será aplicada a lei brasileiro Públicas ou a serviço do governo brasileiro Quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro, em alto-mar ou espaço aéreo correspondente. Mercantes ou particulares brasileiros Se estiverem em território nacional, em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente. Estrangeiras Apenas quando privadas em território brasileiro. o LUGAR DO CRIME Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Lugar do crime (locus commissi delicti) – teoria da ubiquidade: o fato praticado no território brasileiro ou no estrangeiro, será aplicável a lei brasileira. 6 POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO | PENAL | @DIREITOCOMPOLIS | 2021.2 o EXTRATERRITORIALIDADE Crimes cometidos exclusivamente no estrangeiro. Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: TEORIAS Lugar do crime Lugar onde o agente desenvolveu a atividade criminosa Teoria da Atividade Lugar da ocorrência do resultado. Teoria do Resultado 7 POLIANA BEATRIZ GOUVEIA CASTRO | PENAL | @DIREITOCOMPOLIS | 2021.2 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Verificado um crime cometido no estrangeiro, identificando a necessidade de extraterritorialidade da nossa lei, em qualquer das suas espécies, é preciso apontar o órgão jurisdicional competente para a aplicação da lei penal brasileira, bem como o território para o processo e julgamento. o PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. É possível que suceda a hipótese de ser o agente processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira como pela estrangeira, cumprindo nesta total ou parcialmente a pena. Dois fatores que devem ser considerados: Quantidade das penas Qualidade das penas Ex.: agente é condenado a pena de 8 anos na França por ter atentado contra a vida do Presidente da República. No Brasil, é também processado e condenado, mas a pena imposta na sentença foi de 20 anos. Neste caso, serão abatidos os 8 anos cumpridos na França, cumprindo o agente, no Brasil, somente 12 anos. Extraterritorialidade incondicionada Art. 7º, I e § 1º Aplica-se a lei brasieleira, não importando se o autor foi absolvido ou condenado no estrangeiro. Extraterritorialidade Condicionada Art. 7º, II, §2º Extraterritorialidade hipercondicionalidade Art. 7º, §3º Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil.
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