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TEXTO 00 - APOSTILA DO CURSO (10)

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Apresentação1 • Módulo 1
SENASP
INVESTIGAÇÃO E
ANÁLISE FINANCEIRA
SEGEN
Apresentação2 • Módulo 1
APRESENTAÇÃO
MÓDULO 1
Apresentação3 • Módulo 1
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública
Diretoria de Ensino e Pesquisa
Coordenação Geral de Ensino
Núcleo Pedagógico
Coordenação de Ensino a Distância
Conteudista
George Estefani de Souza do Couto
Revisão de Conteúdo
Ana Carolina Litran Andrade
César Medeiros Cupertino
Danielle Garcia Alves
Vinicius Teles da Silva Costa
Revisão Pedagógica
Ardmon dos Santos Barbosa
Vânia Cecília de Lima Andrade
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
labSEAD
Comitê Gestor
Eleonora Milano Falcão Vieira
Luciano Patrício Souza de Castro
Financeiro
Fernando Machado Wolf
Consultoria Técnica EaD
Giovana Schuelter
Coordenação de Produção
Francielli Schuelter
Coordenação de AVEA
Andreia Mara Fiala
Design Instrucional
Carine Biscaro
Danrley Maurício Vieira
Marielly Agatha Machado
Design Gráfico
Aline Lima Ramalho
Taylizy Kamila Martim
Sonia Trois
Victor Liborio Barbosa
Linguagem e Memória
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Victor Rocha Freire Silva
Programação
Jonas Batista
Salésio Eduardo Assi
Thiago Assi
Audiovisual
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Rafael Poletto Dutra
Rodrigo Humaita Witte
Todo o conteúdo do Curso Investigação e Análise Financeira, da 
Secretaria de Gestão de Ensino em Segurança Pública (SEGEN), 
Ministério da Justiça e Segurança Pública do Governo Federal - 
2020, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons 
Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0 Internacional.
Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
BY NC ND
Apresentação4 • Módulo 1
Sumário
Apresentação ................................................................................................................5
Objetivos do módulo ............................................................................................................................. 5
Estrutura do módulo ............................................................................................................................. 5
Aula 1 – Aspectos Gerais ............................................................................................6
Contextualizando... ............................................................................................................................... 6
Índices ................................................................................................................................................... 6
Ação 11 e sua estrutura........................................................................................................................ 9
Aula 2 – Aspectos Históricos da Lavagem de Dinheiro .........................................14
Contextualizando... ............................................................................................................................. 14
A origem do termo .............................................................................................................................. 14
Órgãos de combate e o entendimento do processo ........................................................................ 16
Aula 3 – O Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) .........................23
Contextualizando... ............................................................................................................................. 23
Os instrumentos da ONU de combate à lavagem de dinheiro ......................................................... 23
Aula 4 – O GAFI e as 40 Recomendações .................................................................28
Contextualizando... ............................................................................................................................. 28
A estrutura do GAFI e o documento de recomendações ................................................................. 28
Referências ..................................................................................................................33
Apresentação5 • Módulo 1
Apresentação
A lavagem de dinheiro foi inicialmente objeto de preocupação 
da Organização das Nações Unidas (ONU), que entende 
a necessidade de discussões e atenção especial a esse 
assunto. Assim sendo, neste módulo, vamos estudar os 
aspectos gerais do crime de lavagem de dinheiro, bem como 
seus aspectos históricos e os instrumentos de combate a 
esse tipo de crime. 
Esperamos que, ao final do estudo, você possa ter 
compreendido a importância do tema e do advento de 
diversos instrumentos de combate, visto que o conhecimento 
da trajetória histórica do tema contribuirá ainda mais para a 
sua atuação como investigador.
OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer os aspectos gerais dos crimes financeiros cometidos 
por organizações criminosas; identificar a estrutura de ação 
da equipe de investigação no combate ao crime; analisar os 
aspectos históricos do crime de lavagem de dinheiro no país 
e conhecer a estrutura da ONU, no que diz respeito aos seus 
instrumentos de combate e prevenção e o documento de 
quarenta recomendações internacionais do GAFI.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Aspectos Gerais.
• Aula 2 – Aspectos Históricos da Lavagem de Dinheiro.
• Aula 3 – O Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU).
• Aula 4 – O GAFI e as 40 Recomendações.
Apresentação6 • Módulo 1
Aula 1 – Aspectos Gerais
CONTEXTUALIZANDO...
Você se lembra de algum evento recente no cenário nacional 
que envolva delitos econômicos? Qual foi a estratégia 
utilizada pelo Estado para combater esses delitos? 
Ao decorrer da aula, conheceremos o cenário das questões 
acima citadas, conhecendo os índices de crimes registrados 
no país que foram cometidos por organizações criminosas 
com intuito de ganho financeiro, mais especificamente, o 
de lavagem de dinheiro. Trataremos também de ações de 
planejamento por parte da polícia civil no combate dessa 
tipologia criminal. 
ÍNDICES
Segundo os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 
(2018a), o crescimento acelerado de organização criminosa no 
Brasil tem incrementado os índices de criminalidade registrados 
no país de forma epidêmica. Relativo aos anos 2014 e 2017, 
existem mais de trinta organizações criminosas no país 
coordenadas do interior de sistema penitenciário, tornando-se 
um dos principais desafios a serem superados pelas políticas 
públicas em razão do impacto negativo desse fenômeno, 
inclusive, no desenvolvimento econômico e social do Estado.
De acordo com o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública (2018b), o Brasil registrou quase 64 mil mortes 
decorrentes de crimes violentos intencionais entre os anos de 
2016 e 2017. Já no ano seguinte, esse número decresceu 10,8%, 
mas ainda mantém o país em uma situação constrangedora 
diante da aparente ineficácia das estratégias e políticas públicas 
voltadas ao controle de criminalidade até então empregadas.
Apresentação7 • Módulo 1
Saiba mais

Para conhecer mais detalhadamente os dados acima citados do 
ano de 2018, leia o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, 
disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/
uploads/2019/10/Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf
Uma equação que aparentemente passa despercebida na 
implementação de políticas públicas é a relação do crime com 
o proveito econômico por parte das organizações criminosas.
Porém, não são apenas diferenças ideológicas a razão desse
número alarmante de crimes registrados no Brasil, mas o
uso da violência como forma de assegurar o fluxo de retorno
financeiro decorrentes das práticas delituosas.
Em um país cujo sistema penitenciário não acompanha o 
volume de prisões realizadas, novas estratégias, para além de 
punitivas, são indispensáveis ao enfrentamento da criminalidade. 
Esse aspecto do sistema traz repercussões prejudiciais para 
o equilíbriodo próprio sistema de justiça criminal, além de sua
estruturação, modernização e humanização.
Figura 1: Alto 
volume de 
prisões desafia 
o equilíbrio do
sistema de justiça 
criminal.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Apresentação8 • Módulo 1

Na Prática
Também conhecido 
como persecução 
penal, trata-se 
do conjunto de 
atividades que o 
Estado desenvolve 
no contexto da 
investigação até 
o processo penal,
que resolve a
condenação ou
absorção.
Nesse contexto, a eliminação da capacidade financeira 
das organizações criminosas surge como uma estratégia 
de inteligência do Estado para conter as bases de 
atuação desses grupos, proporcionando maior controle 
da criminalidade, a redução de indicadores criminais e a 
prospecção de cenários que permitam o desenvolvimento de 
políticas públicas mais eficientes no país.
Assim, é necessário inserir culturalmente, nas instituições 
investigativas dessa tipologia criminal, a interrupção do 
fluxo de capitais ilícitos e lavagem de dinheiro, bem como a 
especialização dos profissionais com recursos da atividade 
de inteligência e com o uso massificado de tecnologia para 
tratamento de grandes volumes de dados. 
Diante do exposto, vamos refletir um pouco.
Por que é necessário que novas estratégias para o enfrentamento 
da criminalidade sejam urgentemente implementadas como 
forma de reversão de delito de cunho econômico?
Essa necessidade possibilitará a busca dos suspeitos 
com apuração efetiva da autoria e materialidade do crime. 
Entretanto, é necessário adotar um modelo de órgãos 
de persecução criminal, cuja produção probatória seja 
sistematizada na recuperação de ativos ilícitos, de maneira que 
a investigação tenha esse foco patrimonial como um de seus 
vetores permanentes, sem prejuízo da apuração da infração 
penal antecedente, a fim de que essa estratégia repercuta 
positivamente no controle das organizações criminosas.
Essa perspectiva foi reforçada a partir da alteração 
promovida pela Lei n.º 12.683/2012 que, dentre outros 
aspectos, excluiu a lista de crimes antecedentes e ampliou 
as possibilidades de atuação dos órgãos de persecução 
Apresentação9 • Módulo 1
criminal na estratégia nacional de recuperação de ativos 
ilícitos e descapitalização de organizações criminosas.
AÇÃO 11 E SUA ESTRUTURA
Com efeito, quando tratamos de produção probatória 
relacionada ao crime de lavagem de dinheiro, seja pela 
cultura organizacional, seja por ausência de uma orientação 
estratégica da atuação no campo da recuperação de ativos, a 
investigação não costuma estar adequadamente estruturada 
para atacar a capacidade financeira das organizações 
criminosas e, consequentemente, o Estado perde o controle 
dessa criminalidade.
Uma iniciativa para aperfeiçoar a atuação das 
polícias civis na investigação do crime de lavagem 
de dinheiro foi a aprovação de uma ação específica, 
ocorrida na reunião plenária da Estratégia Nacional 
de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro 
(ENCCLA), em 2017. 
A primeira fase dessa estratégia, denominada Ação 11, 
desenvolvida durante os anos de 2018 e 2019, contou com a 
participação de diversos órgãos e atendeu a um planejamento 
construído em três eixos. Vamos observar esses pilares na 
imagem a seguir.
Apresentação10 • Módulo 1
EIXOS 
PLANEJAMENTO 
AÇÃO 11
Estruturação, com o objetivo de promover 
o nivelamento em todos os estados e
garantir que a polícia civil tenha condições 
para o desenvolvimento de investigações 
dos crimes de lavagem de dinheiro.
Legislação, com uma regulamentação 
necessária do comando inserido na Lei n.º 
9.613/1998, visando permitir a destinação, 
feita pelos estados, dos bens, direitos e 
valores recuperados nas investigações 
promovidas pela polícia civil.
Capacitação, com o desenvolvimento 
de cursos, em âmbito nacional, para 
nivelamento técnico dos efetivos policiais 
e consequente mudança de cultura 
organizacional da polícia civil no que 
tange à recuperação de ativos ilícitos.
Figura 2: 
Planejamento Ação 
11. Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
A Ação 11/2018 acabou sendo fortalecida por uma 
deliberação do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia 
Civil (CONCPC), ocorrida em abril de 2018, na cidade de São 
Paulo. Na ocasião, foi editada a Resolução n.º 01/2018, 
que apresentou uma série de medidas de estruturação das 
polícias civis no que diz respeito à repressão qualificada ao 
crime de lavagem de dinheiro. Vejamos algumas das medidas.
• Instalação do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de
Dinheiro (LAB/LD) nas polícias civis que ainda não o fizeram.
• Formatação de convênios com órgãos envolvidos no
combate à lavagem de dinheiro.
• Nivelamento de tecnologia empregada na investigação.
• Adoção de grades curriculares específicas nos cursos de
formação.
• Formatação de estatísticas para aferição de resultados.
• Criação de canais especializados de denúncias, na
perspectiva de interação da sociedade com esse processo.
Apresentação11 • Módulo 1
Entre os resultados obtidos pela Ação 11 em 2018, foram 
destaques o diagnóstico da organização das polícias civis 
quanto à investigação do crime de lavagem de dinheiro, 
bem como a identificação de estrutura mínima que essas 
Instituições devem possuir. Vamos identificar, na imagem a 
seguir, essa estrutura.
Ter acesso ao Sistema de Investigação de Movimentações 
Bancárias (SIMBA), por meio de acordo de cooperação 
técnica com o Ministério Público Federal (MPF).1
Dispor de Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de 
Dinheiro, por meio de acordo de cooperação técnica com 
Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).2
Ter acesso aos Relatórios de Inteligência Financeira 
(RIF), por meio de acordo de cooperação técnica com o 
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). 3
Inserir disciplinas nos cursos de formação e 
aperfeiçoamento policial voltadas para a investigação 
desses crimes.4
Manter rotinas periódicas e controle estatístico dos 
resultados decorrentes das investigações dos crimes de 
lavagem de dinheiro.5
Ter garantida em seu favor a destinação dos bens, direitos e 
valores recuperados em investigações policiais de crimes de 
lavagem de dinheiro cuja perda houver sido declarada pela 
Justiça, nos termos do §1º, do Art. 7º, da Lei n.º 9.613, de 1998.
6
Promover a cultura organizacional voltada à produção 
probatória de crimes de lavagem de dinheiro, com ênfase na 
recuperação de ativos ilícitos, sem prejuízo da investigação 
da infração penal antecedente.
7
Figura 3: Estrutura 
mínima da 
instituição das 
polícias civis. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Os resultados alcançados pela Ação 11/2018 já alteraram a 
realidade de repressão à lavagem de dinheiro em diversas 
polícias civis, bem como qualificaram o órgão como destaque 
na reunião plenária da ENCCLA, em novembro de 2018. 
Nessa reunião, também foi aprovada a continuidade da ação 
estratégica coordenada pelo CONCPC para o ano de 2019.
Apresentação12 • Módulo 1
Os RIFs 
apresentam o 
resultado das 
análises de 
inteligência 
financeira 
e indicam a 
existência de 
indícios da 
prática do crime. 
Futuramente, 
conheceremos 
mais sobre esses 
documentos.
Acompanhar junto à SEGEN a situação do EAD; gestão 
junto ao Departamento de Recuperação de Ativos e 
Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) quanto ao 
calendário do Programa Nacional do Livro Didático 
(PNLD) junto às polícias civis; identificação de outras 
capacitações que possam ser dirigidas às polícias civis.
Capacitação
Identificar estados que regulamentaram o Art. 7º, 
§1º, da Lei n.º 9.613/98; identificar modelos de
normas que regulem a gestão do perdimento de
bens, direitos e valores decorrentes da LD.
Legislação
Ainda em 2018, como encaminhamentos da Ação 11, além 
da prorrogação dos trabalhos para 2019, foram aprovadas as 
seguintes necessidades estruturantes.
• Extensão da possibilidade de recebimento dos Relatórios
de Inteligência Financeira (RIFs) de ofício para todas as
polícias civis.
• Ampliação de cursos presenciais sobre investigaçãode
crimes de lavagem de dinheiro.
• Entrega de conteúdo em Educação a Distância (EAD) em
condições de ser disponibilizado às polícias civis.
• Ampliação do rol de polícias civis que acessam o SIMBA.
• Instalação de LAB-LD em todas as polícias civis,
preferencialmente em suas unidades de inteligência.
Em 2019, a Ação 11 foi reiniciada com novo planejamento, 
todavia, manteve a sistemática de permanente diagnóstico 
das polícias civis focado nos três eixos de trabalho 
anteriormente citados. Perceba a seguir.
Apresentação13 • Módulo 1
Estruturação
Identificar polícias civis que ainda não dispõem de 
convênios com LAB/LD, SIMBA e Unidade de Inteligência 
Financeira (UIF); fomentar o envio de RIFs de ofício aos 
LABs das polícias civis, identificando as que já possuem 
essa rotina; fomentar a criação de canais de denúncias 
nas polícias civis; identificar modelos de extração de 
estatística das investigações relacionadas à lavagem de 
dinheiro (Ação 9/2018) e bases de dados e/ou sistemas 
essenciais para investigação de crimes de LD.
Figura 4: Estrutura 
reiniciada de 
trabalho das 
polícias civis. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Note que toda a estrutura da Ação 11 é um instrumento de 
transformação da cultura organizacional das polícias civis 
no enfrentamento das organizações criminosas que atuam 
no nosso país. E entendê-la como investigador facilitará seu 
desenvolvimento durante o processo de investigação.
Este curso de investigação do crime de lavagem de dinheiro, 
na modalidade de ensino a distância, faz parte dos resultados 
da primeira fase da Ação 11/2018 ENCCLA e você pode 
se tornar um instrumento de transformação da cultura 
organizacional das polícias civis no enfrentamento das 
organizações criminosas que atuam no nosso país.
Apresentação14 • Módulo 1
Também conhecida 
como criminalidade 
não convencional, 
crime do colarinho 
branco (white 
collar crime), 
delinquência 
dourada ou 
hipercriminalidade. 
Possui dois fatores 
qualificantes: 
o lucro e a
impunidade. É, pois,
uma delinquência
em bloco, conexa
e compacta no
sistema social,
de modo pouco
transparente
(como no caso do
crime organizado),
ou sob o rótulo
de atividade
econômica lícita,
como no caso
de crimes do
“colarinho branco”
(BITENCOURT,
2008).
Aula 2 – Aspectos Históricos da 
Lavagem de Dinheiro
CONTEXTUALIZANDO...
Você conhece órgãos nacionais e internacionais envolvidos 
no combate à lavagem de dinheiro?
Nesta aula, iremos identificar os aspectos históricos da 
lavagem de dinheiro até chegarmos à criação de órgãos 
nacionais e internacionais que são responsáveis por combater 
e reforçar a ideia do combate do crime de lavagem de dinheiro. 
Aqui, também iremos compreender um pouco mais a dinâmica 
estrutural das fases utilizadas por organizações criminosas 
no processo de lavagem de dinheiro.
A ORIGEM DO TERMO
A lavagem de dinheiro tem atraído a atenção de diversas 
jurisdições de organismos internacionais, como reflexo direto 
da globalização e da consequente intensificação das relações 
financeiras no mundo. O termo tem se consolidado como uma 
preocupação mundial, inclusive pela necessidade de controle 
da macrocriminalidade, de enfrentamento do crime organizado 
e da prevenção das infrações penais de uma forma geral.
A origem da expressão lavagem de dinheiro pelo mundo não 
é precisa. Todavia, há indicativos de que essa prática surgiu 
na China, há mais de três mil anos, quando a ocultação bens 
era adotada por alguns mercadores na tentativa de protegê-
los contra quem detinha o poder. Na Bíblia católica, podemos 
identificar a mesma prática na história de Ananias e de sua 
esposa Safira (Atos 4:37).
Apresentação15 • Módulo 1
Práticas assemelhadas à lavagem de dinheiro também 
ocorriam na época das pilhagens piratas, envolvendo bens 
roubados ou subtraídos, que eram trocados por metais para a 
manutenção dos navios. Os relatos mais atuais indicam que 
o termo teria surgido em 1928, quando o criminoso conhecido 
por Al Capone teria comprado uma rede de lavanderias para 
lavar dinheiro proveniente do tráfico de bebidas, da corrupção 
e de todos os outros delitos praticados.
Figura 5: Práticas 
de ocultação ao 
longo da história. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Apresentação16 • Módulo 1
Contudo, apesar da referência ao criminoso Al Capone no 
ano de 1928, a expressão lavagem de dinheiro já teria sido 
associada à máfia em 1904, no caso envolvendo o mafioso 
russo Maier Suchowljansky, posteriormente naturalizado 
e registrado como cidadão americano com o nome de 
Meyer Lansky. Nesse caso, identificou-se que ele utilizava a 
operação de offshores para cometer a prática.
O termo, então, consolidou-se na década de 1970, nos 
Estados Unidos da América, no caso de corrupção de políticos 
conhecido por Watergate. Na ocasião, teriam sido verificadas 
remessas de valores relacionados ao narcotráfico para o 
México. No caso, a agência do Federal Bureau of Investigation 
(FBI) foi responsável pelas investigações e destacou a 
importância de se acompanhar a origem dos recursos 
envolvidos, dando origem à expressão follow the money, ou 
seja: “siga o dinheiro”.
ÓRGÃOS DE COMBATE E O 
ENTENDIMENTO DO PROCESSO
Com o conhecimento da prática surge a necessidade do 
combate. Assim, com o objetivo de enfrentar a lavagem 
de dinheiro, diversos compromissos internacionais foram 
firmados, dando origem a uma complexa estrutura normativa 
sob o comando do Grupo de Ação Financeira em Lavagem de 
Dinheiro (GAFI) e de suas projeções regionais. A partir dessa 
estrutura, originou-se o Regime Internacional do Combate 
à Lavagem de Dinheiro, formado por uma ampla rede de 
Figura 6: Lavagem 
de dinheiro. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Expressão 
inglesa aplicada 
para denominar 
categorias de 
embarcação 
marítima e uma 
técnica de extração 
de petróleo em 
águas profundas. 
No caso das 
empresas, a 
expressão 
inicialmente foi 
usada apenas 
para indicar uma 
sociedade anônima 
implantada fora 
do país de origem 
de seus donos. 
Com o tempo, a 
expressão passou 
a definir uma 
empresa criada em 
um paraíso fiscal, 
de forma apenas 
cartorial, ou seja, 
ela está registrada 
em um país no qual 
não desenvolve 
nenhuma atividade.
Apresentação17 • Módulo 1
“
relacionamentos institucionais e de documentos, que vão 
desde tratados até memorandos de entendimento.
Nesse contexto, o relatório da Organização das Nações 
Unidas (ONU) destaca que o enfrentamento mais eficaz 
contra a lavagem de dinheiro exige a mudança de foco para 
a desestruturação de máfias e de seus mercados, a partir do 
implemento de medidas mais duras de combate a esse tipo de 
crime e também à corrupção. Nessa perspectiva, organismos 
internacionais como a Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), a ONU, o Conselho da 
Europa, entre outros, foram determinantes para criação do 
corpo internacional intergovernamental Finacial Action Task 
Force, ou Grupo de Ação Financeira Internacional (FATF-GAFI), 
no ano de 1989, e continuam reforçando o combate ao crime, 
colocando o tema em destaque na agenda internacional.
Com efeito, a criação do GAFI configurou o 
que Nadelmann (1990, apud CORRÊA, 2013) 
define como regime internacional de proibição, 
que busca explicar a dinâmica pela qual 
essas normas proibitivas, tanto no Direito 
Internacional quanto nas leis penais nacionais 
dos Estados, surgem, evoluem e se expandem na 
sociedade internacional.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) 
definiu a lavagem de dinheiro nos seguintes termos:
Um conjunto de operações comerciais ou financeiras 
que buscam a incorporação na economia de cada país, 
de modo transitório ou permanente, de recursos, bens e 
valores de origem ilícita e que se desenvolvem por meio 
de um processo dinâmico que envolve, teoricamente, 
fases independentes que, com frequência, ocorrem 
simultaneamente. (BRASIL, 2020, grifos nossos).
“
Apresentação18 • Módulo 1
Podemos, então, entender a lavagem de dinheiro como um 
processo peloqual se busca a ocultação da origem ilícita de 
valores obtidos com a prática de crimes, possibilitando a sua 
utilização sem que sejam despertadas suspeitas. Para facilitar 
a compreensão, o processo de conversão de um ativo ilegal 
em lícito costuma ser dividido pela doutrina em algumas fases. 
A divisão mais conhecida, inclusive utilizada pelo GAFI, aponta 
três, apresentadas na figura a seguir:
Colocação
Ocultação
Integração
Figura 7: Fases de 
um processo de 
conversão. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Contudo, é importante destacar que o fenômeno lavagem de 
dinheiro é dinâmico e, a depender da natureza da operação, 
essas três fases podem ocorrer simultaneamente. Fernandes 
(2019) nos mostra que, em relação à indicação das três fases, 
basta o cometimento de uma das ações para a infração penal 
de lavagem de dinheiro se consumar, mesmo que ocorra o 
simples manejo ou depósito em conta em nome próprio do 
proveito da ilicitude.
Agora, vamos entender melhor essas fases. Primeiramente, 
na fase de colocação, o criminoso busca disfarçar a origem do 
ativo para integrá-lo ao sistema econômico-financeiro, dando 
início ao processo de distanciamento de sua origem. Aqui, 
por se tratar do início do processo de inserção na economia, 
o ativo está mais próximo de sua origem, o que facilita a 
sua vinculação com a origem criminosa e a verificação das 
diversas modalidades de inserção dos valores, incluindo-
se transferências bancárias, movimentações de moeda em 
espécie, operações de câmbio, entre outras.
Apresentação19 • Módulo 1
Na segunda etapa, conhecida também por dissimulação, 
estratificação ou layering, busca-se o afastamento do ativo 
lavado de sua origem, o que inclui pessoas físicas, pessoas 
jurídicas interpostas, empresas offshores, paraísos fiscais, uso 
de uma atividade comercial fictícia com simulação de lucros 
(empresas de fachada), operações fraudulentas de importação 
e/ou exportação, entre outras tipologias. Aqui, verifica-se 
a realização de sucessivas operações financeiras, com a 
utilização de diversos bancos, contas e variados investimentos. 
O objetivo principal é afastar o ativo de sua origem ilícita.
Quanto maior o número de operações realizadas 
e a diversificação de naturezas, bem como maior 
a quantidade de jurisdições internacionais 
envolvidas, mais difíceis serão a identificação e o 
rastreamento dos valores transacionados. 
Nesse sentido, frequentemente, verifica-se a interposição 
dos conhecidos paraísos fiscais, onde imperam regras mais 
rígidas de sigilo bancário.
Já na última etapa, integração, os recursos retornam com 
aparência lícita às mãos dos criminosos, assumindo a 
forma de investimentos ou empréstimos externos, lucros 
de empresas regulares, aquisição de bens, doações 
entre outros. Assim, os valores são integrados e ficam 
à disposição dos criminosos para que deles possam se 
beneficiar sem despertar suspeitas.
Apresentação20 • Módulo 1
O dinheiro sujo é 
acumulado.
O dinheiro sujo é 
colocado no sistema 
financeiro.
Compra de bens de luxo, 
investimentos financeiros, 
comerciais e industriais.
Transferência 
eletrônica 
Empréstimo à 
empresa “Y”
Pagamentos 
por “Y” de 
notas fiscais 
falsas à 
empresa “X”
COLOCAÇÃO
INTEGRAÇÃO
Transferência para 
a conta bancária da 
empresa “X”.
OCULTAÇÃO
Figura 8: 
Mecanismo 
utilizado na fase de 
integração. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020). Também é importante destacarmos a existência de outras 
classificações do processo de lavagem em fases. Como veremos 
os modelos a seguir, citados pelo estudioso Anselmo (2013).
• Modelo circular, desenvolvido pelo Departamento do 
Tesouro Americano: explica os ciclos de lavagem de 
dinheiro com início na produção de riqueza por meio de 
atividades criminais. 
• Modelo naturalista, apresentado pelo professor suíço 
Zund, que comparou o ciclo de lavagem de dinheiro com 
a circulação natural da água: precipitação, filtração, 
evaporação e nova precipitação. A fase da precipitação 
seria a introdução do dinheiro vindo da atividade criminosa. 
Apresentação21 • Módulo 1
• Modelo teleológico de Ackermann: inspirado nos objetivos 
de cada etapa da lavagem, principais e secundários.
• Modelo das fases de Bernasconi, que divide o fenômeno 
em duas fases, a lavagem de primeiro e segundo graus 
(laundering e recycling). 
O termo money laundering foi utilizado pela primeira vez em 
1982 em documentos oficiais no caso United States, na Flórida, 
em processo judicial de ocultação de bens provenientes do 
tráfico de cocaína colombiana e foi difundido pela imprensa e 
pelos meios acadêmicos (STESSENS, 2005). Na Espanha, o termo 
difundido foi utilizado como blanqueo de capitales e lavado 
de diñero, na Alemanha, geldwaschen ou geldwäscherei. Na 
França, adotou-se a expressão blanchiment d’argent e, na Itália, 
o termo riciclaggiodidenarosporco (MORO, 2007).
A partir da década de 1970, com a falência da política de 
guerras às drogas, o interesse da comunidade internacional 
passa a ser despertado para que o enfrentamento ao crime 
altamente lucrativo passe a ter como foco a privação 
dos recursos auferidos ilicitamente pelos criminosos, 
inicialmente em relação ao tráfico de drogas, expandindo-
se posteriormente para outros crimes graves. Além do 
interesse das Nações Unidas, especialmente ao encampar os 
estudos preparatórios da Convenção de Viena (1988), o tema 
assumiu grande destaque na agenda internacional, desde 
organizações internacionais a grupos.
Saiba mais

Apresentação22 • Módulo 1
Na atualidade, é possível apontar diversos 
organismos internacionais que se ocupam do 
tema (ANSELMO, 2010, 2013), sendo hoje o de maior 
proeminência, o já citado, Grupo de Ação Financeira 
Internacional para a Lavagem de Dinheiro – 
Financial Action Task Force (FATF-GAFI).
Importante ressaltarmos que, por outro lado, a atuação da 
ONU foi precursora das iniciativas de criminalização da 
lavagem de dinheiro a partir da Convenção de Viena, assim 
como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico (OCDE), o Comitê de Supervisão Bancária da 
Basileia, o Grupo de Egmont, a Organização dos Estados 
Americanos, a Interpol, o Banco Mundial e do Fundo Monetário 
Internacional (FMI), a União Europeia, o Conselho da Europa, 
entre outros.
Apresentação23 • Módulo 1
“
Aula 3 – O Ambiente da Organização das 
Nações Unidas (ONU)
CONTEXTUALIZANDO...
O tema da lavagem de dinheiro foi inicialmente objeto de 
preocupação da Organização das Nações Unidas com 
a Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e 
Substâncias Psicotrópicas, ocorrida em Viena no ano de 1988. 
A partir desse instrumento, entendeu-se que há necessidade 
de discussões e atenção especial a esse assunto. Assim, 
surgiram as primeiras regras universais de combate ao crime 
de lavagem de dinheiro, bem como diversos instrumentos que 
contribuem para o combate a esse crime. É nesse contexto 
que iremos desenvolver nossa aula.
OS INSTRUMENTOS DA ONU DE 
COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO
A Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e 
Substâncias Psicotrópicas, ocorrida em Viena, em 1988, foi 
internalizada no Brasil por meio do Decreto n.º 154, de 26 de 
junho de 1991, que, em seu artigo 3º, aponta: 
1 - Cada uma das partes adotará as medidas 
necessárias para caracterizar como delitos 
penais em seu direito interno, quando cometidos 
internacionalmente:
[...]
b) i) a conversão ou a transferência de bens, com 
conhecimento de que tais bens são procedentes de 
algum ou alguns dos delitos estabelecidos no inciso 
a) deste parágrafo, ou da prática do delito ou delitos 
em questão, com o objetivo de ocultar ou encobrir a 
origem ilícita dos bens, ou de ajudar a qualquer pessoa 
Apresentação24 • Módulo 1
“que participe na prática do delito ou delitos em questão, para fugir das consequências jurídicas de seus atos;ii) a ocultação ou o encobrimento, da natureza, origem, 
localização, destino, movimentação ou propriedade 
verdadeira dos bens, sabendo que procedem de algumou alguns dos delitos mencionados no inciso a) deste 
parágrafo ou de participação no delito ou delitos em 
questão [...] (BRASIL, 1991).
Segundo Caparrós (2006, apud ANSELMO, 2010), esse foi o 
primeiro documento internacional em que os Estados assumiram 
a obrigação jurídica vinculante de produzir legislação interna 
prevendo a imposição de penas a quem buscasse dar aparência 
lícita a capitais procedentes de atividades ilegais do tráfico 
de entorpecentes. Nesse contexto, Corrêa (2013) afirma 
que o documento apresenta as primeiras regras universais 
relacionadas ao crime de lavagem de dinheiro.
A Convenção de Viena, portanto, apesar de não ter 
feito referência direta ao nome jurídico lavagem 
de dinheiro, foi um marco na formação do regime 
internacional de combate a esse crime por ter 
introduzido a obrigação internacional de que os 
países criminalizassem o proveito da criminalidade.
Além da Convenção de Viena (1988), destacam-se outros 
três instrumentos da ONU que abordam o tema. Vamos 
conhecê-los a seguir.
Apresentação25 • Módulo 1
Convenção Internacional para Supressão do 
Financiamento do Terrorismo (1999)
Recomendou a busca de estratégias para evitar o 
financiamento das organizações terroristas, a fim de 
enfraquecer ou eliminar suas atividades.
Convenção das Nações Unidas Contra o Crime 
Organizado Transnacional (Palermo, 2000)
Apresentou medidas específicas sobre lavagem de dinheiro. 
Marcou a passagem da obrigação internacional, firmada na 
Convenção de Viena, de criminalizar a lavagem de dinheiro 
proveniente do crime de tráfico de entorpecentes para 
todos os crimes graves.
Convenção das Nações Unidas Contra a 
Corrupção (Mérida, 2003)
Trouxe um capítulo específico sobre o tema de lavagem de 
dinheiro, tendo em vista a relação entre o crime de corrupção 
e o de lavagem de dinheiro. 
1
3
2
Figura 9: Instrumentos de abordagem da ONU. 
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
No início dos anos 80, o Comitê de Ministros do Conselho da 
Europa mostrava preocupação com a prevenção e combate 
à lavagem de dinheiro, sobretudo pela utilização do sistema 
financeiro para a ocultação dos capitais envolvidos. Assim, 
Apresentação26 • Módulo 1
adotou-se uma das medidas consideradas mais antigas na 
prevenção e combate à lavagem de dinheiro, onde estabeleceu 
medidas de combate em transações bancárias. Em novembro 
de 1990, a Convenção do Conselho da Europa, relativa ao 
branqueamento, detecção, apreensão e perda dos produtos do 
crime, conhecida como Convenção de Estrasburgo, tratou de 
um documento firmado no âmbito do Conselho da Europa.
Outra importante referência é o Comitê da Basiléia – Basel 
Commite e on Banking Supervision (BCBS), criado em 1974, 
pelos presidentes dos bancos centrais dos países do Grupo 
dos Dez (G-10). 
O Comitê se reúne no Banco de Compensações Internacionais, 
na Basileia, Suíça, onde possui sua secretaria permanente. 
Trata-se de uma organização que estabelece princípios e 
standards não vinculantes, sem a autoridade de um supervisor 
bancário transnacional (SHAMS, 2004 apud ANSELMO, 2010).
O BCBS tornou-se um fórum de discussão para o 
estabelecimento de boas práticas de supervisão 
bancária, tendo como objetivo aperfeiçoar as 
ferramentas de fiscalização sob a perspectiva 
internacional. 
Embora não possua autoridade para fazer cumprir suas 
recomendações, a maioria dos países, membros ou não 
do BCBS, tendem a implementar as políticas ditadas pelo 
comitê. Em dezembro de 1988, foi aprovada a Declaração 
de Princípios da Basileia sobre prevenção da utilização do 
sistema bancário para a lavagem de dinheiro de origem 
criminosa (Prevention of Criminal Use of The Banking System 
for the Purpose of Money-Laundering), conhecida como 
Princípios da Basileia de 1988 (Basel Princpicles 1988).
É uma organização 
composta por 
economias 
mundiais que 
estabelecem 
acordo para a 
aquisição de 
empréstimos 
colaborativos.
Apresentação27 • Módulo 1
Segundo Mitsilegas (2003) a Declaração de Princípios da 
Basileia tinha por base a atuação das instituições financeiras 
sob três perspectivas. Vejamos na imagem a seguir.
Identificar 
clientes.
Prevenir a 
atuação do banco 
em transações 
ilegítimas.
Assegurar a 
cooperação com 
as autoridades.
Figura 10: Bases 
de atuação da 
Declaração de 
Princípios da 
Basileia. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
A Declaração de Princípios da Basileia assegura os sistemas 
bancários e entende que sua fragilidade pode influenciar a 
harmonia do Sistema Financeiro Internacional. 
Apresentação28 • Módulo 1
Aula 4 – O GAFI e as 40 Recomendações
CONTEXTUALIZANDO...
Nos anos 1980, com o crescimento do tráfico de drogas e das 
organizações mafiosas e grupos criminosos organizados, 
surgiu a preocupação referente ao aumento desse crime e, 
com ela, a formação do Grupo de Ação Financeira (GAFI), 
ou Financial Action Task Force (FATF). Nesse período, os 
fundadores do GAFI concluíram pela necessidade urgente de 
uma ação decisiva, nos âmbitos nacional e internacional, para 
conter a produção, consumo e o tráfico de drogas, bem como 
a lavagem do seu produto (ALEXANDER, 2000).
Assim, o grupo desenvolveu um documento internacional 
com quarenta recomendações para o combate de lavagem 
de dinheiro. Vamos conhecer mais sobre a estrutura e o 
conteúdo desse documento no decorrer dessa aula.
A ESTRUTURA DO GAFI E O DOCUMENTO 
DE RECOMENDAÇÕES
O Grupo de Ação Financeira foi constituído com o objetivo de 
impedir a utilização do sistema bancário para a lavagem de 
dinheiro, adaptar os sistemas legais e regulamentares para 
prevenção, bem como melhorar a assistência multilateral 
entre os países. Foi baseado, portanto, em um tripé formado 
pelos seguintes pilares: regulação do sistema financeiro, 
harmonização dos sistemas legais e fomento à cooperação. 
Na estruturação do organismo, foram definidas quatro 
medidas. Vamos conhecê-las na imagem seguinte.
Apresentação29 • Módulo 1
(monitoramento e 
vigilância)
Sobre a adoção e 
implementação das 
recomendações do 
GAFI por todos os 
membros.
Dos esforços 
para incentivar 
os não membros 
a adotarem e 
implementarem as 
recomendações.
Fórum contínuo 
de avaliação 
da evolução 
das técnicas de 
lavagem de dinheiro 
no âmbito interno 
e mundial e troca 
de informações 
sobre técnicas de 
combate.
Com o combate, 
entre os diferentes 
países ou territórios, 
à lavagem de 
dinheiro.
Avaliação 
mútua
Coordenação 
e supervisão
Atuação na 
elaboração de novas 
recomendações 
e avaliações de 
contramedidas Valorização da 
cooperação entre 
as organizações 
envolvidas
Figura 11: Quatro 
medidas do 
organismo GAFI. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
A estrutura do GAFI contempla um número reduzido de 36 
membros, que representam os mais importantes centros 
financeiros do mundo, bem como os associatemembers, que 
funcionam como organismos regionais. Os observadores 
são entes internacionais cuja atividade se relaciona direta ou 
indiretamente com a prevenção e combate à lavagem de dinheiro.
A maior contribuição do GAFI para o combate à lavagem de 
dinheiro foi a criação do documento conhecido como “40 
Recomendações”, o qual constitui um conjunto básico de 
medidas a serem adotadas pelos países para que possam 
dispor de uma estrutura de combate à lavagem de dinheiro.
Esse instrumento do grupo foi produzido em 1990 e passou 
por sucessivas revisões para sua adequação. No ano de 2001, 
uma dessas revisões resultou na inclusão de recomendações 
específicas para o financiamento ao terrorismo.
O quadro a seguir apresenta a estrutura e resume as 
alterações na versão atual do documento. Vamos analisar.
Apresentação30 • Módulo 1
QUARENTA RECOMENDAÇÕES DO GAFI (VERSÃO 2012)
Número Nº anterior
1 - Avaliação de riscos e aplicação de uma abordagem baseada no risco.*
2 R.31 Cooperação e coordenação nacional.
A – POLÍTICAS E COORDENAÇÃO ALD/CFT
3 R1 e R.2 Crime de lavagem de dinheiro.*
4 R.3 Confisco e medidas cautelares.*
B – LAVAGEM DE DINHEIRO E CONFISCO10 R.5 Devida diligência acerca do cliente.*
11 R.10 Manutenção de registros.
Devida diligência acerca do cliente e manutenção de registros
12 R.6 Pessoas expostas politicamente.*
13 R.7 Correspondente bancário.*
14 RE VI Serviços de transferência de dinheiro/valores.*
15 R.8 Novas tecnologias.
16 RE VII Transferências eletrônicas.*
Medidas adicionais para clientes e atividades específicos
17 R.9 Recurso a terceiros.*
18 R.15 e R.22 Controles internos e filiais e subsidiárias estrangeiras.*
Recurso a terceiros, controles e grupos financeiros
5 RE II Crime de financiamento do terrorismo.*
6 RE III
Sanções financeiras específicas relativas ao terrorismo e ao 
Financiamento do terrorismo. *
7 Sanções financeiras específicas relativas à proliferação.*
8 REV III Organizações sem fins lucrativos.*
C – FINANCIAMENTO DO TERRORISMO E FINANCIAMENTO DA PROLIFERAÇÃO
9 R.4 Leis de sigilo bancário.
D – MEDIDAS PREVENTIVAS
Apresentação31 • Módulo 1
19 R.21 Países de alto risco.*
20 R.13 e RE IV Comunicação de operações suspeitas.
21 R.14 Revelação (tipping-off) e confidencialidade.
Comunicação de operações suspeitas
22 R.12 APNFDs: Devida diligência acerca do cliente.*
23 R.16 APNFDs: Outras medidas.*
Atividades e profissões não financeiras designadas (APNFDs)
24 R.33 Transparência e propriedade de pessoas jurídicas.
25 R.34 Transparência e propriedade de outras estruturas jurídicas.
E – TRANSPARÊNCIA E PROPRIEDADE EFETIVA DE PESSOAS JURÍDICAS 
E OUTRAS ESTRUTURAS JURÍDICAS
F – PODERES E RESPONSABILIDADES DE AUTORIDADES COMPETENTES E OUTRAS 
MEDIDAS INSTITUCIONAIS COMPETENTES E OUTRAS MEDIDAS INSTITUCIONAIS
26 R.23 Regulação e supervisão de instituições financeiras. *
27 R.29 Poderes dos supervisores.
Regulação e supervisão
28 R.24 Regulação e supervisão das APNFDs.
29 R.26 Unidades de inteligência financeira.*
30 R.27 Responsabilidades das autoridades de investigação e de aplicação da lei.*
32 RE IX Transportadores de valores.
Autoridades operacionais e de aplicação da lei
31 R.28 Poderes das autoridades de investigação e de aplicação da lei.
33 R.32 Estatísticas.
34 R.25 Orientações e retroalimentação (feedback).
Obrigações gerais
35 R.17 Sanções.
Sanções
36 R.35 e RE I Instrumentos internacionais.
G – COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Apresentação32 • Módulo 1
37 R.36 e RE V Assistência jurídica mútua. 
38 R.38 Assistência jurídica mútua: congelamento e confisco.*
39 R.39 Extradição.
40 R.40 Outras formas de cooperação internacional.*
A coluna “número anterior” se refere à correspondente Recomendação do GAFI da versão de 2003. As 
recomendações marcadas com um asterisco possuem notas interpretativas, que devem ser lidas em 
conjunto com a recomendação. Versão adotada em 15 de fevereiro de 2012. 
Quadro 1: As Quarentas Recomendações do GAFI (2012). 
Fonte: GAFI (2012), adaptado por labSEAD-UFSC (2020).
Nesse contexto, surge a projeção regional do GAFI, o Grupo 
de Ação Financeira da América Latina contra a Lavagem de 
Dinheiro (GAFILAT), originariamente criado com o nome de 
Financial Action Task Force on Money Laundering in South 
America (GAFISUD). 
Por fim, vale destacarmos que esse grupo busca desenvolver 
e implementar uma estratégia global e abrangente no 
combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do 
terrorismo, conforme estabelecido no documento com as 
quarenta recomendações.
Apresentação33 • Módulo 1
Referências
ALEXANDER, K. The legalization of the international anti-
money laundering regime: The role of the Financial Action 
Task Force. Centre for Business Research, University of 
Cambridge, 2000.
ANSELMO, M. A. Lavagem de dinheiro e cooperação jurídica 
internacional. São Paulo: Saraiva, 2013.
ANSELMO, M. A. O ambiente internacional do combate à 
lavagem de dinheiro. Revista de Informação Legislativa, Brasília, 
DF, ano 47, n. 188, p. 357-371, out./dez. 2010. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/47/188/ril_v47_n188_
p357.pdf. Acesso em: 2 abr. 2020.
BRASIL. Decreto n.º 154 de 26 de junho de 1991. Promulga 
a Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e 
Substâncias Psicotrópicas. Brasília, DF: Presidência da 
República, 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/1990-1994/d0154.htm. Acesso em: 31 mar. 
2020.
BRASIL. Lei nº 12.683, de 9 de julho de 2012. Brasília, DF: 
Presidência da República, 2012. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12683.
htm. Acesso em: 6 fev. 2020.
BRASIL. Ministério da Economia. Conselho de Controle de 
Atividades Financeiras. Prevenção à lavagem de dinheiro 
e combate ao financiamento do terrorismo. Brasília, DF, 
[2019]. Disponível em: http://www.fazenda.gov.br/assuntos/
prevencao-lavagem-dinheiro. Acesso em: 2 out. 2019.
CORRÊA. L. M. P. O Grupo De Ação Financeira Internacional 
(GAFI): organizações internacionais e crime transnacional. 
Brasília, DF: FUNAG, 2013. 
Apresentação34 • Módulo 1
FERNANDES, R. Lavagem de dinheiro: aspectos investigativos, 
jurídicos, penais e constitucionais, prevenção e repressão do 
branqueamento de capitais no Direito Brasileiro, Português e 
Internacional. São Paulo: Quartier Latin, 2019.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário 
Brasileiro de Segurança Pública 2014 a 2017. São Paulo: 
Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2018a. Disponível 
em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/
uploads/2018/09/FBSP_ABSP_edicao_especial_estados_
faccoes_2018.pdf. Acesso em: 6 jan. 2020.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário 
Brasileiro de Segurança Pública 2018. São Paulo: Fórum 
Brasileiro de Segurança Pública, 2018b. Disponível 
em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/
uploads/2019/03/Anuario-Brasileiro-de-Seguran%C3%A7a-
P%C3%BAblica-2018.pdf. Acesso em: 6 jan. 2020.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário 
Brasileiro de Segurança Pública 2019. São Paulo: Fórum 
Brasileiro de Segurança Pública, 2019. Disponível em: http://
www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/10/
Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf. Acesso em: 3 jan. 2020.
GAFI. Padrões internacionais de combate à lavagem de 
dinheiro e ao financiamento do terrorismo e da proliferação: 
as recomendações do GAFI. Tradução de Deborah Salles. 
Revisão de Aline Bispo. [S.I]: COAF, 2012. Disponível em: 
http://www.fazenda.gov.br/orgaos/coaf/arquivos/as-
recomendacoes-gafi. Acesso em: 2 abr. 2020.
MITSILEGAS, V. Money laundering countermeasures in the 
European Union: a new paradigm of security governance 
versus fundamental legal principles. The Hague: Kluwer Law 
International, 2003.
Apresentação35 • Módulo 1
MORO, S. F. M. (org). Lavagem de dinheiro: comentários à 
lei pelos juízes das varas especializadas em homenagem 
ao Ministro Gilson Dipp. Porto Alegre: Livraria do Advogado 
Editora, 2007.
O QUE É? – Empresa Offshore. Desafios do desenvolvimento, 
Brasília, DF, ano 2, n. 15, 1º out. 2005. Disponível em: 
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_
content&view=article&id=2080:catid=28&Itemid=23. Acesso 
em: 3 de jan. 2020.
SANCHES, C. A. El delito de blanqueo de capitales. Madri: 
Marcial Pons, 2000. 
STESSENS, Guy. Money Laundering: a New International Law 
Enforcement Model. New York: Cambridge University Press, 
2005. 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Laboratório 
da Secretaria de Educação a Distância (labSEAD-UFSC). 
Florianópolis, 2020. Disponível em: http://lab.sead.ufsc.br/. 
Acesso em: 10 fev. 2020.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase2 • Módulo 2
INVESTIGAÇÃO COM 
FOCO PATRIMONIAL 
E PRIMEIRA FASE
MÓDULO 2
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase3 • Módulo 2
BY NC ND
Programação
Jonas Batista
Salésio Eduardo Assi
Thiago Assi
Audiovisual
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Rafael Poletto Dutra
Rodrigo Humaita Witte
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública
Diretoria de Ensino e Pesquisa
Coordenação Geral de Ensino
Núcleo PedagógicoCoordenação de Ensino a Distância
Conteudista
George Estefani de Souza do Couto
Revisão de Conteúdo
Ana Carolina Litran Andrade
César Medeiros Cupertino
Danielle Garcia Alves
Vinicius Teles da Silva Costa
Revisão Pedagógica
Ardmon dos Santos Barbosa
Vânia Cecília de Lima Andrade
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
labSEAD
Comitê Gestor
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Luciano Patrício Souza de Castro
Financeiro
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Consultoria Técnica EaD
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Francielli Schuelter
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Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase4 • Módulo 2
Sumário
Apresentação ................................................................................................................5
Objetivos do módulo ............................................................................................................................. 5
Estrutura do módulo ............................................................................................................................. 5
Aula 1 – Investigação com Foco Patrimonial Relacionada à Lavagem de 
Dinheiro ..........................................................................................................................6
Contextualizando... ............................................................................................................................... 6
A investigação e o crime de cunho patrimonial .................................................................................. 6
Aula 2 – Investigação – Primeira Fase ....................................................................10
Contextualizando... ............................................................................................................................. 10
Análise preliminar do alvo .................................................................................................................. 10
Indícios do crime antecedente ........................................................................................................... 11
Análise fiscal ....................................................................................................................................... 13
Análise bancária .................................................................................................................................. 16
Análise bursátil .................................................................................................................................... 18
Investigação patrimonial .................................................................................................................... 18
Relatório de Inteligência Financeira ................................................................................................... 21
Pesquisas em sistemas disponíveis ................................................................................................. 23
Pesquisas em sistemas conveniados ............................................................................................... 26
Referências ..................................................................................................................31
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase5 • Módulo 2
Apresentação
A partir de quais elementos é geralmente iniciada uma 
investigação de crimes de lavagem de dinheiro?
A investigação de lavagem de dinheiro, em linhas preliminares 
e gerais, inicia-se a partir de suspeitas provocadas pelo padrão 
de vida usual e notoriamente incompatível dos envolvidos. 
Neste módulo, vamos identificar os aspectos que abrangem 
o processo de investigação desse crime, especificamente a
primeira fase do processo investigativo e a investigação com
foco patrimonial relacionada à lavagem de dinheiro.
OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer o que envolve a investigação com foco patrimonial 
relacionada à lavagem de dinheiro, bem como os aspectos 
que circundam a primeira fase do processo investigativo 
desse crime.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Investigação com Foco Patrimonial Relacionada à
Lavagem de Dinheiro.
• Aula 2 – Investigação – Primeira Fase.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase6 • Módulo 2
Aula 1 – Investigação com Foco 
Patrimonial Relacionada à 
Lavagem de Dinheiro
CONTEXTUALIZANDO...
A maior parte das infrações penais é de cunho patrimonial 
com o objetivo de gerar lucros. Esses crimes influenciam na 
economia e podem ser identificados pela análise de indícios 
suficientes da infração penal. Nesse contexto, o combate 
à lavagem de dinheiro surge como ferramenta eficaz no 
enfrentamento à criminalidade organizada.
Nesta aula, vamos conhecer um pouco mais sobre a investigação 
com foco patrimonial relacionada a esse tipo de crime.
A INVESTIGAÇÃO E O CRIME DE CUNHO 
PATRIMONIAL
Para iniciarmos, é importante destacarmos que todo crime de 
cunho patrimonial, que representa a maior parte das infrações 
penais, tem como objetivo principal arrecadar lucro. Assim, 
tais práticas gerarão o incremento e a evolução financeira 
incompatível por parte dos criminosos.
Nesse contexto, o foco de investigação de todas 
as infrações penais que possibilitem ganhar 
ativos ilicitamente, até mesmo de um homicídio, 
por exemplo, quando, mediante pagamento ou 
recompensa, deve ser o patrimônio e os ativos 
criminosamente levantados.
Além de potencializar a investigação do crime precedente, 
o foco patrimonial atua como “soldado de reserva”. Mesmo
que não ocorra condenação por crime antecedente, será
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase7 • Módulo 2
viável a apuração da lavagem de dinheiro diante de indícios 
suficientes da infração penal.
 
Figura 1: Apuração 
investigativas de 
indícios. Fonte: 
Pixabay (2020).
Ao contrário do senso comum, a responsabilização pela 
lavagem de dinheiro não requer condenação por crime 
anterior, tampouco a existência de processo. A simples 
colocação dos ativos ilícitos no mercado já caracteriza 
lavagem de dinheiro.
O olhar voltado à questão patrimonial também contribuirá 
na prevenção, desestimulando a continuidade da 
empreitada criminosa. A retirada do proveito econômico das 
práticas criminosas tende a torná-las inúteis e, portanto, 
desinteressantes para os autores.
Também deve ser considerada a possibilidade da 
perda de bens e recursos ganhos pela lavagem de 
dinheiro em favor da sociedade, inclusive para 
o fortalecimento de órgãos responsáveis pelo 
enfrentamento desse tipo de crime, a exemplo das 
polícias civis.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase8 • Módulo 2
O combate à lavagem de dinheiro surge, então, como 
ferramenta eficaz no enfrentamento à criminalidade 
organizada, uma vez que esta depende da lavagem para poder 
desfrutar dos benefícios financeiros gerados com as ações 
ilícitas (ANSELMO, 2013). 
Além disso, ação repressiva à lavagem de dinheiro contribui 
também para que o Brasil atenda aos standards previstos 
pelo FATF-GAFI, que leva em consideração as estatísticas de 
inquéritos, indiciamentos, prisões, bloqueios e perdimentos 
de bens relacionados à lavagem de dinheiro. Assim, 
diante da notícia do crime de cunho patrimonial e/ou da 
incompatibilidade patrimonial suspeita, deve-se apurar se há 
lavagemde dinheiro.
A apuração da lavagem de dinheiro deve valer-se das 
informações do COAF, sobretudo dos Relatórios de 
Inteligência Financeira (RIFS), e também da própria Atividade 
de Inteligência (AI) desenvolvida pelas polícias judiciárias, 
a qual podemos considerar como uma atividade de 
conhecimento sobre fatos e cenários, de forma discreta e 
sigilosa, sem a percepção daqueles que possuam eventuais 
interesses contrários. 
A produção de conhecimento busca subsidiar e 
assessorar a tomada de decisões, auxiliando a 
redução de incertezas dos mais variados gestores 
ou tomadores de decisões nos diversos níveis 
hierárquicos e esferas da estrutura estatal. 
A Atividade de Inteligência, com efeito, se desenvolve por meio 
das fases de obtenção e processamento de dados. Vejamos, 
na figura a seguir, o que está incluído nesse processo.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase9 • Módulo 2
Figura 2: Obtenção 
e processamento 
de dados. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Análise de Dados.
Separação dos dados 
de interesse.
Avaliação de dados.
Interpretação dos 
dados com projeção 
de ações.
Vale ressaltar a importância da estratégia de investigação 
materializada na expressão inglesa “follow the money” (siga 
o dinheiro), que, além de materializar a existência do crime 
de lavagem de dinheiro, pode colaborar, mesmo que seja com 
elementos indiciários, para a prova do crime antecedente.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase10 • Módulo 2
Aula 2 – Investigação – Primeira Fase
CONTEXTUALIZANDO...
Atitudes suspeitas de um estilo de vida de ostentação podem 
originar a abertura de um processo investigativo de crime de 
lavagem de dinheiro. A partir disso, surgem os indícios e com 
eles se inicia o levantamento de dados para que se encontrem, 
após uma profunda análise, dados inconsistentes que possam 
sustentar a continuação do processo de investigação.
Agora, vamos conhecer a primeira fase do processo 
investigativo desse crime em questão.
ANÁLISE PRELIMINAR DO ALVO
A investigação de lavagem de dinheiro, em linhas 
preliminares e gerais, inicia-se a partir de suspeitas 
provocadas pelo padrão de vida usualmente e notoriamente 
incompatível dos envolvidos.
Um modo de vida “ostentador”, bem como o 
incremento patrimonial aparentemente injustificado 
e sem lastro, entre outros fatores, podem constituir 
sinais externos desse tipo de crime.
Geralmente, criminosos envolvidos em lavagem de dinheiro 
fazem publicações em redes sociais com imagens e textos 
que revelam aquisições de carros de luxo, de viagens, imóveis, 
entre muitos outros bens ostensivos. A compra de um veículo 
de luxo, por exemplo, pode resultar numa comunicação de 
movimentação atípica/suspeita para o COAF e que, por sua 
vez, pode resultar na geração de um RIF, que, muitas vezes, é a 
base para a investigação.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase11 • Módulo 2
No caso de agentes públicos, aspectos sobre a renda 
formal dos envolvidos podem ser verificados em portais 
de transparência disponíveis na internet. Já para pessoas 
não vinculadas ao serviço público, o Cadastro Geral de 
Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do 
Trabalho, disponível na ferramenta SINESP, sob gestão 
do Ministério da Justiça e Segurança Pública, oferece 
informações úteis à investigação.
SINESP – Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, 
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material 
Genético, de Digitais e de Drogas é uma plataforma de informações 
integradas, que possibilita consultas operacionais, investigativas e 
estratégicas sobre segurança pública, implementado em parceria 
com os entes federados. Ele foi instituído pela Lei n.º 12.681, de 04 
de julho de 2012, passando posteriormente a fazer parte da Lei n.º 
13.675, de 11 de junho de 2018. 
 
Para acessá-lo, clique no link: https://www.justica.gov.br/sua-
seguranca/seguranca-publica/sinesp-1.
Os aspectos preliminares da investigação de lavagem de 
dinheiro envolvem a necessidade de se ampliar o conhecimento 
sobre os investigados, buscando respostas para perguntas 
básicas que possam subsidiar a continuidade dos trabalhos. 
O processo de conhecimento do alvo e de suas relações, 
entre outras formas, pode ocorrer por meio de pesquisas em 
sistemas corporativos e também em fontes abertas.
INDÍCIOS DO CRIME ANTECEDENTE
Na Lei n.º 9.613, de 1998, encontramos a afirmativa de 
que, para fins de lavagem de dinheiro, a comprovação da 
existência de um crime antecedente pode acontecer pela 
mera verificação de elementos indiciários. O termo “indícios” 
Saiba mais

Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase12 • Módulo 2
Nesta fase, é importante que o foco da busca seja em 
informações sobre patrimônio (em nome próprio ou oculto), 
a exemplo de imóveis, veículos, participação em pessoas 
jurídicas, registros de fluxo migratório etc., a depender da 
natureza da investigação iniciada.
O investigador deve sempre ter em mente a importância 
em se estabelecer o caminho do dinheiro. Para isso, serão 
necessárias, num segundo momento, medidas cautelares de 
quebras de sigilo bancário/fiscal e bursátil.
A partir do recebimento dessas informações, passa-se à 
análise dos elementos que elas trazem à investigação.
é empregado no dispositivo legal com sentido de carga 
probatória não categórica ou plena. A prova indiciária do crime 
antecedente é suficiente para o recebimento de uma denúncia 
pelo delito de lavagem de dinheiro.
A verificação dessa prova pode se dar pela realização 
de consultas em bases de dados abertas ou de acesso 
restrito ao registro de antecedentes criminais, sistemas de 
acompanhamento processual e, sobretudo, pela análise do 
conjunto dessas informações e das relações delas decorrentes.
Figura 3: Consulta 
a base de dados. 
Fonte: Shutterstock 
(2020).
Refere-se ao 
mercado de ações 
e suas questões de 
valores mobiliários, 
bolsa de valores 
e fundos de 
investimentos.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase13 • Módulo 2
ANÁLISE FISCAL
A análise fiscal consiste na verificação de dados obtidos em 
declarações e documentos apresentados pelos contribuintes, em 
geral, aos órgãos responsáveis pela fiscalização e arrecadação 
de tributos nos âmbitos federal, estadual e municipal.
Verifica-se uma gama de informações para realização 
de uma análise fiscal. Contudo, recomenda-se a 
concentração, em princípio, sobre as informações na 
Receita Federal do Brasil (RFB), como: Declarações de 
Imposto sobre a Renda e o Dossiê Integrado (resumo 
das tributações na esfera federal) ou equivalente.
A extração de dados obtidos na Receita Federal, referentes ao 
mesmo período das demais quebras de sigilo (bancária e bursátil), 
com o intuito de possibilitar a análise de dados por intermédio de 
sistemas informatizados, sempre que possível, deve gerar três 
modelos de arquivos. Vamos conhecê-los na imagem a seguir.
Figura 4: Modelos 
de arquivos para 
análise. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase14 • Módulo 2
““
Nessa análise, a coincidência dos períodos tem o objetivo 
de viabilizar a análise da evolução patrimonial, adotando-
se por parâmetro o ano-calendário, iniciando-se em 1º de 
janeiro de determinado ano e finalizando em 31 de dezembro 
de determinado ano, compreendendo três a cinco anos de 
período que circundem o período foco da investigação.
A evolução patrimonial e o rastreamento dos 
valores consistem na análise de dados decorrentes 
da quebra de sigilo bancário, fiscal e bursátil, em 
comparação com as informações do RIF, do COAF e 
de bens móveis e imóveis possuídos.
Sobre o compartilhamento de dados, a Estratégia Nacional 
de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), 
órgão formado por mais de 90 entidades dos poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário, em esferas federal, estadual 
e municipal, além de Ministérios Públicos e associações que 
atuam na prevenção e combate à corrupção e à lavagem de 
dinheirono país, trazendo resultados positivos ao logo dos 
anos, recomenda à Secretaria da Receita Federal do Brasil:
A sistematização, operacionalização e padronização 
do compartilhamento de informações fiscais em meio 
eletrônico, de forma estruturada, para os órgãos de 
fiscalização, controle, investigação e persecução 
penal, preservadas as restrições de sigilo vigentes e a 
integridade das informações. (BRASIL, 2017).
Nesse sentido, têm papel extremamente relevante os 
Laboratórios de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (LAB-
LD), unidades responsáveis pelo recebimento e análise de 
dados bancários, fiscais e outros relevantes às investigações 
de lavagem de dinheiro, bem como pela interlocução com 
órgãos detentores dos dados (Banco Central, instituições 
financeiras privadas etc.). Os LAB-LD constituem uma Rede 
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase15 • Módulo 2
Nacional de Laboratórios de Tecnologia contra Lavagem 
de Dinheiro (REDE-LAB) destinada ao compartilhamento de 
técnicas e experiências acerca da prevenção e repressão a 
lavagem de dinheiro, corrupção e a outros delitos relacionados. 
Os LAB-LD disponibilizam minutas de representações judiciais 
para as quebras de dados fiscais e bursátil, a fim de que estas 
se adequem da melhor maneira possível às especificidades 
técnicas de cada caso. Vale destacar, no que se refere à quebra 
de sigilo bancário, a existência do Sistema de Investigação 
de Movimentações Bancárias (SIMBA), que é destinado ao 
recebimento e gestão de dados bancários oriundos de quebras 
de sigilo bancárias judicialmente decretadas, o qual iremos 
abordar em outro módulo deste curso.
Figura 5: Quebra de 
sigilo dos dados. 
Fonte: Shutterstock 
(2020).
A Receita Federal do Brasil (RFB) é o órgão que possui a 
maior diversidade de dados, sendo responsável por receber 
declarações fiscais de pessoas físicas e jurídicas. 
As informações da RFB podem subsidiar a investigação com 
dados de todo o patrimônio declarado por pessoas e/ou 
empresas, os quais podemos verificar na imagem a seguir.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase16 • Módulo 2
Conhecer receitas, despesas 
e patrimônio.
Conferir a variação patrimonial 
e possível divergência entre 
os rendimentos e o patrimônio 
adquirido (enriquecimento ilícito).
Conferir a renda não declarada 
(sonegação) ou patrimônio 
a descoberto (sem lastro – 
irregularidade na declaração de 
bens ou omissão de receita).
Verificar vínculos com terceiros, 
possibilitando a comparação 
com outros elementos obtidos 
na investigação.
Figura 6: Dados 
para análise obtidos 
na RFB. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
A análise fiscal possibilita, ainda, a descoberta de eventuais 
interpostas pessoas com patrimônio declarado, mas sem 
renda que possa justificar a existência do patrimônio verificado, 
bem como a identificação de investigados com grandes 
movimentações financeiras, mas sem patrimônio declarado. 
ANÁLISE BANCÁRIA
A análise bancária é o exame de transações bancárias 
ocorridas em contas de pessoas investigadas. Ela torna-se 
relevante quando há suspeitas de que bens, direitos e valores 
ilícitos foram operados por meio de contas bancárias. 
A fim de viabilizar a análise da evolução patrimonial, 
adota-se por parâmetro o ano-calendário, iniciando-
se em 1º de janeiro de determinado ano e finalizando 
em 31 de dezembro de determinado ano, geralmente 
com abrangência de três a cinco anos anteriores aos 
fatos da investigação.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase17 • Módulo 2
Via de regra, o recebimento de informações bancárias se 
dá por intermédio da utilização do Sistema de Investigação 
de Movimentações Bancárias (SIMBA), mediante prévio 
cadastramento na plataforma para geração da minuta e do 
número de caso (protocolo digital) antes do ajuizamento 
da medida, por meio de arquivos digitais no padrão da 
extensão .txt que possibilitam a exportação e a geração de 
relatórios parametrizados pelo próprio sistema, simplificando 
as análises. Assim verifica-se o caminho do dinheiro e 
a movimentação por ano e período e cotejam-se essas 
informações com os dados fiscais e bursáteis, a fim de se 
estabelecerem a evolução e a (in)compatibilidade patrimonial.
O SIMBA é um conjunto de processos, módulos e normas para 
tráfego de dados bancários entre instituições financeiras e 
órgãos governamentais. A seguir, vamos identificar na figura o 
que envolve o sistema.
Definição de 
processo para 
solicitação 
normatizada 
de dados 
bancários. 
Utilização de 
sistema de 
validação de 
dados.
Utilização de 
sistema de 
processamento 
de dados.
Figura 7: Fatores 
possíveis pela 
análise de dados. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Esse sistema se trata de uma evolução do modelo adotado 
originalmente pela Assessoria de Pesquisa e Análise (ASSPA), 
unidade vinculada ao gabinete do Procurador-Geral da 
República do Ministério Público Federal.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase18 • Módulo 2
ANÁLISE BURSÁTIL
A análise bursátil consiste no exame dos bens, direitos e 
valores, de ativos em geral, sobretudo na esfera dos valores 
mobiliários (bolsa de valores), ações e fundos de investimento, 
em nome das pessoas investigadas ou que as tenham como 
destinatárias ou beneficiárias, ou seja, os titularizados por 
terceiros, mas que há contrato de concessão de direitos para 
o investigado. Essa esfera é supervisionada pela Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM). 
A análise se torna relevante quando há a suspeita 
de que bens, direitos e ou valores ilícitos foram 
operados por meio do mercado de valores 
mobiliários, prática muito comum, sobretudo para 
burlar a tradicional investigação que usualmente 
vinha se atendo apenas às quebras de sigilo 
bancário e fiscal. 
A fim de viabilizar a análise da evolução patrimonial, 
lembramos que deve ser adotado por parâmetro o ano-
calendário, iniciando em 1º de janeiro de determinado 
ano e finalizando em 31 de dezembro de determinado 
ano, abrangendo entre três a cinco anos de período que 
circundem o período foco da investigação.
INVESTIGAÇÃO PATRIMONIAL
A investigação patrimonial consiste no conjunto de medidas 
que podem ser realizadas, paralela e simultaneamente à 
investigação, visando identificar direitos, valores e bens, móveis 
e imóveis, presentes e passados, adquiridos com o produto 
da prática ilícita, seja por investigados, por seus familiares, 
intermediários, pessoas jurídicas e sócios “de direito” ou 
“de fato”, desde que exista indicativo de que os bens sejam 
instrumentos, proveitos e produtos do crime que se investiga. 
É importante analisar o patrimônio de acordo com o momento 
específico atinente aos fatos e períodos autorizados pela justiça.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase19 • Módulo 2
O levantamento patrimonial é importante para 
aplicação de medidas assecuratórias, com o objetivo 
de descapitalizar os criminosos e suas organizações, 
bem como reparar danos causados ao Estado.
A realização de uma análise patrimonial requer a obtenção 
dos dados bancários, fiscais e bursáteis. A partir dos 
dados fiscais dos investigados, deve-se avançar para o 
levantamento patrimonial declarado e real.
Levantamento patrimonial declarado
O levantamento patrimonial declarado corresponde ao 
levantamento realizado com base em dados obtidos apenas 
nas declarações e dados fiscais, a exemplo da Declaração de 
Imposto de Renda de Pessoa Física (como fonte principal), 
além de outras apresentadas ao fisco como o Dossiê Integrado. 
Esses dados devem ser confrontados com todas as tributações 
federais, por exemplo, com aquelas situações declaradas. 
Figura 8: 
Comparação dos 
dados. Fonte: 
labSEAD-UFSC 
(2020).
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase20 • Módulo 2
Dessa forma, por exemplo, torna-se possível verificar que 
a aquisição de um imóvel possa ter ocorrido em momento 
diferente daquele declarado, uma vez que o tributo 
correspondente para registro fora recolhido em outra data,o que pode evidenciar tentativa de burla à investigação e 
lavagem de dinheiro.
Além disso, importante perseguir o caminho dos recursos 
financeiros (“siga o dinheiro”), dos ativos em geral (bens móveis 
e imóveis, direitos e valores), das despesas, tais como cartões 
de crédito, viagens (verificar junto à Polícia Federal entradas 
e saídas do país e destinos) em nome dos investigados, 
familiares e interpostas pessoas, sobretudo daqueles que 
figuram em procurações como outorgados ou mesmo 
outorgantes, a fim de se verificar a tentativa de aquisições ou 
de ocultações de bens e aquisições desproporcionais com a 
renda declarada, ou seja, a apresentação da origem sem lastro, 
tentativa de conversão ao patrimônio do investigado como 
se fosse algo lícito e decorrente do labor, além da simples 
utilização ou emprego. É importante também, vale dizer, 
investigar aquisições e depósitos em conta corrente, mesmo 
em nome próprio, de valores em que haja indícios suficientes 
de que sejam provenientes da prática de infração penal, e mais, 
a evolução patrimonial de todos os investigados e possíveis 
interpostas pessoas (familiares, funcionários de empresa, 
pessoas jurídicas constituídas, outorgantes e outorgadas em 
procurações, entre outros), confrontando-se para o mesmo 
período de análise os dados bancários, fiscais e bursáteis.
Uma vez vencido o levantamento patrimonial declarado, deve 
ser realizado o levantamento patrimonial real. 
Levantamento patrimonial real
O levantamento patrimonial real comporta toda e qualquer 
informação obtida no âmbito de uma investigação. Além das 
informações fiscais, são consideradas informações obtidas 
a partir de medidas investigativas em geral. Vamos conferir 
alguns exemplos a seguir.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase21 • Módulo 2
Fontes abertas: redes sociais, dados de pesquisas em sites de 
buscas etc.
Diligências de campo: levantamentos diversos realizados por 
policiais in loco.
Solicitações via ofício: informações de cartórios, prefeituras, 
juntas comerciais, COAF etc.
Informantes: pessoas que colaboram de maneira informal 
com a polícia.
Dados bancários, fiscais e bursáteis: dados obtidos a partir de 
autorizações judiciais (trazem informações cadastrais, transações 
bancárias, investimentos, patrimônio declarado etc.).
Comunicações: informações relacionadas ao sigilo telefônico 
(extratos e áudios), dados de e-mails etc.
Busca e apreensão: diversas possibilidades de obtenção de 
dados e informações, tendo em vista que a equipe policial 
estará dentro do local onde o investigado reside e trabalha. 
Colaboradores: pessoas que colaboram com as investigações de 
acordo com legislações específicas.
DADOS OBTIDOS 
POR MEDIDAS 
INVESTIGATIVAS
Figura 9: Exemplos 
de informações 
obtidas por medidas 
investigativas. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Perceba que esse levantamento de dados abrange todas as 
informações obtidas por medidas investigativas e resume a 
investigação com uma fonte de dados extensa e exploratória, 
para que se possa evidenciar o delito com mais precisão.
RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA 
FINANCEIRA
O Relatório de Inteligência Financeira (RIF) é um documento 
produzido pela Unidade de Inteligência Financeira (UIF) – que 
no Brasil é representada pelo COAF – quando são encontrados 
indícios de ilicitude em operações financeiras (suspeitas e/
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase22 • Módulo 2
ou automáticas), ou seja, suspeitas de lavagem de dinheiro 
levantadas pelo COAF ou por denúncias de terceiros. 
Pode ser recebido de ofício pelo órgão ou solicitado, desde 
que haja inquérito policial instaurado e que se faça o upload 
do arquivo digital da portaria de instauração no Sistema 
Eletrônico de Intercâmbio do COAF (SEI-C), cuja senha de 
acesso se obtém com o gestor regional de cada órgão ou 
com o próprio COAF. 
A partir do recebimento do RIF, o investigador 
deve proceder ao seu estudo, organização e coleta 
inicial de dados. Nesse momento, serão avaliados 
os principais fatos relacionados, verificando-se 
possíveis investigações sobre os envolvidos. A 
análise do RIF também deverá destacar eventuais 
fatos referenciados pelo COAF como objeto do 
relatório, atentando-se para indícios de lavagem de 
dinheiro, se informados no relatório.
Após a leitura do RIF, deve-se avançar para a organização 
das informações em planilhas/anotações e documentos que 
logo serão utilizados para coleta de dados dos principais 
envolvidos, conforme abordado. A partir de então, devem ser 
realizadas consultas nas diversas bases de dados disponíveis 
e também em fontes abertas, estabelecendo-se uma análise 
de vínculos entre as informações constantes do documento 
da UIF e os dados obtidos por meio das pesquisas.
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase23 • Módulo 2
Dados obtidos por meio 
das pesquisas.
Informações constantes 
do documento da UIF.ANÁLISE DE 
VÍNCULOS
Figura 10: Fase de 
análise de vínculos. 
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
A partir da análise do RIF, parte-se também para pesquisas 
diversas de bens móveis e imóveis que estejam em nome 
das pessoas físicas e jurídicas citadas, capital social no caso 
de pessoas jurídicas, pesquisas de procurações e possíveis 
interpostas pessoas, visto que, na lavagem de dinheiro, é 
comum a presença delas (interpostas pessoas e procurações).
Numa analogia com a ciência médica, a análise do RIF serviria 
como uma espécie de “exame clínico” do problema, para 
posterior definição de solicitação e embasamento de quebras 
judiciais de sigilos bancário, fiscal e bursátil, medidas que 
poderiam ser consideradas “exames invasivos”.
PESQUISAS EM SISTEMAS DISPONÍVEIS
Antes mesmo da solicitação do intercâmbio eletrônico pelo 
sistema SEI-C da UIF, usualmente os LAB-LD ou mesmo 
perante a própria UIF, operando-se o acesso via internet, faz-
se conveniente definir o rol de investigados.
Para além dos investigados ditos principais, sugere-se a 
extensão do rol para os familiares – esposa, filhos, mãe, 
pai, irmãos –, ou seja, pessoas próximas de que se tenha 
conhecimento e alguns indícios de que possam estar sendo 
empregados para a prática de lavagem de dinheiro, o que é 
muito recorrente. Nesse sentido, é importante explorar a rede 
mundial de computadores. 
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase24 • Módulo 2
A internet possibilita, por meio de pesquisas 
do nome das pessoas entre aspas nos sites de 
pesquisa, identificar toda e qualquer publicação 
relacionada. A leitura e a análise criteriosa 
auxiliam, por exemplo, na identificação da rotina, da 
conduta social e dos vínculos com outras pessoas, 
publicação de proclamas de casamento, aprovação 
em concursos públicos, sanções, processos 
judiciais, entre outros.
Na linha de entendimento dos vínculos, a exploração das 
redes sociais possibilita, igualmente, identificar a relação com 
as pessoas e a eventual ostentação de bens e viagens por 
meio de postagens de fotografias e vídeos.
Em geral, os sites de tribunais possibilitam buscas em 
processos cíveis, trabalhistas, de interesse para a questão da 
conduta social, de vinculação com pessoas físicas e jurídicas 
e bens, além dos processos penais, muito úteis para indicar os 
indícios suficientes da infração penal antecedente que possa 
ter concedido a incompatibilidade patrimonial e, portanto, a 
lavagem de dinheiro.
As pesquisas em juntas comerciais, algumas vezes 
disponíveis na internet, são de extrema relevância 
para se verificar a utilização de pessoas jurídicas, 
bem como confrontar o capital social delas com a 
movimentação financeira e os bens possuídos.
No caso das pessoas jurídicas, também pode ser bastante 
útil a análise de contas de água, luz e telefone e o cadastro no 
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), 
do Ministério do Trabalho, ou no CNIS, do INSS, para verificar 
se há funcionários, se há movimentação em geral dos 
Investigação com Foco Patrimonial e Primeira Fase25 • Módulo 2
recursos

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