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M1 - T01 - Diálogo Ecumênico e Interreligioso

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Prévia do material em texto

Curso de Graduação a Distância 
 
 
Diálogo 
Ecumênico e 
Inter-religioso 
 
(04 créditos – 80 horas) 
 
 
 
Autores: 
Márcio Bogaz Trevisan 
Wilson Cardoso de Sá 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica Dom Bosco Virtual 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
 
 
 
 
 
2 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Missão Salesiana de Mato Grosso 
Universidade Católica Dom Bosco 
Instituição Salesiana de Educação Superior 
 
 
Chanceler: Pe. Ricardo Carlos 
Reitor: Pe. José Marinoni 
Pró-Reitora de Graduação e Extensão: Profa. Rúbia Renata Marques 
Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori 
Coordenadora Pedagógica: Profa. Blanca Martín Salvago 
 
 
Direitos desta edição reservados à Editora UCDB 
Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 
www.virtual.ucdb.br 
UCDB -Universidade Católica Dom Bosco 
Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário 
Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 
CEP 79117-900 Campo Grande – MS 
 
 
TREVISAN, Márcio Bogaz; SÁ, Wilson Cardoso. 
Diálogo Ecumênico e Inter-religioso / Márcio Bogaz Trevisan e 
Wilson Cardoso de Sá. Campo Grande: UCDB, 2015. 74 p. 
 
Segundo edição revisada em 2020. 
 
Palavras-chave: 1. Ecumenismo 2. Diálogo Inter-religioso 3. 
Teologia 
 
 
 
0720 
 
3 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO 
 
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe 
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que 
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do 
seu curso. 
 
Elementos que integram o material 
Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para 
a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. 
Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a 
realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem 
ultrapassar o prazo máximo indicado pelo professor. 
Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do 
professor sobre os diferentes temas objeto de estudo. 
Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você 
possa aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para 
facilitar seu acesso aos materiais. 
Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. 
As datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
 
Como tirar o máximo de proveito 
Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros 
conteúdos e interaja com os/as outros/as participantes. Portanto, não se esqueça de: 
· Interagir com frequência com os/as colegas e com o professor, usando as 
ferramentas de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; 
· Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas 
audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; 
· Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto 
a calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros; 
· Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas 
necessidades como estudante, organize o seu tempo; 
· Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua 
aprendizagem, contando com a ajuda e colaboração de todos/as. 
 
4 
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Objetivo Geral 
Analisar o microecumenismo (diálogo entre as denominações cristãs) e o 
macroecumenismo (diálogo entre as religiões), a partir de suas perspectivas históricas e 
teológicas, percebendo assim os limites, os desafios e os avanços nesse sentido. 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – O MOVIMENTO ECUMÊNICO ......................................................... 10 
1.1 Conceito de Ecumenismo ....................................................................................... 11 
1.2 Origem do movimento ecumênico........................................................................... 13 
1.3 Algumas experiências ecumênicas .......................................................................... 16 
 
UNIDADE 2 – ECUMENISMO E IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA ......... 21 
2.1 O Concílio Vaticano II: Unitatis Redintegratio ........................................................... 21 
2.2 A Encíclica Ut Unum Sint ........................................................................................ 28 
2.3 Pontifício Conselho para a promoção da Unidade dos Cristãos ................................... 32 
2.4 Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso ..................................................... 34 
2.5 A declaração Nostra Aetate .................................................................................... 37 
2.6 Diálogo entre Católicos e Luteranos: A Declaração sobre a Doutrina da Justificação 
(DCDJ) ...................................................................................................................... 39 
 
UNIDADE 3 – O DIÁLOGO ECUMÊNICO E INTER-RELIGIOSO ............................. 43 
3.1 Fundamentos do diálogo ecumênico e inter-religioso ................................................ 45 
3.2 Necessidade do diálogo ecumênico e inter-religioso ................................................. 48 
3.3 Mecanismos de combate à intolerância religiosa ...................................................... 51 
 
UNIDADE 4 – ATITUDES ECUMÊNICAS E INTER-RELIGIOSAS ............................ 55 
4.1 Etapas do Diálogo ................................................................................................. 55 
4.2 O lugar do cristianismo na história das religiões ....................................................... 59 
4.3 A oração multirreligiosa e a oração inter-religiosa .................................................... 59 
4.4 A tolerância cristã ................................................................................................. 61 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 65 
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ............................................................................... 67 
 
5 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Avaliação 
 
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da 
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa 
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc. 
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de 
cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo 
de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo 
será avaliado, pois a aprendizagem é processual. 
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as 
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre 
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. 
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de 
cada disciplina. 
 
Critérios para composição da Média Semestral: 
Para compor a Média Semestral da disciplina, leva-se em conta o desempenho 
atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas 
diferentes atividades virtuais e na(s) prova(s), da seguinte forma: Somatória das notas 
recebidas nas atividades virtuais, somada à nota da prova, dividido por 2. Caso a disciplina 
possua mais de uma prova, será considerada a média entre as provas. 
Média Semestral: Somatória (Atividades Virtuais) + Média (Provas) / 2 
Assim, se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova: MS = 7 + 5 / 2 = 6 
Antes do lançamento desta nota final, será divulgada a médiade cada aluno, dando 
a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 
possam fazer a Recuperação das Atividades Virtuais. 
Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda 
poderá fazer o Exame Final. A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral 
deverá ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. 
Assim, se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final: MF = 6 + 5 
/ 2 = 5,5 (Aprovado) 
 
 
 
 
 
6 
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FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES 
 
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu 
cronograma e tenha um controle de suas atividades: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o calendário 
disponível no ambiente virtual de aprendizagem). 
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. 
 
AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** 
Atividade 1.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 2.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 3.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 4.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
 
7 
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BOAS VINDAS 
 
Olá estimado acadêmico! 
Nesta disciplina vamos estudar o tema do Diálogo Ecumênico e Inter-religioso. 
A finalidade desta disciplina é propiciar uma compreensão geral sobre o microecumenismo 
(diálogo entre as denominações cristãs) e o macroecumenismo (diálogo entre as religiões), 
algo relevante diante de uma sociedade que ainda é permeada por fundamentalismos de 
todos os modos, muitos culminando no extremo da violência. 
Por isso, falar de diálogo é falar da construção de relações respeitosas e de uma 
cultura de paz. 
Que este estudo possibilite perceber que o primeiro passo começa em nós 
mesmos. 
 
Fonte: http://migre.me/q8mmI 
 
Desejamos um bom estudo! 
Um abraço! 
Márcio Bogaz Trevizan 
 
 
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Pré-teste 
 
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos 
prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta 
disciplina. Não fique preocupado/a com a nota, pois a atividade não será 
pontuada. 
 
1. Qual a instância dentro da Igreja Católica Apostólica Romana responsável 
por tratar da relação e diálogo com outras religiões? 
a) Conselho Pontifício “Justiça e Paz”. 
b) Conselho Pontifício para Promoção da Unidade entre os Cristãos. 
c) Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso. 
d) Conselho Pontifício para a Cultura. 
 
2. Qual a organização brasileira que trabalha em prol do microecumenismo 
(diálogo entre denominações cristãs) e promove a cada cinco anos a Campanha 
da Fraternidade Ecumênica? 
a) Conselho Mundial Igrejas (CMI). 
b) Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). 
c) Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI). 
d) Comitê Nacional de Diversidade Religiosa/SDH. 
 
3. Qual a data do “Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa”, instituída 
pela Lei Federal n. 11.635/2007? 
a) 20 de novembro. 
b) 01 de dezembro. 
c) 22 de março. 
d) 21 de janeiro. 
 
Submeta o Pré-teste por meio da ferramenta Questionário.
 
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INTRODUÇÃO 
 
 
Nesta disciplina apresentaremos um panorama geral sobre “Diálogo Ecumênico e 
Inter-religioso”, uma temática importante e relevante para todo estudo teológico. 
Este material se estrutura em quatro unidades. É importante que você leia os 
textos, assista aos vídeos que esclarecem os conteúdos, participe e interaja nos fóruns e 
chats das unidades. 
Na primeira unidade, “O Movimento Ecumênico”, abordamos o conceito do termo 
“ecumenismo”, a origem do movimento ecumênico e algumas experiências ecumênicas. 
Na segunda unidade, “Ecumenismo e Igreja Católica”, refletimos sobre o 
documento do Concílio Vaticano II, “Unitatis Redintegratio”, como o tema do ecumenismo 
foi sendo abordado pelos diversos papas e pelo Pontifício Conselho para a Unidade dos 
Cristãos e pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. 
Na terceira unidade, “O Diálogo Ecumênico e Inter-religioso”, trataremos dos 
fundamentos e da necessidade de estabelecermos o diálogo ecumênico e inter-religioso, 
que compreende suas dimensões microecumênica, entre as denominações cristãs, e 
macroecumênica, entre as religiões e com os/as sem religião. 
Na quarta unidade, “Atitudes Ecumênicas e Inter-religiosas”, faremos o estudo e 
reflexão sobre as atitudes, novas relações de respeito, que começam conosco mesmo, nas 
pequenas coisas cotidianas. Uma cultura de paz depende de cada um e cada uma de nós. 
Desejamos um bom estudo! 
Um abraço! 
Márcio Bogaz Trevizan 
 
10 
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UNIDADE 1 
O MOVIMENTO ECUMÊNICO 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Abordar o conceito de ecumenismo, como se deu a origem 
do movimento ecumênico e algumas experiências ecumênicas atuais. 
 
 
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de 
sua pele, por sua origem ou ainda por sua 
religião. Para odiar, as pessoas precisam 
aprender; e, se podem aprender a odiar, podem 
ser ensinadas a amar.” (Nelson Mandela) 
 
 
Você já fez um bom estudo sobre “História das Religiões e Fenômeno Religioso” e 
pôde compreender que a religião é a eterna busca do ser humano para dar sentido à vida e 
às coisas. Essa busca não acontece de forma única ou homogênea, igual para todo mundo, 
mas de forma plural, diversa e criativa, assim como é cada cultura, já que a religião faz 
parte da cultura. Diante disso, é importante refletirmos sobre o diálogo ecumênico e inter-
religioso, compreendendo o nosso papel na construção de uma cultura de paz. 
Assim, convidamos você para deixar de 
lado qualquer estereótipo negativo em relação 
ao ecumenismo, qualquer visão de que ele é 
uma ameaça à identidade religiosa. Vamos 
estudar e refletir sobre a importância da 
construção de uma cultura de paz, de respeito, 
não admitindo de nenhuma forma que a 
religião possa ser usada para praticar a 
violência em qualquer dimensão. 
Fonte: http://migre.me/oyeEU 
 
Quando falamos em diálogo ecumênico e inter-religioso levantamos a bandeira da 
paz e profeticamente denunciamos o uso da religião para praticar a violência. É isso que 
combatemos: a violência em nome da religião. Essa é uma luta e um processo educativo 
que começa nas pequenas coisas cotidianas, desde pequeno/a, até se refletir em dimensões 
sociais mais amplas e em todo o decorrer da vida. É um processo educativo permanente. 
Nosso papel como teólogos/as envolve essas questões cruciais nos dias de hoje. 
 
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O mundo tem sido palco de intolerâncias religiosas, de desrespeito, de 
fundamentalismos, de violências, e contra isso devemos lutar. É preciso que a partir da 
nossa postura, atitude e vivência, possam acontecer outras relações e ser sinal de uma 
cultura de paz, de amor e de solidariedade. Para isso, é interessante entendermos o que 
significa o termo ecumenismo, suas características e peculiaridades e como se originou o 
movimento ecumênico, nos apropriando de outras reflexões e nos afastando de reflexões 
negativas e estereotipadas sobre o assunto. É por aí que vai a proposta do nosso estudo. 
 
1.1 Conceito de ecumenismo 
 
“Só o amor, muda o que já se fez 
E a força da paz, junta todos outra vez...” 
(Roupa Nova – Compositor: Nando). 
 
O termo “ecumenismo” vem do grego “oikoumene”. A raiz é a palavra grega “oikos” 
que significa ‘casa’, ‘espaço/ lugar onde se vive’ com o mínimo de bem-estar. Desta forma, 
“oikoumene” expressa a existência que se dá nesse espaço habitado, o mundo habitado em 
si (SANTA ANA, 1987). 
Podemos dizer que atualmente o uso do 
termo ecumênico remete aos esforços de diálogo 
entre as igrejas cristãs. No entanto, numa 
perspectivamicroecumênica busca-se o diálogo 
ecumênico entre as denominações cristãs, já 
numa perspectiva macroecumênica busca-se o 
diálogo inter-religioso, ou seja, entre as religiões 
e com os sem religião. 
Fonte: http://migre.me/oCC56 
Antigamente, os escritores gregos clássicos (Heródoto, Demóstenes, Aristóteles, 
etc.) usaram o termo com um sentido geográfico, para contrapor a realidade do mundo 
habitado pelos gregos ao lugar que não sabiam quem habitava. O uso de “oikoumene” se 
tornou mais frequente na literatura grega no final do século IV a.C, período em que os 
gregos passaram a ter contato com outros povos, culturas e espaços geográficos, 
impulsionados por Alexandre Magno. Assim, pode-se dizer que “oikoumene” foi um termo 
usado com um sentido geográfico, mas também cultural, político e por fim religioso (SANTA 
ANA, 1987). 
 
12 
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O contato com outros espaços geográficos levou a um contato com outras culturas, 
com povos diferentes, com línguas, costumes e hábitos diferentes do grego. Essa 
experiência trouxe mais um sentido ao termo “oikoumene”, o cultural. Diante dessa 
diversidade buscou-se um elemento de unidade, o ideal do homem helênico, civilizado. A 
partir do século III a.C. esse conceito de indivíduo passou a simbolizar a “verdadeira 
humanidade” (SANTA ANA, 1987). 
Após as conquistas e morte de Alexandre Magno, o império grego se dividiu em 
quatro tornando-se politicamente frágil dando margem à dominação imperial de Roma. 
Nesse contexto, o termo “oikoumene” passa a ter um sentido político complementando o 
sentido geográfico e cultural, ambas as dimensões se entrelaçam. A repressão religiosa e as 
guerras religiosas que marcam a Europa, a partir do século XVI d.C., conferem mais um 
sentido ao termo, o religioso, a necessidade da paz (SANTA ANA, 1987). 
Atualmente essas dimensões, geográfica, cultural, política e religiosa, continuam 
presentes quando falamos de ecumenismo, de forma devidamente atualizada aos 
momentos atuais. A relação com grupos étnico-culturais diversos, como por exemplo, afros 
e indígenas, nos desafiam na construção de outras relações, para além da estigmatização 
histórica que esses grupos sofreram. 
Precisamos ter presente que, 
 
O diálogo inter-religioso demonstra a possibilidade de uma nova 
perspectiva de atuação das religiões ao reconhecer que essas podem 
exercer um papel significativo na construção de uma ética da superação da 
violência; que podem igualmente dedicar-se à tarefa comum de 
salvaguardar a integridade dos seres humanos e da terra ameaçada. A 
verdadeira relação com o Absoluto é incompatível com toda e qualquer 
desumanização ou violência (TEIXEIRA, 2003, p. 21). 
 
 
 
Dica de Aprofundamento 
 
- Ouça a música “A Paz – Roupa Nova”. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=3MW9jAZ0gOM>. Acesso em: 26 jun. 2020. 
- E a música “Minha Alma (A Paz que eu não quero) – O Rappa”. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=vF1Ad3hrdzY>. Acesso em: 26 jun. 2020. 
- Compartilhe com os colegas suas impressões, postando no fórum da unidade suas 
reflexões. O que significa construir a paz no contexto que você está inserido/a? Quais 
os desafios? 
 
 
 
 
13 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
Deste modo, falar em ecumenismo hoje é falar da construção da paz nesta grande 
casa comum, a terra. Implica em dialogar e 
respeitar a diversidade e as diferenças, em 
combater todo e qualquer tipo de violência 
praticada em nome da religião, em 
juntos/as, solidariamente, trabalharmos 
incansavelmente por um mundo mais digno 
e com vida plena para todos/as. No próximo 
tópico, veremos como se originou o 
movimento ecumênico e em seguida 
algumas experiências ecumênicas atuais. 
Fonte: http://migre.me/q8mWC 
 
1.2 Origem do movimento ecumênico 
 
 De forma panorâmica vamos apresentar algumas informações sobre a origem do 
movimento ecumênico. É interessante perceber que ele se origina no meio cristão, com as 
igrejas não católicas. 
Podemos definir o “movimento ecumênico”, a partir do Guia Ecumênico da 
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como: 
 
[...] as atividades e iniciativas que são suscitadas e ordenadas, de acordo 
com as várias necessidades da Igreja e a oportunidade dos tempos, no 
sentido de favorecer a unidade dos cristãos’ (Conc. Vat. II, Decr. Unitatis 
Redintegratio, nº 4). Assim entendido, poderia dizer-se que, em maior ou 
menor medida, sempre houve algum movimento ecumênico. Mas, falando 
mais estritamente, entendemos por movimento ecumênico as atividades de 
caráter sistemático, institucional e organizativo, de cunho interconfessional 
visando uma maior unidade visível da Igreja, para que o testemunho do 
Evangelho seja crido. Nesse sentido estrito, o movimento ecumênico surgiu 
no seio das Igrejas e Comunidades Eclesiais derivadas da Reforma. Não só 
a Igreja Católica, mas também as Igrejas orientais ortodoxas aderiram 
muito mais tarde ao movimento ecumênico (CNBB, 1979, p. 178). 
 
 
O documento da CNBB (1979) divide a trajetória do movimento ecumênico em três 
etapas: 
A primeira etapa seria até a 1ª Guerra Mundial, quando nascem várias federações 
internacionais e uniões interconfessionais como, por exemplo, a Conferência de Lambeth 
(anglicana), a Conferência Geral Evangélica-Luterana (precursora da Federação Luterana 
 
14 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Mundial), a Conferência Ecumênica Metodista (atual Conferência Mundial dos Metodistas), a 
Federação Mundial das Igrejas Congregacionalistas e a Federação Mundial dos Batistas. Na 
área missionária temos as Conferências Internacionais de Missões, sendo que a primeira 
ocorreu em Londres no ano de 1878, e a decisiva que ocorre em 1910, em Edimburgo, visto 
que criou o primeiro “comitê permanente” do movimento ecumênico. 
A segunda etapa do “movimento ecumênico”, conforme o documento, se daria 
entre as duas guerras mundiais. Nesse período sugiram três grandes organizações do 
ecumenismo não católicas, que são o Conselho Internacional das Missões, a Conferência Fé 
e Constituição e a Conferência “Vida e Ação”. A Conferência Fé e Constituição se direcionou 
mais para questões doutrinárias que são impedimentos para a unidade, já as outras duas se 
orientaram à construção de uma colaboração prática entre as várias confissões. No ano 
1937, a Conferência de Fé e Constituição, em 
Oxford, e a Vida e Ação, em Edimburgo, 
decidiram criar o Conselho Mundial de Igrejas 
(CMI), que integrou ambas as organizações, 
porém, devido à Segunda Guerra Mundial, o 
projeto só se realizou na primeira assembleia do 
CMI, em Amsterdã, no dia 23 de agosto de 
1948. E a terceira etapa do “movimento 
ecumênico” corresponderia ao Conselho Mundial 
de Igrejas1 em si. 
 Fonte: http://migre.me/oRLbV 
 
O Guia Ecumênico da CNBB (1979) aponta ainda que a Igreja Católica levou um 
tempo para participar do movimento ecumênico. O próprio Código de Direito Canônico tinha 
uma postura de desconfiança em relação às atividades interconfessionais: 
 
Proibia absolutamente a administração dos sacramentos aos cristãos de 
outras Igrejas (cân. 731 § 2); tolerava apenas uma presença passiva, em 
casos excepcionais, nas cerimônias dos acatólicos (cân. 1258); não permitia 
a sepultura eclesiástica de batizados não católicos (cân. 1240 § 1. 1º); 
exigia inclusive uma licença prévia da Santa Sé ou (em caso urgente) do 
Ordinário do lugar para a participação de católicos em disputas ou 
conferências com os acatólicos (cân. 1325 § 3) (CNBB, 1979, p. 180). 
 
 Como veremos essa realidade na Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) 
começará a mudar com o tempo e com os novos desafios. 
 
1 O Conselho Mundial em Igrejas (CMI) reúne cerca de 345 igrejas, de todas as regiões do mundo. 
Disponível em: <http://www.oikoumene.org/es/index?set_language=es>. Acessoem: 02 mar. 2019. 
 
15 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 A experiência trágica da Segunda Guerra Mundial levou os/as cristãos/ãs de diversas 
confissões a partilharem o sofrimento e a perseguição vivida, bem como um maior desejo 
de união. Os/as católicos/as começaram a participar de reuniões ecumênicas, o que levou o 
Santo Ofício a rever a questão e publicar a Instrução de 20 de dezembro de 1949, na qual 
pela primeira vez aparece oficialmente uma abertura da Igreja Católica ao movimento 
ecumênico. Em consequência surgem vários centros católicos de estudo voltados para a 
questão ecumênica. Várias universidades e institutos teológicos criam disciplinas de 
ecumenismo ou teologia protestante ou oriental. Assim, em 1952, temos a criação da 
Conferência Católica para as questões ecumênicas (CNBB, 1979). 
 É durante esse contexto da Segunda Guerra Mundial que temos um marco histórico, 
a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que vem proclamar a 
dignidade humana, os direitos humanos, a liberdade e o respeito. Não é difícil de entender 
que a declaração seja elaborada nesse contexto pós-guerra, num cenário de milhões de 
mortes frutos da violência, da guerra. 
 Podemos ainda destacar três contribuições importantes ao longo do século XIX. A 
primeira do movimento missionário, em especial o protestante, que tomou consciência 
sobre a questão ecumênica, realizou várias reuniões internacionais até culminar na 
“Primeira Conferência Missionária Mundial”, em 1910. A segunda, dos movimentos leigos 
que se formaram ao longo do século XIX, num contexto de mudanças sociais com a 
revolução industrial que impactou no estilo de vida, gerou mais pobreza e desigualdade. 
Também com a formação de várias correntes de pensamento que trouxeram novos desafios 
às religiões. Diante de todo esse movimento, os/as leigos/as se viram interpelados/as 
quanto a sua presença na sociedade. 
O século XIX precedeu-se da Revolução Francesa, que inaugurou o estado moderno 
e com ele um processo de secularização, de tal modo que surge uma nova forma de 
presença dos/as leigos/as na sociedade, através de diversas organizações por meio das 
quais procuravam dar testemunho do Evangelho. Isso tudo influiu no século XX, no que se 
refere a uma renovação bíblica, renovação da vida litúrgica, renascimento dos estudos 
patrísticos, renovação catequética, que influenciaram importantes movimentos de reflexão 
teológica e social dos/as cristãos/ãs. A terceira seria o crescimento do movimento anglo-
católico. O espírito ecumênico passa a ter muita influência na Igreja Anglicana e na Igreja 
Católica Apostólica Romana (SANTA ANA, 1987). 
 A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) irá aderir oficialmente ao movimento 
ecumênico com o Decreto Unitatis Redintegratio, do Concílio Vaticano II (1962-1965), o que 
não impediu iniciativas e ações anteriores de católicos/as em orações pela unidade dos/as 
cristãos/ãs, no ecumenismo espiritual e no compromisso social. 
 
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Dica de Aprofundamento 
 
Leia o artigo “Caminho e significado do 
movimento ecumênico”. Disponível em: 
<http://www.vatican.va/roman_curia/pontifica
l_councils/chrstuni/card-kasper-
docs/rc_pc_chrstuni_doc_20080117_kasper-
ecumenismo_po.html>. Acesso em: 19 jun. 
2019. 
Poste no fórum da unidade suas reflexões. 
 Fonte: http://migre.me/oRL3X 
 
 
 
1.3 Algumas experiências ecumênicas 
 
 Ao falarmos de algumas experiências ecumênicas é interessante destacarmos 
iniciativas que a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) tomou. Uma delas foi em 1962, 
quando o papa João XXIII convidou observadores não católicos, de várias igrejas, para o 
Concílio Vaticano II. Outro marco que já mencionamos foi a publicação do documento oficial 
“Decreto Unitatis Redintegratio – Sobre o Ecumenismo”, em 1964, pelo Concílio Vaticano II, 
sob o pontificado de Paulo VI. A obra completou 50 anos em 2014. 
 Vale ressaltarmos que em 2004, quando o decreto completou 40 anos, foi realizado o 
Congresso Internacional “O Decreto sobre o Ecumenismo do Concílio Vaticano II, quarenta 
anos depois”, nos dias 11 a 13 de novembro de 2004, em Rocca di Papa, perto de Roma. Ali 
se avaliaram várias questões ecumênicas. 
 Outro grande marco histórico na experiência ecumênica foi a criação do Conselho 
Mundial de Igrejas (CMI), em 1937, que reúne 345 igrejas em mais 
de 110 países, representando mais de 500 milhões de cristãos/ãs. 
 O Conselho Mundial de Igrejas, o Pontifício Conselho para o 
Diálogo Inter-religioso e a Aliança Evangélica Mundial, elaboraram 
um documento sobre o “Testemunho Cristão num Mundo de 
Pluralismo Religioso”, que aponta como base para o testemunho 
cristão o seguinte: 
Fonte: http://migre.me/q9sYR 
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/card-kasper-docs/rc_pc_chrstuni_doc_20080117_kasper-ecumenismo_po.html
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/card-kasper-docs/rc_pc_chrstuni_doc_20080117_kasper-ecumenismo_po.html
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/card-kasper-docs/rc_pc_chrstuni_doc_20080117_kasper-ecumenismo_po.html
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/card-kasper-docs/rc_pc_chrstuni_doc_20080117_kasper-ecumenismo_po.html
http://migre.me/oRL3X
 
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1. Para os cristãos é um privilégio e uma alegria dar a razão da 
esperança que neles habita, fazendo isso com delicadeza e respeito (Cf 
1Pe 3,15). 
 
2. Jesus Cristo nos dá o supremo testemunho (cf Jo 18,37). O 
testemunho cristão é sempre um modo de compartilhar o 
testemunho dele, que assume a forma de proclamação do Reino, serviço 
ao próximo e total doação de si mesmo, ainda que esse ato de doação 
conduza à cruz. Assim como o Pai enviou o Filho no poder do Espírito Santo, 
os que creem são enviados em missão para testemunhar em palavras e 
obras o amor do Deus uno e trino. 
 
3. Os exemplos e os ensinamentos de Jesus Cristo e da Igreja 
primitiva precisam guiar a missão cristã. Por dois milênios os cristãos 
têm procurado seguir o caminho de Cristo, partilhando a boa nova do Reino 
de Deus (cf Lc 4,16-20). 
 
4. O testemunho cristão num mundo plural inclui o compromisso de 
entrar em diálogo com pessoas de diferentes religiões e culturas (cf 
At 17,22-28). 
 
5. Em alguns contextos, viver e proclamar o evangelho é difícil, há 
obstáculos e até proibições, mas os cristãos foram encarregados por Cristo 
de perseverar fielmente em solidariedade uns com os outros no seu 
testemunho sobre ele (cf Mt 28, 19-20; Mc 16, 14-18; Lc 24, 44-48; Jo 
20,21; At 1,8). 
 
6. Se os cristãos adotarem métodos inadequados no exercício da missão, 
cometendo enganos e recorrendo a meios coercitivos, estarão traindo o 
evangelho e causarão sofrimento a outros. Tais condutas clamam por 
arrependimento e nos recordam acerca de nossa contínua necessidade da 
graça de Deus (cf Rm 3,23). 
 
7. Os cristãos afirmam que, embora tenham a responsabilidade de 
testemunhar Cristo, sabem que a conversão é, em última instância, 
obra do Espírito Santo (cf. Jo 16,7-9; At 10, 44-47). Eles reconhecem 
que o Espírito sopra onde quer por caminhos que nenhum ser humano 
pode controlar (cf. Jo 3,8). (grifos nossos) 
 
 
1.3.1 O Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC) 
 
Uma das organizações ecumênicas que tem grande influência no Brasil é o 
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), fundado em 1982, a partir de um 
longo diálogo e articulação entre as Igrejas Católica Apostólica Romana, Evangélica de 
Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil e a Metodista. 
A origem do diálogo formal remonta ao ano de 1975 quando se iniciou uma série de 
reuniões entre representantes das referidas Igrejas, objetivando dar passos no diálogo 
ecumênico. Apósdiversas conferências entre as presidências das Igrejas acima citadas, foi 
tomada a decisão de criar uma organização Ecumênica. 
 
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A carta final da reunião que fundou a entidade, definiu-a tendo como o objetivo 
“colocar-se a serviço da unidade das igrejas, empenhando-se em acompanhar a realidade 
brasileira, confrontando-a com o Evangelho e as exigências do Reino de Deus” (CONIC, 
1982). Neste objetivo estava implícito a defesa dos direitos humanos, realidade que com o 
passar do tempo, tornou-se uma das prioridades do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. 
No decorrer dos anos, o CONIC esforçou-se por produzir vários documentos que 
expressassem pontos de convergência entre as várias Igrejas Membros, no que tange à Fé 
cristã e a questões relacionadas à 
sociedade brasileira. A importância 
destes ‘acordos’, consiste em facilitar 
o trabalho pastoral de seus líderes e 
em dar testemunho comum da Fé em 
Jesus Cristo vivo e ressuscitado. 
Abaixo apresentamos alguns dos 
documentos e a temática que 
abordaram: 
 Fonte: http://migre.me/q9HZh 
 
DOCUMENTOS - CONIC 
Ano Título Assunto 
2001 Igreja e Ministério 
Aborda vários elementos comuns sobre a 
concepção de Igreja e o Ministério Ordenado, e 
esclarece algumas diferenças que existem entre 
as Igrejas que pertencem ao CONIC. 
1998 Hospitalidade Eucarística 
O Documento aborda o conceito de Hospitalidade 
eucarística, que consiste na possibilidade de fiéis 
de uma igreja participar nas ceias celebradas por 
outra confissão. Não é a concelebração e a 
participação não é constante. Acontece onde 
cada igreja celebra o sacramento a seu modo, 
admitindo em situações especiais, membros de 
outras igrejas. 
2007 
Ato de reconhecimento 
mútuo da administração 
do batismo entre as 
Igrejas membros do 
Conic. 
As Igrejas que pertencem ao CONIC reconhecem 
entre si, que todas elas administram de forma 
válida o Batismo. 
 
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2011 
Testemunho cristão num 
mundo de pluralismo 
religioso. 
Apresenta um conjunto de recomendações sobre 
a maneira de pôr em prática o testemunho cristão 
no mundo. 
2013 
Documento Final da XV 
Assembleia Geral 
Ordinária do CONIC. Que 
modelo de Estado? 
Perspectiva sociológica, 
teológica e bíblica. 
O Documento reflete sobre o que se entende por 
Estado, qual a relação do Estado com a sociedade 
civil e como deve ser a relação entre Estado e as 
Igrejas e Religiões. Abordou também o 
significado da presença e da ação das Igrejas e 
das religiões na sociedade brasileira. 
 
Em busca de promover uma maior proximidade entre as Igrejas membros, e de 
propor ações ecumênicas, o CONIC juntamente com a Conferência Nacional dos Bispos do 
Brasil (CNBB), promove a cada cinco anos a Campanha da Fraternidade Ecumênica. A 
primeira Campanha foi promovida no ano de 2000 com o 
tema “Dignidade Humana e paz: Novo Milênio sem 
Exclusões”; a segunda foi em 2005 tendo como tema: 
“Solidariedade e Paz: Felizes os que promovem a paz”; a 
terceira em 2010 que abordou a temática “Economia e 
vida: vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”. De 
forma geral, observa-se que tais campanhas produziram 
uma boa integração entre as Igrejas que aderiram à 
proposta Ecumênica. 
Fonte: http://migre.me/q9Iew 
Outro trabalho extremamente relevante, conduzido pela referida entidade, consiste 
na promoção da Semana da Unidade pelos Cristãos. Segundo o Conic, o objetivo principal 
consiste em estimular “a todos os cristãos, ao longo 
do ano, a expressar o grau de comunhão que as 
Igrejas já atingiram e a orar juntos por uma unidade 
cada vez mais plena, que é desejo do próprio Cristo. 
(Jo 17,21)” (CONIC, 2015). 
Atualmente a sede da entidade está em Brasília e seu objetivo é definido como a 
“promoção das relações ecumênicas entre as igrejas cristãs e o fortalecimento do 
testemunho conjunto das igrejas-membro na defesa dos Direitos Humanos”. As igrejas que 
atualmente fazem parte do CONIC são as seguintes: Igreja Católica Apostólica Romana – 
ICAR; Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB; Igreja Evangélica de Confissão Luterana 
Em 2004, a Organização das Nações 
Unidas (ONU), instituiu o Dia 
Internacional de Oração pela Paz, 
com intenção de motivar as 
comunidades a rezar e a trabalhar 
por paz e justiça, em todo o mundo. 
 
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no Brasil – IECLB; Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia – ISOA; Igreja Presbiteriana Unida – 
IPU. 
Ecumenismo não significa deixar de ser quem se é. Mas nesse caminho podemos 
sim, no contato com o outro, o diverso, o diferente, nos tornarmos seres humanos 
melhores. Abrirmo-nos à experiência ecumênica é perceber aqui um potencial de 
transformação. Quantos males atingem nosso bairro, nossa cidade, nosso país e o mundo. 
Independente da religião que temos, ou não (pois é um direito), no momento que nos 
unimos para ações de intervenção na sociedade, seja para ações sociais ou para momentos 
de oração pela paz, teremos percebido que ecumenismo não é ameaça, que o outro não é 
ameaça. Mas, que o outro me enriquece, soma forças e me ajuda a compreender a 
diversidade que está presente na vida, de forma respeitosa e enriquecedora. 
Por isso, falar de ecumenismo e de diálogo inter-religioso é falar também do 
combate à intolerância religiosa, que veremos mais detalhadamente no decorrer do estudo. 
Na próxima unidade, nossa discussão se concentrará mais na experiência da Igreja 
Católica Apostólica Romana (ICAR). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de continuar seu estudo, realize a Atividade 1.1. 
 
 
Dica de Aprofundamento 
 
- Assista aos depoimentos sobre o CONIC, em comemoração aos seus 30 
anos de existência na articulação ecumênica brasileira. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=3hARAGPno6w>. Acesso em: 26 jun. 
2020. 
- Poste no fórum da unidade suas reflexões. 
Os Documentos do CONIC acima mencionados estão disponíveis para 
Download no site do CONIC: <https://www.conic.org.br/portal/documentos> 
Acesso em: 19 jun. 2019. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=3hARAGPno6w
 
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UNIDADE 2 
ECUMENISMO E IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA 
ROMANA 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Proporcionar ao acadêmico o contato com as principais obras 
do Magistério da Igreja sobre o ecumenismo, e despertar o interesse sobre o assunto, 
como sendo parte integrante da verdadeira fé católica. 
 
 
A questão do ecumenismo na Igreja Católica sempre foi permeada de grandes 
discussões. De um lado um grupo que apoia, promove e 
defende o ecumenismo, de outro lado grupos que desprezam, 
criticam ou não entendem a dimensão ecumênica da Igreja. 
Obviamente que podemos ter exageros em ambos os lados. O 
caminho do meio, o equilíbrio é sempre bem-vindo e, 
justamente neste assunto faz-se necessário compreender toda 
a questão que vimos na primeira unidade. 
Fonte: http://migre.me/q9IUw 
Nos próximos tópicos, estudaremos os principais escritos da Igreja referentes ao 
ecumenismo. Através dele conseguiremos de uma forma mais clara e distinta entender a 
verdadeira proposta do ecumenismo para a Igreja Católica e a partir deste conhecimento 
praticar um ecumenismo sadio e cristão, já que, quando o ecumenismo é mal-entendido 
muitos abusos e pseudoecumenismos são realizados. É justamente o Magistério da Igreja 
que coloca as balizas para um verdadeiro ecumenismo. E isto queremos acompanhar agora. 
 
2.1 O Concílio Vaticano II: Unitatis Redintegratio 
 
A temática do ecumenismo foi muito importante no Concílio Vaticano II, e como 
não podia deixar de ser, o assunto foi bastante polêmico e de muita dificuldade para a 
elaboração do documento até a promulgação solene do documento em 21 de novembro de 
1964. As secretarias e comissões trabalharam arduamente para conseguir congregar em 
forma de texto as várias ressalvasque os escritos recebiam por parte dos bispos. Mas sob 
as graças do Espírito Santo a intenção de restaurar a unidade (Unitatis Redintegratio) dos 
cristãos estava salvaguardada. 
 
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O Concílio Vaticano II preocupou-se bastante com o ecumenismo. Desse 
ponto de vista, nos anos que seguiram houve fases diversas de 
progressos e de recuos. O Secretariado Romano para a Unidade, criado 
pelo Concílio, tornou-se, por vontade de João XXIII, uma comissão 
permanente. Após o Concílio, ele se entregou a um paciente e 
perseverante trabalho de diálogo doutrinal que já produziu frutos 
notáveis, pouco conhecidas. (SESBOÜÉ, Bernard. 2005. p. 455) 
 
 
Todo este trabalho conciliar tem sua linha mestra no presente decreto. Vamos 
então conhecer um pouquinho do conteúdo central deste documento. 
Os padres conciliares deixam muito claros dois pontos essenciais quando o assunto 
é ecumenismo. Primeiro: um dos principais objetivos do Concílio é promover e restaurar a 
unidade dos cristãos. Segundo: esta unidade possui uma 
raiz cristocêntrica, pois o Divino Fundador instituiu uma 
única Igreja, um único rebanho, logo, toda divisão é uma 
afronta direta à vontade de Nosso Senhor. Estas linhas 
mestras deverão servir de base de leitura para todo o 
documento e também para toda a prática ecumênica da 
Igreja. Você pode conferir isto já no proêmio do decreto 
no número 1. É assim, que a Igreja através de seus 
pastores, no direito de exercer o Magistério Universal nos 
motiva para o caminho ecumênico. 
 Fonte: http://migre.me/q9J0l 
Uma das definições mais claras de ecumenismo encontramos já nas linhas iniciais 
do documento, quando o mesmo relata uma vontade de aproximação e diálogo por parte 
dos católicos e dos irmãos separados. Desta forma, os Padres definem: “este movimento de 
unidade é chamado de ecumênico” (UR 1). Negar a atitude ecumênica é negar uma vontade 
clara de Jesus Cristo. Para conseguir atingir o objetivo do Decreto que é fomentar a 
necessidade da vivência ecumênica e fundamentar esta ação em Cristo, a Igreja dividiu o 
Decreto Unitatis Redintegratio em três capítulos. 
O primeiro capítulo tem como escopo elencar os princípios católicos do 
ecumenismo. E para abrir esta temática a Igreja propõe quase de maneira óbvia, e que 
muitos negligenciam hoje em dia, a questão da unidade e unicidade da Igreja. Não tem 
como, tendo por base o Concílio, falar de ecumenismo sem antes defender a Unidade da 
Igreja. A obra eclesial de Cristo é única. Cristo não possui mais do que um corpo, sendo 
assim, é impossível que haja Igrejas, no sentido mais profundo do seu significado. 
 
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Perceba, estamos falando do corpo místico de Cristo, e não puramente da 
Instituição. É com base nesta unidade e unicidade que o decreto fala: “assim a Igreja, a 
única grei de Deus, como um sinal levantado entre as nações, administrando o Evangelho 
da paz a todo o gênero humano, peregrina na esperança, rumo à meta da pátria celeste” 
(UR 2). Esta unidade da Igreja é o reflexo da própria unidade Trinitária. 
A vontade de unidade expressa claramente por Jesus Cristo é desde o começo uma 
barreira para a unicidade do Corpo Místico de Cristo. As cisões que aparecem no seio da 
comunidade cristã primitiva, que o Apóstolo Paulo condena severamente, são só o início dos 
futuros cismas e heresias que a Igreja de Deus deveria passar. Para fundamentar o que 
acabamos de falar, abra a sua bíblia em 1 Coríntios 11, versículos 18 a 19: “Primeiro, ouço 
dizer que, quando vos reunis como igreja, têm surgido dissensões entre vós. E, em parte, 
acredito. É necessário que haja até divisões entre vós, para que se tornem conhecidos os 
que, dentre vós, são comprovados!” 
Confirmando que a questão dos cismas na unidade dos cristãos primitivos não era 
algo isolado, mas atingia várias comunidades, o Apóstolo das Gentes também exorta sobre 
este assunto na carta aos Gálatas 1, 6-9. Veja: 
Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à 
graça de Cristo para um evangelho diferente. De fato, não há dois 
(evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e 
querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou 
um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que 
vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos 
de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele 
excomungado! 
 
Com esta certeza histórica, de que os cristãos foram desde o começo colocados à 
prova quanto à unidade, o documento evidencia que em anos posteriores, a Igreja será 
abalada por fortes heresias e cismas muito maiores do que os presenciados no início do 
cristianismo. Com estas cisões mais graves, muitas comunidades separadas foram 
aparecendo e nelas, muitos desde seus nascimentos, já estão formados fora da comunhão 
plena com a Igreja, e neste sentido, o documento é claro: “aqueles, porém, que agora 
nascem em tais comunidades e são instruídos na fé de Cristo, não podem ser acusados do 
pecado da separação, e a Igreja católica os abraça com fraterna reverência e amor” (UR 3). 
Sendo esta a condição na relação entre a Igreja e os irmãos separados, o 
documento também deixa claro duas coisas importantes e que são essenciais para um 
verdadeiro diálogo ecumênico. Em primeiro lugar, o documento afirma a atuação do Espírito 
Santo nas comunidades separadas, e afirma a atuação salvífica que estas comunidades 
 
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podem exercer. Em segundo lugar, o documento deixa claro, que as comunidades 
separadas não possuem a plenitude da verdadeira Igreja de Cristo. Esta plenitude está na 
Igreja católica garantida pela apostolicidade e o Primado Petrino. Aqui o documento 
reafirma a Lumen Gentium, que já havia pontuado esta questão. 
É graças à moção do Espírito Santo que começam a surgir movimentos 
ecumênicos, estes movimentos são de fundamental importância para o resgate da unidade 
entre os cristãos. 
Por “movimento ecumênico” entendem-se as atividades e iniciativas, que 
são suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e 
oportunidades dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos. 
Tais são: primeiro, todos os esforços para eliminar palavras, juízos e ações 
que não correspondem com equidade e verdade, à condição de irmãos 
separados e por isso, tornam mais difíceis as relações com eles; depois, o 
“diálogo” estabelecido entre peritos competentes, em reuniões de cristãos 
de diversas Igrejas ou comunidades, organizadas com a finalidade e 
espírito religioso, em que cada qual explica mais profundamente a doutrina 
da sua Comunhão e apresenta com clareza as suas características. (UR4) 
 
Acabamos de ler assim, o resumo essencial da ideia de ecumenismo. Todo 
movimento ecumênico deve gerar em nós a capacidade de respeitar a fé alheia. E este 
respeito não se dá somente em permitir tranquilamente que o outro creia do jeito dele, mas 
sim, é um respeito ativo. Por respeito ativo, denomino aquele respeito que se abre a 
conhecer o outro, a entender verdadeiramente a fé do irmão e que busca livrar-se de 
preconceitos e até mesmo mentiras a respeito da fé dos nossos irmãos separados. Veja, 
que esta atitude é para todos os membros da Igreja. Outro ponto essencial aqui é a 
questão do diálogo mais teológico e doutrinal, esta parte sim, fica sob os cuidados do 
Magistério da Igreja, isto é, seus pastores e teólogos que num diálogo sereno, fraterno e 
franco fomentam as possibilidades de amenizar tudo o que nos divide em relação à doutrina 
e até mesmo na estruturação eclesial. 
O documento deixa muito claro, mesmo não sendo de modo explícito, que sem 
uma abertura de acolhida e reconhecimento mútuo, o ecumenismo jamais poderá 
acontecer. 
Depois de exortar e fundamentar a prática do ecumenismo, o decreto segue paraseu segundo capítulo. Neste capítulo, os Padres ressaltam atitudes concretas em relação à 
prática do ecumenismo. Primeira coisa que devemos levar em conta é o desejo de buscar a 
unidade. Este desejo deve ser assunto de interesse de todos. Desta forma, a Igreja evita 
que um lado somente esteja aberto. Ou todas as comunidades estão abertas ou o 
ecumenismo não passará de proselitismo. 
 
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Da parte da Igreja, uma atitude de renovação é necessária para um melhor diálogo 
ecumênico, pois é neste espírito de renovação que a Igreja pode corrigir suas deficiências 
tanto no âmbito de costumes e disciplinas eclesiásticas, quanto na maneira de anunciar a sã 
doutrina. 
A busca pela santidade faz-se mister para um profícuo diálogo ecumênico. Sim, 
uma intensa vida espiritual, uma espiritualidade profundamente trinitária será a base para 
um movimento ecumênico cada vez mais eficaz. Reconhecer-se pecador, acolher o perdão, 
são atitudes básicas que favorecerão uma vida de fraternidade mais sadia, e 
consecutivamente o ecumenismo poderá ser vislumbrado com muito mais facilidade. Um 
coração rancoroso, cheio de raiva, mágoa ou preconceitos em hipótese alguma será capaz 
de resgatar a unidade do Corpo Místico de Cristo. Logo, a busca de santidade e uma 
espiritualidade sadia e sincera favorecerão o crescimento do diálogo com nossos irmãos 
separados. 
 
Fonte: http://migre.me/q9Jp1 
 
Uma vez que nos coloquemos nesta atitude de uma mística mais profunda, isto 
deve gerar em nós uma união fraternal cada vez maior. Como consequência direta desta 
fraternidade, deve surgir em nós a necessidade de uma vida oracional em comum. Irmãos 
gostam de estar juntos, irmãos então, devem rezar juntos. Desta forma, o decreto incentiva 
e convida para que os cristãos em reuniões ecumênicas possam cada vez mais motivar-se 
para a oração em fraternidade. “Que todos sejam um” (Jo 17,21). Contudo, não devemos 
esquecer que esta oração fraterna não pode extrapolar num sentido sacramental. Em 
 
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alguns lugares confunde-se esta oração fraterna com abusos litúrgicos e teológicos. É 
preciso estar atento. 
Além da espiritualidade e da oração em 
conjunto, faz-se necessário buscar o conhecimento 
da doutrina do outro. Neste sentido, o decreto diz: 
“os católicos devidamente preparados devem 
adquirir um melhor conhecimento da doutrina e 
história, da vida espiritual e litúrgica, da psicologia 
religiosa e da cultura própria dos irmãos” (UR 9). 
Juntamente com este conhecimento, a formação 
dos sacerdotes e dos leigos preparando-os para um 
ecumenismo sadio e eficiente, também é 
fundamental na busca da unidade. 
 Fonte: http://migre.me/q9JwL 
Depois desta rápida passagem pelas práticas ecumênicas pedidas pelo Concílio, 
agora chegamos ao estudo do terceiro capítulo do decreto. E neste capítulo os Padres 
detiveram-se de modo mais específico sobre as Igrejas e comunidade eclesiais separadas da 
Sé Apostólica Romana. 
Para o Concílio, são duas as principais cisões no seio da Igreja, uma de origem 
oriental e outra de origem ocidental. A primeira provém das contestações dogmáticas dos 
concílios de Éfeso e Calcedônia que culminou com ruptura concreta entre os patriarcas e a 
Sé Romana. Esta ruptura nós chamamos de o Grande Cisma de 1054. A segunda por sua 
vez, aparece quatrocentos anos depois, e tem sua origem aqui no Ocidente. As Reformas, 
como ficaram conhecidas, deram origem a outras cisões. Dentre as várias separações que 
ocorreram, o Concílio chama a atenção para a Comunhão Anglicana, já que esta continua de 
forma parcial as tradições e as estruturas da Igreja Católica. 
Como forma de contemplar todo o documento, vamos apontar a seguir 
considerações pertinentes sobre as Igrejas Orientais e as Igrejas separadas do Ocidente. 
Em relação às Igrejas Orientais, faz-se mister ressaltar que a história do 
cristianismo é formada no primeiro milênio pela unidade destes “dois pulmões”. (Igreja 
Oriental e Igreja Ocidental), e que a Igreja Católica Romana foi profundamente enriquecida 
pelas tradições espirituais, liturgias e até mesmo em questões de ordenações jurídicas. 
“Nem se deve subestimar o fato de que os dogmas fundamentais da fé cristã sobre a 
 
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Trindade e o Verbo de Deus, encarnado da Virgem Maria, foram definidos em Concílios 
ecumênicos celebrados no Oriente” (UR 14). 
No que se refere às Igrejas da Reforma, a linha mestra é a tradição cristã comum 
que todas tiveram com a Igreja Católica, e que mesmo hoje separadas possuem uma 
ligação histórica, doutrinal e espiritual conosco. Obviamente que no que diz respeito às 
Igrejas Orientais, o documento foi bem mais detalhista, já que há uma unidade doutrinal 
entre os ortodoxos. Com as comunidades separadas das Reformas, isto não acontece, e 
discorrer sobre cada uma delas não faz parte do escopo do decreto. “É preciso, contudo, 
reconhecer que entre estas Igrejas e comunidades e a Igreja Católica há discrepâncias 
consideráveis, não só de índole histórica, sociológica, psicológica, cultural, mas, sobretudo 
de interpretação da verdade revelada” (UR 19). 
Perceba, há questões sérias que podem nos dividir, porém, a Igreja faz um esforço 
para que estas questões não sejam causas da continuidade da separação, para tanto, busca 
em alguns pontos a unidade pretendida. O principal elo será a confissão de Cristo. Professar 
a fé em Cristo ressuscitado é fundamental, ou melhor, essencial. Reconhecer que ele é 
Deus, faz disto o cerne da fé cristã. 
Outro ponto é a própria Bíblia, ela é causa de divisão, mas quando as 
comunidades, abertas ao diálogo, buscam uma profunda leitura das Escrituras conseguem 
através do diálogo “um exímio instrumento na poderosa mão de Deus para a consecução 
daquela unidade que o Salvador oferece a todos os homens” (UR 21). No que tange à vida 
sacramental, o elo de diálogo ecumênico virá justamente daí, da vivência sacramental do 
batismo. Será então o batismo um elo importantíssimo para o diálogo ecumênico. 
Queremos acabar este tópico ressaltando que aqui pudemos perpassar 
praticamente todo o conteúdo do decreto Unitatis Redintegratio, claro que esta parte é um 
subsídio eficaz para destacar as principais linhas teológicas para a fundamentação de um 
diálogo ecumênico, porém, não substitui a leitura atenta deste decreto. 
Antes de continuar o próximo tópico, recomendo que você procure ler 
este decreto do Concílio Vaticano II. Após esta leitura, você terá uma base muito boa 
para continuar entendendo os demais documentos, já que eles dependerão deste texto 
conciliar. Boa leitura! 
 
 
 
 
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2.2 A Encíclica Ut Unum Sint 
 
Agora nos deteremos na Encíclica de João Paulo II, a Ut Unum Sint, que todos sejam 
um! Retomando o desejo de Jesus Cristo expresso no evangelho joanino, o Papa relembra o 
espírito do Concílio Vaticano II. Justamente por isto, que colocamos o estudo desta encíclica 
logo em seguida do decreto sobre o ecumenismo do Concílio. 
São João Paulo II chama a atenção para que o convite 
de unidade ressoe nos corações dos fiéis. Como pensamento 
central temos a Cruz. Sim, a Cruz será o ponto de unidade 
que servirá de atração de todos os cristãos. Na encíclica, o 
martírio, inclusive de cristãos de outras Igrejas e comunidades 
eclesiais, que não estão em plena comunhão, serve como 
sustentáculo para congregar os irmãos. Toda a atitude de 
doação da própria vida é capaz de nos mostrar que a causa de 
Cristo é possível, e por isto a unidade também. 
 Fonte: http://migre.me/q9JGh 
Retomando os pontos centrais do decreto Unitatis Redintegratio, João Paulo alerta 
para a necessidade de superar toda e qualquer ignorância e preconceito com as demais 
doutrinas cristãs, e retoma a importância da conversão. Neste caso, há uma peculiaridadeimportante, toma para si, isto é, para o primado petrino a necessidade de ser o primeiro em 
buscar o diálogo ecumênico, pois foi a Pedro que Jesus confiou de modo particular o 
governo e a congregação da Igreja. Note que tem coisas que são repetidas do decreto, isto 
não é por acaso, quando a Igreja insiste em um determinado assunto é porque esta 
questão ainda não é vivenciada da maneira correta, logo, precisamos tomar consciência que 
o conhecimento e acolhida do outro e a conversão pessoal são pilares essenciais para um 
diálogo ecumênico. 
Após a introdução, a encíclica aborda o empenho ecumênico da Igreja Católica. O 
aspecto da unidade e da unicidade da Igreja é fundamental, sem esta compreensão 
eclesiológica torna-se impossível um diálogo aberto ao ecumenismo. É em vista desta 
unidade que a Igreja deve laboriosamente lutar. Como motivação bíblica podemos encontrar 
já lá no Antigo Testamento a passagem do profeta Ezequiel que diz: “Serei o seu Deus e 
eles serão o meu povo. Então as nações reconhecerão que Eu sou o Senhor que santifica 
Israel” (Ez 37, 27-28). O Evangelho joanino também será de profunda inspiração para as 
questões ecumênicas, lemos assim: “Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo 
sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação, e não só pela nação, 
 
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mas também para reunir os filhos de Deus dispersos” (Jo 11, 51-52). Não podemos deixar 
de perceber, que a divisão não faz parte do projeto eclesial de Deus. O povo unido, 
congregado é a vitória de Jesus sobre o mal. Não por acaso que o nome diabo, signifique, 
aquele que divide. Esta é a missão de Jesus, congregar o povo dispersado. É nele e por ele 
que seremos unidos. A divisão entre nós é um escândalo e um contratestemunho. 
 
Como é possível permanecer divididos, se, pelo Batismo, fomos “imersos” 
na morte do Senhor, ou seja, naquele mesmo ato pelo qual Deus, através 
do seu Filho, abateu os muros da divisão? A “divisão contradiz abertamente 
a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica 
a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda a criatura”. (Ut Unum 
Sint, 6) 
 
Todo este esforço na busca da unidade dos cristãos não é fácil, há muitas barreiras 
e muitas dificuldades que no dia a dia vamos enfrentando quando o assunto é ecumenismo. 
Temos que cuidar muito com a desmotivação e também não podemos esmorecer diante do 
fechamento de alguns irmãos separados. Frequentemente ouvimos pessoas dizendo que 
não aceitam o ecumenismo porque sempre é a Igreja Católica que está aberta e as demais 
mostram pouco esforço. Neste caso, o que parece ruim na verdade somente exalta a beleza 
e a perfeição da Igreja de Cristo, pois, sendo a Igreja Católica agraciada pela plena verdade 
de Cristo, ela deve ser a primeira, e mesmo sendo a única, lutar incansavelmente pelo 
ecumenismo, pois como nos diz a encíclica, “cheia de esperança, a Igreja Católica assume o 
empenho ecumênico como um imperativo da consciência cristã, iluminada pela fé e guiada 
pela caridade” (Ut Unum Sint 8). 
Relembrando, esta encíclica é um aprofundamento, ou melhor, uma afirmação do 
Decreto Unitatis Redintegratio. E seguindo justamente esta linha, João Paulo II retoma a 
importância de contemplar nas outras comunidades eclesiais sinais da única e verdadeira 
Igreja de Cristo. Mesmo a Igreja sendo abalada constantemente pelos pecados de seus 
ministros, estas infidelidades não abalam e não diminuem a graça e a ação do Espírito 
Santo nela. Justamente por isto que, em nenhum momento a Igreja Católica perdeu o 
esplendor da Verdade, e como as divisões não são causas somente de um lado, mas ambos 
os lados cooperam para divisões no Corpo Místico de Cristo, faz-se mister perceber, que 
mesmo de maneira deficitária, há sinais da Verdadeira Igreja de Cristo nas demais 
comunidades, por isto o documento diz: 
 
Na medida em que tais elementos se encontram nas outras Comunidades 
cristãs, a única Igreja de Cristo tem nelas uma presença operante. Por este 
motivo, o Concílio Vaticano II fala de uma certa comunhão, embora 
imperfeita. A Constituição Lumen gentium ressalta que a Igreja Católica 
 
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“vê-se unida por muitos títulos” a estas Comunidades, por uma certa união 
verdadeira no Espírito Santo. (Ut Unum Sint 11) 
 
É com este espírito de caridade, humildade e verdade que a Igreja deve caminhar 
em busca da unidade dos cristãos. O que não pode acontecer é esquecer a própria natureza 
da Igreja, cedendo elementos essenciais da natureza eclesial em vista de um diálogo. Não 
podemos negligenciar a própria Igreja. Isto é fundamental não esquecer. Por isto, é de 
extrema importância que busquemos encontrar nas demais comunidades pontos de 
unidade, e não focarmos no que nos desune, de outro modo, torna-se impossível a busca 
pela união. 
Então não podemos confundir a busca pelo diálogo ecumênico com mudança no 
depósito da fé. Em muitas comunidades vemos ainda hoje uma maneira errônea de 
fomentar o ecumenismo. A Igreja não deve e nem pode abrir mão do seu depósito da fé 
para iniciar um diálogo ecumênico, como disse há pouco, olhemos o que nos une, mas 
nunca esqueçamos quem somos, e o que somos chamados a ser para o mundo. Destarte, 
 
Não se trata, neste contexto, de modificar o depósito da fé, de mudar o 
significado dos dogmas, de banir deles palavras essenciais, de adaptar a 
verdade aos gostos de uma época, de eliminar certos artigos do Credo com 
o falso pretexto de que hoje já não se compreendem. A unidade querida 
por Deus só se pode realizar na adesão comum ao conteúdo integral da fé 
revelada. Em matéria de fé, a cedência está em contradição com Deus, que 
é a Verdade. No Corpo de Cristo — Ele que é “Caminho, Verdade e Vida” 
(Jo 14, 6) —, quem poderia considerar legítima uma reconciliação levada a 
cabo à custa da verdade? A Declaração conciliar sobre a liberdade religiosa 
atribui à dignidade humana a procura da verdade, ”sobretudo no que diz 
respeito a Deus e à sua Igreja”, 33 e a adesão às suas exigências. Portanto 
um “estar juntos” que traísse a verdade, estaria em oposição com a 
natureza de Deus, que oferece a sua comunhão, e com a exigência de 
verdade que vive no mais profundo de todo o coração humano. (Ut Unum 
Sint 18) 
 
Note bem estas palavras, elas são a base para uma sadia manutenção do 
ecumenismo. Para que qualquer diálogo tenha um efeito positivo, não pode haver negação 
da verdade, é claro que não precisamos inicialmente defender apologeticamente os pontos 
de discordância, mesmo eles sendo verdade, mas antes focar no que há de comum em 
nossas doutrinas. 
Agora o que não podemos pensar é que a unidade virá somente do esforço 
puramente humano, de forma alguma. A encíclica trabalha a dimensão oracional como peça 
chave na construção de um diálogo ecumênico profícuo. É na mística, e na unidade com o 
Espírito Santo que a conversão do coração acontece e o ecumenismo passa a se 
concretizar. Desta forma, João Paulo II define a oração como a alma do ecumenismo. Sem 
 
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oração não sobrevive nenhuma ação ecumênica. Neste sentido, fica um alerta para nossas 
comunidades que promovem insistentemente encontros ecumênicos que parecem não surtir 
efeito. 
Se nossa conversão pessoal, nossa intimidade com Cristo não estiver bem 
desenvolvida, em vão será a atitude ecumênica. E sendo a oração a alma do ecumenismo, o 
diálogo por sua vez é a base. Obviamente na encíclica, o Papa deixa sua marca pessoal, 
recorrendo à filosofia personalista, e fundamentando o diálogo como uma idiossincrasia do 
ser humano. O diálogo é próprio do homem, justamente por isso que “O diálogo é 
passagem obrigatória do caminho a percorrer para a autorrealização do homem, tanto 
do indivíduo como de cada comunidade humana” (Ut Unun Sint 28). Resgatar o diálogo 
ecumênico é também oresgate da própria dignidade humana. 
Como resultado do diálogo diretamente reencontramos um caminho de fraternidade 
que estava perdido. Também como fruto direto do diálogo aprimoramos a nossa 
solidariedade. Como bem sabemos, a humanidade é constantemente atacada por questões 
sociais, naturais e econômicas que a atingem de modo lastimável e até catastrófico, 
justamente nesta necessidade de ajudar a humanidade, a Igreja em diálogo aberto com as 
demais comunidades eclesiais pode ampliar esta ajuda, esta solidariedade. Outro campo 
que colhe frutos com o diálogo é a convergência na palavra de Deus. Através do diálogo 
conseguimos entender o outro, e nesta compreensão conseguimos até mesmo vislumbrar 
coisas antes ignoradas, e com isto, podemos favorecer o crescimento no conhecimento 
bíblico. A liturgia também é enriquecida através do diálogo ecumênico. A apreciação dos 
pontos positivos e o crescimento da comunhão entre os cristãos também são consequências 
lógicas do diálogo. Quanto mais abertos ao diálogo, mais respeito e admiração podemos 
nutrir pelo outro. 
 Uma atenção especial, do mesmo modo que o Decreto fez, é dada para a Igreja 
Ortodoxa, o diálogo entre a Igreja Romana e a Ortodoxa tem muitos elementos a favor da 
unidade, embora separadas, a sucessão apostólica, o sacerdócio, a Eucaristia estão 
intimamente unidas à Igreja Romana, desta forma o ecumenismo só tem a ganhar. 
Além destas atitudes de aproximação com todas as Igrejas e comunidades 
separadas, a encíclica também chama a atenção para a atitude de unidade interna da 
Igreja. Com as descrições de viagens apostólicas, o Santo Padre expressa a busca de 
unidade, e a missão de congregar em um só pastor o rebanho do Senhor. Com isto, é 
importante também questionarmos nossa atitude intraeclesial, pois infelizmente, até mesmo 
dentro de nossa própria Igreja há divisões, e estas divisões só agravam a divisão com as 
 
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demais comunidades separadas. É mister a busca de reconciliação e diálogo também entre 
nós mesmos. 
Com toda esta busca ecumênica, a vida social e cultural oferece um amplo espaço 
para o desenvolvimento do ecumenismo, pois neste campo, os cristãos podem lutar pelos 
direitos da dignidade humana e por uma vida mais justa. 
Por fim, gostaria de ressaltar a dimensão da própria eclesialidade da Igreja, isto é, a 
comunhão das diversas Igrejas particulares com a Igreja de Roma torna-se conditio sine 
qua non da unidade. Mais uma vez é preciso buscar unidade interna, para buscar a unidade 
externa. 
João Paulo II finaliza a encíclica com esta ideia: “Ao alvorecer do novo milênio, como 
não solicitar ao Senhor, com renovado ímpeto e consciência mais amadurecida, a graça de 
nos predispormos, todos, para este sacrifício da unidade?” (Ut Unum Sint 102). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3 Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos 
 
Depois de refletirmos o Decreto Unitatis 
Redintegratio e a encíclica Ut Unum Sint, queremos 
conhecer um pouco mais da forma de pensar e fazer o 
ecumenismo na Igreja Católica. O intuito deste tópico é 
percebermos que o movimento ecumênico dentro da Igreja 
Católica não é somente teoria, na prática há todo um 
trabalho sendo desenvolvido constantemente para que a 
vontade de Nosso Senhor possa ser concretizada. A 
unidade dos cristãos é a vitória da Igreja, e a vitória da 
Igreja é a vitória de Cristo. Um só povo e um só pastor, 
esta a missão de Cristo, logo também é a missão da Igreja. 
 Fonte: http://migre.me/q9Kw6 
Dica de Aprofundamento 
 
Leia a Carta do Papa Francisco ao cardeal por ocasião dos 25 anos da publicação 
da Encíclica Ut Unum Sint de São João Paulo II. 
 
FRANCISCO. Carta ao presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da 
Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch. Disponível em: 
<http://www.vatican.va/content/francesco/es/letters/2020/documents/papa-
francesco_20200524_lettera-card-koch.html > Acesso em: 26 jun. 2020. 
http://www.vatican.va/content/francesco/es/letters/2020/documents/papa-francesco_20200524_lettera-card-koch.html
http://www.vatican.va/content/francesco/es/letters/2020/documents/papa-francesco_20200524_lettera-card-koch.html
 
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Neste tópico, queremos conhecer um pouco sobre a o Pontifício Conselho de 
Promoção para a Unidade dos Cristãos (PCPUC). Perceba que existe um pontifício conselho, 
então, a questão do ecumenismo não é uma iniciativa de alguns padres ou leigos em 
algumas dioceses, mas é uma iniciativa eclesial, decidida em Concílio e promovida pela 
Madre Igreja. A ignorância da existência de tais conselhos pontifícios faz com que muitos 
continuem lutando contra a ideia do ecumenismo, e lutar contra o ecumenismo é lutar 
contra a Igreja e contra Cristo. Para nos ajudar um pouco mais em nossa caminhada 
ecumênica, vamos saber um pouco da história deste pontifício conselho. 
Para início de conversa, devemos ressaltar que a história do Pontifício Conselho 
para a Promoção da Unidade dos Cristãos está diretamente relacionada com o Concílio 
Vaticano II (cf. Site do Vaticano). O grande mentor deste pontifício conselho foi o Papa João 
XXIII, declaradamente desejoso por um movimento ecumênico eficiente no seio da Igreja, 
instituiu em 5 de junho de 1960 o que ele denominou de secretariado para a promoção da 
unidade dos cristãos. Esta secretaria seria uma forma de propedêutica para o futuro 
conselho. O que há de novidade aqui? A principal novidade está que esta é a primeira vez 
na história da Igreja Católica que a Santa Sé cria um gabinete voltado para lidar com 
questões ecumênicas, isto é com certeza uma grande mudança na busca pela unidade. 
A primeira função do secretariado foi convidar as outras comunidades eclesiais para 
enviar observadores para o Concílio Vaticano II. João XXIII via a necessidade urgente de 
um movimento ecumênico, e como sinal, já na primeira sessão do Concílio, em 1962, já 
eleva o secretariado no mesmo nível das demais comissões do Concílio, e justamente será o 
secretariado responsável por produzir e posteriormente apresentar ao conselho os 
documentos como: Unitatis Redintegratio, Nostra Aetate e Dignitatis Humanae. 
Em 1963 o Papa João XXIII determina que o secretariado seja dividido em duas 
sessões, uma que trataria dos assuntos relacionados com a Igreja Ortodoxa e as Igrejas 
Orientais antigas e a outra sessão que trataria das comunidades eclesiais do Ocidente. 
Em 1966, o Papa Paulo VI transforma o secretariado como um dicastério 
permanente da Santa Sé. Mas somente em 1988, com a Constituição Apostólica Pastor 
Bonus, que João Paulo II altera a situação do secretariado. Agora passa a ser um Conselho 
Pontifício, e em 01 de março do ano seguinte entra em vigor a nova denominação: 
Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. 
Após esta breve história do Conselho, devemos nos perguntar: Qual a finalidade 
dele? Na Igreja hoje, o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos 
desempenha um duplo papel. A principal missão do Conselho é fomentar em toda a Igreja 
Católica o espírito ecumênico, logo, toda a movimentação universal do ecumenismo é de 
responsabilidade deste pontifício conselho. Logicamente que esta missão não é 
 
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desempenhada isoladamente, os demais departamentos da cúria romana também cooperam 
nesta promoção do espírito ecumênico dentro da própria Igreja. 
A segunda missão é ser um elo de comunicação entre a Igreja Católica e as demais 
Igrejas e comunidades separadas. Uma atitude permanente de busca pela unidade se dá 
com a participação, desde a criação do conselho, no Conselho Mundial de Igrejas (CMI). 
Este conselho mundial tem sede em Genebra e desde 1968, doze teólogos da Igreja 
Católica participam deste conselho. 
Entre outras funções, o PCPUC é responsável em nomear observadores para 
participar de encontrosecumênicos, convidar observadores de outras comunidades para 
participar de eventos católicos. O Conselho também elabora um jornal que relata os 
trabalhos e as ações concretas no diálogo ecumênico. Este jornal tem uma publicação anual 
de quatro edições. 
De acordo com o site do Vaticano, atualmente o PCPUC está em direto diálogo 
teológico internacional com estas Igrejas e Comunhões mundiais: Igreja Ortodoxa, Igreja 
Ortodoxa Copta, Malankar, Comunhão Anglicana, Federação Luterana Mundial, Aliança 
Mundial das Igrejas Reformadas, Conselho Metodista Mundial, Aliança Batista Mundial, 
Igreja Cristã (Discípulos de Cristo) e alguns grupos pentecostais. 
Para finalizarmos nosso conhecimento do Pontifício Conselho para a Promoção da 
Unidade dos Cristãos, queremos compreender a estrutura deste pontifício conselho. Como 
presidente do Conselho, é escolhido um cardeal presidente, para ajudá-lo são instituídos um 
secretário, um secretário-adjunto e um subsecretário. Como já vimos, a relação com as 
demais Igrejas e comunidades estão divididas em duas sessões, uma para Igrejas Orientais 
e outra para comunidades Ocidentais. Não podemos deixar de lembrar que o PCPUC 
também elabora anualmente os subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos 
Cristãos. 
 
2.4 Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso 
 
Além do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, a Igreja Romana também 
se dedica arduamente no diálogo inter-religioso. Com um Pontifício Conselho diferente do 
anterior, a Igreja nos mostra duas coisas fundamentais. Primeiro, há uma busca de unidade 
com toda a humanidade, a dimensão da catolicidade da Igreja está extremamente exaltada 
nesta atitude profética e árdua. E em segundo lugar, a Igreja deixa bem claro que o 
ecumenismo acontece entre os cristãos, e o diálogo inter-religioso com os irmãos de outras 
religiões. Às vezes há uma confusão neste sentido, e precisamos estar atentos a esta 
 
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questão. Para entendermos melhor o presente Pontifício Conselho, vamos começar por uma 
base histórica, procurando saber como iniciou. 
De acordo com as informações da Santa Sé, provindas do site oficial do Vaticano, 
encontraremos o seguinte: O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso tem sua 
gênese em um Domingo de Pentecostes, não por acaso obviamente que este é o dia 
escolhido para a instituição de um departamento especial voltado para o diálogo inter-
religioso. Este departamento foi criado por Paulo VI em 1964, e obviamente foi instituído 
para criar ou até mesmo melhorar o diálogo da 
Igreja Católica com os demais irmãos, membros de 
outras religiões. Num primeiro momento, este 
departamento foi chamado de Secretariado para os 
não cristãos. Somente em 1988 que este 
secretariado passa a ser chamado de Pontifício 
Conselho para o Diálogo Inter-religioso. 
Este Conselho está respondendo ao espírito 
do Concílio Vaticano II, sobretudo, ressoando em 
nossos ouvidos até hoje as palavras do Concílio, 
mais precisamente no Decreto Nostra Aetate, que 
estudaremos logo mais. Como responsabilidades 
diretas o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso tem o escopo da promoção da 
mútua compreensão entre a Igreja e as demais religiões, favorecendo assim o respeito e a 
colaboração entre as religiões mundiais. Justamente como decorrência deste objetivo, o 
incentivo para o estudo das demais religiões é um princípio basilar. Além desta busca por 
diálogo, é o Pontifício Conselho que deve promover e formar os fiéis dispostos a dedicarem-
se ao diálogo inter-religioso. Uma 
coisa muito importante de 
ressaltarmos é que a relação Igreja e 
judeus não é de responsabilidade 
deste Conselho, e sim do Pontifício 
Conselho para a Promoção da 
Unidade dos Cristãos, nisto também 
podemos ver a estreita relação que 
temos com a religião judaica. 
Fonte: http://migre.me/q9KZC 
Para conseguir realizar os propósitos deste Pontifício Conselho, existem algumas 
metodologias, ou em outras palavras, caminhos, direções a serem trilhados. Um deles é o 
Em 4 de fevereiro de 2019 na 
cidade de Abu Dabhi, O Papa 
Francisco e o Grão Imame de Al-
Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, 
assinaram uma Declaração 
conjunta sobre a Fraternidade 
Mundial. O documento consiste 
em “uma declaração (...) de boas 
e leais vontades, capaz de 
convidar todas as pessoas, que 
trazem no coração a fé em Deus 
e a fé na fraternidade humana, a 
unir-se e trabalhar em conjunto”. 
 
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diálogo. Como vimos no tópico anterior, aqui também se faz mister a atitude dialogal. Esta 
atitude em hipótese alguma pode ser entendida como uma traição à doutrina da Igreja ou 
uma forma de proselitismo, mas antes, uma postura de quem almeja a unidade plena do 
Corpo Místico de Cristo. A forma do diálogo acontece, sobretudo nas Igrejas locais, muitas 
dioceses favorecem este meio de comunicação. 
 
Em sua diocese existe um departamento, um conselho, ou um grupo que promove 
este diálogo inter-religioso? 
Existindo, é de suma importância conhecê-lo, não existindo, o trabalho é maior, 
mas deveríamos motivar-nos na busca de implantar em nossas dioceses estes encontros. 
 
Há também uma relação muito próxima com o departamento correspondente do 
escritório do Conselho Mundial de Igrejas, fomentando assim, uma maior abrangência nas 
causas inter-religiosas. E vale lembrar, este Pontifício Conselho limita-se a questões 
religiosas somente, tudo o que trata sobre questões sociopolíticas é debatido em reuniões 
com os demais departamentos ou por outros departamentos da Santa Sé. 
A estrutura do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso é formada por um 
grupo de 30 cardeais e bispos de diversas partes do mundo. Cada dois ou três anos são 
realizadas assembleias para discutir as metas do diálogo inter-religioso. Juntamente com 
este grupo, está o órgão consultivo, que auxilia o Pontifício Conselho, e está formado por 
assessores, especialistas em religião, em diálogo inter-religioso, etc. 
Claro que o Pontifício Conselho possui um corpo executivo formado por um 
presidente, um secretário, um subsecretário, um chefe de escritório para as causas do Islã, 
alguns membros para as religiões africanas e asiáticas e um membro voltado para os novos 
movimentos religiosos. Juntamente com estes membros, juntam-se ao grupo um assistente 
da presidência e um grupo de pessoas responsáveis por questões administrativas. 
Com isto, terminamos mais um tópico de nossos estudos. O próximo tópico 
corroborará para percebermos a importância deste Conselho e do diálogo inter-religioso. 
 
 
 
 
 
 
 
Dica de Aprofundamento 
 
FRANCISCO. Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz 
Mundial e da Convivência Comum. Disponível em: 
<http://www.vatican.va/content/francesco/pt/travels/2019/outside/documents/pa
pa-francesco_20190204_documento-fratellanza-umana.html>. Acesso: 26 jun. 
2020. 
 
 
http://www.vatican.va/content/francesco/pt/travels/2019/outside/documents/papa-francesco_20190204_documento-fratellanza-umana.html
http://www.vatican.va/content/francesco/pt/travels/2019/outside/documents/papa-francesco_20190204_documento-fratellanza-umana.html
 
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2.5 A Declaração Nostra Aetate 
A presente declaração, não é um Decreto, 
como vimos no Unitatis Redintegratio, mas tem 
muita importância para o espírito do Concílio 
Vaticano II. Ela começou com a necessidade do 
Concílio emitir uma palavra sobre os nossos irmãos 
judeus, e ao longo dos estudos e pronunciamentos 
sentiu-se a necessidade de abordar também as 
demais religiões, e assim surge a presente 
declaração. 
Fonte: http://migre.me/qbyEo 
A Igreja deixa claro na introdução da declaração que é uma necessidade para a 
Igreja mover-se em direção a um diálogo e acolhida aos irmãos de outras religiões, já que o 
homem hodierno tem cada vez mais

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