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DIREITO DO TRABALHO I (DI7MA) PROFª: EMILIA FARINHA MONITORA: POLLYANA SOARES PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Art. 8º CLT- As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. CONCEITO: São postulados básicos que levam o intérprete a se posicionar nas mais diversas formas. Servem de orientação ao legislador para a interpretação da norma positivada, suprindo lacunas e omissões da lei. Os princípios exercem uma tríplice função: informativa, normativa e interpretativa. - Possuem importância devido fornecerem regramento a todo o ordenamento jurídico, suprindo lacunas e direcionando a interpretação dos operadores do direito. EXEMPLOS: Art. 473 CLT - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica. No caso do artigo acima há a preponderância do princípio da razoabilidade quando ocorre situações específicas as quais o dispositivo legal não protege o empregador devidamente, como doenças contínuas, sem amparo de demais adultos, etc. art 473, I, CLT - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; Nesse caso decide-se a partir da razoabilidade em situações que há vínculo afetivo mesmo que não biológico. a) FUNÇÃO INFORMATIVA: Inspira o legislador a proteção de um bem jurídico que será tutelado , auxilia na fundamentação das normas. Ex: princípio protetor e suas derivações. b) INTERPRETATIVA: Opera como critério orientador do juiz ou do intérprete da norma. c) NORMATIVA: porque complementa, surpre, integra as normas jurídicas em suas lacunas, sendo fonte do direito. 1. PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO: -Se desmembra nos princípios do in dúbio pro operário, da aplicação da norma mais favorável e da condição mais benéfica. OBJETIVO: Proteger aquele que é hipossuficiente na relação processual, nesse caso não se tratando de dinheiro mas da posição dos agentes nas relações laborais. Consiste em conferir ao pólo mais fraco da relação processual, o empregado, uma superioridade jurídica capaz de lhe garantir mecanismos destinados a tutelar os direitos mínimos estampados na legislação laboral. ATENÇÃO: o Estado só intervém para observar o mínimo, ou seja, as normas do direito trabalhista surgiram para proteger os direitos mínimos nas relações de trabalho. 1.1 IN DUBIO PRO OPERARIO (pode ser chamado também de in dubio pro misero) -Analogia ao princípio do Direito penal in dubio pro reu, ou seja, a ideia de que em dúvida deve-se aplicar a norma mais favorável ao réu. -Induz o intérprete, ao analisar um preceito que disponha sobre regras trabalhistas a escolher, entre duas ou mais interpretações viáveis, aquela que for mais favorável ao trabalhador. Em outras palavras, em caso de dúvida deve prevalecer a norma que mais traga benefícios ao polo mais fraco. ATENÇÃO: não se aplica sobre provas, mas sim sobre a dúvida entre a aplicação de REGRAS. -Sempre é aplicado pelo magistrado. EXEMPLO: Art. 468 CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Antes da reforma trabalhista os empregados que possuíam 10 ou mais anos no exercício de função de confiança recebiam adicional que integrava ao contrato de trabalho, ou seja, à luz da súmula vigente à época, era garantido o adicional por mais que houvesse mudança de função. Após a reforma trabalhista, independente de tempo, tal entendimento caiu por terra, não havendo mais essa proteção. Logo, a dúvida se dava sobre aqueles que possuíam direito adquirido, ou seja, possuíam 10 anos na função posteriormente à reforma. Dessa forma, devido a dúvida entre a legislação antes e após reforma quanto a aplicação das normas entendeu-se que o mais benéfico ao operário seria a aplicação do que estabelecido anteriormente a reforma apenas para aqueles trabalhadores específicos. 1.2 NORMA MAIS FAVORÁVEL -Aplica-se a norma mais favorável na interpretação das regras jurídicas quando antepostas ao intérprete duas ou mais vertentes interpretativas de determinado dispositivo legal. EX: CF/88 X CLT X Convenção Coletiva EX: Salário mínimo X Piso salarial -A aplicação da norma mais favorável independe da sua escala hierárquica. Esse princípio parte da idéia de que deve prevalecer o que for mais benéfico ao empregador -Aplica-se a norma mais favorável na elaboração da regra jurídica na qual as novas disposições legais devem estabelecer normas mais favoráveis ao trabalhador, sendo que tal determinação está implícita no art.7, CF/88. EXEMPLOS: Art. 7º, CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: Como regulamentos internos das empresas (são normas que devem ser observadas nas relações contratuais). Logo se o regulamento dá uma norma mais favorável ele deve prevalecer. Art VII, 7º CF - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; Se a convenção coletiva afirmar que o trabalhador possui salário por produção com possui um piso salarial maior (ou seja, um mínimo que ele vai receber independente da produção) que o estabelecido na CF, ela deve prevalecer. Art 7, XVI, CF - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; Se acordado que a remuneração de serviço extraordinário é maior que o mínimo legal, essa estipulação deve prevalecer. ATENÇÃO: Art. 620 CLT. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. - Esse princípio proporciona o surgimento de algumas se veremos a seguir referentes a forma que se dará essa interpretação tendo em vista a possibilidade das fontes possuírem ao mesmo tempo normas benéficas ao trabalhador: a) Teoria da Acumulação/Atomista: estabelece que em caso de conflito, cada matéria seria atribuída ao dispositivo mais benéfico, um pedaço de cada fonte, regra a regra. b) TEORIA DO CONGLOMERADO MITIGADO: Para essa teoria a regra de tratamento da norma mais favorável comparando as fontes na sua globalidade. Prevalece, portanto, um conjunto que, no seu todo, se apresenta mais útil ao trabalhador. Assim, a norma mais favorável será aquela que mais atende as necessidades do trabalhador. -Em geral, a norma mais benéfica acaba por ser aquela acordada entre as partes por Convenção ou Acordo Coletivo. ATENÇÃO: Nem sempre o acordo coletivo é mais benéfico e MESMO ASSIM acaba por prevalecer, sendo em regra geral o princípio da norma mais benéfica. (Leiam os art. 620 e 611-A da CLT) Art. 611-A, CLT: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros,dispuserem sobre: COM A REFORMA TRABALHISTA SURGE A MÁXIMA: O ACORDADO PREVALECE AO LEGISLADO (desde que não seja sobre normas proibitivas) EXEMPLOS: Art. 611, III, CLT - intervalo intrajornada*, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; *É o intervalo existente dentro da mesma jornada de trabalho, destinado a repouso e alimentação Art. 71 CLT - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. Art. 71, § 3º, da CLT - O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. Antes da reforma trabalhista só era possível a diminuição com a autorização de autoridade competente e se a empresa possuir refeitório que atenda as exigências necessárias. Após a reforma trabalhista foi aberta a possibilidade de acordo mediante acordo coletivo ou convenção coletiva, sendo válido porque a CLT passou a prever que o acordado prevalecesse ao legislado. ATENÇÃO: Não são todas as matérias que podem ser suprimidas por acordo entre empregado e empregador. Art. 611-B, CLT. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: (Leiam todos os incisos com atenção) 1.2.1 Alguns aspectos importantes ainda sobre o princípio da norma mais favorável: a) Ultratividade - Súmula 277 - SUSPENSA POR LIMINAR; Antes da suspensão, essa súmula estipulava que as cláusulas das convenções coletivas integravam os contratos individuais de trabalho, sendo apenas modificadas sobre nova cláusula de convenção coletiva sobrevivesse. Logo se acabasse o prazo de duração da convenção, os trabalhadores continuariam protegidos por essas normas, já que haveria a ultratividade. O entendimento atual é o de que não há ultratividade da norma tendo em vista que os trabalhadores não estão à mercê de vácuo legislativo, e a CLT prevê prazo para as convenções. Logo, uma vez findado o prazo da convenção as normas, sem outra que a substitua, a CLT e da CF tomam o lugar como normas que vão reger as relações trabalhistas, tendo em vista que são proteções mínimas. § 3o do Art. 614 da CLT Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade. b) Coexistência de mais de um Acordo Coletivo - Súmula 51 Os regulamentos de empresas possuem uma diferença: apesar de fazer lei entre as partes e são normas internas da empresa. ex: farda, uniforme O regulamento anterior não alcança novos contratos, apenas aqueles que foram admitidos no momento de sua vigência. Se o empregado opta por um dos dois regulamentos em vigor, ele renuncia o outro em sua integralidade. c) Possibilidade de Acordo individual entre empregado e empregador - Art. 444, §ú, CLT Esse artigo diz que as partes pode negociar em todas as regras do art. 611-a desde que esse empregado seja portador de diploma de nível superior e receba além do limite máximo da previdência social (teto do regime geral da previdência social - r$ 6.433,57). esses trabalhadores são considerados “hiperssuficientes” 1.3 CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA Determina que as condições mais vantajosas estipuladas no contrato de trabalho do empregado ou as constantes em regulamento da empresa prevalecerão independentemente da edição de normas supervenientes dispondo sobre a mesma matéria. EXEMPLOS: Não pode retroagir o salário em nova convenção se o empregador já tiver dado salário melhor em regulamento de empresa. Art. 473 CLT - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; Ou seja, se a convenção prever prazo maior a condição mais benéfica que deve prevalecer 2. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS Também denominado princípio da indisponibilidade, em síntese o trabalhador não pode renunciar os direitos a ele assegurados pela legislação do trabalho. Tal princípio torna as normas de ordem pública irrenunciável, indisponível e irrevogável. A irrenunciabilidade dos direitos do trabalho prevalece por diversos aspectos: 1 – As normas que consagram direitos mínimos ao empregado são de ordem pública 2 – A autonomia da vontade do empregado se encontra mitigada durante a relação de emprego EXEMPLOS: Assinatura de carteira > Quem tem carteira assinada não pode receber bolsa família, logo o trabalhador não pode escolher não ter a carteira assinada no prazo de 5 dias (art. 29 da CLT) para se beneficiar duplamente. OBS1: HÁ A PENA DE MULTA EM CASO DE NÃO ASSINATURA Art. 47 DA CLT. O empregador que mantiver empregado não registrado nos termos do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. OBS2: Quando se tratar de micro e pequena empresa: § 1o Especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte. EX: FÉRIAS NÃO PODEM SER RENUNCIADAS, MAS PODEM SER FRACIONADAS. PAGAMENTO NO PRAZO DE ATÉ 5 DIAS ÚTEIS. § 1º DO ART. 459 DA CLT Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido. ATENÇÃO!!! Art. 9º DA CLT - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. ISSO VALE PARA CONTRATO DE EMPREGO SOB CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, DECLARAÇÃO DE RENÚNCIA DE DIREITOS ETC. 3. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO: Tem por base que o contrato de trabalho é trato sucessivo, fundamenta-se na necessidade que o trabalhador em manter o emprego que lhe assegure o sustento próprio e de sua família A regra presumida é que os contratos sejam pactuados por prazo indeterminado. -Ônus do empregador de comprovar que o contrato é por prazo determinado. -Analisa a causa do pedido de demissão ou do abandono de emprego e se não houve vício de consentimento (Súmula 32 do TST) Súmula nº 32 do TST ABANDONO DE EMPREGO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer. Primeiro é necessário comunicar em 48h, via AR, que o empregado deve voltar sob o risco de perder o emprego, isso deixa claro pro juiz que o empregador oportunizou o retorno O contrato determinado possui prazo máximo de 90 dias (experiência), passando um dia seguinte deve ser entendidocomo indeterminado. Prazo para pagamento das verbas rescisórias: 10 dias desde a demissão. ATENÇÃO: nos contratos por prazo determinado também existe a assinatura de carteira, se diferenciando do indeterminado apenas nas verbas rescisórias. EXEMPLOS: 01.03.2020 a 30.05.2020 - contrato de experiência: nessa situação temos 91 dias (março: 31 dias; abril 30 dias e maio trabalhou até o dia 30, portanto, o contrato deixou de ser por prazo determinado e transformou-se em indeterminado). Justa Causa (Art 482 CLT) - permite a justa causa imediata, outros não cabe só advertência. Deve ser comunicado em prazo legal, pagamento de multa de 40% do FGTS (multa rescisória) 4. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE Significa que em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de documentos ou acordos, deve-se dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos fatos. EXEMPLOS: Situações possíveis sobre Jornada de trabalho: 1. O empregado realizou horas extras e não registrou > prevalece a realidade dos fatos se a pessoa assinou o ponto e voltou a trabalhar. OBS: Só é obrigado a ter controle da jornada por registro de ponto de trabalho se tiver mais de 20 funcionários (ART 74 CLT, ALTERAÇÃO EM 2019) Art. 74.CLT O horário de trabalho será anotado em registro de empregados. § 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso 2. Não se admite registro britânico: aquele que é sempre pontual para todos. Perde o poder de prova. ex: O registro de João sempre é pontual, entrando às 8h e saindo às 18h. Súmula nº 338 do TST JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ATENÇÃO A ALTERAÇÃO DO ART 74 DA CLT) II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003) Situações sobre a possibilidade de fraude no contrato de trabalho (art. 9º CLT): Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Art. 442-A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade. Se o empregador descaracterizar o contrato por algum dos motivos acima, prevalece o art. 9º e, portanto, a realidade dos fatos. 5. PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA OU PRINCÍPIO DA IMODIFICABILIDADE IN PEJUS DO CONTRATO DE TRABALHO Em regra geral significa que o contrato de trabalho não pode ser modificado para pior, com ou sem anuência do empregado. A alteração diz respeito a qualquer cláusula contratual, escrita, verbal, ou apenas tácita. Se houver alguma alteração lesiva direta ou indiretamente ao trabalhador a cláusula é nula de pleno direito. Art. 468 CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Poder Diretivo do Empregador: É o poder de mando. É uma faculdade que se concede ao empregador para que ele determine como a atividade do empregado deve ser exercida, vinculada ao contrato de trabalho, na esfera da atividade empresarial. Art 468 CLT - § 1o Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. ATENÇÃO: antes da reforma, não considerava-se alteração unilateral. Agora deve ser interpretado que não é uma alteração abusiva, sendo totalmente possível e legal essa alteração. § 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função. Portanto, a súmula 372 do TST (que trata sobre a estabilidade financeira) só se aplica aos trabalhadores que à época da reforma trabalhista exerciam a função de confiança por 10 ou mais anos. OBS: Antes da Reforma Trabalhista, a súmula 372 do TST previa o princípio da estabilidade financeira sobre os trabalhadores que possuíam 10 anos ou mais em uma função de confiança. Logo, deveria haver justo motivo para a alteração do cargo bem como a incorporação da gratificação de função em sua remuneração. EXCEÇÃO - JUS VARIANDI: "É o direito que possui o empregador de alterar unilateralmente, somente em casos excepcionais*, as condições de trabalho de seus empregados. Tal variação decorre do poder de direção do empregador” (definição do Eduardo Gabriel Saad) *Os casos excepcionais são aqueles que a lei permite, como no caso do artigo acima. Dessa forma, não é tudo que o empregador pode alterar. EXEMPLOS: Súmula nº 265 do TST ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno. Logo, se for viável ao empregador a mudança de turno não é alteração lesiva ao trabalhador mesmo que pare de receber o adicional que sempre recebeu pois não incorpora ao contrato. Isso também quer dizer que, se reivindicar na justiça suas verbas, só irá receber pelo tempo trabalhado Súmula nº 80 do TST - INSALUBRIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo adicional. A alteração para um ambiente de insalubridade menor e, por isso o fim do adicional, não é lesivo ao empregador por proporcionar um ambiente melhor POSSIBILIDADE DE ABUSO DO JUS VARIANDI:, o empregador é protegido pelo “jus resistentiae” do empregado é a prerrogativa que lhe é conferida, visando opor-se às modificações lesiva do contrato, pleiteando se a rescisão indireta do contrato de trabalho, conforme art. 483 da CLT. Art. 483 CLT - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. A rescisão indireta é quando o empregado decide se desligar do trabalho por motivo de ato lesivo do empregador. Dessa forma, irá estudar-se futuramente as verbas que ele possui direito, sendo importante saber agora que é ato do empregado ser reconhecido na Justiça do Trabalho. (art. 483 da clt - rescisão indireta). Por outro lado, a justa causa também advém do poder de mando do empregador, devendo pesar as penas a serem aplicadas sobre a conduta do empregado. A única via para que o empregado discuta quanto a justa causa é a Justiça do Trabalho, dessa forma o juiz determina se a rescisão foi devida ou lesou algum direito do trabalhador devido não haver justo motivo ou motivo de responsabilidade do empregador. (art. 482 da clt - justa causa). 6. INTANGIBILIDADE SALARIAL / IRREDUTIBILIDADE SALARIAL O salário, em regra geral é irredutível, portanto, esse princípio visa a proteção do salário, impedindo os descontos abusivos, preservando sua impenhorabilidade, assegurando-lhe posição privilegiada no caso de insolvência do empregador. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; REQUISITOS PARA A REDUÇÃO: Art. 503 da CLT - É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a redução geral dos salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo da região. A) Força maior (art. 501 CLT) Art. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente. § 1º - A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior. § 2º - À ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente, nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e financeira da empresa não se aplicam as restrições desta Lei referentes ao disposto neste Capítulo. B) Proporcionalmente aos salários de cada um C) Redução não maior que 25% D) Não pode ser menor que o salário mínimo - Lembrar que é a proteção mínima que o Estado dá ao empregador, IV do Art. 7º da CF ATENÇÃO: As reduções salariais não significam redução. aqui trata-se do salário bruto e não líquido. ex: vale transporte - pode ser descontado até 6%. PROTEÇÃO - GARANTIA DE EMPREGO: Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: § 3o Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. O prazo será determinado pelo acordo, sendo a demissão possível apenas em justa causa ATENÇÃO: não esquecer da possibilidade de ajuste individual. PRAZO PRO PAGAMENTO DO SALÁRIO: Art. 459 CLT - O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações. § 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido. Se coincidir com domingo ou feriado, será adiado pro dia útil seguinte. Sábado é considerado dia útil pro pagamento de salário Conforme Instrução Normativa nº 01 de 07/11/1989, da Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, o sábado é considerado dia útil para pagamento de salário, vejamos: ara efeito de orientação quanto ao prazo para o pagamento dos salários as Delegacias Regionais do Trabalho deverão observar o seguinte: I – na contagem dos dias será incluído o sábado, excluindo-se o domingo e o feriado, inclusive o municipal; II – quando o empregador utilizar o sistema bancário para o pagamento dos salários, os valores deverão estar à disposição do empregado, o mais tardar, até o quinto dia útil; a) horário que permita o desconto imediato do cheque; Precedente Normativo nº 72 do TST: “Estabelece-se multa de 10% sobre o saldo salarial, na hipótese de atraso no pagamento de salário até 20 dias, e de 5% por dia no período subsequente. ALGUMAS REGRAS SOBRE O PAGAMENTO DO SALÁRIO: Art. 462 da CLT - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Art. 463 - A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do País. Art. 464 - O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo empregado, em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo. Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho. Se não for dado o contracheque/recibo/comprovante pode dar ao entender que foi feito pagamento complessivo, ou seja, o pagamento que é dado unificado, sem especificar as parcelas. É proibido no direito brasileiro. Súmula nº 91 do TST SALÁRIO COMPLESSIVO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador. Art. 465. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o disposto no artigo anterior Art. 466 da CLT - O pagamento de comissões e porcentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se referem. § 1º Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à respectiva liquidação. Ou seja, se foi vendido parcelado, o vendedor vai receber a comissão parcelada OJ-SDI1-159 DATA DE PAGAMENTO. SALÁRIOS. ALTERAÇÃO (inserida em 26.03.1999) Diante da inexistência de previsão expressa em contrato ou em instrumento normativo, a alteração de data de pagamento pelo empregador não viola o art. 468, desde que observado o parágrafo único, do art. 459, ambos da CLT. OJ358.SDI-I TST SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. EMPREGADO. SERVIDOR PÚBLICO (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.02.2016) - Res. 202/2016,DEJT divulgado em 19, 22 e 23.02.2016 I - Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado. II – Na Administração Pública direta, autárquica e fundacional não é válida remuneração de empregado público inferior ao salário mínimo, ainda que cumpra jornada de trabalho reduzida. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Art. 449 - Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa § 1º - Na falência constituirão créditos privilegiados a totalidade dos salários devidos ao empregado e a totalidade das indenizações a que tiver direito. § 2º - Havendo concordata na falência, será facultado aos contratantes tornar sem efeito a rescisão do contrato de trabalho e conseqüente indenização, desde que o empregador pague, no mínimo, a metade dos salários que seriam devidos ao empregado durante o interregno. Até 150 salários mínimos por empregado. Ou seja, a regra a partir de 09.02.2005 - determina que o crédito privilegiado é de até 150 Salários mínimos por empregado ( Lei de Falência n. 11.101/2005 – Art. 83 ). O restante é crédito quirografário.
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