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Tutoria MECÂNICA DA RESPIRAÇÃO SUMÁRIO MÚSCULOS E OSSOS DO TÓRAX QUE PARTICIPAM DA RESPIRAÇÃO; SACOS PLEURAIS DOS PULMÕES; RELAÇÃO ENTRE VELOCIDADE DO FLUXO DE AR E ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSAL DA VIA AÉREA; CIRCULAÇÃO ARTERIAL NOS PULMÕES; LEIS DOS GASES; COMPOSIÇÃO DO AR E FUNCIONAMENTO GERAL (LEI DE DALTON); RELAÇÕES PRESSÃO-VOLUME (LEI DE BOYLE) VENTILAÇÃO (RESPIRAÇÃO); PRESSÃO ALVEOLAR; PRESSÃO INTRAPLEURAL; VOLUME PULMONAR; CAPACIDADE PULMONAR; COMPLACÊNCIA E ELASTICIDADE PULMONAR SURFACTANTE E TENSÃO SUPERFICIAL; RESISTÊNCIA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS; VENTILAÇÃO PULMONAR TOTAL E VENTILAÇÃO ALVEOLAR; ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO GÁS; VENTILAÇÃO E FLUXO SANGUÍNEO ALVEOLARES SÃO AJUSTADOS; ASCULTAÇÃO E DOENÇAS PULMONARES; Quando falamos sobre respiração, inúmeros significados podem ser citados. A respiração celular refere-se a reação intracelular do oxigênio com moléculas orgânicas para produzir dióxido de carbono, água e energia na forma de ATP. A respiração externa é o movimento de gases entre o meio externo e as células do corpo. Dessa forma, é necessário a respiração externa (obtenção de oxigênio) para que ocorra a respiração celular (uso de oxigênio para produzir ATP). A respiração externa pode ser subdividida em quatro processos: m Troca de ar entre a atmosfera e pulmões (processo conhecido como ventilação e compreende na inspiração – a inalação do ar para dentro dos pulmões – e expiração – a exalação de ar para fora dos pulmões). m Troca de O2 e CO2 entre os pulmões e o sangue. m Troca de gases entre o sangue e as células. REVISÃO DE ANATOMIA: A respiração externa ocorre pela entrada do ar nas vias aéreas e também pelas trocas ocorridas nos alvéolos. O sistema respiratório pode ser dividido em duas partes: o trato respiratório superior, que consiste em boca, cavidade nasal, faringe e laringe, e o trato respiratório inferior, que e formado pela traqueia, pelos dois brônquios principais, suas ramificações e pelos pulmões. MÚSCULOS E OSSOS DO TÓRAX QUE PARTICIPAM DA RESPIRAÇÃO A caixa torácica compreende o tórax e os músculos associados. As costelas e a coluna formam as laterais e a parte superior da caixa torácica. O diafragma, um músculo esquelético em forma de cúpula, forma a base. Tutoria Dos músculos que participam da respiração, pode-se citar os dois músculos intercostais (interno e externo) que conectam os doze pares de costelas. Músculos adicionais, os esternocleidomastóideos e os escalenos, estendem-se da cabeça e do pescoço até o esterno e as duas primeiras costelas. É importante entender que todos esses músculos não se cansam (não fadigam). Eles precisam trabalhar o tempo todo. m Músculos inspiratórios: Função: Elevação da caixa torácica Os músculos inspiratórios normalmente estão localizados em volta (ou entre as) das costelas e esterno. A exceção é o diafragma. Músculos na inspiração normal: Diafragma (70% do movimento na inspiração) e M. Intercostais externos. Músculos (acessórios) na inspiração forçada: músculos esternocleidomastóideo (promove a elevação do osso esterno), músculos serráteis anteriores (elevação das costelas) e músculos escalenos (elevação das primeiras costelas). m Músculos expiratórios: Função: puxam a caixa torácica para baixo Na respiração normal (tranquila), a expiração ocorre sem auxílio direto de músculos. Os músculos inspiratórios irão automaticamente relaxar (desativando lentamente os músculos inspiratórios), o que promove a expiração tranquila. Não é necessário contrair músculos na expiração tranquila e passiva. Na respiração forçada, a expiração ocorre por meio de contração de músculos acessórios, tais como músculo reto abdominal, músculo transverso do abdômen, obliquo interno e externo e intercostal interno. SACOS PLEURAIS DOS PULMÕES No interior do tórax, encontra-se três sacos (bolsas) membranosos. O saco pericárdico que envolve o coração e os dois sacos pleurais – cada um envolvendo um pulmão. Dessa forma, cada pulmão é rodeado por um saco pleural de parede dupla (parietal e visceral), cuja as membranas forram o interior do tórax e cobrem sua superfície externa dos pulmões. Cada membrana pleural (ou pleura) é formada por várias camadas de tecido conectivo elástico e uma grande quantidade de capilares. Entre a pleura parietal Tutoria e a visceral, existe um líquido pleural (derrame pleural), cujo o volume total é de cerca de 25 a 30mL em um homem de 70kg. O líquido pleural tem vários propósitos. Primeiro, ele cria uma superfície úmida e escorregadia para que as membranas opostas possam deslizar uma sobre a outra enquanto os pulmões se movem dentro do tórax. Segundo, ele mantém os pulmões aderidos à parede torácica. RELAÇÃO ENTRE VELOCIDADE DO FLUXO DE AR E ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSAL DA VIA AÉREA m Trato respiratório superior: cavidade nasal, faringe e laringe m Trato respiratório inferior: traqueia, pelos dois brônquios principais e suas ramificações O diâmetro da via aérea se torna menor progressivamente da traqueia até os bronquíolos. Porém, se o diâmetro é menor, o número de estruturas presentes aumenta geometricamente. Por exemplo: o diâmetro do bronquíolo é pequeno, mas há vários ramos de bronquíolos na árvore brônquica. Por isso, a área de secção transversal total aumenta a cada divisão das vias aéreas. A área de secção transversal total é menor no trato respiratório superior e maior nos bronquíolos. A velocidade do fluxo de ar é inversamente proporcional à área de secção transversal da via aérea, OU SEJA, a velocidade do fluxo de ar é maior nas vias aéreas superiores e menor nos bronquíolos terminais. Grande área de secção transversal diminui a resistência. Tutoria CIRCULAÇÃO ARTERIAL NOS PULMÕES Grande característica da circulação pulmonar: baixa pressão e alta taxa de fluxo. A circulação pulmonar inicia com o tronco pulmonar, o qual recebe sangue com pouco oxigênio do ventrículo direito. O tronco pulmonar divide-se em duas artérias pulmonares, uma para cada pulmão. A taxa do fluxo sanguíneo através dos pulmões é bem mais alta do que em outros tecidos. Isto porque os pulmões recebe todo o sangue acumulado no ventrículo direito para realizar o processo de OXIGENAÇÃO do sangue. Ou seja, todo o sangue que circula no nosso corpo pelas artérias precisa passar pelos pulmões antes. Apesar da alta taxa de fluxo, a pressão sanguínea pulmonar é baixa. Isso porque não há necessidade do ventrículo direito bombear o sangue venoso para os pulmões com uma alta pressão, posto que a resistência da circulação pulmonar é baixa. Essa resistência baixa pode ser atribuída ao menor comprimento total dos vasos sanguíneos pulmonares e à distensibilidade e grande área de secção transversal total das arteríolas pulmonares. LEIS DOS GASES O fluxo de ar é muito semelhante com o fluxo sanguíneo no sistema circulatório, uma vez que ar e sangue são fluidos. A principal diferença é que o ar é uma mistura de gases compressíveis. Consideraremos as leis dos gases que governam a solubilidade e o transporte de oxigênio no sangue. (1) A equação do gás ideal (2) Lei de Boyle (3) Lei de Dalton EQUAÇÃO DO GÁS IDEAL: explica que quando o volume de um gás aumenta, a pressão diminui. LEI DE BOYLE: as moléculas de um gás se movem de uma forma muito rápida e violenta. (Lembra do ensino médio... GELO – as moléculas quase não se movem; ÁGUA – as moléculas se movem pouco; VAPOR/GÁS – as moléculas se movem de forma violenta). Por exemplo, esse gás em um certo volume, vai bater nas superfícies de uma forma. Quando se reduz o volume, esse gás vai bater nas superfícies de uma forma aindamais violenta. Volume e pressão são inversamente proporcionais. Devido a Lei de Boyle, na respiração há uma relação inversa entre pressão e o volume. A Tutoria respiração (ventilação) é uma troca de massa de ar entre a atmosfera e os alvéolos. Quando diminui-se o volume, a pressão aumenta duas vezes. Quando eu aumento o volume do tórax (inspiração), automaticamente diminui-se a pressão nos alvéolos. Dessa forma, pressão alveolar fica abaixo da atmosférica, o ar da atmosfera flui para dentro do sistema atmosférico. Quando eu diminui o volume do tórax (expiração), automaticamente aumenta a pressão nos alvéolos. Dessa forma, a pressão alveolar fica acima da atmosférica. O ar dos alvéolos flui para meio externo. LEI DE DALTON: A lei de Dalton diz que a pressão total de uma mistura de gases é a soma das pressões dos gases individuais. COMPOSIÇÃO DO AR E FUNCIONAMENTO GERAL (LEI DE DALTON) O ar que inspiramos é uma mistura de gases e de vapor de água. A lei de Dalton afirma que a pressão total exercida por uma mistura de gases é a soma das pressões exercidas pelos gases individualmente. Por exemplo, no ar seco a uma pressão atmosférica de 760 mmHg, 78% da pressão total é devida ao N2, 21% ao O2, e assim por diante. Na fisiologia respiratória, não estamos interessados somente na pressão atmosférica total, mas também na pressão individual do oxigênio e do dióxido de carbono. A pressão de um único gás em uma mistura é conhecida como pressão parcial. A pressão exercida por um gás individual é determinada somente por sua abundância relativa na mistura e é independente do tamanho ou da massa molecular do gás. O fluxo de ar ocorre sempre que houver um gradiente de pressão. O fluxo global de ar, como o fluxo sanguíneo, ocorre de áreas de maior pressão para áreas de menor pressão. O movimento do tórax durante a respiração cria, nos pulmões, condições de pressões alta e baixa alternadas. A difusão de gases a favor dos gradientes de concentração (pressão parcial) também se aplica aos gases individualmente. Por exemplo, o oxigênio move-se de áreas de pressão parcial mais elevada para áreas de pressão parcial menos elevada. RELAÇÕES PRESSÃO-VOLUME (LEI DE BOYLE) A pressão exercida por um gás ou por uma mistura de gases em um recipiente fechado é criada pelas colisões das moléculas do gás em movimento com as paredes do recipiente e umas com as outras. Se o tamanho do recipiente é reduzido, os choques entre as moléculas de gás e as paredes tornam-se mais frequentes, e, assim, a pressão aumenta. Essa relação é observada na Lei de Boyle: P1V1 = P1V2 P = pressão; V = volume. A lei de Boyle diz que, se o volume de gás é reduzido, a pressão aumenta. Se o volume aumenta, a pressão diminui. No sistema respiratório, mudanças no volume da cavidade torácica durante a ventilação causam gradientes de pressão que geram fluxo de ar. Quando o volume do tórax aumenta, a pressão alveolar diminui, e o ar flui para dentro do sistema respiratório. Quando o volume do tórax diminui, a pressão alveolar aumenta, e o ar flui para a atmosfera. Esse movimento de ar é chamado de fluxo de massa, visto que toda a mistura de gás está se movendo, e não somente um ou dois dos gases distribuídos pelo ar. Tutoria VENTILAÇÃO (RESPIRAÇÃO) A troca de ar entre a atmosfera e os alvéolos é denominada de ventilação (ou respiração). Um único ciclo respiratório consiste em um inspiração seguido por uma expiração. A respiração é um processo que requer contração muscular. No sistema respiratório, os músculos da caixa torácica e o diafragma funcionam como uma bomba, uma vez que a maior parte do tecido pulmonar é um fino epitélio de troca. Quando esses músculos se contraem, os pulmões expandem-se, uma vez que estão presos à parede interna do tórax pelo líquido pleural. Os músculos primários envolvidos na respiração espontânea (respiração em repouso, tranquila normal) são o diafragma, os intercostais externos e os escalenos. Durante a respiração forçada, outros músculos do tórax e do abdome podem ser requisitados a auxiliar Para que o ar possa se mover até chegar dentro dos alvéolos, a pressão dentro dos pulmões deve ser mais baixa do que a pressão atmosférica. De acordo com a lei de Boyle, um aumento no volume gera uma redução na pressão. Aumento no volume Menor pressão Maior fluxo de ar para chegar nos alvéolos Durante a inspiração, o volume torácico aumenta quando certos músculos esqueléticos da caixa torácica e o diafragma se contraem. Ou seja, contração dos músculos extrínsecos ao pulmão promove aumento do volume de ar e consequentemente influxo do ar nos alvéolos. Quando o diafragma contrai, na respiração tranquila, o diafragma move-se cerca de 1,5 cm, aumentando o volume torácico. A contração do diafragma causa de 60 a 75% da modificação do volume inspiratório durante uma respiração espontânea normal. O movimento da caixa torácica cria os 25 a 40% restantes da modificação do volume. Durante a inalação, os músculos intercostais externos e escalenos contraem e tracionam as costelas para cima e para fora. O movimento desses músculos intercostais eleva toda a caixa torácica para cima. O movimento das costelas durante a inspiração tem sido comparado a uma ação de alavanca, que eleva toda a caixa torácica. Além disso, os músculos intercostais amplia as costelas para as laterais (para fora) – esse movimento é comparado com a alça de um balde. A combinação desses movimentos amplia a caixa torácica em todas as direções. À medida que o volume torácico aumenta, a pressão diminui, e o ar flui para dentro dos pulmões. Tutoria Ao final da inspiração, os impulsos dos neurônicos motores somáticos para os músculos inspiratórios cessam, e os músculos relaxam. A retração elástica dos pulmões e da caixa torácica leva o diafragma e as costelas para as suas posições originais relaxadas, da mesma maneira que um elástico esticado retorna ao seu tamanho original quando é solto. Devido ao fato de a expiração durante a respiração em repouso envolver a retração elástica passiva, em vez da contração muscular ativa, ela é chamada de expiração passiva na respiração tranquila. Na respiração forçada, a expiração é considerada ativa. Isto porque a expiração ativa ocorre durante a exalação voluntária e quando a ventilação excede 30 a 40 ciclos ventilatórios por minuto. (A taxa de ventilação normal em repouso é de 12 a 20 ciclos ventilatórios por minuto para um adulto.) A expiração ativa usa os músculos intercostais internos e os músculos abdominais, os quais não são utilizados durante a inspiração. Esses músculos são coletivamente chamados de músculos expiratórios. Os músculos intercostais internos revestem a superfície interna da caixa torácica. Quando se contraem, eles puxam as costelas para dentro, reduzindo o volume da cavidade torácica. Para sentir essa ação, coloque as mãos em sua caixa torácica, sopre vigorosamente o ar para fora dos seus pulmões o máximo que puder e observe o movimento das suas mãos à medida que você faz isso. Tutoria Os intercostais internos e os intercostais externos funcionam como grupos de músculos antagonistas para alterar a posição e o volume da caixa torácica durante a ventilação. O diafragma, entretanto, não possui músculos antagonistas. Em vez disso, os músculos abdominais contraem durante a expiração ativa para suplementar a atividade dos intercostais internos. A contração abdominal puxa as costelas inferiores para dentro e diminui o volume abdominal, ações que deslocam o intestino e o fígado para cima. As vísceras deslocadas empurram o diafragma para cima, para dentro da cavidade torácica, e o volume do tóraxdiminui passivamente ainda mais. A ação dos músculos abdominais durante a expiração forçada é o motivo pelo qual os instrutores de aeróbica dizem a você para soprar o ar para fora quando levanta a cabeça e os ombros durante os exercícios abdominais. O processo ativo de soprar o ar para fora ajuda a contrair os abdominais, os mesmos músculos que você está tentando fortalecer. Qualquer doença neuromuscular que enfraqueça os músculos esqueléticos ou lesione seus neurônios motores pode afetar a ventilação. Com a diminuição da ventilação, menos ar “novo” entra nos pulmões. TIPOS DE VENTILAÇÃO: PRESSÃO ALVEOLAR Lembre-se que a pressão atmosférica recebe o valor de 0 mmHg. Números negativos designam pressões subatmosféricas, e números positivos denotam pressões maiores do que a atmosférica. Para que ocorra as trocas gasosas, a pressão alveolar precisa ser diferente da pressão atmosférica. Quando a pressão alveolar é MENOR que a pressão atmosférica, o ar externo flui para interior do trato respiratório. Quando a pressão alveolar é MAIOR que a pressão atmosférica, o ar flui para o meio extenro. Tempo 0. Na breve pausa entre as respirações, a pressão alveolar é igual à pressão atmosférica (0 mmHg no ponto A1). Quando as pressões são iguais, não há fluxo de ar. Tempo 0 a 2 segundos: inspiração. Quando a inspiração inicia, os músculos inspiratórios contraem, e o volume torácico aumenta. Com o aumento do volume, a pressão alveolar diminui cerca de 1 mmHg abaixo da pressão atmosférica (-1 mmHg, ponto A2), e o ar flui para dentro dos alvéolos (ponto C1 e C2). A mudança do volume torácico ocorre mais rapidamente do que a velocidade do ar fluindo para dentro dos pulmões, e, assim, a pressão alveolar atinge o seu valor mais baixo no meio do processo de inspiração (ponto A2). Como o ar continua a fluir para dentro dos alvéolos, a pressão aumenta até a caixa torácica parar de expandir-se, imediatamente antes do término da inspiração. O movimento do ar continua por mais uma fração de segundo, até que a pressão dentro dos pulmões se iguala à pressão atmosférica (ponto A3). Ao término da inspiração, o volume pulmonar está no seu valor máximo no ciclo respiratório (ponto C2), e a pressão alveolar é igual à pressão atmosférica. Tempo 2 a 4 segundos: expiração. Como os volumes pulmonares e torácicos diminuem durante a expiração, a pressão de ar nos pulmões aumenta, atingindo cerca de 1 mmHg acima da pressão atmosférica (ponto A4). A pressão alveolar é agora maior do que a pressão atmosférica, de modo que o fluxo de ar Tutoria se inverte, e o ar move-se para fora dos pulmões. Tempo 4 segundos. No final da expiração, o movimento de ar cessa quando a pressão alveolar novamente se iguala à pressão atmosférica (ponto A5). O volume pulmonar atinge o seu valor mínimo dentro do ciclo respiratório (ponto C3). Nesse ponto, o ciclo respiratório terminou e está pronto para ser iniciado novamente com a próxima respiração. As diferenças de pressão, mostradas na Figura 17.9, aplicam-se à respiração em repouso (basal ou tranquila). Durante o exercício ou a respiração forçada, esse volume se torna proporcionalmente maior. PRESSÃO INTRAPLEURAL DURANTE O CICLO RESPIRATÓRIO Existem duas pressões importantes para o ciclo respiratório: a pressão alveolar e a pressão intrapleural. Quando o ar flui para dentro do sistema respiratório, a pressão alveolar é menor do que a pressão atmosférica. Na expiração, a pressão alveolar é maior do que no meio externo, logo, o ar é expulso do trato respiratório. A pressão intrapleural, por sua vez, possui uma pressão mais baixa ainda na inspiração. Na expiração, a pressão intrapleural aumenta a pressão, mas ainda continua sendo um número negativo. A pressão alveolar será antagônica da pressão atmosférica. Enquanto isso, a pressão intrapleural será sempre negativa e irá acompanhar as alterações da pressão alveolar. Nossos pulmões tem uma tendência natural de funcionar como um elástico, ou seja, ele tem uma tendência a se contrair (ao colapso). A caixa torácica, no entanto, exerce uma força no sentido contrário que impede os pulmões que colapsar. É importante ressaltar que essa ligação do pulmão com a caixa torácica só ocorre devido a uma pleura (visceral e parietal). Entre essas duas películas, existe um espaço intrapleural preenchido por líquido. Esse espaço intrapleural funciona praticamente como um vácuo, que torna a pressão intrapleural sempre negativa. Ela possui pressão negativa porque existe uma drenagem constante do líquido intersticial pelos ductos linfáticos. Graças a pressão negativa comparada com a pressão atmosférica, ocorre a aderência entre as pleuras Tutoria Essa pressão negativa do espaço intrapleural mantém os pulmões estendidos. Quando essa pressão intrapleural se torna ainda mais negativa, o pulmão tende a se expandir. Quando essa pressão se torna menos negativa (mas ainda assim negativa) o pulmão tende a se retrair. A pressão intrapleural sempre será abaixo da pressão atmosférica. No início da inspiração, a pressão intrapleural é de cerca de -3 mmHg. À medida que a inspiração prossegue, a membrana pleural e os pulmões acompanham a expansão da caixa torácica devido a interações com o líquido pleural, porém o tecido pulmonar elástico resiste a ser estirado. A tendência de os pulmões ficarem o mais distante possível da caixa torácica faz a pressão intrapleural se tornar ainda mais negativa. No final de uma inspiração tranquila, quando os pulmões são totalmente expandidos, a pressão intrapleural cai para aproximadamente -6 mmHg. Durante o exercício, ou outras inspirações vigorosas, a pressão intrapleural pode alcançar -8 mmHg, ou menos. Durante a expiração, a caixa torácica retorna à sua posição de repouso. Os pulmões deixam a sua posição de estiramento, e a pressão intrapleural retorna ao seu valor normal de cerca de -3 mmHg (ponto B3). Observe que a pressão intrapleural nunca se equilibra com a pressão atmosférica, pois a cavidade pleural é um compartimento fechado. Pressão transpulmonar é a diferença entre a pressão alveolar e a pressão intraplueral. Se, porventura, um objeto pontiagudo perfurar o tórax e romper as membranas pleurais, o pulmão irá colapsar. O pulmão irá ficar com um volume pequeno. As pressões intrapleurais, pressões alveolares e pressão atmosférica se igualaram. Tutoria VOLUME PULMONAR MUDA DURANTE A RESPIRAÇÃO Por meio de um instrumento chamado espirômetro, é possível analisar a respiração. m Volume Pulmonar: O ar movido durante a respiração pode ser dividido em quatro volumes pulmonares: (1) volume corrente, (2) volume de reserva inspiratório, (3) volume de reserva expiratório e (4) volume residual. Os volumes pulmonares variam consideravelmente com a idade, o sexo, a altura e o peso, e, assim, os médicos usam algoritmos com base nesses parâmetros para calcular os volumes pulmonares. Durante um teste de espirômetro, observa-se os seguintes padrões: “Respire calmamente.” O volume de ar que se move durante uma única inspiração ou expiração é denominado volume corrente (Vc). O volume corrente médio durante uma respiração espontânea (ventilação basal) é de cerca de 500 mL. (É difícil respirar normalmente quando a pessoa está pensando sobre a sua respiração, por isso o médico pode não dar essa instrução.) “Agora, no final de uma inspiração tranquila, você deve inspirar o máximo de ar adicional que for possível.” O volume adicional inspirado, acima do volume corrente, representa o seu volume de reserva inspiratório (VRI). Em um homem de 70 kg, este volume é de cerca de 3.000 mL, aproximadamente seis vezes mais do que o volume corrente normal.“Agora, pare no final de uma expiração normal e, em seguida, expire tanto ar quanto for possível.” Essa quantidade de ar expirado vigorosamente após o final de uma expiração espontânea é o volume de reserva expiratório (VRE), que é, em média, cerca de 1.100 mL. O quarto volume não pode ser medido diretamente. Mesmo se você soprar o máximo de ar que puder, ainda restará ar nos pulmões e nas vias aéreas. O volume de ar presente no sistema respiratório após a expiração máxima – cerca de 1.200 mL – é chamado de volume residual (VR). A maior parte desse volume residual existe porque os pulmões são mantidos estirados aderidos pelo líquido pleural às costelas. Volume Corrente Volume de ar que se move em uma inspiração e expiração tranquila. Volume de Reserva Inspiratório Máximo de volume de ar possível de se inspirar Volume de Reserva Expiratório Máximo de volume de ar possível de se expirar Volume Residual Volume de ar que sobra após o máximo de expiração possível Tutoria CAPACIDADE PULMONAR A soma de dois ou mais volumes pulmonares é chamado de capacidade. A capacidade vital (CV) é a soma do volume da reserva inspiratório, volume de reserva expiratório e volume corrente. A capacidade vital representa a quantidade máxima de ar que pode ser voluntariamente movida para dentro ou para fora do sistema respiratório a cada respiração (ciclo ventilatório). Ela diminui com a idade, quando os músculos enfraquecem e os pulmões se tornam menos elásticos. A capacidade vital somada ao volume residual é a capacidade pulmonar total (CPT). COMPLACÊNCIA E ELASTICIDADE PULMONAR A respiração adequada depende da habilidade dos pulmões de se expandirem normalmente. A maior parte do trabalho respiratório é gasto para superar a resistência elástica dos pulmões e da caixa torácica ao estiramento. Clinicamente, a habilidade do pulmão de se estirar é chamada de complacência. A complacência refere-se à quantidade de força que deve ser exercida sobre um corpo para o deformar. No pulmão, podemos expressar a complacência como uma alteração do volume (V), que é resultado de uma força ou pressão (P) exercida sobre o pulmão. Um pulmão de alta complacência pode ser estirado facilmente. Um pulmão com baixa complacência requer mais força dos músculos inspiratórios para ser estirado. Fibrose pulmonar está associada com uma diminuição da complacência pulmonar. Isto porque é caracterizado pelo desenvolvimento elevado de tecido conjuntivo (fibrose) – o que dificulta o estiramento do pulmão. A complacência é o inverso da elastância (recuo elástico). A elastância se refere à capacidade que um corpo tem de voltar à sua forma original (de retrair). A complacência pulmonar é inversamente proporcional à elastância. Complacência: Se diminuída, há dificuldade de inspirar. Elastância: Se diminuída, há dificuldade de expirar. Maior elasticidade -> Maior retração elástica - > Menor complacência -> Menor distensão. Um pulmão que é estirado facilmente (alta complacência) provavelmente apresenta perda do seu tecido elástico e, assim, não Tutoria voltará ao seu volume de repouso quando a força que o mantém estirado cessa (baixa elastância). Enfisema é uma doença na qual as fibras de elastina normalmente encontradas no tecido pulmonar são destruídas. A destruição da elastina resulta em pulmões que exibem alta complacência e estiram facilmente durante a inspiração. Todavia, esses pulmões também apresentam uma elasticidade diminuída, de modo que não retornam à sua posição de repouso durante a expiração. Os pacientes com enfisema contraem seus músculos expiratórios (expiração ativa) para forçar a saída de ar que não está saindo com o recolhimento elástico dos pulmões. PAPEL DO SURFACTANTE NA RESISTÊNCIA AO ESTIRAMENTO DO PULMÃO Durante anos, os fisiologistas assumiram que a elastina e outras fibras elásticas (do tecido pulmonar) eram a fonte primária da resistência ao estiramento no pulmão. Entretanto, descobriram-se que a tensão superficial também auxilia na resistência. É mais fácil encher um pulmão com salina do que com ar. Entenda: Estudos comparando o trabalho necessário para expandir pulmões cheios de ar e pulmões cheios de solução salina mostraram que os cheios de ar são mais difíceis de se inflar. A partir desse resultado, os pesquisadores concluíram que o tecido pulmonar contribui menos para a resistência do que se pensava. Alguma outra propriedade do pulmão normal cheio de ar, uma propriedade não presente no pulmão cheio com solução salina, deve criar a maior parte da resistência ao estiramento. Essa propriedade é a tensão superficial criada pela fina camada de fluido entre as células alveolares e o ar. Quando o líquido é a água, a tensão superficial ocorre devido às ligações de hidrogênio entre as moléculas de água. A tensão superficial alveolar é semelhante à tensão superficial que existe em uma bolha esférica, embora os alvéolos não sejam esferas perfeitas. A Lei de Laplace relaciona a pressão com a tensão superficial e o raio: P = 2T / r; sendo que T é a tensão superficial e R é o raio. Quanto maior é a bolha, menor é a tensão superficial. Quanto menor é a bolha, maior será a tensão superficial. Normalmente, contudo, nossos pulmões secretam um surfactante que reduz a tensão superficial. Os surfactantes são moléculas que rompem as forças coesivas entre as moléculas de água ao se substituírem por água junto à superfície. Nos pulmões, o surfactante diminui a tensão superficial do líquido alveolar e, assim, diminui a resistência do pulmão ao estiramento. O surfactante é mais concentrado em alvéolos menores, tornando a sua tensão superficial menor do que nos alvéolos maiores. A menor tensão superficial ajuda a igualar a pressão entre alvéolos de diferentes tamanhos e torna mais fácil inflar os alvéolos menores. Tutoria Com uma tensão superficial menor, o trabalho necessário para expandir os alvéolos em cada ciclo ventilatório é bastante reduzido. O surfactante humano é uma mistura que contém proteínas e fosfolipídeos, como dipalmitoilfosfatidilcolina, que são secretados para o espaço de ar alveolar pelas células alveolares tipo II (pneumócitos tipo II). RESISTÊNCIA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS (RAIO/DIÂMETRO INFLUENCIA A RESISTÊNCIA) O outro fator, além da complacência, que influencia o trabalho respiratório é a resistência do sistema respiratório ao fluxo de ar. Três parâmetros contribuem para a resistência (R): comprimento do sistema (L), viscosidade da substância que flui pelo sistema e o raio dos tubos no sistema. Devido ao fato do comprimento do sistema ser constante, ignoramos ele. A viscosidade do ar é quase constante. Embora a viscosidade do ar seja quase constante, em uma sauna, a situação muda. É mais difícil respirar em uma sauna cheia de vapor do que em uma sala com umidade normal. As gotas de água no vapor aumentam a viscosidade do ar, aumentando, assim, a sua resistência ao fluxo. A viscosidade também muda ligeiramente com a pressão atmosférica, diminuindo à medida que a pressão diminui. Uma pessoa a uma grande altitude pode sentir menos resistência ao fluxo de ar do que uma pessoa ao nível do mar. Como resultado, o raio (ou o diâmetro) das vias respiratórias torna-se o principal determinante da resistência das vias aéreas. Normalmente, entretanto, o trabalho necessário para superar a resistência das vias aéreas ao fluxo de ar é muito menor que o trabalho necessário para superar a resistência dos pulmões e da caixa torácica ao estiramento. Cerca de 90% da resistência das vias aéreas, em geral, podem ser atribuídos à traqueia e aos brônquios, estruturas rígidas com a menor área de secçãotransversal total. Devido ao fato de essas estruturas serem sustentadas por cartilagens, o seu diâmetro normalmente não muda, e a sua resistência ao fluxo de ar é constante. No entanto, o acúmulo de muco devido a alergias ou a infecções pode aumentar significativamente a resistência das vias aéreas. Se você tentar respirar pelo nariz quando está resfriado, pode observar como o estreitamento de uma via aérea superior limita o fluxo de ar. Os bronquíolos normalmente não contribuem de forma significativa para a resistência das vias aéreas, pois sua área de secção transversal total é cerca de 2 mil vezes a da traqueia. Entretanto, devido ao fato de os bronquíolos serem tubos colapsáveis, um decréscimo no seu diâmetro pode torná-los uma fonte significativa de resistência das vias aéreas. A broncoconstrição aumenta a resistência ao fluxo de ar e diminui a quantidade de ar “novo” que alcança os alvéolos. Os bronquíolos, assim como as arteríolas, estão sujeitos ao controle reflexo pelo sistema nervoso e por hormônios. Tutoria Entretanto, a maioria das alterações minuto a minuto do diâmetro bronquiolar ocorrem em resposta a sinais parácrinos. O dióxido de carbono nas vias aéreas é a molécula parácrina primária, afetando diretamente o diâmetro bronquiolar. O aumento de CO2 no ar expirado relaxa o músculo liso bronquiolar, provocando broncodilatação. A histamina é um sinal parácrino que atua como um broncoconstritor potente. Essa substância química é liberada pelos mastócitos em resposta a um dano tecidual ou a reações alérgicas. VENTILAÇÃO PULMONAR TOTAL (VOLUME-MINUTO) E VENTILAÇÃO ALVEOLAR Pode estimar a eficácia da ventilação através do cálculo de ventilação pulmonar total, que é o volume de ar movido para dentro e para fora dos pulmões a cada minuto. A ventilação pulmonar total, também conhecida como volume-minuto, é calculada como se segue: VENTILAÇÃO PULMONAR TOTAL = FREQUÊNCIA VENTILATÓRIA x VOLUME CORRENTE A frequência ventilatória normal (na respiração tranquila) para um adulto é de 12 a 20 respirações (ciclos ventilatórios) por minuto. Utilizando-se o volume corrente médio (500 mL) e a frequência ventilatória menor, temos o seguinte exemplo: Ventilação pulmonar total = 12 ciclos/min x 500 mL/ciclos = 6.000 mL/min = 6 L/min Parte do ar que inspiramos não chega até os alvéolos para realizar trocas gasosas. Cerca de 150mL do ar permanece em partes das vias aéreas condutoras, como a traqueia e os brônquios. Como as vias aéreas condutoras não trocam gases com o sangue, elas são denominadas espaço morto anatômico. Para ilustrar a diferença entre o volume total de ar que entra nas vias aéreas e o volume de ar “novo” que alcança os alvéolos, considere uma respiração típica que move 500 mL de ar durante um ciclo ventilatório: 1. Comece no final de uma inspiração: o volume pulmonar é máximo e o ar “novo” da atmosfera enche as vias aéreas superiores (o espaço morto). 2. Agora expire: o volume corrente de 500 mL deixa o corpo. Contudo, a primeira porção destes 500 mL que deixa as vias aéreas corresponde aos 150 mL de ar “novo” que estavam no espaço morto, seguidos por 350 mL de ar “velho” proveniente dos alvéolos. Desse modo, mesmo que 500 mL de ar deixem os alvéolos, apenas 350 mL desse volume deixam o corpo. Os 150 mL restantes de ar alveolar “velho” permanecem no espaço morto. 3. Ao final da expiração, o volume do pulmão é mínimo e o ar “velho” dos alvéolos preenche o espaço morto anatômico. 4. Com a próxima inspiração, mais 500 mL de ar “novo” entram nas vias respiratórias. A primeira parte de ar que chega aos alvéolos são os 150 mL de ar “velho” que estavam no espaço morto anatômico. O restante dos 350 mL de ar que chega aos alvéolos é constituído por ar “novo”. Os últimos 150 mL de ar “novo” inspirado permanecem novamente no espaço morto anatômico e nunca alcançam os alvéolos. Assim, apesar da entrada de 500 mL de ar nos alvéolos em cada respiração, apenas 350 mL correspondem à entrada de ar “novo”. O volume de ar “novo” que entra nos alvéolos é Tutoria igual ao volume corrente menos o volume do espaço morto. Devido ao fato de uma porção significativa de ar inspirado nunca alcançar a superfície de troca, um indicador mais acurado da eficiência da ventilação é a ventilação alveolar, a quantidade de ar novo que alcança os alvéolos a cada minuto. A ventilação alveolar é calculada multiplicando-se a frequência ventilatória pelo volume de ar novo que alcança os alvéolos: VENTILAÇÃO ALVEOLAR = FREQUÊNCIA VENTILATÓRIA x (VOLUME CORRENTE – ESPAÇO MORTO) ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO GÁS ALVEOLAR DURANTE A RESPIRAÇÃO NORMAL A PO2 (pressão parcial do gás oxigênio) e a PCO2 (pressão parcial do gás carbônico) mudam pouco durante uma respiração tranquila normal. A PO2 alveolar é quase constante (com pressão de 100mgHg), e a PCO2 permanece próxima aos 40mmHg. De modo intuitivo, você pode pensar que a PO2 aumenta quando o ar “novo” chega pela primeira vez aos alvéolos, e que depois diminui progressivamente à medida que o oxigênio deixa os alvéolos e chega ao sangue. Em vez disso, o que ocorre são pequenas oscilações na PO2. Isso porque: (1) Quantidade de oxigênio que entra nos alvéolos em cada ciclo ventilatório é igual a quantidade de oxigênio que entra no sangue. (2) A quantidade de ar novo que entra nos pulmões em cada ciclo ventilatório é apenas um pouco mais que 10% do volume total do pulmão no final da inspiração. Apesar de os gases alveolares não mudarem muito a sua pressão parcial durante a respiração tranquila, alterações na ventilação alveolar podem afetar significativamente a quantidade de ar “novo” e de oxigênio que atinge os alvéolos. A pressão parcial de PO2 e de PCO2 nos alvéolos varia de acordo com o aumento (hiperventilação) e a diminuição (hipoventilação) da ventilação alveolar. Na hiperventilação, o PO2 aumenta e PCO2 alveolar diminui. Na hipoventilação, PCO2 aumenta e PO2 diminui. Durante a hipoventilação, quando menos ar “novo” entra nos alvéolos, PO2 diminui, e a PCO2 aumenta. VENTILAÇÃO E FLUXO SANGUÍNEO ALVEOLARES SÃO AJUSTADOS A troca dos gases deve ocorrer através da interface alvéolo-capilar. Por fim, o fluxo sanguíneo (perfusão) que passa pelos alvéolos deve ser alto o suficiente para captar o oxigênio disponível. Ajustar a ventilação nos grupos de alvéolos pelos quais o sangue flui é um processo de duas etapas que envolve a Tutoria regulação local do fluxo de ar e do fluxo sanguíneo. Alterações no fluxo sanguíneo pulmonar dependem quase exclusivamente das propriedades dos capilares e dos de fatores locais, como a concentração de oxigênio e de dióxido de carbono no tecido pulmonar. Os capilares nos pulmões são incomuns, pois são colapsáveis. Se a pressão sanguínea que flui pelos capilares cai abaixo de certo ponto, os capilares fecham-se, desviando o sangue para os capilares pulmonares onde a pressão sanguínea é maior. Em uma pessoa em repouso, alguns leitos capilares do ápice (topo) do pulmão estão fechados devido à baixa pressão hidrostática. Leitos capilares na base dos pulmões possuem pressão hidrostática mais alta devido à gravidade e, assim, permanecem abertos. Como consequência, o fluxo de sanguíneo é desviado em direção à base do pulmão. Durante o exercício, quando a pressão do sangue sobe, os leitos capilares apicais abrem-se, assegurando que o débito cardíaco aumentado possa ser totalmente oxigenado à medida que passa pelos pulmões. A habilidade dos pulmões de recrutar leitos capilares adicionais durante o exercício é um exemplo da capacidade de reserva do corpo. Em nível local, o corpo tenta ajustar o fluxo de ar e o fluxo sanguíneo em cada porção dospulmões, regulando o diâmetro das arteríolas e dos bronquíolos. O diâmetro bronquiolar é modulado principalmente pelos níveis de C no ar expirado. Um aumento na do ar expirado provoca a dilatação dos bronquíolos. A diminuição da do ar expirado provoca a contração dos bronquíolos. Apesar de existir alguma inervação autonômica nas arteríolas pulmonares, aparentemente existe pouco controle neural do fluxo sanguíneo pulmonar. A resistência das arteríolas ao fluxo sanguíneo é regulada primariamente pelo conteúdo de oxigênio no líquido intersticial, situado ao redor da arteríola. Se a ventilação alveolar em uma área do pulmão é reduzida, como mostrado na Figura 17.14b, a nessa área diminui, e as arteríolas respondem contraindo-se, como mostrado na Figura 17.14c. Esta vasoconstrição local é adaptativa, uma vez que desvia o sangue da região subventilada para partes do pulmão melhor ventiladas. Observe que a constrição das arteríolas pulmonares em resposta à baixa é contrária ao que é observado na circulação sistêmica (p. 489). Na circulação sistêmica, uma diminuição na tecidual provoca uma dilatação das arteríolas locais, fornecendo mais sangue para transportar o oxigênio para esses tecidos metabolicamente mais ativos. Nos pulmões, o sangue capta o oxigênio, por isso não faz sentido enviar mais sangue para uma área com baixa devido à ventilação reduzida. Outro ponto importante precisa ser observado. Os mecanismos de controle local não são reguladores eficazes do fluxo de ar e do fluxo sanguíneo em todas as circunstâncias. Se o fluxo sanguíneo é bloqueado em uma artéria pulmonar, ou se o fluxo de ar é bloqueado no nível de vias aéreas maiores, as respostas locais que desviam ar ou sangue para outras partes do pulmão são ineficazes, visto que, nesses casos, nenhuma parte do pulmão tem ventilação ou perfusão normais. Tutoria ASCULTAÇÃO E DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTITVAS A maioria dos testes de função pulmonar é relativamente fácil de se realizar. A auscultação dos sons respiratórios é uma técnica diagnóstica importante na medicina pulmonar, da mesma forma que a auscultação do coração é uma técnica importante no diagnóstico cardiovascular. Contudo, os sons respiratórios são mais complicados de se interpretar que os sons cardíacos por terem uma faixa mais ampla de variação normal. Normalmente, os sons respiratórios são distribuídos uniformemente nos pulmões e parecem um “murmúrio” provocado pelo fluxo de ar. Quando o fluxo de ar é reduzido, como no pneumotórax, os sons respiratórios podem estar diminuídos ou ausentes. Sons anormais incluem vários chiados, estalos, sibilos e sons bolhosos, causados por líquidos e secreções nas vias aéreas ou nos alvéolos. A inflamação da membrana pleural causa o surgimento de chiados ou rangidos conhecidos como atrito pericárdico, que é causado pelo atrito das membranas pleurais inflamadas edemaciadas uma contra a outra, desaparecendo quando o líquido as separa novamente. Doenças nas quais o fluxo de ar está diminuído como resultado do aumento da resistência nas vias aéreas são conhecidas como doenças pulmonares obstrutivas. Quando os pacientes com doença obstrutiva das vias aéreas inferiores são solicitados a exalar vigorosamente, o ar assobia pelas vias aéreas estreitadas, criando um som sibilante que pode ser ouvido até mesmo sem o estetoscópio. Dependendo da gravidade da doença, os bronquíolos podem colapsar e se fechar antes que uma expiração forçada seja completada, reduzindo a quantidade e a taxa do fluxo de ar medidos por um espirômetro. As doenças pulmonares obstrutivas incluem asma, apneia obstrutiva do sono, enfisema e bronquite crônica. As duas últimas, às vezes, são chamadas de doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC) devido à sua natureza crônica, ou contínua. A apneia obstrutiva do sono resulta de uma obstrução das vias aéreas superiores, muitas vezes devido ao relaxamento anormal dos músculos da faringe e da língua, aumentando Tutoria a resistência das vias aéreas durante a inspiração. A asma é uma condição inflamatória, frequentemente associada a alergias, que é caracterizada por broncoconstrição e edema das vias aéreas. A crise de asma pode ser desencadeada por exercícios (asma induzida por exercício) ou por mudanças rápidas da temperatura ou da umidade do ar inspirado. Os pacientes asmáticos queixam-se de uma “necessidade de ar” e de dificuldade para respirar, ou dispneia. A gravidade das crises de asma varia desde moderada até ameaçadora à vida.
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