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Introdução à Filosofia: Do Mito à Sabedoria

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2020 - 2022
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
1. Do Mito à Filosofia
Conheça as origens da filosofia.
Esta subárea é composta pela apostila:
3www.biologiatotal.com.br
DO MITO À FILOSOFIA
Os mitos são compostos por crenças e histórias antigas, transmitidas 
de geração em geração, que são aceitas por um determinado povo como 
explicação da origem do mundo e deles próprios.
CONCEITUANDO O MITO
Desde o momento em que os seres humanos desenvolveram a comunicação, seja 
através da fala ou através de desenhos na pedra, foram elaboradas explicações para a 
origem de tudo. Estas explicações, que passaremos a chamar de mito, eram histórias 
ocorridas em um tempo longínquo e que envolviam os deuses. Estas histórias não 
poderiam ser provadas pela experiência e eram fundadas em conjecturas.
Uma das maiores referências que possuímos para o conhecimento dos Mitos dos gregos 
antigos, é a obra Teogonia, escrita pelo poeta Hesíodo (séculos VIII-VII a.C). Nela, o autor 
expõe a origem dos deuses ao mesmo tempo em que descreve a formação do Universo.
Existe uma divisão entre a mitologia, a cosmogonia e a teogonia. A cosmogonia 
relata a ordenação do cosmo com base a composição de forças divinas, 
pretendendo justificar assim, a ordem do mundo em pressupostos sobrenaturais, 
ou seja, é o que tenta explicar as origens, como por exemplo: de onde viemos, do 
que tudo é formado. A teogonia é uma espécie de genealogia que narra os graus 
de parentesco entre deuses e as relações que estabelecem entre si, cumprindo, 
assim, a função de revelar a origem e a geração dos seres, ou seja, explica os 
fenômenos sociais a partir dos mitos e as relações entre os deuses.
Todos os povos antigos do mundo possuem os seus próprios mitos. E isto não é algo 
que tenha necessariamente desaparecido com o tempo, pois os mitos são transmitidos 
de geração em geração. O povo brasileiro, por exemplo, possui os seus próprios mitos 
de fundação, como é o caso da ideia da mistura das 3 raças, que seriam os portugueses, 
indígenas e africanos. 
Enquanto mito, esta ideia, que se refere a um tempo longínquo, cumpre a função de 
explicar a origem e singularidade da população do Brasil, mas ela não resiste à uma 
análise racional mais rigorosa. No entanto, ela faz parte de uma tradição, muitas vezes 
religiosa, pois é transmitida às novas gerações. E esta é uma outra característica do 
pensamento mitológico.
Guarde Isso!
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fia A FILOSOFIA ENTRA EM CENA
A Escola de Atenas, pintura de Rafael Sanzio. 
Apesar de algumas controvérsias, tradicionalmente afirma-se que a filosofia nasceu na 
Grécia com as reflexões dos filósofos pré-socráticos. Trataremos deles mais adiante 
em outra aula. O que precisamos entender agora é o que diferencia o mito da filosofia. 
Em primeiro lugar, a palavra filosofia significa amor à sabedoria. Ainda que não explique 
de fato o que significa a filosofia, nos ajuda a entender que o filósofo é alguém que 
se dedica a pensar sobre os fundamentos e a essência de todas as coisas. O filósofo 
não aceita passivamente o que vem da tradição, mas faz o seu próprio percurso de 
pensamento para chegar a novas conclusões.
Por este motivo, toda a história da filosofia no ocidente, é formada por indivíduos que 
iniciando como discípulos de algum grande filósofo, desenvolveram os seus próprios 
sistemas filosóficos. Sendo assim, a contestação faz parte da filosofia, e foi assim que 
surgiram as diferentes tendências dentro da filosofia.
E mais, a Filosofia não está calcada em simples conjecturas, mas em observações e 
análises racionais. Assim, existe na Filosofia um elemento de experiência e um elemento 
de racionalidade que são fundamentais ao próprio fazer filosófico. Ao longo da História, 
um ou outro será mais enfatizado dependendo do filósofo.
Tome Nota!
X
MITO:
Tradicional
Religioso
Antigo
Conjectura
FILOSOFIA:
Contestador
Racional
Inovador
Experiência
5www.biologiatotal.com.br
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fiaA IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA HOJE
Sem dúvida, a Filosofia é de extrema importância em qualquer sociedade. Principalmente 
na época em que vivemos, onde a aceita-se qualquer notícia repassada nas redes 
sociais, sem a devida análise e reflexão 
Se aceitarmos tudo o que nos é transmitido sem questionar ou se nos basearmos 
no “achismo” (conjecturas) para nos posicionarmos enquanto cidadãos, estaremos 
nos comportando como os humanos primitivos que viviam num mundo repleto de 
mitologias. 
A Filosofia enquanto atividade de pensamento, é tão importante que podemos afirmar, 
sem medo de estarmos exagerando, que a ciência deu os seus primeiros passos dentro 
da Filosofia. Um bom exemplo disso é que a principal obra de Isaac Newton, pai da 
Física moderna, chamava-se em português Princípios Matemáticos de Filosofia Natural. 
Evidentemente, a Filosofia e a Ciência estão em campos distintos atualmente. Mas até a 
Era Moderna não havia uma distinção clara entre as duas. Mas certamente, ainda hoje, 
a Filosofia está mais próxima da ciência do que do Mito.
ANOTAÇÕES
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Através dos cursos
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2020 - 2022
FILOSOFIA ANTIGA
1. Os Pré-Socráticos
2. Sócrates e os Sofistas
3. Platão
4. Aristóteles
5. Filosofia Helenística
Conheça os clássicos da idade antiga.
Esta subárea é composta pelas apostilas:
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OS PRÉ-SOCRÁTICOS
ORIGEM DO NOME PRÉ-SOCRÁTICOS
Convencionou-se chamar de pré-socráticos a todos os filósofos gregos anteriores a 
Sócrates. A época em que esses filósofos viveram foi entre os séculos VII e V a.C. Mas 
além do fato de terem vivido antes de Sócrates, podemos dizer que os filósofos pré-
socráticos possuíam características em comum. 
Basicamente, os pré-socráticos refletiam sobre o princípio originador do Universo. Este 
princípio, chamado de Arché, em grego, foi primeiramente teorizado por Tales de Mileto 
a partir das suas observações da própria natureza, chamada em grego de Physis. Esse 
conceito é conhecido como cosmologia, ou seja, o estudo do cosmo.
Além de Tales, que como sabemos, deu contribuições importantes a outros setores do 
conhecimento, como a Matemática, vide o Teorema de Tales, temos o conhecimento 
de muitos outros filósofos pré-socráticos e suas ideias. Vejamos abaixo os nomes de 
alguns deles:
 f Anaximandro de Mileto
 f Anaxímenes de Mileto
 f Xenófanes de Cólofon
 f Parmênides de Eléia
 f Heráclito de Éfeso
 f Demócrito de Abdera
 f Pitágoras de Samos
É interessante notarmos que estes filósofos nasceram em cidades que eram colônias 
gregas, ou seja, estavam fora do território original que conhecemos hoje como Grécia. 
Isso pode ter permitido a eles uma liberdade maior para se desapegarem das tradições, 
fora o contato com outras culturas. E como vimos anteriormente, a filosofia não combina 
com a tradição. 
Vamos conhecer agora algumas das ideias dos filósofos pré-socráticos que foram 
mencionados acima.
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os TALES DE MILETO
As informações que possuímos sobre Tales vêm através de outras pessoas, como o 
filósofo Aristóteles. Aliás, é através de Aristóteles que temos a informação de que Tales 
dizia que todas as coisas vêm da água, e que ele chegou à essa conclusão observando 
que no mundo os alimentos são úmidos
Através dessa simples descrição de Aristóteles, podemos comprovar que a Filosofia nasceu 
de fato da observação aliada à racionalidade, como foi mencionado em nossa aula anterior.
ANAXIMANDRO DE MILETO
Este filósofo era discípulo de Tales, e como seu mestre ele também buscou entender 
qual era a Arché de todas as coisas. Mas em vez de afirmar com Tales que este princípio 
era a água ou qualquer outro elemento da natureza, Anaximandro o denominou de 
Ápeiron, que significa “ilimitado”, sem princípio e sem fim. 
É interessante que esta noção é bastante próxima de alguns conceitos que foram 
posteriormente absorvidos pelas religiões monoteístas. Basta substituirmos Ápeironpor Deus e comprovaremos isso.
ANAXÍMENES DE MILETO
Mais um representante de Mileto, mas dessa vez discípulo de Anaximandro. E da mesma 
forma que Tales, Anaxímenes buscou na própria natureza o elemento originador de 
todas as coisas. O elemento escolhido por ele foi o ar. 
Segundo o filósofo, tanto a condensação quanto a rarefação do ar são o mecanismo pelo 
qual as coisas são originadas. Ao escolher o ar como Arché, Anaxímenes se colocou a 
meio termo entre a abstração do Ápeiron e a materialidade da Água. 
XENÓFANES DE CÓLOFON
As informações que temos a respeito das ideias de Xenófanes vão um pouco além das 
suas teorias sobre a Arché e a Physis. Especialmente em relação à ideia de deuses 
antropomórficos, Xenófanes foi bem crítico. 
Ele considerava que as pessoas criavam os deuses de acordo com a sua própria im-
agem e comportamento. Xenófanes foi um crítico ferrenho daquilo que chamou de 
comportamento luxurioso e imoral dos deuses da mitologia grega. Ele preferia dizer 
que “Tudo é o Um e o Um é Deus”.
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osPARMÊNIDES DE ELÉIA
Este filósofo possuía um pensamento bem destacado e é atribuído a ele a fundação da 
Ontologia (ciência do ser). É atribuído a Parmênides a célebre frase “O ser é e o não-ser 
não é”. Apesar da aparente simplicidade, as implicações da filosofia de Parmênides têm 
consequências interessantes.
Parmênides foi o primeiro filósofo a distinguir entre verdade (aletheia) e opinião 
(doxa). Ele acreditava na unidade e imobilidade do Ser (o Ser é), mas ao mesmo tempo 
considerava o mundo sensível, ou tudo o que muda, como uma ilusão (o não-ser não é). 
HERÁCLITO DE ÉFESO
O pensamento de Heráclito introduziu a noção de devir na filosofia. O devir é a ideia 
de que tudo flui, tudo é movimento. E mais do que isso, Heráclito acreditava que 
todo movimento se dava pelo conflito de forças opostas. Mais tarde, estas ideias irão 
influenciar aquilo que ficou conhecido na Era Contemporânea como Dialética.
DEMÓCRITO DE ABDERA
O filósofo Demócrito é considerado o pai da teoria atômica. É dele a ideia do átomo, que 
é uma partícula indivisível que compõe todas as coisas do Universo. Assim como os 
outros filósofos antes dele e depois, Demócrito teorizou sobre a Arché.
Mas para ele os átomos não estavam parados, mas sempre em movimento, colidindo 
uns com os outros e formando novos tipos de matérias. Dependendo do quanto os 
átomos estivessem unidos uns aos outros, a matéria poderia adquirir uma natureza 
sólida, gasosa ou líquida.
PITÁGORAS DE SAMOS
Finalmente, chegamos à Pitágoras, que foi um dos mais emblemáticos filósofos entre 
os Pré-Socráticos, fundador da Escola Pitagórica de Filosofia, que mais do que uma 
escola do pensamento, acabou se tornando um grupo místico e esotérico.
Para Pitágoras, a matemática explica o Universo e, por esse motivo, ele dizia que tudo 
vinha do Um. Outra ideia bem peculiar a Pitágoras é a metempsicose, também chamada 
de transmigração das almas. 
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ANOTAÇÕES
RELEVÂNCIA ATUAL DOS PRÉ-SOCRÁTICOS
O pensamento dos Pré-Socráticos continua relevante, mesmo após mais de 2.500 anos. 
Várias das suas reflexões e insights mostraram-se verdadeiros e lógicos. Tomemos 
como exemplo a teoria atomista de Demócrito, que é incrivelmente atual. 
Por outro lado, as ideias de Heráclito formam a espinha dorsal do pensamento de um 
dos filósofos mais importantes do século 19: Hegel. E não podemos esquecer Pitágoras, 
que pode ser considerado o ancestral de vários movimentos new age e sociedades 
secretas que existem hoje.
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SÓCRATES E OS SOFISTAS
Foi a partir de Sócrates que a filosofia ocidental tomou 
novos rumos. Como foi dito na aula anterior, nós 
costumamos dividir a história da filosofia no ocidente em 
antes e depois de Sócrates. Mas antes de explorarmos 
as ideias deste filósofo, vamos aprender um pouco mais 
sobre a vida dele.
QUEM FOI SÓCRATES?
Antes de mais nada, devemos ter em mente que Sócrates 
não deixou nenhum escrito. As informações que temos 
a respeito dele e das suas ideias vieram através de dois 
de seus discípulos Platão e Xenofonte, e através das 
peças teatrais de Aristófanes, que foi contemporâneo do 
filósofo. 
Assim, sabemos que Sócrates nasceu nas imediações de Atenas em torno do ano 
469 a.C. Seu pai era escultor e sua mãe uma parteira. A propósito, o ofício da mãe foi 
responsável por despertar em Sócrates a sua vocação para a filosofia. Conta-se que 
após testemunhar a mãe realizar um parto, Sócrates realizou que ele também tinha a 
missão de ajudar as pessoas a trazerem à luz as ideias que já estavam dentro delas. 
A MAIÊUTICA
Em consequência, o seu método de filosofar de Sócrates ficou conhecido pelo nome 
de maiêutica, que pode ser traduzido do grego como “parteira”. Assim, o filósofo ficou 
conhecido como “parteiro” das ideias, por dar luz a elas. Não se sabe ao certo qual a foi 
a sua profissão, o que se sabe é que Sócrates chegou a servir o exército de Atenas em 
várias batalhas, além de ter aprendido a profissão do pai.
A morte de Sócrates, em 399 a.C., foi resultado de um julgamento no qual foi condenado 
a morrer envenenado. Este caso foi relatado em detalhes no diálogo Apologia de 
Sócrates, escrito pelo seu discípulo Platão. 
Escrever em diálogos, foi a forma que Platão transmitiu as ideias do seu mestre Sócrates. 
Os diálogos condiziam perfeitamente com o método da maiêutica, onde através de 
uma série de perguntas e questionamentos Sócrates levava seu interlocutor a concluir 
que de fato nada sabia.
Busto de Sócrates
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s Por esse motivo uma das frases mais famosas atribuídas a Sócrates é a seguinte:
SÓ SEI QUE NADA SEI
E OS SOFISTAS?
Para simplificar, podemos dizer que os 
sofistas representavam tudo aquilo que 
Sócrates condenava no que diz respeito 
à educação e à busca do conhecimento. 
Para começar, os sofistas cobravam para 
ensinar, o que ia contra os princípios de 
Sócrates, pois não poderia vender algo 
que essa pessoa já possuía, neste caso, o 
conhecimento.
Mas afinal, o que de onde vieram 
os sofistas e o que eles faziam?
Os sofistas eram grupos de pessoas que, 
no período de Sócrates, iam de cidade em 
cidade realizando discursos públicos com 
o objetivo de atrair estudantes. Assim, eles 
ganhavam a vida ensinando sobre diversos assuntos em troca de remuneração. 
Aos nossos olhos não há nada de mal nisso, pois qualquer professor atualmente é 
remunerado para ensinar aquilo que sabe. Mas tudo o que sabemos sobre os sofistas nos 
foi legado pelos seus adversários, como Sócrates e Platão. E para eles, o conhecimento 
não era exatamente ensinado, e nem poderia ser cobrar. 
Outra crítica, essa um pouco mais profunda, é que os sofistas não estavam preocupados 
com a verdade nem com a essência das coisas. Eles lidariam somente com o aspecto 
externo delas. 
Dito de forma mais simples, os sofistas eram especializados na arte de fazer valer as 
suas ideias e opiniões através da construção de belos discursos. Por esse motivo, o 
estudo da escola sofística é interessante principalmente para aqueles que estudam a 
oratória e a retórica. 
Essa característica sofística - de não se interessar por chegar à Verdade última de todas 
as coisas - está exemplificada no célebre pensamento do sofista Protágoras:
O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS
Por esse motivo, os sofistas também foram muitas vezes acusados de relativismo, 
ou seja, acreditar na verdade como aquilo que eles percebiam como verdade, 
independentemente da opinião e conclusões obtidas por outros estudiosos da época. 
Busto de Protágoras de Abdera 
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So
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sE não é difícil chegarmos à essa conclusão, pois da mesma forma que os homens são 
variados, as ideias também são. 
Apesar das críticas de Sócrates e Platão, os sofistas são importantes no sentido de que 
as suas ideias se adaptam perfeitamenteao mundo globalizado e multicultural no qual 
vivemos. Uma das consequências de um pensamento como o de Platão, que considera 
existir uma Verdade última para todas as coisas, é desconsiderar a diversidade da 
experiência humana, o que pode levar a intolerâncias de toda espécie.
ANOTAÇÕES
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PLATÃO
QUEM FOI PLATÃO?
Platão foi um dos mais conhecidos discípulos de Sócrates, e responsável por desenvolver 
a filosofia socrática numa nova direção. O ateniense Platão viveu num período muito 
especial da história grega, entre 428 a.C. e 348 a.C. Sua vida coincide com a fase mais 
emblemática da democracia ateniense, logo após a morte de Péricles e pouco antes das 
conquistas de Alexandre, o Grande.
Não obstante, em sua filosofia Platão não mostra apreço nem pelos políticos da sua época 
e nem pela democracia. E isto apesar de ele pertencer a uma família que possuía ligações 
com políticos da época, como era o caso da sua mãe, uma descendente de Sólon. 
Antes de conhecer Sócrates, Platão já havia sido influenciado, ainda que indiretamente, 
pela filosofia dos pré-socráticos Parmênides de Eléia e Heráclito de Éfeso. Embora os 
dois esposassem pensamentos diametralmente opostos (o primeiro defende o imobilismo
e o segundo o fluxo), Platão tentou realizar uma síntese entre ambos mais tarde.
Estátua de Platão localizada em frente à Universidade de Atenas, Grécia.
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Daquele que foi considerado “o mais sábio e o mais justo dos homens”, Sócrates, Platão 
absorveu a sua preocupação em não aceitar as opiniões (doxa) ou as tradições. Assim, 
Platão interessava-se em buscar o fundamento da realidade. 
Após a condenação de Sócrates, Platão ficou ainda mais decepcionado com a política e 
viajou por várias cidades e colônias gregas (Magna Grécia). No sul da Itália teve contato 
com filósofos pitagóricos e com políticos locais. É nessa época que escreve seu clássico 
sobre política, A República. 
Ao mesmo tempo, Platão dedica-se a escrever os Diálogos Socráticos, que retratam o seu 
antigo mestre em discussões filosóficas sobre a virtude, o belo, a existência da alma etc. Em 
outros diálogos mais tardios, Platão coloca mais de si e discute temas como a Ética e a Política.
MUNDO SENSÍVEL E MUNDO INTELIGÍVEL
Talvez este seja um dos aspectos da filosofia platônica que mais chama a atenção. 
Estas ideias já se encontram plenamente desenvolvidas em sua obra A República, 
onde Platão descreve uma cidade ideal organizada a partir de princípios filosóficos e 
governada pelo chamado rei-filósofo.
Na República encontramos várias ideias radicais, apesar de fundamentadas racionalmente, 
das quais encontramos ecos nos sistemas totalitaristas de governo que surgiram milhares 
de anos após Platão - o fascismo e o comunismo. Mas o que nos interessa aqui nesse 
momento é compreender o que Platão entendia por mundo sensível e mundo inteligível, 
e como os dois estavam relacionados. Basicamente, o filósofo fornece dois exemplos, e 
utilizaremos aqui o mais conhecido de todos, que é a alegoria da caverna, que é descrita 
no Livro VII da sua obra A República. Observe a imagem abaixo que foi baseada nessa 
alegoria, também conhecida como mito da caverna.
Estátua de Parmênides. Pintura de Heráclito.
3www.biologiatotal.com.brwww.biologiatotal.com.br
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A imagem é meramente ilustrativa e foi levemente baseada no livro de Platão. 
Entretanto, podemos utilizá-la para demonstrar o que Platão entendia por mundo 
sensível e mundo inteligível. 
O homem que está sentado não faz ideia de que a sombra do pombo refletida na 
parede da caverna é somente uma sombra de um objeto real. O fato dele estar de 
costas e virado somente para a parede, o impede de ver que, na realidade, existe um 
outro homem atrás dele, que segura uma haste com um modelo de pomba na ponta.
Segundo Platão, o mundo no qual vivemos é esta caverna. E estamos presos a ele. Isso 
nos impede de compreendermos que tudo o que vemos e experimentamos com nossos 
sentidos, e daí vai o conceito mundo sensível, são na verdade sombras de um mundo 
real que pode ser atingido pelo pensamento, daí o conceito de mundo inteligível, que 
também é conhecido como mundo das ideias.
A partir disso, Platão formulou uma regra geral para diferenciar o verdadeiro conhecimento 
daquele que era falso. Isso ficou conhecido como Doxa (opinião) e Episteme (ciência). A 
doxa era como as sombras da caverna e, portanto, era um tipo de conhecimento imperfeito. 
Já a episteme era o verdadeiro conhecimento, que podemos chamar também de ciência.
Mundo Sensível Mundo Inteligível
Doxa
Conhecimento Imperfeito
Episteme
Conhecimento Perfeito
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ão Ainda de acordo com Platão, a alma humana traria impressa esse conhecimento a 
respeito do mundo das ideias. Seguindo esse raciocínio, o processo de conhecimento 
seria na realidade um processo de re-conhecer, ou recuperar a verdade. Esse processo 
é conhecido na filosofia como reminiscência ou anamnese. 
ÉTICA E POLÍTICA
Um outro aspecto muito importante do pensamento de Platão, são as suas ideias sobre 
Ética e Política. Evidentemente, tanto a visão ética quanto política do filósofo estava 
baseada na sua concepção de justiça.
Se para os sofistas, os quais Platão por várias vezes criticou em suas obras, a justiça 
era uma questão de conveniência, no pensamento platônico a justiça é a finalidade da 
vida, ou sob outra perspectiva, ela é o resumo de todas as virtudes.
Desta forma, a ética platônica é fundamentada na ideia de justiça. Além do mais, 
o filósofo acreditava que as virtudes podiam ser ensinadas. Ao longo de sua obra A 
República, ele propõe uma série de medidas que um Estado poderia tomar para que 
tivesse cidadãos virtuosos e, assim, o governo fosse fundamentado na ideia de justiça.
Surpreendentemente, em relação à educação, Platão ia na contramão da educação 
grega, na medida em que era contra os poetas e a obra de Homero. O que Platão 
reprovava, é que nas obras poéticas como as de Homero, existiam modelos de ação e 
conduta que eram reprováveis e poderiam influenciar negativamente na educação 
dos jovens, a exemplo dos deuses que eram ambíguos. Por outro lado, Platão apoiava 
que certos tipos de música fossem utilizadas na educação, pois poderiam incentivar a 
coragem e elevar a alma.
Voltando à maior das virtudes, Platão dizia que a justiça é dar a cada um o que lhe 
pertence/o que lhe é devido. E dentro desse pensamento, segundo se depreende da 
leitura de suas obras, não estava incluído a ideia de fazer mal para os inimigos, pois 
segundo o filósofo, fazer o mal nunca é compatível com a ideia de justiça.
Já em relação à política, Platão via as pessoas e o próprio Estado de forma tripartite. E 
cada parte da alma possuía relação com uma das principais ocupações na Pólis Ideal 
de Platão.
 
Divisões da Alma Divisões da Pólis
Alma Concupiscível
Alma Irascível
Alma Racional
Produtores
Guerreiros
Filósofos
5www.biologiatotal.com.brwww.biologiatotal.com.br
Pl
at
ãoEvidentemente, na República de Platão, 
os filósofos possuem uma posição de 
destaque. A eles caberiam os magistrados, 
que eram as funções executivas. O líder da 
Pólis ficou conhecido como o rei-filósofo,
pois Platão havia escrito que para uma 
sociedade desse tipo existir, “os filósofos 
deveriam se tornar reis, ou aqueles que 
são reis deveriam se tornar filósofos”. 
É importante ressaltar que na concepção 
platônica, o verdadeiro filósofo, além de 
amante da sabedoria e do conhecimento, 
é o único tipo de pessoa que tem acesso 
ao Mundo das Ideias, e também é uma 
pessoa que possui desapego em relação 
mundo sensível, sendo assim alguém que 
leva uma vida simples.
ANOTAÇÕES
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ARISTÓTELES
VIDA E OBRA
Discípulo de Platão e nascido em Estagira no ano de 384 a.C., Aristóteles foi juntamente 
com seu mestre, um dos filósofos mais importantes do mundo antigo. No entanto,a sua 
influência não se limitou ao mundo antigo, pois as suas ideias também influenciaram 
bastante a filosofia medieval.
Além disso, Aristóteles teve o privilégio de ser o preceptor de um dos maiores 
conquistadores do mundo antigo - Alexandre, o Grande. Ou talvez seja melhor dizer que 
Alexandre teve o privilégio de ter Aristóteles como seu preceptor. Coincidentemente, 
o filósofo faleceria um ano depois de Alexandre (322 a.C.) e, certamente Aristóteles 
deixou boa impressão sobre o jovem e futuro conquistador.
Assim como Platão, Aristóteles procurou achar uma solução para o fato de que apesar das 
transformações do devir, os seres permaneciam essencialmente os mesmos. Em outras 
palavras, era uma forma de tentar conciliar Parmênides de Eléia e Heráclito de Éfeso.
Estátua de Aristóteles.
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A
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tó
te
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s METAFÍSICA E EPISTEMOLOGIA
Segundo Aristóteles, a Metafísica era a filosofia primeira, ou seja, que não dependia de 
nenhuma outra, mas que servia para explicar várias outras partes da filosofia como um 
todo. Na realidade, a obra aristotélica que conhecemos como Metafísica, são na verdade 
vários tratados que foram reunidos por um dos seus discípulos sob este nome - Metafísica.
Tomando uma direção totalmente oposta à da filosofia platônica, Aristóteles era contra 
a existência de um mundo das ideias, onde estariam as essências das “coisas” do 
mundo sensível. Pelo contrário, Aristóteles dizia que a essência, ou ideia, das “coisas” 
se encontram nelas mesmas.
A isto, o filósofo chamou de hilemorfismo, que é a ideia de que toda substância (outro 
conceito aristotélico) é formada por matéria e forma. Resumindo, hilemorfismo = 
matéria + forma. Quanto à substância, essa é a maneira pela qual Aristóteles denomina 
o que normalmente chamamos de “coisas”. Porém, o filósofo não era simplista a esse 
ponto e explicou de forma detalhada o que era substância e com ela se dividia. 
Aristóteles distinguiu dois tipos de substância, a primeira e a segunda. E para facilitar 
nossa compreensão, podemos dizer que as substâncias primeiras correspondem ao que 
entendemos como espécie, ao passo que as segundas correspondem ao que entendemos 
como gênero. Isso pode ser entendido mais facilmente através do esquema abaixo:
 Substância Primeira: indivíduos;
 Substância Segunda: espécies e gêneros dos indivíduos;
 Espécies: conjunto de propriedades comuns entre alguns indivíduos;
 Gênero: conjunto de propriedades comuns entre algumas espécies.
Para utilizarmos um exemplo concreto digamos que:
Sócrates
 Indivíduo: Sócrates;
 Espécie: Homo Sapiens Sapiens;
 Gênero: Homo.
Além disso, Aristóteles reconhecia que os entes (as coisas das quais podemos afirmar 
algo) possuem 4 causas para sua existência:
 Causa Material: é aquilo de que a coisa é feita;
 Causa Formal: é a forma que a coisa possui;
3www.biologiatotal.com.brwww.biologiatotal.com.br
A
ris
tó
te
le
s Causa Eficiente: é a pessoa que fez a coisa;
 Causa Final: é a finalidade pela qual a coisa existe.
Mais uma vez, podemos ilustrar esse conceito, mas dessa vez com o desenho de uma casa:
 Causa Material: matéria que constitui um ente - tijolos;
 Causa Eficiente: quem ou o que produz um ente - construtor;
 Causa Formal: forma de um ente, o que ela é - casa;
 Causa Final: finalidade de um ente, para que ele existe - abrigo, moradia.
Mas Aristóteles não parou por aí. Ele ainda estabeleceu categorias e causas para 
compreender cada ente. À substância corresponde o sujeito, e às categorias correspondem 
os predicados. Já as categorias podem ser essenciais (no caso da substância primeira - os 
indivíduos) ou acidentais (no caso da substância segunda - gênero e espécie).
Quanto à conciliação das posições de Parmênides e Heráclito, Aristóteles desenvolve a 
teoria do ato e da potência. Ele dizia que o movimento não modifica a essência do ser 
e, ao mesmo tempo, o ser possuía o vir a ser (devir) em potência dentro dele. Um bom 
exemplo disso é a semente, que possui em si a potência da árvore.
ÉTICA E POLÍTICA
Assim como Platão, Aristóteles reconhecia a importância da virtude e que ela poderia ser 
adquirida pelas pessoas. Mas diferente do seu mestre, Aristóteles dizia que a prática constante 
de ações virtuosas faria com que o autor das ações adquirisse essas mesmas virtudes.
4
A
ris
tó
te
le
s Mas como saber se um ato era virtuoso ou não?
Aristóteles reconhecia que o problema estava nos excessos e nas faltas. Por isso, ele 
dizia que a virtude estava no equilíbrio, no meio termo, na chamada mediania.
Não obstante, o que caracteriza a Ética aristotélica acima de tudo, é a sua ênfase na 
busca do Sumo Bem, também chamado de felicidade.
Sim, Aristóteles dizia que todos os seres humanos agiam em função da busca da 
felicidade. Isto fica explícito em sua obra “Ética a Nicômaco”, onde ele desenvolve a 
sua filosofia ética. E a esta busca pela felicidade, o filósofo deu o nome de eudaimonía
(literalmente, o estado de ser habitado por um bom gênio).
Mas como atingir essa felicidade?
Aristóteles não deixou nada sem resposta. Segundo ele, essa felicidade suprema seria 
fruto de uma conduta moral elevada baseada na moderação, no meio-termo. E como 
foi dito antes, o filósofo dizia que esta virtude poderia ser praticada, da mesma forma 
que fazemos com exercícios físicos. Mas neste caso Aristóteles se referia ao exercício 
do intelecto, ou, segundo suas próprias palavras, a vida contemplativa.
E daí chegamos às suas ideias políticas. Diferente de Platão, o Estado era concebido 
por Aristóteles como uma família. Para o contexto da Grécia Antiga, isso significa muita 
coisa, pois a unidade familiar era responsabilidade do homem, que exercia seu poder 
sobre as mulheres, os filhos e as pessoas escravizadas a seu serviço.
Além disso, um dos dados mais importantes sobre a política em Aristóteles, é que ele 
considerava o ser humano um animal político (zoon politikon). Isto significa que os 
humanos são naturalmente sociáveis e estão destinados a viver em sociedade, além de 
serem racionais. Some-se a isso a tendência ética dos humanos de sempre buscarem 
a felicidade (Supremo Bem), e temos aí em resumo a concepção aristotélica de política.
ANOTAÇÕES
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LÓGICA FORMAL E INFORMAL
LÓGICA FORMAL
Você sabia que existe uma forma correta de se pensar? 
Não, não se trata de julgamento de conduta ou moralidade. 
Provavelmente você já ouviu alguém que falava, falava 
e no final não dizia nada. Refrescou a memória? Pois 
então, quando isso acontece é porque o raciocínio e, 
consequentemente, a fala da pessoa em questão, carece 
de lógica. Dito de forma bem simples, a lógica estuda as 
normas que regem o raciocínio correto. 
Apesar de Aristóteles ter sido o primeiro a sistematizá-la, muito tempo antes, o pré-
socrático Parmênides já havia criado um pensamento filosófico que é recheado de 
lógica, “o ser é, e o não ser não é”. Parece óbvio, e na verdade é para ser assim. Afinal, 
quando uma afirmativa ou questão é muito clara e não deixa dúvidas, costumamos 
dizer, “é lógico que sim”.
Princípios da Lógica
Para iniciarmos o nosso estudo, vamos aprender sobre os três princípios de lógica 
que foram derivados a partir do pensamento de Parmênides. Para que fique claro, 
Parmênides através do seu célebre aforismo (“o ser é, e o não ser não é”), afirmou em 
outras palavras, que nada pode ser e não ser ao mesmo tempo. Passemos então aos 
princípios da lógica:
 f Princípio de identidade: cada coisa tem uma identidade própria pela qual pode 
ser percebida, pensada e definida.
 f Princípio de não contradição: uma coisa não pode ao mesmo tempo, existir e 
ser pensada como o que é e como o contrário de si própria.
 f Princípio do terceiro excluído: uma coisa será “isso” ou o contrário “disso”, não 
havendo uma terceira possibilidade.
Lógica Aristotélica
Vamos agora nos aprofundar um pouco mais sobre a lógica clássica. Chamamos assim 
a lógica conforme sistematizada por Aristóteles em seus livros reunidos sobreo nome 
Organon. Como é de se esperar, esta obra possui muitas partes, e vamos ver algumas 
delas. 
2
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gi
ca Em primeiro lugar, as proposições expressam linguisticamente os juízos do pensamento. 
Isto quer dizer que, em Lógica, chamamos de proposição tudo o que se afirmar sobre 
algo. Por sua vez, estas proposições são formadas por sujeito e predicado que são 
unidos ou separados de acordo com a relação que mantêm com aquilo que eles 
designam. Essas relações são expressas pelo verbo ser, que é chamado de cópula (é; 
não é; são; não são).
Vejamos o exemplo abaixo:
Temos duas proposições acima que podem ser representados graficamente pelo 
modelo seguinte:
Silogismo
Sem dúvida, um dos aspectos mais conhecidos da lógica aristotélica é o conceito de 
silogismo. O silogismo ocorre quando se tem duas proposições, chamadas de premissas 
que, unidas por um nexo, acabam resultando em uma terceira, chamada de conclusão.
O seguinte modelo costuma ser apresentado como exemplo desde os tempos de 
Aristóteles:
Todo homem é mortal. (primeira premissa)
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Ló
gi
caSócrates é homem. (segunda premissa)
Logo, Sócrates é mortal. (conclusão)
Graficamente este exemplo pode ser representado assim:
Por outro lado, nas relações entre as premissas e conclusões existe toda uma série de 
regras que devem ser seguidas. Elas encontram-se listadas abaixo:
 f O silogismo deve possuir exatamente três termos.
 f O termo médio deve aparecer só nas premissas, nunca na conclusão.
 f O termo médio deve ser tomado universalmente ao menos em uma das premissas.
 f A conclusão de duas premissas afirmativas não pode ser negativa.
 f As premissas não podem ser todas negativas, pois daí nada se conclui.
 f As premissas não podem ser todas particulares, pois daí nada se conclui.
Por fim, a lógica de Aristóteles segue um padrão tão meticuloso, que ele adotou uma 
extensa classificação para cada tipo de proposição que poderia ser apresentada, 
segundo a quantidade e a qualidade.
Qualidade:
 f Afirmativas: S é P.
 f Negativas: S não é P.
Quantidade:
 f Universais: Todo S é um P. / Nenhum S é P.
 f Particulares: Alguns S são P. / Alguns S não são P.
 f Singulares: Este S é P. / Este S não é P.
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Ló
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ca LÓGICA INFORMAL
Enquanto a lógica formal trata das regras estruturais que permitem a formação de 
raciocínios que não se contradizem e nem chegam a falsas conclusões, a lógica informal 
lida com os raciocínios que levam a enganos, por meio da linguagem e da influência 
psicológica sobre os ouvintes.
Certamente, esta é uma das partes mais interessantes, e importantes, do estudo da 
lógica. Principalmente devido ao fato que vivemos numa época em que todos querem 
ter opinião e defendem as mesmas com unhas e dentes, mesmo sendo falaciosas. E 
assim chegamos ao conceito de falácia que, segundo Aristóteles, é qualquer enunciado 
falso que tenta se passar por verdadeiro.
Veja o curioso exemplo abaixo e tente entender como ele é falacioso:
 
Falácias são argumentos 
que procuram influenciar 
psicologicamente os 
ouvintes.
Veremos a seguir vários tipos de argumentos falaciosos usados por pessoas, nas mais 
diferentes situações, que tentam vencer argumentos e influenciar psicologicamente 
uma audiência.
 f AD HOMINEM (Contra o homem)
Ocorre quando em um debate, alguém ataca a pessoa do oponente e não os 
argumentos dele.
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Ló
gi
ca f AD POPULUM (Populismo)
É quando se apela para a popularidade de uma opinião ou raciocínio para convencer 
os ouvintes a adotar o mesmo.
“Faça como milhares de eleitores de fulano e vote nele nas próximas eleições” 
Falácia - A popularidade não demonstra a validade ou a veracidade de algo, tampouco 
o valor de alguém. 
 f AD VERECUNDIAM (Apelo à autoridade)
É quando se tenta convencer, ou obter uma vantagem, apelando para sentimentos de 
respeito e admiração motivados pela autoridade, celebridade ou posição hierárquica, 
de um interlocutor ou um membro da família dele.
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ca f NON CAUSA PRO CAUSA (Falsa causa)
É quando se tenta explicar um acontecimento apelando para uma causa que não 
existe. Por exemplo, alguém vai mal na prova de Biologia e coloca a culpa no gato 
preto que passou por ele no dia da prova.
 f ANFIBOLOGIA (Ambiguidade)
São construções linguísticas ambíguas, ou seja, podem ser interpretadas de diferentes 
maneiras pelos ouvintes.
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Ló
gi
ca f GENERALIZAÇÃO APRESSADA
É quando a partir do comportamento de um indivíduo ou mais, se generaliza uma 
regra para todo um grupo. Em outras palavras, é querer derivar de um caso particular 
uma regra generalizada.
 f AD MISERICORDIAM (Apelo à piedade)
Esse não precisa de muita explicação. É a chamada chantagem emocional, ou 
seja, apelar para os sentimentos do interlocutor para obter alguma vantagem ou 
convencer de alguma opinião.
 f AD IGNORANTUM (Apelo à ignorância)
É um dos argumentos mais falaciosos 
que existem. A ideia é que algo é 
verdadeiro quando não se consegue 
provar que é falso ou vice-versa. 
Por exemplo, se ninguém consegue 
provar que o Professor X é rico ou 
pobre, pode-se afirmar qualquer 
coisa sobre o Professor X, que será 
igualmente válido.
Observe a imagem ao lado para 
ver um exemplo de argumento Ad 
Ignorantum.
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gi
ca Basicamente, a lógica formal e informal, quando devidamente utilizadas, são uma arma 
poderosa para auxiliar na construção de nossos pensamentos e argumentos. Da mesma 
forma, o estudo da lógica pode servir como uma proteção contra aqueles que querem 
nos iludir com palavras, emoções, ou ainda nos convencer com argumentos falaciosos. 
ANOTAÇÕES
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FILOSOFIA HELENÍSTICA
O período helenístico se iniciou após as conquistas de Alexandre, o Grande, no século 
IV a.C. A sua política de respeito às tradições culturais das populações subjugadas, 
bem como a unidade de um novo Império que unia a civilização greco-macedônica ao 
Egito e às regiões há pouco dominadas pelo Império Persa de Dario III, favoreceu o 
nascimento de uma nova visão de mundo.
É dentro desse contexto que surgem as chamadas filosofias helenísticas que, diferente 
da filosofia clássica e sua preocupação com a pólis, colocavam a ênfase no indivíduo, a 
sua relação com o mundo e a busca da felicidade. Certamente, havia nisso um reflexo 
da nova realidade do período, pois os gregos estavam então à frente de um império 
multiétnico, que era uma realidade bem diferente da cidade-estado clássica.
CINISMO
A escola cínica deriva seu nome da palavra grega para cão (kynikos, que significa “igual a 
um cão”). O cinismo foi fundado por um discípulo de Sócrates chamado Antístenes, que 
pregava uma vida que fosse vivida de acordo com a virtude, mas não em forma teórica, 
A Escola de Atenas, pintura de Rafael Sanzio feita entre 1509-1510. O artista 
representou todos os grandes filósofos da Antiguidade Clássica e do Período Helenístico.
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mas sim uma forma ativa e prática de virtude. No entanto, os cínicos colocavam a ênfase 
numa vida simples e natural, longe das necessidades supérfluas e das convenções sociais. 
Eles costumavam dizer que “os bens aprisionam e as necessidades fúteis enfraquecem”.
Diógenes de Sínope foi quem levou esses 
ideais até as últimas consequências. Ele 
morava em um barril nas imediações de 
Atenas, como um mendigo, e conta-se que 
ele percorria as ruas da cidade com um 
lampião, dizendo que buscava um homem 
verdadeiro.
Uma de suas histórias mais conhecidas 
envolve o próprio Alexandre, o Grande, que 
ao encontrar Diógenes teria lhe dito que ele 
poderia pedir qualquer coisa que seria dada 
a ele. Dizem que Diógenes respondeu:
CETICISMO
O pioneiro desta escola foi Pirro de Élis, que acompanhou 
Alexandre em suas campanhas no mundo oriental. E foi 
lá que Pirro tomou contato com movimentos filosóficos 
e religiososda Índia e da Pérsia. De certa forma, esse 
contato com outras culturas num curto espaço de tempo 
tenha motivado Pirro a desenvolver a sua filosofia que, 
basicamente, afirmava a impossibilidade de se obter um 
conhecimento seguro da realidade. Em outras palavras, 
os homens só poderiam afirmar como as coisas lhes 
parecem, não o que elas são de fato.
Certamente, um dos aspectos da filosofia e da religião 
mais atacados pelo ceticismo foi o dogmatismo, visto 
por eles como uma doença da mente. Ao admitir a 
impossibilidade de um conhecimento final sobre as 
coisas, os céticos mantinham uma atitude aberta, que nem negava e nem confirmava 
o que quer que fosse. Esta atitude de não julgamento era chamada de epoché. 
Segundo eles, isto conduziria à paz de espírito, chamada por eles de ataraxia.
Diógenes de Sínope, também chamado de 
Diógenes, o Cão.
"Só não me tire o que não pode me dar. Por favor, saia da frente do meu 
barril, você está tapando o sol"
Pirro de Élis
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aEPICURISMO
O epicurismo é basicamente uma filosofia que busca encontrar uma maneira do ser humano 
encontrar a felicidade na vida através de uma vida moderada, onde se evitam as grandes 
paixões e desejos para se atingir um estado onde o prazer é constante. Levando em 
consideração que a vida é instável e, portanto, um homem de riquezas pode se ver de repente 
na pobreza, Epicuro desenvolveu um método para se assegurar a felicidade em vida.
Neste sentido, o epicurismo era contra a vida opulenta e luxuosa, pois o homem que 
está acostumado ao luxo e conforto se, por um acaso ele se vir privado disso, terminará 
caindo no sofrimento. Consequentemente, a vida simples e frugal era o ideal para o 
epicurista. Por outro lado, como no ceticismo, o objetivo final é a ataraxia. Mas além disso, 
Epicuro colocava como objetivo a aponia, que era a ausência de sofrimento corporal.
Além de pregar uma vida regrada longe das 
grandes paixões e desejos, Epicuro também 
falava muito sobre o medo, pois ele gera 
sofrimento. Assim, o que fazer para evitar 
o medo? Neste ponto, o filósofo produziu 
algumas reflexões interessantes que levaram 
até mesmo a uma espécie de semi-ateísmo, 
como por exemplo quando ele questiona o 
porquê de os homens temerem o julgamento 
divino, causa de sofrimento e apreensão. 
Para Epicuro, os deuses não se importavam 
com o governo do mundo, então não haveria 
motivo para temê-los.
Nesta mesma linha de argumentação, o filósofo não via sentido no temor dos homens 
pela morte. Como ele entendia a morte como a dissolução do corpo e da alma, 
consequentemente, não haveria possibilidade de sentir dor depois da morte. Portanto, 
o medo dela seria infundado porque as pessoas mortas não teriam nenhuma sensação 
para temer, nem de dor nem de prazer, pois o que é dissolvido não tem sensação, e o 
que não tem sensação não é nada.
ESTOICISMO
Fundada por Zenão de Cítio entre os séculos IV e III a.C.,o estoicismo foi uma das escolas filosóficas 
mais populares no mundo romano. A propósito, um dos seus mais conhecidos representantes 
foi o imperador romano Marco Aurélio, que deixou um livro de reflexões, as Meditações. Por 
outro lado, a escola estóica teve em um escravo paralítico, Epicteto, outro grande filósofo.
Continuando a tradição das escolas helenística, o estoicismo tem como fim a ataraxia, 
aquele ideal de vida pacífico longe das perturbações humanas. Este estado seria 
alcançado pelo cultivo de uma ética onde o homem atravessa com equilíbrio e paciência 
Epicuro
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a todas as dificuldades da vida. Além disso, o 
controle das paixões e emoções permitiria 
ao filósofo apreender a Razão Universal 
que determina o curso das coisas (logos).
Não obstante as semelhanças com o 
Epicurismo, os Estóicos vão mais além. Em 
vez de defenderem uma vida moderada 
em relação às paixões, como os epicuristas, 
eles pregam uma total apatia em relação 
a qualquer desejo ou paixão. Em outras 
palavras, o segredo está em não querer nada 
e não sentir nada. Este era o ideal de virtude 
segundo o estoicismo. A felicidade estava 
basicamente em se livrar de qualquer receio 
ou desejo, entregando-se completamente 
ao destino, identificado pelos estóicos com 
a Razão Universal (logos).
Como escreveu o imperador Marco Aurélio em 
uma das suas Meditações, “não te entregues 
aos sonhos de ter aquilo que não tens; e 
pensa sim nas superiores bênçãos que de fato 
possuis, e depois lembra-te, com gratidão, de 
como as desejarias se as não tivesses”.
ANOTAÇÕES
Epicteto
Através dos cursos
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2020 - 2022
FILOSOFIA MEDIEVAL
1. Filosofia Medieval
Conheça a filosofia medieval que ficou marcada pelo pensamento cristão. 
Esta subárea é composta pela apostila:
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FILOSOFIA MEDIEVAL
Apesar do período medieval ter ficado 
conhecido como a Idade das Trevas, a 
realidade é que como qualquer outro período, 
a Idade Média não pode ser tomada de forma 
homogênea. Especialmente por abranger 
uma longa faixa de tempo (V-XV) e por ter 
sido também uma época que nos legou a 
Universidade, alguns avanços científicos e 
alguns filósofos importantes. 
A fonte do preconceito contra a Idade Média 
advém principalmente de intelectuais 
modernos, e até mesmo alguns medievais 
Universidade de Bolonha. Iluminura do século XV
como Petrarca, que influenciados pela cultura clássica (greco-romana) viam o período 
medieval como um momento obscuro da história, especialmente pela ascendência cultural 
do cristianismo. Porém, a realidade possui mais nuances do que se imagina. 
A filosofia clássica sempre esteve presente no cristianismo. Os primeiros teólogos 
cristãos eram treinados dentro da filosofia greco-romana do final do Império Romano. 
Mesmo um missionário como o Apóstolo Paulo, possuía uma forte influência da filosofia 
estóica em seus escritos, como demonstram várias pesquisas. Aliás, não é exagero 
dizer que a filosofia cristã do período antigo e medieval, é uma releitura cristianizada da 
filosofia clássica, em especial do platonismo e do aristotelismo. 
Isto ocorreu porque muitos daqueles que se converteram ao cristianismo entre os não-
judeus, eram pessoas da elite romana e grega que tinham sido educados nas filosofias 
grega e romana. Este foi o caso, por exemplo, de Santo Agostinho de Hipona, que era 
de origem africana e nunca negou a influência da filosofia clássica sobre ele. 
SANTO AGOSTINHO DE HIPONA
Pintura de Santo Agostinho
Certamente, Santo Agostinho (354-430) é um dos teólogos 
e filósofos mais influentes do cristianismo em geral, e da idade 
média, em particular. Aliás, é importante lembrar que a filosofia 
medieval é fortemente influenciada pelo pensamento cristão. 
Mas antes de iniciarmos o estudo de Agostinho, é importante 
entendermos que a filosofia medieval está dividida em duas fases:
 f Patrística (séc. I ao séc. VIII)
 f Escolástica (sec. IX ao séc. XV)
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l Chamamos de Patrística os aos escritos dos primeiros teólogos cristãos, chamados 
de “Pais da Igreja”, que elaboraram várias obras para fundamentar os dogmas do 
cristianismo e defender a Igreja dos ataques dos pagãos e de tudo que fosse considerado 
desvio da ortodoxia. Já a Escolástica, procurou responder a questões como a existência 
de Deus e as relações do homem com a fé. 
Santo Agostinho foi o maior representante da tradição patrística. Fortemente influenciado 
pelo Platonismo, ele buscava uma justificação para a religião que não fosse dependente 
somente da fé. Mas apesar de reconhecer a importância da razão, Santo Agostinho 
chegou à conclusão de que no fim das contas, a luz divina é que permitia aos humanos 
reconhecerem a verdade da religião.
Partindo do platonismo para depois negá-lo, Santo Agostinho reconhece a existência 
de verdades inatas gravadas na alma imortal. Estas verdades são, evidentemente, 
alicerçadas na religião cristã. Deus, por exemplo, é visto como a garantiada verdade e 
da possibilidade do conhecimento, pois a sua natureza é eterna e imutável. A verdade 
não poderia se fundamentar no ser humano, pois este é imutável e imperfeito. 
Por outro lado, este conhecimento, como já foi dito, necessitava da luz de Deus. Isso 
ficou conhecido como a Teoria da Iluminação Divina. Entretanto, Agostinho reconhecia 
que existiam coisas que dependiam somente da fé. Então, na realidade, ele adotou uma 
postura mediana entre fé e razão.
Quanto a outros assuntos, como a existência de Deus, embora tenham sido mais 
trabalhados pelos filósofos escolásticos, também receberam a atenção de Agostinho, 
que trouxe explicações fundamentadas na lógica. Segundo ele, antes da criação do 
mundo não existia um “antes”, pois tudo foi criado por Deus, inclusive o tempo.
Mas certamente, uma das maiores contribuições de Agostinho de Hipona foi em relação 
à explicação para a existência do mal. Segundo ele, Deus, que é infinitamente bom e 
perfeito, não criou o mal. Na realidade, é o ser humano que, ao usar o seu livre-arbítrio, 
acaba se afastando do bem, ou dito de outra maneira, se afasta do próprio Deus. O mal 
é assim, a ausência do bem.
SÃO TOMÁS DE AQUINO
Assim como Santo Agostinho, São Tomás 
de Aquino fazia parte da Igreja Católica. Mas 
enquanto o primeiro era bispo, o segundo foi um 
frade dominicano. Outra diferença reside nos 
modelos filosóficos pagãos utilizados por um e 
por outro. A forte influência platônica presente em 
Agostinho, cedeu lugar a uma influência aberta de 
Aristóteles no caso de Tomás de Aquino.
Além de ter sido um grande comentador de 
Aristóteles, Tomás de Aquino buscou sintetizar a 
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lfilosofia do estagirita com os dogmas cristãos. Por outro lado, assim como o bispo de 
Hipona, ele também buscou equilibrar razão e fé. Nisto, ele é especialmente tributário 
do filósofo islâmico Averróis. 
Mesmo que ele tenha se colocado na realidade como um opositor das teses do filósofo 
muçulmano, Tomás de Aquino, assim como ele, admitiu que a razão também poderia 
conduzir a Deus, só que por um caminho distinto da fé. Neste sentido, são muito 
conhecidas as suas teses lógicas para a existência de Deus.
1. O movimento do Universo deve ter uma causa. (Conceito de primeiro motor).
2. Todas as coisas são causas e efeitos.
3. O que é contingente precisa de uma causa não contingente para poder existir. – 
Puro ato.
4. Se há bondade, há um “bem em si” que lhe serve de parâmetro.
5. A regularidade das coisas não é casual: Há uma ordem do Universo. 
Este primeiro motor, presente na filosofia aristotélica, é identificado por São Tomás de 
Aquino com Deus, pois assim como o motor imóvel moveu tudo e não foi movido, Deus 
a tudo criou e não foi criado. 
Por outro lado, São Tomás de Aquino contribuiu com uma teoria sobre a felicidade, 
ao afirmar que o ser humano, ser finito, não teria condições de sentir felicidade com 
nada além das coisas divinas, que são eternas. Portanto, os humanos só superariam a 
insatisfação por meio da beatitude, ou seja, da vida dedicada a Deus. 
ANOTAÇÕES
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Através dos cursos
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2020 - 2022
FILOSOFIA MODERNA
1. Francis Bacon
2. René Descartes
3. Locke e Hume
4. Nicolau Maquiavel
5. Thomas Hobbes
Conheça a filosofia moderna e os conflito de ideais entre empiristas e racionalistas. 
Esta subárea é composta pelas apostilas:
6. John Locke
7. Jean-Jacques Rousseau
8. Michael de Montaigne
9. Immanuel Kant: Epistemologia
10. Ética Kantiana X Ética 
Utilitarista
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FRANCIS BACON
VIDA E OBRA
Nascido em 1565 numa cidade próxima 
a Londres, Francis Bacon pertencia a uma 
família nobre. Depois de estudar Direito em 
Cambridge, ele ingressou na carreira política, 
tendo se tornado conselheiro da Coroa por 
volta de 1584. A partir daí, sua ascensão foi 
rápida, pois galgou vários cargos importantes 
e, no ano de 1621 recebeu o título de Visconde. 
A carreira política de Bacon acabou lhe valendo 
uma série de acusações de corrupção, o que 
o levou a alguns dias na prisão e uma multa. 
Entretanto, ele nunca mais voltou à vida 
pública, passando depois disso a se dedicar 
somente à sua obra intelectual.
Particularmente, Bacon acreditava no poder da ciência e do conhecimento. Tanto é 
verdade que a frase “saber é poder”, é de sua autoria. Por outro lado, ele se diferenciava 
dos filósofos medievais por valorizar a experiência antes do conhecimento teórico 
ou hipotético. Por esse motivo, Francis Bacon é considerado um dos primeiros 
representantes do empirismo.
Universidade de Cambridge
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na Sendo assim, ele rejeitava o conhecimento baseado na autoridade e na tradição, 
como era o costume medieval. Portanto, Bacon também foi um dos primeiros filósofos 
modernos, ao lado de Maquiavel e Descartes. Aliás, Bacon era um grande admirador 
da obra de Maquiavel, principalmente pelo seu realismo político calcado na experiência.
O NOVUM ORGANUM
A grande obra de Francis Bacon chama-se Novum Organum, e foi escrita com a 
pretensão de ser um novo método para a investigação e interpretação da natureza. O 
título faz referência ao Organon de Aristóteles, que é nome que se dá para o conjunto 
das obras do estagirita que tratam de lógica.
Logo, Bacon oferecia com o Novum Organum um novo paradigma lógico, que é conhecido 
atualmente como método indutivo de investigação. Uma das suas características é a 
eliminação do erro. Curiosamente, Bacon chama estes erros de ídolos, e faz uma lista 
dividindo-os em quatro e explicando cada um deles.
 f ÍDOLOS DA TRIBO - Estes 
representam a tendência da tribo 
humana (seres humanos) a fazerem 
generalizações empíricas baseadas na 
sua própria natureza, e não na natureza 
do Universo que os rodeia.
 f ÍDOLOS DA CAVERNA - É o ímpeto 
humano de impor à natureza noções pré-
concebidas sem realizar primeiramente 
um exame. Isto acaba interferindo na 
forma de ver as coisas concretamente.
 f ÍDOLOS DO FÓRUM/PRAÇA 
PÚBLICA/MERCADO - É quando 
aplicamos à experiência os vícios e erros 
de linguagem. Como o significado das 
palavras por si só é vasto, isso afeta o 
conhecimento das coisas.
 f ÍDOLOS DO TEATRO - Estes 
ídolos representam a influência negativa 
dos dogmas científicos e filosóficos 
dominantes, o que também prejudica o 
conhecimento, pois este deveria estar 
baseado somente na experiência. Capa original do Novum Organum em latim
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ANOTAÇÕES
MÉTODO INDUTIVO X MÉTODO DEDUTIVO
O que Bacon acabou criando é o método indutivo, que é a maneira pela qual a ciência 
trabalha atualmente, partindo dos dados observáveis e quantificáveis da experiência 
para então elaborar uma generalização a posteriori. Já o método dedutivo era o 
antevisto anteriormente por Aristóteles, no qual partindo-se de proposições gerais e 
aceitas chegava-se a uma conclusão. 
Como exemplo do método indutivo, podemos citar que ao observarmos (experiência) 
que várias baleias lançam leite na água para alimentar seus filhotes, concluímos que 
todas são mamíferos. Evidentemente, estas observações teriam que ser testadas 
(experiência) num grande número de vezes e em diferentes espécies de baleias.
Por outro lado, o método dedutivo acontece quando partimos de algumas premissas 
básicas para fazermos uma generalização. Por exemplo, se todo mamífero é um 
animal e a baleia é um animal, então as baleias sendo mamíferos também são animais.
Os dois métodos não são necessariamente excludentes e, na realidade, costumam ser 
utilizados em combinação.
PARA SABER MAIS
Bacon. Coleção Os Pensadores. Editora Nova Cultural.
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RENÉ DESCARTES
VIDA E OBRA
Nascido na França em 1596, René Descartes vinha 
de uma família nobre. Ainda criança foi matriculado 
num colégio de jesuítas, e dessa época ele relatou seu 
desinteresse por tudo que era ensinado, exceto as 
ciências da matemática. Aliás, foina matemática que 
Descartes encontrou a certeza de um conhecimento 
seguro e sólido.
Entre 1619 e 1623, ele seguiu carreira militar na 
Holanda enquanto perseguia seu objetivo pessoal 
de buscar um conhecimento que não fosse 
encontrado em nenhum outro lugar além dele 
mesmo. Este radicalismo cartesiano (ou seja, de 
Descartes) é o que chamamos de dúvida metódica, 
ou ainda, dúvida hiperbólica.
Depois de 1623, Descartes resolve abandonar a 
carreira militar para se dedicar somente à filosofia e 
à ciência. Em 1637, ele lançou sua obra magna, O 
Discurso sobre o método, onde expõe os princípios 
do seu pensamento. Dentre suas contribuições 
para além da filosofia estão a geometria analítica e 
o método cartesiano. Por fim, Descartes morreu de 
pneumonia na Suécia em 1650.
PAI DO RACIONALISMO MODERNO
Descartes não confiava em receber nenhum 
conhecimento que não pudesse ser verificado da 
mesma forma que ocorria com a matemática ou a 
Frontispício de um livro com algumas 
obras de Descartes
René Descartes
geometria. Segundo ele, os sentidos enganam. Isto claramente ia de encontro, por 
exemplo, à perspectiva empirista de Francis Bacon, que aceitava somente o que viesse 
da experiência como conhecimento. 
Portanto, dizemos em filosofia que Descartes foi o primeiro racionalista moderno, 
devido à sua grande ênfase na razão como fonte do conhecimento. É dele a famosa 
frase “Penso, logo existo”. Ela revela a sua crença de que a única coisa da qual ele 
poderia ter certeza da existência era o seu próprio pensamento.
2
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es Curiosamente, Descartes atinge essa proposição 
após chegar à conclusão de que não se pode 
confiar nos sentidos devido à atuação de um 
Deus enganador ou Gênio maligno cuja função 
seria confundir os seres humanos. Desta forma, 
a única certeza que ele poderia ter era de que 
seu próprio pensamento reflexivo era real. Não 
obstante, Descartes chega a provar a existência 
de Deus através do argumento circular. De 
acordo com ele, a ideia de perfeição e de infinito 
só é possível pela existência de um ser perfeito e 
infinito, autor de si mesmo e de todas as coisas. 
Este ser foi identificado como Deus, também 
chamado de substância infinita.
A ORIGEM DOS NOSSOS ERROS
Plano cartesiano
Em outras obras, como as Meditações, Descartes aborda a questão da origem dos 
nossos erros. Para isso, ele distingue duas faculdades na razão humana: a vontade e o 
entendimento. Ao passo que a vontade é infinita, o entendimento é finito. E ao passo 
que a vontade está ligada ao poder de conceber, o entendimento liga-se ao poder 
de julgar. Desta maneira, os erros surgem devido à própria finitude da capacidade da 
razão de julgar que se choca com a sua capacidade infinita de conceber.
DUALISMO MENTE-CORPO
Um outro ponto da filosofia cartesiana que é muito conhecido é a questão do dualismo 
mente-corpo. René Descartes concebia a razão como algo separado do corpo. Assim, 
ele chamava o ser humano de sujeito pensante (res cogitans), e os objetos exteriores 
eram a coisa extensa (res extensa).
Segundo o filósofo, o fato da res extensa encontrar-se num espaço físico e delimitado, 
sujeito a medições físicas, fazia com que fosse possível explicar o mundo da mesma 
Exemplo de cera (res extensa)
forma que se fazia com os juízos matemáticos. Por outro lado, 
Descartes chamava Deus de res divina, cuja característica era 
eterno, perfeito, infinito e independente. 
A propósito, para Descartes a única semelhança entre Deus e 
os homens era o fato de serem seres pensantes, estando as 
diferenças na finitude, imperfeição e dependência dos seres 
humanos. Ousadamente, Descartes situou o sujeito pensante 
à frente da res divina, o que lhe valeu a ira dos filósofos 
escolásticos e religiosos, mas é este passo que inaugura o 
pensamento moderno.
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EMPIRISTAS MODERNOS:
LOCKE E HUME
ORIGEM DO TERMO
O conceito de empirismo é originário da palavra grega para experiência (empereia). 
Portanto, as correntes filosóficas empiristas são aquelas que privilegiam o conhecimento 
que é adquirido pela experiência e pelos sentidos, e não pela razão ou ideias inatas, 
como é o caso dos racionalistas. 
Ecos do empirismo já se encontravam em Aristóteles e Francis Bacon, e é principalmente 
no Reino Unido que se concentraram todos os outros filósofos que se associaram a 
esta corrente filosófica, entre eles: Thomas Hobbes, Francis Bacon, John Locke e David 
Hume e George Berkeley. 
Não obstante a filiação à filosofia aristotélica e a proeminência dos filósofos britânicos 
no movimento, alguns sábios muçulmanos do Al Andaluz (territórios islâmicos da 
Península Ibérica) foram fundamentais. Entre eles, Alhazen, Averróis e Avicena. 
Igreja de Todos os Santos em Wrington, Somerset, Inglaterra
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e JOHN LOCKE
Vamos então estudar as ideias do primeiro grande 
representante da escola empírica inglesa no 
século XVII, John Locke. Ele é considerado o pai 
do pensamento liberal e vamos entender por quê. 
Não obstante, Locke fez contribuições não somente 
para o campo da política, mas também para a 
epistemologia, que é justamente aquela parte da 
filosofia que trata da forma como nós conhecemos 
as coisas. Por esse motivo, ela também é conhecida 
como teoria do conhecimento. 
As principais obras de Locke são o Ensaio acerca do 
entendimento humano e o Segundo tratado sobre 
o governo civil. No primeiro, ele expõe sua teoria do 
conhecimento, enquanto no segundo ele desenvolve 
as ideias que darão origem ao liberalismo político. 
John Locke (1632-1704)
Epistemologia
Os racionalistas diziam que existiam ideias inatas que já nasceriam com os seres humanos 
em todos os tempos e culturas, mas evidentemente não havia provas materiais disso. 
É nesse momento que John Locke entra com sua teoria da tabula rasa. Segundo ela, as 
crianças vêm ao mundo como uma folha de papel branco. É através das experiências 
e dos sentidos que as ideias e conceitos vão sendo incutidos na mente do ser humano 
desde a infância.
Objetos Experiência Sensível
Qualidades
Primárias (objetivas) Secundárias (subjetivas) Ideias Simples
Mente
Reflexão
"Tábula Rasa"
Ideias Complexas
Existência
Casualidade
Essência
Forma
Repousos
Movimento
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eA tabela acima dá uma ideia de como Locke via a questão do conhecimento. Basicamente, 
os objetos chegam até a mente através dos sentidos. Estes organizam as sensações 
em qualidade primárias (forma, movimento, solidez) e secundárias. Posteriormente, elas 
são transformadas em ideias simples antes de chegarem à mente. E é na mente que se 
produz a reflexão que irá transformar essas ideias simples em ideias complexas, como 
existência, causalidade e essência.
Liberalismo
John Locke dizia que todos os homens já nascem com direitos naturais, que são: vida, 
liberdade, igualdade e propriedade. Diferente de Thomas Hobbes, que acreditava que 
o estado natural dos homens era a guerra de todos contra todos, Locke postulava que 
na origem os humanos viviam em harmonia, sendo que o Estado surge quando eles, 
de comum acordo, decidem restringir a sua liberdade natural em favor da maioria.
Isto é o que se chama em filosofia, teoria contratualista, e Locke foi um dos primeiros a 
formulá-la. Entretanto, da mesma forma que o Estado era formado pelo consentimento 
dos cidadãos, estes tinham o dever de destituir o governante caso ele não cumprisse 
com o que fosse estipulado no contrato.
Evidentemente, Locke foi muito marcado pelo contexto das revoluções inglesas do 
século XVII, mas as suas ideias foram além e influenciaram principalmente o movimento 
de independência das colônias inglesas da América do Norte. Aliás, trechos de suas 
obras estão contidos na Declaração de Independência.
David Hume (1711-1776)
DAVID HUME
Nascido na Escócia em princípios do século XVIII, 
Hume foi um grande crítico da filosofia racionalistade Descartes. Além de ter sido partidário do 
empirismo, Hume defendeu também o ceticismo 
filosófico. Certamente, este ceticismo é uma das 
principais características que o destacam de outros 
filósofos da corrente empirista, como Locke.
PERCEPÇÕES
Impressões Ideias
Segundo Hume, as ideias eram meras cópias mentais das impressões. Estas, por 
sua vez, eram originárias dos nossos sentidos, tanto internos (pensamentos) quanto 
externos (olfato, audição etc.). Isto difere da perspectiva de Locke, que via na mente um 
papel ativo na produção de reflexões a partir dos dados dos sentidos.
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e Crítica à Indução
O método indutivo, desenvolvido por Francis Bacon, sempre foi importante para a 
escola empirista. No entanto, David Hume tecia algumas críticas ao mesmo. Só para 
recordarmos, a indução consiste em derivar regras gerais através da observação e 
análise de experiências. 
Assim, o fundamento da indução é basicamente informado pela relação de causa 
e efeito (causalidade) que existe entre os fenômenos observados. Sem isso, não se 
poderia estabelecer um princípio ou regra geral.
Entretanto, David Hume não via motivo para se acreditar na existência de uma 
necessidade lógica entre causa e efeito. Para ele, existiria primordialmente uma questão 
de hábito ou até mesmo de crença. 
Neste sentido, um dos seus exemplos mais conhecidos relacionava-se ao nascer do 
Sol. Ele dizia que apesar de sabermos que o Sol nasce e se põe todos os dias desde o 
princípio, nada nos garante que ele continuará nascendo amanhã. 
Desta forma, Hume demonstrou que não via relação entre causa e efeito. Segundo o 
filósofo, essa era uma relação aparente derivada do nosso hábito. O que existe antes é 
uma sucessão de dois fenômenos, um que ocorre antes e outro que acontece depois. 
E como sempre vemos isso se sucedendo da mesma forma, temos a impressão de ver 
uma relação lógica de causa e efeito.
Por outro lado, não existe a possibilidade de verificar se a mesma experiência continuará 
se repetindo no futuro. Sendo assim, afirmar que algo continuará se repetindo da mesma 
forma não pode nem ser um julgamento lógico (devido à inexistência de relação causa e 
efeito) e nem empírico (pois não podemos saber o futuro). O que resta no final é o hábito 
como o grande guia da vida.
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O HÁBITO É O GRANDE GUIA DA VIDA
Vejo o sol nascer 
toda manhã
Aprimoro isso no julgamento 
"o sol nasce toda manhã"
Adquiro o hábito de esperar o 
sol nascer toda manhã
Esse julgamento não pode ser verdade 
lógica, pois é concebível que o sol não 
nasça (ainda que altamente improvável)
O julgamento não pode ser 
empírico porque não posso 
observar o nascer futuro do sol
ANOTAÇÕES
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NICOLAU MAQUIAVEL
VIDA E OBRA
Nascido na Florença em 1469, Maquiavel é por vezes classificado como um filósofo 
do Renascimento, mas a verdade é que seu pensamento, assim como o de Descartes, 
abriu a perspectiva moderna no pensamento ocidental. 
Mas em vez de limitar-se à teoria do conhecimento, as preocupações de Maquiavel 
giravam em torno da política de sua época. É por esse motivo que o florentino é conhecido 
como o precursor da escola realista na política e relações internacionais.
A principal obra de Maquiavel chama-se O Príncipe, que a priori, assemelha-se a 
outros livros contemporâneos que continham máximas para os governantes. Estes 
livros procuravam guiá-los a partir de princípios. Diferentemente, Maquiavel parte da 
realidade para sugerir ao governante tudo o que ele deveria fazer para chegar ao poder 
e preservá-lo.
O Príncipe, publicado em 1513, fez tanto sucesso que é a obra preferida de várias 
personalidades até os dias de hoje. Entre elas podemos citar o ex-presidente Fernando 
Henrique Cardoso, que em um festival literário comparou os presidentes da América 
Latina aos governantes tiranos que são amados, citados por Maquiavel em seu livro. 
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el A ESTABILIDADE NO PODER
Uma das preocupações de Maquiavel ao escrever O 
Príncipe, foi em saber os elementos que conduzem à 
estabilidade no poder, ou em outras palavras, como um 
governante consegue se manter no poder. Segundo o 
florentino, a estabilidade é a essência da existência de um 
Estado.
A fim de atingir esse intento, Maquiavel analisa uma 
série de fatos históricos de vários monarcas que tiveram 
sucesso e fracassaram. A partir disso, ele busca extrair 
ensinamentos que servirão como um manual para o 
governante que desejasse se manter no poder e ainda 
ampliar seus territórios. De acordo com uma passagem 
do livro:
“(...) embora não possa seguir em tudo o caminho dos outros nem igualar a virtú 
daqueles que imita, um homem prudente deve sempre seguir os caminhos abertos 
pelos grandes homens e espelhar-se nos que foram excelentes.”
Este é basicamente o escopo do Príncipe.
MORAL X POLÍTICA
Uma das contribuições mais originais de Maquiavel enquanto filósofo, foi ter separado 
a política da moral. Segundo ele, estes dois são terrenos autônomos, sem dependência 
em relação ao outro. Neste sentido, para Maquiavel o príncipe não deveria agir guiado 
pela moral. Ele deve ser livre para ser bondoso quando necessário, e rígido se for preciso. 
O objetivo do Príncipe deve ser assegurar a própria glória e o sucesso do Estado. 
Certamente, a preocupação com questões morais colocam um freio em relação a esses 
objetivos. Por isso, é conhecida a máxima atribuída a Maquiavel segundo a qual “os fins 
justificam os meios”.
“A um príncipe, portanto, não é necessário ter de fato todas as qualidades 
supracitadas, mas indispensável parecer tê-las. Aliás, ousarei dizer que, se as tiver e 
utilizar sempre, serão danosas, enquanto, e parecer tê-las, serão úteis. Assim, deves 
parecer clemente, fiel, humano íntegro, religioso – e sê-lo, mas com a condição de 
estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres, de modo que possas 
e saibas como tornar-te o contrário. É preciso entender que um príncipe, sobretudo 
um príncipe novo, não pode observar todas aquelas coisas pelas quais os homens 
são considerados bons, sendo-lhes frequentemente necessário, para manter o poder, 
agir contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade e contra a religião. Precisa, 
portanto, ter o ś preparado para voltar-se para onde lhe ordenarem os ventos da 
fortuna e as variações das coisas e, como disse acima, não se afastar do bem, mas 
saber entrar no mal, se necessário”. 
A Torre de Pisa
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aq
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av
elApesar disso, Maquiavel acreditava que nem todos os meios são justificáveis. Por 
exemplo, ele achava que o Príncipe deveria evitar tomar atitudes que o fizessem ser 
odiado, pois isso poderia levar o povo a se revoltar contra seu governo.
É interessante notarmos também que a filosofia política de Maquiavel toma pressuposto 
que as pessoas agem movidas pelo próprio interesse e de acordo com a própria 
conveniência. E Maquiavel não chega a essa conclusão partindo de uma teoria abstrata, 
mas analisando a história política do passado, e vendo o que há de comum nas ações 
humanas ao longo do tempo.
ANOTAÇÕES
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THOMAS HOBBES
VIDA E OBRA
Assim como seu contemporâneo Francis Bacon, com quem tinha amizade, Thomas 
Hobbes era adepto da ciência e do empirismo. Outra semelhança entre ambos é que na 
época em que viveram, a Inglaterra passou por uma série de revoluções que levaram 
ao fim do Absolutismo e à consolidação da Monarquia Parlamentarista (Revolução 
Gloriosa).
Certamente, os acontecimentos políticos do seu tempo influenciaram o pensamento de 
Hobbes, que assim como Maquiavel possuía um certo pessimismo e ceticismo quanto à 
bondade humana. A título de exemplo, é de Thomas Hobbes o pensamento “O homem 
é o lobo do homem”.Sua obra mais conhecida é o “Leviatã”, e é nela que Hobbes expõe seu pensamento 
político, marcadamente influenciado por uma visão mecanicista do mundo, chegando 
até a tecer comparações entre os seres humanos e as máquinas.
O MEDO E O EGOÍSMO
Curiosamente, Hobbes faz uso de alguns sentimentos humanos negativos para 
fundamentar seu pensamento político. Ao contrário de Aristóteles, que havia proclamado 
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s a natureza social do Homem, Hobbes afirma que os seres humanos são egoístas por 
natureza. Já o medo tem para Hobbes a função de nos levar a conversar nossas vidas. 
Estes sentimentos levam os seres humanos a se colocarem em um estado de natureza, 
onde todos estão em guerra contra todos. Para Hobbes, a violência permeia as relações 
humanas quando estes se encontram em 
liberdade. 
Como naturalmente esta é uma situação 
insustentável, o filósofo considerou que os 
seres humanos que viviam neste estado de 
natureza precisaram em algum momento 
renunciar à sua liberdade para conseguirem 
sobreviver.
O SURGIMENTO DO ESTADO
Representante da tradição contratualista, que 
teoriza o surgimento do Estado a partir de um 
contrato formal ou informal entre diversas 
pessoas num passado remoto e hipotético, 
Hobbes credita o surgimento do Estado a uma 
necessidade dos seres humanos regularem a 
violência que lhes é inata.
“Os homens não podem esperar uma 
conservação duradoura se continuarem no 
estado de natureza, ou seja, de guerra, e 
isso devido à igualdade de poder que entre 
eles há, e a outras faculdades com que 
estão dotados. A lei da natureza primeira, 
e fundamental, é que devemos procurar 
a paz, quando possa ser encontrada [...].” 
(HOBBES)
E é aí que reside o princípio político do 
Absolutismo, segundo Hobbes. O filósofo 
dizia que ao abdicarem da sua liberdade 
em favor do Estado, o chamado Leviatã, os 
súditos concedem para ele, direito sobre seus 
corpos e suas vidas.
Para Hobbes, a função do Estado é garantir o cumprimento do pacto social. Ora, no 
caso hobbesiano, o pacto ou contrato social, consiste na proteção e controle deste 
sobre os súditos. 
Assim como Weber anos depois iria afirmar com outras palavras, o Estado Hobbesiano 
toma para si o exército da violência para manter a ordem e a paz na sociedade. 
Capa da edição original do Leviatã, de 1651
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s Estava dada assim, filosoficamente, a justificativa para o Absolutismo monárquico. 
Atualmente, alguns intelectuais chamam de Estado Hobbesiano, ou Leviatã, a qualquer 
espécie de estado autoritário.
ANOTAÇÕES
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JOHN LOCKE 
O ESTADO DE NATUREZA
Assim como seu contemporâneo Thomas 
Hobbes, Locke acreditava que a humanidade 
possuía um estado de natureza. Mas 
completamente diferente de Hobbes, ele não 
via o estado de natureza humana como uma 
guerra de todos contra todos.
Antes, para Locke a liberdade é natural ao 
homem. E não somente ela, mas também a 
propriedade, a vida e a busca da felicidade. A 
propósito, estes direitos que para Locke eram 
naturais a todos os seres humanos, foram 
transcritos para a Declaração de Independência dos Estados Unidos.
VALOR DO TRABALHO E LIMITES À PROPRIEDADE PRIVADA
John Locke valorizava muito o trabalho humano, que para ele era uma consequência da 
liberdade natural do homem. E mais, ele dizia que era através do trabalho que a terra 
adquiria valor. E essa é, na realidade, a origem da propriedade privada, segundo Locke
ESTADO DE NATUREZA:
Direitos naturais
Vida
Liberdade
Propriedade
Felicidade
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ke Não obstante, ao contrário do que muitos podem imaginar, Locke não conferia um 
direito irrestrito à liberdade. Um princípio defendido por ele era que a propriedade de 
um indivíduo não poderia ultrapassar o que ele próprio fosse capaz de usar, e tampouco 
comprometer a satisfação das necessidades dos outros seres humanos.
Este detalhe em especial é muito importante, pois frequentemente atribui-se a Locke 
uma contradição em relação a defender o direito da propriedade privada e, ao mesmo 
tempo, a liberdade natural do homem, numa época em que escravidão de africanos e 
indígenas se consolidava cada vez nas colônias da América.
O PROBLEMA DA IRRACIONALIDADE
Apesar de possuir uma visão mais otimista do que a de Hobbes, o filósofo John Locke 
não deixou de procurar uma explicação para o problema da violência e das guerras entre 
os seres humanos. Mas em vez de atribuir isso a um estado de natureza, Locke coloca 
a responsabilidade sob os indivíduos irracionais, que são aqueles que são movidos por 
suas paixões embora sejam de fato racionais.
É em decorrência da irracionalidade que surge o problema do mal na sociedade, e é 
dever dos indivíduos racionais se organizarem para estabelecer punições para que a 
paz seja mantida na sociedade. E é neste momento que surge a questão do contrato 
social em Locke com vistas à formação de um Estado.
O CONTRATO SOCIAL LOCKEANO
Segundo Locke, o Estado surge a partir do acordo entre indivíduos livres que decidem 
escolher alguém para representá-los. É importante frisar que esta reunião e esta 
escolha devem ser feitas livremente. O que está implicado nisso não é uma liberdade 
em oposição à escravidão como praticada nas Américas. 
Na realidade, o que Locke quer realçar é a necessidade de decisões que não são feitas 
sob coerção. Em outras palavras, decisões que são a expressão da vontade livre de 
indivíduos livres. 
Atualmente, alguns intelectuais chamam de Estado Hobbesiano, ou Leviatã, a qualquer 
espécie de estado autoritário.
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keE justamente, tendo em vista a manutenção dessa liberdade, o Estado de acordo com 
Locke é mínimo, resolve conflitos parcialmente, garante os direitos individuais e 
defende o direito natural das pessoas (vida, liberdade e propriedade).
O OUTRO LADO DA MOEDA
O mais interessante dessa concepção de Estado de Locke, é que como o governo foi 
criado por indivíduos livres para que fossem garantidos seus direitos naturais de forma 
imparcial, caso ele falhe em cumprir essa função, os governados têm todo o direito de 
destituir quem está no governo para então substituir por outras pessoa ou grupo de 
pessoas.
Por esse motivo, John Locke é considerado o pai do liberalismo político, e suas ideias 
estão no espírito da formação dos Estados Unidos da América e da própria declaração 
de independência das 13 colônias inglesas na sua revolta contra a metrópole britânica.
Outrossim, Locke foi um dos primeiros 
filósofos a propor que a divisão de 
poderes em um governo seria muito mais 
benéfica. Certamente, foi o filósofo francês 
Montesquieu que levou crédito pela ideia 
da divisão dos 3 poderes (legislativo, 
executivo e judiciário).
ANOTAÇÕES
Declaração de Independência dos Estados Unidos da 
América
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JEAN-JACQUES ROUSSEAU 
Certamente, Jean Jacques Rousseau é um dos filósofos mais emblemáticos do 
movimento iluminista. Diferente de outros filósofos desse movimento, Rousseau atribuía 
uma importância particular aos sentimentos. É por esse motivo que ele é considerado 
um dos precursores do movimento romântico, que se desenvolverá melhor ao longo do 
século XIX (1801-1900). 
VIDA E OBRA
Nascido em Genebra numa família pequeno burguesa 
(o pai era relojoeiro), Rousseau era órfão de mãe. Muito 
novo decide abandonar o lar e se aventurar pelo mundo. 
Entre uma amante rica e outra, Rousseau interessa-se 
pelas artes e pela filosofia. Antes dos 40 anos já era 
conhecido em Paris pelas suas ideias.
Ele defendia uma religião natural, longe dos dogmas da 
Igreja, onde Deus poderia ser encontrado dentro de cada 
um. Por conta de sua postura anticlerical, muitas de suas 
obras foram condenadas e queimadas. Estátua de Rousseau em Genebra
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Je
an
-J
ac
qu
es
 R
ou
ss
ea
u Depois de muito viajar e se aventurar com amantes e salões da nobreza europeia, 
Rousseau decidiu viver uma vida isolada perto

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