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Camões Lírica e Épica

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Camões – Lírica e Épica
Luís Vaz de Camões – poeta renascentista Português
Poeta Lírico
Nasceu e morreu em Lisboa 
(1524/1580)
Fonte: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/linguista-garante-que-camoes-nao-criou-uma-lingua-portuguesa-67062/
Influência clássica
A influência clássica pode ser identificada no caráter filosófico de sua poesia, que retrata um homem em crise com seu texto.
Desconcerto com um mundo novo que ainda possui muitos aspectos medievais
Maneirismo
Incompatibilidade entre o racionalismo renascentista e a confluência de diversos aspectos econômicos, políticos, religiosos e culturais que faziam do século XVI uma época de tensões e diferenças.
A solução clássica de equilíbrio parecia incompatível com o mundo caótico.
Com o sentimento de insegurança, começam a despontar nas artes expressões em que formas contrastantes revelam um novo modo de pensar e de sentir o real.
Maneirismo
Forma estética e visão de mundo que aconteceu nas artes, no final do Renascimento.
A obra de Camões está vinculada a esta corrente estética.
Até pouco tempo atrás, era considerada uma manifestação de esgotamento do Renascimento e tratada, de forma pejorativa, como um “amaneiramento” de uma estética consagrada
A Última Ceia 
Renascentista X Maneirista
http://historiadaarte2013.blogspot.com/2013/09/maneirismo.html
https://www.google.com/search?q=a+santa+ceia+leonardo+da+vinci&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiDs-LDj5HpAhVqHbkGHeyeCVEQ_AUoAXoECBcQAw&biw=1242&bih=597#imgrc=IZGKl1JQm0JjFM
https://www.google.com/search?q=a+santa+ceia+leonardo+da+vinci&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiDs-LDj5HpAhVqHbkGHeyeCVEQ_AUoAXoECBcQAw&biw=1242&bih=597#imgrc=IZGKl1JQm0JjFM
5
A Última Ceia
Leornardo da Vinci – 1498 (Renascentista)
Tintoretto – 1594 (Maneirista)
Com o maneirismo, o homem já não é a principal
medida do universo. Uma maneira nova de ver o mundo. 
Luz e sombras. Multidões em espaços reduzidos. Não há mais um protagonista no centro da perspectiva. 
Indica o que viria a ser a presença Barroca no imaginário ocidental.
Maneirismo
Em poesia, o Maneirismo se traduz em constantes vaivens de ideias conflitantes, envolvendo, principalmente, o choque entre a materialidade e a espiritualidade.
Imagens que sugerem espaços oníricos.
Visão crítica do mundo, pessimismo e desejo de liberdade 
Aspectos da lírica camoniana
A lírica camoniana está reunida sob o título “Rimas”;
Sua produção lírica foi publicada pela primeira vez por Estevão Lopes, em duas partes, ambas intituladas “Rimas”. A primeira em 1595 e a segunda em 1598.
Abrange canções, odes, églógas, elegias, oitavas, sextinas, redondilhas e sonetos.
Além dessa obra, há uma série de poemas chamados “apócrifos”, que supostamente seriam de autoria de Camões.
No conjunto da obra convivem aspectos da tradição medieval, traços tipicamente renascentistas e marcas que atestam a consciência do poeta acerca das turbulências sociais, políticas e econômicas que desestabilizavam a visão ordenada do Renascimento.
Antônio Salgado Júnior divide a poesia camoniana em 3 grupos:
1- Caráter leve, graciosas, tendem à musicalidade e certa despreocupação com questões polêmicas e existenciais. Correspondem a esse grupo a maior parte das redondilhas maiores e menores;
2- temática amorosa, geralmente poemas com versos decassílabos, nos quais a visão do amor é conflituosa, mas cercada por “teorias” que suavizam e explicam o impacto do sofrimento amoroso;
3- as poesias de caráter conflituoso denso, resultante da falta de perspectivas para um desenlace claro das oposições entre a teoria e a prática do amor.
Massaud Moisés – ótica formalista: divide a obra camoniana em duas, a de contornos medievais e a de forma clássica. Ele propõe as categorias:
lirismo tradicional 
lirismo clássico
lirismo amoroso e
Poesia de reflexão
Lirismo Tradicional
Moisés entende que a poesia camoniana dialoga com a tradição popular medieval portuguesa.
Destaca a ternura, a simplicidade e o lirismo cotidiano.
A tradição trovadoresca destacava, entre outras, temáticas amorosas, impregnadas do código da cavalaria (amor cortês), imagem idealizada da mulher, diálogo com a natureza e certa dramaticidade.
90
Voltas a mote alheio
Verdes são as hortas
Com rosas e flores;
Moças que as regam
Matam-me d’amores.
Entre estes penedos
Que daqui parecem,
Verdes ervas crê[s]cem,
Altos arvoredos.
Vai destes rochedos
Água com que as flores
Doutras são regadas
Que matam d’amores.
Coa água que cai
Daquela espessura,
Outra se mistura
Que dos olhos sai:
Toda junta vai
Regar brancas flores,
Onde há outros olhos
Que matam de amores.
Celestes jardins,
As flores, estrelas,
Horteloas delas
São uns serafins.
Rosas e jasmins
De diversas cores;
Anjos que as regam
Matam-me d’amores.
Lirismo Clássico
Postura racionalista, que busca, através de procedimentos líricos carregados do espírito analítico renascentista, explicações para questões como o “eu”, a “pátria”, a “mulher”. Nesses poemas, a experiência individual é substituída por uma voz de valor universal, ou seja, que constrói um “eu” que representa questionamentos coletivos.
Constatação de que somente na morte ou através dela é que se chega à vivência plena da experiência amorosa.
Desejo da voz lírica de que seja permitido aos mortos ter acesso à memória do que foi vivido.
ABC feito em motes
Ana quisestes que fosse
O vosso nome da pia,
Pera mor minha agonia.
Apeles, se fora vivo
E a ver-vos alcançara,
Por vós retratos tirara.
Aquiles morreu no templo,
Contemplando de giolhos;
Eu, quando vejo esses olhos.
Artemisa sepultou
A seu irmão e marido;
Vós a mi[m] e a meu sentido.
Lirismo Amoroso
Ao falar da mulher, mostra agilidade com o verso
Recursos das cantigas de amor medievais, com as quais Camões dialoga: uma voz masculina canta seu sentimento amoroso, fornecendo detalhes a partir de comparações com elementos da natureza. As mulheres são geralmente inacessíveis e daí se origina o drama lírico.
Camões capta imagens da tradição medieval, mas despindo da dramaticidade exagerada e compõe um cenário bucólico em que o diálogo com a natureza, mais que uma forma de lamento, é um modo estético de desenhar o lirismo amoroso.
O “morrer de amor”, típico do trovadorismo, perde em Camões o grau de subjetividade impregnado nas canções medievais para receber uma aparência mais lírica. É mais visível na poesia de Camões o trabalho estético com a palavra.
Musas de Camões
-Isabel de Tavares, o amor da mocidade. Representa o amor platônico e ingênuo;
-Natércia, o amor da corte, disfarçada em nomes e pronomes de tratamento. Situa a experiência amorosa no plano mais carnal. Natércia pode ser codinome para Catarina de Ataíde ou Francisca de Aragão;
-A infanta D. Maria, filha do rei D. Manuel, o amor ousado. Representa o amor inatingível;
-Nise, o amor exótico, vivido na Índia;
-Dinamene, o amor cúmplice;
- Bárbara, a musa negra.
Poesia de Reflexão
Nesse grupo de poesias, o poeta contempla a vida em seus aspectos materiais e abstratos, e revolve temas complexos, como os mistérios da Providência Divina diante das injustiças do mundo e a interferência do tempo nos destinos humanos. 
Maneirismo.
Épica - poema Os Lusíadas
Com Os Lusíadas, Camões pretendia um valor épico capaz de superar a tradição a qual a própria obra se vinculava. Na composição desse poema, ele deixou de seguir integralmente a estrutura épica reconhecida por Aristóteles a partir da observação das obras gregas (Ilíada e Odisséia, de Homero; Os cantos Cíprios, de Estasino de Chipre; e Pequena Ilíada, de Lesqueos de Lesbos).
Epopéia
Os planos histórico e maravilhoso, integrados através da ação heróica representam, respectivamente, as dimensões real e mítica (e sua fusão) inerentes à experiência humano-existencial que motiva a criação poemática.
Os Lusíadas serviu como modelo para a caracterização do modelo épico renascentista. A obra traz em si uma síntese das evoluções que a epopéiasofreu desde a Idade Média.
A principal alteração do modelo clássico para o renascentista está relacionada à participação do narrador no mundo narrado. 
No modelo renascentista, a participação do narrador é direta e indireta. Indireta porque inclui no corpo do poema comentários pessoais, que são os excursos do poeta. Direta pela elaboração da matéria épica, através da criação dos episódios líricos.
Os Lusíadas
Considerado a maior obra do Renascimento Português.
Publicado em 1572, o longo poema é dividido em 10 cantos.
Canta a pátria, a história de Portugal. A expansão marítima é pretexto para que toda história de Portugal seja cantada.
Mostra certa incapacidade do Português em se identificar com a cultura do outro (preocupação de Camões em dizer a verdade).
As primeiras linhas do poema anunciam o percurso das grandes navegações e o rumo que o poema épico irá tomar.
Os versos dedicam-se a homenagear o povo português, aqueles que superaram perigos e guerras para fazer avançar o Império e a fé.
São 1102 estrofes, cada uma com 8 versos, todos decassílabos heroicos.
A narrativa começa em media res, no meio da viagem de Vasco da Gama. A história de Portugal é então contada cronologicamente por Vasco da Gama.
Canto I 
As armas e os Barões assinalados 
Que da Ocidental praia Lusitana 
Por mares nunca de antes navegados 
Passaram ainda além da Taprobana, 
Em perigos e guerras esforçados 
Mais do que prometia a força humana, 
E entre gente remota edificaram 
Novo Reino, que tanto sublimaram; 
E também as memórias gloriosas 
Daqueles Reis que foram dilatando 
A Fé, o Império, e as terras viciosas 
De África e de Ásia andaram devastando, 
E aqueles que por obras valorosos 
Se vão da lei da Morte libertando, 
Cantando espalharei por toda parte, 
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
A viagem à Índia é metonímia de todas as navegações portuguesas.
O herói guerreiro é protegido por determinados deuses e perseguido por outros até que, graças a sua valentia, coragem e persistência, supera as armadilhas e consegue chegar à terra distante, onde funda o novo reino.
O principal inimigo dos portugueses, no poema, é Baco, responsável por todas as ciladas.
O episódio do Velho do Restelho
Embora Os Lusíadas seja um elogio às grandes navegações, há um episódio, no canto IV, que se apresenta como a contra voz dentro do poema.
O velho do Restelho é aquele que questiona e discorda da partida das naus.
Ele representa aqueles que ficam para trás após a partida dos homens para a grande empreitada.
Canto IV – Episódio O Velho do Restelo (oitavas: 90 a 104)  
90 
"Qual vai dizendo: —" Ó filho, a quem eu tinha
Só para refrigério, e doce amparo
Desta cansada já velhice minha,
Que em choro acabará, penoso e amaro,
Por que me deixas, mísera e mesquinha?
Por que de mim te vás, ó filho caro,
A fazer o funéreo enterramento,
Onde sejas de peixes mantimento!" —
Fonte: https://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/os_lusiadas_o_velho_do_restelo
O episódio da ilha dos amores
Outra condição dentro do poema, por fazer alusão ao amor carnal. No canto IX, surge um lugar místico no meio da rota, onde os guerreiros vão repousar, rodeados de amantes.
Nesta frescura tal desembarcaram Já das naus os segundos argonautas, Onde pela floresta se deixavam Andar as belas deusas, como incautas Algüas doces cítaras tocavam, Algüas harpas e sonoras flautas; Outras, cos arcos de ouro, se fingiam Seguir os animais que não seguiam.
(...)
Duma os cabelos de ouro o vento leva Correndo, e de outra as flaldas delicadas. Acende-se o desejo, que se cava Nas alvas carnes, súbito mostradas.
Fonte: https://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/os_lusiadas_a_ilha_dos_amores
Referências
CAMÕES, Luís de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963.
HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1998
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1962.
_______________. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, s/a.
PIRES-DE-MELLO, José Geraldo. Teoria do ritmo poético. São Paulo: Ed. Riddel; Brasília: UniCEUB, 2001.
SARAIVA, Antônio José; LOPES, Óscar. História da literatura portuguesa. 14 ed. Porto: Porto Editora Lda., s/a .
SARAIVA, José Hermano. História concisa de Portugal. Mem-Martins: Publicções Europa-América, 1988.
SENA, Jorge de. A estrutura de “Os Lusíadas” e outros estudos camonianos e de poesia peninsular do século XVI. Lisboa: Edições 70, 1980.
SILVA, Anazildo Vasconcelos da; RAMALHO, Christina. História da epopéia brasileira. Vol. 1 Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

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