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SUMÁRIO Biofísica da visão 1. Onda eletromagnética, luz e espectro eletromagnético ............................................................... 3 2. Conceitos básicos de óptica .................................. 6 3. Difração e interferência .........................................12 4. Lentes delgadas .......................................................13 5. Olho humano .............................................................18 6. Principais elementos do olho humano ............19 7. Fototransdução .........................................................25 8. Formação da imagem ............................................26 9. Acomodação ..............................................................27 Desordens da visão 1. Emetropia ....................................................................30 2. Ametropias .................................................................31 3. Miopia (ou braquiometropia) ...............................31 4. Hipermetropia ...........................................................32 5. Astigmatismo ............................................................34 6. Presbiopia ...................................................................36 7. Daltonismo .................................................................39 8. Catarata .......................................................................41 Referências bibliográficas ........................................43 3BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO BIOFÍSICA DA VISÃO 1. ONDA ELETROMAGNÉTICA, LUZ E ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Duas teorias tentaram explicar a natu- reza da luz. Primeiro, Newton propôs a Teoria Corpuscular segundo a qual a luz era composta por pequenos cor- púsculos que seriam ejetados das fon- tes luminosas com grande velocidade. Essa teoria explicava adequadamen- te determinados comportamentos do feixe luminoso, tais como a igualdade dos ângulos de incidência e de refle- xão e a propagação retilínea do raio de luz que trafega no meio homogêneo. Todavia, a descoberta dos fenômenos de difração e da interferência lumino- sa fez com que Huygen, De Broglie e outros propusessem a Teoria Ondu- latória. De acordo com essa concep- ção, a luz seria uma onda de natureza eletromagnética e que se propagaria com velocidade constante no vácuo. Hoje, admite-se que sua natureza é simultaneamente corpuscular e on- dulatória. Assim, cada fóton é uma onda e uma partícula. Essa é a teoria da dualidade onda-partícula. SE LIGA! O calor de uma fogueira, a luz do Sol, os raios X usados em exames de imagem e também a energia usada para aquecer alimentos em um micro-ondas são, todos, formas de radiação eletro- magnética. Embora essas formas de energia pareçam muito diferentes umas das outras, elas estão relacionadas, uma vez que todas exibem propriedades de ondas. As ondas eletromagnéticas consis- tem, na verdade, em 2 ondas que oscilam perpendicularmente entre si. Uma das ondas é um campo mag- nético oscilante, a outra é um cam- po elétrico oscilante. A radiação ele- tromagnética, ao contrário de ondas mecânicas (ex.: ondas sonoras), não necessita de um meio material para se propagar. No vácuo, as ondas ele- tromagnéticas se propagam a uma velocidade de 300.000 km/s, inde- pendentemente do referen- cial utilizado na medida. Figura 1. Ondas eletromagnéticas são campos elétricos e magné- ticos oscilantes e perpendicu- lares entre si. Fonte: https:// mundoeducacao.uol.com. br/fisica/ondas-eletromag- neticas.htm 4BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO SE LIGA! A luz não tem a mesma velo- cidade em todos os meios em que viaja. Ao penetrar noutro meio qualquer, que não o vácuo, sua velocidade diminui. Nos meios físicos reais, a velocidade da luz depende não somente da natureza do meio, mas também da frequência da onda luminosa. Além de sua velocidade de propaga- ção em um determinado meio, uma onda eletromagnética também é ca- racterizada pelo seu comprimento (distância horizontal entre dois vales ou cristas consecutivas) e frequên- cia (número de comprimento de onda completos que passam por um deter- minado ponto no espaço a cada se- gundo). A relação entre essas variá- veis é dada pela seguinte equação: Figura 2. c Velocidade da luz (constante); λ Com- primento de onda (em metros, m); f frequência (em Hertz, Hz). SE LIGA! Esta relação reflete um fato importante: toda radiação eletromagné- tica, independente do comprimento de onda ou frequência, viaja à velocidade da luz. As ondas eletromagnéticas podem ser classificadas e organizadas de acordo com seus diversos comprimentos de onda/frequências. Esta classificação é conhecida como espectro eletromag- nético. O espectro eletromagnético inclui radiações de frequências mui- to baixas, como aquelas relacionadas com as transmissões de rádio (ondas longas), raios infravermelhos e ondas de calor emitidas por corpos térmicos, até radiações de frequências muito elevadas, como os raios cósmicos, raios X e raios gama. A faixa de radia- ções eletromagnéticas que pode ser captada pelo olho humano está situ- ada entre 370 e 740nm e é chama- da de região do visível. Essa faixa é muito pequena se comparada à gama de frequência do espectro eletromag- nético que inclui frequências de até 1024Hz. Agrupando-se as cores po- de-se dizer que o espectro visível é composto por 7 cores (cores do arco- -íris): violeta, anil, azul, verde, amare- lo, laranja e vermelho. 5BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Figura 3. Espectro eletromagnético e a região visível. Fonte: https://www.infoescola.com/fisica/ espectro-eletromagnetico/ Corpuscular LUZ Natureza Dualidade partícula-onda Ondulatória Onda eletromagnética Espectro eletromagnético 2 campos oscilantes perpendicularmente Não necessita de um meio para se propagar Principais características Organização dos tipos de onda de acordo com a frequência/ comprimento Região do visível 370 a 740nm Velocidade Frequência (f) Comprimento de onda (λ) Varia de acordo com o meio Equação resultante No vácuo C = 300.000 km/s 6BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO 2. CONCEITOS BÁSICOS DE ÓPTICA Refração da luz A superfície que separa dois meios transparentes é chamada de superfí- cie dióptrica. A refração é a mudança ou desvio de direção do raio lumino- so ao penetrar obliquamente em um meio de índice de refração diferente do meio anterior. Se o raio penetra perpendicularmente, não há refração. Em ambos os casos, a velocidade é diferente nos dois meios. Figura 4. Refração da luz. Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/fisica/leis-refracao.html SAIBA MAIS! A refração é frequentemente vista quando se coloca um bastão na água, ou quando um jato de luz travessa plásticos transparente que fluorescem. O desvio é perfeitamente visível. Na incidência perpendicular, ou oblí- qua, a velocidade muda, sendo a mes- ma nos dois casos. Mas na incidência oblíqua, como o pulso é transversal, há mudança de direção e uma parte da onda muda a velocidade antes da outra. Ao sair do meio, ocorre o inver- so, e o raio retorna à direção primitiva. Se o pulso é perpendicular, a veloci- dade diminui sem mudança de dire- ção, porque o pulso penetra simulta- neamente no novo meio. Meio A Meio B Meio B Meio A Figura 5. Refração oblíqua e perpendicular. Fonte: https://www.algosobre.com.br/fisica/refracao-da-luz.html 7BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Para quantificar a refração dos corpos transparentes, definiu-se o índice de refração (λ) como sendo a razão entre a velocidade da luz no vácuo (c) e a velocidade (v) da luz num dado meio. Considerando que a velocidade da luz nos meios físicos é sempre menor do que aquela no vácuo, pode-se concluir que o índice de refração dos corpos é sempre maior que 1. Ao se propagar através de meios transparentes, a luz não muda sua frequência original. Por isso, quanto maior for a velocidade num dado meio, maior será o compri- mento da onda luminosa.MEIO ÍNDICE DE REFRAÇÃO Água 1,33 Álcool etilíco 1,36 Ar (1 atm, 20°C) 1,003 Vidro “crown” 1,52 Vidro “Flint” denso 1,66 Cloreto de sódio 1,53 Polietileno 1,50 – 1,54 Tabela 1. Índice de refração de alguns materiais. Fonte: GARCIA, Eduardo A C.. Biofísica. 1 ed. São Paulo: Sar- vier, 2000. Descartes e Snell mostraram que o desvio da trajetória dos raios lumi- nosos no nível de uma superfície di- óptrica relaciona-se com o índice de refração do meio pela equação: λ2/ λ1 = sen i/sen R Onde sen i e sen R são, respectiva- mente os senos dos ângulos de inci- dência e de refração e os índices 2 e 1 representam, respectivamente, os meios que contêm o raio refratada e o incidente. SE LIGA! Ao sair de um meio menos re- frator e penetrar em um meio mais re- frator, o raio luminoso se aproxima da normal, enquanto, ao sair de meio mais refrator para um meio menos refrator, o raio se afasta da normal. Logo, concluí- mos que: • Se n1 < n2, o ângulo de incidência (i) será maior que o ângulo de refra- ção (R) • Se n1 > n2, o ângulo de incidência (i) será menor que o ângulo de re- fração (R) • Se n1 = n2, o ângulo de incidência (i) será igual ao ângulo de refração (R) A normal é uma linha imaginária estabe- lecida perpendicularmente à superfície dióptrica, entre os meios. Figura 6. Relação entre o desvio da trajetória do raio luminoso e o índice de refração. Fonte: http://efisica. if.usp.br/otica/basico/refracao/snell/ 8BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Assim, a relação de Snell permite calcular o desvio dos raios lumino- sos quando passam de meio de λ diferentes. SE LIGA! Da equação de Descartes-S- nell pode-se concluir que, quanto maior for o índice de refração de um meio, maior será o desvio que o raio lumino- so sofrerá se incidir na interface entre os meios com ângulo diferente de 0° em re- lação à reta normal. SE LIGA! Para fins práticas o índice do ar é considerado como unitário, isto é, igual ao do vácuo, com valor 1. Quando a luz passa de um meio me- nos refringente para um meio mais refringente, o raio refratado se apro- xima da reta normal. Utilizando-se o Princípio do Caminho Inverso que estabelece que a trajetória do raio lu- minoso não muda quando se inverte o sentido da propagação da luz, po- de-se inferir que, quando o raio passa do meio mais refringente para o me- nos refringente, ele se afasta da reta normal. Nesse caso, existe um ângulo limite máximo para a incidência lumi- nosa de modo que ao incidir com ân- gulo maior do que esse, não há mais refração, apenas reflexão. A esse fe- nômeno dá-se o nome de reflexão in- terna total. Reflexão total Figura 7. Reflexão interna total (λc – Ângulo limite máximo). Fonte: http://demonstracoes.fisica.ufmg.br/artigos/ ver/84/7.-Reflexao-Total SE LIGA! Ângulo máximo de incidência é o maior ângulo de incidência capaz de produzir um raio re- fratado. Todo raio incidente com ângulo maior do que o máximo será totalmente refletido. 9BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO SAIBA MAIS! Existem importantes aplicações da reflexão interna no campo das fibras ópticas, que são fios longos, finos e flexíveis de vidro ou de plástico transparente. A luz que entra numa extremi- dade vai sofrendo reflexões internas totais na parede da fibra, sem escapar da mesma, até atingir a outra extremidade. Um feixe contendo milhares de fibras, cada uma com diâmetro de cerca de 20 μm pode ser usado para visualizar objetos localizados dentro de cavidades. Assim, as fibras ópticas são usadas em Medicina para examinar, por exemplo, o estômago de um paciente. Um feixe de fibra óptica lhe é introduzido no estômago, juntamente com uma fonte de luz que ilumina suas paredes. A presença de lesões pode ser detectada examinan- do-se a imagem formada pela luz que volta sofrendo as reflexões internas totais. prisma, formavam um espectro colo- rido sobre um tela. Isso foi possível porque o índice de refração do vidro do prima não é constante para todas as frequências luminosas. Os raios de maior frequência (violeta) sofrem maior variação de velocidade ao pe- netrarem no prisma. Com isso, o des- vio que apresentam é maior. O caminho de um raio de luminoso monocromático no prisma é carac- terizado por duas refrações, uma na face A do prisma, e outra na face B. Daí ele emerge seguindo uma trajetó- ria diferente daquela do raio inciden- te. O ângulo de desvio da trajetória dos raios incidente e emergente varia com a frequência da luz usada. Quan- to maior a frequência, maior é o des- vio. Por isso, a luz violeta é mais for- temente desviada do que a vermelha. Dispersão da luz A luz solar é composta por fótons dos mais variados comprimentos de onda, sendo, portanto, chamada de luz policromática. Enquanto isso, a luz composta por fótons de apenas um comprimento de onda, damos o nome de luz monocromática. O índice de refração de um determinado meio depende do comprimento de onda da luz. Por exemplo, a luz violeta é aquela que para o meio como o vidro tem o maior índice de refração. Já a luz vermelha, tem o menor índice de refração. A variação da velocidade da luz em função da sua frequência permitiu a Isaac Newton decompor a luz solar. No seu experimento, ele usou um prisma de vidro e fez passar por ele um feixe de luz. Os raios luminosos após atravessarem um anteparo e um 10BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO SAIBA MAIS! As cores são resultadas da reflexão nos objetos. A cor que você observa nos objetos corres- ponde a cor não absorvida por ele, ou seja, a cor que ele refletiu, todas as outras são absorvi- das por ele. Todas as cores juntas correspondem a luz branca, portanto, se você observa um objeto com a cor vermelha sob a luz do sol que é branca, quer dizer que este corpo absorveu todas as cores exceto a vermelha. No caso de este mesmo objeto ser iluminado com luz amarela, você não verá mais a cor dele como vermelha e sim como preta, tendo em vista que o preto é a ausência de cor. Isto acontece porque esse objeto só consegue refletir as ondas correspondentes a cor vermelha, e na luz amarela, diferentemente da luz do Sol, não há ver- melho. Sendo assim, objeto não refletirá luz nenhuma. Luz branca Vermelho Alaranjado Amarelo Verde Azul Anil Violeta Figura 8. Dispersão da luz. Fonte: https://www.vestibular.com.br/ dica/a-decomposicao-da-luz-branca-e-suas-cores-originarias/ Figura 9. Disco de Newton. Fonte: https://pt.wikipedia.org/ wiki/Disco_de_Newton 11BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Reflexão da luz A luz, ao incidir sobre uma superfície, pode retornar ao meio de onde veio. A reflexão se faz de acordo com a seguin- te lei: “O ângulo de incidência (i) e o ân- gulo de reflexão (r) são iguais e estão no mesmo plano que inclui a normal (N).” Existem dois tipos de reflexão: • Especular – A superfície refletora é tão lisa, que todos os raios refleti- dos saem na mesma direção. É a reflexão dos espelhos, das super- fícies muito polidas etc. • Difusa – A superfície refletora é ás- pera, e os raios incidentes se refle- tem com o mesmo ângulo, mas em diferentes direções. A difusão da luz permite que os objetos sejam vistos com mais facilidade, pois seja qual for a posição do observador, haverá sempre raios luminosos que, refletido no objeto, se dirijam na sua direção. É a reflexão mais comum, como a de uma folha de papel, dos corpos de animais, objetos e corpos celestes. Figura 10. A. Reflexão da luz B. Reflexão especular C. Reflexão difusa. Fonte: HENEINE, Ibrahim Felippe. Bio- física básica. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 1999 Absorção da luz Acontece quando os raios de luz que incidem sobre uma superfície são por ela absorvidos, transformando-se em calor. Desta forma, não são gerados nem raios refletidos, nem refratados. Figura 11. Interações da luz. Fonte: https://www.apoioescolar24horas.com. br/salaaula/estudos/fisica/676_fenome- nos_opticos/index.html 12BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO 3. DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIAA difração consiste no contorno de obstáculos devido à trajetó- ria do pulso. Quando a luz atra- vessa um orifício pequeno ou em uma fenda muito estreita, a trajetória dos raios luminosos sofre um encurtamento. Quan- do se olha uma lâmpada atra- vés de uma pequena fenda en- tre os dedos, observa-se uma sucessão de finas zonas claras e escuras, devido à difração. As ondas luminosas podem sofrer interferência. Esse fe- nômeno ocorre quando duas ondas luminosas se encon- tram simultaneamente no mesmo ponto do espaço. Quando se somam duas cris- tas ou dois vales, há reforço ou interferência construtiva, obtendo uma onda de maior amplitude; quando se somam uma crista e um vale iguais, há anulação ou interferência destrutiva. Na imagem acima, observa- -se a incidência de luz mo- nocromática na fenda S0 do anteparo A, onde a luz é espalhada (sofre difração) após atravessá-la. A seguir, as ondas luminosas incidem sobre as fendas S1 e S2 do anteparo B. A luz, ao atravessar essas fendas, sofre uma nova difração formando duas ondas esféricas que se propa- gam com uma relação de fase cons- tante (coerência), uma vez que são oriundas na mesma fonte S0. Logo, Onda incidente Figura 12. Difração da luz. Fonte: https://brasilescola.uol. com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-difracao.htm Figura 13. Interferência da luz. Fonte: Halliday e Resnick, 2008, p.82 13BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO S1 e S2 comportam-se como fontes coerentes, permitindo que seja ob- servado o fenômeno ondulatório de interferência no anteparo C. Nos pon- tos em que ocorre interferência cons- trutiva aparecem listras iluminadas, ao passo que nos outros pontos que ocorre interferência destrutiva apare- cem listras escuras. Como a soma dos pulsos é algébri- ca, há toda uma gama de efeitos in- termediários. Se o número de ondas que se encontram em um ponto são mais de dois, as figuras de interferên- cia dependerão da distância entre as fendas, porém, sua intensidade esta- rá modulada pela difração. SE LIGA! Para se obter interferência de forma efetiva, é necessário usar fontes de luz coerentes, isto é, que estão na mesma fase. Isso se obtém dividindo um feixe de luz em dois, ou usando raios la- ser, que são naturalmente coerentes. A interferência de luz monocromática gera zonas de claro-escuro, e da luz branca, pode gerar diversas cores. A luz retorna ao meio ao incidir sobre uma superfície FENÔMENOS DA LUZRefração Absorção Reflexão Difração Interferência Tipos Especular Difusa Parte da energia é retida na superfície que a luz incide Não há raios refratos nem refletidos A luz contorna objetos Desvio do raio luminoso ao mudar de meio Mudança de velocidade Índice de refração (n) Equação para cálculo do desvio Percurso perpendicularNão há desvio Encontro de ondas em um mesmo ponto Tipos Construtiva Destrutiva 4. LENTES DELGADAS As lentes fazem parte de todos os instrumentos ópticos (projetor de dia- positivos, câmera fotográfica, lupa, microscópio óptico, óculos, o próprio olho). Com exceção dos elementos oculares que funcionam como lentes, no mecanismo de refração do olho, de um modo geral, são feitas de vidro, plástico ou quartzo – meios nos quais ocorre a refração. As lentes podem ser convergentes (positivas) ou divergentes (negati- vas). As lentes convergentes são 14BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO mais espessas no centro do que nas bordas, apresentando pelo menos uma de suas superfícies convexa, e o contrário ocorre nas lentas divergen- tes, de modo que pelo menos uma de suas superfície é côncava. Na lente convergente, raios paralelos que nela incidem refratam passando todos por um ponto único chamado de foco. Di- ferentemente, os raios que incidem numa lente divergente saem dela afastando-se uns dos outros. Figura 14. Lente divergente. Fonte: HENEINE, Ibrahim Felippe. Biofísica básica. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 1999. Figura 15. Lente convergente. Fonte: HENEINE, Ibrahim Felippe. Biofísica básica. 1 ed. São Paulo: Athe- neu Editora, 1999. Lentes convergentes Lentes divergentes Biconvexa Plano – convexa Côncavo - convexa Bicôncava Plano - côncava Convexo - côncava Figura 16. Tipos de lentes. Fonte: https://brasilescola. uol.com.br/fisica/lentes-1.htm 15BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO O eixo óptico é definido pela reta que passa pelo centro geométrico O da lente e é perpendicular a suas super- fícies nos pontos de intersecção. O ponto focal primário (F) ou simples- mente foco é um ponto situado sobre o eixo óptico e possui a propriedade de que qualquer raio luminoso que se origina nele – lente convergente – ou se dirige para ele – lente divergente – após a refração, torna-se paralelo ao eixo óptico. A distância do foco à len- te é chamada de distância focal (f). Eixo óptico Eixo óptico Ponto focal primário Ponto focal primário f f F F Figura 17. Ponto focal primário F, eixo óptico e distância focal das lentes convergente e divergente. Fonte: OKUNO, Emico; IBERÊ, L. Caldas e CHOW, Cecil. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas; Editora Harbra LTDA. Além disso, as lentes delgadas pos- suem um outro foco, chamado de pon- to focal secundário F’, do lado oposto ao foco F e de igual distância focal. Esse ponto possui a propriedade de que qualquer raio incidente paralelo ao eixo óptico, após ser refratado pela lente, ou converge para ele – lente convergente – ou diverge dele – lente divergente. Ponto focal secundário Eixo óptico óptico Eixo f f Figura 18. Ponto focal secundário F’, eixo óptico e distância focal das lentes convergente e divergente. Fonte: OKU- NO, Emico; IBERÊ, L. Caldas e CHOW, Cecil. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas; Editora Harbra LTDA. Os raios que chegam à lente não são paralelos entre si. Nesse caso, pode- -se construir uma imagem usando apenas 2 raios, a escolher entre 3, que são: • Raios paralelos ao eixo óptico, se refratam e passam pelo foco; • Raio que passam pelo centro ópti- co sem sofrer desvio; 16BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO • Raios que passam pelo foco, se refratam na lente e tornam-se paralelos ao eixo óptico. O poder refrativo das lentes depende de dois fatores principais: • Raio de curvatura das faces, que aumenta o ângulo de incidência e saída. Quando maior o raio, maior é o poder refrativo; • Índice de refração do material da lente. Quanto maior o n, maior é o poder refrativo. A convergência (ou vergência) de uma lente é a capacidade que ela apresenta de desviar os raios lumi- nosos por refração. Se f é a distância focal da lente, a convergência D des- ta lente é dada por D = 1/f. Quando f é medido em metros, a convergência será medida em dioptrias (D). Figura 19. Formação de imagem. Fonte: HENEINE, Ibrahim Felippe. Biofísica básica. 1 ed. São Paulo: Athe- neu Editora, 1999. Figura 20. Poder refrativo de lentes. A) Diferença no raio de curvatura, mesmo n; B) Diferença no índice de refração, mesma curvatura. Fonte: HENEINE, Ibrahim Felippe. Biofísica básica. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 1999 17BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO SE LIGA! A partir da fórmula de vergência, podemos concluir que quanto menor a distância focal, maior a capacidade da lente de desviar os feixes de luz. Figura 21. Efeito da força da lente sobre a distância focal. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p LENTES DELGADASTipos Elementos Convergência (ou vergência)Mais espessas no centro Os raios convergem para o foco Convergentes Divergentes Capacidade de desviar os raios por difração Medido em dioptrias (D) Eixo óptico Ponto focal primário (ou foco) Ponto focal secundário Reta perpendicular ao centro geométrico da lente Mais espessas nas bordas Os raios se afastam a partir do foco Distância focal Entre a lente e o foco Oposto ao foco Mesma distância focaldo primário 18BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Objeto Informação ao cérebro Imagem na retina 5. OLHO HUMANO Por visão, entendemos a detecção de fenômenos que vão além de diferen- ças na intensidade da luz difusa, e que inclui alterações dessa intensidade mais rápidas e mais restritas no espa- ço. A detecção de movimento, embo- ra seja um processo visual ainda mui- to simples, requer uma organização muito mais complexa das estruturas destinadas à recepção sensorial. O processo evolutivo forneceu comple- xidade suficiente às estruturas visu- ais de certas espécies animais a pon- to de várias características poderem ser extraídas da informação luminosa, tais como a discriminação de forma, detecção de polarização da luz, per- cepção de profundidade, e visão cro- mática (discriminação de cores). O mecanismo da visão acontece atra- vés dos olhos; e é a incidência de luz visível nos olhos que fornece a ener- gia necessária para que células espe- cializadas localizadas em seu interior sejam excitadas. O potencial de ação resultante pelos mecanismos conhe- cidos de condução elétrica faz com que essa perturbação no olho, de ori- gem externa, seja interpretada. Figura 22. Na formação de uma imagem no olho, o estímulo externo produz potenciais de ação na retina que são transmitidos ao cérebro para serem interpretados. Fonte: DURAN, Jose Henrique Rodas. Biofísica: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Education do Brasil Ltda, 2006. SAIBA MAIS! Os insetos e os crustáceos possuem um tipo de olho especial, chamado de olho composto. O olho composto é um órgão constituído por um número grande de pequenas facetas recepto- ras da luz. Cada face é denominada omatídio. Essas facetas ou protuberâncias da membrana celular contêm fotopigmentos, que absorvem fótons de luz. 19BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO O olho é opticamente equivalente a uma máquina fotográfica comum, sendo constituído basicamente de um sistema de lentes, um sistema de diafragma variável e uma retina que corresponde a um filme a cores. O olho tem características especiais, como: • Um sistema automático de focali- zação que permite ver, por exem- plo, objeto a 25 cm e logo a seguir outros a grandes distâncias; • A íris, que corresponde ao dia- fragma, controla automaticamente a quantidade de luz que entra no olho; • Eficiência de operação para ver tanto em ambientes com muita luz como em outros pouco iluminados; • Visão angular muito grande tanto no sentido horizontal, quanto no sentido vertical; • A imagem de um objeto formada na retina é invertida. 6. PRINCIPAIS ELEMENTOS DO OLHO HUMANO Figura 23. Diagrama esquemático das estruturas internas do olho humano. Fonte: PAWLINA, Wojciech. Ross Histo- logia: Texto e Atlas. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ltda, 2016 A parte anterior do olho é formada pela córnea, uma camada curva, cla- ra e transparente, responsável por dois terços da focalização da luz na retina. Os raios luminosos incidentes na superfície externa da córnea são 20BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO refratados devido a sua curvatura e à diferença entre seu índice de refração (1,37) e o do ar (1,00). A refração dos raios luminosos nas diversas partes do olho é que produz sua focalização na retina. SAIBA MAIS! Quando uma pessoa se encontra dentro d’água, a córnea, em contato com a água, tem seu poder de focalização diminuído, uma vez que o índice de refração da córnea (1,38) é quase igual ao da água (1,33). Atrás da córnea existe um fluido claro, praticamente incolor, chamado humor aquoso. Esse líquido é secretado pelas células do epitélio ciliar para o interior da câmara posterior. Daí, ela passa para a câmera anterior. Ele mantém a pressão do olho em 15mmHg, além de fornecer nutrientes à córnea e ao cristalino. A córnea é uma lente convexo-cônca- va, menos curva em sua face anterior (raio de curvatura de 7,7mm) que em sua face posterior (raio de curvatura de aproximadamente 6,8 mm), entre as quais o índice de refração é 1,37. No ar, isso equivale a um menisco di- vergente, com poder focal igual a – 5,5 D. Separando, entretanto, o ar do hu- mor aquoso (n = 1,33), a córnea trans- forma-se numa poderosa lente con- vergente, com poder focal de + 43D. A espessura da córnea é de 0,5mm em seu centro, mas tal valor é quase irre- levante para cálculos ópticos. O interior do olho está dividido pelo cristalino em dois compartimen- tos distintos. O cristalino é uma len- te biconvexa de geometria variável, sustentada pelos ligamentos suspen- sores, também chamados de fibras da zônula. Sua forma pode ser altera- da pelos músculos ciliares que estão situados no corpo ciliar. Quando eles se contraem, o cristalino é relaxado e, devido à sua elasticidade, suas faces tornam-se mais curvas. Figura 23. Mecanismo de acomodação (focalização). Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p 21BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO SAIBA MAIS! A ativação dos músculos ciliares se faz através das fibras parassimpáticas do nervo oculomotor. dilatador da pupila), enquanto o outro apresenta fibras circulares situadas em torno do orifício pupilar (esfíncter pupilar). SE LIGA! Além da modificação do diâ- metro pupilar, a adaptação do olho à luz se dá pela variação da fenda palpebral e pela variação da concentração dos fo- topigmentos ao nível da retina. À frente do cristalino existe a íris, uma membrana móvel cuja cor determina a coloração do olho. Ela atua como um diafragma, limitando a área iluminada do cristalino e, assim, controlando a quantidade de luz que chega à retina. A abertura da íris por onde passa a luz, chama-se de pupila. A íris possui dois grupos musculares: um deles tem fi- bras dispostas radialmente (músculo SAIBA MAIS! O músculo radial está sob o controle motor do sistema simpático. Quando esse nervo é es- timulado, o diâmetro da pupila aumenta (midríase). Por outro lado, a estimulação parassim- pática promove a contração das fibras do músculo esfíncter, reduzindo o diâmetro pupilar (miose). O diâmetro da pupila é visto aumentado de 10 a 12,5% em virtude do efeito refrator da córnea. SAIBA MAIS! A íris não responde instantaneamente a variações de intensidade luminosa. Cerca de 5 segun- dos são necessários para ela se fechar ao máximo e 300 segundos para se abrir ao máximo. A grande cavidade que se situa por trás do cristalino contém o humor ví- treo. Este é um fluido gelatinoso, mui- to transparente, que preenche todo o espaço entre o cristalino e a reti- na e sua composição se assemelha à do líquido extracelular. Todavia, é rico em fibras colágenas e em ácido hialurônico. Como seu índice de refra- ção é quase igual ao do cristalino, ele mantém os raios luminosos no curso estabelecido pela lente. 22BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Músculos: seis no total para controlar o movimento do olho Nervo óptico (liga o olho ao cérebro) Esclera Disco óptico Fóvea Retina LenteCórnea Humor vítreo: líquido que enche o olho Íris Pupila Córnea: tecido conjuntivo protege o olho Humor aquoso: líquido na frente do olho Figura 24. Corte esque- mático do olho humano. Fonte: DURAN, Jose Henrique Rodas. Biofísica: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Educa- tion do Brasil Ltda, 2006. SAIBA MAIS! A produção e a eliminação do humor aquoso são muito maiores do que as do humor vítreo. O humor aquoso é drenado das câmaras oculares para as veias, por meio do canal de Schlemm, situado no corpo ciliar. O volume do humor aquoso determina a pressão intraocular. O au- mento dessa pressão, geralmente produzido pela dificuldade drenagem pelo canal, caracteri- za um quadro patológico grave, conhecido como glaucoma. A pressão intraocular aumentada dificulta a irrigação sanguínea da retina e, assim, pode levar à cegueira por destruição das células sensoriais da retina. Finalmente, após atravessara córnea, o humor aquoso, a pupila, o cristali- no e o humor vítreo, o raio luminoso chega à retina. Ela cobre quase toda a superfície interna do olho, possui uma espessura aproximada de 0,5 mm, é altamente vascularizada e contém uma rede de nervos. A retina contém uma estrutura sensível, onde encon- tram-se cerca de 125 milhões de re- ceptores: os cones e bastonetes. São células que recebem a imagem e a 23BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO crepuscular e noturna, de alta sensi- bilidade à luz, mas sem a capacida- de de discriminar cores e com baixa visão de detalhes. Sua concentração é máxima na região central da retina, uma pequena depressão chamada fóvea. transmitem ao nervo óptico através de cerca de um milhão de fibras. Os cones e a rede neural de conexões que neles se inicia estão adaptados para a visão diurna, de cores e deta- lhes de forma, enquanto os bastone- tes e sua rede neural servem à visão Córnea Ponto de fixação Luz Epitélio pigmentado Nervo óptico Retina Fóvea Fóvea Célula ganglionar Fotorreceptor Epitélio pigmentado Célula bipolar Retina Cristalino Figura 25. Esquema ilustrando a localização da retina na parte poste- rior do globo ocular. Fonte: AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012 SE LIGA! Os cones são divididos em três tipos de acordo com um tipo de pigmento: os que são ativados pela luz vermelha, os ativados pela luz verde e os ativados pela luz azul. A percepção de determinada cor de- pende da quantidade relativa de cada tipo de cone ativado. SAIBA MAIS! O ser humano utiliza constantemente a fóvea para conseguir uma visão mais detalhada, mo- vendo o globo ocular para manter a imagem nessa pequena área circular da ordem de 0,3 mm de diâmetro. 24BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO *SNC = Sistema Nervoso Central OLHO HUMANO Principais estruturas Córnea n = 1,37 Responsável pela maior parte da focalização da luz na retina Lente convexo - côncava Humor aquoso Fluido claro Fornece nutrientes à córnea e ao cristalino Mantém a pressão do olho em 15 mmHg Cristalino Sustentado pelos ligamentos suspensores Sua forma pode ser alterada pelos músculos ciliares Lente biconvexa Retina Presença das células fotorreceptoras Cobre a superfície interna do olho Ocupa a grande cavidade entre o cristalino e a retina Fluido gelatinoso e cristalino Íris Membrana móvel Humor vítreo Controla a entrada de luz no olho Determina a cor do olho Mecanismo de acomodação Miose Midríase Cones Responsáveis pela fototransdução Concentram–se na fóvea Bastonetes Conversão da luz em impulso elétrico para interpretação no SNC Alteração no diâmetro da pupila 25BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Discos Membrana plasmática Segmento externo Segmento interno Terminal sináptico ConeBastonete Núcleo Mitocôndria Cílios Segmento externo Segmento interno Terminal sináptico 7. FOTOTRANSDUÇÃO As células fotossensíveis – cones e bastonetes – além de terem como fun- ção interpretar os estimulados recebido através da visão, podem ser conside- radas como amplificadores biológicos; isto é, a energia liberada após sua exci- tação é proporcionada pelo próprio me- tabolismo da célula, e não pelo estímulo externo. Em geral, um único fóton pode ser suficiente par excitar uma célula. Quando a luz que incide no olho é mui- to intensa, a sensibilidade e, portanto, a amplificação da energia pela célula fo- torreceptora, é baixa. A estrutura dessas células é caracte- rizada por segmentos externo e in- terno. O segmento externo do cone ou bastonete abrange um comparti- mento com a superfície de sua mem- brana bastante aumentada, e é aí que encontramos o pigmento visual dos fotorreceptores (rodopsina nos bastonetes, opsina nos cones). Esse compartimento, que funciona como uma antena que recebe fótons, no caso dos bastonetes, contém milha- res de discos, sendo que moléculas de rodopsina estão contidas em cada disco. Já no segmento externo de um cone, temos algumas centenas, ou, algumas vezes, até mil envoltórios achatados cujo interior se comunica com o espaço extracelular. Figura 26. Estrutura do cone e do bastonete. Fonte: AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 2012 26BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Devido ao empacotamento compac- to dos discos, essas estruturas fotor- receptoras apresentam um índice de refração maior do que o de sua vizi- nhança. Assim, elas agem como ver- dadeiros guias de ondas luminosas. A luz, ao incidir no olho, induz reações fotopigmentares nas células visuais, originando um processo elétrico devi- do à diminuição das correntes iônicas através da membrana. Esse mecanis- mo pode ser resumido em: + LUZ Moléculas de rodopsina Reações nas células visuais Alteração do potencial elétrico através da membrana celular 8. FORMAÇÃO DA IMAGEM O mecanismo de formação da imagem é a refração da luz. Sob condições fi- siológicas, as quatro superfícies refra- toras principais do olho humano são: • Interface ar-córnea • Interface córnea-humor aquoso • Interface humor aquoso-cristalino • Interface cristalin-humor vítreo. Para facilitar o estudo do olho hu- mano, admite-se que o todo o poder convergente dele está situado na in- terface ar-córnea. Figura 27. O olho como câmera. Os números são os índices refrativos. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p 27BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO SAIBA MAIS! A córnea é construída como um segmento de círculo cujo raio de curvatura vale 5 mm e seu centro de curvatura equivale ao centro óptico ou ponto nodal do olho (N). Nota-se que os raios que passam pelo centro óptico não sofrem desvio. O ângulo formado pelos raios que partem das extremidade do objeto e que passam pelo centro óptico é chamado de ângulo visual. A profundidade total do olho é de 20mm, o que significa que a retina dista 15mm do ponto nodal. Todos os meios refringentes do olho contribuem para que a imagem dos objetos se forme sobre a retina. Ao atingir a retina, a imagem se forma menor e invertida. Os raios luminosos produzem impulsos nervosos nas cé- lulas da retina e o nervo óptico trans- mite esses impulsos para o cérebro, que então os interpretam e inverte a imagem. É a inversão no cérebro que permite ver os objetos na posição em que realmente se encontram. 9. ACOMODAÇÃO No olho humano, a forma do cristalino pode ser ligeira- mente alterada pela ação do músculo ciliar; logo a con- vergência do olho é variável. Quando a vista é focalizada em um objeto dis- tante, o músculo está relaxado, e o sistema cristalino-córnea tem a sua distância focal máxima, próxima a 2 cm, que é a distância entre a córnea e a retina. Quando o objeto está próxi- mo da vista, o músculo ciliar se contrai, aumentando a curvatura do cristalino e diminuindo a distância focal do sis- tema. Assim, a imagem é focalizada, novamente, na retina. Esse processo de mudar a forma do cristalino para convergir na retina raios luminosos provenientes de objetos que estão a uma distância pequena ou grande é conhecido por acomodação. Figura 28. Acomodação. Fonte: http://optometriabrasilinfo.blogspot.com/2016/07/ definicao-para-que-imagem-fique-nitida.html 28BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO As pessoas que têm visão conside- rada normal, emétropes, têm a ca- pacidade de acomodar objetos de distâncias de 25 cm em média, até distâncias no infinito visual. A primei- ra distância (25 cm) corresponde ao ponto próximo, que é a mínima dis- tância que uma pessoa pode enxer- gar corretamente. O que caracteriza esta situação é que os músculos ci- liares se encontram totalmente con- traídos. Quanto à distância infinita, corresponde ao ponto remoto, que é a distância máxima alcançada para uma imagem focada. Nesta situação, os músculos ciliaresencontram-se totalmente relaxados. SE LIGA! À medida que o objeto se aproxima do olho, os raios luminosos por ele emitidos vão se tornando cada vez mais divergentes em relação às lentes do olho. A partir de uma certa distância, os meios refrativos do globo ocular não são mais capazes de focalizar a imagem sobre a retina e, por isso, a imagem pas- sa a ser percebida sem nitidez. A acomodação varia com a idade, sendo máxima na infância e mínima ou ausente, na idade avançada. Uma criança de 10 anos pode ter seu ponto próximo de visão nítida a 7 cm. Entre 20 e 30 anos, o ponto próximo está a 25 cm. Dos 30 a 40 anos, o ponto próximo vai se afastando, a ponto de as pessoas terem que esticar o braço para poder ler. Essa condição é co- nhecida como presbiopia. 29BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Fototransdução BIOFÍSICA DA VISÃO Adaptação à luz Refração Formação da imagemAcomodação Células fotorreceptoras Conversão do sinal luminoso em sinal elétrico Principal superfície refratora: córnea Desvio do raio luminoso ao mudar de meio Distância focal Os raios luminosos convergem na retina Entre a córnea e o ponto em que os raios convergem Variação da concentração de pigmentos visuais Modificação do diâmetro pupilar Variação da fenda palpebral Estimulo simpático Músculo dilatador da pupila Estímulo parassimpático Músculo esfíncter da pupila Miose Midríase Imagem menor e invertida na retina Músculo relaxa Ponto remoto Músculo contrai Ponto próximo Objetos distantes Objetos próximos Varia com a idade Cones Bastonetes Presentes na retina Visão de cores Visão no escuro 30BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO DESORDENS DA VISÃO Na maioria dos casos, os defeitos vi- suais referem-se à focalização, isto é, o olho não produz imagens nítidas dos objetos ou das cenas. Assim, é comum observamos pessoas que aproximam os objetos dos olhos en- quanto outras procuram afastá-los para enxergá-los nitidamente. 1. EMETROPIA É o estado refrativo normal do olho e se caracteriza por: • Sem acomodação, o ponto distan- te de visão nítida está no infinito; • Com acomodação, o ponto próxi- mo de visão nítida está a 25 cm; • A imagem não é deformada. Isto significa que, com o olho não acomodado, os raios paralelos que incidem na córnea, ou raios divergen- tes que penetram no mecanismo re- frativo do olho, são focalizados exata- mente na retina, sem deformação. Figura 29. Olho emétrope. Fonte: https:// opticanet.com.br/secaodesktop/colunasearti- gos/12114/o-funcionamento-do-olho-normal O olho humano possui uma conver- gência que varia entre 51D e 64D. A interface ar-córnea contribui com 43D e o cristalino com 13D a 26D. A interface córnea-humor aquoso fun- ciona como uma lente divergente com – 5D. Todos os meios refringentes do olho contribuem para que a imagem dos objetos se forme sobre a retina. SE LIGA! O olho emétrope precisa ter suas superfícies refringentes adequada- mente curvas, seus meios transparentes bem homogêneos, seus diâmetros ade- quados, e suas funções nervosas, mus- culares e elásticas normais. A grande variedade de parâmetros necessários para caracterizar um olho como sendo emétrope implica que esse conceito seja definido por parâmetros relativos e não absolutos. Isso significa que não existe o olho emétrope perfeito. 31BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO 2. AMETROPIAS São doenças oculares que ocorrem devido a erros refrativos nos quais a focalização da luz que chega à retina é feita de forma inadequada, resultan- do numa perda de nitidez da imagem. Elas são originadas de inadequações no comprimento axial ou no poder di- óptrico do olho. Entre as ametropias, encontra-se: miopia, hipermetropia e astigmatismo. 3. MIOPIA (OU BRAQUIOMETROPIA) Um globo ocular comprido demais ou a córnea do olho com curvatura exa- gerada não consegue focalizar obje- tos distantes na imagem, pois a fo- calização ocorre antes da retina. Isto significa que o ponto distante não está no infinito, e se aproximou do ponto próximo. Um pessoa com esse tipo de olho é o míope, caracterizado pela dificuldade para enxergar obje- tos distantes. Tipos de miopia • Miopia axial: Causada pelo globo ocular mais alongado, com diâme- tro ântero-posterior maior que o normal; • Miopia de curvatura: Aumento da curvatura da córnea ou cristalino, trazendo um poder de refração ex- cessivo para um olho de tamanho normal; • Miopia secundária: Pode ser asso- ciada à catarata, quando a dege- neração do cristalino prejudica o seu poder de refração; pode ocor- rer também após trauma ou cirur- gia para glaucoma, pelo seu deslo- camento anterior do cristalino; • Miopia congênita: Alto grau de miopia ao nascimento. Sendo a ametropia com maior preva- lência no mundo, estima-se que cerca de 25% da população mundial tenha miopia, a sua distribuição apresenta variação significativa. É relativa a con- tribuição dos fatores genéticos para o desenvolvimento e progressão da miopia. Geralmente, a miopia está as- sociada a ocupações que necessitam de grande esforço acomodativo. Du- rante a fase de hipermetropia fisioló- gica (5 a 12 anos de idade), pacientes que fazem leitura excessiva de perto e que terão, portanto, borramento vi- sual, estimulam a produção de fato- res de crescimento no olho. Esse fe- nômeno adicionado à emetropização fisiológica, resultará, em última análi- se, no alongamento anormal do olho. 32BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO SAIBA MAIS! Após os 40 anos, a maioria das pessoas apresenta algum grau de presbiopia. Essa presbio- pia dificulta a leitura de letras pequenas. Enquanto as outras pessoas precisam colocar um óculos para ler, o míope pode tirar o óculos para ler. O míope, depois dos 40 anos, apresenta uma boa visão de perto, ao contrário dos hipermetropes ou das pessoas sem grau nenhum de ametropia. 4. HIPERMETROPIA A hipermetropia é a forma de erro re- frativo no qual os raios luminosos pa- ralelos convergem para um ponto fo- cal que está atrás da retina quando o olho se encontra em repouso, ou seja, sem ação da acomodação. Mediante a acomodação, os raios paralelos po- deriam convergir para a retina, mas se a capacidade de acomodação for normal, o ponto próximo continuará a estar distante da retina. Está associa- da à dificuldade de enxergar objetos A miopia pode ser corrigida com lente divergente ou ne- gativa que diverge um pouco os raios luminosos vindos do objeto, de modo que, ao incidir sobre o cristalino, sejam foca- lizados na retina para formar a imagem. Além disso, a miopia pode ser corrigida cirurgica- mente para alteração da con- vergência da córnea. Isso tem sido possível com a ajuda de raios laser que, destruindo ca- madas celulares, podem alterar a cur- vatura da córnea. SE LIGA! O míope se comporta como emétrope para objetos próximos, pois nessa situação os raios que incidem so- bre a córnea são muito divergentes, o que permite que sejam focalizados na retina. Figura 30. Miopia. Fonte: HENEINE, Ibrahim Felippe. Biofísica básica. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 1999 33BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO próximos, e para ler, cada vez mais afastam o texto dos olhos. Tipos de hipermetropia • Axial (tipo mais comum): Diâmetro anteroposterior do olho reduzido • Índice: Índice de refração do olho reduzido Em contraste com a miopia, a preva- lência da hipermetropia aumenta com a idade (de 1 a 2% entre 20 e 59 anos para 10% aos 60 anos ou mais). Cer- ca de 80% das crianças nasce com o olho proporcionalmente curto (hi- permetropia fisiológica), tornando-se emétropes entre 5 e 12 anos (eme- tropização fisiológica). Fatores de risco • Trauma • Efeito de massa de tumor posterior à retina • Anticolinérgicos • Doenças oculares • Facectomia sem implante de lente intraocular SE LIGA! A tentativa de formar a ima- gem no plano retiniano pode resultar em excesso de acomodação de cristalino, de modo que mínimas perdas de compla-cência no cristalino podem ser sintomá- ticas. Por conta disso, esses pacientes tendem a ter presbiopia precocemente. O efeito da hipermetropia é de afasta- mento do ponto próximo, e a correção se faz com o uso de lentes conver- gentes, que fornecem uma imagem virtual do objeto no ponto próximo normal. A lente convergente con- verge os raios luminosos, ajudando a compensar a distância insuficiente entre o cristalino e a retina. Figura 31. Hipermetropia. Fonte: HENEINE, Ibrahim Felippe. Biofísica básica. 1 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 1999 34BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO 5. ASTIGMATISMO É um defeito da visão que consiste na perda de focalização em deter- minadas direções. Acontece quando o cristalino tem forma irregular ou a córnea tem curvatura irregular. A per- da de esfericidade da córnea faz com o que o raio de curvatura de sua su- perfície não seja o mesmo em todos os meridianos. As imagem são pro- duzidas distorcidas e/ou borradas na retina, pois essas se formam em dife- rentes posições do eixo óptico, tanto em objetos próximos quanto em ob- jetos distantes. Figura 32. Comparação entre um olho normal e um olho de uma pessoa com astigmatismo. Fonte: https://saudavele- feliz.com/astigmatismo-e-miopia-como-tratar-015/ O astigmatismo com origem no cris- talino é mais raro e pode estar asso- ciado à curvatura da sua superfície ou à sua inclinação. Quando existe alte- rações no raio de curvatura da cór- nea, uma vez que esta é a responsá- vel pelo maior poder refrativo do olho, originam-se os maiores distúrbios refrativos designados por astigma- tismos corneanos, sendo considera- velmente maior, quando associado a face anterior da córnea. O astigmatismo pode ser classificado em 3 tipos: • Astigmatismo miópico: Muito co- mum em crianças, ocorre quando um ou mais meridianos principais criam um ponto focal sobre a su- perfície da retina e outro antes da retina. Sendo assim, temos dois pontos de erros de refração: astig- matismo e miopia. 35BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Plano vertical Plano horizontal Encontro focal Fóvea Figura 33. Astigmatismo Miópico Sim- ples. Fonte: https://opticanet.com.br/ secaomobile/colunaseartigos/12256/ astigmatismo-miopico-simples e hipermetropia (dificuldade em enxergar de perto). É frequente em ambos os sexos, mas quando afe- ta crianças, é necessário que seja diagnosticado logo, pois pode ser irreversível. • Astigmatismo misto: Quando há diversos pontos focais antes ou depois da retina. • Astigmatismo hipermetrópico: Quando um ou ambos os principais meridianos têm um ponto focal na superfície da retina e outro atrás da retina. No caso, estes pontos signi- ficam a presença de astigmatismo Figura 34. Astigmatismo hipermetrópico. Fonte: https:// opticanet.com.br/secaodesktop/colunaseartigos/12293/ astigmatismo-hipermetropico-simples 36BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Semelhante à hipermetropia, a preva- lência de astigmatismo aumenta com a idade (de 25% entre 20 e 59 anos para 50% aos 60 anos ou mais). Os fatores de risco ainda não são bem estabelecidos, mas acredita-se que já envolvimento de fatores genéticos e ambientais. Cerca de 15 a 20% das pessoas possui astigmatismo, geral- mente associado a outra ametropia. Esse defeito é corrigido com o uso de lentes denominadas cilíndricas, cuja convergência é maior numa direção do que em outra. 6. PRESBIOPIA A presbiopia costuma ocorrer à me- dida que uma pessoa envelhece e é conhecida popularmente como “vis- ta cansada”. Com a idade, o cristalino vai perdendo a sua elasticidade. Com isto, o músculo ciliar não consegue fa- zer com que o cristalino modifique a sua forma de modo a se adaptar para objetos distantes ou próximos. Este processo é progressivo e se acentua com o aumento da idade, a partir dos 40 anos, mas normalmente se estabi- liza ao redor dos 60 anos. Em pacientes com hipermetropia, a presbiopia pode ocorrer precocemen- te, uma vez que um mínimo déficit acomodativo poderá formar a ima- gem atrás do plano retiniano. Deve- -se suspeitar de outras causas quan- do houver déficit de acomodação em pacientes com menos de 40 anos. Figura 35. Astigmatismo misto. Fonte: https://opti- canet.com.br/secaodesktop/colunaseartigos/12318/ astigmatismo-misto 37BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Principais causas de déficit de aco- modação antes dos 40 anos: • Hipermetropia • Cicloplégicos • Anticolinérgicos • Síndrome de Adie A correção desse defeito se faz com lentes convergentes; a lente deve ser bifocal: a parte inferior da lente é usa- da para a visão de objetos próximos, e a parte superior é usada para a vi- são de objetos distantes. Figura 36. Presbiopia. Fonte: https://www.tuasaude.com/sintomas-de-presbiopia/ 38BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO PRESBIOPIA HIPERMETROPIA AMETROPIAS ASTIGMATISMO MIOPIA Correção A imagem é focalizada antes da retina Dificuldade para enxergar objetos distantes Tipos Lentes divergentes Axial De curvatura Secundária Congênita Diâmetro AP maior que o normal do globo ocular Curvatura exagerada da córnea Associada a eventos externos ou outras doenças Alto grau de miopia ao nascimento Causas As imagens ficam distorcidas Correção Tipos A imagem é focalizada após da retina Dificuldade para enxergar objetos próximos Tipos Correção Perda da focalização em determinadas direções Curvatura irregular da córnea Forma irregular do cristalino Lentes cilíndricas Miópico Hipermetrópico Misto “Vista cansada” Perda da elasticidade do cristalino Normalmente começa aos 40 anos Correção Acomodação prejudicada Lentes convergentes bifocais Axial Índice Lentes convergentes Diâmetro AP menor que o normal do globo ocular Redução do índice de refração do olho 39BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO 7. DALTONISMO Discromatopsia é um termo usado para designar qualquer tipo de de- feito de visão de cores. A expressão “daltonismo” é popularmente usada como sinônimo de discromatopsia. É um transtorno hereditário (herança recessiva ligada ao sexo) que afeta mais os homens tendo em vista que é provocado pelo gene recessivo ligado ao cromossomo X. SAIBA MAIS! O termo daltonismo originou-se do nome do físico e químico inglês John Dalton (1766 – 1844), que em 1794 publicou um estudo revelando que tinha dificuldade para distinguir cer- tas cores. O daltonismo é um defeito que faz com que algum dos 3 tipos de cones, que são os receptores das cores exis- tentes na retina, não funcione corre- tamente. A dificuldade de percepção de cores pode ocorrer pela falta de um ou mais tipos de cones ou pela menor produção de alguns pigmentos. Existem três tipos principais de daltonismo: • Protanopia: É o tipo mais comum e é caracterizado, principalmente, pela diminuição ou ausência total do pigmento vermelho. No lugar dele, o indivíduo pode enxergar tons de marrom, verde ou cinza, mas, em geral, varia de acordo com a quantidade de pigmentos que o objeto possui. • Deuteranopia: A pessoa não é ca- paz de distinguir a cor verde. Mas, da mesma forma que ocorre com a protanopia, os tons vistos geral- mente se aproximam do marrom. • Tritanopia: É o tipo mais raro, ca- racterizado pela dificuldade na dis- tinção e reconhecimento das cores azul e amarelo. Uma pessoa com este tipo de visão não perde total- mente a noção do azul, o enxer- ga em tonalidades diferentes. Já o amarelo vira um rosa claro. Pesso- as com tritanopia não enxergam a cor laranja. SAIBA MAIS! O diagnóstico para daltonismo deve ser feito a partir de duas abordagens distintas, mas que, unidas, garantem um diagnóstico mais rápido e preciso – questionamento rápido envolvendo o histórico clínico e familiar do paciente aliado a exames simples a partir de figuras coloridas. 40BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO Não há ainda tratamento para o dal- tonismo, nenhuma ferramenta que seja capaz de alterar o aparecimentoou o curso dessa deficiência. É possí- vel que no futuro, com a ajuda da en- genharia genética, seja possível ma- nipular os genes de forma a alterar a situação. Enquanto isso não acontece, um daltônico pode viver normalmen- te, desde que tenha conhecimento das limitações de sua visão, como é o caso da distinção de cores do sinal de trânsito. Herança recessiva ligada ao sexo DALTONISMO Não há tratamento Tipos Defeito de visão de cores Causado por: Ausência de um ou mais tipo de cone Menor produção de algum dos pigmentos visuais Protanopia Deuteranopia Tritanopia Redução ou ausência do pigmento vermelho Tipo mais comum Dificuldade no reconhecimento das cores azul e amarelo Tipo mais raro Incapacidade de distinguir a cor verde 41BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO 8. CATARATA Todos os meios transparentes do olho podem sofrer opacificação, mas essa alteração é mais comum no cris- talino e na córnea. A opacificação do cristalino caracteriza uma patologia muito frequente, conhecido como ca- tarata. As cataratas desenvolvem-se com a idade, seja por desnaturação das proteínas que formam o crista- lino, seja por deposição do cálcio no interior dessa lente. Em ambas as si- tuações, a passagem de luz através do cristalino está diminuída, impedin- do, assim, a visão dos objetos. Algu- mas doenças (ex.: Diabetes mellitus) e a exposição às radiações ionizantes aumentam a chance para o desenvol- vimento da catarata. Geralmente a catarata acomete indi- víduos acima de 50 anos. Entretanto nos três primeiros meses de gestação se a mãe contrair rubéola ou toxo- plasmose, a criança pode nascer com catarata. O único tratamento para ca- tarata é cirúrgico que tem o objetivo de substituir o cristalino danificado por uma lente artificial que recuperará a função perdida. 42BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO AMETROPIAS DESORDENS DA VISÃO CATARATA EMETROPIA DALTONISMO Estado refrativo normal do olho Características Sem acomodação, o ponto distante está no infinito A imagem é focalizada na retina Com acomodação, o ponto próximo está a 25 cm A imagem não é deformada Córnea ou cristalino irregular Formação de imagens borradas Opacificação do cristalino Tratamento cirúrgico Por desnaturação das proteínas Por deposição de cálcio Defeito de visão de cores Herança recessiva ligada ao sexo Tipos Protanopia Tritanopia Deuteranopia “Vista cansada” PRESBIOPIA Perda da elasticidade do cristalino Normalmente começa aos 40 anos Correção Lentes convergentes bifocais Lentes cilíndricas Dificuldade para enxergar objetos distantes A imagem é formada antes da retina Mais prevalente no mundo Lentes divergentes Globo ocular muito comprido Curvatura exagerada da córnea Miopia Globo ocular curto Redução do índice de refração do olho Hipermetropia fisiológica Lentes convergentes Dificuldade para enxergar objetos próximos Hipermetropia Astigmatismo 43BIOFÍSICA DA VISÃO E DESORDENS DA VISÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://pt.khanacademy.org/science/physics/light-waves/introduction-to-light-waves/a/ light-and-the-electromagnetic-spectrum http://efisica.if.usp.br/otica/basico/prisma/dispersao/ https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/reflexao-total-luz.htm https://iorj.med.br/o-que-e-miopia/ http://gt-mre.ufsc.br/moodle/course/view.php?id=22§ion=1 https://lenscope.com.br/blog/tipos-de-astigmatismo/ OKUNO, Emico; IBERÊ, L. 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