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17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 1/15 A atividade empresarial, no Brasil, tem uma carga tributária bastante elevada e complexa, variando, também, de Estado para Estado. Sendo assim, é importante o conhecimento dos tributos que devem ser recolhidos em cada atividade desenvolvida e o seu correto recolhimento para evitar problemas com penalidades que possam onerar ainda mais o orçamento da empresa. Essa noção de importância do correto recolhimento dos tributos pela empresa está dentro do ideal do compliance tributário. Sendo assim, para se alcançar uma boa gestão tributária, é importante re�etir sobre princípios que norteiam a matéria, bem como a atividade empresarial. Para direcionamento do estudo, seguiremos o seguinte roteiro: destacar princípios relevantes do direito tributário para resolução do caso proposto; re�etir sobre o conceito de compliance tributário; analisar a função social e o papel da empresa na atualidade; conhecer os tributos e possíveis penalidades; entender a necessidade da gestão de tributos. Bons estudos! Introdução Gestão de Tributos Empresarial Roteiro deRoteiro de EstudosEstudos Autor: Dra. Queila Rocha Carmona dos Santos Revisor: Me. Hamilton José Moura 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 2/15 Entende-se que a gestão de tributos empresarial consiste em estar de acordo com a legislação tributária, cumprir as leis e regulamentos, em prol da redução de riscos relacionados à má gestão dos tributos que podem ter como consequências penalidades diversas. Os tributos podem ser federais, estaduais e municipais ou distritais; dessa forma, no tocante à empresa, importa que ela tenha um setor especializado para cuidar da parte tributária, a �m de promover uma boa gestão a partir do conhecimento dos tributos. Nessa linha, pergunta-se: qual a importância da gestão tributária no âmbito da empresa? Trata-se mesmo de matéria essencial para um andamento econômico otimizado? Inicialmente, é possível responder esses questionamentos com base no princípio constitucional da legalidade que estabelece que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei, portanto, a gestão tributária representa o cumprimento das normas jurídicas de maneira adequada, com intuito de mitigar prejuízos decorrentes do seu não implemento. Princípios do Direito Tributário Os princípios são basilares para qualquer ciência. São eles que promovem a sustentação e harmonia do ordenamento jurídico, partindo dos princípios constitucionais. Pode-se a�rmar que existem princípios gerais e princípios setoriais. No tocante aos princípios gerais, cabe mencionar o princípio da legalidade previsto no artigo 5º, inciso 2º, da Constituição Federal; de outra parte, princípios setoriais podem ser entendidos como aqueles ligados à determinada matéria, como os princípios de direito tributário. Nesse sentido, convém adiante destacar determinados princípios que são de essencial conhecimento para resolução do caso proposto. Legalidade e Tributação O princípio da legalidade, conforme já mencionado, está previsto na Constituição Federal e é norteador de todo ordenamento jurídico, vinculando as ações à obediência à lei. Dessa maneira, Carrazza (2012) sustenta que: O princípio da legalidade é uma das mais importantes colunas sobre as quais se assenta o edifício do direito tributário. A raiz de todo ato administrativo tributário deve encontrar-se numa norma legal, nos termos expressos do art. 5º, II, da Constituição da República. (CARRAZZA, 2012, p. 272). Desse dispositivo constitucional, já é possível deduzir, de modo geral, que ninguém será obrigado a pagar tributos não previstos em lei. Entretanto, ainda, a Constituição Federal expressa, de maneira clara, esta ideia no art. 150, I, com a seguinte redação: “Sem prejuízo de 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 3/15 outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça” (BRASIL, 1988, on-line). Consoante à leitura desse dispositivo, resta claro que somente a lei pode estabelecer, tipi�car e de�nir os tributos. Sem lei não tem validade qualquer regulamento, portaria, atos administrativos ou normativos infralegais criadores de ônus ou encargos aos contribuintes. Portanto, o princípio da legalidade no campo tributário sustenta a noção de que toda incidência tributária, necessariamente, deve estar ligada a um fato previsto em lei. Princípio da Anterioridade O princípio da anterioridade está consubstanciado no artigo 150, inciso 3º, da Constituição Federal e estabelece que: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício �nanceiro em que haja sido publicada a lei que os LIVRO Planejamento Tributário na Prática - Gestão Tributária Aplicada Autor: Francisco Coutinho Chaves Editora: Atlas Ano: 2017 Comentário: para aprofundar o entendimento sobre o princípio da legalidade, importante se faz a leitura desta obra. Disponível em nossa Biblioteca Virtual da Laureate 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 4/15 instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b (BRASIL, 1988, on-line). Por meio desse princípio, pode-se entender que é necessária uma anterioridade legal para se aumentar ou instituir algum tributo. Desse modo, para que o tributo seja cobrado, necessário se faz uma lei anterior, bem como o respeito dos lapsos temporais conforme expressa previsão constitucional. Essa anterioridade tem particularidades, pois, de modo geral, os tributos não podem ser cobrados no mesmo ano em que a lei que os criou ou os majorou foi publicada, ou seja, só pode ser cobrado, a partir de 1º de janeiro do ano seguinte, sendo que, além desta exigência, também deve se respeitar um prazo de noventa dias da publicação da lei para cobrança do referido tributo. Ainda que a lei que aumente ou crie um tributo seja publicada no último dia de dezembro, será necessário atender à exigência de vacância de 90 dias para que a lei passe a vigorar. Logo, a lei só terá vigência após 90 dias de sua publicação. Entretanto, vale ressaltar que este princípio limitador comporta algumas exceções, de maneira que nem todos os tributos estão sujeitos à anterioridade, consoante previsão do parágrafo 1º, do art. 5º, da CF que estabelece que: A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à �xação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I (BRASIL, 1988, on-line). Sendo assim, é elementar a leitura atenta das exceções previstas na Constituição Federal ao princípio da anterioridade. Princípio da Vedação do Con�sco O princípio da vedação do con�sco está previsto no art. 150, 4º, da Constituição Federal e proíbe “à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de con�sco” (BRASIL, 1988, on-line). Em linhas gerais, “o dispositivo constitucional pode ser invocado sempre que o contribuinte entender que o tributo, no caso, lhe está con�scando os bens”. (MACHADO, 2009, p. 42). Esse princípio serve para controlar a cobrança de tributos, a �m de que não sejam abusivas e nocivas ao patrimônio do contribuinte.É importante destacar que a vedação do con�sco está relacionada ao tributo e não à penalidade pecuniária, ou seja, à multa. Haja vista que tributos e multas possuem natureza 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 5/15 diversa, logo, são essencialmente diferentes. No caso das penalidades, deve haver um juízo de proporcionalidade para se avaliar a dimensão do ilícito e a sanção aplicada. Princípio da Liberdade de Tráfego Ainda, é importante mencionar o princípio da liberdade de tráfego, previsto na Constituição Federal, art. 150, 5º, que veda aos entes federativos “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público” (BRASIL, 1988, on-line). Desse modo, é expressamente proibida a criação de tributos interestaduais ou intermunicipais, a �m de limitar a circulação de pessoas ou bens. Contudo, [...] essa regra não impede a cobrança de impostos sobre a circulação em operações interestaduais ou intermunicipais. O que ela proíbe é a instituição de tributo em cuja hipótese de incidência seja elemento essencial a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal (MACHADO, 2009, p. 43). Portanto, o princípio da liberdade de tráfego veda a criação de tributos que recaiam, especi�camente, sobre a movimentação de pessoas ou bens entre fronteiras. LIVRO Direito Tributário Autor: Luís Eduardo Schoueri Editora: Saraiva Ano: 2019 Comentário: para aprofundar no entendimento sobre os princípios de direito tributário, importante se faz a leitura desta obra. Disponível em nossa Biblioteca Virtual da Laureate. 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 6/15 Com base nesses princípios constitucionais setoriais, haja vista que voltados à regulação tributária dos entes da federação, cabe adiante re�etir sobre o compliance tributário. Compliance Tributário A palavra compliance vem da palavra inglesa comply, que signi�ca estar de acordo. A procura das empresas por estar de acordo com os padrões de legalidade vem aumentando gradativamente, mormente com os escândalos políticos que denunciaram muita corrupção em diversos níveis, isto é, em entidades públicas e privadas que acabou por resultar em uma busca maior pela ética e transparência. (WHITEPAPER, on-line). Oliveira (2008) enfatiza que os modelos mais clássicos da literatura sobre responsabilidade da empresa ultrapassam a econômica de gerar e maximizar os lucros, pois incluem questões legais, sociais, ambientais e éticas relacionadas aos diversos stakeholders (partes interessadas) que geram in�uência na atuação da empresa. Pode-se considerar que as preocupações econômicas giram em torno do lucro, produção, mercado, pagamento de tributos. Sendo que, a partir de um horizonte mais aberto, tais preocupações passariam também pelas leis, empregados, sociedade, boa imagem, dentre outras. Desse modo, a empresa passa a ser contemplada por uma visão mais ampla, que abrange a ótica do Estado, empresários, empregados, comunidade internacional, localidade, ou seja, que abrange interesses de outros atores sociais, além dos envolvidos no ciclo econômico do mercado. Essa lógica de abertura se dá por meio da funcionalização do direito que direciona a atividade empresarial para o cumprimento das suas funções social e solidária, baseadas nos valores predominantes atualmente na sociedade e no ordenamento jurídico. Vale dizer que o compliance busca minimizar os diversos riscos inerentes à atividade empresarial. Sendo assim, destaca-se pesquisa realizada pela KPMG com 250 empresas que demonstrou, por meio dos participantes, que os riscos mais relevantes, em 72%, são relacionados às áreas trabalhista, previdenciária e tributária. Contudo, apenas 58% das empresas a�rmaram possuir mecanismos de gestão de risco de compliance; enquanto 42% a�rmaram não conhecer tais mecanismos (WHITEPAPER, on-line). Consideram-se os principais pilares de uma empresa os departamentos tributário, comércio exterior e jurídico, esse, especialmente, por manter o compliance da companhia. As frequentes mudanças das leis e o aprimoramento tecnológico do Fisco com cruzamentos de dados são fatores determinantes para que o setor tributário da empresa se modernize (WHITEPAPER, on- line). 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 7/15 Uma mudança de postura da empresa, sobretudo, no âmbito tributário faz com que preventivamente se evitem prejuízos decorrentes de erros ou incongruências pela falta de conhecimento técnico e jurídico, bem como pode proporcionar uma percepção sobre novas oportunidades não exploradas. A atenção às particularidades dos tributos é fundamental para a segurança, e�ciência e melhoria contínua do �uxo de caixa da empresa, acompanhando as esferas federal, estadual e municipal, e os impostos indiretos (WHITEPAPER, on-line). Diante de tais considerações sobre compliance, convém doravante considerar a função social da empresa para �ns de compreender a importância de proteger e preservar as atividades empresariais com uma melhor gestão de seus recursos. Função Social da Empresa e seu Papel na Atualidade O pensamento sobre função social remete à ideia de poder da empresa, pois com a transformação da empresa em uma entidade de poder hegemônico, sua importância, em LIVRO Planejamento Tributário na Prática - Gestão Tributária Aplicada Autor: Francisco Coutinho CHAVES Editora: Atlas Ano: 2017 Comentário: para ampliar a noção de gestão de tributos, é importante a leitura dessa obra. Disponível em nossa Biblioteca Virtual da Laureate. 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 8/15 alguns casos, ultrapassou a dos próprios Estados soberanos. Assim sendo, tornou-se imprescindível que parte desse poder fosse voltado para a defesa da sociedade, com a consequente ampliação da mera responsabilidade econômica para a social. A responsabilidade econômica da empresa, em suma, ampara apenas as �guras envolvidas no ciclo do mercado, de outro modo, a responsabilidade social abrange diversos outros interesses que gravitam ao redor da empresa, inclusive dos excluídos do ciclo econômico. Nalini (2011, p. 297) considera que, em razão de ter “sobrevivido às intempéries, a instituição que pode ser considerada vencedora no século XXI é a empresa. Enquanto o Estado se encontra às voltas com a perda da soberania, conceito cada vez mais relativizado, a empresa integra um sistema competente”. Nesse sentido, De Lucca (2009) esclarece que: cumprir uma função social implica assumir a plenitude da chamada responsabilidade social, vale dizer, a consciência de que todos nós temos, em maior ou menor grau – como cidadãos, em geral, ou como empresários, em particular –, o indeclinável dever ético de pôr em prática as políticas sociais tendentes a melhorar as condições e a qualidade de vida de todos os nossos semelhantes. A responsabilidade da empresa na atualidade, portanto, não se resume na obtenção de lucros, pois, ao seu redor, formam-se diversas e complexas relações, que podem ser exempli�cadas a partir das relações com os empregados, prestadores de serviços, meio ambiente, futuras gerações, consumidores, comunidade, governo, tributação, outras empresas etc. Com base na ordem jurídica vigente, é importante mencionar que o texto constitucional, além de estabelecer como princípio basilar da atividade econômica – a função social da propriedade – prevê como objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; o desenvolvimento nacional; a redução das desigualdades sociais e regionais; e a promoção do bem de todos. A Constituição Federal de 1988, a partir do princípio da função social, previstono art. 170, confere ao direito de propriedade, que outrora era exercido com liberdade, um caráter social que inclui a coletividade como o cerne da proteção em detrimento da vontade individual. Essa função social constitucional da propriedade atinge a atuação da empresa que, por meio de suas atividades, deve colocar em prática ações que promovam o desenvolvimento, re�etindo na redução das desigualdades sociais e regionais com o �m de proporcionar melhor qualidade de vida para a sociedade. Nessa linha, é possível compreender a importância do papel da empresa na atualidade. Sendo assim, independentemente do porte da empresa, esta deve ser preservada em benefício de sua função social e o que ela representa para a sociedade. Tendo em vista isso, analisaremos os tributos que devem ser recolhidos por empresa de importação e comercialização de produtos e a conceituação de penalidade para entendimento e resolução do caso em comento. 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 9/15 Tributos em Espécie e Penalidades Tributos - de acordo com o caso proposto, veremos os cinco tributos cobrados na importação empresarial de produtos para comercialização. Entretanto, inicialmente, é importante expor o conceito de tributo e suas respectivas espécies. Consoante o art. 3º, do Código Tributário Nacional “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, on-line). Tributo, portanto, consiste em pagamento obrigatório de quantia, não concernente a qualquer tipo de sanção de ato ilícito, previsto por lei e cobrado pela administração por meio de ato vinculado. Ainda, conforme o CTN, art. 5º “Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria” (BRASIL, 1966, on-line). Logo, decorrem da palavra tributo as espécies: impostos, taxas e contribuições de melhoria. LIVRO Direito Empresarial Brasileiro: empresa e atuação empresarial Autor: Gladston Mamede Editora: Atlas Ano: 2018 Comentários: para ampliar o conhecimento sobre empresa e atuação empresarial, é importante a leitura dessa obra. Disponível em nossa Biblioteca Virtual da Laureate. 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 10/15 No tocante à atividade de importação formal, são cobrados os seguintes tributos: Imposto de importação (II); Imposto de produto industrializado (IPI); Programa de Integração social (PIS); Contribuição para �ns sociais (COFINS); Imposto sobre circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS). a) Imposto de importação (II) - é de competência da União Federal, haja vista que se trata de imposto com implicações no relacionamento do País com o exterior. Sua função é predominantemente extra�scal, ou seja, trata-se de instrumento de proteção da indústria nacional (MACHADO, 2009). O fato gerador desse imposto está previsto no art. 19 do CTN: “O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional” (BRASIL, 1966, on-line). Portanto, a entrada de produtos estrangeiros no território nacional é o fato gerador do imposto de importação. b) Imposto de produto industrializado (IPI) - também é de competência da União Federal, previsto nos artigos 153, IV da CF e 46 do CTN. Entende-se que se trata de imposto, cuja função é �scal, não obstante ser ele um imposto seletivo em função da essencialidade dos produtos, ou seja, quanto mais supér�uo o produto, mais alta sua alíquota, por exemplo: cigarros, bebidas, perfumes etc. (MACHADO, 2009). Seu fato gerador está previsto no artigo 46 do CTN, conforme adiante: O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modi�que a natureza ou a �nalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo (BRASIL, 1966, on- line). Pela leitura do artigo, veri�ca-se que produto industrializado é aquele que sofreu alguma operação que lhe modi�que a natureza ou a �nalidade, aperfeiçoando-lhe para o consumo, cujo fato gerador, em linhas gerais, ocorre com o desembaraço aduaneiro, saída de estabelecimentos no termos do inciso II do referido artigo ou na arrematação do produto. c) Programa de Integração social (PIS) - trata-se de uma contribuição com �ns sociais que incide também sobre mercadorias produzidas aqui no Brasil. Esse tributo ajuda a �nanciar o pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial. Consoante previsão do art. 239 da CF: 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 11/15 A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970 , e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970 , passa, a partir da promulgação desta Constituição, a �nanciar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo (BRASIL, 1988, on-line). Assim, consiste em tributo, cuja natureza jurídica é de contribuição social para �nanciamento da seguridade social. d) Contribuição para �ns sociais (COFINS) - do mesmo modo, esse tributo também é voltado para �ns sociais na forma de contribuição. Tem como �nalidade �nanciar a previdência social, assistência social e saúde pública no país. Nesses termos, o art. 195, 4º, da CF estabelece que: A seguridade social será �nanciada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (BRASIL, 1988, on-line). Por meio desse artigo da Constituição Federal, veri�ca-se que o importador de bens ou serviços do exterior recolhe a contribuição para �ns sociais. e) Imposto sobre circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) - é de competência dos Estados e do Distrito Federal, cuja alíquota varia de Estado para Estado da federação. É competente para cobrança do ICMS o Estado em que se veri�ca a sua hipótese de incidência. No caso de mercadoria importada, compete cobrar o ICMS o Estado em que está situado o estabelecimento importador; não propriamente aquele em que a mercadoria entra no país (MACHADO, 2009). O ICMS tem função, principalmente, �scal. A Lei Complementar 87/96 estabelece, nos seguintes termos, que: Art. 1º Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior (BRASIL, 1996, on-line). 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 12/15 O artigo 1º deixa evidente a competência dos Estados e do Distrito Federal para cobrança do ICMS sobre a circulação de mercadorias e serviços, conforme previsão conferida pela norma. Na sequência, o artigo 2º detalha a incidência do ICMS, contudo, para �ns de destaque, importa transcrever apenas os três primeiros incisos,tidos como importantes para tratamento do tributo: Art. 2º I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; [...] (BRASIL, 1996, on-line). Por seu turno, o parágrafo 1º estabelece demais hipóteses de incidência, sendo que os incisos 1º e 2º versam, especi�camente, sobre mercadoria ou bem importado do exterior, bem como serviço prestado no exterior ou prestação de serviço iniciada no exterior, conforme adiante: § 1º O imposto incide também: I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua �nalidade; II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior (BRASIL, 1996, on-line). O inciso 3º inclui como hipótese de incidência a entrada, no Estado destinatário, de petróleo, lubri�cantes, combustíveis e energia elétrica, segundo a redação citada à frente: III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubri�cantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente (BRASIL, 1996, on-line). Pela leitura da legislação concernente ao ICMS, veri�ca-se, entre outras possibilidades, que esse imposto incide sobre a entrada de mercadoria ou bens importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua �nalidade. 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 13/15 Penalidades - a penalidade pecuniária pode ser entendida como a multa que decorre de um ilícito. Na hipótese de incidência da multa, é indispensável a ilicitude. A multa é, essencialmente, uma sanção de ato ilícito, sendo que não tem por �nalidade a produção de receita pública, mas sim desestimular o comportamento que con�gura sua hipótese de incidência, portanto, constitui receita extraordinária ou eventual (MACHADO, 2009). A multa para alcançar sua �nalidade deve con�gurar ônus consideravelmente pesado, a �m de que as condutas ensejadoras de sua cobrança sejam efetivamente desestimuladas. Gestão de Tributos Referente à gestão tributária no âmbito das empresas, pode-se inferir que essa gestão de impostos, contribuições e taxas podem ser otimizadas por meio da adoção de Compliance Tributário, que nada mais é do que estar de acordo com a legalidade. É necessário o comprometimento da empresa, para conhecer e administrar a carga tributária, elevando o nível de segurança, a �m de afastar ações ilícitas, não cumprimento de prazos e obrigações legais que podem ser hipóteses de incidência de penalidades severas que comprometam o orçamento da empresa. LIVRO Direito Tributário Autor: Luís Eduardo Schoueri Editora: Saraiva Ano: 2019 Comentário: para aprofundar o entendimento sobre competência e poder de tributar, importante se faz a leitura dessa obra. Disponível em nossa Biblioteca Virtual da Laureate. 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 14/15 Conclusão Com o exemplo do caso apresentado da empresa RDB de importação, é possível concluir que a gestão de tributos no âmbito empresarial é assunto de suma importância, pois o pagamento de tributos faz parte da responsabilidade econômica da empresa e pode comprometer o seu funcionamento com re�exos prejudiciais em sua função social. Desta feita, para adoção do compliance e melhoria da gestão dos tributos, faz-se necessário o conhecimento técnico e jurídico das especi�cidades tributárias concernentes à atividade exercida. Faz parte disso administrar os recolhimentos de maneira correta, conhecendo os impostos e contribuições devidos pela atividade, a �m de evitar ilicitudes que redundem na incidência de penalidades que comprometam os recursos �nanceiros da empresa. Nesse prisma, no campo do compliance, busca-se a valorização do papel da empresa no âmbito social, para que esforços sejam voltados em prol de sua proteção. Para isso, cumpre considerar os princípios jurídicos em relevo na sistemática tributária da empresa e exercer boa administração dos recursos, atentos à ética e legalidade. LIVRO Planejamento Tributário na Prática - Gestão Tributária Aplicada Autor: Francisco Coutinho CHAVES Editora: Atlas Ano: 2017 Comentários: para �ns de maior entendimento sobre a gestão de tributos, é importante a leitura dessa obra. Disponível em nossa Biblioteca Virtual da Laureate. 17/12/2019 Roteiro de Estudos https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 15/15 Referências Bibliográ�cas BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm. Acesso em: 21 nov. 2019. _______. Lei Complementar n° 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências. Diário O�cial da União, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm. Acesso em: 20 nov. 2019. _______. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Município. Diário O�cial da União. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 20 nov. 2019. CARRAZZA, R. A. Curso de Direito Constitucional Tributário. 28. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2012. DE LUCCA, N. Da ética geral à ética empresarial. São Paulo: Quartier Latin, 2009. JESUS, I. B. de; JESUS, F. B. de; JESUS, R. B. de. Manual de Direito e Processo Tributário. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. MACHADO, H. de B. Curso de Direito Tributário. 30. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. NALINI, J. R. Ética geral e pro�ssional. 8. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. OLIVEIRA, J. A.o P. de. Empresas na sociedade: sustentabilidade e responsabilidade social. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. WHITEPAPER. Por que o compliance é um dos maiores desa�os da última década para as empresas? Thomson Reuters. Disponível em: https://www.thomsonreuters.com.br/content/dam/openweb/documents/pdf/Brazil/white- paper/white-paper-compliance-v�nal-20180810.pdf. Acesso em: 20 nov. 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm https://www.thomsonreuters.com.br/content/dam/openweb/documents/pdf/Brazil/white-paper/white-paper-compliance-vfinal-20180810.pdf
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