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Verificação de Aprendizagem 4

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VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 
REDAÇÃO PROFISSIONAL 
 
Nomes: Gustavo Rafael Rodrigues Pereira 
 Pablo Roberto Barcelos Prates de Souza 
Período: 8° período/Manhã 
Professor(a): Ângela Araújo Costa 
Data de Entrega: 08/11/2021 
Valor: 10 pontos 
Nota: ______ 
 
ESTA ATIVIDADE TEM COMO OBJETIVO A CONTINUIDADE DA PESQUISA 
ACADÊMICA ELABORANDO OS CAPÍTULOS 4 E 5, DE FORMA CRONOLÓGICA, 
FINALIZANDO O DESENVOLVIMENTO TEXTUAL DAS IDEIAS CONSTRUÍDAS. 
 
CAPÍTULOS 4 e 5 
4. DO ATO INFRACIONAL, DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E DAS MEDIDAS 
SOCIOEDUCATIVAS 
4.1. ATO INFRACIONAL 
A conduta da criança e do adolescente, quando coberta de ilicitude, reflete 
obrigatoriamente no contexto social em que vive. E, a despeito de sua maior incidência 
nos dias atuais, tal fato não constitui ocorrência apenas deste século, mas é nesta 
quadra da história da Humanidade que o mesmo assume proporções alarmantes, 
principalmente nos grandes centros urbanos, não só pelas dificuldades de 
sobrevivência como, também, pela ausência do Estado nas áreas da educação, da 
saúde, da habitação e, ainda, da assistência social (AMARANTE, 2002, p. 324). 
Por outra parte, a falta de uma política séria em termos de ocupação racional 
dos espaços geográficos, a ensejar migração desordenada, produtora de favelas 
periféricas nas capitais dos Estados, ou até mesmo nas médias cidades, está 
permitindo e vai permitir, mais ainda, pela precariedade de vida de seus habitantes, o 
aumento, também, da delinquência infanto-juvenil (AMARANTE, 2002, p. 324). 
O Ato infracional é “ação condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, 
aos direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes”. 
Somente haverá o ato infracional se a conduta for correspondente a uma hipótese 
prevista em lei que determine sanções ao seu autor (AQUINO, 2012). 
O Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua em seu art. 103 o ato 
infracional: “Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou 
contravenção penal”. Desta forma, considera-se ato infracional todo fato típico, 
descrito como crime ou contravenção penal (AQUINO, 2012). 
Tal definição decorre do princípio constitucional da legalidade. É preciso por 
tanto para a caracterização do ato infracional que este seja típico antijurídico e 
culpável garantindo ao adolescente por um lado, um sistema compatível com o seu 
grau de responsabilização e por outro a coerência com os requisitos normativos 
provenientes da seara criminal. Assim, João Batista Costa Saraiva esclarece: “Não 
pode o adolescente ser punido onde não o seria o adulto” (SARAIVA, 2002). 
Ainda, João Batista Costa Saraiva explica: 
O garantismo penal impregna a normativa relativa ao adolescente 
infrator como forma de proteção desta em face de ação do Estado. A 
ação do Estado autorizando-se a sancionar o adolescente e infligir-lhe 
uma medida socioeducativa fica condicionada a apuração dentro do 
devido processo legal que este agir típico se faz antijurídico e 
reprovável - daí culpável (SARAIVA, 2002, p.66). 
 
O Estatuto ao definir o ato infracional, adotou um conteúdo certo e determinado, 
abandonando as expressões como ato antissocial, desvio de conduta e outros, de 
significado jurídico impreciso, afastando-se qualquer subjetivismo do intérprete 
quando da análise da ação ou omissão (PAULA, 2002). 
Crianças e adolescentes podem praticar ações ilícitas ao preceito legal e são 
nomeados atos infracionais, desta forma, recebem tratamento distintos, como o 
disposto no art. 105 do ECA, estes somente obedecerão às medidas exclusivas 
previstas no art. 101 do mesmo diploma. Toda criança e adolescente recebem 
tratamento individualizado e especial, mesmo quando praticam condutas que sejam 
tipificadas no Código Penal (RAMIDOFF, 2008, 74). 
Para RAMIDOFF: 
A prática de ato infracional não se constitui numa conduta delituosa, 
precisamente por inexistir nas ações/omissões infracionais um dos 
elementos constitutivos e estruturantes do fato punível, isto é, a 
culpabilidade – a qual, por sua vez, não se encontra regularmente 
composta, precisamente por lhe faltar a imputabilidade, isto é, um 
elemento seu constitutivo e que representa a capacidade psíquica para 
regular a válida prática da conduta dita delituosa, enquanto decorrência 
mesmo da opção política do Constituinte de 1987/1988. Esta 
consignou a idade de maioridade penal em 18 (dezoito) anos, 
alinhando-se, assim, à diretriz internacional dos Direitos Humanos, 
como alternativa válida e legítima que reflete a soberania popular e a 
autodeterminação do povo brasileiro (RAMIDOFF, 2008, p. 75). 
 
4.2. NATUREZA JURÍDICA DO ATO INFRACIONAL 
No ordenamento jurídico brasileiro, os crimes e as contravenções penais só 
podem ser atribuídas, para efeitos da respectiva pena, às pessoas imputáveis, que 
via de regra, são as com mais de 18 anos de idade. Se a conduta ilícita partir de uma 
criança e adolescente, não será crime ou contravenção e sim um ato infracional em 
fase da ausência de culpabilidade e consequente punibilidade (ENGEL, 2006). 
Segundo o Desembargador Napoleão X. do Amarante: 
Significa dizer que o fato atribuído à criança ou ao adolescente, embora 
enquadrável como crime ou contravenção, só pela circunstância de sua 
idade, não constitui crime ou contravenção, mas, na linguagem do 
legislador, simples ato infracional. O desajuste existe, mas, na acepção 
técnico-jurídica, a conduta do seu agente não configura uma ou outra 
daquelas modalidades de infração, por se tratar simplesmente de uma 
realidade diversa. Não se cuida de uma ficção, mas de uma entidade 
jurídica a encerrar a ideia de que também o tratamento a ser deferido 
ao seu agente é próprio e específico. 
Assim, quando a ação ou omissão venha a ter o perfil de um daqueles 
ilícitos, atribuível, entretanto, à criança ou ao adolescente (v. art. 2°), 
são estes autores de ato infracional com consequências para a 
sociedade, igual ao crime e à contravenção, mas, mesmo assim, com 
contornos diversos, diante do aspecto da inimputabilidade e das 
medidas a lhes serem aplicadas, por não se assemelharem estas com 
as várias espécies de reprimendas (AMARANTE, 2002, p. 325). 
 
No mesmo contexto Vater Kenji Ishilda: 
Pela definição finalista, crime é o fato típico e antijurídico. A criança e 
ao adolescente podem vir a cometer crime, mas não preenchem o 
requisito da culpabilidade, pressuposto da aplicação da pena. Isso 
porque a imputabilidade penal inicia-se somente aos 18 (dezoito) anos, 
ficando de medida socioeducativa por meio de incidência. Dessa 
forma, a conduta delituosa da criança e do adolescente é denominada 
de ato infracional, abrangendo tanto o crime como a contravenção 
(ISHILDA, 2001, p.160). 
 
Para Paulo Lucio Nogueira: “O estatuto considera o ato infracional a conduta 
descrita como crime ou contravenção penal. Assim não há diferença entre crime e ato 
infracional, pois ambos constituem condutas contrarias ao direito positivo, já que se 
situa na categoria ilícito penal” (NOGUEIRA, 1998, p. 149). 
Assim, tem-se duas correntes, uma qual a conduta praticada pela criança ou 
adolescente esteja revestida dos elementos que caracterização crime ou 
contravenção, e outra que não vislumbra a diferença entre ato infracional crime e 
contravenção (ENGEL, 2006). 
 
4.2.1. Ato infracional praticado por criança e/ou adolescente 
Com relação às crianças, pessoas de até doze anos de idade incompletos e, 
adolescentes de até dezoito anos de idade, que cometem infrações penais, o ECA 
excluiu da aplicação de medidas socioeducativas, e deu a aplicação de medidas de 
proteção, podendo elas serem aplicadas de forma isolada ou cumulativa. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente não especificou o procedimento na 
apuração do ato infracional, somente esclareceu que caberá ao Conselho Tutelar e 
não ao Juízo da Vara da Infância e Juventude a aplicação das medidasde proteção 
dispostas no art. 136, I do referido diploma. 
 
4.3. APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL 
Por serem as crianças e adolescentes dotados de condição especial de 
desenvolvimento, e as soluções dos problemas devem ser rápidas, pois a demora no 
atendimento pode produzir danos irreparáveis. Eles possuem ritmo de vida mais 
acelerado e a sensação de impunidade pode acarretar uma sequência de atos 
infracionais que resultarão em sua interação (UNIPLAC, 2010). 
Assim, de acordo com art. 106 do Eca, o adolescente poderá ser apreendido 
em flagrante delito, no sentido que “nenhum adolescente será privado de sua 
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente”. 
Desta forma, no art. 107 do mesmo diploma que a apreensão do adolescente 
feita em flagrante deve ser imediatamente comunicada a autoridade judiciária 
competente, aos pais ou responsáveis ou quem ele indicar. 
A autoridade policial deverá desde logo verificar a possibilidade da liberação do 
adolescente isto, sob pena de responsabilização. O adolescente assina um termo de 
compromisso onde os pais se comprometerão em apresentar o adolescente ao 
representante do Ministério Público em dia determinado. 
Poderá também o Ministério Público de acordo com o art. 180 do ECA, a 
promoção do arquivamento dos autos, a concessão de remissão ou ainda a 
representação à autoridade judiciária para a aplicação das medidas socioeducativas. 
De acordo com o Estatuto, quanto ao arquivamento dos autos, deve ser pedido 
fundamentado na inexistência do ato infracional, inexistência da prova de participação 
do adolescente no ato, deve estar presente a excludente de antijuridicidade ou 
culpabilidade e inexistência de prova suficiente para a condenação (ELIZEU, 2010). 
O art. 184 do referido diploma, assim como o art. 41 do Código de Processo 
Penal, a representação é oferecida por petição, observando o princípio do 
contraditório e ampla defesa, assim que recebida pelo juiz, o processo será iniciado. 
Assim, o juiz poderá solicitar a apresentação do adolescente, fazendo por 
citação, bem como de seus pais ou responsáveis para que compareçam em juízo 
acompanhado de advogado. Se caso o adolescente não for encontrado, o juiz 
expedira mandado de busca e apreensão e o processo ficará suspenso até que seja 
o adolescente apresentado. 
Assim que o adolescente se apresentar em juízo, será marcada audiência, 
onde será feito o interrogatório. Após serão ouvidos os pais ou responsáveis quando 
apreciará a aplicação da remissão. Caso não haja remissão o processo terá 
continuidade com a apresentação de defesa previa e rol de testemunhas, podendo o 
juiz determinar diligencias, neste caso será designada nova audiência (ELIZEU, 
2010). 
Concluída a oitiva das testemunhas, é dada a palavra ao Ministério Púbico e 
em seguida ao defensor. Poderá os debates ser substituída por acusação e defesa 
escrita, desde que na forma de memoriais, nos preceitos legais. Logo após, será 
proferida a decisão do juiz, que poderá determinar a aplicação de uma das medidas 
socioeducativas, relacionados no art. 112 do ECA. 
 
4.4. DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO 
De acordo com De Plácido Silva, conceitua proteção como: 
Do latim protectio, de protegere (cobrir, amparar, abrigar), entende-se toda 
espécie de assistência ou de auxílio, prestado às coisas ou às pessoas, a fim de que 
se resguardem contra os males que lhes possam advir. Em certas circunstâncias, a 
prostituição revela-se o favor ou o benefício, tomando, assim, o caráter de privilégio 
ou de regalia. Desta acepção é que se deriva o conceito de protecionismo, na 
linguagem econômica e tributária (SILVA, 1999, p. 1121). 
Com base no conceito retro, pode-se dizer que as medidas de proteção que 
estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente são aplicadas pela 
autoridade competente, sejam juízes, promotores, conselheiros tutelares, às crianças 
e adolescentes que tiveram seus direitos fundamentais ameaçados ou violados 
(ZAINAGHI, 2002). 
O art. 98 do ECA estabelece que: 
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são 
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem 
ameaçados ou violados: 
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
III - em razão de sua conduta. 
 
Na aplicação das medidas de proteção será levado em conta de acordo com o 
art. 100 do ECA, as necessidades pedagógicas, preferindo as que visam o 
fortalecimento dos vínculos familiares e sociais. 
As medidas de proteção a serem aplicadas estão dispostas no art. 101 do 
referido Estatuto: 
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a 
autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes 
medidas: 
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de 
responsabilidade; 
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de 
ensino fundamental; 
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de 
proteção, apoio e promoção da família, da criança e do 
adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em 
regime hospitalar ou ambulatorial; 
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação 
e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 
2009) Vigência 
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada 
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
 
Observa-se que no disposto artigo, o legislador teve a preocupação em tocar 
tanto na criança quando na família, pois quando uma criança/adolescente comete ato 
infracional, entende-se que a base familiar não está bem, não conseguindo sustentar 
a criança dentro da sociedade (CASSANDRE, 2008, 34). 
 
4.5. DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
O Estatuto da Criança e do Adolescente elenca as medidas socioeducativas no 
artigo 112 e seguintes, como consequências da prática de ato infracional praticado 
por adolescente, são elas: 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade 
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
§1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua 
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. 
§2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a 
prestação de trabalho forçado. 
§3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental 
receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às 
suas condições. 
 
É necessário distinguir medidas socioeducativas de medidas de proteção, para 
DUPRET: 
Faz-se necessário distinguir as medidas protetivas das medidas 
socioeducativas. As medidas protetivas podem ser plicadas tanto a 
criança quanto ao adolescente que se encontre em situação de risco. 
Já as medidas socioeducativas se restringem a situação de risco 
prevista no artigo 98, III, quando é o adolescente que se coloca nessa 
condição em razão de sua própria conduta, pela prática de ato 
infracional (DUPRET, 2010. p. 171). 
 
De forma diferente da criança, o adolescente infrator é sujeito a tratamento mais 
severo, sendo o rol de medidas expresso na legislação taxativo e sua limitação deriva 
do princípio da legalidade, sendo proibida a imposição de medidas diferentes das 
enunciadas na legislação (MAIOR NETO, 2006. p. 378). 
Entretanto, o ECA, ao mencionar sobre o enfrentamento da delinquência 
infanto-juvenil, não se resume apenas nas medidas citadas.Ao ser empregada a 
doutrina do princípio da proteção integral, o legislador admitiu que a forma mais eficaz 
de prevenção da criminalidade está no objetivo de derrotar a situação de 
marginalidade experimentada pela maioria das crianças e adolescentes (MAIOR 
NETO, 2006. p. 378). 
É sabido que a principal finalidade das medidas socioeducativas é buscar a 
reeducação e ressocialização do menor infrator, possuindo um elemento de punição, 
tendo como finalidade impedir futuras condutas ilícitas. Não se pode negar o caráter 
não punitivo, entretanto, as medidas possuem semelhança com as penas previstas 
no Código Penal, tendo um caráter penal especial, como forma de retribuição ou 
punição imposta ao menor infrator (DA SILVA, 2008. p. 23). 
 
5. DAS ESPÉCIES DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
No artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente estão elencadas as 
medidas de caráter socioeducativo aplicáveis aos adolescentes autores de atos 
infracionais. 
É um rol taxativo, e não exemplificativo, sendo vedada a estipulação de 
medidas diferentes daquelas dispostas no referido artigo. 
São previstas no artigo 112 do ECA as seguintes medidas: 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade 
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
 
A aplicação da medida socioeducativa tem como objetivo impedir a reincidência 
entre os menores infratores, e sua finalidade é pedagógico-educativa. 
De mais a mais, as medidas, tem caráter impositivo, pois não é de cunho do 
infrator escolher ou acatar a medida determinada. Possui, ainda, finalidade 
sancionatória, uma vez que descumprida a regra de convivência por meio de ação ou 
omissão do menor, ele responderá por seus atos na proporção de sua atitude, sendo-
lhe aplicada a medida cabível e necessária. 
 
5.1. DA ADVERTÊNCIA 
Dispõe o art. 115 do ECA, que “A advertência consistirá na admoestação 
verbal, que será reduzida a termo e assinada”. O termo advertência significa 
admoestação, observação, aviso, ato de advertir. 
É a primeira das medidas aplicáveis ao menor que revela comportamento 
antissocial, mas de menor gravidade. O menor será entregue a seus responsáveis, 
mediante advertência verbal, reduzida a termo e assinada pela autoridade judicial. 
De acordo com Nogueira “a advertência deve ser a medida mais usada, uma 
vez que toda medida aplicada ao menor visa à sua integração sócio familiar”. 
(NOGUEIRA apud CHAVES, 1997, 517) 
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a aplicação da referida medida 
às seguintes situações: 
a) ao adolescente, no caso de prática de ato infracional (art. 112, I, c/c o art. 103); 
b) aos pais ou responsáveis, guardiões de fato ou de direito, tutores, curadores 
etc. (art. 129, VII); 
c) às entidades governamentais ou não governamentais que atuam no 
planejamento e na execução de programas de proteção e socioeducativas 
destinados a crianças e adolescentes (art. 97, I, “a”, e II, “a”) (BRASIL. Lei n. 
8.069/90). 
 
De acordo com o artigo 114, parágrafo único do Estatuto, para que seja feita a 
advertência é necessária prova da materialidade do fato e indícios suficientes de 
autoria. 
Nos dizeres de Mayara Yamada Dias Fonseca: 
Sendo a advertência a mais leve das medidas socioeducativas, sua 
imposição dispensa a sindicância ou o procedimento contraditório, já 
que deve ser imposta mediante o boletim de ocorrência elaborado pela 
autoridade policial ou informação do comissário (FONSECA, 2006. 
p.34). 
 
Entretanto, Cury, Silva e Mendez, entendem no seguinte sentido: 
[...] embora a advertência possa vir a ser aplicada no primeiro contato 
com o sistema de Justiça da Infância e da Juventude, na audiência de 
apresentação ao órgão do Ministério Público (art. 197 do ECA), nada 
impede que decorra do procedimento apuratório do ato infracional, 
através do respectivo procedimento contraditório (CURY, SILVA, 
MENDEZ, 2002, p. 254). 
 
Assim, tem-se que a advertência deve ser destinada, em regra, a adolescentes 
que não possuam antecedentes infracionais e para os casos de infrações brandas. 
 
5.2. DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO 
Preconiza o art. 116 do Estatuto que “em se tratando de ato infracional com 
reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o 
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, 
compense o prejuízo da vítima” (BRASIL. Lei n. 8.069/90). 
Essa medida socioeducativa pode ser injetada ao adolescente autor de ato 
infracional e, consequentemente, ao seu responsável legal. 
Não é tranquila a ideia de que essa medida deve ser colocada em procedimento 
contraditório, pois incube ao adolescente fazer a sua defesa devidamente assistida 
por advogado. 
De acordo com o parágrafo único do artigo 116, a medida de obrigação de 
reparar o dano pode ser substituída por outra adequada, caso seja evidente a 
manifesta impossibilidade de sua aplicação (FONSECA, 2006, p 38). 
 
5.3. DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE 
A prestação de serviços à comunidade obriga ao adolescente autor de ato 
infracional, o cumprimento de tarefas de caráter coletivo, visando interesses e bens 
comuns (SÁ, 2009, p. 46). 
Essa prestação é realizada gratuitamente, com o fim de proporcionar ao 
adolescente a possibilidade de adquirir valores sociais positivos, por meio da vivência 
de relações de solidariedade. 
As características dessa prestação de serviços comunitários estão explicitadas 
no artigo 117 do ECA abaixo transcrito: 
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização 
de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a 
seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros 
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários 
ou governamentais. 
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do 
adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito 
horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, 
de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal 
de trabalho. 
 
Segundo Cury, Silva e Mendez é uma das medidas socioeducativas que se 
reveste, hoje, de um grande e profundo significado pessoal e social para o adolescente 
infrator. (MENDES, 2002, 255) 
Como dispõe o parágrafo único deste artigo que trata da prestação de serviços 
à comunidade, as tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, 
devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos 
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência 
à escola ou à jornada normal de trabalho. 
A supervisão será realizada pela autoridade judiciária, do Ministério Público, de 
técnicos sociais, informando suas atividades e comportamento por meio de relatórios, 
e da comunidade (FONSECA, 2006, p.38). 
5.4. DA LIBERDADE ASSISTIDA 
A aplicação da liberdade assistida está prevista no artigo 118 do ECA, qual 
seja: 
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a 
medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o 
adolescente. 
§1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o 
caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de 
atendimento. 
§2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, 
podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por 
outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. 
 
O menor, depois de entregue aos responsáveis ou após liberação do internato, 
será submetido à assistência, como objetivo de impedir a reincidência e obter a 
certeza da reeducação(AQUINO, 2012, p.27). 
Essa medida será determinada pelo prazo mínimo de 6 (seis) meses, sendo 
possível a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra sempre 
que preciso, ouvindo o orientador, o Ministério Público e o defensor. Devido a sua 
finalidade, não há prazo máximo para ser cumprido, sendo admissível enquanto o Juiz 
considerar necessário ao adolescente (CASSANDRE, 2008, p. 48). 
Em regra, essa medida é aplicada a menores que são reincidentes em 
infrações menos gravosas, entretanto também pode ser aplicada aos que cometeram 
infrações mais graves, mas que, realizado o estudo social, foi verificado que a melhor 
opção é deixá-los com sua família, para que possam se reintegrar à sociedade. 
Também é aplicado aos que estavam em regime de semiliberdade ou de internação, 
quando é constatado que já se recuperaram parcialmente e não são um perigo à 
sociedade (FONSECA, 2006, p.43). 
No artigo 119 do Estatuto estão previstos os encargos do orientador, com apoio 
e supervisão da autoridade competente, quais sejam: orientar o adolescente, 
colocando-o, se preciso, em programas de auxílio e assistência social; supervisionar 
sua frequência e aproveitamento escolar e promover sua matrícula; diligenciar no 
sentido de profissionalização e inserção do adolescente no mercado de trabalho e, 
por fim, apresentar relatórios do caso (DIAS, 2010, p.39). 
As condições que serão cumpridas pelo adolescente não estão especificadas 
no ECA, sendo de incumbência da autoridade judiciária, que individualizará o 
tratamento tutelar, aplicando no caso concreto as condições, que poderão abarcar as 
relações de trabalho, escola e familiares. Ademais, deve-se sempre considerar a 
capacidade do adolescente de cumprir essas condições, as circunstâncias e a 
gravidade da infração, de acordo com o que dispõe o artigo 112, §2°. 
 
5.5. DO REGIME DE SEMILIBERDADE 
A medida socioeducativa da semiliberdade está contemplada no artigo 120 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que assim preceitua: 
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o 
início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a 
realização de atividades externas, independentemente de autorização 
judicial. 
§1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, 
sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na 
comunidade. 
§2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que 
couber, as disposições relativas à internação. 
 
O regime de semiliberdade é a medida mais rigorosa da liberdade pessoal 
depois da internação. Entre as medidas previstas no artigo 112 para o adolescente 
infrator, essas são as duas únicas medidas que geram a institucionalização. A 
semiliberdade pertence às medidas socioeducativas que o artigo 114 solicita a 
existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração (FONSECA, 
2006, p.47). 
Geralmente a semiliberdade é utilizada quando o menor a que foi aplicada a 
medida de internação deixou de ser um perigo para a sociedade passando para um 
regime mais brando, como também quando o menor, mesmo que tenha cometido uma 
infração grave, não é considerado perigoso, sendo necessário apenas a 
semiliberdade para a sua reintegração à sociedade e à família (MATIAS, 2012, p.33). 
Compreende-se, por semiliberdade, como uma medida socioeducativa 
destinada a adolescentes infratores, que trabalham e estudam durante o dia, e à noite 
recolhem-se a uma entidade especializada. São obrigatórias a escolarização e a 
profissionalização (SANTOS, 2012, p. 51). 
De acordo com o parágrafo 2º do art. 120 do Estatuto, a semiliberdade não 
possui prazo determinado, sendo aplicado, no que couberem, as disposições 
relacionadas à internação, inclusive quanto aos direitos do adolescente privado de 
sua liberdade (ABREU, 2009, p. 28). 
 
5.6. DA INTERNAÇÃO 
A medida de internação combina com a ideia de retirar o adolescente infrator 
do convívio com a sociedade. Em compensação, a internação, também possui a 
capacidade pedagógica, objetivando à reinserção do jovem infrator ao ambiente 
familiar e comunitário, bem como o seu aperfeiçoamento profissional e intelectual. 
O art. 121, caput, do ECA permite o entendimento sobre a medida, suas 
condições de imposição e desenvolvimento: “A internação constitui medida privativa 
da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento” (CAVALCANTE, 2008, p.32). 
Em decorrência do princípio da brevidade, a internação deve ser mantida pelo 
menor espaço de tempo possível, sendo que, de acordo com o artigo 121 §2º e §3º, 
3 anos é o limite máximo de duração da medida, de forma que a cada período de, no 
máximo, 6 meses, deve ocorrer uma reavaliação para verificar a necessidade de 
manter o adolescente internado (CAVALCANTE, 2008, p.33). 
O princípio da excepcionalidade integra-se no fato de que só deve ser aplicada 
a medida de internação nos casos em que não há cabimento para nenhuma outra 
medida socioeducativa. 
O princípio de respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento está 
expressamente previsto no art. 277 da Constituição Federal/88. Segundo tal princípio, 
deve ser utilizado um tratamento jurídico especial à criança e adolescente posto que 
são indivíduos que ainda estão formando sua personalidade. 
Ao atingir o limite máximo de 3 anos, o adolescente deverá ser liberado, posto 
em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida, sendo a liberação compulsória 
aos 21 anos de idade. Assim, após essa idade não poderá ser aplicada qualquer 
medida socioeducativa (AQUINO, 2012. p.29). 
As hipóteses de cabimento da internação estão previstas no artigo 122, que 
são: 
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa; 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida 
anteriormente imposta. 
 
Ao restringir as hipóteses em que a medida de internação poderá ser aplicada, 
o artigo 122 em seus incisos de I a III, está regulamentando o princípio da 
excepcionalidade. E, ainda, como menciona o §2º, ela deve ser evitada se houver 
antes dela outras medidas de caráter mais adequado (CARDOSO, 2006, p.50). 
A internação somente poderá ser executada pela autoridade judiciária 
competente em decisão qualificada, devendo ser cumprida, segundo o art. 123, em 
entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele intitulado ao abrigo, 
sendo obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e 
gravidade da infração, sendo obrigatório durante o seu período a realização de 
atividades pedagógicas. 
Os direitos do adolescente privado de sua liberdade encontram-se previstos no 
artigo 124 do Estatuto, assim dispostos: 
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre 
outros, os seguintes: 
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério 
Público; 
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; 
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; 
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; 
V - ser tratado com respeito e dignidade; 
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais 
próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; 
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; 
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; 
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; 
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e 
salubridade; 
XI - receber escolarização e profissionalização; 
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: 
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; 
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que 
assim o deseje;XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro 
para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura 
depositados em poder da entidade; 
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais 
indispensáveis à vida em sociedade. 
§1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. 
§2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, 
inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e 
fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. 
 
A desinternação, em qualquer hipótese, deverá sempre ser antecedida de 
autorização judicial e devendo ser ouvido o Ministério Público. 
O promotor Paulo Affonso Garrido de Paula, citado por Wilson Donizeti Liberati, 
assim destacava a finalidade da medida de internação ainda na vigência do Código 
de Menores: 
A internação tem finalidade educativa e curativa. É educativa quando 
o estabelecimento escolhido reúne condições de conferir ao infrator 
instrumentos adequados para enfrentar os desafios do convívio social. 
Tem finalidade curativa quando a internação se dá em estabelecimento 
ocupacional, psicopedagógico, hospitalar ou psiquiátrico, ante a ideia 
de que o desvio de conduta seja oriundo da presença de alguma 
patologia, cujo tratamento em nível terapêutico possa reverter o 
potencial criminológico do qual o menor infrator seja portador 
(PAULA apud LIBERATI, 2000, p. 95). 
 
José Farias Tavares salienta que há quem atribua caráter punitivo à medida de 
internação, apesar das disposições do ECA quanto à proteção do adolescente, e 
exemplifica essa hipótese citando um acórdão do eminente Des. Yussef Cahali: 
As medidas socioeducativas previstas no ECA também visam punir o 
delinquente, mostrando-lhe a censura da sociedade ao ato infracional 
que cometeu, e protegendo os cidadãos honestos da conduta 
criminosa daqueles que ainda não são penalmente responsáveis 
(TAVARES, 2010, p. 20). 
 
 
 
 
5.7. REMISSÃO 
Remissão significa clemência, indulgência, perdão, renúncia. O artigo 126 do 
Estatuto prevê a remissão como maneira de exclusão, suspensão ou extinção do 
processo para apuração do ato infracional, in verbis: 
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de 
ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder 
a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às 
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como 
à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no 
ato infracional. 
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão 
pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do 
processo. 
 
A remissão por exclusão do processo é para as seguintes hipóteses: a infração 
não possuir caráter grave, o menor não apresentar antecedentes e quando a família, 
a escola ou outras instituições já reagiram de maneira adequada e construtiva ou que 
venham a reagir desse modo (CURY; SILVA; MENDEZ, 2002, p. 412). 
Segundo Chaves: 
Se do sistema processual penal deflui o princípio da obrigatoriedade 
de propositura da ação penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, 
ao instituir a remissão como forma de exclusão do processo, 
expressamente adotou o princípio da oportunidade, conferindo ao 
titular da ação a decisão de invocar ou não a tutela jurisdicional. A 
decisão nasce do confronto dos interesses sociais e individuais 
tutelados unitariamente pelas normas insertas no ECA (CHAVES, 
1997, p. 558). 
 
A exclusão da medida socioeducativa por meio da remissão explica-se quando 
o interesse de defesa social assume valor menor àquele representado pelo custo, 
viabilidade e eficácia do processo. 
Desse modo, contravenções e infrações de menor gravidade, impostas a 
adolescentes primários, marcadas pela previsão de dificuldades na coleta da prova, 
cujo resultado, além de incerto, constituirá mera advertência, podem ser remidas 
plenamente pelo representante da sociedade (FONSECA, 2006, p. 39). 
É medida exclusiva do representante do Ministério Público por força dos artigos 
180, inciso II e 201, inciso I, que, em lugar de pedir a execução do procedimento, 
concede a remissão, podendo incluir a aplicação de qualquer das medidas previstas 
na lei, exceto a disposição em regime de semiliberdade e a internação, como 
estabelece o artigo 127. A manifestação deve ser fundamentada e o pedido 
homologado pelo juiz, que, não concordando com sua aplicação, deve remeter os 
autos ao Procurador-Geral de Justiça (ABREU, 2009, p. 30). 
A remissão pode ser posta como perdão puro e simples, sem a aplicação de 
qualquer medida, ou ainda, como uma espécie de transação, a critério do 
representante do Ministério Público ou da autoridade judiciária, como diminuição das 
consequências do ato infracional (CURY; SILVA; MENDEZ, 2002, p. 413). 
Importante se faz os ensinamentos de Mirabete: 
A remissão pode ser concedida como perdão puro e simples, sem a 
aplicação de qualquer medida, ou, a critério do representante do 
Ministério Público ou da autoridade judiciária, como uma espécie de 
transação, como mitigação das consequências do ato infracional. 
Nesta última hipótese ocorre a aplicação de medida específica de 
proteção ou socioeducativa, excluídas as que implicam privação da 
liberdade (encaminhamento aos pais ou responsáveis, advertência 
etc). Excluem-se as medidas de semiliberdade e internação diante do 
princípio do devido processo legal, consagrado na Constituição 
Federal (art. 5º, LIV). Essa transação sem a instauração ou conclusão 
do procedimento tem o mérito de antecipar a execução da medida 
adequada, a baixo custo, sem maiores formalidades, diminuindo 
também o constrangimento decorrente do próprio desenvolvimento do 
processo (MIRABETE, 2003, p. 426-427). 
 
De acordo com Cury, Silva e Mendez: 
Quando a remissão constituir perdão puro e simples ou vier 
acompanhada de medida que se esgote em si mesma, ocorrerá a 
exclusão do processo, se concedida pelo representante do Ministério 
Público, ou a extinção do processo, se concedida pelo juiz. Não 
ocorrendo uma dessas hipóteses, o processo ficará suspenso até que 
se cumpra a medida eventualmente aplicada pela remissão. As 
medidas aplicadas, ainda que pelo Ministério Público, serão sempre 
executadas pela autoridade judiciária (CURY; SILVA; MENDEZ, 2002, 
p. 413). 
Segundo Chaves (1997, p. 566), a concessão da remissão como causa de 
suspensão ou extinção do procedimento de investigação do ato infracional compete à 
autoridade judiciária e, só serão aceitas no curso do processo, quando madura a 
decisão ou quando alcançado o objetivo a que se presta o procedimento, qual seja, a 
educação e a reintegração do adolescente às normas sociais de conduta. Já como 
forma de exclusão do processo, é responsabilidade do membro do Ministério Público 
podendo ser concedida quando comprovado que o início do procedimento não trará 
benefícios ao adolescente. 
O artigo 128 do Estatuto dispõe que a medida aplicada devido a remissão 
poderá ser reanalisada judicialmente, em qualquer momento, mediante pedido 
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público. 
Ao decidir a revisão, a autoridade judiciária poderá: 
a) cancelar a medida aplicada, sendo retornada à situação processual anterior; 
b) substituí-la por outra, com exceção do regime de semiliberdade e da 
internação; 
c) convertê-la em perdão. 
 
Para que seja aplicada medida de regime de semiliberdade ou internação 
deverá ser instaurado o procedimento referente ao devido processo legal, ou então, 
se estava suspenso ou extinto, será dado continuação na forma regular (FONSECA, 
2006, p.31). 
Quanto à constitucionalidade dos artigos 126 a 128 Cury, Silva e Mendez 
(2002, p. 414), entendem que a aplicação da remissão com medidas previstas na lei 
não acarreta, necessariamente, reconhecimento ou comprovação de 
responsabilidade,nem predomina como antecedentes e, ainda, quando aplicada pelo 
Ministério Público se sujeita ao controle jurisdicional. 
Ademais, como estabelece o artigo 128, é facultado o pedido de revisão a 
qualquer tempo. Portanto, esses artigos não podem ser considerados 
inconstitucionais (FONSECA, 2006, p.33).

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