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1 @jumorbeck Princípios norteadores da libras - leis vigentes no brasil LEI Nº 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000 ↠ Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação. LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 ↠ Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras providências Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005 CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. CAPÍTULO II - DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. CAPÍTULO III - DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.098-2000?OpenDocument 2 @jumorbeck em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue. § 1º Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngue, referida no caput. § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. CAPÍTULO IV - DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. CAPÍTULO V - DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA PORTUGUESA CAPÍTULO VI- DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA CAPÍTULO VII - DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de Saúde - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas, efetivando: I - ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva; II - tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as especificidades de cada caso; III - realização de diagnóstico, atendimento precoce e do encaminhamento para a área de educação; IV - seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de amplificação sonora, quando indicado; V - acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica; VI - atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional; VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens matriculados na educação básica, por meio de ações integradas com a área da educação, de acordo com as necessidades terapêuticas do aluno; VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso à Libras e à Língua Portuguesa; IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação. LEI 12.319/10 | LEI Nº 12.319, DE 1º DE SETEMBRO DE 2010 ↠ Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Art. 6º.São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências: I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice- versa; II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269395/art-6-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269377/art-6-inc-i-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269377/art-6-inc-i-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269357/art-6-inc-ii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269357/art-6-inc-ii-da-lei-12319-10 3 @jumorbeck fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares; III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos; IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino e repartições públicas; e V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais. Art. 7º. O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial: I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da informação recebida; II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou orientação sexual ou gênero; Ver tópico III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir; IV - pelas posturas e condutas adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício profissional; Ver tópico V - pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito social, independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem; VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda Surdez na antiguidade O MUNDO GRECO-ROMANO: UMA DAS BASES EDUCACIONAIS DA SOCIEDADE OCIDENTAL ↠ ARISTÓTELES considerava os surdos também mudos, e acreditava que a linguagem (fala) dava condição de humano para o indivíduo, sendo o surdo considerado não humano se não tivesse a linguagem. ↠ HIPÓCRATES (460 a.C. – 377 a.C.), o pai da medicina, pensava que os fluidos formados no cérebro se escoavam pelo canal auditivo e formava purulência no ouvido. ↠ Por falta de conhecimento, os povos encaravam o nascimento de pessoas com deficiência como castigo de Deus. Os supersticiosos viam nelas poderes especiais de feiticeiros ou bruxos. As crianças que sobreviviam eram separadas de suas famílias quase sempre ridicularizadas, sacrificadas a Deuses ou abandonadas. IDADE MODERNA ↠ GIROLANO CARDANO (1501 – 1576), médico, contradiz o sábio Aristóteles teorizando que a audição e o uso da fala não são essenciais à compreensão das ideias e que a surdez é mais uma barreira à aprendizagem do que uma condição mental. ↠ PEDRO PONCE DE LÉON (1520-1584), monge beneditino, dedicou-se à educação de crianças surdas da nobreza castelhana. O seu método incluía a datilologia, a escrita e a fala. ↠ JUAN PABLO BONET (1579-1633), que também se ocupou da educação de surdos da corte espanhola, publicou Reducción de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos (o inventor da arte de ensinar o surdo a falar). ↠ O trabalho para os sinais teve início apenas no século XVIII com CHARLES MICHEL DE L’EPÉE. Fundador do Instituto Nacional para Surdos-Mudos, em Paris construiu um sistema baseado na língua de sinais, criando outros sinais para as palavras francesas. História da educação de surdos ↠ A Libras foi criada a partir da língua de sinais francesa. Com a vinda do francês Eduard Hernest Huet para o Brasil, que foi aluno do Instituto de Paris, a educação de surdos teve início durante o segundo império. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ No entanto, não havia escolas especiais para surdos, por isso Huet solicitou ao imperador Dom Pedro II um estabelecimento para educar os surdos brasileiros. No dia 26 de setembro de 1857 foi fundado o instituto de surdos- mudos do Rio de Janeiro, atualmente conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ A partir desse momento, o Brasil deu seus primeiros passos para a educação de surdos, utilizando o ensino do alfabeto manual. Em meados de 1911, o INES adotou a metodologia do oralismo para que os surdos tivessem a oportunidade de se comunicar e conseguir com eficácia https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269336/art-6-inc-iii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269336/art-6-inc-iii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269322/art-6-inc-iv-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269322/art-6-inc-iv-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269308/art-6-inc-v-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269308/art-6-inc-v-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269289/art-7-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269271/art-7-inc-i-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269271/art-7-inc-i-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269253/art-7-inc-ii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269253/art-7-inc-ii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269253/art-7-inc-ii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269233/art-7-inc-iii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269233/art-7-inc-iii-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269217/art-7-inc-iv-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269217/art-7-inc-iv-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269217/art-7-inc-iv-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269217/art-7-inc-iv-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269203/art-7-inc-v-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269203/art-7-inc-v-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269187/art-7-inc-vi-da-lei-12319-10 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26269187/art-7-inc-vi-da-lei-12319-10 4 @jumorbeck expressar suas vontades e pensamentos. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) Abordagem filosófica da educação dos surdos METODOLOGIA ORALISTA ↠O principal marco nesta filosofia foi o Congresso de Milão, na Itália, no ano de 1880. Neste Congresso presenciou-se uma contradição gritante – discutiu-se sobre educação de surdos sem a participação dos sujeitos protagonistas, os próprios surdos. Os ouvintes decidiram que a melhor decisão era banir a língua de sinais da educação de surdos, [...] que deveriam aprender a falar e, se fosse possível, a ouvir. Congresso de Milão: toda a pressão e hegemonia ouvintista acabou culminando no congresso de Milão, onde se proibiu o uso da língua de sinais no mundo inteiro por um período de quase 100 anos. Havia o consenso, entre a maioria ouvinte, de que a fala era a expressão da alma ou uma dádiva divina e, sem poder se comunicar por meio da língua falada, o sujeito surdo não poderia se integrar em sociedade e se arrepender de seus pecados, por exemplo. Algumas definições que foram acordadas: ➢ superioridade da fala sobre o uso de sinais, visando à reintegração dos surdos na vida social; ➢ a metodologia oral pura deve ser utilizada, porque o uso simultâneo de sinais e da fala atrapalham o desenvolvimento da fala, da leitura oral e a formação de ideia; ➢ oralismo puro domina toda a Europa e os professores surdos são demitidos das escolas; ➢ desmonte das comunidades surdas. ↠ Entre 1930 e 1947, o doutor Armando Paiva Lacerda desenvolveu sua metodologia com base na oralização, a qualnomeou de pedagogia emendativa. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ Acreditava-se que a oralização era a única forma de inserir o surdo na sociedade. O processo pelo qual uma sociedade expulsa alguns de seus membros. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ No INES, ainda na gestão de Lacerda e para o êxito de sua metodologia, os surdos eram submetidos a testes que tinham como finalidade a identificação do nivelamento da inteligência ou a aptidão para o exaustivo processo de oralização. E, de acordo com as capacidades cognitivas, os surdos eram separados em grupos. O nivelamento cognitivo era necessário, pois era o meio encontrado para garantir o sucesso do método pela pedagogia emendativa. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ Após 100 anos de existência, o INES contou com o primeiro profissional na área da educação, a diretora e professora Ana Rímoli de Faria. Para a época foi uma grande inovação, principalmente com a implantação do curso Normal de formação de professores para surdos. No país o curso tornou-se referência, tinha duração de três anos e sua base era voltada para a metodologia do oralismo. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ Quadros (1997) afirma que o objetivo primário do ORALISMO é recuperar, reabilitar a pessoa surda. Esta reabilitação estava diretamente relacionada à ênfase na fala. “O oralismo enfatiza a língua oral em termos terapêuticos”. É o processo pelo qual se pretende capacitar o surdo na compreensão e na produção de linguagem oral e que parte do princípio de que o indivíduo surdo, mesmo não possuindo o nível de audição para receber os sons da fala, pode se constituir em interlocutor por meio da linguagem oral. Essa abordagem ainda continua sendo usada em alguns educandários no mundo todo. Ela tem por objetivo fazer com que o aluno surdo assimile a linguagem oral, tornando o surdo um “falante”, buscando superar as diferenças que separam os ouvintes dos não ouvintes. Nesta abordagem o espaço escolar torna-se um laboratório de fonética, na qual são utilizadas técnicas de terapia de fala para que o aluno supere seu déficit (surdez). O professor atua mais como um terapeuta do que como um educador. ↠ GIROLETTI explana que o fracasso do oralismo impulsionou uma nova forma de comunicação entre surdos e ouvintes. Com isso, a comunicação total teve início por volta de 1960, mas no Brasil chega em meados dos anos setenta e tem seu auge nos anos oitenta. COMUNICAÇÃO TOTAL ↠ Em 1970, conheceu-se a terminologia comunicação total. A educadora Ivete Vasconcelos a trouxe para o Brasil, pois lecionava para surdos na universidade de Gallaudet e a utilizava. Algumas décadas após a breve passagem de Vasconcelos pelo território brasileiro, começou a ser difundido no país o bilinguismo. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ Com o passar dos anos, a oralização foi perdendo a força no processo de ensino e aprendizagem dos surdos. Atualmente, nas escolas especiais para surdos não é utilizada a oralização; no entanto, algumas escolas disponibilizam o tratamento com fonoaudiólogo para as técnicas de oralização para aqueles que desejam “falar”. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) Nesta abordagem admite-se a utilização de uma língua gestual, porém vista somente como um passo de transição para a língua oral. O objetivo principal da comunicação total era fazer acontecer a comunicação entre surdos e ouvintes de forma mais efetiva. Propõe abordagens alternativas permitindo ao surdo se expressar, combinando língua de sinais, gestos, mímicas e leitura labial. 5 @jumorbeck BILINGUISMO O bilinguismo foi implantado inicialmente na Suécia, com amplo respaldo do Estado. É garantida a educação bilíngue da Educação Infantil ao término do Ensino Médio, sendo aqueles que passam a frequentar a Universidade têm direito a um intérprete na sala de aula. ↠ Em meados da década de 1980, surge o bilinguismo no Brasil. Esta proposta reconhece o sujeito surdo e seu idioma, a língua de sinais; além disso, essa prática educacional proporciona percepções mentais, cognitivas e visuais e tem capacidade para analisar os conceitos de modo subjetivo e objetivo sobre as informações recebidas, respeitando as caraterísticas e regras gramaticais do idioma. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) ↠ A declaração de Salamanca salienta e reafirma os direitos de todos há educação, favorecendo a educação inclusiva, abrindo caminho para os movimentos humanos e auxiliando nas orientações educacionais na educação especial. (PLINSKI; MORAIS; ALENCASTRO, 2018) A abordagem bilíngue surge como uma metodologia de ensino que tem sido utilizada por escolas que se propõem tornar acessíveis ao surdo duas línguas, no espaço escolar: a língua de sinais (L1) e a língua portuguesa (L2), em sua modalidade oral e escrita. Após muitos anos de discussão, estudos e reformulações, os aspectos educacionais foram se reformulando, modificando-se no sentido de compreender que o desenvolvimento pleno do educando surdo passa, necessariamente, pelo domínio do saber mundialmente construído. HISTÓRIA DA LIBRAS NO BRASIL ANO ACONTECIMENTO 1857 Foi fundada a primeira escola de surdos do Brasil, conhecida como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). 1902/1912 Tivemos a comercialização dos primeiros aparelhos de surdez 1960 William Stokoe fez o primeiro estudo linguístico sobre língua de sinais utilizada nos Estados Unidos (American Sign Language – ASL).. 1978 Ocorreu o III Congresso Internacional (Gallaudet): onde foi divulgado ideias da comunicação total (conhecido no Brasil como português sinalizado), influenciando diversos países. 1980 Nas décadas de 70 e 80, os surdos iniciaram movimentos exigindo mais direitos para os sujeitos surdos, surgiu o termo: deaf power (poder surdo). 1987 É criada a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS. 1994 É feita a declaração de Salamanca (é um documento extremamente importante no contexto da inclusão social, pois trata dos princípios, das políticas e das práticas em educação especial). 1995 É criado um comitê de luta pela oficialização da língua de sinais (Libras) 2002 É oficializada a Libras pela Lei n° 10.436. Ganha o status de língua por meio da referida lei. A partir disso, instituições públicas devem ofertar acessibilidade em língua de sinais em eventos e pronunciamentos. Os sistemas educacionais passaram a ter a opção de ofertar educação bilíngue, onde a Libras fosse a língua de ensino. 2005 Por meio do Decreto n° 5.626, que regulamenta a Lei n° 10.436, considera pessoa surda aquela que por ter perda auditiva compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Libras. Também, oficializa a Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de fonoaudiologia. Expõe os requisitos para a formação de professores e instrutores de Libras, cria o PROLIBRAS (Programa Nacional para a Certificação de Proficiência no Uso e Ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras – e para a Certificação de Proficiência em Tradução e Interpretação da Libras/ Língua Portuguesa), dentre outras garantias. 2006 O MEC cria o primeiro curso de licenciatura em Letras/Libras e o primeiro curso de bacharelado em Letras/Libras (tradutor/intérprete). 2010 A Lei n° 12.319, de 1o de setembro de 2010, regulamenta a profissão de tradutor e intérprete de Libras. Também, aborda sobre os novos exames do PROLIBRAS a serem realizados até ano de 6 @jumorbeck 2015 e sobre a formação do tradutor e intérprete de língua de sinais. 2011 O Decreto no 7.611, de 17 de novembro de 2011, dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializadoe dá outras providências. Também, foca nas diretrizes para a elaboração de materiais didáticos no contesto da educação especial. 2014 No dia 24 de abril é celebrado o dia nacional da língua brasileira de sinais – Libras, foi oficializado pela Lei no 13.055, em 22 de dezembro de 2014; a data comemorativa foi prevista no projeto de lei (PL 6.428/09) de autoria do deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG). O dia 24 de abril foi escolhido porque é a data da publicação da Lei 10.436/02, que trata sobre a Libras. O PL n° 6.428/09 atendeu à reivindicação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), instituição dedicada à causa das pessoas surdas do Brasil, como parte da luta pelo reconhecimento e definitiva implantação da Libras. 2017 Pela primeira vez, estudantes surdos puderam ter acesso a vídeos com as questões do Enem traduzidas na Libras. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) disponibilizou salas adaptadas e os participantes puderam escolher na inscrição, se desejariam participar da aplicação. Os estudantes que optaram pela tradução através do vídeo, também tiveram acesso a um tradutor por dupla de candidatos, que pode apenas esclarecer dúvidas pontuais de vocabulário. O preenchimento do cartão de respostas é realizado normalmente pelo sujeito surdo. A disponibilização do vídeo foi feita em caráter experimental. A tradução integral do exame para Libras é demanda antiga, sobretudo daqueles que não são inicialmente alfabetizados em português e, pelo menos desde 2014, é discutida no INEP. 2018 O curso pedagogia bilíngue na modalidade a distância (EaD) foi concebido dentro do “Plano Nacional dos Direitos da Pessoal com Deficiência – Viver sem Limites”. A responsabilidade pela implementação do projeto é do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, assumida a partir de um convite do Ministério da Educação (MEC). Em dezembro de 2017, o curso venceu o Reimagine Education 2018, prêmio que é considerado o “Oscar” da educação mundial. Além de conquistar o primeiro lugar na categoria “Educação híbrida”, quando o curso é ofertado misturando as duas modalidades: on-line e presencial; o projeto brasileiro alcançou a primeira colocação na categoria geral, com a proposta mais inovadora nas áreas de tecnologia e educação do mundo. Libras e suas modalidades comunicativas ↠ Língua de Sinais Formal: utiliza a estrutura de língua de sinais, que é a imagem do pensamento, usa posturas corporais e faciais adequadas. Faz uso do processo anafórico corretamente, e os parâmetros, como a configuração de mãos, expressão e localização. ↠ Língua de Sinais Informais ou Nativa: não confundir com dialetos, gestos, mímicas ou pantomima. Utiliza-se da estrutura da língua Brasileira de Sinais, porém sem as suas regras, há omissão de artigos, preposição, o sinal apresentado é composto pela imagem mental do objeto, pessoa, animal ou situação a ser descrita. ↠ Português Sinalizado ou Bimodalismo: isso acontece entre surdos e ouvintes, por falta de conhecimento e estudo de Libras, o bimodalismo é usado para obter melhor resultado na comunicação com os surdos. Essa prática fere as regras sintáticas da língua de Sinais. Dificulta o entendimento. ↠ Comunicação Total: uso simultâneo da Língua de Sinais, língua falada, imagens, escritas, etc. ↠ PIDGIN: é a utilização de palavras de uma língua com estrutura de outra língua, em contato social, o pidgin surge do intercâmbio (português sinalizado + sinais) 7 @jumorbeck ASPECTOS LINGUÍSTICOS ↠ A Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem sua origem na Língua de Sinais Francesa, em uma relação similar à que a Língua Portuguesa possui com o português falado em Portugal. Devido a isso, as línguas de sinais existentes pelo mundo não são universais, cada país utiliza uma diferente, que pode ou não coincidir com a língua de sinais de outro país. ↠ Além disso, a língua de sinais sofre influências culturais com o passar dos anos e, como qualquer outra, possui expressões (sinais) que diferem de acordo com a localidade (regionalismos). ↠ As línguas de sinais têm sua base de produção e percepção em características da modalidade gesto-visual, a qual utiliza o corpo para fazer movimentos no espaço que configuram e estruturam os sinais e as frases. ↠ De modo geral, elas usam as mãos como uma ferramenta ou um recurso de comunicação, o que, para um leigo nesse assunto, pode parecer que o surdo está fazendo mímica ou apenas gestos, mas é muito mais do que isso, pois são compostas de regras próprias e, devido à sua estrutura fonológica, morfológica, sintática e semântica, elas não podem ser confundidas com outra coisa que não seja uma língua A língua de sinais utiliza frequentemente a iconicidade como estratégia de comunicação e para criar sinais. Apesar disso, muitos pensam incorretamente que cada sinal realizado é como um desenho, o qual precisa ter relação direta com o seu referente, porém, isso não pode ser considerado como regra. Resumindo, quando um sinal tiver relação direta com a coisa explicada, trata--se de um sinal icônico. No exemplo da Figura 1, o significado da palavra dirigir está representado na ação demonstrada pela imagem do sinal de dirigir. Devido a essa relação icônica, o sinal espacial é facilmente traduzido e entendido pelas pessoas. Na língua de sinais, é mais comum encontrar sinais icônicos, mas, como já mencionado, também existem sinais arbitrários que não possuem relação de significado com a coisa explicada - como você pode ver no exemplo apresentado na Figura 2. Quanto a forma: sinais icônicos e arbitrários; Quanto à composição: simples e composto. PARÂMETROS DA LÍNGUA DE SINAIS ↠ A língua de sinais é muito mais complexa do que somente aprender sinais ou fazer alguns gestos, pois deve-se ter a capacidade visuo-espacial, a qual tem sua base estruturada nos cinco parâmetros básicos dessa língua. Como a Língua Portuguesa ou qualquer outra oral, ela possui alguns elementos básicos, como: ➢ configuração de mãos; ➢ ponto de articulação ou localização; ➢ movimento; ➢ orientação/direcionalidade das mãos; ➢ expressão facial e/ou corporal. CONFIGURAÇÕES DE MÃOS (CM) ↠ Durante a sinalização, utiliza-se com frequência algumas configurações de mãos, que, resumidamente, se trata do formato ou contorno que as mãos assumem. ↠ Entre os cinco parâmetros básicos das línguas de sinais, não consta o alfabeto manual ou as letras, apenas as configurações de mãos, devido a isso, é a tabela dessas configurações que dá origem ao alfabeto manual em Libras e aos números, e não o contrário. 8 @jumorbeck Ela se apresenta através da forma que a mão toma ao ser realizado o sinal ou a letra do alfabeto manual. Algumas letras são usadas várias vezes para demonstrar uma determinada palavra, porém se diferenciam pelo ponto no corpo em que é expresso. A configuração de mãos segue a mão predominante da pessoa que está realizando o sinal ou palavra, ou seja, ela pode ser realizada com a mão direita para os destros ou com a mão esquerda para os canhotos, também realizada com as duas mãos. PONTO DE ARTICULAÇÃO (PA) ↠ A localização é um parâmetro que define onde será articulado o sinal, pois existe todo um espaço que pode ser utilizado durante a sinalização. Na Figura 4, você pode perceber os limites do campo de sinalização, o qual se situa um palmo acima da cabeça, meio braço esticado na altura dos ombros (até o cotovelo) e finaliza na altura da cintura. É identificado através do local onde ocorre o sinal, sendo que este sinal poderá ou não tocar em alguma parte do corpo da pessoa que o está realizando. Ex.: Para realizar o sinal de laranja e o sinal de aprender usamos a mesma configuração de mãos, a diferençaestá no local onde é realizado o sinal que é o ponto de articulação. MOVIMENTO (M) ↠ O movimento é outro parâmetro que, juntamente à configuração de mãos e à localização, forma um tripé básico de sinalização. Na Figura 5, você pode observar o sinal de computador, o qual se realiza em espaço neutro com localização na altura do peito (sem encostar no corpo), configuração de mão em “x” (formato de um gancho) e movimento circular. Conforme o sinal que se realiza, ele exige movimento ou não, dependendo do que ele representa. O movimento também pode representar intensidade, que pode ainda apresentar noção de pluralidade, como, por exemplo: posso realizar o sinal de estudar (quero dizer que quero que os alunos estudem), porém, se intensifico esse sinal fazendo um movimento mais rápido, eu digo que quero que eles estudem muito. ORIENTAÇÃO/DIREÇÃO DAS MÃOS ↠Os sinais podem ser determinados conforme o local ao qual você quer se referir, como, por exemplo, os verbos IR e VIR, que se opõem em relação à direção do local referido. EXPRESSÃO FACIAL E/OU CORPORAL ↠ Para a compreensão de alguns sinais, as expressões que fazemos com o nosso corpo e rosto são fundamentais para o seu entendimento, pois através delas revelamos nossas emoções (alegria, tristeza, frio, raiva, calor etc.) e o sentido que atribuímos a determinados fatos, situações e objetos. Conforme a expressão que manifestamos, damos a entonação dentro da Língua de Sinais, ou demonstramos negação, dúvida, questionamento ou afirmamos algo. Princípios para o atendimento médico frente ao surdo ↠ No Brasil, pessoas com limitações ainda vivenciam impedimentos para terem acesso a serviços básicos disponibilizados à sociedade. Dentre esses serviços, destacamos o atendimento em saúde. ↠ Por muitas vezes, os surdos não conseguem ter um atendimento adequado, posto que o impedimento na comunicação caracteriza-se um desrespeito com a população surda. ↠ A prática adequada de habilidades de comunicação (HC) entre médicos e pacientes é indispensável para bons e efetivos desdobramentos de um diagnóstico. EXAMES OBRIGATÓRIOS PARA AVALIAÇÃO AUDITIVA NOS RECÉM-NASCIDO ↠ Para avaliar a audição de bebês recém-nascidos, existe um exame chamado “Teste da Orelhinha”, que pode ser Dentro desse espaço, pode-se escolher diversos locais para articular um determinado sinal e percebe-se que o ponto de articulação é um espaço neutro, pois se realiza na altura do ombro e no espaço à frente do sinalizante, contudo, sem encostar no seu corpo (é feito no ar. 9 @jumorbeck realizado por um médico ou um fonoaudiólogo. Sua finalidade é detectar possíveis alterações auditivas. Em 2 de agosto de 2010, foi criada a Lei nº 12.303, que torna obrigatória e gratuita a realização deste exame em todos bebês nascidos a partir desta data. Orienta-se realizar o teste da orelhinha, nos primeiros anos de vida do bebê (3 meses), detectando perdas precoces que possam influenciar no aprendizado da linguagem. Geralmente o exame é realizado no berçário em sono natural, de preferência no 2º ou 3º dia de vida. O tempo de duração varia entre 5 e 10 minutos, não tem qualquer contraindicação, não acorda nem incomoda o bebê. Não exige nenhum tipo de intervenção invasiva (uso de agulhas ou qualquer objeto perfurante) e é absolutamente inócuo. ↠ Uma vez detectada a suspeita de surdez na criança, a mesma é encaminhada ao fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista para realizar o “Exame de Audiometria”. A audiometria é um exame que avalia a audição das pessoas. Quando detecta qualquer anormalidade auditiva permite medir o seu grau e tipo de alteração, assim como orienta as medidas preventivas a serem tomadas, evitando assim o agravamento. Este exame só pode ser realizado por um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, pois são estes os profissionais habilitados a orientar corretamente todas as etapas para a realização do procedimento. Vocabulário saúde, telefone, televisão, medico, sexo, triffil, casa, água, pênis, namorar, gostar, andar, idade, homossexual, conquistar, perdão, carro, medicamento/remédio, dor, doente, cura, bem-estar, radiografia, hospital, fazer, estudar, felicidade, chuva, avião, borboleta, laranja, falar, enfermeiro, sábado, desodorante, aprender, falar, exemplo, cama, Deus, avião, viajar, lua, pipoca, dia, bom/boa, alegria, homem, mulher, mãe, criança, gravidez/gestante, conversar, exame, manhã, tarde, noite, evitar, marido, casados...
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