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Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Sumário FATO Típico: ............................................................................................................ 5 1. DEFINIÇÃO: ...................................................................................................... 5 2. TIPO PENAL: ..................................................................................................... 5 3. CONDUTA: ........................................................................................................ 6 3.1. CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA: .............................................................. 13 3.2. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: ........................................................ 14 3.3. ESPÉCIES DE CONDUTA: ........................................................................... 15 4. ERRO DE TIPO: ............................................................................................... 27 4.1. CONCEITO: ............................................................................................... 27 4.2. ESPÉCIES: ................................................................................................. 28 5. CRIME COMISSIVO: ......................................................................................... 37 6. CRIME OMISSIVO: ........................................................................................... 37 7. RESULTADO: ................................................................................................... 39 7.1. RESULTADO NATURALÍSTICO: ................................................................... 39 7.2. RESULTADO JURÍDICO OU NORMATIVO: .................................................... 39 8. NEXO DE CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: ........................................... 39 8.1. NEXO E CONCEITO DE CAUSA: .................................................................. 39 8.2. CONCAUSAS: ............................................................................................. 42 8.3. NEXO NORMATIVO: ................................................................................... 46 8.4. CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS: ................................................... 47 9. TIPICIDADE: ................................................................................................... 48 9.1. TIPICIDADE CONGLOBANTE (ZAFFARONI): ................................................ 49 9.2. TICIDADE FORMAL E AS NORMAS DE EXTENSÃO: ....................................... 49 10. DEFINIÇÃO: .................................................................................................... 52 11. RELAÇÃO COM A TIPICIDADE: ......................................................................... 52 Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 12. CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE: ............................................................. 54 12.1. ESTADO DE NECESSIDADE: ....................................................................... 54 12.2. LEGÍTIMA DEFESA: .................................................................................... 58 12.3. ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL: ............................................... 61 12.4. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: ............................................................ 63 12.5. EXCESSO: ................................................................................................. 64 12.6. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: ............................................................. 65 12.7. DESCIMINANTE PUTATIVA: ........................................................................ 66 13. TEORIAS DA CULPABILIDADE: ......................................................................... 68 14. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE: .................................................................... 70 14.1. IMPUTABILIDADE: ..................................................................................... 70 14.2. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: .................................................. 72 14.3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:..................................................... 73 15. CAUSA SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE: ................................. 74 1) FATO DE CONSCIÊNCIA: ............................................................................... 74 2) PROVOCAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA:............................................................ 75 3) CONFLITO DE DEVERES: ............................................................................... 75 16. DEFINIÇÃO: .................................................................................................... 83 17. CLASSIFICAÇÃO: ............................................................................................. 83 18. REQUISITOS: .................................................................................................. 83 19. MODALIDADES: ............................................................................................... 85 20. TEORIAS SOBRE A AUTORIA (CONCEITOS DE AUTOR): ..................................... 86 21. TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS: ....................... 87 22. AUTORIA MEDIATA: ........................................................................................ 88 23. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA OU DESVIO SUBJETIVO DA CONDUTA: 89 24. COMUNICABILIDADE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS: ............................................ 89 Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 25. DEFINIÇÃO: .................................................................................................... 91 26. FUNDAMENTOS DA PENA: ................................................................................ 91 27. FINALIDADES DA PENA: ................................................................................... 91 28. JUSTIÇA CONSENSUAL: ................................................................................... 94 29. TERCEIRA VIA DO DIREITO PENAL: ................................................................. 94 30. PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA: ........................................................... 95 31. PENAS PROIBIDAS E permitidas NO BRASIL: ..................................................... 97 32. FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: ............................................... 102 32.1. 1ª FASE: APLICAÇÃO DA PENA BASE: ....................................................... 103 32.2. 2ª FASE: ................................................................................................. 108 32.3. 3ª FASE: ................................................................................................. 116 32.4. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA: ...................................................... 118 33. PENAS E MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO: ................................................ 122 33.1. RESTRITIVAS DE DIREITO: ...................................................................... 122 33.2. PENA DE MULTA: ..................................................................................... 127 34. DEFINIÇÃO E SISTEMAS: ............................................................................... 130 35. ESPÉCIES: ..................................................................................................... 130 36. CAUSAS DE REVOGAÇÃO: .............................................................................. 133 36.1. REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA: .................................................................... 133 36.2. REVOGAÇÃO FACULTATIVA: .................................................................... 134 36.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES: ............................................................... 135 37. CONCURSO MATERIAL: ..................................................................................137 38. CONCURSO FORMAL: ..................................................................................... 138 39. CRIME CONTINUADO: .................................................................................... 139 40. QUESTÕES COMPLEMENTARES: ..................................................................... 141 41. Medida de segurança: .................................................................................... 143 Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 41.1. CONCEITO: ............................................................................................. 143 41.2. ESPÉCIES: ............................................................................................... 143 41.3. PRESSUPOSTOS: ..................................................................................... 144 42. EFEITOS DA CONDENAÇÃO: ........................................................................... 147 43. REABILITAÇÃO: ............................................................................................. 151 44. introdução: .................................................................................................... 155 45. CAUSAS EXTINTIVAS: .................................................................................... 156 46. Conceito:....................................................................................................... 163 47. HIPÓTESES DE IMPRESCRITIBILIDADE: ......................................................... 163 48. FUNDAMENTOS DA PRESCRIÇÃO: .................................................................. 163 49. ESPÉCIES DE PRECRIÇÃO: ............................................................................. 164 49.1. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (PPP): ......................................... 164 49.2. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (PPE): .................................... 171 50. REDUÇÃO DOS PRAZOS PRESCRICIOINAIS: .................................................... 173 51. MEDIDAS Socioeducativas: ............................................................................. 173 Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc FATO Típico: Como visto, prevalece o enfoque analítico de crime, que é aquele que divide o crime em 3 grandes substratos: a) Fato típico; b) Ilicitude; e c) Culpabilidade. Compreende as estruturas do delito. Presentes os 3 substratos, o direito de punir do Estado se caracteriza surgindo a punibilidade (consequência jurídica). Vamos tratar do Fato Típico, primeiro grande substrato do crime: Fato típico, conforme Rogério Sanches, é o fato humano indesejado que, norteada pelo princípio da intervenção mínima, consiste numa conduta produtora de um resultado que se subsume ao modelo de conduta proibida pelo Direito Penal, seja crime ou contravenção penal. Do seu conceito extraímos seus elementos: conduta, nexo causal, resultado e tipicidade (CUNHA, 2020, p. 239). Não se deve confundir tipo com tipicidade: Tipo é a descrição abstrata de uma conduta humana, proibida por lei (tipo formal incriminador);- Artigo de lei. Tipicidade é a adequação do fato concreto praticado ao modelo previsto na lei para o qual se estabelece uma sanção. Qualidade dada a uma conduta humana: Conduta Típica. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc O tipo penal descreve a conduta proibida pela norma. É composto de elementos objetivos e, eventualmente, de elementos subjetivos. Os elementos objetivos podem ser divididos em: a) Descritivos; b) Normativos; c) Científicos; Os elementos subjetivos podem ser divididos em: a) Positivos; b) Negativos. 1) ELEMENTOS OBJETIVOS: a) Descritivos: São elementos relacionados com o tempo, lugar, modo, meio de execução do crime, descrevendo seu objeto material. São elementos percebidos pelos sentidos. b) Normativos: Demandam juízo de valor e não são percebidos pelos sentidos a exemplo da expressão “sem justa causa”. c) Científicos: O conceito transcende o mero elemento normativo e extrai seu significado da ciência natural. Esses elementos não demandam nenhum juízo de valor, a exemplo da expressão “embrião humano”, que é um conceito desenvolvido pela ciência biológica. 2) ELEMENTOS SUBJETIVOS: Tais elementos estão relacionados com a finalidade específica que deve ou não animar o agente. Podem ser assim divididos e conceituados: a) Positivos: Indicam a finalidade que DEVE animar o agente, ou seja, o agente persegue exatamente aquela finalidade exposta no texto legal. Como exemplo podemos citar a redação do art, 33, §3º da Lei 11.343/06 quando diz “para juntos consumirem”. b) Negativos: Indicam a finalidade que NÃO DEVE animar o agente, a exemplo da expressão “sem o objetivo de lucro” constante no mesmo dispositivo citado no item anterior. Agora, cabe saber quais são os requisitos que fazem estar configurado o fato típico. Vejamos: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Diversas teorias tentam explicar o conceito de conduta. Mas, antes de abordarmos cada uma delas, duas observações são relevantes: OBS1: Não há crime sem conduta (nullum crimen sine conducta). Com base nesse axioma, temos doutrina negando a tese de a pessoa jurídica praticar crime, pois o ente coletivo não pratica conduta, mas é conduzida. OBS2: Conduta não se confunde com ato reflexo, pois este não é voluntário e quela é dominável pela vontade. Passemos às teorias: 1) Teoria Causalista/causal/clássica/naturalística/mecanicista: Teoria que foi idealizada por Von Liszt, Beling e Radbruch e que surge por volta do século XIX. Nesta teoria, temos a marca das ideais positivas, seguindo o método empregado pelas ciências naturais (leis da causalidade). De acordo com os adeptos dessa teoria, o mundo deveria ser explicado através da experimentação dos fenômenos, sem espeço para abstrações. Tal teoria, portanto, trabalha com o direito como uma ciência exata. Interpreta o Direito, portanto, através dos sentidos, prevalecendo o elemento descritivo do tipo penal. Como bem apresenta o professor Cleber Masson: A caracterização da conduta criminosa depende somente da circunstância de o agente produzir fisicamente um resultado previsto em lei como infração penal, independentemente de dolo ou culpa. Em outras palavras, para a configuração da conduta basta apenas uma fotografia do resultado (MASSON, 2020, p. 196). Essa teoria faz uma classificação do tipo penal da seguinte forma: a) Tipo normal: São os tipos penais compostos unicamente de elementos descritivos e que podem ser observados e percebidos pelos sentidos. b) Tipo anormal: São os tipos penais compostos por elementos não descritivos e que não podem ser meramente observados, mas demandam, por exemplo, juízo de valor. A Teoria Clássica adota o conceito tripartite de crime, ou seja, fato típico, ilícito e culpável. Todavia, essa teoria afirma que a culpabilidade contém os elementos do DOLO e da CULPA, bem como a imputabilidade. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc O conceito de conduta fica assim determinado: Conduta é o movimento corporal que produz uma modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos (CUNHA, 2020, p. 240). Rogério Sanches nos apresenta algumas críticas feitas pela doutrina em geral: • Se conduta é movimento humano, como explicar os crimes omissivos? A teoria falha completamente nesse sentido. • Não há como negar elementos subjetivos e normativos do tipo. • É inadmissível imaginar a ação humana como um ato de vontade sem FINALIDADE. Tal teoria diz que dolo e culpa estão na culpabilidade e não na conduta. Com isso, teríamos um conceito de conduta completamente isento de qualquerfinalidade no comportamento humano. 2) Toeira Neokantista/neoclássica/causal valorativa: Essa teoria foi idealizada por Edmund Mezger no início do século XX. Conforme Rogério Sanches, temos as seguintes premissas básicas: a) Sua base é causalista, apenas corrigindo alguns aspectos que foram ultrapassados; b) Fundamenta-se numa visão neoclássica marcada pela SUPERAÇÃO DO POSITIVISMO. Assim, essa teoria abandona o método das ciências naturais e introduz a racionalização do método. c) Reconhece que o Direito é ciência do dever ser. Portanto, o direito não deve ser interpretado pelos sentidos, mas deve ser valorado. Esta teoria também adota a visão tripartite de crime. Todavia, da mesma forma que a anterior, entende que DOLO e CULPA devem ser analisados na culpabilidade e não na conduta. Assim, culpabilidade é formada por dolo, culpa, imputabilidade e exigência de conduta diversa. Para essa teoria, conduta é comportamento humano voluntário causador de um resultado. ATENÇÃO: Essa teoria admite tranquilamente os elementos não descritivos no tipo, pois entende que o Direito deve ser valorado. O professor Rogério Sanches apresenta as seguintes críticas: • Continua analisando dolo/culpa na culpabilidade; • Por consequência, não poderia admitir elementos subjetivos ou valorativos no tipo já que dolo e culpa estão na causalidade. Portanto, parece apresentar uma real contradição. 3) Teoria Finalista: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Criada por Hans Welzel em meados do século XX. Com essa teoria, percebe-se que o dolo e a culpa estavam insertos no substrato errado. Portanto, desloca-se tais elementos para o fato típico. Adota também a teoria tripartite do crime, sendo que a culpabilidade agora não mais contém o dolo e a culpa, mas sim os elementos da imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Como bem aponta o professor Rogério Sanches, o fato típico passa a ter duas dimensões: a) Dimensão Objetiva: conduta, resultado, nexo e tipicidade; b) Dimensão Subjetiva: Dolo, culpa (dimensão psicológica). OBS: A culpabilidade assume uma dimensão normativa. Para essa teoria, conduta é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim. Perceba que para a teoria finalista toda conduta é orientada por um querer. Por fim, conforme o professor Cleber Masson: A teoria finalista foi bastante criticada no tocante aos crimes culposos, pois não se sustentava a finalidade da ação concernente ao resultado naturalístico involuntário. Alega-se, todavia, que no crime culposo também há vontade dirigida a um fim. Mas esse fim será conforme ou não ao Direito, de maneira que a reprovação nos crimes culposos não incide na finalidade do agente, mas nos meios por ele escolhidos para atingir a finalidade desejada, indicativos da imprudência, da negligência ou da imperícia. Entretanto, parece que nem mesmo Welzel conseguiu adequar com precisão a teoria finalista aos crimes culposos. Na última etapa de seus estudos, vislumbrou, ainda que superficialmente, substituir a teoria finalista por uma outra teoria, denominada cibernética (MASSON, 2020, p. 199). 4) Teoria Finalista dissidente/bipartite: Aqui, adota-se a ideia de que crime é fato típico e ilícito (por isso “BI”partite). Para essa teoria, a culpabilidade não integra o crime, devendo ser tratada como juízo de censura, reprovação, pressuposto de aplicação da pena. 5) Teoria Social da ação: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Essa teoria foi desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck. A pretensão desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas sim acrescentar-lhes uma nova dimensão, qual seja, a relevância social do comportamento. Essa teoria também adota a visão tripartite de crime, mas com um detalhe especial: O dolo e a culpa são analisados na conduta do agente (portanto, no fato típico), mas voltam a ser analisados na culpabilidade. Para tal teoria, a conduta é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim, socialmente reprovável. Assim, conforme afirma Masson, socialmente reprovável seria a conduta capaz de afetar o relacionamento do agente com o meio social em que se insere. A doutrina também aponta críticas relevantes a essa teoria. Destaque-se o que diz o professor Cleber Masson: A principal crítica que se faz a essa teoria repousa na extensão do conceito de transcendência ou relevância social, que se presta a tudo, inclusive a fenômenos acidentais e da natureza. A morte de uma pessoa provocada por uma enchente, por exemplo, possui relevância social, na medida em que enseja o nascimento, modificação e extinção de direitos e obrigações. Com efeito, ao mesmo tempo em que não se pode negar relevância social ao delito, também se deve recordar que tal qualidade é inerente a todos os fatos jurídicos, e não apenas aos pertencentes ao Direito Penal (MASSON, 2020, p. 200). 6) Teoria Jurídico-Penal: (Francisco de Assis Toledo) Cleber Masson afirma que essa teoria foi criada para superar os entraves travados entra as vertentes clássica, finalista e social. Ou seja, deseja compatibilizar os pontos de vista expostos por cada uma das teorias. Conforme o próprio Francisco Toledo: Ação é o comportamento humano, dominado ou dominável pela vontade, dirigido para a lesão ou para a exposição a perigo de um bem jurídico, ou, ainda, para a causação de uma previsível lesão a um bem jurídico (TOLEDO, Princípios básicos de direito penal, 207, p. 109). Tal teoria, conforme o próprio autor, visa colocar em destaque pelo menos 5 pontos: 1) o comportamento humano, englobando a ação e a omissão; 2) a vontade, exclusiva do ser humano; Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 3) o “poder de outro-modo” (poder agir de outro modo), que permite ao homem o domínio da vontade; 4) o aspecto causal-teleológico do comportamento; e 5) a lesão ou perigo a um bem jurídico (MASSON, 2020, p. 201). 7) Teoria da Ação Significativa: (Vives Antón) Tem suas bases firmadas na filosofia da linguagem de Wittgensein e na teoria da ação comunicativa de Habermas. Propõe uma nova análise conceitua) da conduta penalmente relevante, com fundamento em princípios de liberalismo político, unindo ação e norma para a fundação da liberdade de ação (CUNHA, 2020, p. 253). Portanto, para tal teoria, há na ação penalmente relevante um sentido a ser interpretado segundo as normas. A ação só existe em razão da norma. Conforme Cleber Masson: O conceito de ação resume-se à ideia de conduta típica. Logo, não há um conceito geral de ação, mas tantos conceitos de ação como espécies de condutas relevantes para o Direito Penal, segundo as diversas características com as que são descritas normativamente. (...) Destarte, a teoria significativa da ação sustenta que os fatos humanos somente podem ser compreendidos por meio das normas, ou seja, o seu significado existe somente em virtude das normas, as quais lhes são preexistentes. O tipo incriminador passa a ser entendido como tipo de ação, um dos grandes marcos dessa proposta doutrinária (MASSON, 2020, p. 202). 8) Funcionalismo (Teorias Funcionalistas): Essas teorias ganham força a partir de 1970 na Alemanha e buscam adequar a dogmática penal aos fins do direito penal. Tais teoria percebem que Direito Penal tem necessariamente uma MISSÃO e que seus institutos devem ser compreendidos de acordo com essa missão (edificam o Direito Penal a partir da função que lhe é conferida). Para tais teorias, a Conduta deve ser compreendida de acordo com a Missão conferida ao Direito Penal. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Podemos dividir taisteorias da seguinte forma: a) Teoria Funcionalista Teleológica/dualista/moderada/de política criminal: ROXIN O direito penal tem por missão fundamental a proteção de bens jurídicos. Assim, o conceito de conduta tomará como base a proteção de bens jurídicos. Como afirma Rogério Sanches: Se a missão do Direito Penal é proteger os valores essenciais à convivência social harmônica, a intervenção mínima deve nortear a sua aplicação, consagrando como típicos apenas os fatos materialmente relevantes. A teoria do delito deve ser reconstruída com lastro em critérios políticos criminais. Deste modo, o funcionalismo teleológico ou moderado propõe que se entenda a conduta como comportamento humano voluntário, causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal (CUNHA, 2020, p. 249). Esta teoria adota a visão tripartite de crime, sendo os substratos do crime o fato típico, ilicitude e reprovabilidade ou responsabilidade, que contém os elementos da imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigência de conduta diversa e NECESSIDADE DA PENA. A culpabilidade deixa de integrar diretamente o crime, figurando, soba a ótica do autor, como limite funcional da pena, ou seja, uma culpabilidade funcional. b) Teoria Funcionalista Sistêmica/monista/radical: JAKOBS O direito penal tem como missão fundamental a proteção do sistema. Assim, o conceito de conduta tomará como base a proteção do sistema (incorpora-se a ideia desenvolvida por Niklas Luhmann). Afirma Rogério Sanches: O funcionalismo sistêmico, portanto, repousa sua preocupação na higidez das normas estabelecidas para a regulação das relações sociais. Assim, havendo frustração da norma pela conduta do agente, impõe-se a sanção penal, uma vez que a missão do direito penal é assegurar a vigência do sistema. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Sob esta ótica, conduta será considerada como comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável, violador do sistema, frustrando as expectativas normativas (CUNHA, 2020, p. 250). Tal teoria adota também a visão tripartite de crime, tendo como substratos o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa). As premissas do funcionalismo de Jakobs deram ensejo ao chamado Direito Penal do Inimigo. Jakobs, na verdade, acaba por ressuscitar a teoria do direito penal do inimigo que já exposta em autores bem anteriores a ele. OBS: Fundamentos: O delinquente, autor de determinados crimes não deve ser considerado como cidadão, mas como um verdadeiro cancro a ser extirpado. Conforme o professor Rogério Sanches (CUNHA, 2020, p. 252), podemos destacar as seguintes características do direito penal para esses inimigos: i) Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios, ou seja, não espera o início da execução para punir determinados crimes; ii) Condutas descritas em tipos de mera conduta e de perigo abstrato flexibilizando o princípio da lesividade; iii) Descrição vaga dos crimes e das penas, flexibilizando o princípio da legalidade; iv) Preponderância do direito penal do autor, flexibilizando o princípio da materialização do fato; v) Surgimento das chamas “leis de luta e de combate” (leis de ocasião), caracterizando o direito penal de emergência; vi) Endurecimento da execução penal; vii) Restrição de garantias penais e processuais, característica do Direito Penal de Terceira Velocidade. Para a doutrina majoritária, tem prevalecido que a reforma do Código Penal em 1984 seguiu a teoria finalista. ATENÇÃO1: O Código Penal Militar ainda é causalista. ATENÇÃO2: A doutrina moderna nacional segue o funcionalismo de Roxin, principalmente quanto à missão do Direito Penal. 3.1. CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 1) Comportamento voluntário (dirigido a um fim): Aqui podemos dividir a conduta em dolosa e culposa. a) Conduta dolosa: O seu fim é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico; b) Conduta culposa: O fim é a prática um ato capaz de causar lesão ou perigo de lesão. 2) Exteriorização da vontade: Aparece por uma ação ou omissão. Conforme o professor Cleber Masson, temos que: 1) o ser humano, e apenas ele, pode praticar condutas penalmente relevantes; 2) somente a conduta voluntária interessa ao Direito Penal; 3) apenas os atos lançados ao mundo exterior ingressam no conceito de conduta; 4) a conduta é composta de dois elementos: um ato de vontade, dirigido a um fim e a manifestação da vontade no mundo exterior, por meio de uma ação ou omissão dominada ou dominável pela vontade (MASSON, 2020, p. 204). 3.2. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: 1) Caso fortuito ou força maior: Conforme Maria Helena Diniz, caso fortuito tem origem desconhecida, enquanto a força maior é fato da natureza. Aqui, temos fatos imprevisíveis ou inevitáveis. 2) Involuntariedade: Trata-se da ausência de capacidade de dirigir a conduta de acordo com uma finalidade. Como exemplos de Involuntariedade, temos: a) Estado de inconsciência completa, a exemplo do sonambulismo e da hipnose; Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc b) Movimento reflexo: Consistem em reação motora ou secretora em consequência de uma excitação dos sentidos. O movimento corpóreo não se deve ao elemento volitivo, mas sim fisiológico (MASSON, 2020, p. 205) OBS: A doutrina nos lembra que movimentos reflexos não são a mesma coisa que ações em curto circuito. Rogério Sanches nos apresenta o seguinte quadro (CUNHA, 2020, p. 255): MOVIMENTOS REFLEXOS AÇÕES EM CURTO CIRCUITO Impulso completamente fisiológico, desprovido de vontade. Movimento relâmpago, provocado pela excitação de diversos órgãos, acompanhado de vontade. Ex: por conta de um susto causado pelo bater inesperado de uma porta, FULANO, por mero impulso, movimentou os braços atingindo o rosto de pessoa que estava ao seu lado Ex: durante uma partida de futebol, tomada pela excitação do jogo e da torcida, uma multidão invade o campo para protestar com violência contra a injusta marcação de pênalti. 3) Coação física irresistível: O coagido é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo com sua vontade. ATENÇÃO: A coação moral irresistível exclui a culpabilidade, mas temos conduta. 3.3. ESPÉCIES DE CONDUTA: Seguindo a orientação de Rogério Sanches1, podemos classificar a conduta da seguinte forma: 1) QUANTO À VOLUNTARIEDADE: a) CRIME DOLOSO: É o previsto no art. 18, I do CP. 1 º ª Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Dolo é a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta descrita no tipo penal. ATENÇÃO: A noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrangendo o resultado e demais circunstâncias do crime. OBS: Elementos do Dolo: Temos os seguintes elementos: i) Elemento volitivo: vontade de praticar a conduta proibida pela norma; ii) Elemento intelectivo: Consciência da conduta e do resultado. Atenção: A liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas circunstância a ser analisada na culpabilidade. OBS: Teorias do Dolo: O professor Rogério Sanches (CUNHA, 2020, p. 257) nos apresenta ainda as seguintes teorias: i) Teoria da Vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. ii) Teoria da representação: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta. Atenção: Esta teoria acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa consciente. Ou seja, o agente prevê o resultado, mas acredita poder evita-lo.iii) Teoria do Consentimento ou Assentimento: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta assumindo o risco de produzir o evento. Ao exigir do agente assumir o risco de produzir o resultado, não mais abrange no conceito de dolo a culpa consciente. ATENÇÃO: O código penal adotou tanto a teoria da vontade. OBS: Espécie de dolo: Rogério Sanches aponta as espécies da seguinte forma (CUNHA, 2020, p. 258): Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc i) Dolo Normativo ou Híbrido/Colorido: Adotado pela teoria Neokantista. Para esta teoria, o dolo integra a culpabilidade, trazendo a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude, elemento normativo que o diferencia do dolo natural. ii) Dolo Natural ou Neutro: Componente da conduta, adotado pela teoria finalista. Pressupõe apenas a consciência e vontade, sendo despido de elemento normativo. iii) Dolo Direto/determinado/imediato/incondicionado: Configura-se quando o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizar esse evento. iv) Dolo Indeterminado/Indireto: Nesta espécie, o agente não busca resultado certo e determinado. Temos como espécies: • Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta para realizar qualquer deles. Tem a mesma intensidade de vontade de realizar os resultados previstos. Essa espécie de dolo ainda se subdivide da seguinte forma: ✓ Dolo alternativo OBJETIVO: Quando a vontade indeterminada estiver relacionada com o resultado em face da mesma vítima. ✓ Dolo alternativo SUBJETIVO: A vontade indeterminada envolver vítimas diferentes de um mesmo resultado. • Dolo Eventual: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta para realizar um deles, ASSUMINDO O RISCO de realizar o outro. A intensidade da vontade em relação aos resultados previstos é diferente. Conforme Rogério Sanches: DOLO ALTERNATIVO DOLO EVENTUAL Pretende realizar qualquer dos resultados. Pretende realizar apenas um dos resultados possíveis, assumindo o risco de realizar o outro. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc v) Dolo Cumulativo: Neste, o agente pretende alcançar 2 resultados em sequência. Trata-se, na verdade, de hipótese de progressão criminosa, a exemplo do agente que depois de ferir a vítima, resolve matá-la. vi) Dolo de Dano: A vontade é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado pelo tipo penal. O clássico exemplo é o homicídio, cujo dolo é o de ceifar a vida (bem jurídico tutelado). vii) Dolo de Perigo: A vontade aqui se manifesta para expor a risco o bem jurídico. viii) Dolo Genérico: Conforme Rogério Sanches, aqui o agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim específico. Atualmente, a doutrina prefere não mais classificar assim. Seria genérico o dolo e o específico seriam o dolo mais o elemento subjetivo do tipo. Rogério Sanches explica dizendo que essa denominação, bem como a próxima, é relativa à teoria causalista, que não encontra mais amparo, tendo em vista a predominância da teoria finalista. ix) Dolo Geral / Erro Sucessivo: Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. x) Dolo de primeiro grau: Trata-se, na verdade, do dolo direto. xi) Dolo de 2º grau: Trata-se de uma espécie de dolo direto, mas a vontade do agente se dirige aos MEIOS utilizados para alcançar determinado resultado. Abrange os efeitos colaterais do crime, de verificação praticamente certa, para gerar o evento desejado. O agente não persegue imediatamente os Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc efeitos colaterais, mas tem por certa a sua superveniência, caso se concretize o resultado pretendido (CUNHA, 2020, p. 260). O professor Rogério, alertando para que não se confunda o dolo de segundo grau com o dolo eventual, apresenta o seguinte quadro em seu livro (CUNHA, Manual de Direito Penal: parte geral, 2020, p. 260): DOLO DE 2º GRAU DOLO EVENTUAL: O resultado paralelo é certo e necessário (as consequências secundárias são inerentes aos meios escolhidos). Exemplo: quero matar um piloto de avião. Para tanto, colo uma bomba na aeronave. Sei que a explosão no ar causará a morte dos demais tripulantes (a morte dos tripulantes é consequência certa e imprescindível). O resultado paralelo é incerto, eventual, possível, desnecessário (não é inerente ao meio escolhido). Exemplo: Quero matar um motorista com um tiro. A morte dos demais passageiros do carro é um resultado eventual, que aceito como possível (a morte dos demais passageiros é desnecessária ao fim almejado). xii) Dolo de Terceiro Grau: Este dolo é a consequência da consequência necessária. No caso do avião, imaginemos que uma tripulante esteja grávida. Ocorrerá um aborto (dolo de 3º grau). OBS: Rogério Sanches critica dizendo que ou o agente sabia que a passageira estava grávida, sendo, portanto, dolo de segundo grau, ou ele não sabia e não é responsabilizado para evitar responsabilidade penal objetiva. xiii) Antecedente, concomitante e subsequente: a) Dolo antecedente: O dolo é anterior à conduta; b) Dolo concomitante: Dolo existente no momento da conduta; c) Dolo subsequente: O dolo é posterior à conduta. OBS: Conforme o professor Guilherme de Souza Nucci, direito penal, só tem relevância o dolo concomitante. xiv) Dolo de propósito: A vontade é refletida, ou seja, é pensada. Trata-se da premeditação do crime. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc xv) Dolo de ímpeto: É aquele caracterizado por ser repentino, sem intervalo entre a fase da cogitação e da execução. OBS: Está presente nas ações de curto circuito, a exemplo dos crimes de multidão. Nesse caso, trata-se de uma atenuante de pena. xvi) Dolo abandonado: Conforme Rogério Sanches, verifica-se o dolo abandonado nas situações de desistência voluntária e arrependimento eficaz, em que o agente, afastando-se de seu propósito inicial, desiste de prosseguir na execução de determinado delito ou atua para impedir que o resultado se concretize (CUNHA, 2020, p. 262). Neste caso, desaparece a tentativa e o agente só responde pelos atos até então praticados. xvii) Dolo Global ou Unitário: É o dolo existente na continuidade delitiva, na qual, segundo parcela da doutrina —que tem sido encampada pelos tribunais superiores —, o agente deve atuar baseado num plano previamente elaborado que envolva toda a cadeia de crimes. Caso esse elemento subjetivo não esteja presente, descaracteriza-se a continuidade, que cede lugar à habitualidade delitiva (CUNHA, 2020, p. 262). b) CRIMECULPOSO: Nos termos do art. 18, II, CP: II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. A conduta culposa consiste numa conduta numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que podia ser evitado se empregada a cautela esperada (CUNHA, 2020, p. 262). Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Devemos lembrar que na concepção da teoria finalista a culpa se apresenta como um elemento normativo da conduta, tendo em vista que sua aferição se dará a partir de uma valoração do caso concreto. Além disso, outra observação relevante é que os tipos penais que comportam crimes culposos são tipos penais abertos. Por fim, destaque-se que os crimes culposos são a exceção do sistema. Nesse sentido,o §único do art. 18: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Passemos agora ao estudo dos elementos do crime culposo. Mais uma vez vamos nos valer das lições do professor Rogério Sanches (CUNHA, Manual de Direito Penal: parte geral, 2020, p. 263 e ss): São 6 os elementos do crime culposo: 1) Conduta humana voluntária: É a ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, causando um resultado involuntário. Assim, podemos diferenciar o dolo da culpa da seguinte forma: DOLO CULPA Conduta voluntária + Resultado voluntário Conduta voluntária + Resultado INVOLUNTÁRIO. 2) Violação de um dever de cuidado objetivo: O agente na culpa viola seu dever de diligência (regra básica para o convívio social). O comportamento do agente não atende o que é esperado pela lei e pela sociedade OBS: Como apurar se houve ou não infração ao dever de diligência? Para apurar se houve (ou não) infração do dever de diligência, deve o operador, considerando as circunstâncias do caso concreto, pesquisar se uma pessoa de inteligência média, prudente e Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc responsável, teria condições de conhecer e, portanto, evitar o perigo decorrente da conduta (previsibilidade objetiva). (CUNHA, 2020, p. 263). Dito isso, a lei nos apresenta as formas de violação ao dever de cuidado e diligência, quais seja, a impudência, a negligência e a imperícia. Bem lembra o professor Cleber Masson que são modalidades e não espécies de culpa. Vamos a cada uma delas: I) IMPRUDÊNCIA: É a forma positiva da culpa (in agendo), consistente na atuação do agente sem observância das cautelas necessárias. Ê a ação intempestiva e irrefletida. Tem forma ativa (MASSON, 2020, p. 256). Trata-se, da precipitação do agente, da afoiteza (Como lembra Rogério Sanches). OBS: Se manifesta concomitantemente à ação, ou seja, este presente no DECORRER DA CONDUTA que culmina no resultado involuntário (CUNHA, 2020, p. 264). II) NEGLIGÊNCIA: Trata-se da ausência de precaução, ou seja, é uma forma negativa de conduta (omissão). Ao contrário da imprudência, revela-se ANTES DE SE INICIAR A CONDUTA. III) IMPERÍCIA: Nada mais é do que a falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou de profissão. É também chamada de culpa profissional, pois somente pode ser praticada no exercício de arte, profissão ou ofício. Sempre ocorre no âmbito de uma função na qual o agente, em que pese esteja autorizado a desempenhá-la, não possui conhecimentos práticos ou teóricos para fazê-la a contento (MASSON, 2020, p. 256 – grifo nosso). ATENÇÃO: O professor Rogério Sanches alerta para o fato de que o Ministério Público deve, na denúncia, apontar a forma de violação do dever de diligência, descrevendo no que consiste a culpa. O mencionado autor chama atenção ainda para o seguinte problema: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Caso o MP denuncie um sujeito por crime culposo, indicando ter havido imprudência. Durante a instrução, comprova-se a culpa, porém decorrente de negligência. O juiz pode condenar o sujeito ou deve enviar os autos para o MP aditar a inicial acusatória? Entende o referido professor que para não violar o princípio da ampla defesa, o MP deve aditar a inicial nos termos do art. 384 do CPP. Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 3) Resultado naturalístico involuntário: Em regra, o crime culposo é material (exige modificação no mundo exterior). Lembre-se que culpa é conduta e resultado naturalístico involuntário. Este resultado é um resultado material. Mas, cuidado pois temos crime culposo sem resultado naturalístico como é o exemplo do art. 38 da Lei de Drogas: Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 4) Nexo causal entre conduta e resultado: Como vamos perceber posteriormente, o CP adotou o conceito de causa no art. 13. 5) Resultado involuntário PREVISÍVEL: Diferentemente de ser previsto, onde o perigo é conhecido, é previsível, ou seja, há possibilidade de prever o perigo advindo da conduta. Todavia, ainda que previsto o perigo, não se descarta a culpa desde que o agente acredite poder evitar o resultado. É a chamada CULPA CONSCIENTE ou culpa com previsão. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Muito se questiona sobre a previsibilidade subjetiva, que é aquela referente à possibilidade de conhecimento do perigo analisado sob o prisma subjetivo do autor, levando em consideração seus dotes intelectuais, sociais e culturais. Interessante ensino é extraído do que afirma o professor Cleber Masson: Embora existam valiosos entendimentos nesse sentido, deve ser refutada a proposta de apreciar a previsibilidade de forma subjetiva, isto é, sob o prisma subjetivo do autor do fato, a qual leva em consideração os dotes intelectuais, sociais, econômicos e culturais do agente. O Direito Penal não pode ficar submisso aos interesses de pessoas incautas e despreparadas para o convívio social. Ademais, a previsibilidade subjetiva fomentaria a impunidade, pois, por se cuidar de questão que habita o aspecto interno do homem, jamais poderia ser fielmente provada a compreensão do agente acerca do resultado que a sua conduta era capaz de produzir. Lembre-se de uma regra que irá ajudar no estudo de toda a teoria do crime. O estudo do crime, qualquer que seja o conceito analítico que se adote, se divide em três grandes grupos: (1) fato típico; (2) ilicitude; e (3) culpabilidade. O fato é típico e ilícito. O agente é culpável. Em outras palavras, a tipicidade e a ilicitude pertencem ao fato, e a culpabilidade, ao agente. Disso se infere que sempre que se estudam o fato típico e a ilicitude leva- se em conta a figura do homem médio, um paradigma utilizado para análise do caso concreto. Por outro lado, quando se aborda a culpabilidade, leva-se em conta o perfil subjetivo do agente (MASSON, 2020, p. 260). Portanto, não é elemento da culpa. Será analisada na culpabilidade, no juízo da exigibilidade de conduta diversa. 6) Atipicidade: Como vimos, o parágrafo único do art. 18 prevê que se o tipo penal quer punir a forma culposa, deve ser expresso, pois no silêncio o tipo penal só é punido a título de dolo. É o princípio da excepcionalidade do crime culposo. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc OBS: Espécies de Culpa2: a) Culpa consciente (com previsão/ex lascívia): O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evita-lo com suas habilidades ou com a sorte, O agente, mais do que previsibilidade tem aqui verdadeira previsão (porém o resultado continua involuntário). b) Culpa inconsciente (sem previsão/ex ignorantia): O agente não prevê o resultado que, no entanto, era previsível. Qualquer pessoa de diligência mediana tinha condições de prever o risco. c) Culpa própria (propriamente dita): O agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por imprudência, negligência ou imperícia. Na culpa própria temos conduta voluntária somada a resultado involuntário. d) Culpa imprópria (impropriamente dita/por equiparação/extensão/assimilação):É aquela em que o agente, por ERRO EVITÁVEL, imagina certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude (descriminante putativa). Provoca intencionalmente determinado resultado típico, mas responde por culpa, por razões de política criminal. Perceba, portanto, que a estrutura do crime é dolosa, mas o agente responde por culpa por razões de política criminal. ATENÇÃO: a culpa imprópria admite a tentativa pois a estrutura é dolosa. Trata-se da única modalidade culposa que admite tentativa. e) Culpa presumida (in re ipsa): Já foi admitida na legislação anterior ao CP de 1940. Trata-se da simples inobservância de uma disposição regulamentar. Hoje, a culpa não se presume, devendo ser comprovada. 2 º ª Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc OBS: Exclusão da culpa: a) Caso fortuito e força maior: Se inserem entre os fatos imprevisíveis, que não se submetem à vontade de ninguém. O resultado daí advindo não pode fundamentar a punição por culpa. b) Princípio da confiança: O dever objetivo de cuidado se estabelece sobre todos os indivíduos e, por isso, pode-se confiar que todos procedam de forma a permitir a pacífica convivência em sociedade. Dessa forma, se alguém age nos limites do dever de cuidado, confiando que os demais procedam da mesma forma, não responde por eventual resultado lesivo involuntário em que se veja envolvido. Ex.: o motorista que conduz seu veículo com a atenção necessária, em velocidade compatível para a via, pode confiar que o pedestre atravesse apenas na faixa de segurança. Caso o pedestre, repentinamente, ponha-se a atravessar a via em local não adequado, cruzando o caminho do automóvel e seja atropelado, o condutor não será punido por culpa (CUNHA, 2020, p. 272). c) Risco tolerado: O comportamento humano, no geral, atrai certa carga de risco que, se não tolerada, impossibilitaria a prática de atividades cotidianas básicas e tornaria proibitivo o desenvolvimento pessoal e o progresso científico e tecnológico. Quanto mais essenciais forem determinados comportamentos, maior deverá ser a tolerância em relação aos riscos que trazem às relações humanas, afastando-se, consequentemente, qualquer reprovação que pudesse limitar a sua adoção. É o caso, por exemplo, do médico que realiza procedimento experimental em paciente com doença grave, sem perspectiva de tratamento adequado pelos métodos já consagrados (CUNHA, 2020, p. 272). d) Erro profissional: A culpa pelo resultado naturalístico não é do agente, mas da ciência, que se mostra inapta para enfrentar determinadas situações. Não se confunde com a imperícia, uma vez que nesta a falha é do próprio agente, que deixa de observar as regras recomendadas pela profissão, arte ou ofício (MASSON, 2020, p. 265). c) CRIME PRETERDOLOSO: É espécie de crime agravado pelo resultado. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Conforme o art. 19 do CP: Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente Trata-se do crime doloso qualificado / agravado pela culpa. O agente pratica delito distinto e que havia projetado cometer, advindo da conduta dolosa resultado culposo mais grave do que o projetado. OBS: Cuida-se de figura híbrida, havendo concurso de dolo no antecedente e culpa no consequente (CUNHA, 2020, p. 273). Conforme Rogério Sanches, os elementos do crime preterdoloso são os seguintes: a) Conduta dolosa visando determinado resultado; b) Provocação de resultado culposo mais grave; c) Nexo causal entre conduta e resultado; d) Tipicidade: Não se pune crime preterdoloso sem previsão legal. Atenção: O resultado deve ser culposo. Se o fruto de caso fortuito ou força maior, NÃO pode ser imputado ao agente, sob pena de responsabilidade penal objetiva. OBS: O reincidente em crime preterdoloso deve ser tratado como reincidente em crime doloso ou culposo?3 Dependendo da resposta podemos estar excluindo do condenado reincidente determinados benefícios, como, por exemplo, o "sursis" (art. 77 do CP), não permitido para reincidentes em crimes dolosos. O professor Rogério Sanches, citando Flávio Monteiro de Barros e o STJ, afirma que seve ser considerado em crime doloso. 4.1. CONCEITO: 3 º ª Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Trata-se da falsa percepção da realidade. Ou seja, ignorância ou erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer dado agregado ao tipo penal. Exemplo: “A” se apodera de material na rua, imaginando tratar-se de coisa abandonada. Na verdade, era de “B” ATENÇÃO: Perceba que “A” não sabia que estava subtraindo coisa alheia. Rogério Sanches nos apresenta o seguinte quadro, diferenciando o instituto em análise do erro de proibição: ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO Há falsa percepção da realidade que circunda o agente. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta O agente não sabe o que faz. O agente sabe o que faz, mas ignora ser proibido. A" sai de festa com guarda-chuva pensando ser seu, mas logo percebe que errou, poiso objeto é de terceiro "A" encontra um guarda-chuva na rua e acredita que não tem obrigação de devolver, porque "achado não é roubado". Vamos às espécies de erro de tipo... 4.2. ESPÉCIES: 1) Essencial: É o erro que recai sobre os dados principais do tipo. Se avisado do erro, o agente para de agir criminosamente. Conforme o art. 20, caput, do CP: Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Pode ser: a) Inevitável ou escusável: É a modalidade de erro que não deriva de culpa do agente, ou seja, mesmo que ele tivesse agido com a cautela e a prudência de um homem médio, ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade sobre os elementos constitutivos do tipo penal (MASSON, 2020, p. 273). Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc b) Evitável ou inescusável: É a espécie de erro que provém da culpa do agente, é dizer, se ele empregasse a cautela e a prudência do homem médio poderia evitá-lo, uma vez que seria capaz de compreender o caráter criminoso do fato (MASSON, 2020, p. 273). No que tange às consequências, temos o seguinte: ERRO INEVITÁVEL ERRO EVITÁVEL EXCLUI O DOLO. O simples fato de se tratar de erro essencial já é suficiente para excluir o dolo, pois não há consciência. EXCLUI O DOLO. Não há consciência. Exclui também a culpa. Sendo inevitável, cuida-se de erro imprevisível. PUNE-SE A CULPA se prevista em lei. Sendo evitável, cuida-se de erro previsível. Rogério Sanches chama atenção para o seguinte ponto: Como podemos aferir a evitabilidade ou não do erro? O autor responde: A corrente tradicional invoca a figura do "homem médio" por entender que a previsibilidade deve ser avaliada tão-somente sob o enfoque objetivo, levando em consideração estritamente o fato e não o autor. (...) Uma corrente mais moderna, não sem razão, trabalha com as circunstâncias do caso concreto, pois percebe que o grau de instrução, idade do agente, momento e local do crime podem interferir na previsibilidade do agente (circunstâncias desconsideradas na primeira orientação). (CUNHA, 2020, p. 276). 2) Acidental: O erro acidental recai sobre dados secundários, ou seja, periféricos do tipo. Quando avisado do erro, o agente corrige os caminhos ou sentido da conduta para continuar a agora de forma ilícita. Pode ser classificado da seguinte forma: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc a) Erro sobre o sobre o objeto: O erro sobre o objeto não tem previsão legal. Podeser conceituado como aquele em que o agente se confunde quanto ao objeto material (COISA) por ele visado, atingindo objeto diverso. O erro sobre o objeto não exclui o dolo, não exclui a culpa e não isenta o agente de pena, considera-se na sua punição o objeto diverso do pretendido, ou seja, o efetivamente atacado. Exemplo: “A”, querendo subtrair um relógio de ouro, acaba por erro subtraindo relógio dourado. Adota-se aqui a teoria da concretização (objeto concretamente atacado). Atenção: Somente haverá esta espécie de erro se a confusão de objetos materiais não interferir na essência do crime. Caso contrário, deve ser tratado como erro de tipo essencial. Rogério Sanches menciona o seguinte exemplo: Senhora que cultiva pé de maconha imaginando ser planta ornamental. O objeto “droga” é a essência do tipo. Logo, o erro não é acidental, mas essencial. b) Erro sobre a pessoa: Exposto no art. 20, §3º do CP: § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Trata-se da equivocada representação do objeto material (PESSOA VISADA) pelo agente. Em decorrência do erro, o agente acaba atingindo pessoa diversa. OBS1: No art. 20, §3º não existe erro na execução, mas erro de representação, ou seja, o agente confunde as vítimas. Temos a vítima virtual (desejada pelo autor) e a vítima real (que efetivamente sofreu a lesão – indesejada pelo autor). Rogério Sanches menciona o seguinte exemplo: "A" quer matar seu próprio pai, porém, representando equivocadamente a pessoa que entra na casa, acaba matando o seu tio. "A" será punido por parricídio, embora seu pai permaneça vivo. As consequências são as seguintes: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc i) Não exclui dolo nem culpa; ii) Não isenta de pena; iii) Responde pelo crime, mas considerando as qualidades da vítima virtual. Portanto, aplica-se aqui a Teoria da Equivalência. c) Erro na execução (aberratio ictus): Conforme o art. 73 do CP: Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Aqui, portanto, temos que por acidente ou por erro no uso dos meios, o agente acaba atingindo pessoa diversa da pretendida. Rogério Sanches apresenta o seguinte exemplo: "A" mira seu pai, entretanto, por falta de habilidade no uso da arma, acaba atingindo um vizinho que passava do outro lado da rua. O erro na execução, como se nota, não se confunde com o erro quanto à pessoa. Tem as seguintes consequências: i) Sendo uma aberratio ictus com resultado único (o agente atingir apenas a pessoa diversa da pretendida): Aplicaremos a Teoria da Equivalência. Ou seja, considera-se a vítima almejada (virtual); ii) Sendo aberratio ictus com resultado duplo (ou unidade complexa): Aplicaremos a regra do CONCURSO FORMAL de crimes, nos termos do art. 70, CP. O professor Rogério Sanches apresenta as decorrências do seguinte problema4: “A”, querendo matar seu pai, atira, mas por erro acaba também atingindo um vizinho. Vejamos as possibilidades e as conclusões apresentadas pelo autor nesse caso: 4 º ª Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc i) ocorrendo a morte de ambos (pai e vizinho), teremos dois crimes, um homicídio doloso consumado (pai) e outro culposo (vizinho), em concurso formal próprio (art. 70, lª parte do CP). ii) resultando somente lesões corporais em ambos (pai e vizinho), teremos tentativa de homicídio (pai), em concurso formal próprio com lesões culposas (vizinho). iii) derivando da conduta de `A" a morte do pai e lesões corporais no vizinho, teremos homicídio doloso consumado (pai) e lesões corporais culposas (vizinho), em concurso formal próprio. iv) no caso de lesões corporais no pai e de morte do vizinho, percebemos na doutrina séria divergência: 1ª Corrente: “A" responde pelo homicídio doloso do vizinho (considerando as qualidades do pai, vítima pretendida). Mas não se pode ignorar a existência de outro crime, lesão corporal, para fins de exasperação da pena em razão do concurso formal (Damásio). 2ª Corrente: o atirador deve ser responsabilizado por tentativa de homicídio do pai, em concurso formal com o homicídio culposo do vizinho (Heleno Fragoso). 3ª Corrente: Deve responder por homicídio doloso do vizinho e tentativa de homicídio do pai em concurso forma. Essa corrente faz críticas à segunda no seguinte sentido: Pune com pena menor que tivesse matado apenas o vizinho. Algumas observações relevantes... OBS1: Erro na execução envolve a relação Pessoa X Pessoa. OBS2: Erro sobre o objeto é que envolve a relação Coisa X Coisa. OBS3: Não podemos confundir erro na execução com erro sobre a pessoa. Vejamos o seguinte quadro: ERRO SOBRE A PESSOA ERRO NA EXECUÇÃO Erro na REPRESENTAÇÃO da vítima pretendida. Representa-se corretamente a vítima almejada. A execução do crime é correta. Não há falha operacional. Execução que é errada, ou seja, existe falha operacional. A pessoa visada não corre perigo, pois foi confundida com outra. Pessoa visada corre perigo. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Atenção: nos dois casos o agente responde pelo crime considerando as qualidades da vítima virtual. Assim, aplicamos a teoria da EQUIVALÊNCIA. A doutrina divide a Aberratio ictus em 2 modalidades: 1) Aberratio ictus por acidente: Conforme Rogério Sanches, caracteriza-se por não haver erro no golpe, mas desvio na execução, podendo a pessoa visada estar ou não no local. Exemplos: (A) "X" coloca uma bomba em um carro para explodir quando sua vítima "Y" der a partida no motor, mas quem o faz é a esposa de "Y"; (B) a mulher pretende matar o marido, colocando veneno na marmita que o marido leva diariamente ao trabalho, entretanto o marido esquece a marmita em casa e quem acaba comendo a comida envenenada é o filho (CUNHA, 2020, p. 280). 2) Aberratio ictus por erro no uso dos meios de execução: Ainda conforme o mencionado professor, existe erro no golpe, ou, em outras palavras, desvio na execução em razão da inabilidade do agente no manuseio ou uso dos meios utilizados na execução do crime. Neste caso, a vítima se encontra no local da execução do delito. Exemplo: "A" percebe seu pai se aproximando e mira corretamente visando atingir o ascendente, mas, por inabilidade, acaba atingindo o seu vizinho (CUNHA, 2020, p. 280). d) Resultado diverso do pretendido (Aberratio Criminis): Conforme o art. 74 do CP: Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Perceba que o dispositivo trabalha erro na execução, mas NÃO numa relação envolvendo PESSOA X PESSOA. Pode ser conceituado como sendo a situação em que o agente, por acidente OU ERRO no uso dos meios de execução, atinge BEM JURÍDICO DISTINTO daquele que pretendia atingir. Perceba, portanto, que temos uma relação de Pessoa X Coisa. Rogério Sanches cita o seguinte exemplo: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc "A" quer danificar o carro que "B" está conduzindo, entretanto, por erro na execução, atinge e mata o motorista. Queria praticar dano, mas acaba produzindo morte.Ocorrendo resultado diverso do pretendido, a consequência para o agente não poderá ser a isenção de pena. Neste caso, responderá pelo resultado diverso do pretendido, porém a título de culpa (se houver previsão legal). No nosso exemplo, "A", responderá por homicídio culposo (ficando absorvida a tentativa de dano). Como ocorre no aberratio ictus, entretanto, se o agente atingir também o resultado pretendido, responderá pelos dois crimes, em concurso formal de delitos (CUNHA, 2020, p. 281). Perceba, então, que o agente responde pelo resultado produzido, isto é, diverso do pretendido na forma CULPOSA, se prevista em lei. Em caso de resultado duplo, haverá concurso formal. ATENÇÃO: A regra do art. 74, CP deve ser afastada quando o resultado pretendido é mais grave que o resultado produzido, hipótese em que o agente responde pelo resultado pretendido na forma TENTADA. Exemplo: Fulano quer matar Beltrano (pessoa). Atira pedra contra a cabeça dele, mas acaba atingindo o veículo da vítima (coisa). Se aplicarmos aqui o art. 74, Fulano ficaria impune. Nesse caso, portanto, Fulano responderá por tentativa de homicídio. Rogério Sanches apresenta o seguinte quadro comparativo dos institutos da Aberratio ictus e a Aberratio Criminis: ABERRATIO ICTUS ABERRATIO CRIMINIS São espécies de erro na execução. O agente apesar do erro, atinge o mesmo bem jurídico O agente em razão do erro atinge bem jurídico DIVERSO. O resultado pretendido (ceifar a vida) COINCIDE com o resultado produzido. O resultado produzido (ceifar a vida) é diverso do pretendido. Relação: PESSOA X PESSOA Relação: PESSOA X COISA. e) Erro sobre o nexo causal (Aberratio Causae): Trata-se de uma criação doutrinária. Aqui, o agente produz o resultado desejado, mas com nexo causal diverso do pretendido. Possui duas modalidades: Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 1) Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: Ocorre quando o agente, mediante um só ato, provoca o resultado visado, porém com outro nexo de causalidade. Exemplo: "A" empurra "B" de um penhasco para que ele morra afogado, porém, durante a queda, "B" bate a cabeça contra uma rocha e morre em razão de um traumatismo craniano (CUNHA, 2020, p. 282). 2) Dolo geral/erro sucessivo/Aberratio causae: o agente, mediante conduta desenvolvida em pluralidade de atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo. Exemplo: "A" atira em "B" (primeiro ato) e, imaginando que "B" está morto, joga seu corpo no mar, vindo "B" a morrer por afogamento (CUNHA, 2020, p. 282). Nesses casos, a consequência é que o agente responde pelo crime, considerando o NEXO REAL e não o pretendido. O professor Rogério Sanches apresenta o seguinte problema: Fulano quer matar um agente federal em serviço. Por acidente, acaba matando outra pessoa que passava pelo local. O crime de homicídio será processado e julgado por qual justiça, federal ou estadual? Esse questionamento é interessante, pois no levar a pensar que, considerando a vítima virtual (agente federal em serviço), devemos entender pela competência da Justiça Federal. TODAVIA, O art. 73 do CP não tem reflexos processuais penais e para fins de competência, o CPP trabalha com a vítima real. O STJ assim já decidiu, como lembra o mencionado autor. Vide, por exemplo: STJ —Terceira Seção — CC 27368 — Rel. Min. José Arnaldo Da Fonseca, DJ 27/11/2000. No mesmo sentido: STJ, CC 41.057/SP. f) Erro de subsunção: Essa modalidade não possui previsão legal. Trata-se de equivocada compreensão do sentido jurídico do comportamento. Exemplo: agente não tem conhecimento de sua condição de funcionário público para fins penais. A consequência advinda dessa modalidade de erro será, no máximo, uma atenuante de pena (art. 65). Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc g) Erro provocado por terceiro: Conforme o art. 20, §2º do CP: § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Temos aqui erro induzido, figurando dois personagens: o agente provocador e o agente provocado. Trata-se de erro não espontâneo que leva o provocado à prática do delito (CUNHA, 2020, p. 285). Como exemplo: Médico com a intenção de matar paciente, induz a erro a enfermeira a ministrar veneno no lugar de medicamentos. Como consequência, responderá pelo crime o terceiro que determina o erro. O agente provocado depende se agiu culposamente ou dolosamente. Como bem afirma Cleber Masson: Quando o provocador atua dolosamente, a ele deve ser imputado, na forma dolosa, o crime cometido pelo provocado. Exemplo: “A”, apressado para não perder o ônibus, pede na saída da aula para “B” lhe arremessar seu aparelho de telefone celular que esquecera na mesa. “B”, dolosamente, entrega o telefone pertencente a “C”, seu desafeto. O provocado (que no caso seria “A”), nesse caso, ficará impune, sendo escusável seu erro. Mas, se o seu erro for inescusável, responderá por crime culposo, se previsto em lei. No exemplo acima, escusável ou inescusável o erro, nenhum crime seria imputado a “A”, em face da inexistência do crime de furto culposo. Pode ainda o provocador agir culposamente, por imprudência, negligência ou imperícia, situação na qual a ele será imputado o crime culposo praticado pelo provocado, se previsto em lei. Exemplo: Sem tomar maiores cautelas, o vendedor entrega para teste um veículo sem freios que ainda estava na oficina mecânica da concessionária. O pretenso comprador, ao dirigir o automóvel, atropela e mata um transeunte. Nessa situação, o provocado também poderá responder pelo crime culposo, desde que o seu erro seja inescusável. Ao contrário, tratando-se de erro escusável, permanecerá impune (MASSON, 2020, p. 276). Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Conforme Rogério Sanches, o direito penal visa proteger determinados bens jurídicos proibindo condutas consideradas desvaliosas (CUNHA, 2020, p. 286). O crime comissivo, é, portanto, uma conduta desvaliosa, proibida pelo tipo incriminador (ação que viola um tipo proibitivo, a exemplo do art.121 do CP. O direito penal também protege bens jurídicos proibindo a inação de condutas valiosas. Assim, a conduta omissiva é a não realização de conduta valiosa a que o agente estava juridicamente obrigado e que lhe era possível realizar. Portanto, a omissão viola um tipo MANDAMENTAL. Conforme Rogério Sanches, a norma mandamental que determina a ação valiosa pode decorrer do seguinte: a) Do próprio tipo penal: o tipo incriminador descreve a omissão. Temos o crime omissivo próprio ou puro, a exemplo da omissão de socorro. b) De cláusula geral: O dever de agir está descrito numa norma geral. Temos aqui o crime omissivo impróprio ou impuro. OBS: Neste caso, a cláusula geral a que essa espécie se refere é o art. 13, §2º do CP, a qual demonstra que o agente omitente responde por crime comissivo, mas praticado por omissão. Vejamos: § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Conforme Rogério Sanches, se o agente desconhece que tem o dever de agir, incorrerá no chamado “erro mandamental”. Neste ponto, a doutrina se divide da seguinte forma: • Para Luiz Flávio Gomes, trata-se de um erro de tipo; • Para a doutrina majoritária, entretanto,deve ser tratado como erro de proibição. Vamos analisar cada uma das espécies de crimes omissivos: 1) Crime omissivo próprio: A conduta omissiva está descrita no tipo penal. Para a sua caracterização, basta a não realização da conduta valiosa descrita no tipo. 2) Crime omissivo impróprio: O dever de agir está acrescido no dever de evitar o resultado. Adota-se a teoria normativa, que segundo Masson aceita a responsabilização do omitente pela produção do resultado, desde que seja a ele atribuído, por uma norma, o dever jurídico de agir. Essa é a razão de sua denominação (normativa = norma). A omissão é, assim, não fazer o que a lei determinava que se fizesse. Foi a teoria acolhida pelo Código Penal (MASSON, 2020, p. 204). Como já visto, as hipóteses da cláusula geral estão previstas no art. 13, §2º do CP. Segundo a norma, temos as seguintes hipóteses: a) Obrigação de cuidado, proteção e vigilância conferida por lei, a exemplo dos pais para com os filhos; b) Aquele que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o dano, a exemplo do salva-vidas. c) Aquele que com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 3) Crimes de conduta mista: Em tais crimes, o tipo penal é composto de uma ação seguida de omissão. Como exemplo, podemos citar a apropriação de coisa achada. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc Outro elemento, além da conduta, que integra o fato típico é o resultado. Trata-se da consequência jurídica provocada pela conduta do agente. Da conduta podem advir 2 resultados: 7.1. RESULTADO NATURALÍSTICO: O resultado naturalístico é o material. Trata-se da modificação no mundo exterior provocada pela conduta do agente. OBS: Não são todos os crimes que apresentam resultado naturalístico. Como ensina Cleber Masson, “O resultado naturalístico estará presente somente nos crimes materiais consumados. Se tentado o crime, ainda que material, não haverá resultado naturalístico. Nos crimes formais, ainda que possível sua ocorrência, é dispensável o resultado naturalístico. E, finalmente, nos crimes de mera conduta ou de simples atividade jamais se produzirá tal espécie de resultado” (MASSON, 2020, p. 207). Quanto ao resultado, lembre-se que os crimes podem ser classificados em materiais, formais e de mera conduta (conforme já visto). 7.2. RESULTADO JURÍDICO OU NORMATIVO: Trata-se da efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico que é tutelado pela norma penal. OBS: Não existe crime sem resultado jurídico. Aqui, os crimes podem ser classificados como sendo de dano (a consumação exige a efetiva lesão ao bem) ou de perigo (a consumação se contenta com a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo. Também já falamos sobre essas classificações na introdução à teoria do crime. 8.1. NEXO E CONCEITO DE CAUSA: É o vínculo entre conduta e resultado. Ou seja, é a relação de produção entre a causa eficiente e o efeito ocasionado. Busca aferir se o resultado pode ser atribuído objetivamente ao sujeito ativo como obra do seu comportamento típico. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc O código Penal nos apresenta um conceito simples de causa no art. 13, caput: Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. ATENÇÃO: O Brasil adotou a chamada Teoria da Equivalência dos antecedentes causais ou equivalência das condições, condição ou causalidade simples ou ainda condição generalizada ou, em latim, conditio sine qua non. Por essa teoria, causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido. O professor Rogério Sanches aborda a seguinte questão: Como saber se o fato foi determinante par o resultado? Para isso, afirma que se deve trabalha também com outa teoria, a teoria da eliminação hipotética dos antecedentes causais. Afirma o mencionado autor: “este método é empregado no campo mental da suposição ou da cogitação: causa é todo fato que, suprimido mentalmente, faria com que o resultado não ocorresse como ocorreu ou no momento em que ocorreu (CUNHA, 2020, p. 298). Assim, no caso de um homicídio, por exemplo, temos: Primeira pergunta: Causa da morte? Para responder a isso, temos que toda ação/omissão sem a qual a morte não teria acontecido é causa. Segunda pergunta: Qual ação ou omissão foi determinante para o resultado? Para responder a isso, aplicamos a teoria da eliminação hipotética. Importante que se esclareça sobre as críticas endereçadas a essa teoria, mas que são respondidas pela doutrina. Vejamos a lição do professor Masson: Contra essa teoria foram endereçadas algumas críticas. A principal delas consistiria na circunstância de ser uma teoria cega, porque possibilitaria a regressão ao infinito (regressas ad infinitum). (...) Essa crítica, contudo, é despropositada. Para que um acontecimento ingresse na relação de causalidade, não basta a mera dependência física. Exige-se ainda a causalidade psíquica (imputatio delicti), é dizer, reclama-se a presença do dolo ou da culpa por parte do agente em relação ao resultado. De fato, a falta do dolo ou da culpa afasta a conduta, a qual, por seu turno, obsta a configuração do nexo causal (MASSON, 2020, p. 209). Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc ATENÇÃO: TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA: Se insurge contra o possível regresso ao infinito da teoria da equivalência dos antecedentes. Conforme menciona o professor Masson, para os adeptos da teoria da imputação objetiva, o sistema finalista, ao limitar o tipo objetivo à relação de causalidade, de acordo com a teoria da equivalência dos antecedentes, não resolve todos os problemas inerentes à imputação (MASSON, 2020, p. 219). Devemos lembrar que com a inclusão dos elementos subjetivos no tipo penal (dolo e culpa), a chance de regresso ao infinito foi extremamente reduzida. Isso porque a teoria finalista passou a entender que a conduta deve conter os elementos do dolo ou da culpa como já tratamos. Todavia, para aqueles que que defendem a imputação objetiva isso não é suficiente. Veja o exemplo que o próprio Roxin nos fornece, questionando a teoria da equivalência dos antecedentes: Imaginemos que "A” venda heroína a “B”. Os dois sabem que a injeção de certa quantidade de tóxico gera perigo de vida, mas assumem o risco de que a morte ocorra; “A” o faz, porque o que lhe interessa é principalmente o dinheiro, e “B”, por considerar sua vida já estragada e só suportável sob estado de entorpecimento. Deve “A” ser punido por homicídio cometido com dolo eventual, na hipótese de *'B” realmente injetar em si o tóxico e, em decorrência disso, morrer? A causalidade de “A” para a morte de “B”, bem como seu dolo eventual, encontra-se fora de dúvida. Se considerarmos a causalidade suficiente para a realização do tipo objetivo, teremos que concluir pela punição.5 É por isso, então que a teoria da imputação objetiva insere mais elementos no tipo objetivo, quais sejam: a) Criação de um risco proibido; b) Realização do risco no resultado. Assim, para essa teoria, a atribuição de um resultado a uma pessoa não é determinada pela relação de causalidade, mas é necessário outro nexo, de modo que esteja presente a realização de um risco proibido pela norma (MASSON, 2020, p. 220). 5 ROXIN, Claus. Estudos de diretto penal. Trad. Luís Greco. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 103. Material elaborado por Genesis Honorato @honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 8.2. CONCAUSAS: Conforme Rogério Sanches, o resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de comportamento, associação de fatores, entre os quais a condita do agente aparece como seu
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