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Amauri Luengo Figueira Sistemas Elétricos de Potência © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Amauri Luengo Figueira Introdução Introdução à proteção de sistemas elétricos de potência: tipos, requisitos e princípio de funcionamento de relés de proteção Capítulo 1 A proteção de sistemas elétricos de potência se dá principalmente através dos relés de proteção, os quais são dispositivos que, por meio de ações elétricas, realizam operações em sua estrutura, apresentando variações físicas em seu estado quando ocorrem variações nas condições do equipamento ou do sistema ao que está conectado para proteção. Pode-se ainda definir relé de proteção como um dispositivo que é capaz de detectar falhas ou faltas elétricas nos circuitos elétricos de alimentação ou de equipamentos, através de condições indesejáveis ao funcionamento desses iniciando temporização ou atuando em tempo definido através de manobras, quando as grandezas elétricas ultrapassam valores preestabelecidos. Os relés são equipamentos normalizados e devem apresentar funcionamento dentro de padrões estabelecidos em normas brasileiras ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – nas suas últimas revisões, com referência às Normas IEC – International Eletrotechical Comission e ANSI – American National Standards Institute. 10 UNIUBE • Apresentar principais tipos de relés de proteção digital. • Apresentar principais requisitos a serem atendidos por relés de proteção. • Apresentar princípios de funcionamentos dos principais relés de proteção. • Principais tipos de relés de proteção elétrica • Principais requisitos de relés de proteção elétrica • Princípios de funcionamento dos principais relés de proteção Objetivos Esquema Principais tipos de relés de proteção elétrica1.1 Os relés de proteção digital apresentam necessidade de atuação em função das grandezas elétricas, assim a criação de tecnologia de equipamentos está associada às grandezas a serem avaliadas. Dessa forma, temos relés de tensão, de frequência, de corrente, entre outros, que, em função dos seus valores e associação, po- dem ser classificados como relés de sobrecorrente direcionais ou não, diferenciais e de avaliação da distância de ocorrência de uma falta elétrica através da avaliação da impedância associada. A avaliação da grandeza elétrica e da função de proteção a ser avaliada foi classificada em “funções de proteção” e atualmente apresenta uma classificação através da TABELA ANSI, na qual, para cada tipo de ação de equipamento ou de uma função, foi dado UNIUBE 11 um número, como a função ANSI 52, que caracteriza equipamento tipo disjuntor capaz de seccionar potência elétrica de curto circuito; ou então funções que caracterizam atuações em função de gran- dezas elétricas, tais como as funções 51 e 50, que apresentam comportamento de corrente elétrica com temporização ou não para atuação do equipamento de proteção; a função 67, que dá direcio- nalidade de atuação; a função 86, que dá proteção por diferencia- ção, e a função 21, que avalia proteção a distância em linhas de transmissão. Assim, nos relés para avaliação de correntes, normalmente deno- minados relés de sobrecorrente, temos atuação em tempo inverso ao crescimento da grandeza corrente elétrica, atuação de ação ins- tantânea para as fases, e neutro do sistema elétrico ou de corrente à terra. Podem ser direcionais ou não, da mesma forma, podemos ter relés de tensão (sub e sobretensão), de frequência (sub e sobre- frequência), de fluxo de potência, normalmente direcionais. Podem avaliar a impedância associada às redes elétricas avaliando assim a distância de ocorrência de faltas. É importante salientar que relés de proteção de sistemas elétricos de potência podem se diferenciar de outros equipamentos também denominados relés, estes podem ser ou não de proteção, como os relés térmicos (associados a contatores em acionamento de moto- res elétricos), ou ainda os relés de nível, de pressão, de tempera- tura, entre outros, que têm funções específicas de atuação, porém não são avaliados como relés de proteção de sistemas elétricos de potência e estão mais voltados a acionamentos, automação e operação de sistemas elétricos. 12 UNIUBE Figura 01 - Principais funcionalidades do relé de proteção de motores Fonte: Rocha e Bernardes (2010) 1.2 Principais requisitos de relés de proteção elétrica Relés foram introduzidos em sistemas de proteção visando prin- cipalmente à confiabilidade de proteção, seletividade entre equi- pamentos de proteção, sensibilidade e velocidade de atuação de funções específicas, suportabilidade às solicitações térmicas e suportabilidade às solicitações dinâmicas, sempre avaliando bai- xo custo de implantação, operação e manutenção e, inicialmente, eram equipamentos tipicamente eletromecânicos. Atualmente, com a evolução da eletrônica e a introdução de equi- pamentos digitais, além dos requisitos básicos, é desejável que possuam ainda: - Breaker failure: após ser definido o tempo, em parametrização, de uma determinada função, envia-se um sinal a uma saída para que ele possa ser enviado a outro equipamento de proteção associado UNIUBE 13 em rede, este, por sua vez, visa identificar a falha de atuação no equipamento e permitir que outro faça a função de proteção. - Autocheck: é uma verificação própria que examina se todas as funções do relé estão operando de forma correta, o que dá ao relé digital extrema confiabilidade, uma vez que eles devem estar sem- pre em condições de operar. - Watchdog: dispositivo do relé com função de disparar um reset ao sistema em condição de erro no programa de rotina principal. - Seletividade lógica: permite em relés digitais que os equipamen- tos de proteção situados mais próximos do local de ocorrência da falta possam atuar, eliminado-a em tempo muito pequeno, variando entre 50 ms a 100 ms. - Oscilografia: possibilidade de se colher eventos na memória de massa dos relés para transformação de dados do sistema elétrico em informações gráficas, possibilitando melhor visualização e aná- lise de ocorrências. - Quantidade de entradas e saídas digitais (E/S digitais): quanti- dade de entradas analógicas de corrente e/ou tensão. - Possibilidade de se conectar em rede – com protocolo de fa- bricante ou protocolos abertos como padrões IEC existentes e de automação, comando, controle, medição, supervisão etc. 14 UNIUBE Figura 02 - Evolução dos relés ao longo dos anos Fonte: Souza (2013, p. 18) 1.3 Princípios de funcionamento dos principais relés de proteção Para entender o princípio de funcionamento dos relés, principal- mente a sobrecorrente, vamos voltar no tempo e avaliar o princípio de funcionamento dos antigos relés eletromecânicos. Estes dispo- sitivos apresentavam semelhança com os medidores de energia elétrica, que possuem um disco de indução rotativo, discos estes acionados por forças mecânicas provocadas por circuitos magné- ticos com bobinas alimentadas por corrente de carga e por uma tensão de referência, ou seja, mede-se energia (energia no tempo é potência com composição V x I). No caso de relé a sobrecorrente, não importa a tensão de referên- cia, mas a corrente real que circula na bobina e que traz a corrente que circula no circuito de alimentação a ser protegido;sendo que o disco somente entrará em movimento caso as forças induzidas UNIUBE 15 nele pelo circuito magnético principal vença as forças das molas de restrição e do imã de restrição. Entrando em movimento, o disco provocará o fechamento do contato móvel preso ao disco a um contato fixo, após decorrido um determinado tempo (este a ser ava- liado), emitirá um “TRIP”, ou seja, o fechamento de um contato NA para ser usado em um circuito de comando, para que este possa abrir um disjuntor ou um equipamento de proteção. Figura 03 - Relé de disco de indução para análise do princípio de funcionamento Fonte: Mardegan (2010, p. 30) Assim, um relé de proteção à sobrecorrente não abre a grandeza de falta “corrente”, cabendo essa função para equipamento espe- cífico, normalmente disjuntores de média e alta tensão que, pela sua robustez e câmara de abertura, extinção e arco, são capazes de interromper grandes potências de curto circuito, mas falta a eles inteligência, necessitando assim de um relé auxiliar, que são clas- sificados de relé secundários. 16 UNIUBE Figura 4a - Lei de Faraday-Lenz – regra da mão direita. Figura 4b - Mecanismo de formação das forças motoras do disco de indução Fonte: Mardegan (2010, pp. 30-31) Para circuitos magnéticos, temos Assim: Também, UNIUBE 17 A resultante das forças será dada por: Com base nesse princípio de funcionamento, os antigos e obso- letos relés eletromecânicos apresentavam uma unidade indepen- dente para cada grandeza (um relé por fase, um para neutro, um para corrente à terra. Com a evolução e o desenvolvimento da ele- trônica, os relés também evoluíram, surgiram então relés estáticos, relés numéricos digitais e hoje temos relés digitais microprocessa- dos, que podem ser associados em redes de comunicação de pro- teção, podendo ser equipamentos IED que atuam independentes ou em redes com protocolos adequados, que através de algoritmos e portas lógicas permitem parametrizações, adequação via IHM lo- cal ou softwares de parametrização e programação complexa. Considerações finais Considerando que os relés fazem parte de um sistema de proteção que abrange diversos equipamentos e diversas localizações em um sistema elétrico simples ou complexo, eles estão inclusos em associações com diversos equipamentos de proteção tais como fu- síveis e disjuntores e, para tanto, devem apresentar parametriza- ção variável em cada utilização e devem apresentar coordenação e seletividade com os demais equipamentos de pleno funcionamento e de proteção. 18 UNIUBE Cada relé possui uma aplicação específica e opera segundo es- pecificações para as quais foram projetados. Veremos nos pró- ximos capítulos as especificidades e aplicações para os princi- pais tipos de relé, são eles: SOBRECORRENTE; DIRECIONAIS; DIFERENCIAIS; PROTEÇÃO A DISTÂNCIA. Amauri Luengo Figueira Introdução Princípios operacionais de relés de sobrecorrente e direcionais Capítulo 2 Neste capítulo, serão abordados aspectos referentes aos relés de proteção de sistemas elétricos de potência, equipamentos imprescindíveis para garantir integridade de instalações elétricas e proteção de vidas humanas e de animais. Quando os relés eram de disco de indução, isto há muito tempo, a escolha da característica do relé era realizada junto com o pedido de compra, sendo essa estática e inalterável. Hoje em dia, os relés digitais possuem características diversas, sendo que a parametrização (inserção de grandezas aferidas, por exemplo) é que definirá a propriedade deles. Alterando-se parâmetros no relé, podemos mudar sua função. A característica dos relés de sobrecorrente é representada pelas suas curvas tempo versus corrente. Essas curvas variam em função do tipo do relé (disco de indução, estático, digital), as quais vamos analisar com detalhes a seguir. • Dimensionar e especificar relés de sobrecorrente e diferencial. • Determinar as parametrizações de funcionamento desses relés. • Avaliar a eficiência e a eficácia da proposição de parametrização desses relés. • Avaliar principais grandezas elétricas envolvidas. • Modular apresentação de estudos de proteção. • Princípios de Funcionamento • Relés de Sobrecorrente • Relés Direcionais • Especificações e Parametrização Objetivos Esquema Principais tipos de relés de proteção elétrica2.1 As normas vigentes da ABNT e as referências utilizadas IEC e ANSI especificam que os relés devem apresentar funcionamento de tem- porização que precisam obedecer a curvas de funções específicas e padronizadas, ou seja, a velocidade de movimento do disco de indução de um relé eletromecânico, até o encontro dos contatos móvel e fixo para a efetivação do trip de atuação, ou trip no contato digital de saída de um relé microprocessado, deve apresentar uma temporização parametrizável que possa ser avaliada dentro de pa- drões preestabelecidos e reconhecidos pela comunidade técnica internacional. Para chegarmos nos padrões, temos as chamadas curvas padrões. UNIUBE 21 Assim, são estabelecidas algumas curvas padrões, nesse senti- do, todos os fabricantes devem produzir essa tecnologia que ga- ranta acesso e funcionamento conforme essas curvas, tendo sido estabelecidas algumas curvas normalizadas de tempo inverso ao aumento da corrente: curva normal inversa, curva muito inversa e curva extremamente inversa (entre outras), além da possibilidade de se definir um tempo fixo para atuação do relé a partir de uma determinada corrente (tempo definido). Figura 05 - Curvas de atuação de relé sobrecorrente – padrão Fonte: Mardegan (2010, p. 34) Além do tempo de atuação em função da curva adotada, que de- penderá agora apenas da corrente vista pelo relé, e considerando que a função do relé é permitir pleno funcionamento de uma ins- talação e alguma sobrecarga, bem como prever o crescimento na- tural da carga (o bom funcionamento de uma instalação não deve 22 UNIUBE ser interrompido, pois sua finalidade é produzir algum trabalho ou algum conforto), o início da temporização, que se denomina cor- rente de pickup (partida ou início da curva de temporização), tam- bém deve ser determinado e informado na parametrização do relé. Dessa forma, qualquer corrente abaixo desse valor, ou seja, abaixo do valor da corrente vista pelo relé, não deve permitir o início da temporização ou ação por tempo definido, permitindo assim que as instalações cumpram sua função, que é atender cargas elétricas com bom funcionamento. Como um relé deve atender uma enorme gama de possibilidade de parametrização para que essas curvas possam expressar a condição específica de uma determinada instalação elétrica com características individuais, ou seja, as grandezas elétricas a serem avaliadas são específicas ao dimensionamento da instalação para determinado uso de cargas e determinado ponto de conexão ao sistema elétrico, esse relé deverá apresentar uma grande gama de curvas que possam ser parametrizadas. Assim, os relés atuais, microprocessados, que possuem famílias de curvas e são dependentes de especificação de parâmetros es- pecíficos, são chamados de “famílias de curvas” e apresentam di- ferenciação para as normas IEC e ANSI, sendo: - Normas IEC: Para cada uma das curvas padronizadas, existe uma equação que relaciona t x I, em que: - t = é o tempo e atuação de trip do relé de sobrecorrente; - I = corrente real de atuação que circula no relé. UNIUBE 23 Para que se tenha uma família de curva, para cada tipo de curva (inversa, muito inversa ou extremamente inversa), deve-se especi- ficar um valor de DT = Dial de tempo. Assim, para uma determinada característica de circuito elétrico a ser protegido, podemos escolher apenas uma curva de atuação do relé, adotando-se um tipo de curva e um dial de tempo, definindo apenas uma curva da família disponível. Figura 06: Famílias de curvas de atuação de relé sobrecorrente – padrão IEC Fonte: Mardegan (2010, p. 34) - Normas ANSI: Da mesma forma, para cadauma das curvas, existe uma equação que relaciona t x I, porém com características específicas, de modo que, quando da parametrização, devem-se informar ao relé qual dos padrões será adotado, IEC ou ANSI, além do tipo de curva e o valor utilizado. Pela norma ANSI, o tempo de atuação do relé também dependerá do tipo de curva, que será dado pela relação: 24 UNIUBE Tabela 01: Temporização de curvas de atuação de relé sobrecorrente – padrão ANSI Constantes das Curvas ANSI A B C D E Extremamente Inversa 0.0399 0.2294 0.5000 3.0094 0.7222 Muito Inversa 0.0615 0.7989 0.3400 -0.2840 4.0505 Normalmente Inversa 0.0274 2.2614 0.3000 -4.1899 9.1272 Moderadamente Inversa 0.1735 0.6791 0.8000 -0.0800 0.1271 Fonte: adaptado de Mardegan (2010) Assim, temos as seguintes equações curvas padronizadas pela norma ANSI: Moderadamente Inversa Muito Inversa Extremamente Inversa Um vez escolhida a curva de atuação t x I, o relé ficará dependente apenas da corrente elétrica a ser avaliada. O relé não é de ação direta, pois nesse caso teríamos circuitos elétri- cos internos ao relé, os quais teriam que suportar altas correntes (da ordem de dezenas de KA) com necessidade de dissipação térmica UNIUBE 25 e suportabilidade dinâmica a essas correntes, inviabilizando tecnica- mente e limitando a eletrônica parametrizável. Dessa forma, os relés são de ação indireta, ou seja, relés denominados secundários, em que a corrente real do circuito elétrico a ser avaliada deve ser infor- mada ao relé indiretamente através de “transformadores de corren- te”, aos quais vão executar a relação de transformação em questão. Esses equipamentos são transformadores eletromagnéticos de uma corrente primária dada pela corrente real que circula no circui- to elétrico a ser protegido e que não deve saturar o sistema eletro- magnético do equipamento, e uma corrente secundária de 1 A ou de 5 A, ou seja, a corrente primária variando até a corrente nominal do equipamento, apresentará em sua secundária correntes de 0 a 1 A ou de 0 a 5 A. A seguir, temos um exemplo de um TC e 200/5A, no qual está circu- lando uma corrente de 100 A, a qual, passando pelo relé, demons- trará o valor da corrente elétrica que passa pelo mesmo, indicado com a função ANSI 50/51 – relé de função de ação instantânea tipo 50 e ação temporizada t x I tipo 51. Figura 07 - TC com indicação de passagem de corrente Fonte: Mardegan (2010, p. 33) 26 UNIUBE Assim, através de uma relação de transformação RTC = Ip / Ts (Ip – corrente primária e Ts – corrente secundária), pode-se obter, com uma margem de erro, a corrente real no relé proporcional à corren- te primária real do circuito elétrico. No exemplo, RTC = 200/5 = 40. Dessa forma, quando circular 100A no primário, teremos uma cor- rente de 100/40 = 2,5 A no relé (podemos ter um erro para proteção de até 10% a ser considerado). Para que se possa avaliar, proteger, coordenar e efetivar seleti- vidade entre equipamentos de proteção e, considerando que as principais faltas em sistemas elétricos, além de sobrecorrente de sobrecargas de uso do sistema elétrico em funcionamento, ou va- riações das grandezas elétricas associadas, variações estas vincu- ladas à qualidade do fornecimento de energia (afundamentos e e elevações de tensões, variações na corrente da carga em função da variação da tensão e sobrecargas de usos etc.) deve-se avaliar as correntes são provadas por curto circuitos que possam ocorrer, onde em sistemas elétricos tem-se: • Faltas trifásicas (5% de incidência), mais severo, maior cor- rente de curto. • Faltas fase-terra (75% dos casos). • Faltas fase-fase (10% dos casos), ionização do ar entre fases. • Faltas fase-fase-terra (75% dos casos), a mais comum. Como as correntes de curto circuito podem ocorrer individualmente em cada uma das fases R, S, T e no Neutro, ou em associação entre essas, o relé deve se sensibilizar com qualquer composição dessas correntes. Assim, usualmente, têm-se vários TCs implan- tados nas fases, utilizando-os também para avaliação de faltas no neutro, conforme o esquema de ligação a seguir: UNIUBE 27 Figura 08 - Implantação de TCs nas fases Fonte: Eletropaulo (2004) Figura 09: Exemplo de aplicação de instalação de relé de sobrecorrente e circuito de comando funcional Fonte: Pextron (s/d) 28 UNIUBE Figura 10 - Exemplo de aplicação de instalação de relé de sobrecorrente - coordenograma com associação de diversas proteções - Curvas de fase (50/51) de todos os equipamentos de proteção da SE Morungaba Fonte: adaptado de Gentile et al. (2013) 2.5 Relés de proteção direcionais Na proteção direcional, os relés são habilitados para atuarem em grandezas elétricas somente em um sentido pré-ajustado (sentido de atuação do relé) e, caso ocorra em sentido contrário, a atuação é bloqueada, ficando o relé inativo. Os relés direcionais são caracterizados pela necessidade de po- larização por 02 (duas) grandezas elétricas associadas para me- lhor efetuar as forças sobre o disco de indução, proporcionando um UNIUBE 29 melhor entendimento de seu funcionamento, bem como do funcio- namento de relés microprocessados. Figura 11a: Esquemático de corrente de atuação (relé corrente-corrente) Figura 11b: Esquemático corrente de atuação (relé tensão-corrente) Fonte: Miguel (2011) Essas grandezas de atuação e polarização podem ser corrente/ corrente, tensão/tensão e corrente/tensão (mais utilizados), e sua composição apresenta forças de acionamento que dependem das grandezas de acionamento de polarização e de defasagem, sendo dada por: Em que: H – média da sensibilidade de relé; E1 e E2 – grandezas (duas correntes, duas tensões ou tensão e corrente); – ângulo entre as grandezas de referência; 30 UNIUBE – ângulo de sensibilidade máxima (máximo torque); α – ângulo característico de região de direcionalidade em relação à grandeza de polarização. Figura 12 - Visão geral direcional Fonte: Miguel (2011) Obtendo-se a grandeza elétrica na qual queremos ter proteção e atuação, por exemplo, Iop, polarizando-se corretamente a referên- cia, por exemplo, Ipol, avaliando-se a configuração dessa polariza- ção em posição adequada em relação a Iop (ver figuras 13, 14, 15 e 16), fornecendo-se ao relé o ângulo α (alfa), com o qual o relé automaticamente adotará uma reta de separação das regiões de atuação e de não atuação, automaticamente será adotada uma re- gião perpendicular a essa reta de sensibilidade, na qual teremos o maior torque de atuação do relé direcional eletromecânico, sendo que devemos posicionar a grandeza elétrica a operar, por exemplo, Iop, nessa região de maior torque. Adequação de polarização por tensão: as conexões mais usuais são 90º, 60º, 30º e 0º. UNIUBE 31 Figura 13 - Conexão 0º Fonte: Figueira (2011) Figura 14 - Conexão 30º Fonte: Figueira (2011) Figura 15 - Conexão 60º Fonte: Figueira (2011) 32 UNIUBE Figura 16 - Conexão 90º Fonte: Figueira (2011) Considerações finais Vimos neste capítulo relés com características de sobrecorrente e direcionais. Existem três tipos de relés direcionais, cujo emprego depende da grandeza elétrica que se quer controlar: • relé direcional de sobrecorrente de fase e de terra; • relé direcional de sobrecorrente de terra; • relé direcional de potência. Essas características serão abordadas nos próximos capítulos, nos quais também estudaremos relés com outras características. Profissionais qualificados em Proteção de Sistemas Elétricos vêm sendo bastante requisitados no mercado de energia elétrica, sendo assim, o domínio do assunto se dá de forma setorial, nessa pers- pectiva, abrangem-se desde os sistemas elétricos em instalações residenciais até em sistemas industriais complexos, bem como em sistemas de distribuição, transmissão e geração de energia elétrica. Amauri Luengo Figueira Introdução Princípios operacionais de relés direcional de sobrecorrente, direcional de potência, diferencial ea distância Capítulo 3 Continuaremos a estudar os relés direcionais nesta unidade, analisando aqueles com características de sobrecorrente e de potência. As muitas possibilidades dos sistemas de proteção permitem que haja uma gama de características de relés, assim, abordam-se neste livro as principais formas de atuação, sendo que um estudo chamado de seletividade é que definirá, de acordo com uma série de variáveis, quais as proteções que um sistema de potência deverá possuir. Neste capítulo, ainda analisaremos os relés de proteção: • Diferencial. • A Distância. O relé de Proteção Diferencial atua principalmente sobre transformadores de potência, sendo que a atuação do disjuntor de forma indesejada pode estar relacionada a correntes de magnetização transitória do transformador, ângulos defasados, diferenças de corrente em função dos erros oriundos dos transformadores de corrente, diferenças de correntes no circuito de conexão do relé em função dos tapes do transformador de potência. O relé de proteção a distância atua sobre linhas de transmissão e possuem esse nome por utilizarem um princípio que leva em • Dimensionar e especificar relés de proteção direcional de sobrecorrente, direcional de potência, diferencial e a distância. • Determinar as parametrizações de funcionamento desses relés. • Avaliar a eficiência e a eficácia da proposição de parametrização desses relés. • Avaliar principais grandezas elétricas envolvidas. • Modular apresentação de estudos de proteção. • Princípios de Funcionamento de relés de proteção - direcional sobrecorrente - direcional de potência - diferencial - à distância • Especificações e Parametrização Objetivos Esquema consideração a distância entre o local de instalação do relé até o local de defeito na linha, sendo que impedância (Z) é proporcional a essa distância. Outros relés também se baseiam nesse princípio: relé de impedância (OHM), relé de reatância, relé de admitância (MHO). UNIUBE 35 Relés de proteção direcionais de sobrecorrente - função ansi 673.1 São relés normalmente polarizados por tensão, nas configurações de conexão 0º, 30º. 60º ou 90º, que internamente apresentam ele- mento a ser habilitado na parametrização de atuação função ANSI 67 em série com elemento de atuação função ANSI 50/51, dando assim uma direcionalidade ao um relé comum de sobrecorrente. As formas de ligações dos TCs de alimentação das correntes elé- tricas a serem avaliadas seguem como em um relé comum, igual- mente a escolha da curva de atuação em uma família de curvas pelas normas IEC ou ANSI e demais parametrizações também são as mesmas de um relé de sobrecorrente, e a direcionalidade é dada pela habilitação da função ANSI 67 e a polarização corre- ta da tensão de referência conforme conexões de polarização dos TPs (Transformadores de Potencial ou Tensão) combinadas com base na tabela a seguir e, na parametrização, há a necessidade da indicação do ângulo Ʈ ( ou α ) – ângulo de sensibilidade máxima (máximo torque) em relação à grandeza de polarização. Tabela 02: Combinação de tensão de polarização de relés direcionais Fase Sinal Conexão 30º Conexão 60º Conexão 90º A Atuação IA IA IA Polarização VAC VAC + VBC VBC B Atuação IB IB IB Polarização VBA VBA + VCA VCA C Atuação IC IC IC Polarização VCB VCB + VAB VAB Fonte: o autor 36 UNIUBE Como o relé normalmente faz parte de sistemas trifásicos e sujei- tos a faltas de curto circuito, deve-se avaliar vetorialmente todas as faltas possíveis em relação à referência adotada. Na figura a seguir, temos a avaliação das correntes de curto trifásica de faltas entre fase e terra para a fase 01 com polarização de tensão 90º, ou seja, tensão entre as fases 02 e 03 (V23). Figura 15 - Visão de ações de atuação de relé dire- cional da fase 01 com polarização 90º Fonte: Natal (2000) UNIUBE 37 Figura 16 - Visão de TCs de corrente de atuação, TPs de polarização e elementos de atuação direcionais e de sobrecorrente de um relé funções ANSI 67 e 50/51 Fonte: Natal (2000) 3.2 Relés de proteção direcionais de potência - função ansi 32 O relé direcional de potência visa reconhecer e atuar com direcio- nalidade no sentido do fluxo de potência elétrica do sistema num determinado momento. Normalmente são empregados em instalações elétricas com uni- dades geradoras, visando impedir que o fluxo de potência flua em sentido não desejado. O relé é parametrizado para atuar se esse fluxo de potência continuar por um período de tempo além do valor definido e acima de uma porcentagem da potência nominal de fluxo 38 UNIUBE direto (que deve fluir normalmente e sem restrições), atuando em contato de Trip, para fazer operar o disjuntor de proteção principal. Visam bloquear motorização de geradores e evitar fluxo de potência que alimente faltas em sistemas elétricos que não estão previstos para terem essa nova fonte de energia, por exemplo, em sistemas de geração própria com possibilidade de transferência em rampa durante alguns segundos, como é o grande número de gerações em horário de ponta de consumo de energia elétrica. Figura 17 - a) Ligação do relé com o sistema Figura 17 - b) Diagrama de ligação Esquemas básicos de relés direcionais de potência Fonte: Natal (2000) A proteção de potência direcional em sentido reverso é calculada pelo relé, que após o fornecimento da potência nominal de gera- ção em avaliação, da tensão de operação e da sequência de fa- ses (normalmente sequência positiva), calcula a potência ativa das UNIUBE 39 componentes simétricas positivas de tensões e correntes e deter- mina a da potência reversa sem considerar assimetrias de corrente e de tensão. Uma vez informadas as características nominais, basta habilitar a função de potência reversa (função ANSI 67), normalmente em 10% da potência nominal, e os tempos de atuação, por exemplo, 0,5 seg, sendo que a correta ligação dos TCs e TPs (ver indicação de polarização dos equipamentos – ponto de marcação que acom- panha o equipamento) dará o sentido de fluxo direto. Figura 18 - Polarização de TC e TPs Fonte: Natal (2000) 3.3 Relés de proteção diferencial – função ansi 87 Os relés de proteção diferencial visam atuar para controle de fal- tas internas de equipamentos, barramentos ou parte de sistemas elétricos que se quer proteger dentro de uma área delimitada por transformadores de correntes. 40 UNIUBE Figura 19 - Esquemático de proteção diferencial de equipamentos Fonte: Natal (2000) A diferencial é dada pela corrente no elemento R ou RC, calculada pela diferença entre as correntes que circulam nos TCs de ambos os lados do equipamento a ser protegido. A condição de atuação do relé é: deve ter as correntes i1 – i2 que apresentam a mesma magnitude, sendo que a corrente diferencial de atuação id será dada por id = i1 – i2 quando ultrapassar determi- nado valor predeterminado, sendo nula em condições normais de operação. Fora da região delimitada pelo TCs, não são sensibili- zadas pelo relé diferencial e devem ser protegidas por associação com outros relés. UNIUBE 41 Figura 20 - Proteção diferenciada no elemento de atuação R Fonte: Natal (2000) O relé diferencial pode apresentar o elemento diferencial com es- quema percentual, apresentando circuitos de restrição (ou reten- ção) e circuitos de operação (ou atuação), as bobinas de retenção ou de “restrição” serão percorridas por uma média das correntes passantes. Figura 21 - Proteção diferenciada percentual O (operação) com restrições R Fonte: Natal (2000) 42 UNIUBE O relé proteção diferencial percentual deve avaliar ainda possíveis erros de transformação dos TCs, erros das funções construtivas, correntes sequenciais de componentes simétricas e outras varian- tes que podem fazer com que o relé atue indevidamente. Para mitigar esses erros, adota-se um valor de corrente de pickup de atuação Ipu visando a não atuação a pequenas correntes e de er- ros de transformação.Na ocorrência de variantes, como saturação dos TCs, faltas externas, sobre-excitação etc., pode ser necessário deslocamento do patamar para evitar operação indevida. Para determinação da faixa de atuação/não atuação um fator “K” para determinar a inclinação (declividade) da curva de operação, utilizamos a seguinte fórmula. UNIUBE 43 Figura 22 - Visão de ações de atuação e bloqueio de relés diferenciais Fonte: Natal (2000) A definição da declividade determina qual o ajuste percentual do relé, ou seja, o nível de corrente no qual o relé irá atuar através de porcentagem da corrente na bobina de operação para vencer o conjugado resistente das restrições (mecânicas e magnéticas). 44 UNIUBE Essas inclinações são dadas em porcentagens, com valores que variam de 15% a 50%, sendo adotado normalmente 10%, 20% e 40% de modo que, quanto menor essa porcentagem, mais sensível será o relé, pois será maior área de atuação (trip). Figura 23 - Operação diferencial e ajustes percentuais de declividade Fonte: Natal (2000) Os relés direcionais permitem mais de um ajuste de declividade, normalmente são utilizados dois numa mesma parametrização, em que se adota a porcentagem de menores correntes, com maior sensibilidade, sendo a porcentagem maior usada para altas corren- tes, adotando assim menor sensibilidade. Outra condição típica a ser evitada em acionamento indevido é a ocor- rência de corrente e magnetização, devendo o relé distinguir de cor- rente de falta, sendo que os relés microprocessados permitem habilitar UNIUBE 45 funções específicas de bloqueio, isso ocorre por reconhecimento da forma das correntes de magnetização, que são ricas correntes de har- mônicas de 2ª ordem, que podem normalmente ultrapassar 16% da corrente fundamental de 60 Hz, podendo atingir até 70% A bobina de restrição normalmente apresenta porcentagem à cor- rente harmônica, sendo da ordem de 25% para 2ª harmônica, vi- sando bloquear atuação de energização; de 23% para 3ª harmô- nica; de 22% para 5ª harmônica, visando bloquear atuações de sobre-excitação do transformador a cargas capacitivas; de 21% para 7ª harmônica. Tabela 03: Conteúdo harmônico das correntes de energização Fonte: INEPAR (PIOVESAN, 1997) Tabela 04: Conteúdo das harmônicas da corrente de excitação durante a sobre-excita- ção do banco de transformadores Fonte: Guzmán et al. (2001) 46 UNIUBE Em função do defasamento angular entre os enrolamentos primário e secundário dos transformadores e da relação de transformado (dada pelos números de espiras), deve-se avaliar não só a relação de transformação dos TCs (a RTC), mas também a forma de liga- ção dos mesmos, considerando que, para o elemento diferencial percentual, as correntes devem ter valor de mesma ordem de gran- deza em funcionamento normal. Os TCs devem apresentar ligação em delta quando os enrolamentos dos transformadores estiverem em estrela e em estrela quando os transformadores apresentarem ligação em delta. Figura 24 - Ligações de TCs em função de liga- ção dos enrolamentos de transformadores Fonte: Natal (2000) 3.4 Relés de proteção a distância – função ansi 21 O relé de proteção a distância, bastante utilizado em proteção de linhas de transmissão, relaciona a corrente elétrica que circula pelo relé com a tensão no ponto de instalação, resultando em uma impe- dância. Como a impedância de linhas de transmissão está associa- da ao seu comprimento, ou seja, a distância, resulta a convenção UNIUBE 47 dada a esse tipo de proteção, visando determinar a corrente que circula no relé pelo ponto de falta “F” distante “d” do relé. Figura 25 - Proteção função 21 – a distância Fonte: Natal (2000) Normalmente,são classificados em três tipos: • Impedâncias • MHO ou admitância • Reatância Para que haja a composição de tensão e corrente, o relé deve apre- sentar sinal de corrente proporcional à potência transmitida sem atuar, e atuar em correntes de falta e ser polarizado (por tensão). Figura 26 - Proteção a distância: corrente de atuação e polarização Fonte: Natal (2000) 48 UNIUBE Considerações Finais Percebe-se que os relés devem apresentar uma gama de parame- trização possível para se adaptarem às características específicas das condições de implantação local do equipamento. Essa gama de variações e avaliação específica com necessidade de eficiência e eficácia de atuação de equipamentos de proteção é que carece de profissionais qualificados e capazes de propor solu- ções adequadas e que atendam a demanda do mercado de ener- gia elétrica. Como citado por Cláudio Mardegan, na Revista O Setor Elétrico: O objetivo maior de um estudo de seletividade é determinar os ajustes dos dispositivos de proteção, de forma que, na ocorrên- cia de um curto-circuito, opere apenas o dispositivo mais próximo da falta, isolando a menor porção do sistema elétrico, no menor tempo possível e ainda protegendo os equipamentos e o sistema (MARDEGAN, s.d., p. 30). Perceba o quão importante é para um profissional da área de sis- temas de potência compreender e entender adequadamente todos dispositivos dos sistemas de proteção. Este estudo, no âmbito da graduação, pretende oferecer ao graduando informações relevan- tes, as quais poderão ser aprimoradas com cursos específicos em empresas ou através dos diversos cursos de pós-graduação em sistemas de proteção existentes no Brasil e no mundo. Amauri Luengo Figueira Introdução Princípios operacionais de relés de impedância, a distância tipo mho e à reatância Capítulo 4 Como estudamos anteriormente, os relés de proteção com as características de atuação por impedância (OHM), de reatância e de admitância (MHO) baseiam-se no princípio da distância do ponto de defeito na Linha de Transmissão, e esses serão alvo de nossa análise neste capítulo. É de fundamental importância enfatizarmos as características físicas de todos esses tipos de relés, tornando compreensíveis o conhecimento delas no que diz respeito às faixas de ajustes e ao conhecimento de curvas e grandezas nominais envolvidas. O relé de impedância é um tipo de relé de sobrecorrente, com restrição à tensão. Já o relé de admitância é um relé direcional, com restrição de tensão. Finalizamos o estudo dos relés com o relé de reatância, tipo de relé de sobrecorrente com restrição direcional. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), definimos relé como sendo um dispositivo por meio do qual um equipamento elétrico é operado quando se produzem variações nas condições deste ou do circuito ao qual ele está ligado, ou em outro equipamento ou circuito a ele associado. • Dimensionar e especificar relés de proteção de impedância (OHM), de reatância e de admitância (MHO). • Determinar as parametrizações de funcionamento desses relés. • Avaliar a eficiência e a eficácia da proposição de parametrização desses relés. • Avaliar as principais grandezas elétricas envolvidas. • Modular a apresentação de estudos de proteção. • Princípios de funcionamento de relés de proteção - impedância (OHM) - reatância - admitância (MHO) • Especificações e parametrização Objetivos Esquema A aplicabilidade de todos os relés acima mencionados é a detecção, nas linhas de transmissão ou aparelhos faltosos, de condições indesejáveis do sistema e consequente início de manobras convenientes de chaveamento ou, quando dessa impossibilidade, envio dos respectivos avisos adequados. UNIUBE 51 Relés de impedância4.1 Características dos relés de impedância. Figura 27 - Características de atuação Fonte: Sena (2011) Como as linhas de transmissão têm comprimento finito, os relés devem apresentar valores de impedância limitados ao comprimen- to das mesmas. Dessa forma, a atuação do relé deve estar limitada a uma área de atuação e de não atuação, sendo a atuação dada por um círculo de impedância complexa (R +jX) com origem no início da linha. 52 UNIUBE (FRONTEIRA): Região de não operação.(DENTRO DO CÍRCULO): Região de operação. (FORA DO CÍRCULO): Região de não operação. Figura 28 - Área de atuação e restrição Fonte: Sena (2011) As características do relé de impedância são representadas em um plano R-X, haja vista que medem impedâncias, permitindo assim ajustes em função da distância “d” de seu alcance ou do que é de- finido como zonas de atuação. Localização de X, no plano R-X, de acordo com o fluxo de potência que circula na linha: Figura 29 – Visualização de quadrantes de fluxo de potência operacional Fonte: Sena (2011) UNIUBE 53 Os relés permitem ainda parametrização em mais de uma zona de atuação: Figura 30 – Zonas de atuação parametrizáveis Fonte: Sena (2011) Observando-se as zonas de atuação, conclui-se que, nessa condi- ção, o relé é tipicamente não direcional, pois pode atuar em qual- quer sentido de fluxo de potência (ou de corrente), assim, um relé instalado no início de uma linha pode enxergar impedâncias asso- ciadas antes das linhas. Para operação seletiva, há a necessidade de se incorporar elemento direcional ao elemento de atuação por impedância. 54 UNIUBE Figura 31 - Direcionalidade aplicada a relés a distância por impedância Fonte: Sena (2011) Como o sistema elétrico de potência apresenta subestações ali- mentadas por linhas de transmissão, e o sistema quanto mais in- terligado mais robusto e redundante fica, e considerando ainda que sistemas de proteção apresentam zonas de proteção principal e de retaguarda, podendo um mesmo equipamento de proteção atuar de forma integrada, coordenada e seletiva, em proteção a distân- cia, usam-se as áreas de atuação com essa função. Figura 32 - Zonas de atuação com visão em rela- ção ao comprimento das linhas de transmissão Fonte: Sena (2011) UNIUBE 55 Cada área de atuação apresenta uma temporização para permitir que outros equipamentos de proteção (que também podem ser re- lés a distância) atuem como proteção principal, ficando a tempori- zação para permitir proteção de retaguarda. Tabela 05: Temporização aplicada a relés a distância Zona Tempo (s) 1ª Inst. 2ª 0,15 a 0,5 3ª 0,40 a 1,0 Fonte: Sena (2011) Para permitir essa seletividade e coordenação, a abrangência das áreas de proteção são proporcionais aos comprimentos das linhas nos trechos, por exemplo, AB, BC e CD. Tabela 06: Porcentagem de comprimentos de linhas de transmissão aplicadas às zonas de atuação Zona Alcance 1ª 80% a 90% de AB 2ª AB + (20% a 75% de BC) 3ª AB + BC + CD Fonte: Sena (2011) 56 UNIUBE Na localização da falta, conhecendo as impedâncias dadas pelos comprimentos de cada linha, considerando que linhas são conec- tadas a duas subestações, deve-se considerar a possibilidade de ambas subestações alimentarem a falta no ponto F pelas correntes I e I’. A impedância de localização de falta no ponto F é dada por: Figura 33 - Determinação da impedância de localização de falta no ponto F Fonte: Sena (2011) Avaliando a equação, na caracterização da falta no ponto F, po- demos ter as condições limites de Rf – resistência de conexão do ponto de falta F à terra – iguais a zero (curto-circuito sólido sem impedância de contato), ou temos a corrente I’ = 0 ou, I’ assume qualquer valor, em que temos: UNIUBE 57 Figura 34 - Influência na impedância em função do ponto de falta F Fonte: Sena (2011) E em operação normal, ou seja, quando fluir a potência nominal de transporte da linha, na qual a proteção não deve atuar, temos: • tensão de operação = tensão entre fases • Potência = de 0 até S nominal máxima • Fator de potência: variando de indutivo a capacitivo Figura 35 – Impedância de não operação em função de fun- cionamento normal da linha de transmissão Fonte: Sena (2011) 58 UNIUBE Dessa forma, deve-se informar ao relé a impedância de não opera- ção e em função dos tipos falta comum em SEP – Sistemas Elétrico de Potência; falta trifásica, bifásicas, bifásicas com contato de terra e monofásica à terra, avaliando o valor dessas correntes de falta, normalmente com o uso da teoria de componentes simétricas, ob- têm-se os valores de impedâncias associadas. - Faltas Fase à terra: são necessárias parametrização de três uni- dades de faltas para cada fase para possibilidades de faltas entre as fases AT, BT e CT. Figura 36 - Composição dos diagramas sequenciais para avaliação de corrente de falta fase à terra Fonte: Sena (2011) UNIUBE 59 - Faltas Fase a Fase: são necessárias parametrização de três uni- dades de faltas para cada fase para possibilidade de faltas entre as fases AB, BC e CA. Figura 37 - Composição dos diagramas sequenciais para avaliação de corrente de falta fase a fase Fonte: Sena (2011) 60 UNIUBE - Faltas Fase-Fase à terra: Figura 38 - Composição dos diagramas sequenciais para ava- liação de corrente de falta fase-fase à terra Fonte: Sena (2011) Uma falta dupla fase à terra é vista pela unidade de proteção como uma falta de fase, sendo assim, é de se esperar que as unidades de falta de terra também enxerguem essa falta. Dessa forma, não é necessário mais nenhum tipo adicional de unidade de falta para as faltas do tipo fase-fase-terra. - Faltas Trifásicas: considerando a independência dos diagramas sequenciais, nas quais somente temos sequência positiva: Figura 39 - Composição dos diagramas sequen- ciais para avaliação de corrente de falta trifásica Fonte: Sena (2011) UNIUBE 61 As unidades de proteção fase a fase e de fase à terra enxergam faltas trifásicas (com ou sem terra). Dessa forma, as seis unidades antes descritas, três de fase e três de terra, são suficientes para enxergar todos os onze tipos de faltas possíveis. 4.2 Relés de distância tipo MHO A representação da característica de atuação desse relé, também em plano R-X, considerando-se admitância e não impedância, é dada por: Figura 40 - Visualização de proteção a distância por relé MHO Fonte: Sena (2011) A característica é direcional, pois parte do início da linha e, da mes- ma forma que o relé de impedância, apresenta zonas de atuação: 62 UNIUBE Figura 41 - Zonas de proteção a distância por relé MHO Fonte: Sena (2011) A sensibilidade desses relés é dada pelo ângulo característico, sendo que se representa sobre essa linha de máxima sensibilidade (reta) a impedância da linha avaliada da mesma forma, conforme processo avaliado em relé por impedância. 4.3 Relés de distância à reatância Neste relé, a representação da característica de atuação no plano R-X, é uma reta traçada paralelamente ao eixo de resistência UNIUBE 63 Figura 42 - Visualização de proteção a distância por relé a reatância Fonte: Sena (2011) Assim como o relé de impedância necessita de uma unidade di- recional a ser habilitada, também apresenta zonas de atuação e apresenta reta de máxima sensibilidade, sobre as quais deve-se estudar as impedâncias da linha. Figura 43 - Sensibilidade de proteção a distância por relé à reatância Fonte: Sena (2011) 64 UNIUBE Com o advento dos relés microprocessados, os relés apresentam composições de atuação, apresentando regiões de operação e não atuação dada por áreas formadas por losango, retângulo, trapézio etc. Figura 44 - Regiões de atuação parametrizáveis em relés microprocessados Fonte: Sena (2011) Assim, nos relés a distância microprocessados, utilizam-se as com- posições de direcionalidade impedância, reatância e admitância, otimizando-se o máximo a parametrização, visando à melhor per- formance da proteção. UNIUBE 65 Considerações finais Pela análise dos assuntos neste capítulo elencados, verificamos o alto grau de complexidade quando tratamos de assuntos referentes aos relés de proteção com as características de atuação por impe- dância (OHM), reatância e admitância (MHO). O conhecimento de todos os seus princípios de funcionamento, de critérios de funcionamento de grandezas elétricas, curvas de atuação e consequentes parametrizações nos remete a profissio- nais extremamentequalificados para o seu dimensionamento, bem como seu manuseio. Esses relés são disponibilizados nas linhas de transmissão e inte- ragem como dispositivos de segurança. Portanto, o perfeito conhe- cimento de seus parâmetros de funcionamento é essencial para que o sistema elétrico de potência funcione adequadamente, tendo características de segurança e parâmetros de controle ativados e monitorados por tais relés.
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