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Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Psicologia Luiza Martins da Anunciação Santana Análise Fílmica de “Nossas Noites” Salvador 2021 O filme “Nossas Noites” retrata a história de Addie e Louis, duas pessoas idosas, que são vizinhos. Uma certa noite, Addie se dirige até a casa de Louis fazendo um convite a ele para que possam dormir juntos. Com isso, o filme se desenvolve na construção desta relação, mostrando os desafios que os mesmos enfrentam por já serem pessoas idosas. Esse contexto se relaciona muito com a Abordagem Terapia Familiar Sistêmica, pois ela visa aspectos como perspectivas de gênero, heranças transgeracionais, o lugar da família no contexto sociocultural, as emoções e os pensamentos que ficam guardados na mente do indivíduo no grupo familiar. Inicialmente, um aspecto importantíssimo a ser pontuado, é a questão do papel no qual a família e a rede de apoio colocam esses idosos. Existe um conceito de que uma pessoa ao chegar na velhice, perde autonomia, e isso é exemplificado, quando Gene, filho de Addie em pequenos comportamentos diante do relacionamento da mãe, demonstra seu desconforto. Além disso os amigos de Louis que acaba sendo a sua rede de apoio, através de brincadeiras pelo seu relacionamento com Addie, debocham, perguntando como o amigo tem essa energia toda. Ainda sim, podemos fazer uma correlação com a questão da sexualidade. Ainda é muito comum restringir a sexualidade ao ato sexual, o que gera também um preconceito como se a pessoa idosa fosse inibida da sua sexualidade devido a idade. E, um dos fatores que enfatizam essa relação da sexualidade com o ato sexual, são os meios de comunicação, onde acaba fazendo com que as pessoas idosas reproduzam essa questão do ato sexual em si, se reprimindo por não ser mais atraente, não ter mais uma ereção, por não ser mais jovem. A herança transgeracional é um aspecto que ainda sim é tido pelas pessoas idosas. Diante deste fator, aspectos no âmbito biopsicossocial, são perpassados e reproduzidos por esses idosos. Quando ocorre uma determinada quebra desse paradigma, como acontece no filme, no qual duas pessoas idosas acabam se relacionando, acaba que esse sujeito recebe influências externas, nas quais implica nas suas ideologias e na construção da sua subjetividade. Como a cidade onde Addie e Louis residem é pequena, eles eram o centro das atenções justamente por estarem “indo contra a regra". Dando seguimento nesse quesito biopsicossocial, é notório alguns pontos. Ambos são dois sujeitos brancos, heterossexuais, de classe média. Obviamente, devido a todo preconceito que perpassa por uma pessoa que está fora dessa heteronormatividade, sofreria mais impactos ao se relacionar sendo uma pessoa idosa, principalmente os impactos psicológicos. Estes impactos psicológicos acabam sendo muitos associados à solidão, onde pôr o sujeito já ser idoso, considera-se como uma pessoa inativa, que não possui mais autonomia, por serem pessoas que vão adoecer logo, que vão dar trabalho. E por ter esses paradigmas, muitas pessoas repugnam ficarem idosas, justamente por terem medo de serem consideradas assim e por não quererem ficar sozinhas. Também, as emoções nas pessoas idosas é algo que os mesmos reprimem , devido a fatores internos e externos, para não serem rotulados. Um exemplo disso é Addie, onde o seu filho, sempre demonstra um desconforto pela mãe está inserida em um relacionamento. Uma questão que me chamou bastante atenção, foi uma certa transferência de responsabilidade do filho para mãe, mas ao mesmo tempo, esse neto sendo um “objeto” para conectar eles. A avosidade é um termo recente, no qual trás essa questão da relação neto-avó, e por Addie não ter tanta proximidade com o neto dela, foi um desafio para a mesma, restabelecer esse laço. O interessante em ambas famílias é que os filhos são distantes dos pais, tanto na família na Addie quanto na de Louis. Isso remete aos sistemas familiares, onde devido ambas estruturas apresentarem características semelhantes, apresentam um potencial para a mudança, podendo assim adquirir novas configurações qualitativamente diferentes da anterior. No que tange a Terapia Familiar Sistêmica, visa uma terapia onde possa ter uma interação entre os membros da família, e com isso o psicólogo, trabalhará no objetivo de ter uma harmonia entre Gene e Louis, visto que Louis e Addie formariam uma nova configuração familiar. Através disso, o psicólogo abordaria as questões coletivas e pessoais de todos os componentes na formação dessa nova configuração. Ainda sim, trabalharia as emoções de Addie e Louis diante desta nova família que eles estariam formando, principalmente no quesito das expectativas de ambos para este relacionamento. Referências Fiorini, M. C., & Guisso, L. (2016). Teoria familiar sistêmica: retrospectiva história e perspectivas atuais. Psicologia: o portal dos psicólogos, 139-144. Carvalhal, P. N. M., & SILVA, C. P. F. D. (2011). Terapia Familiar Sistêmica: uma breve introdução ao tema. Psicologia. pt, Portugal.
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