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FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO III

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Unidade III
7 OS GOVERNOS MILITARES DE CASTELO BRANCO (1964‑67) E EMÍLIO 
GARRASTAZU MÉDICI (1969‑73)
7.1 O governo de Castelo Branco (1964‑67)
O Golpe Militar colocou um fim ao regime democrático brasileiro, que havia perdurado desde o fim 
do Estado Novo, em 1946, até março de 1964. As forças armadas assumiram o governo, derrubando o 
regime democraticamente instituído de João Goulart, que foi exilado no Uruguai.
O governo militar apresentou grandes paradoxos: enquanto era uma ditadura feroz, marcada pela 
repressão e pelo fim da liberdade de expressão, por outro lado, foi uma época de grandes avanços 
econômicos, principalmente no chamado período do “Milagre”, que durou de 1968 a 1973.
Castelo Branco era general do exército e foi chefe do Estado‑Maior entre 1963 e 1964. O general 
contribuiu com a derrubada de João Goulart e com a Ditadura Militar, que se instalaria no Brasil por 
longos 21 anos. Além disso, ele foi indicado pela junta militar que tomou o poder em 1964 para ocupar 
a cadeira da presidência.
Como vimos, com a junta militar no poder, foi estabelecido o AI‑1, que dava poderes ao governo, 
aumentando desmedidamente o poder do Executivo, e retirava grande parte da autonomia do 
legislativo e do judiciário, mesmo que as medidas pudessem ser contrárias à Constituição do País, tais 
como prisões, cassações de mandatos, exílios etc. E esse foi apenas o primeiro dos chamados Atos 
Institucionais. A ditadura militar se utilizou desse artifício antidemocrático durante todo o período 
em que ocupou o poder.
Em 1965, o governo decretou o AI‑2, que tinha as seguintes instruções:
• a eleição para presidente da República passou a ser indireta;
• todos os partidos políticos ficaram extintos;
• apenas dois partidos poderiam existir legalmente: Arena (Aliança Renovadora Nacional), que 
representava o governo, e MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que representava a oposição.
Em 1966, foi decretado o AI‑3, que estabelecia:
• eleições indiretas para governadores;
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• eleições indiretas para prefeitos das capitais e de grandes centros urbanos, que passariam a ser 
indicados pelos governadores;
• autorização para que os militares declarassem Estado de Sítio sem a aprovação do Congresso.
O AI‑4, também de 1966, reabriu o Congresso, que havia sido fechado desde o Golpe, em março de 1964.
Durante a gestão de Castelo Branco, foi criado o SNI (Serviço Nacional de Informações). Esse órgão 
tinha como tarefa manter o governo e as forças armadas informadas de tudo o que acontecia no Brasil, 
tornando‑se um braço importante na denúncia de tudo aquilo que pudesse ser considerado subversivo 
pelo governo.
O novo regime manteve um discurso desenvolvimentista que se comprometia com a retomada do 
crescimento da economia brasileira. Uma das atitudes mais importantes foi a retomada das negociações com 
organismos financeiros internacionais, especialmente com os EUA, aprofundando o modelo de capitalismo 
dependente, o que levou a um enorme aumento da dívida externa do Brasil (REGO, 2014, p. 98).
No final da gestão do primeiro presidente militar, foram estabelecidas a Lei da Imprensa e a Lei de 
Segurança Nacional, que se tornaram importantes órgãos de repressão.
Além disso, Castelo Branco nacionalizou o setor petrolífero, cassou direitos políticos de 
parlamentares, rompeu relações com Cuba e proibiu a reforma agrária proposta pelo Plano Trienal e 
pelos movimentos estudantis.
 Observação
Cuba se tornou um país socialista em 1959, com a ajuda de Che Guevara. 
Ao derrotar os Estados Unidos, em 1961, na tentativa de derrubada do regime 
de Fidel Castro, tornou‑se um paradigma do socialismo latino‑americano.
Outras medidas: o Ministério da Educação reformulou as grades curriculares dos Ensinos Médio 
e Superior; houve intervenção militar em diversos sindicatos de trabalhadores; a liga camponesa foi 
colocada na ilegalidade; houve cerceamento da liberdade de expressão (foi estabelecida uma censura 
prévia em todos os meios de comunicação).
Nesses primeiros anos de ditadura militar, a população brasileira reagiu contra o governo, organizando 
passeatas, mas o governo começou a responder com extrema violência a essas manifestações, batendo 
em pessoas comuns, estudantes e trabalhadores, e prendendo‑os.
Foi nesse governo que foi elaborado um plano que prometia sanear a economia brasileira. O plano foi 
batizado de Paeg (Plano de Ação Econômica do Governo). Os objetivos principais do plano eram: retomar 
o crescimento do País e conter o processo inflacionário. Roberto Campos, ministro do Planejamento, foi 
o grande articulador do plano.
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No final do governo de Castelo Branco, em 1967, foi outorgada uma nova Constituição, que 
modificava principalmente a amplidão dos poderes do Executivo.
No final de seu mandato, o colégio eleitoral indicou o general Costa e Silva para a sucessão. Ao 
contrário de Castelo Branco, que era tido como pertencente à ala moderada dos militares, o próximo 
presidente era considerado como de linha dura. Iniciavam‑se, assim, os anos de chumbo no Brasil.
Figura 14 – Castelo Branco
7.2 A sociedade brasileira durante a Ditadura Militar
Desde o final da Segunda Guerra, o mundo havia se modificado de maneira irreversível, e isso 
obviamente se refletiria no Brasil. A sociedade brasileira ainda era muito conservadora, mas as novidades, 
aos poucos, encontraram espaço entre a população, antes nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de 
Janeiro, mas logo atingiram o país inteiro.
Em 1950, a população rural brasileira correspondia a 63,84% da população total do País. 
Já no final da década de 1960, passou a corresponder a apenas 44%. Isso significava maior 
procura por bens consumo, duráveis e não duráveis nos centros urbanos cada vez mais populosos 
(GIRARDI, [s.d.]).
Os meios de comunicação, antes limitados ao rádio e aos jornais, se desenvolveram muito nessa 
época: a TV Tupi, a primeira transmissora brasileira, atingiria inúmeros lares, levando às famílias as 
novidades que acontecem no mundo de maneira extremamente veloz.
A chegada da pílula anticoncepcional permitiu às mulheres planejarem suas famílias, assim, o 
número de filhos por famílias diminui consideravelmente, de em torno de 6 filhos, na década de 1950, 
para 4,4 filhos, na década de 1960, permitindo não só que a mulher exercesse funções fora de casa, 
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como aumentasse o rendimento familiar. Isso culminou no maior consumo de toda a espécie de bens, 
industrializados ou não.
Os novos ares de modernidade se refletiram também na moda, os homens largam seus chapéus, o 
jeans torna‑se o “uniforme” dos jovens, as moças passam a usar minissaias e biquínis.
Na música, surgiram movimentos importantes, como a Tropicália e as músicas de protesto que 
refletiam os anseios da sociedade brasileira reprimida por um regime ditatorial.
7.3 O Paeg
Os elaboradores desse plano foram Roberto Campos e Octavio Gouvêa Bulhões. De uma forma geral, 
os objetivos do plano eram:
(i) Acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico, interrompendo o biênio 
1962/63;
(ii) Conter, progressivamente, o processo inflacionário, durante 1964 e 1965, 
objetivando razoável equilíbrio de preços a partir de 1966;
(iii) Atenuar os desníveis econômicos setoriais e regionais, assim como 
as tensões criadas pelos desequilíbrios sociais, mediante melhoria das 
condições de vida;
(iv) Assegurar, pela política de investimentos, oportunidade de emprego 
produtivo à mão de obra que continuamente aflui ao mercado de trabalho;
Corrigir a tendênciaa déficits descontrolados do balanço de pagamentos, 
que ameaçam a continuidade do processo de desenvolvimento econômico, 
pelo estrangulamento periódico da capacidade de importar (ABREU, 1990, 
p. 214).
7.3.1 Medidas de combate à inflação
Para Campos e Bulhões (apud ABREU, 1990), havia três principais causas que levavam ao contínuo 
aumento da inflação e à expansão dos meios de pagamento:
• déficits públicos;
• expansão do crédito;
• majoração institucional de salários em proporção maior à do aumento de produtividade.
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Assim, para combater a inflação, o plano preconizava:
• redução do déficit público e aumento das receitas do governo por meio de reforma tributária e 
aumento de tarifas públicas;
• restrição ao crédito;
• aperto monetário;
• aumento da taxa de juros reais (aumentaram‑se as dívidas das empresas).
O governo passou a ter o poder de fazer como quisesse os reajustes salariais, com isso, 
diminuíam‑se as expectativas de aumento por parte dos trabalhadores e minguava a quantidade 
de pedidos de aumento.
A política de combate à inflação era gradual. Com as medidas, a inflação diminui entre 1964 e 1968 
na ordem de 70%, mas não só as medidas econômicas foram responsáveis por essa diminuição, o recuo 
dos índices inflacionários ocorreu também em função da retração econômica do período.
Na tabela a seguir podemos acompanhar o crescimento do PIB, o crescimento industrial e as taxas 
de inflação de 1964 a 1968:
Tabela 19 
Ano Crescimento do PIB % Crescimento da produção industrial % Taxa de inflação %
1964 3,4 5,0 91,8
1965 2,4 ‑4,7 65,7
1966 6,7 11,7 41,3
1967 4,2 2,2 30,4
1968 9,8 14,2 22
Fonte: Gremaud (2002, p. 391).
7.3.2 A reforma tributária
A reforma tributária era um dos pontos fundamentais para se atingir a meta de crescimento 
econômico, através da arrecadação de recursos por parte do governo, proposta pelo Paeg. Dentre as 
propostas de reforma, estavam:
• introdução da correção monetária;
• impostos em cascata;
• criação do ISS (Imposto sobre Serviços);
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• criação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);
• criação do ICM (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias);
• incumbência da União da arrecadação obtida por: Imposto de Renda, IPI, Imposto Territorial Rural, 
Impostos Obtidos pelo Comércio Exterior;
• ICM a cargo dos estados;
• ISS e o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Urbana) a cargo dos municípios;
• criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço);
• criação do PIS (Programa de Integração Social).
 Observação
O FGTS e o PIS se constituíram numa forma de poupança compulsória.
7.3.3 Reforma monetária
A política monetária compreendia:
• Redução do déficit do caixa governamental, de modo a aliviar de forma progressiva a inflação e 
fortalecer a capacidade de poupança.
• Política bancária destinada a fortalecer o sistema creditício.
• Criação da correção monetária e da ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional).
• Criação da CMN (Conselho Monetário Nacional), que substituiu a Sumoc e passou a ser o órgão 
normativo das políticas monetárias.
• Criação do Bacen, criado para ser o agente executor da política monetária e o agente fiscalizador 
e controlador do sistema financeiro.
• O Banco do Brasil ficou com as funções de banco comercial, compensação de cheques, depositário 
das reservas voluntárias e também caixa do Bacen e do Tesouro Nacional.
• Criação do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), com a meta de procurar eliminar o grande 
déficit habitacional do Brasil.
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• Criação do BNH (Banco Nacional da Habitação), que funcionava como banco dos bancos do SFH, 
regulamentando e fiscalizando a atuação dos agentes do sistema. As fontes de recurso eram as 
cadernetas de poupança, letras imobiliárias e o FGTS, que era gerido pelo BNH.
• Os bancos comerciais captavam depósitos à vista e com isso ofereceriam crédito de curto prazo.
• As financeiras deveriam oferecer crédito a partir de venda de letras de câmbio.
• Os bancos de investimento a partir de captação de depósitos de repasses de recursos externos e 
depósitos a prazo ofereceriam crédito de médio e longo prazo.
• Bancos de desenvolvimento estatais, por meio de recursos vindos de fora e de fundos de origem 
fiscal, deveriam financiar projetos que comprovassem poder de desenvolvimento em algum setor.
As taxas de expansão da moeda em 1965 estavam acima da taxa de crescimento dos preços. A 
expansão atingiu o índice de 83%, sendo que a previsão do Paeg era de 30%, o crescimento dos meios 
de pagamentos.
7.3.4 Política salarial
A política salarial do Paeg era baseada em três pontos:
• manter a participação dos assalariados no produto nacional;
• impedir que os reajustamentos salariais desordenados alimentassem o processo inflacionário;
• corrigir as distorções salariais, particularmente no serviço público federal, nas autarquias e nas 
sociedades de economia mista.
O governo proibiu as atividades, as greves de serviços que considerasse fundamentais e também as 
atividades dos sindicatos. Os reajustes salariais passaram a ser feitos a partir de fórmulas que o governo 
estipulava, sem a participação direta dos trabalhadores.
As fórmulas de reajuste salarial não corrigiam os salários pelo pico e sim por meio do salário real 
dos últimos 24 meses, assim, o salário mínimo em 1965 foi reduzido em 18% com relação a 1964. O 
índice de salário mínimo real médio sofreu uma queda de 7% em 1966, e nos anos seguintes os índices 
continuaram a cair.
Vejamos no gráfico a seguir a evolução do salário mínimo entre 1963 e 1970:
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Figura 15 – Índice de salário mínimo real na cidade do Rio de Janeiro no mês de reajuste (1963 = 100) 
(deflator: índice de custo de vida – RJ)
7.3.5 Política externa
Uma das políticas mais ativas do período foi a atração de capital estrangeiro, primeiro buscando 
uma reaproximação com os Estados Unidos (que ficou conhecida como Aliança para o Progresso), e 
depois a partir da renegociação da dívida externa.
Em 1965, houve redução das importações, o mais baixo ocorrido desde a década de 1950. As exportações, 
por outro lado, recuperaram‑se, atingindo níveis recordes em 1965 com um superávit de US$ 331 milhões.
As reservas em moeda estrangeira dobraram, passando de US$ 245 milhões para US$ 484 milhões.
O governo procurou diversificar a pauta de exportações mediante incentivos fiscais e a unificação 
e simplificação do câmbio, que tinha como objetivo gerar mais segurança ao exportado, eliminado as 
suas incertezas; ao mesmo tempo, as importações eram desestimuladas. Note que essa política era 
completamente coerente com o PSI.
O Paeg adotara medidas ortodoxas extremamente duras de estabilização econômica, fundadas 
nas políticas monetária e creditícia, que pressionavam a população brasileira por meio de um estado 
interventor e de postura autoritária. A sociedade brasileira não estava satisfeita: havia perdido a 
democracia, os salários estavam arrochados, inúmeras empresas haviam declarado falência ou aberto 
concordata, pressionando ainda mais o emprego. Desse modo, a percepção da maioria dos brasileiros 
nesse momento era que o Golpe Militar não havia trazido nenhum tipo de ganho ao Brasil.
 Saiba mais
Assista ao filme:
CABRA marcado para morrer. Dir. Eduardo Coutinho. Brasil: Eduardo 
Coutinho Produções Cinematográficas, 1984. 119 minutos.
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7.4 O governo de Costa e Silva (1967‑69)
Costa e Silva assumiu a presidência do Brasil em março de 1967, mesmo dia que entrou em vigor 
a nova Constituição. O governo do novo presidente militar durou até 1969. Ele saiu precocemente do 
governo em função de um acidente vascular cerebral, em agosto de 1969, e morreu nesse mesmo ano.
Nesse período, a Ditadura Militar instituída desde 1964 adquiriu novos contornos, pois Costa e Silva 
era considerado de “linha dura”. Um período de grandes perseguições e fim das liberdades individuais se 
iniciou ao mesmo tempo em que recrudescem os movimentos opositores do governo.
Ainda nesse período, houve um significativo aumento dos protestos contra o Regime Militar, o que 
fez com que Costa e Silva extinguisse a Frente Ampla (um movimento de oposição que exigia a volta do 
governo civil, a anistia dos exilados e o fim da ditadura). Participavam dessa frente, além de JK e João 
Goulart (exilado no Uruguai), Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e Adhemar de Barros.
A UNE (União Nacional dos Estudantes) passou a agir na ilegalidade, tentando promover passeatas 
e mantendo contato direto com os movimentos de esquerda.
Um dos eventos mais marcantes desse duro período de repressão foi a morte, durante uma 
manifestação, do estudante do ensino secundário Edson Luís de Lima Souto. A morte do jovem acabou 
ocasionando um grande protesto popular nas ruas do Rio de Janeiro, manifestação que ficou conhecida 
como a Passeata dos Cem Mil. Esse evento deixava explícita a insatisfação da população com o regime.
Surgiram vários grupos de oposição, muitos deles formados a partir do fim do PCB (Partido Comunista 
Brasileiro). Alguns, indo contra a postura pacífica do PCB, formaram grupos de guerrilha, mas a maioria 
só queria combater a Ditadura Militar. Os mais importante foram a ALN (Aliança Libertadora Nacional), 
o MR‑8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e a VLP (Vanguarda Revolucionária). A existência 
desses grupos levou a um aumento da ação repressora do governo, que passou a prender, torturar e até 
matar todos aqueles considerados inimigos do regime.
Em 1968, a VLP lançou um ataque com carro‑bomba contra o quartel do segundo exército em São 
Paulo, e uma sentinela chamada Mário Kozel Filho morreu nessa ação. Esse episódio agravou ainda mais 
as perseguições feitas contra grupos considerados de esquerda. E a consequência foi a convocação do 
Conselho de Segurança Nacional, em 13 de dezembro de 1969, que outorgou o AI‑5, o Ato Institucional 
que mais deu poderes ao Executivo.
O AI‑5 foi o símbolo maior da ditadura nesse período. O decreto acabava com os direitos civis 
(um cidadão poderia ser preso sem que o motivo para sua detenção fosse explicitado), permitia o 
fechamento do Congresso Nacional se o Executivo assim quisesse, limitava o poder não só do legislativo, 
mas também do judiciário, autorizava que a cassação de parlamentares fosse realizada a qualquer 
momento e suspendia o direito de habeas corpus para os crimes políticos.
O departamento de repressão do governo militar era o Dops (Departamento de Ordem Política 
e Social), que havia sido criado muito tempo antes, em 1924. O órgão tinha como função principal 
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assegurar a ordem e nos estados recebia o nome de Deops (Departamento Estadual de Ordem 
Política e Social).
O Deops abrigava as delegacias de ordem política e tinha como responsabilidade investigar os crimes 
de subversão; fiscalizava, assim, movimentos sociais, sindicatos, greves etc. Em São Paulo, durante o 
Regime Militar, um dos delegados mais famosos foi Sérgio Fleury, que promoveu nas instalações do 
prédio do Dops inúmeras sessões de tortura.
 Saiba mais
Veja artigo a seguir sobre a prática de tortura no Brasil durante o Regime 
Militar e a formação do grupo Tortura Nunca Mais:
COIMBRA, C. Tortura: nunca mais. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, p. 166‑83, 
1996. Disponível em: <http://www.historia.uff.br/tempo/entrevistas/
entres1‑1.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2015.
7.4.1 A economia durante o governo de Costa e Silva
Os ministros que passaram a cuidar das questões econômicas nesse período foram: Delfim Netto, 
da Fazenda, e Hélio Beltrão, do Planejamento, que deram continuidade ao Paeg, que, como vimos, 
tinha como metas principais conter a inflação, sanear a economia e, ao mesmo tempo, promover o 
crescimento econômico do País.
O período dos governos de Costa e Silva e de Médici (de 1968 a 1973) ficou conhecido como 
“Milagre Econômico”, isso porque foi caracterizado pela manutenção de altas taxas de crescimento. 
Esse fenômeno não ocorreu só no Brasil, mas em vários países entre as décadas de 1950 e 1970, como 
podemos observar na tabela a seguir:
Tabela 20 
País 1950‑60 1960‑70
África do Sul 1,8 4,1
Alemanha Ocidental 6,8 3,1
Argentina 1,4 1,3
Brasil 2,9 1,1
Coreia do Sul 2,5 5,1
Espanha 2,6 7,2
EUA 1,1 3,6
França 2,6 3,8
Grã‑Bretanha 2,3 2,4
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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Grécia 4,9 6,9
Israel 5,5 4,3
Itália 4,9 4,1
Japão 7,2 8,6
México 3,0 3,1
Portugal 3,7 5,1
Fonte: Rego (2014, p. 105).
Quando Delfim Netto assumiu o ministério, fez um novo diagnóstico do aumento da inflação, que 
foi diagnosticada principalmente como de custos, e vinda principalmente da grande capacidade ociosa 
gerada pelo Paeg e dos altos custos financeiros. Para o economista, a retomada do crescimento só seria 
possível com a possibilidade de crescimento econômico.
Para que houvesse o planejado crescimento econômico, seria necessário (diferentemente do que 
ocorrera durante o Paeg) praticar uma política monetária expansionista, oferecendo crédito abundante 
à população e às empresas.
Esse crescimento foi capitaneado pelas empresas de bens de consumo duráveis e bens de capital. O 
crescimento da economia no período foi extraordinário entre 1967 e 1973, como podemos observar na 
tabela a seguir:
Tabela 21 
Ano Crescimento do PIB %
Crescimento da 
produção industrial % 
Crescimento da 
produção agrícola % 
Crescimento da produção 
de serviços % 
1968 9,8 14,2 1,4 9,9
1969 9,5 11,2 6,0 9,5
1970 10,4 11,9 5,6 10,5
1971 11,3 11,9 10,2 11,5
1972 12,1 14,0 4 12,1
1973 14,0 16,6 0 13,4
Fonte: Gremaud (2002, p. 398).
Como podemos observar na tabela anterior, o crescimento do Brasil nesse período foi muito 
significativo e, para crescer, o governo adotou as seguintes medidas:
• Aumento da demanda por bens de consumo duráveis: expansão do crédito ao consumidor.
• Incremento à construção civil: a construção civil cresceu cerca de 15% a.a. Essa necessidade se 
dava devido ao pressuposto aumento da renda da população e à expansão do crédito por meio da 
captação de recursos pelo Sistema Financeiro de Habitação.
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• Aumento da infraestrutura e o endividamento: os anos conhecidos como do Milagre Econômico 
brasileiro tiveram uma marca importante: a construção de imensas obras, como foi o caso da Hidrelétrica 
Binacional de Itaipu, que começou a ser construída em 1973, da Ponte Rio‑Niterói, também de 1973, 
da Rodovia Transamazônica, de 1971, do Elevado Costa e Silva, mais conhecido pelos paulistanos como 
“Minhocão”, de 1970, e da Usina Hidrelétrica de Jaguará, em Minas Gerais, de 1972.
Todas essas obras foram financiadas com recursos externos e internos aumentando o endividamento 
do País e do governo. Muitas dessas construções, sem dúvida alguma, foram de fato fundamentais para 
o desenvolvimento do Brasil, porém algumas delas, como a Rodovia Transamazônica, sugaram imensos 
recursos e nunca foram concluídas.
7.4.2 Aumento da intervenção governamental
Uma vez que a inflação era diagnosticada como de custos, houve, na época, a ação de passar serviços 
de várias naturezas às estatais,como fornecimento de luz, água, transporte público etc. A ideia era 
conseguir o controle das tarifas, achatando os preços e, portanto, diminuindo a inflação.
As fontes de financiamento das estatais provinham de recursos internos em virtude de uma política 
realista de tarifas públicas, de recursos externos e de empréstimos internos.
O intervencionismo aumentou muito e foi feito por meio de uma política creditícia, monetária e fiscal.
7.4.3 Aumento das exportações
Como observamos, havia na época um boom de crescimento econômico em vários países e isso melhorou as 
trocas internacionais, além disso, o Brasil continuava acreditando no PSI como promotor de desenvolvimento. 
Existia um slogan interessante adotado pelo governo brasileiro que mostrava essa intenção de crescer o setor 
exportado: “exportar é o que importa”. Porém, a demanda por importações aumentou devido à necessidade 
de insumos para indústria, o que possibilitou que a balança comercial se mantivesse equilibrada.
Vejamos na tabela a seguir a evolução das exportações e importações no período:
Tabela 22 
Ano Exportação em US$ Importação em US$ Balança comercial em US$ Transações correntes em US$
1968 1.881 1.855 26 ‑508
1969 2.311 1.933 378 ‑281
1970 2.739 2.507 232 ‑562
1971 2.904 3.245 ‑341 ‑1.037
1972 3.991 4.235 ‑244 ‑1.489
1973 6.199 6.192 7 ‑1.688
Fonte: Gremaud (2002, p. 401).
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7.4.4 Financiamento externo
Grande parte do extraordinário crescimento desse período, no auge na Ditadura Militar, se deu 
em função de empréstimos vindo de fora. O excesso de liquidez internacional permitiu a diminuição 
de taxas de juros reais e isso tornou os empréstimos possíveis. O endividamento do País passou de 
US$ 3,666 milhões em 1966 para US$ 12.572 milhões em 1973 (ABREU, 1990). A taxa de dívida externa 
bruta cresceu 19,3% a.a., aumentando significativamente as reservas do País.
A justificativa do governo para aumento tão grande dos empréstimos externos foi que o Brasil 
necessitava desses recursos externos para viabilizar o crescimento prometido.
7.4.5 Inflação
Em função do diagnóstico da inflação feita pela equipe econômica de Delfim Netto, em que era 
considerada principalmente de custos, o combate à escalada inflacionária perdeu importância nessa 
época. O governo admitia que uma taxa de inflação em torno de 20 a 30% a.a. era bastante aceitável:
Tabela 23 
Ano IGP
1968 24,8
1969 18,7
1970 18,5
1971 21,4
1972 15,9
1973 15,5
Fonte: Gremaud (2002, p. 411).
A aceleração da inflação estava ligada ao crescimento da economia, ou seja, se a economia crescia, 
inevitavelmente haveria uma aceleração dos preços.
7.4.6 Investimento estrangeiro
Os investimentos estrangeiros tiveram importante papel nas exportações e no impacto tecnológico, 
mostrando que o governo brasileiro estava tendo uma política favorável à atuação das empresas estrangeiras.
Dentre os fatores que levaram a esse aumento, podemos citar:
• retomada do crescimento;
• política cambial que favorecia a remessa de lucros pelas empresas estrangeiras;
• política de incentivo às exportações.
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7.4.7 Política salarial e distribuição de renda
Desde o momento em que o País tornou‑se uma ditadura, os sindicatos e associações de classe em geral 
perderam a prerrogativa de negociar salários – essa atribuição passou integralmente às mãos do governo.
O poder de barganha dos trabalhadores foi consideravelmente diminuído com a proibição de greves e 
uma atuação mínima das associações representativas de classe. O governo só se preocupava em recompor 
os salários quando percebia que havia uma queda na demanda que poderia afetar o crescimento econômico. 
Apesar desses reajustes, os salários não se beneficiaram proporcionalmente do crescimento da economia.
A participação do produto agropecuário diminuiu muito no período, passando a 10 a 11% do total 
do PIB, enquanto a participação da indústria passou a ser cerca de 37% do total do PIB. Assim, enquanto 
em 1960, 54% da população viviam do setor primário, em 1970, passaram a ser 45,8% e em 1973, 
40,8% (ABREU, 1990).
Apesar desses indicadores de urbanização, o Brasil ainda apresentava fortes desigualdades regionais. 
As regiões Norte e Nordeste não apresentavam dados tão favoráveis; por exemplo, entre 1968 e 1969, o 
Nordeste só tinha 14,1% da participação na economia brasileira.
O Sudeste, com o aumento da construção civil, passou a ser cada vez mais um forte polo de atração 
para a mão de obra não qualificada do Norte e Nordeste do Brasil. A população desses estados chegava 
a centros urbanos do Sudeste, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, e se concentrava em periferias 
ou favelas nas quais o poder público não chegava de maneira adequada.
Nessas comunidades faltava o básico: não havia escolas, postos de saúde, segurança, pavimentação, 
transporte público etc., o que deixava a população desses bairros completamente à margem do 
desenvolvimento das cidades.
É, de fato, incrivelmente grande a concentração de renda nas mãos dos 5% mais ricos: a participação 
na renda passou de 28,3%, em 1960, para 34,1%, em 1970, e 39,8%, em 1972.
7.4.8 O fim do governo de Costa e Silva
Em agosto de 1969, o presidente Artur da Costa e Silva sofreu um AVC e teve que ser afastado 
do governo. O vice‑presidente, Pedro Aleixo, foi impedido de assumir o cargo, pois o general Emílio 
Garrastazu Médici foi indicado para chefiar a nação, o que mantinha a chamada “linha dura”.
Costa e Silva faleceu em dezembro de 1969, mas a dureza de seu regime foi mantida por intermédio 
de seu sucessor, Médici.
7.5 O governo de Emílio Garrastazu Médici (1969‑73)
O nome de Médici foi indicado pelo alto comando do exército para assumir a presidência no lugar de 
Costa e Silva, gravemente doente. O período em que Médici ocupou a cadeira presidencial foi marcado 
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pelo crescimento econômico acelerado e pelo recrudescimento da ditadura, com censura, torturas e 
perseguições aos inimigos políticos.
 Lembrete
Durante esse período, as grandes obras públicas se iniciaram, como a 
Transamazônica, a refinaria de petróleo de Paulínia (São Paulo), a Usina 
Hidrelétrica de Itaipu (Paraná), a Ponte Rio‑Niterói etc.
Foi durante esse governo que foi assinado o AI‑5, que dava plenos poderes ao Executivo e aumentava 
a repressão. As denúncias de tortura e perseguições eram constantes e a censura era feroz e não permitia 
à imprensa publicar os abusos do governo. Nesse período, o governo laçou um slogan que marcou a 
atuação do presidente Médici: “Brasil, ame‑o ou deixe‑o”.
Em 1969, foi criada, em São Paulo, a chamada Operação Bandeirante (Oban). Tratava‑se de uma 
instituição formada pelas forças armadas e pela polícia civil e militar e financiada por empresários 
brasileiros e estrangeiros. Ela tinha como função coletar informações, interrogar e combater militantes 
políticos considerados subversivos.
A experiência da Oban serviu como exemplo para a criação, em 1970, do Doi‑Codi (Destacamento 
de Operação Interna e Centro de Operação e Defesa Interna), que abrigava a função de reprimir as 
manifestações urbanas de desagrado ao governo militar.
Em reação à ditadura, surgiram grupos guerrilheiros armados tanto na zona rural como urbana que 
pretendiam derrubar o Regime Militar. Os movimentos guerrilheiros sofreram uma grande perda com o 
assassinato de Carlos Lamarca e Marighella. Lamarca pretendia montar um foco guerrilheiro no campo 
e Marighella apostava na guerrilha urbana.
 Saiba mais
Assista ao filme:
LAMARCA. Dir. Sérgio Rezende. Brasil: Morena Films, 1994. 130 minutos.
Esse foi um período muito intenso tanto na economia como na sociedade brasileira.Enquanto o 
Brasil passava pela euforia do Milagre Econômico, estimulando o consumo por parte da classe média, a 
ditadura fazia suas vítimas em seus porões, onde a tortura era praticada largamente. Nas artes em geral, 
seja na música, teatro ou na literatura, assistiu‑se a um período de intensa criatividade na tentativa de 
escapar de uma censura feroz. Foi nessa ocasião que surgiram artistas como Chico Buarque, Geraldo 
Vandré e Zé Celso (Teatro Oficina), e jornais como o Pasquim, entre tantos outros.
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O compositor Chico Buarque escreveu, em 1973, em parceria com Ruy Guerra, a peça de teatro 
Calabar: o Elogio da Traição, espetáculo que pretendia questionar a versão oficial sobre a independência 
do Brasil. A peça foi proibida, assim como outros tantos espetáculos de teatro, livros, telenovelas e 
músicas, principalmente aquelas consideradas de protesto, como a canção Para Não Dizer que Não Falei 
das Flores, de 1968, composta por Geraldo Vandré (que acabou sendo exilado).
O cantor Geraldo Vandré, no Festival Internacional da Canção de 1968, no estádio do Maracanãzinho, 
no Rio de Janeiro, cantou a icônica canção Para Não Dizer que Não Falei das Flores. A canção ficou em 
2º lugar, porém tornou‑se uma espécie de hino contra a Ditadura Militar. O cantor foi perseguido e 
posteriormente se exilou no Chile, com medo das torturas e da prisão.
Veja um trecho da canção:
Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Somos todos iguais braços dados ou não,
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
[...]
Vêm vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
[...]
Há soldados armados, amados ou não,
Quase todos perdidos de armas na mão,
Nos quarteis lhes ensinam uma antiga lição,
De morrer pela pátria e viver sem razão
[...]
Figura 16 – O movimento Tropicália surgiu na época do Regime Militar
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7.5.1 A economia do governo Médici
A política econômica do novo presidente Médici estava completamente apoiada no governo anterior 
de Costa e Silva. Envolvia um projeto de crescimento contínuo em torno de 65% a.a., em que o setor 
mais dinâmico seria o industrial, expandindo o mercado interno e promovendo as exportações dentro 
do espírito de substituição de importação que até então o Brasil havia adotado como promotor de 
desenvolvimento. Porém, apesar de a economia prever a expansão do mercado consumidor, esse 
aumento da renda não se distribuiu uniformemente, amplificando ainda mais o abismo entre as classes 
sociais no País.
O ministro Delfim Netto adotou uma postura bastante controversa nesse período, defendendo que 
o desenvolvimento do País se daria por meio de um modelo agrícola‑exportador, que era, segundo o 
ministro, uma alternativa para aumentar o mercado interno e, assim, justificar a expansão da produção.
Delfim Netto alegava que as importações apresentavam um comportamento elástico ao crescimento 
do produto e que era preciso, então, que o setor exportador respondesse de maneira dinâmica para manter 
a balança comercial equilibrada. A ideia era que fortalecendo a agricultura, a indústria seria fortalecida.
A inflação seguia em alta durante todo o governo. Em 1970, ela teve uma forte aceleração, atingindo 
5,5% a.m. O ministro da Fazenda defendia um aumento dos preços, dizendo que era o custo para o 
desenvolvimento. Segundo ele, era “preciso o bolo crescer para depois dividi‑lo” (1968..., 2008).
A política monetária permanecia expansiva. Em 1970, foram instituídos os fundos Pis/Pasep, que 
ampliavam a segurança do trabalhador e, portanto, indiretamente, estimulavam o consumo.
Foi criado também durante o governo Médici o open market, que facultava aos bancos remunerar 
parte dos depósitos à vista e desenvolver operações interbancárias. Na realidade, tratava‑se de um 
mecanismo indexador que alimentaria a inflação durante todo o período até meados da década de 1990.
7.5.2 O fim do governo Médici
Em 1973, com o primeiro Choque do Petróleo, a euforia do Milagre Econômico começou a chegar a 
seu fim. Apesar da forte censura, a população já mostrava sinais de cansaço sobre a falta de informações, 
já que a censura não permitia a divulgação dos verdadeiros indicadores econômicos, políticos e sociais. 
Além disso, o processo de concentração de renda era cada vez mais visível.
Todavia, apesar desse panorama, que não se mostrava muito favorável, Médici conseguiu fazer seu 
sucessor: o escolhido foi outro general, que se chamava Ernesto Geisel e assumiria o governo em março 
de 1973.
7.6 O primeiro Choque do Petróleo e sua influência na economia brasileira
É importante entender o que foi o primeiro Choque do Petróleo, ocorrido em 1973, para compreender 
os rumos da economia brasileira durante o decorrer da década de 1970.
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O petróleo era um produto pouco valorizado como fonte produtora de energia até o século XIX, 
quando, na segunda Revolução Industrial, foi inventando o motor a combustão. A partir da descoberta 
do uso desse óleo como combustível, a sua importância foi aumentando em uma escala extraordinária, 
não só pela extensão de seus usos (combustível, energia, fibras sintéticas etc.), mas principalmente em 
função da percepção de que se tratava de uma fonte não renovável. Essa visão de que era um produto 
essencial só ocorreu de fato após a Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Em 1960, os principais países produtores e exportadores de petróleo fundaram a Opep (Organização 
dos Países Exportadores de Petróleo), que reunia Arábia Saudita, Kuwait, Iraque, Irã e também a Venezuela. 
A finalidade dessa organização era defender os interesses desses exportadores, principalmente no que se 
referia à formação de preços do produto, pois seus membros consideravam que o mundo (principalmente 
as empresas petroleiras do Ocidente) pagavam muito pouco por um bem tão valioso e de primeira 
necessidade. Os membros da Opep produziam, juntos, 27,13% da produção mundial de petróleo.
O primeiro Choque do Petróleo ocorreu em 1973, devido a dois conflitos em especial: a Guerra dos Seis 
Dias e a Guerra de Yom Kipur (Dia do Perdão), ambas ocorridas em Israel. Além disso, ele não foi o único 
choque – em 1979, outro aumento de preço muito grande ocorreria –, mas veremos isso mais adiante.
Para entendermos o que foi essa crise, precisamos recuar no tempo para o ano de 1948, quando 
eclodiu uma guerra em Israel que ficou conhecida como a Guerra de Independência. A guerra foi 
declarada pelos Estados Árabes que rejeitaram a criação do Estado de Israel. Nessa ocasião, os exércitos 
da Síria (ao norte), do Egito (ao sul), além do Iraque, Jordânia e Arábia Saudita, atacaram o Estado 
recém‑criado.
 Observação
Foi o brasileiro Osvaldo Aranha que presidiu a primeira sessão da Assembleia 
Geral da ONU que votou a favor da criação do novo Estado de Israel.
O conflito foi vencido pelos israelenses, que mantiveram o território que havia sido assinado pelo 
acordo da ONU para criação do Estado de Israel, mas algumas mudanças ocorreram: a Cisjordânia 
ficou com a Jordânia, e a Faixa de Gaza, com o Egito. Isso geraria vários conflitos posteriores, além do 
problema da população palestina, que ficou sem seu território.
Novo conflito – a chamada Guerra dos Seis Dias – ocorreria em 1967. Sua causa foi a expansão do 
território israelense com a anexação das Colinas do Golã, na Síria, importante ponto estratégico na 
defesa de Israel, e também a tomada da Península do Sinai (fronteira com o Egito), além da Faixa de 
Gaza, Cisjordânia e uma parte do Canal de Suez. Essa estratégia de expansão e defesa de Israel levou o 
mundo árabe a formar uma oposição muito forte ao Estado israelense.
O choque, no entanto, ocorreria apenas em outubrode 1973, com a chamada Guerra de Yom 
Kipur, que é o mais importante feriado judaico, dia em que a nação toda se envolve na celebração 
dessa festividade.
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Israel foi atacado de surpresa, no dia de seu feriado religioso mais importante, pela Síria (ao 
norte) e pelo Egito (ao sul), com apoio dos países árabes. Contudo, apesar da violência do ataque, 
os israelenses repeliram seus inimigos com o apoio financeiro e logístico dos Estados Unidos. Como 
retaliação a esse apoio, a Opep resolveu aumentar expressivamente o preço do barril do petróleo com 
o intuito de prejudicar principalmente os EUA. O petróleo passou, assim, a ser usado como um forte 
instrumento de pressão.
A guerra durou 20 dias, com importantes baixas de todos os lados, até o ponto em que tanto a ONU 
como os EUA e a URSS ameaçaram intervir no conflito. A guerra cessou com vitória de Israel, que não 
devolveu os territórios ocupados em 1967. A crise só terminou parcialmente em 1974, quando Israel 
retirou‑se das áreas ocupadas.
Após a Guerra de Yom Kipur, a Opep elevou o preço do barril de petróleo de US$ 2,90 para US$ 11,65; 
em apenas cinco meses, o preço aumentou 400%, provocando uma crise imensa em todo o Ocidente.
Vários países, entre eles o Brasil, tiveram que racionar o produto. Além disso, é claro, houve grande 
impacto inflacionário provocado por aumento tão expressivo de preços.
8 O GOVERNO DE ERNESTO GEISEL (1974‑79)
O novo presidente colocado no poder pelo Colégio Eleitoral já havia participado ativamente do 
governo durante a presidência de Castelo Branco (1964‑68). Quando foi nomeado Chefe da Casa Militar, 
em 1968, alcançou o cargo de ministro do Superior Tribunal Militar e entre 1969 e 1973, tornou‑se 
presidente da Petrobras.
Geisel foi um general que assumiu o governo em um momento de crise mundial, em março de 1974, 
em função do primeiro Choque do Petróleo. Era o fim do Milagre Econômico iniciado durante o governo 
de Costa e Silva e que se manteve durante o governo de Médici.
A população começou a demonstrar cada vez mais sua insatisfação não só com as arbitrariedades do 
governo militar, mas com a economia, com resultados cada vez mais preocupantes.
O novo presidente tentou amenizar essa crescente insatisfação popular, anunciando uma lenta 
abertura política.
No ano de sua posse, o novo governo passou a permitir a propaganda política, que havia sido 
proibida desde o início da Ditadura Militar. Os resultados nas urnas deixavam claro que inevitavelmente 
o governo da Ditadura Militar deveria se flexibilizar: em 1974, o partido oposicionista, MDB, conquistou 
59% dos votos para o Senado, e não foi só, a oposição se elegeria para a prefeitura de várias cidades, 
além de colocar na Câmara muitos deputados.
Ernesto Geisel, em uma tentativa de mostrar boa vontade, extinguiu, em 1978, o terrível AI‑5.
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O AI‑5 dava plenos poderes ao Executivo, caracterizando um governo 
ditatorial, suspendendo os direitos políticos da população, promovendo 
prisões etc.
Porém, as coisas não eram tão simples: durante o governo de Geisel, o jornalista Vladimir Herzog foi 
torturado e morto no Doi‑Codi.
Vladimir Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura e responsável pelo jornal Hora da Notícia. 
Na época, havia desconfiança por parte do exército brasileiro de que ele tinha ligações com o PCB 
(Partido Comunista Brasileiro), que havia sido colocado na ilegalidade desde o Golpe Militar. O jornalista 
foi procurado em seu local de trabalho e comprometeu‑se a ir à delegacia do Doi‑Codi (Departamento 
de Operações de Informações e Destacamento de Operações de Defesa Interna) localizado no bairro do 
Paraíso, na capital paulista.
Ao chegar à delegacia, no dia 25 de outubro de 1975, foi encapuzado e levado a interrogatório, no 
qual foi brutalmente torturado e acabou morto. Os responsáveis pelo assassinato de Herzog forjaram 
então um suicídio na cela, armando uma foto na qual o jornalista tinha uma corda amarrada ao pescoço. 
Porém, a montagem era muito malfeita, pois ninguém consegue se enforcar na posição de joelhos.
Se Vladimir Herzog, que era judeu, tivesse, de fato, cometido suicídio, segundo os preceitos da 
religião judaica, ele não poderia ser enterrado em campo santo (há um lugar dentro dos cemitérios 
israelitas reservado aos suicidas), mas a farsa de autoenforcamento foi tão grosseira que a Sociedade 
Cemitério Israelita (Chevra Kadisha) não aceitou o laudo e enterrou o jornalista dentro do cemitério em 
lugar comum e não entre os suicidas.
 Observação
O suicídio é considerado um pecado extremamente grave para religião 
judaica. Os suicidas são enterrados em terreno separado nos cemitérios.
Além disso, a Igreja Católica também não aceitou o laudo de suicídio e, junto com o rabino Henry 
Sobel, D. Paulo Evaristo Arns, cardeal da cidade de São Paulo, e James Wright, pastor, realizaram um 
ato ecumênico na Igreja da Sé em memória de Herzog, confrontando, dessa maneira, a presidência de 
Ernesto Geisel e prejudicando uma imagem do governo que já começava a se desgastar (INSTITUTO 
VLADIMIR HERZOG, [s.d.]).
Em 2012, o laudo sobre a morte de Vladimir Herzog foi refeito e constatou‑se a montagem da foto: 
a perícia concluiu que uma pessoa da altura do jornalista não teria conseguido se enforcar dessa altura 
e nem na posição em que o corpo se encontrava e, assim, foi constatada a fraude na morte do jornalista.
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Em 1976, o governo recuou e proibiu a presença de candidatos a cargos políticos nas propagandas 
de televisão e das rádios. No ano seguinte, o governo criou a categoria de “senadores biônicos”, como 
ficaram conhecidos os parlamentares eleitos de forma indireta.
 Observação
O nome senador biônico era uma alusão a um personagem de uma série 
norte‑americana chamada O Homem de Seis Milhões de Dólares, que era 
uma espécie de ser humano robotizado.
O conhecido Pacote de Abril, de 1977, foi um conjunto de leis que recrudesceu novamente a ditadura, 
com o fechamento temporário do Congresso e aumento do mandato de presidentes para seis anos, 
adiando, dessa forma, a tão falada lenta e gradual abertura prometida pelo presidente.
8.1 A economia durante o governo Geisel
O fim do ciclo expansionista característico do Milagre teve seu término em 1973 com o primeiro 
Choque do Petróleo e a crise internacional. Nesse período pós‑1973, o balanço de pagamentos do Brasil 
começou a apresentar constantes déficits no saldo de transações correntes.
Veja na tabela a seguir as contas externas do Brasil entre 1974 e 1979:
Tabela 24 
Ano Exportação em US$
Importação em 
US$
Balança comercial 
em US$
Transações 
correntes em US$
Dívida externa 
total
1974 7.951 12.641 ‑4.690 ‑7.122 17.165
1975 8.669 12.210 ‑3.540 ‑6.700 21.171
1976 10.128 12.383 ‑2.255 ‑6.017 25.985
1977 12.120 12.023 97 ‑4.037 32.037
1978 12.659 13.683 ‑1.024 ‑6.990 43.510
1979 15.244 18.083 ‑2.839 ‑10.742 49.904
Fonte: Gremaud (2002, p. 412).
Perceba que além de uma dívida interna crescente, o que se observa na tabela anterior é um grande 
aumento das importações nesse período, tanto em função do preço do barril de petróleo como no 
aumento dos bens de capital e de insumos. E as exportações, embora crescentes, não acompanharam 
o ritmo de crescimento das importações, gerando constantes déficits na balança comercial brasileira 
nesse período.
O ministro da Fazenda da época, Mário Henrique Simonsen, prevendo que a crise se alastraria de 
maneira cada vez mais acelerada e na tentativa de alcançar as mesmas taxas de crescimento do período 
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anterior, partiu do pressuposto de que haveria a necessidade de ajustamento da economia pela via de 
controle da demanda.
Segundo o ministro da Fazenda, a única maneira de controlar a demanda seria o controle da liquidez, 
porém essa política não pôde ser realizada a contento, pois havia uma forte crise financeira não só no 
Brasil, mas no mundo.
Além disso, qualquer atitude contra a demanda teria um impacto antipopular em um momento no 
qual a população já demonstrava desgaste frente à Ditadura Militar. Assim, o governo apressou‑se em 
dar continuidade ao processo de crescimento econômico sem alterar a demanda.
8.1.1 O II PND
Na tentativa de manter o crescimento e dessa forma diminuir a dependência de importações e 
ainda fortalecer as exportações e assim equilibrar o saldo em transações correntes do nosso Balanço de 
Pagamentos, o governo lançou, no final de 1974, o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento).
O plano foi elaborado pelos denominados “tecnocratas” do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) 
sob a coordenação do ministro do Planejamento Reis Velloso. O plano tinha como principais metas:
• Manter o crescimento econômico em 12% a.a.
• Reduzir das importações, que passariam de 52% para 40%.
• Priorizar a capacidade energética – álcool, energia nuclear, produção de carvão (Santa Catarina) 
e prospecção de petróleo na região Nordeste.
• Produzir insumos básicos e de bens de capital: aumentar a produção de aço, alumínio, zinco e 
minério de ferro.
• Manter forte presença do Estado por meio de estatizações.
• Ampliar a malha ferroviária e rodoviária e as telecomunicações (infraestrutura).
8.1.2 O Programa do Proálcool
O programa do Próalcool (Programa Nacional do Álcool) visava substituir a gasolina, muito cara, em 
função da crise do petróleo pelo álcool de cana, que era produzido com facilidade pelas usinas de açúcar 
no Brasil. Esse programa contou com vários incentivos fiscais e com empréstimos a juros baixos.
O programa foi lançado, em novembro de 1975, por Cícero Junqueira Franco, Lamartine Navarro 
Junior, Maurílio Biagi, José Walter Vidal e Urbano E. Stumpf, que desenvolveram, com tecnologia nacional, 
o motor movido a álcool. Foi uma iniciativa pioneira, que garantiria, em um prazo relativamente curto, 
uma menor dependência do petróleo internacional, sujeito a oscilações externas.
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Os engenheiros escolheram um recurso abundante no Brasil: a cana‑de‑açúcar. Como o preço do 
açúcar vinha numa tendência à baixa, a ideia era usar o recurso ocioso dessa atividade.
O Brasil chegou a produzir mais de 15 bilhões de litros do combustível nos dez anos seguintes ao 
início do Proálcool.
No entanto, quando o preço do petróleo caiu, na década de 1980, o investimento em álcool deixou 
de ser lucrativo. Quase que simultaneamente, o preço do açúcar subiu, o que tornou mais vantajoso 
produzir açúcar e não álcool.
O projeto de produzir motores movidos a álcool só se recuperaria na década de 1990, quando a 
questão ecológica começou a ser vista como algo importante, e combustíveis sustentáveis passaram a 
ser vistos como soluções ecologicamente mais corretas. A invenção dos chamados carros flex (álcool e 
gasolina) permitiu que a produção de biocombustível se recuperasse no século XXI.
Os números são bastante significativos: a produção de álcool no Brasil pulou de 600 milhões de litros 
para 3,4 bilhões de litros, entre 1979 e 1980. Na década de 1990, cerca de 60% da frota nacional de 
carros eram carros movidos a álcool.
8.1.3 Obras do II PND
Veja a seguir as principais obras do II PND:
• 1975: Hidrelétrica de Itaipu, Angra II.
• 1975: Projeto Próalcool.
• 1976: Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
• 1979: Complexo de Carajás.
8.1.4 Resultados do II PND
Indústria
Veja os crescimentos da indústria após a implantação do II PND:
Tabela 25 
metalurgia 45%
indústria de papel 50%
indústria química 48%
têxtil 26%
alimentos 18%
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A estratégia de política industrial do governo continuou a basear‑se no processo de substituição de 
importações nos setores de bens de capital e de insumos básicos para a indústria.
Para estimular os setores industriais, o governo ofereceu crédito do IPI sobre a compra de 
equipamentos, isenções de impostos de importações, reserva de mercado e garantia de preços.
O resultado da política de substituição de importações contribuiu para tornar internas as despesas 
de investimento. Assim, segundo Carneiro (apud ABREU, 1990, p. 313), a participação de bens de capital 
no total da despesa com máquinas e equipamentos decresceu de 25,6%, em 1972, para 9%, em 1982.
Dívida externa
Houve um crescimento muito rápido nesse período: de 17.165, em 1975, para 49.904, em 1979; 
percentualmente, tratava‑se de um aumento de 66% em apenas 5 anos.
8.1.5 Estatização
O governo federal contava com fundos do BNDE para o financiamento das empresas de bens de 
capital, no entanto, não era só capital nacional, o Estado também contava com as multinacionais em 
seus projetos de ampliação de infraestrutura e uma grande parcela de financiamento externo.
As grandes empresas estatais, como a Petrobras, Eletrobras, Embratel, entre outras, só podiam obter 
empréstimos externos, pois, por estatuto governamental, não podiam recorrer a empréstimos internos.
Assim, o governo passou a estatizar tudo o que estava a seu alcance, e criou as seguintes instituições:
• IBC (Instituto Brasileiro do Café) para a cafeicultura,
• IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool) com relação ao açúcar e ao álcool;
• Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) para o cacau;
• Sudepe (Superintendência do Desenvolvimento da Pesca);
• IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) para as florestas;
• Siderbras (Siderúrgica Brasileira) para o aço.
As empresas estatais passaram a ter domínio quase que completo sobre a infraestrutura.
Nesse contexto, foram criadas inúmeras agências de regulamentação, que tinham como objetivo 
tentar coibir e punir a formação de oligopólios e as ações especulativas.
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Outro objetivo fundamental das estatizações era tentar frear o processo inflacionário, pois quanto 
mais bens tivessem seus preços fixados pelo governo, menor seria o impacto inflacionário.
No entanto, a Cacex (Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil) continuava a aplicar a 
“Lei do Similar Nacional”, coibindo ao máximo as importações de bens que poderiam ser produzidos 
internamente.
Os principais preços também sofriam intervenção do governo. Havia correção monetária e, para a 
taxa de câmbio, havia minidesvalorizações estabelecidas pelo Banco Central. Os reajustes salariais eram 
regulamentados também pelo governo.
8.1.6 Inflação
A inflação tornava‑se cada vez mais uma questão fundamental para a política econômica brasileira. 
Os números da escalada inflacionária eram cada vez mais preocupantes. A princípio acreditava‑se que a 
inflação seria algo até positivo, pois estimularia o crescimento da economia, mas os economistas começaram 
a perceber que a inflação era um processo incontrolável, e que seu aumento não estimulava o crescimento da 
economia – ao contrário, ampliava a probabilidade de surgir uma recessão econômica grave.
Na tabela adiante podemos acompanhar a evolução da inflação brasileira de 1960 a 1978. 
Podemos perceber que a inflação passou a aumentar significativamente a partir de 1975 e seguiu 
em evolução até 1978.
Tabela 26 – Evolução da inflação de 1973 a 1980
Ano IGP
1973 16,2
1974 33,8
1975 30,1
1976 48,2
1977 38,6
1978 40,5
1979 76,8
1980 110,2
Fonte: Baer (1987, p. 39).
Apesar dos esforços do governo em manter a inflaçãosob controle por meio da estatização de várias 
empresas, ela começou a avançar em um ritmo muito forte a partir de 1974. Isso ocorreu principalmente em 
função do aumento de mais de quatro vezes do barril do petróleo, que teve que ser repassado aos preços.
Nos primeiros meses de 1975, os meios de pagamento caíram 8,5%, contra uma previsão do 
orçamento monetário de 1%. Os fatores que levaram a essa queda foram:
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• Perda de US$ 500 milhões de reservas.
• Queda do multiplicador bancário (preferência do público pelos depósitos à vista).
Política externa
Durante o governo de Geisel, o Brasil reatou relações diplomáticas com a China e com países da 
Europa Oriental, dentre os quais podemos citar a Bulgária, a Romênia e a Hungria. Já as relações com 
os EUA não foram intensas no período, principalmente em função das denúncias contra a violação dos 
direitos humanos que ocorriam durante a Ditadura Militar.
Política cambial
O governo decidiu não praticar grandes desvalorizações do câmbio e teve como contrapartida a 
decisão de promover maior intervenção direta no processo econômico, por meio tanto de incentivos 
fiscais como de creditícios.
8.1.7 Política e sociedade
Em 1977, finalmente foi sancionada a Lei do Divórcio no País, que até então só contava com 
o desquite (que não permitia novos matrimônios). As pessoas passaram a ter o direito de se casar 
novamente, constituindo novas famílias.
Foi uma época marcada pela rebeldia dos jovens, que não só queriam o fim da ditadura, mas também 
um comportamento mais libertário no que se referia a sexo e modo de vida.
As mulheres dessa época passaram a estudar mais e a sair com mais frequência para o mercado de 
trabalho. Diferentemente das décadas anteriores, as meninas não eram mais criadas exclusivamente 
para exercer a função de mães e donas de casa. Com o advento da pílula anticoncepcional, as moças 
podiam planejar quantos filhos queriam e quando os teriam.
As faculdades começam a receber um número cada vez maior pessoas do sexo feminino, inclusive 
em cursos antes considerados exclusivamente masculinos, como Economia, Engenharia e Administração 
de Empresas. Essa possibilidade de frequentar cursos superiores elevou o salário feminino, colocando 
as mulheres em um novo patamar econômico, com um peso muito maior que das décadas anteriores.
O trabalho feminino não era mais, então, visto como algo excepcional, mas como uma escolha. Além 
disso, as ideias feministas chegaram ao Brasil vindas da Europa e dos Estados Unidos, influenciando o 
comportamento da sociedade brasileira, que podia ser visto nas telenovelas, nas revistas e na moda.
Na moda, as roupas refletiam essa sociedade em transição: as mulheres começaram a usar minissaias, 
biquínis, roupas justas, refletindo seu desejo de liberdade.
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A modernização da sociedade, contudo, tinha o seu custo: o consumo de drogas ilegais aumentou 
principalmente nos centros urbanos e isso começou a se tornar um problema latente na sociedade 
brasileira. Do mesmo modo, o aumento da população brasileira, que cada vez mais se urbanizava, levou a 
uma intensificação da migração do campo para a cidade, agigantando os centros urbanos como São Paulo 
e Rio de Janeiro e aumentando problemas sociais nas grandes cidades, como favelização, violência, miséria.
Foi nessa época que multiplicaram‑se as greves e o movimento sindical do ABC paulista começou a adquirir 
cada vez mais força; foi nessa ocasião que surgiu um importantíssimo líder sindical: Luiz Inácio Lula da Silva.
O PND tinha não só objetivos econômicos bastante audaciosos, mas também pretendia transformar o Brasil 
numa potência mundial e, assim, obter novamente o apoio da população brasileira. As obras gigantescas tinham 
como objetivo aumentar e melhorar os índices produtivos, mas passaram a ter também um papel político 
importante. Parecia ser um contrassenso em um momento de crise mundial o Brasil apostar em grandes obras.
Apesar da manutenção de uma política de crescimento econômico, o II PND não era igual ao Milagre 
Econômico, pois priorizava a produção de bens de capital em vez dos bens de consumo duráveis.
O quadro de desequilíbrio macroeconômico desse período se refletiria na década seguinte (1980), que 
se caracterizou por uma inflação galopante, pela crise do endividamento externo e pela desestruturação 
do poder público. Assim terminou a década de 1970, e iniciou‑se a chamada década perdida de 1980. 
Contudo, os dois últimos dois anos da década de 1970 ainda reservavam muitas surpresas como o 
segundo Choque do Petróleo e a desestabilização da Ditadura Militar no Brasil.
Em 31 de dezembro de 1978, o presidente Geisel revogou o AI‑5 e restaurou o habeas corpus no 
Brasil – seria esse o caminho para redemocratização do País?
 Saiba mais
Assista ao filme:
ZUZU Angel. Dir. Sérgio Rezende. Brasil: Globo Filmes, 2006. 108 minutos.
O governo de Geisel terminou em março de 1979 e quem assumiu a presidência do Brasil, mais uma 
vez pela indicação do colégio eleitoral, foi o último presidente militar: João Baptista Figueiredo.
Geisel faleceu em 12 de setembro de 1996, de câncer, aos 89 anos.
8.2 O segundo Choque do Petróleo
Como vimos no início da década de 1970, a Opep começou a regular as exportações de petróleo e 
em 1973 ocorreu o primeiro Choque do Petróleo, que quadruplicou o preço do óleo. As consequências 
desse primeiro choque foram bastante graves, os países que dependiam do petróleo, entre eles o Brasil, 
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tiveram que reduzir as importações ou repassar os aumentos à população. No caso brasileiro, a alta do 
preço do barril significou endividamento externo.
Quando o impacto da primeiro choque parecia amortecido, no ano de 1979, nova onda de aumento 
de preços do petróleo desestabilizou várias economias, inclusive a brasileira, que já vinha passando por 
desequilíbrio macroeconômico.
A crise começou com a Revolução Islâmica no Irã, o segundo maior produtor de petróleo mundial. 
Mas o que foi a Revolução Islâmica?
O Irã (antiga Pérsia) é um país do Oriente Médio de maioria mulçumana da facção xiita. Na década 
de 1970, o país era governado pelo Xá Reza Pahlevi, uma ditadura civil autoritária, porém com afinidades 
com o Ocidente. Surgiu, então, no país, uma expressiva oposição formada por religiosos de orientação 
xiita, comandados por um líder religioso chamado de Aiatolá Khomeini.
 Observação
O xiismo é um ramo do islamismo que acredita que as sucessões religiosa e 
política do profeta Maomé deveriam ficar restritas aos membros de sua família. 
Os xiitas consideram o genro de Maomé (casado com a única filha do profeta, 
Fatma) como seu sucessor e consideram que os califas sunitas são ilegítimos.
Khomeini, que havia sido exilado na França e de lá comandava seus adeptos no Irã, queria uma 
revolução em seu país, prometendo recuperar os valores islâmicos na sociedade iraniana.
O movimento islâmico ganharia forças e Khomeini voltaria ao Irã, em 1979, e, com apoio da população, 
iniciaria uma revolução que derrubaria o Xá e instauraria uma república islâmica. O Xá Reza Pahlevi, então, 
fugiu, e quem assumiu o cargo de governante e de chefe religioso foi o Aiatolá Khomeini, que transformou 
o Irã em um Estado teocrático, rompendo com o Ocidente e em especial com os Estados Unidos.
Esse corte de relações com o Ocidente fez com que o preço do petróleo sofresse um enorme aumento, 
chegando a dobrar o seu valor original pós‑1973. O preço do barril atingiu US$ 80,00.
No Brasil, esse novo aumento do preço do barril do petróleo caiu como uma verdadeira bomba: 
a inflação disparou e ficou fora de controle, pois não devemos nos esquecer de que, nesse período, 
o governode Geisel deixararia uma herança de imensas obras que consumiam uma enormidade de 
energia que precisava de petróleo para ser gerada.
8.3 O governo de João Baptista Figueiredo (1979‑85)
O último presidente militar, João Baptista Figueiredo, assumiu o poder em março de 1979, indicado 
por um colégio eleitoral. Como os outros presidentes militares, ele era general e foi eleito pela Arena, 
prometendo a transição democrática do Brasil durante seu mandato.
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A economia brasileira estava desequilibrada quando da posse do novo presidente, marcada por 
um grande endividamento externo e por uma inflação crescente. Essa crise econômica levou a uma 
insatisfação da população brasileira, que passou a exercer uma pressão cada vez maior pelo fim da 
Ditadura Militar.
Essa situação só piorou quando foi deflagrado o segundo Choque do Petróleo, que deixou o Brasil 
em uma terrível situação, pois o aumento do valor do barril do combustível teria que ser repassado aos 
preços, aumentando ainda mais a inflação e pressionando ainda mais a classe trabalhadora brasileira.
A dívida externa brasileira chegou ao patamar de 100 bilhões de dólares e o Brasil teve que recorrer 
ao FMI (Fundo Monetário Internacional) no ano de 1982.
O novo presidente, em seu discurso de posse, já havia prometido a continuidade da abertura política, 
e no mesmo ano de sua posse foi promulgada a Lei da Anistia, que permitia a volta de exilados políticos.
 Observação
A Lei da Anistia, de nº 6.683, foi promulgada em agosto de 1979 e 
beneficiou cerca de 100 presos políticos, permitindo a volta de mais ou 
menos 150 exilados ao País. Essa lei, no entanto, também anistiou os 
torturadores, o que até os dias de hoje é uma questão discutida pela 
Comissão da Verdade e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que apuram 
os crimes de violação de direitos humanos cometidos durante a Ditadura 
Militar no Brasil e não concordam com a não punição dos torturadores.
Na política, a grande reforma do presidente Figueiredo foi a extinção do sistema bipartidário (Arena 
e MDB), que foi o sistema político usado durante toda a Ditadura Militar. Assim, surgiram vários partidos 
políticos. Foi instaurado no País o multipartidarismo em 2 de dezembro de 1979.
A antiga Arena então passou a se chamar PDS (Partido Democrático Social) e a ser liderada por 
Paulo Maluf, e o MDB recebeu o nome de PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e a ser 
liderado por José Sarney, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, entre outros. Outros partidos criados na 
época foram:
• PDT (Partido Democrata Trabalhista), criado em 1980 e liderado por Leonel Brizola;
• PT (Partido dos Trabalhadores), também de 1980, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva;
• PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), de 1981 e liderado por Ivete Vargas.
Entretanto, esses ares de liberdade política não estavam agradando as alas mais conservadoras do 
exército. Em 1981, ocorreu um atentado à bomba na cidade do Rio de Janeiro que ficou conhecido como 
caso Riocentro.
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8.3.1 O caso Riocentro
No dia 30 de abril de 1981, em uma casa de shows na cidade do Rio de Janeiro, durante a realização 
da comemoração do Dia do Trabalho, haveria apresentações de artistas consagrados como Chico 
Buarque, Gonzaguinha e Gal Costa.
Naquela noite, no estacionamento da casa de shows, foram detonadas bombas que pretendiam 
acabar com as apresentações e causar pânico entre as pessoas que ali se encontravam.
Durante as apresentações dos artistas, dois militares, o sargento Guilherme Pereira do Rosário e 
Wilson Dias Machado, usaram um automóvel cheio de explosivos e pararam dentro do estacionamento 
da casa. Aparentemente, o objetivo era detonar as bombas e explodir os geradores de energia e, assim, 
acabar com a festividade.
Contudo, algo deu errado, pois o carro acabou explodindo, matando o sargento e ferindo com 
gravidade o capitão. Outra bomba explodiu na estação elétrica da casa, mas não acabou com a energia 
e o show continuou.
Após, o fracasso da tentativa, o exército acusou os movimentos de esquerda de terem promovido o 
atentado, pois seria uma maneira de os militares de linha dura manterem‑se no poder. Esses militares 
acreditavam que, criando uma situação de insegurança, a população apoiaria novamente a Ditadura 
Militar e eles permaneceriam no poder.
Um inquérito policial militar foi aberto para tentar comprovar que havia sido um atentado promovido 
pela esquerda, mas não encontrou nenhuma prova, o que levou Golbery do Couto e Silva, o ministro da 
Casa Civil, a renunciar ao cargo.
O caso foi arquivado até 1999, quando o general Octávio Medeiros, que na ocasião do atentado era 
chefe do SNI, declarou saber que o ataque fora promovido por militares e não por membros de alguma 
facção de esquerda. A Comissão de Direitos Humanos solicitou a reabertura do caso e, após a reapuração 
dos fatos, o capitão Wilson Machado foi indiciado por homicídio qualificado e o general da reserva, 
Newton Cruz, indiciado por falso testemunho.
Esse episódio deixou evidente o desespero em que se encontravam os militares quanto à possibilidade 
de um retorno à democracia e de perderem o poder.
Na época, outros casos de atentados promovidos pela direita militar brasileira ocorreram, como os 
atentados a órgãos da imprensa, a bancas de revistas e a editoras.
8.3.2 A economia do governo Figueiredo
O segundo Choque do Petróleo foi mais duradouro e cruel para a economia brasileira. Ao contrário 
do que ocorreu durante o primeiro Choque, em 1973, no ano de 1980, data do segundo Choque, foram 
sentidos os primeiros sinais de escassez de financiamento externo: já não havia disposição dos credores 
internacionais para financiar a economia brasileira.
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No final de 1980, o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos brasileiro era de US$ 12,8 
bilhões e as reservas cambiais haviam caído US$ 3 bilhões.
O ministro Mário Simonsen acreditava que havia excesso de demanda interna que se materializava 
no déficit público, assim, a política econômica ideal para combater a inflação, para ele, era controlar a 
demanda agregada. Todavia, isso levaria a uma grande queda da atividade econômica, ou seja, a uma 
grande recessão. Frente a essa possibilidade, o ministro foi substituído por Delfim Netto, em agosto 
de 1979.
8.3.3 O III PND
O III PND tinha como metas cortes no orçamento público, prospecção de petróleo, substituição de 
importações de insumos básicos e regulação das exportações.
A ideia de Delfim Netto era uma espécie de reedição do Milagre por meio do crescimento econômico. 
As principais medidas adotadas pelo ministro foram:
• controle das taxas de juros;
• expansão do crédito para a agricultura;
• aceleração dos reajustes das tarifas públicas;
• revogação da Lei do Similar Nacional;
• maxidesvalorização de 30% do Cruzeiro em dezembro de 1979;
• estímulo à captação externa;
• prefixação da correção monetária em 50%;
• prefixação da correção cambial em 45%;
• aprovação da Lei nº 6.708, que instituía a semestralidade dos reajustes salariais.
Essa foi uma política econômica de orientação heterodoxa, que era baseada no controle dos juros, 
na indexação dos salários e nas desvalorizações cambiais. Essa prefixação tinha como objetivo diminuir 
as expectativas inflacionárias para 1980, levando os agentes econômicos a reajustar seus preços a taxas 
próximas daquelas prefixadas.
A ideia da retomada do desenvolvimento era impulsionada pela manutenção dos investimentos 
nos setores de energia e da substituição de importações dos insumos básicos e também do setor de 
exportação de produtos agrícolas.
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Em 1980, o PIB cresceu 9,2%, mas o controle da inflação fracassou, chegando a 110,2% em 1980. E 
em 1981, já havia uma recessão com uma expressiva queda de 4,3% do PIB; em 1982, o Brasil teve que 
recorrer ao FMI (REGO, 2014).
8.3.4 As negociações com o FMI
A partir de 1979, o FED havia adotado uma política monetária restritiva: a intenção era conter a 
tendência de desvalorização do dólar. Assim, restringiu o crédito e dificultou o financiamento do Tesouro 
americano. Em 1980, o então presidente norte‑americano, Ronald Reagan, elevou muito as taxas de 
juros e acabou transformando “os EUA em um grande absorvedor de liquidez mundial” (GREMAUD, 
2002, p. 421).
O Brasil passou a ter então grandes dificuldades de obter recursos em função dessa expressiva 
elevação das taxas de juros norte‑americanos. Mas não foi só o Brasil que passou por essa dificuldade 
na época: outras economias em desenvolvimento, como a Polônia, a Argentina e o México, chegaram a 
situações limites em sua economia. O México chegou a declarar a moratória de sua dívida externa.
 Observação
A moratória mexicana de 1982: o superávit mexicano foi reduzido 
para US$ 780 milhões em função de uma queda de US$ 3,1 bilhões nas 
exportações, que alcançaram US$ 20,2 bilhões em 1982, contra US$ 23,3 
bilhões de 1981. As importações caíram de US$ 22,1 bilhões, em 1981, 
para US$ 19,4 bilhões, em 1982. As despesas com juros da dívida externa 
atingiram US$ 11,4 bilhões em 1982 e o déficit em conta‑corrente, 
US$ 14,8 bilhões.
As negociações entre o Brasil (de forma voluntária) e o FMI foram muito tensas, resultando na 
assinatura de sete cartas de intenções em dois anos.
A chamada cartilha do FMI pregava para o Brasil:
• Contenção da demanda agregada: restrição ao crédito, aumento das taxas de juros, redução do 
salário real, redução do déficit público.
• Desvalorização real do Cruzeiro para elevar a relação do câmbio‑salário.
• Elevação do preço dos derivados de petróleo.
• Contenção de preços públicos, de subsídios e de incentivos à exportação.
O que causava maior atrito era a questão do déficit público, pois em uma economia indexada, como 
era o caso do Brasil naquela ocasião, o déficit era afetado diretamente pela inflação.
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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
A preocupação principal do FMI era o equilíbrio do balanço de pagamentos, isso queria dizer que 
havia o temor de que o País não honrasse o pagamento de sua enorme dívida externa.
A meta de inflação fixada para 1983 era de 78%, e deveria ser alcançada com o controle das contas 
públicas, incluindo os gastos das empresas estatais, além da contenção da demanda agregada via 
desindexação parcial dos salários.
Logicamente que, ao seguir essas duras indicações do FMI, o Brasil entrou em profunda recessão, 
porém, a inflação não foi contida e acelerou‑se em 1982.
Vejamos nas tabelas a seguir alguns índices econômicos do período.
Tabela 27 – Produto (índice 1980=100)
Ano Crescimento do PIB %
Crescimento da 
produção Industrial % 
Crescimento da 
produção agrícola % 
Crescimento da 
produção de serviços % 
1980 100,00 100,00 100,00 100,00
1981 95,75 91,17 107,98 97,51
1982 96,63 91,30 107,75 99,57
1983 93,81 85,91 107,27 99,06
1984 98,90 91,38 110,07 104,37
1985 106,75 99,08 120,59 11,66
Fonte: Gremaud (2002, p. 423).
O ajustamento da economia brasileira obteve relativo sucesso, graças principalmente à própria 
recessão, que diminuiu per si as importações, as exportações, o emprego e, portanto, os salários.
Tabela 28 – Inflação
Ano Crescimento do PIB %
1980 110,2
1981 95,2
1982 99,7
1983 211,0
1984 223,8
1984 235,1
Fonte: Gremaud (2002, p. 423).
8.3.5 A retomada do crescimento em 1984
Em 1984, os Estados Unidos haviam superado a crise econômica dos anos anteriores. Essa melhoria 
ajudou o Brasil, pois os EUA eram grandes compradores das exportações brasileiras.
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Unidade III
Com isso, a produção industrial cresceu 7%, em 1984. Outro fator relevante para a recuperação 
da economia brasileira foi a produção de petróleo nacional, que diminuiu a dependência do País da 
importação desse bem dos países da Opep.
Entretanto, apesar da recuperação econômica, a inflação não desacelerou, atingindo o patamar 
de 235%, em 1984. Isso era resultado de uma economia muito indexada, que elevava os patamares 
inflacionários a cada novo choque de oferta e cambial.
O diagnóstico da inflação mudava: os economistas passaram a usar o conceito de inflação inercial, 
que seria fundamental nos planos de caráter heterodoxos que surgiram pós‑regime militar.
8.3.6 Vamos rever algumas causas possíveis da inflação
Inflação de demanda
É considerado o tipo mais “clássico” de inflação, diz respeito ao excesso de demanda agregada à 
produção disponível de bens e serviços. Intuitivamente, ela pode ser entendida como dinheiro demais 
em busca de poucos bens.
Existe a probabilidade de a inflação de demanda ocorrer quanto mais a economia estiver próxima 
de um ponto de pleno emprego de recursos. Se houver desemprego em larga escala, haverá diminuição 
da demanda. Quanto mais nos aproximamos do pleno emprego, mais se reduz a possiblidade de uma 
expansão rápida da produção.
A política de combate a esse tipo de inflação parte do pressuposto de que se deve reduzir a 
demanda agregada. O governo, nesse caso, pode agir tanto direta como indiretamente. Um exemplo 
de ação direta é o governo reduzir seus próprios gastos. A atuação indireta ocorre por meio de políticas 
que desencorajam o consumo e o investimento privado, por exemplo, implementando uma política 
monetária que restrinja a quantidade de moeda e crédito, ou então uma política fiscal de aumento de 
carga tributária sobre bens de consumo ou de capital.
Inflação de custos
A inflação de custos pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O nível de demanda 
permanece praticamente o mesmo, mas os custos de certos insumos importantes aumentam e são 
repassados aos preços dos produtos.
O preço de um bem ou serviço tende a relacionar‑se bastante com seus custos de produção. Se estes 
sobem, mais cedo ou mais tarde, o preço do bem provavelmente subirá.
Uma razão frequente para a elevação de custos são os aumentos salariais, mas se, por exemplo, a 
produtividade da mão de obra aumenta na mesma proporção dos salários, os custos por unidade de 
produção não são afetados. Por sua vez, se os sindicatos são capazes de forçar um aumento de salários 
a níveis acima dos índices de produtividade, os custos de produção de bens e serviços aumentam.
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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
A inflação de custos pode estar relacionada também ao fato de algumas empresas, com elevado 
poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevar seus lucros acima do aumento dos custos 
de produção.
A estagflação ocorre quando se tem paralelamente taxas significativas de inflação e recessão 
econômica com desemprego. Isso pode ser devido ao fato de, em períodos de queda da atividade 
produtiva, as empresas com poder oligopolista terem condições de manter sua margem de lucro sobre 
os custos (mark‑up) ao aumentarem o preço de seus produtos. O nível de produto e de emprego está 
caindo e, mesmo assim, os preços estão subindo.
Um dilema de política econômica que aparece associado à inflação de custos é que as autoridades 
podem ser obrigadas a sancionar novas elevações de preços para impedir uma queda no nível da 
atividade econômica (a inflação de custos está ligada à insuficiência de produção agregada).
Inflação inercial
A partir da década de 1970, em algumas economias, proliferaram os mecanismos de indexação, 
surgindo a inflação inercial. Por

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