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PENAL GERAL - COMPILADO

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Prévia do material em texto

Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
Sumário 
FATO Típico: ............................................................................................................ 5 
1. DEFINIÇÃO: ...................................................................................................... 5 
2. TIPO PENAL: ..................................................................................................... 5 
3. CONDUTA: ........................................................................................................ 6 
3.1. CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA: .............................................................. 13 
3.2. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: ........................................................ 14 
3.3. ESPÉCIES DE CONDUTA: ........................................................................... 15 
4. ERRO DE TIPO: ............................................................................................... 27 
4.1. CONCEITO: ............................................................................................... 27 
4.2. ESPÉCIES: ................................................................................................. 28 
5. CRIME COMISSIVO: ......................................................................................... 37 
6. CRIME OMISSIVO: ........................................................................................... 37 
7. RESULTADO: ................................................................................................... 39 
7.1. RESULTADO NATURALÍSTICO: ................................................................... 39 
7.2. RESULTADO JURÍDICO OU NORMATIVO: .................................................... 39 
8. NEXO DE CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: ........................................... 39 
8.1. NEXO E CONCEITO DE CAUSA: .................................................................. 39 
8.2. CONCAUSAS: ............................................................................................. 42 
8.3. NEXO NORMATIVO: ................................................................................... 46 
8.4. CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS: ................................................... 47 
9. TIPICIDADE: ................................................................................................... 48 
9.1. TIPICIDADE CONGLOBANTE (ZAFFARONI): ................................................ 49 
9.2. TICIDADE FORMAL E AS NORMAS DE EXTENSÃO: ....................................... 49 
10. DEFINIÇÃO: .................................................................................................... 52 
11. RELAÇÃO COM A TIPICIDADE: ......................................................................... 52 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
12. CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE: ............................................................. 54 
12.1. ESTADO DE NECESSIDADE: ....................................................................... 54 
12.2. LEGÍTIMA DEFESA: .................................................................................... 58 
12.3. ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL: ............................................... 61 
12.4. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: ............................................................ 63 
12.5. EXCESSO: ................................................................................................. 64 
12.6. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: ............................................................. 65 
12.7. DESCIMINANTE PUTATIVA: ........................................................................ 66 
13. TEORIAS DA CULPABILIDADE: ......................................................................... 68 
14. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE: .................................................................... 70 
14.1. IMPUTABILIDADE: ..................................................................................... 70 
14.2. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: .................................................. 72 
14.3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:..................................................... 73 
15. CAUSA SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE: ................................. 74 
1) FATO DE CONSCIÊNCIA: ............................................................................... 74 
2) PROVOCAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA:............................................................ 75 
3) CONFLITO DE DEVERES: ............................................................................... 75 
16. DEFINIÇÃO: .................................................................................................... 83 
17. CLASSIFICAÇÃO: ............................................................................................. 83 
18. REQUISITOS: .................................................................................................. 83 
19. MODALIDADES: ............................................................................................... 85 
20. TEORIAS SOBRE A AUTORIA (CONCEITOS DE AUTOR): ..................................... 86 
21. TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS: ....................... 87 
22. AUTORIA MEDIATA: ........................................................................................ 88 
23. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA OU DESVIO SUBJETIVO DA CONDUTA: 89 
24. COMUNICABILIDADE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS: ............................................ 89 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
25. DEFINIÇÃO: .................................................................................................... 91 
26. FUNDAMENTOS DA PENA: ................................................................................ 91 
27. FINALIDADES DA PENA: ................................................................................... 91 
28. JUSTIÇA CONSENSUAL: ................................................................................... 94 
29. TERCEIRA VIA DO DIREITO PENAL: ................................................................. 94 
30. PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA: ........................................................... 95 
31. PENAS PROIBIDAS E permitidas NO BRASIL: ..................................................... 97 
32. FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: ............................................... 102 
32.1. 1ª FASE: APLICAÇÃO DA PENA BASE: ....................................................... 103 
32.2. 2ª FASE: ................................................................................................. 108 
32.3. 3ª FASE: ................................................................................................. 116 
32.4. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA: ...................................................... 118 
33. PENAS E MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO: ................................................ 122 
33.1. RESTRITIVAS DE DIREITO: ...................................................................... 122 
33.2. PENA DE MULTA: ..................................................................................... 127 
34. DEFINIÇÃO E SISTEMAS: ............................................................................... 130 
35. ESPÉCIES: ..................................................................................................... 130 
36. CAUSAS DE REVOGAÇÃO: .............................................................................. 133 
36.1. REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA: .................................................................... 133 
36.2. REVOGAÇÃO FACULTATIVA: .................................................................... 134 
36.3. QUESTÕES COMPLEMENTARES: ............................................................... 135 
37. CONCURSO MATERIAL: ..................................................................................137 
38. CONCURSO FORMAL: ..................................................................................... 138 
39. CRIME CONTINUADO: .................................................................................... 139 
40. QUESTÕES COMPLEMENTARES: ..................................................................... 141 
41. Medida de segurança: .................................................................................... 143 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
41.1. CONCEITO: ............................................................................................. 143 
41.2. ESPÉCIES: ............................................................................................... 143 
41.3. PRESSUPOSTOS: ..................................................................................... 144 
42. EFEITOS DA CONDENAÇÃO: ........................................................................... 147 
43. REABILITAÇÃO: ............................................................................................. 151 
44. introdução: .................................................................................................... 155 
45. CAUSAS EXTINTIVAS: .................................................................................... 156 
46. Conceito:....................................................................................................... 163 
47. HIPÓTESES DE IMPRESCRITIBILIDADE: ......................................................... 163 
48. FUNDAMENTOS DA PRESCRIÇÃO: .................................................................. 163 
49. ESPÉCIES DE PRECRIÇÃO: ............................................................................. 164 
49.1. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (PPP): ......................................... 164 
49.2. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (PPE): .................................... 171 
50. REDUÇÃO DOS PRAZOS PRESCRICIOINAIS: .................................................... 173 
51. MEDIDAS Socioeducativas: ............................................................................. 173 
 
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FATO Típico: 
 
Como visto, prevalece o enfoque analítico de crime, que é aquele que divide o crime em 3 grandes 
substratos: 
a) Fato típico; 
b) Ilicitude; e 
c) Culpabilidade. 
 
Compreende as estruturas do delito. 
Presentes os 3 substratos, o direito de punir do Estado se caracteriza surgindo a punibilidade 
(consequência jurídica). 
 
Vamos tratar do Fato Típico, primeiro grande substrato do crime: 
 
Fato típico, conforme Rogério Sanches, é o fato humano indesejado que, norteada pelo princípio 
da intervenção mínima, consiste numa conduta produtora de um resultado que se subsume ao 
modelo de conduta proibida pelo Direito Penal, seja crime ou contravenção penal. Do seu conceito 
extraímos seus elementos: conduta, nexo causal, resultado e tipicidade (CUNHA, 2020, p. 239). 
 
Não se deve confundir tipo com tipicidade: 
Tipo é a descrição abstrata de uma conduta humana, proibida por lei (tipo formal incriminador);- 
Artigo de lei. 
Tipicidade é a adequação do fato concreto praticado ao modelo previsto na lei para o qual se 
estabelece uma sanção. Qualidade dada a uma conduta humana: Conduta Típica. 
 
 
Material elaborado por Genesis Honorato 
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O tipo penal descreve a conduta proibida pela norma. É composto de elementos objetivos e, 
eventualmente, de elementos subjetivos. 
Os elementos objetivos podem ser divididos em: 
a) Descritivos; 
b) Normativos; 
c) Científicos; 
Os elementos subjetivos podem ser divididos em: 
a) Positivos; 
b) Negativos. 
 
1) ELEMENTOS OBJETIVOS: 
a) Descritivos: São elementos relacionados com o tempo, lugar, modo, meio de execução 
do crime, descrevendo seu objeto material. São elementos percebidos pelos sentidos. 
b) Normativos: Demandam juízo de valor e não são percebidos pelos sentidos a exemplo 
da expressão “sem justa causa”. 
c) Científicos: O conceito transcende o mero elemento normativo e extrai seu significado 
da ciência natural. Esses elementos não demandam nenhum juízo de valor, a exemplo da 
expressão “embrião humano”, que é um conceito desenvolvido pela ciência biológica. 
 
2) ELEMENTOS SUBJETIVOS: 
Tais elementos estão relacionados com a finalidade específica que deve ou não animar o agente. 
Podem ser assim divididos e conceituados: 
a) Positivos: Indicam a finalidade que DEVE animar o agente, ou seja, o agente persegue 
exatamente aquela finalidade exposta no texto legal. Como exemplo podemos citar a 
redação do art, 33, §3º da Lei 11.343/06 quando diz “para juntos consumirem”. 
b) Negativos: Indicam a finalidade que NÃO DEVE animar o agente, a exemplo da expressão 
“sem o objetivo de lucro” constante no mesmo dispositivo citado no item anterior. 
Agora, cabe saber quais são os requisitos que fazem estar configurado o fato típico. Vejamos: 
 
 
Material elaborado por Genesis Honorato 
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Diversas teorias tentam explicar o conceito de conduta. Mas, antes de abordarmos cada uma 
delas, duas observações são relevantes: 
 
OBS1: Não há crime sem conduta (nullum crimen sine conducta). Com base nesse axioma, temos 
doutrina negando a tese de a pessoa jurídica praticar crime, pois o ente coletivo não pratica 
conduta, mas é conduzida. 
OBS2: Conduta não se confunde com ato reflexo, pois este não é voluntário e quela é dominável 
pela vontade. 
Passemos às teorias: 
1) Teoria Causalista/causal/clássica/naturalística/mecanicista: 
Teoria que foi idealizada por Von Liszt, Beling e Radbruch e que surge por volta do século XIX. 
Nesta teoria, temos a marca das ideais positivas, seguindo o método empregado pelas ciências 
naturais (leis da causalidade). De acordo com os adeptos dessa teoria, o mundo deveria ser 
explicado através da experimentação dos fenômenos, sem espeço para abstrações. Tal teoria, 
portanto, trabalha com o direito como uma ciência exata. Interpreta o Direito, portanto, através 
dos sentidos, prevalecendo o elemento descritivo do tipo penal. 
Como bem apresenta o professor Cleber Masson: 
A caracterização da conduta criminosa depende somente da circunstância 
de o agente produzir fisicamente um resultado previsto em lei como infração 
penal, independentemente de dolo ou culpa. Em outras palavras, para a 
configuração da conduta basta apenas uma fotografia do resultado 
(MASSON, 2020, p. 196). 
Essa teoria faz uma classificação do tipo penal da seguinte forma: 
a) Tipo normal: São os tipos penais compostos unicamente de elementos descritivos e que 
podem ser observados e percebidos pelos sentidos. 
 
b) Tipo anormal: São os tipos penais compostos por elementos não descritivos e que não 
podem ser meramente observados, mas demandam, por exemplo, juízo de valor. 
A Teoria Clássica adota o conceito tripartite de crime, ou seja, fato típico, ilícito e culpável. 
Todavia, essa teoria afirma que a culpabilidade contém os elementos do DOLO e da CULPA, bem 
como a imputabilidade. 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
O conceito de conduta fica assim determinado: Conduta é o movimento corporal que produz uma 
modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos (CUNHA, 2020, p. 240). 
Rogério Sanches nos apresenta algumas críticas feitas pela doutrina em geral: 
• Se conduta é movimento humano, como explicar os crimes omissivos? A teoria falha 
completamente nesse sentido. 
• Não há como negar elementos subjetivos e normativos do tipo. 
• É inadmissível imaginar a ação humana como um ato de vontade sem FINALIDADE. Tal 
teoria diz que dolo e culpa estão na culpabilidade e não na conduta. Com isso, teríamos 
um conceito de conduta completamente isento de qualquerfinalidade no comportamento 
humano. 
 
2) Toeira Neokantista/neoclássica/causal valorativa: 
Essa teoria foi idealizada por Edmund Mezger no início do século XX. 
Conforme Rogério Sanches, temos as seguintes premissas básicas: 
a) Sua base é causalista, apenas corrigindo alguns aspectos que foram ultrapassados; 
b) Fundamenta-se numa visão neoclássica marcada pela SUPERAÇÃO DO POSITIVISMO. 
Assim, essa teoria abandona o método das ciências naturais e introduz a racionalização do 
método. 
c) Reconhece que o Direito é ciência do dever ser. Portanto, o direito não deve ser 
interpretado pelos sentidos, mas deve ser valorado. 
Esta teoria também adota a visão tripartite de crime. Todavia, da mesma forma que a anterior, 
entende que DOLO e CULPA devem ser analisados na culpabilidade e não na conduta. Assim, 
culpabilidade é formada por dolo, culpa, imputabilidade e exigência de conduta diversa. 
Para essa teoria, conduta é comportamento humano voluntário causador de um resultado. 
ATENÇÃO: Essa teoria admite tranquilamente os elementos não descritivos no tipo, pois entende 
que o Direito deve ser valorado. 
O professor Rogério Sanches apresenta as seguintes críticas: 
• Continua analisando dolo/culpa na culpabilidade; 
• Por consequência, não poderia admitir elementos subjetivos ou valorativos no tipo já que 
dolo e culpa estão na causalidade. Portanto, parece apresentar uma real contradição. 
 
3) Teoria Finalista: 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
Criada por Hans Welzel em meados do século XX. 
Com essa teoria, percebe-se que o dolo e a culpa estavam insertos no substrato errado. Portanto, 
desloca-se tais elementos para o fato típico. 
Adota também a teoria tripartite do crime, sendo que a culpabilidade agora não mais contém o 
dolo e a culpa, mas sim os elementos da imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e 
exigibilidade de conduta diversa. 
Como bem aponta o professor Rogério Sanches, o fato típico passa a ter duas dimensões: 
a) Dimensão Objetiva: conduta, resultado, nexo e tipicidade; 
b) Dimensão Subjetiva: Dolo, culpa (dimensão psicológica). 
OBS: A culpabilidade assume uma dimensão normativa. 
Para essa teoria, conduta é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um 
fim. Perceba que para a teoria finalista toda conduta é orientada por um querer. 
Por fim, conforme o professor Cleber Masson: 
A teoria finalista foi bastante criticada no tocante aos crimes culposos, pois 
não se sustentava a finalidade da ação concernente ao resultado 
naturalístico involuntário. Alega-se, todavia, que no crime culposo também 
há vontade dirigida a um fim. Mas esse fim será conforme ou não ao Direito, 
de maneira que a reprovação nos crimes culposos não incide na finalidade 
do agente, mas nos meios por ele escolhidos para atingir a finalidade 
desejada, indicativos da imprudência, da negligência ou da imperícia. 
Entretanto, parece que nem mesmo Welzel conseguiu adequar com 
precisão a teoria finalista aos crimes culposos. Na última etapa de seus 
estudos, vislumbrou, ainda que superficialmente, substituir a teoria finalista 
por uma outra teoria, denominada cibernética (MASSON, 2020, p. 199). 
4) Teoria Finalista dissidente/bipartite: 
Aqui, adota-se a ideia de que crime é fato típico e ilícito (por isso “BI”partite). 
Para essa teoria, a culpabilidade não integra o crime, devendo ser tratada como juízo de censura, 
reprovação, pressuposto de aplicação da pena. 
 
5) Teoria Social da ação: 
Material elaborado por Genesis Honorato 
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Essa teoria foi desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck. A pretensão 
desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas sim acrescentar-lhes uma nova 
dimensão, qual seja, a relevância social do comportamento. 
Essa teoria também adota a visão tripartite de crime, mas com um detalhe especial: O dolo e a 
culpa são analisados na conduta do agente (portanto, no fato típico), mas voltam a ser analisados 
na culpabilidade. 
Para tal teoria, a conduta é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um 
fim, socialmente reprovável. Assim, conforme afirma Masson, socialmente reprovável seria a 
conduta capaz de afetar o relacionamento do agente com o meio social em que se insere. 
A doutrina também aponta críticas relevantes a essa teoria. Destaque-se o que diz o professor 
Cleber Masson: 
A principal crítica que se faz a essa teoria repousa na extensão do conceito 
de transcendência ou relevância social, que se presta a tudo, inclusive a 
fenômenos acidentais e da natureza. A morte de uma pessoa provocada por 
uma enchente, por exemplo, possui relevância social, na medida em que 
enseja o nascimento, modificação e extinção de direitos e obrigações. 
Com efeito, ao mesmo tempo em que não se pode negar relevância social 
ao delito, também se deve recordar que tal qualidade é inerente a todos os 
fatos jurídicos, e não apenas aos pertencentes ao Direito Penal (MASSON, 
2020, p. 200). 
 
6) Teoria Jurídico-Penal: 
(Francisco de Assis Toledo) 
Cleber Masson afirma que essa teoria foi criada para superar os entraves travados entra as 
vertentes clássica, finalista e social. Ou seja, deseja compatibilizar os pontos de vista expostos 
por cada uma das teorias. Conforme o próprio Francisco Toledo: 
Ação é o comportamento humano, dominado ou dominável pela vontade, 
dirigido para a lesão ou para a exposição a perigo de um bem jurídico, ou, 
ainda, para a causação de uma previsível lesão a um bem jurídico (TOLEDO, 
Princípios básicos de direito penal, 207, p. 109). 
Tal teoria, conforme o próprio autor, visa colocar em destaque pelo menos 5 pontos: 1) o 
comportamento humano, englobando a ação e a omissão; 2) a vontade, exclusiva do ser humano; 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
3) o “poder de outro-modo” (poder agir de outro modo), que permite ao homem o domínio da 
vontade; 4) o aspecto causal-teleológico do comportamento; e 5) a lesão ou perigo a um bem 
jurídico (MASSON, 2020, p. 201). 
 
7) Teoria da Ação Significativa: 
(Vives Antón) 
Tem suas bases firmadas na filosofia da linguagem de Wittgensein e na teoria da ação 
comunicativa de Habermas. Propõe uma nova análise conceitua) da conduta penalmente 
relevante, com fundamento em princípios de liberalismo político, unindo ação e norma para a 
fundação da liberdade de ação (CUNHA, 2020, p. 253). 
Portanto, para tal teoria, há na ação penalmente relevante um sentido a ser interpretado segundo 
as normas. A ação só existe em razão da norma. 
Conforme Cleber Masson: 
O conceito de ação resume-se à ideia de conduta típica. Logo, não há um 
conceito geral de ação, mas tantos conceitos de ação como espécies de 
condutas relevantes para o Direito Penal, segundo as diversas 
características com as que são descritas normativamente. (...) Destarte, a 
teoria significativa da ação sustenta que os fatos humanos somente podem 
ser compreendidos por meio das normas, ou seja, o seu significado existe 
somente em virtude das normas, as quais lhes são preexistentes. O tipo 
incriminador passa a ser entendido como tipo de ação, um dos grandes 
marcos dessa proposta doutrinária (MASSON, 2020, p. 202). 
 
8) Funcionalismo (Teorias Funcionalistas): 
Essas teorias ganham força a partir de 1970 na Alemanha e buscam adequar a dogmática penal 
aos fins do direito penal. 
Tais teoria percebem que Direito Penal tem necessariamente uma MISSÃO e que seus institutos 
devem ser compreendidos de acordo com essa missão (edificam o Direito Penal a partir da função 
que lhe é conferida). 
Para tais teorias, a Conduta deve ser compreendida de acordo com a Missão conferida ao Direito 
Penal. 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
Podemos dividir taisteorias da seguinte forma: 
a) Teoria Funcionalista Teleológica/dualista/moderada/de política criminal: 
ROXIN 
O direito penal tem por missão fundamental a proteção de bens jurídicos. Assim, o conceito de 
conduta tomará como base a proteção de bens jurídicos. 
Como afirma Rogério Sanches: 
Se a missão do Direito Penal é proteger os valores essenciais à convivência 
social harmônica, a intervenção mínima deve nortear a sua aplicação, 
consagrando como típicos apenas os fatos materialmente relevantes. A 
teoria do delito deve ser reconstruída com lastro em critérios políticos 
criminais. Deste modo, o funcionalismo teleológico ou moderado propõe 
que se entenda a conduta como comportamento humano voluntário, 
causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico 
tutelado pela norma penal (CUNHA, 2020, p. 249). 
Esta teoria adota a visão tripartite de crime, sendo os substratos do crime o fato típico, ilicitude 
e reprovabilidade ou responsabilidade, que contém os elementos da imputabilidade, potencial 
consciência da ilicitude, exigência de conduta diversa e NECESSIDADE DA PENA. 
A culpabilidade deixa de integrar diretamente o crime, figurando, soba a ótica do autor, como 
limite funcional da pena, ou seja, uma culpabilidade funcional. 
 
b) Teoria Funcionalista Sistêmica/monista/radical: 
JAKOBS 
O direito penal tem como missão fundamental a proteção do sistema. Assim, o conceito de 
conduta tomará como base a proteção do sistema (incorpora-se a ideia desenvolvida por Niklas 
Luhmann). 
Afirma Rogério Sanches: 
O funcionalismo sistêmico, portanto, repousa sua preocupação na higidez 
das normas estabelecidas para a regulação das relações sociais. Assim, 
havendo frustração da norma pela conduta do agente, impõe-se a sanção 
penal, uma vez que a missão do direito penal é assegurar a vigência do 
sistema. 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
Sob esta ótica, conduta será considerada como comportamento humano 
voluntário causador de um resultado evitável, violador do sistema, 
frustrando as expectativas normativas (CUNHA, 2020, p. 250). 
Tal teoria adota também a visão tripartite de crime, tendo como substratos o fato típico, a ilicitude 
e a culpabilidade (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta 
diversa). 
As premissas do funcionalismo de Jakobs deram ensejo ao chamado Direito Penal do Inimigo. 
Jakobs, na verdade, acaba por ressuscitar a teoria do direito penal do inimigo que já exposta em 
autores bem anteriores a ele. 
OBS: Fundamentos: O delinquente, autor de determinados crimes não deve ser considerado 
como cidadão, mas como um verdadeiro cancro a ser extirpado. 
Conforme o professor Rogério Sanches (CUNHA, 2020, p. 252), podemos destacar as seguintes 
características do direito penal para esses inimigos: 
i) Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios, ou seja, não espera o 
início da execução para punir determinados crimes; 
ii) Condutas descritas em tipos de mera conduta e de perigo abstrato flexibilizando o princípio 
da lesividade; 
iii) Descrição vaga dos crimes e das penas, flexibilizando o princípio da legalidade; 
iv) Preponderância do direito penal do autor, flexibilizando o princípio da materialização do 
fato; 
v) Surgimento das chamas “leis de luta e de combate” (leis de ocasião), caracterizando o 
direito penal de emergência; 
vi) Endurecimento da execução penal; 
vii) Restrição de garantias penais e processuais, característica do Direito Penal de Terceira 
Velocidade. 
Para a doutrina majoritária, tem prevalecido que a reforma do Código Penal em 1984 seguiu a 
teoria finalista. 
ATENÇÃO1: O Código Penal Militar ainda é causalista. 
ATENÇÃO2: A doutrina moderna nacional segue o funcionalismo de Roxin, principalmente 
quanto à missão do Direito Penal. 
 
3.1. CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA: 
Material elaborado por Genesis Honorato 
@honorato_advocacia e @materiasdedireito.doc 
 
1) Comportamento voluntário (dirigido a um fim): 
Aqui podemos dividir a conduta em dolosa e culposa. 
a) Conduta dolosa: O seu fim é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico; 
b) Conduta culposa: O fim é a prática um ato capaz de causar lesão ou perigo de lesão. 
 
2) Exteriorização da vontade: 
Aparece por uma ação ou omissão. 
 
Conforme o professor Cleber Masson, temos que: 1) o ser humano, e apenas ele, pode praticar 
condutas penalmente relevantes; 2) somente a conduta voluntária interessa ao Direito Penal; 3) 
apenas os atos lançados ao mundo exterior ingressam no conceito de conduta; 4) a conduta é 
composta de dois elementos: um ato de vontade, dirigido a um fim e a manifestação da vontade 
no mundo exterior, por meio de uma ação ou omissão dominada ou dominável pela vontade 
(MASSON, 2020, p. 204). 
 
3.2. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: 
1) Caso fortuito ou força maior: 
Conforme Maria Helena Diniz, caso fortuito tem origem desconhecida, enquanto a força maior é 
fato da natureza. 
Aqui, temos fatos imprevisíveis ou inevitáveis. 
 
2) Involuntariedade: 
Trata-se da ausência de capacidade de dirigir a conduta de acordo com uma finalidade. 
Como exemplos de Involuntariedade, temos: 
a) Estado de inconsciência completa, a exemplo do sonambulismo e da hipnose; 
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b) Movimento reflexo: Consistem em reação motora ou secretora em consequência de uma 
excitação dos sentidos. O movimento corpóreo não se deve ao elemento volitivo, mas sim 
fisiológico (MASSON, 2020, p. 205) 
OBS: A doutrina nos lembra que movimentos reflexos não são a mesma coisa que ações 
em curto circuito. Rogério Sanches nos apresenta o seguinte quadro (CUNHA, 2020, p. 255): 
 
MOVIMENTOS REFLEXOS AÇÕES EM CURTO CIRCUITO 
 
Impulso completamente fisiológico, 
desprovido de vontade. 
Movimento relâmpago, provocado pela 
excitação de diversos órgãos, acompanhado 
de vontade. 
Ex: por conta de um susto causado pelo bater 
inesperado de uma porta, FULANO, por mero 
impulso, movimentou os braços atingindo o 
rosto de pessoa que estava ao seu lado 
 
Ex: durante uma partida de futebol, tomada 
pela excitação do jogo e da torcida, uma 
multidão invade o campo para protestar com 
violência contra a injusta marcação de pênalti. 
 
3) Coação física irresistível: 
O coagido é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo com sua vontade. 
ATENÇÃO: A coação moral irresistível exclui a culpabilidade, mas temos conduta. 
 
3.3. ESPÉCIES DE CONDUTA: 
Seguindo a orientação de Rogério Sanches1, podemos classificar a conduta da seguinte forma: 
1) QUANTO À VOLUNTARIEDADE: 
 
a) CRIME DOLOSO: 
É o previsto no art. 18, I do CP. 
 
1 º ª
 
 
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Dolo é a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta descrita no tipo 
penal. 
ATENÇÃO: A noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrangendo o resultado e 
demais circunstâncias do crime. 
OBS: Elementos do Dolo: 
Temos os seguintes elementos: 
i) Elemento volitivo: vontade de praticar a conduta proibida pela norma; 
ii) Elemento intelectivo: Consciência da conduta e do resultado. 
Atenção: A liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas circunstância a ser analisada na 
culpabilidade. 
 
OBS: Teorias do Dolo: 
O professor Rogério Sanches (CUNHA, 2020, p. 257) nos apresenta ainda as seguintes teorias: 
i) Teoria da Vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. 
 
ii) Teoria da representação: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do 
resultado como possível e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta. 
Atenção: Esta teoria acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa consciente. Ou seja, o 
agente prevê o resultado, mas acredita poder evita-lo.iii) Teoria do Consentimento ou Assentimento: Fala-se em dolo sempre que o agente 
tiver previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta 
assumindo o risco de produzir o evento. Ao exigir do agente assumir o risco de produzir o 
resultado, não mais abrange no conceito de dolo a culpa consciente. 
 
ATENÇÃO: O código penal adotou tanto a teoria da vontade. 
 
OBS: Espécie de dolo: 
Rogério Sanches aponta as espécies da seguinte forma (CUNHA, 2020, p. 258): 
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i) Dolo Normativo ou Híbrido/Colorido: 
Adotado pela teoria Neokantista. 
Para esta teoria, o dolo integra a culpabilidade, trazendo a par dos elementos consciência e 
vontade, também a consciência atual da ilicitude, elemento normativo que o diferencia do dolo 
natural. 
ii) Dolo Natural ou Neutro: 
Componente da conduta, adotado pela teoria finalista. Pressupõe apenas a consciência e vontade, 
sendo despido de elemento normativo. 
iii) Dolo Direto/determinado/imediato/incondicionado: 
Configura-se quando o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizar 
esse evento. 
iv) Dolo Indeterminado/Indireto: 
Nesta espécie, o agente não busca resultado certo e determinado. 
Temos como espécies: 
• Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta 
para realizar qualquer deles. Tem a mesma intensidade de vontade de realizar os 
resultados previstos. Essa espécie de dolo ainda se subdivide da seguinte forma: 
✓ Dolo alternativo OBJETIVO: Quando a vontade indeterminada estiver 
relacionada com o resultado em face da mesma vítima. 
✓ Dolo alternativo SUBJETIVO: A vontade indeterminada envolver vítimas 
diferentes de um mesmo resultado. 
 
• Dolo Eventual: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta para 
realizar um deles, ASSUMINDO O RISCO de realizar o outro. A intensidade da vontade em 
relação aos resultados previstos é diferente. Conforme Rogério Sanches: 
 
DOLO ALTERNATIVO DOLO EVENTUAL 
 
Pretende realizar qualquer dos resultados. 
 
Pretende realizar apenas um dos resultados 
possíveis, assumindo o risco de realizar o 
outro. 
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v) Dolo Cumulativo: 
Neste, o agente pretende alcançar 2 resultados em sequência. Trata-se, na verdade, de hipótese 
de progressão criminosa, a exemplo do agente que depois de ferir a vítima, resolve matá-la. 
vi) Dolo de Dano: 
A vontade é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado pelo tipo penal. O clássico exemplo é 
o homicídio, cujo dolo é o de ceifar a vida (bem jurídico tutelado). 
vii) Dolo de Perigo: 
A vontade aqui se manifesta para expor a risco o bem jurídico. 
viii) Dolo Genérico: 
Conforme Rogério Sanches, aqui o agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no 
tipo penal sem um fim específico. 
Atualmente, a doutrina prefere não mais classificar assim. Seria genérico o dolo e o específico 
seriam o dolo mais o elemento subjetivo do tipo. Rogério Sanches explica dizendo que essa 
denominação, bem como a próxima, é relativa à teoria causalista, que não encontra mais amparo, 
tendo em vista a predominância da teoria finalista. 
ix) Dolo Geral / Erro Sucessivo: 
Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele visado, pratica nova 
ação que efetivamente o provoca. 
 
x) Dolo de primeiro grau: 
Trata-se, na verdade, do dolo direto. 
xi) Dolo de 2º grau: 
Trata-se de uma espécie de dolo direto, mas a vontade do agente se dirige aos MEIOS utilizados 
para alcançar determinado resultado. Abrange os efeitos colaterais do crime, de verificação 
praticamente certa, para gerar o evento desejado. O agente não persegue imediatamente os 
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efeitos colaterais, mas tem por certa a sua superveniência, caso se concretize o resultado 
pretendido (CUNHA, 2020, p. 260). 
O professor Rogério, alertando para que não se confunda o dolo de segundo grau com o dolo 
eventual, apresenta o seguinte quadro em seu livro (CUNHA, Manual de Direito Penal: parte geral, 
2020, p. 260): 
 
DOLO DE 2º GRAU DOLO EVENTUAL: 
O resultado paralelo é certo e necessário (as 
consequências secundárias são inerentes aos 
meios escolhidos). 
Exemplo: quero matar um piloto de avião. 
Para tanto, colo uma bomba na aeronave. Sei 
que a explosão no ar causará a morte dos 
demais tripulantes (a morte dos tripulantes é 
consequência certa e imprescindível). 
 
O resultado paralelo é incerto, eventual, 
possível, desnecessário (não é inerente ao 
meio escolhido). 
Exemplo: Quero matar um motorista com um 
tiro. A morte dos demais passageiros do carro 
é um resultado eventual, que aceito como 
possível (a morte dos demais passageiros é 
desnecessária ao fim almejado). 
 
xii) Dolo de Terceiro Grau: 
Este dolo é a consequência da consequência necessária. No caso do avião, imaginemos que uma 
tripulante esteja grávida. Ocorrerá um aborto (dolo de 3º grau). 
OBS: Rogério Sanches critica dizendo que ou o agente sabia que a passageira estava grávida, 
sendo, portanto, dolo de segundo grau, ou ele não sabia e não é responsabilizado para evitar 
responsabilidade penal objetiva. 
xiii) Antecedente, concomitante e subsequente: 
a) Dolo antecedente: O dolo é anterior à conduta; 
b) Dolo concomitante: Dolo existente no momento da conduta; 
c) Dolo subsequente: O dolo é posterior à conduta. 
OBS: Conforme o professor Guilherme de Souza Nucci, direito penal, só tem relevância o dolo 
concomitante. 
xiv) Dolo de propósito: 
A vontade é refletida, ou seja, é pensada. Trata-se da premeditação do crime. 
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xv) Dolo de ímpeto: 
É aquele caracterizado por ser repentino, sem intervalo entre a fase da cogitação e da execução. 
OBS: Está presente nas ações de curto circuito, a exemplo dos crimes de multidão. Nesse caso, 
trata-se de uma atenuante de pena. 
 
xvi) Dolo abandonado: 
Conforme Rogério Sanches, verifica-se o dolo abandonado nas situações de desistência voluntária 
e arrependimento eficaz, em que o agente, afastando-se de seu propósito inicial, desiste de 
prosseguir na execução de determinado delito ou atua para impedir que o resultado se concretize 
(CUNHA, 2020, p. 262). 
Neste caso, desaparece a tentativa e o agente só responde pelos atos até então praticados. 
 
xvii) Dolo Global ou Unitário: 
É o dolo existente na continuidade delitiva, na qual, segundo parcela da doutrina —que tem sido 
encampada pelos tribunais superiores —, o agente deve atuar baseado num plano previamente 
elaborado que envolva toda a cadeia de crimes. Caso esse elemento subjetivo não esteja 
presente, descaracteriza-se a continuidade, que cede lugar à habitualidade delitiva (CUNHA, 
2020, p. 262). 
 
b) CRIMECULPOSO: 
Nos termos do art. 18, II, CP: 
 II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. 
A conduta culposa consiste numa conduta numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito 
não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou 
excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que podia ser evitado se empregada a cautela 
esperada (CUNHA, 2020, p. 262). 
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Devemos lembrar que na concepção da teoria finalista a culpa se apresenta como um elemento 
normativo da conduta, tendo em vista que sua aferição se dará a partir de uma valoração do 
caso concreto. 
Além disso, outra observação relevante é que os tipos penais que comportam crimes culposos 
são tipos penais abertos. 
Por fim, destaque-se que os crimes culposos são a exceção do sistema. Nesse sentido,o §único 
do art. 18: 
 Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser 
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
Passemos agora ao estudo dos elementos do crime culposo. 
Mais uma vez vamos nos valer das lições do professor Rogério Sanches (CUNHA, Manual de 
Direito Penal: parte geral, 2020, p. 263 e ss): 
São 6 os elementos do crime culposo: 
1) Conduta humana voluntária: 
É a ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, causando um resultado involuntário. 
Assim, podemos diferenciar o dolo da culpa da seguinte forma: 
DOLO CULPA 
Conduta voluntária 
+ 
Resultado voluntário 
Conduta voluntária 
+ 
Resultado INVOLUNTÁRIO. 
 
2) Violação de um dever de cuidado objetivo: 
O agente na culpa viola seu dever de diligência (regra básica para o convívio social). O 
comportamento do agente não atende o que é esperado pela lei e pela sociedade 
OBS: Como apurar se houve ou não infração ao dever de diligência? 
Para apurar se houve (ou não) infração do dever de diligência, deve o operador, considerando 
as circunstâncias do caso concreto, pesquisar se uma pessoa de inteligência média, prudente e 
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responsável, teria condições de conhecer e, portanto, evitar o perigo decorrente da conduta 
(previsibilidade objetiva). (CUNHA, 2020, p. 263). 
Dito isso, a lei nos apresenta as formas de violação ao dever de cuidado e diligência, quais seja, 
a impudência, a negligência e a imperícia. Bem lembra o professor Cleber Masson que são 
modalidades e não espécies de culpa. Vamos a cada uma delas: 
I) IMPRUDÊNCIA: 
É a forma positiva da culpa (in agendo), consistente na atuação do agente sem observância das 
cautelas necessárias. Ê a ação intempestiva e irrefletida. Tem forma ativa (MASSON, 2020, p. 
256). Trata-se, da precipitação do agente, da afoiteza (Como lembra Rogério Sanches). 
OBS: Se manifesta concomitantemente à ação, ou seja, este presente no DECORRER DA 
CONDUTA que culmina no resultado involuntário (CUNHA, 2020, p. 264). 
 
II) NEGLIGÊNCIA: 
Trata-se da ausência de precaução, ou seja, é uma forma negativa de conduta (omissão). Ao 
contrário da imprudência, revela-se ANTES DE SE INICIAR A CONDUTA. 
 
III) IMPERÍCIA: 
Nada mais é do que a falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou de profissão. 
É também chamada de culpa profissional, pois somente pode ser praticada no exercício de 
arte, profissão ou ofício. Sempre ocorre no âmbito de uma função na qual o agente, em que pese 
esteja autorizado a desempenhá-la, não possui conhecimentos práticos ou teóricos para fazê-la 
a contento (MASSON, 2020, p. 256 – grifo nosso). 
 
ATENÇÃO: O professor Rogério Sanches alerta para o fato de que o Ministério Público deve, na 
denúncia, apontar a forma de violação do dever de diligência, descrevendo no que consiste a 
culpa. 
O mencionado autor chama atenção ainda para o seguinte problema: 
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Caso o MP denuncie um sujeito por crime culposo, indicando ter havido imprudência. Durante a 
instrução, comprova-se a culpa, porém decorrente de negligência. O juiz pode condenar o sujeito 
ou deve enviar os autos para o MP aditar a inicial acusatória? 
Entende o referido professor que para não violar o princípio da ampla defesa, o MP deve aditar 
a inicial nos termos do art. 384 do CPP. 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova 
definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos 
de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o 
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) 
dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de 
ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
 
3) Resultado naturalístico involuntário: 
Em regra, o crime culposo é material (exige modificação no mundo exterior). 
Lembre-se que culpa é conduta e resultado naturalístico involuntário. Este resultado é um 
resultado material. Mas, cuidado pois temos crime culposo sem resultado naturalístico como é o 
exemplo do art. 38 da Lei de Drogas: 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas 
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
 
4) Nexo causal entre conduta e resultado: 
Como vamos perceber posteriormente, o CP adotou o conceito de causa no art. 13. 
 
5) Resultado involuntário PREVISÍVEL: 
Diferentemente de ser previsto, onde o perigo é conhecido, é previsível, ou seja, há possibilidade 
de prever o perigo advindo da conduta. 
Todavia, ainda que previsto o perigo, não se descarta a culpa desde que o agente acredite poder 
evitar o resultado. É a chamada CULPA CONSCIENTE ou culpa com previsão. 
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Muito se questiona sobre a previsibilidade subjetiva, que é aquela referente à possibilidade 
de conhecimento do perigo analisado sob o prisma subjetivo do autor, levando em consideração 
seus dotes intelectuais, sociais e culturais. Interessante ensino é extraído do que afirma o 
professor Cleber Masson: 
Embora existam valiosos entendimentos nesse sentido, deve ser refutada a 
proposta de apreciar a previsibilidade de forma subjetiva, isto é, sob o 
prisma subjetivo do autor do fato, a qual leva em consideração os dotes 
intelectuais, sociais, econômicos e culturais do agente. 
O Direito Penal não pode ficar submisso aos interesses de pessoas incautas 
e despreparadas para o convívio social. Ademais, a previsibilidade subjetiva 
fomentaria a impunidade, pois, por se cuidar de questão que habita o 
aspecto interno do homem, jamais poderia ser fielmente provada a 
compreensão do agente acerca do resultado que a sua conduta era capaz 
de produzir. 
Lembre-se de uma regra que irá ajudar no estudo de toda a teoria do crime. 
O estudo do crime, qualquer que seja o conceito analítico que se adote, se 
divide em três grandes grupos: (1) fato típico; (2) ilicitude; e (3) 
culpabilidade. 
O fato é típico e ilícito. O agente é culpável. Em outras palavras, a tipicidade 
e a ilicitude pertencem ao fato, e a culpabilidade, ao agente. 
Disso se infere que sempre que se estudam o fato típico e a ilicitude leva-
se em conta a figura do homem médio, um paradigma utilizado para análise 
do caso concreto. 
Por outro lado, quando se aborda a culpabilidade, leva-se em conta o perfil 
subjetivo do agente (MASSON, 2020, p. 260). 
Portanto, não é elemento da culpa. Será analisada na culpabilidade, no juízo da exigibilidade de 
conduta diversa. 
 
6) Atipicidade: 
Como vimos, o parágrafo único do art. 18 prevê que se o tipo penal quer punir a forma culposa, 
deve ser expresso, pois no silêncio o tipo penal só é punido a título de dolo. É o princípio da 
excepcionalidade do crime culposo. 
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OBS: Espécies de Culpa2: 
a) Culpa consciente (com previsão/ex lascívia): 
O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evita-lo com suas 
habilidades ou com a sorte, O agente, mais do que previsibilidade tem aqui verdadeira previsão 
(porém o resultado continua involuntário). 
b) Culpa inconsciente (sem previsão/ex ignorantia): 
O agente não prevê o resultado que, no entanto, era previsível. Qualquer pessoa de diligência 
mediana tinha condições de prever o risco. 
c) Culpa própria (propriamente dita): 
O agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por 
imprudência, negligência ou imperícia. Na culpa própria temos conduta voluntária somada a 
resultado involuntário. 
d) Culpa imprópria (impropriamente dita/por 
equiparação/extensão/assimilação):É aquela em que o agente, por ERRO EVITÁVEL, imagina certa situação de fato que, se presente, 
excluiria a ilicitude (descriminante putativa). Provoca intencionalmente determinado resultado 
típico, mas responde por culpa, por razões de política criminal. 
Perceba, portanto, que a estrutura do crime é dolosa, mas o agente responde por culpa por 
razões de política criminal. 
ATENÇÃO: a culpa imprópria admite a tentativa pois a estrutura é dolosa. Trata-se da única 
modalidade culposa que admite tentativa. 
e) Culpa presumida (in re ipsa): 
Já foi admitida na legislação anterior ao CP de 1940. Trata-se da simples inobservância de uma 
disposição regulamentar. 
Hoje, a culpa não se presume, devendo ser comprovada. 
 
 
2 º ª
 
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OBS: Exclusão da culpa: 
a) Caso fortuito e força maior: 
Se inserem entre os fatos imprevisíveis, que não se submetem à vontade de ninguém. O resultado 
daí advindo não pode fundamentar a punição por culpa. 
 
b) Princípio da confiança: 
O dever objetivo de cuidado se estabelece sobre todos os indivíduos e, por isso, pode-se confiar 
que todos procedam de forma a permitir a pacífica convivência em sociedade. Dessa forma, se 
alguém age nos limites do dever de cuidado, confiando que os demais procedam da mesma 
forma, não responde por eventual resultado lesivo involuntário em que se veja envolvido. Ex.: o 
motorista que conduz seu veículo com a atenção necessária, em velocidade compatível para a 
via, pode confiar que o pedestre atravesse apenas na faixa de segurança. Caso o pedestre, 
repentinamente, ponha-se a atravessar a via em local não adequado, cruzando o caminho do 
automóvel e seja atropelado, o condutor não será punido por culpa (CUNHA, 2020, p. 272). 
c) Risco tolerado: 
O comportamento humano, no geral, atrai certa carga de risco que, se não tolerada, 
impossibilitaria a prática de atividades cotidianas básicas e tornaria proibitivo o desenvolvimento 
pessoal e o progresso científico e tecnológico. Quanto mais essenciais forem determinados 
comportamentos, maior deverá ser a tolerância em relação aos riscos que trazem às relações 
humanas, afastando-se, consequentemente, qualquer reprovação que pudesse limitar a sua 
adoção. É o caso, por exemplo, do médico que realiza procedimento experimental em paciente 
com doença grave, sem perspectiva de tratamento adequado pelos métodos já consagrados 
(CUNHA, 2020, p. 272). 
d) Erro profissional: 
A culpa pelo resultado naturalístico não é do agente, mas da ciência, que se mostra inapta para 
enfrentar determinadas situações. Não se confunde com a imperícia, uma vez que nesta a falha 
é do próprio agente, que deixa de observar as regras recomendadas pela profissão, arte ou ofício 
(MASSON, 2020, p. 265). 
 
c) CRIME PRETERDOLOSO: 
É espécie de crime agravado pelo resultado. 
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Conforme o art. 19 do CP: 
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o 
agente que o houver causado ao menos culposamente 
Trata-se do crime doloso qualificado / agravado pela culpa. 
O agente pratica delito distinto e que havia projetado cometer, advindo da conduta dolosa 
resultado culposo mais grave do que o projetado. 
OBS: Cuida-se de figura híbrida, havendo concurso de dolo no antecedente e culpa no 
consequente (CUNHA, 2020, p. 273). 
Conforme Rogério Sanches, os elementos do crime preterdoloso são os seguintes: 
a) Conduta dolosa visando determinado resultado; 
b) Provocação de resultado culposo mais grave; 
c) Nexo causal entre conduta e resultado; 
d) Tipicidade: Não se pune crime preterdoloso sem previsão legal. 
Atenção: O resultado deve ser culposo. Se o fruto de caso fortuito ou força maior, NÃO pode 
ser imputado ao agente, sob pena de responsabilidade penal objetiva. 
OBS: O reincidente em crime preterdoloso deve ser tratado como reincidente em 
crime doloso ou culposo?3 
Dependendo da resposta podemos estar excluindo do condenado reincidente determinados 
benefícios, como, por exemplo, o "sursis" (art. 77 do CP), não permitido para reincidentes em 
crimes dolosos. 
O professor Rogério Sanches, citando Flávio Monteiro de Barros e o STJ, afirma que seve ser 
considerado em crime doloso. 
 
 
 
4.1. CONCEITO: 
 
3 º ª
 
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Trata-se da falsa percepção da realidade. Ou seja, ignorância ou erro que recai sobre as 
elementares, circunstâncias ou qualquer dado agregado ao tipo penal. 
Exemplo: “A” se apodera de material na rua, imaginando tratar-se de coisa abandonada. Na 
verdade, era de “B” 
ATENÇÃO: Perceba que “A” não sabia que estava subtraindo coisa alheia. 
Rogério Sanches nos apresenta o seguinte quadro, diferenciando o instituto em análise do erro 
de proibição: 
ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO 
Há falsa percepção da realidade que circunda 
o agente. 
O agente percebe a realidade, equivocando-se 
sobre regra de conduta 
O agente não sabe o que faz. O agente sabe o que faz, mas ignora ser 
proibido. 
A" sai de festa com guarda-chuva pensando 
ser seu, mas logo percebe que errou, poiso 
objeto é de terceiro 
"A" encontra um guarda-chuva na rua e 
acredita que não tem obrigação de devolver, 
porque "achado não é roubado". 
Vamos às espécies de erro de tipo... 
4.2. ESPÉCIES: 
1) Essencial: 
É o erro que recai sobre os dados principais do tipo. Se avisado do erro, o agente para de agir 
criminosamente. 
Conforme o art. 20, caput, do CP: 
 Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o 
dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
 Pode ser: 
a) Inevitável ou escusável: 
É a modalidade de erro que não deriva de culpa do agente, ou seja, mesmo que ele tivesse agido 
com a cautela e a prudência de um homem médio, ainda assim não poderia evitar a falsa 
percepção da realidade sobre os elementos constitutivos do tipo penal (MASSON, 2020, p. 273). 
 
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b) Evitável ou inescusável: 
É a espécie de erro que provém da culpa do agente, é dizer, se ele empregasse a cautela e a 
prudência do homem médio poderia evitá-lo, uma vez que seria capaz de compreender o caráter 
criminoso do fato (MASSON, 2020, p. 273). 
 
No que tange às consequências, temos o seguinte: 
ERRO INEVITÁVEL ERRO EVITÁVEL 
EXCLUI O DOLO. 
O simples fato de se tratar de erro essencial já 
é suficiente para excluir o dolo, pois não há 
consciência. 
EXCLUI O DOLO. 
Não há consciência. 
Exclui também a culpa. Sendo inevitável, 
cuida-se de erro imprevisível. 
PUNE-SE A CULPA se prevista em lei. Sendo 
evitável, cuida-se de erro previsível. 
Rogério Sanches chama atenção para o seguinte ponto: Como podemos aferir a evitabilidade 
ou não do erro? 
O autor responde: 
A corrente tradicional invoca a figura do "homem médio" por entender que 
a previsibilidade deve ser avaliada tão-somente sob o enfoque objetivo, 
levando em consideração estritamente o fato e não o autor. 
(...) 
Uma corrente mais moderna, não sem razão, trabalha com as circunstâncias 
do caso concreto, pois percebe que o grau de instrução, idade do agente, 
momento e local do crime podem interferir na previsibilidade do agente 
(circunstâncias desconsideradas na primeira orientação). (CUNHA, 2020, p. 
276). 
 
2) Acidental: 
O erro acidental recai sobre dados secundários, ou seja, periféricos do tipo. Quando avisado do 
erro, o agente corrige os caminhos ou sentido da conduta para continuar a agora de forma ilícita. 
Pode ser classificado da seguinte forma: 
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a) Erro sobre o sobre o objeto: 
O erro sobre o objeto não tem previsão legal. 
Podeser conceituado como aquele em que o agente se confunde quanto ao objeto material 
(COISA) por ele visado, atingindo objeto diverso. 
O erro sobre o objeto não exclui o dolo, não exclui a culpa e não isenta o agente de pena, 
considera-se na sua punição o objeto diverso do pretendido, ou seja, o efetivamente atacado. 
Exemplo: “A”, querendo subtrair um relógio de ouro, acaba por erro subtraindo relógio dourado. 
Adota-se aqui a teoria da concretização (objeto concretamente atacado). 
Atenção: Somente haverá esta espécie de erro se a confusão de objetos materiais não interferir 
na essência do crime. Caso contrário, deve ser tratado como erro de tipo essencial. Rogério 
Sanches menciona o seguinte exemplo: Senhora que cultiva pé de maconha imaginando ser 
planta ornamental. O objeto “droga” é a essência do tipo. Logo, o erro não é acidental, mas 
essencial. 
b) Erro sobre a pessoa: 
Exposto no art. 20, §3º do CP: 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta 
de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da 
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
 
Trata-se da equivocada representação do objeto material (PESSOA VISADA) pelo agente. Em 
decorrência do erro, o agente acaba atingindo pessoa diversa. 
OBS1: No art. 20, §3º não existe erro na execução, mas erro de representação, ou seja, o agente 
confunde as vítimas. Temos a vítima virtual (desejada pelo autor) e a vítima real (que 
efetivamente sofreu a lesão – indesejada pelo autor). 
Rogério Sanches menciona o seguinte exemplo: "A" quer matar seu próprio pai, porém, 
representando equivocadamente a pessoa que entra na casa, acaba matando o seu tio. "A" será 
punido por parricídio, embora seu pai permaneça vivo. 
As consequências são as seguintes: 
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i) Não exclui dolo nem culpa; 
ii) Não isenta de pena; 
iii) Responde pelo crime, mas considerando as qualidades da vítima virtual. 
Portanto, aplica-se aqui a Teoria da Equivalência. 
 
c) Erro na execução (aberratio ictus): 
Conforme o art. 73 do CP: 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o 
agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa 
diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, 
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser 
também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra 
do art. 70 deste Código. 
Aqui, portanto, temos que por acidente ou por erro no uso dos meios, o agente acaba atingindo 
pessoa diversa da pretendida. 
Rogério Sanches apresenta o seguinte exemplo: "A" mira seu pai, entretanto, por falta de 
habilidade no uso da arma, acaba atingindo um vizinho que passava do outro lado da rua. 
O erro na execução, como se nota, não se confunde com o erro quanto à pessoa. 
Tem as seguintes consequências: 
i) Sendo uma aberratio ictus com resultado único (o agente atingir apenas a 
pessoa diversa da pretendida): Aplicaremos a Teoria da Equivalência. Ou seja, 
considera-se a vítima almejada (virtual); 
ii) Sendo aberratio ictus com resultado duplo (ou unidade complexa): 
Aplicaremos a regra do CONCURSO FORMAL de crimes, nos termos do art. 70, CP. 
O professor Rogério Sanches apresenta as decorrências do seguinte problema4: 
“A”, querendo matar seu pai, atira, mas por erro acaba também atingindo um vizinho. 
Vejamos as possibilidades e as conclusões apresentadas pelo autor nesse caso: 
 
4 º ª
 
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i) ocorrendo a morte de ambos (pai e vizinho), teremos dois crimes, um homicídio doloso 
consumado (pai) e outro culposo (vizinho), em concurso formal próprio (art. 70, lª parte do CP). 
ii) resultando somente lesões corporais em ambos (pai e vizinho), teremos tentativa de homicídio 
(pai), em concurso formal próprio com lesões culposas (vizinho). 
iii) derivando da conduta de `A" a morte do pai e lesões corporais no vizinho, teremos homicídio 
doloso consumado (pai) e lesões corporais culposas (vizinho), em concurso formal próprio. 
iv) no caso de lesões corporais no pai e de morte do vizinho, percebemos na doutrina séria 
divergência: 
1ª Corrente: “A" responde pelo homicídio doloso do vizinho (considerando as qualidades do pai, 
vítima pretendida). Mas não se pode ignorar a existência de outro crime, lesão corporal, para fins 
de exasperação da pena em razão do concurso formal (Damásio). 
2ª Corrente: o atirador deve ser responsabilizado por tentativa de homicídio do pai, em concurso 
formal com o homicídio culposo do vizinho (Heleno Fragoso). 
3ª Corrente: Deve responder por homicídio doloso do vizinho e tentativa de homicídio do pai 
em concurso forma. Essa corrente faz críticas à segunda no seguinte sentido: Pune com pena 
menor que tivesse matado apenas o vizinho. 
Algumas observações relevantes... 
OBS1: Erro na execução envolve a relação Pessoa X Pessoa. 
OBS2: Erro sobre o objeto é que envolve a relação Coisa X Coisa. 
OBS3: Não podemos confundir erro na execução com erro sobre a pessoa. 
Vejamos o seguinte quadro: 
 
ERRO SOBRE A PESSOA ERRO NA EXECUÇÃO 
Erro na REPRESENTAÇÃO da vítima 
pretendida. 
Representa-se corretamente a vítima 
almejada. 
A execução do crime é correta. Não há falha 
operacional. 
Execução que é errada, ou seja, existe falha 
operacional. 
A pessoa visada não corre perigo, pois foi 
confundida com outra. 
Pessoa visada corre perigo. 
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Atenção: nos dois casos o agente responde pelo crime considerando as qualidades da vítima 
virtual. Assim, aplicamos a teoria da EQUIVALÊNCIA. 
A doutrina divide a Aberratio ictus em 2 modalidades: 
1) Aberratio ictus por acidente: Conforme Rogério Sanches, caracteriza-se por não haver 
erro no golpe, mas desvio na execução, podendo a pessoa visada estar ou não no local. 
Exemplos: (A) "X" coloca uma bomba em um carro para explodir quando sua vítima "Y" der a 
partida no motor, mas quem o faz é a esposa de "Y"; (B) a mulher pretende matar o marido, 
colocando veneno na marmita que o marido leva diariamente ao trabalho, entretanto o marido 
esquece a marmita em casa e quem acaba comendo a comida envenenada é o filho (CUNHA, 
2020, p. 280). 
2) Aberratio ictus por erro no uso dos meios de execução: Ainda conforme o 
mencionado professor, existe erro no golpe, ou, em outras palavras, desvio na execução 
em razão da inabilidade do agente no manuseio ou uso dos meios utilizados na execução 
do crime. Neste caso, a vítima se encontra no local da execução do delito. 
Exemplo: "A" percebe seu pai se aproximando e mira corretamente visando atingir o ascendente, 
mas, por inabilidade, acaba atingindo o seu vizinho (CUNHA, 2020, p. 280). 
 
d) Resultado diverso do pretendido (Aberratio Criminis): 
Conforme o art. 74 do CP: 
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na 
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente 
responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre 
também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
Perceba que o dispositivo trabalha erro na execução, mas NÃO numa relação envolvendo PESSOA 
X PESSOA. 
Pode ser conceituado como sendo a situação em que o agente, por acidente OU ERRO no uso 
dos meios de execução, atinge BEM JURÍDICO DISTINTO daquele que pretendia atingir. 
Perceba, portanto, que temos uma relação de Pessoa X Coisa. 
Rogério Sanches cita o seguinte exemplo: 
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"A" quer danificar o carro que "B" está conduzindo, entretanto, por erro na 
execução, atinge e mata o motorista. Queria praticar dano, mas acaba 
produzindo morte.Ocorrendo resultado diverso do pretendido, a 
consequência para o agente não poderá ser a isenção de pena. Neste caso, 
responderá pelo resultado diverso do pretendido, porém a título de culpa 
(se houver previsão legal). No nosso exemplo, "A", responderá por 
homicídio culposo (ficando absorvida a tentativa de dano). 
Como ocorre no aberratio ictus, entretanto, se o agente atingir também o 
resultado pretendido, responderá pelos dois crimes, em concurso formal de 
delitos (CUNHA, 2020, p. 281). 
Perceba, então, que o agente responde pelo resultado produzido, isto é, diverso do pretendido 
na forma CULPOSA, se prevista em lei. Em caso de resultado duplo, haverá concurso formal. 
ATENÇÃO: A regra do art. 74, CP deve ser afastada quando o resultado pretendido é mais grave 
que o resultado produzido, hipótese em que o agente responde pelo resultado pretendido na 
forma TENTADA. 
Exemplo: Fulano quer matar Beltrano (pessoa). Atira pedra contra a cabeça dele, mas acaba 
atingindo o veículo da vítima (coisa). Se aplicarmos aqui o art. 74, Fulano ficaria impune. Nesse 
caso, portanto, Fulano responderá por tentativa de homicídio. 
Rogério Sanches apresenta o seguinte quadro comparativo dos institutos da Aberratio ictus e a 
Aberratio Criminis: 
ABERRATIO ICTUS ABERRATIO CRIMINIS 
São espécies de erro na execução. 
O agente apesar do erro, atinge o mesmo bem 
jurídico 
O agente em razão do erro atinge bem jurídico 
DIVERSO. 
O resultado pretendido (ceifar a vida) 
COINCIDE com o resultado produzido. 
O resultado produzido (ceifar a vida) é diverso 
do pretendido. 
Relação: PESSOA X PESSOA Relação: PESSOA X COISA. 
 
e) Erro sobre o nexo causal (Aberratio Causae): 
Trata-se de uma criação doutrinária. Aqui, o agente produz o resultado desejado, mas com nexo 
causal diverso do pretendido. 
Possui duas modalidades: 
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1) Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: Ocorre quando o agente, mediante um 
só ato, provoca o resultado visado, porém com outro nexo de causalidade. Exemplo: "A" 
empurra "B" de um penhasco para que ele morra afogado, porém, durante a queda, "B" 
bate a cabeça contra uma rocha e morre em razão de um traumatismo craniano (CUNHA, 
2020, p. 282). 
 
2) Dolo geral/erro sucessivo/Aberratio causae: o agente, mediante conduta 
desenvolvida em pluralidade de atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro 
nexo. Exemplo: "A" atira em "B" (primeiro ato) e, imaginando que "B" está morto, joga 
seu corpo no mar, vindo "B" a morrer por afogamento (CUNHA, 2020, p. 282). 
Nesses casos, a consequência é que o agente responde pelo crime, considerando o NEXO REAL 
e não o pretendido. 
 
O professor Rogério Sanches apresenta o seguinte problema: 
Fulano quer matar um agente federal em serviço. Por acidente, acaba matando outra pessoa que 
passava pelo local. O crime de homicídio será processado e julgado por qual justiça, 
federal ou estadual? 
Esse questionamento é interessante, pois no levar a pensar que, considerando a vítima virtual 
(agente federal em serviço), devemos entender pela competência da Justiça Federal. 
TODAVIA, O art. 73 do CP não tem reflexos processuais penais e para fins de competência, o 
CPP trabalha com a vítima real. O STJ assim já decidiu, como lembra o mencionado autor. Vide, 
por exemplo: STJ —Terceira Seção — CC 27368 — Rel. Min. José Arnaldo Da Fonseca, DJ 
27/11/2000. No mesmo sentido: STJ, CC 41.057/SP. 
 
 
f) Erro de subsunção: 
Essa modalidade não possui previsão legal. 
Trata-se de equivocada compreensão do sentido jurídico do comportamento. Exemplo: agente 
não tem conhecimento de sua condição de funcionário público para fins penais. 
A consequência advinda dessa modalidade de erro será, no máximo, uma atenuante de pena 
(art. 65). 
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g) Erro provocado por terceiro: 
Conforme o art. 20, §2º do CP: 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
Temos aqui erro induzido, figurando dois personagens: o agente provocador e o agente 
provocado. Trata-se de erro não espontâneo que leva o provocado à prática do delito (CUNHA, 
2020, p. 285). 
Como exemplo: Médico com a intenção de matar paciente, induz a erro a enfermeira a ministrar 
veneno no lugar de medicamentos. 
Como consequência, responderá pelo crime o terceiro que determina o erro. O agente provocado 
depende se agiu culposamente ou dolosamente. 
Como bem afirma Cleber Masson: 
Quando o provocador atua dolosamente, a ele deve ser imputado, na forma 
dolosa, o crime cometido pelo provocado. Exemplo: “A”, apressado para 
não perder o ônibus, pede na saída da aula para “B” lhe arremessar seu 
aparelho de telefone celular que esquecera na mesa. “B”, dolosamente, 
entrega o telefone pertencente a “C”, seu desafeto. 
O provocado (que no caso seria “A”), nesse caso, ficará impune, sendo 
escusável seu erro. Mas, se o seu erro for inescusável, responderá por crime 
culposo, se previsto em lei. No exemplo acima, escusável ou inescusável o 
erro, nenhum crime seria imputado a “A”, em face da inexistência do crime 
de furto culposo. 
Pode ainda o provocador agir culposamente, por imprudência, negligência 
ou imperícia, situação na qual a ele será imputado o crime culposo praticado 
pelo provocado, se previsto em lei. Exemplo: Sem tomar maiores cautelas, 
o vendedor entrega para teste um veículo sem freios que ainda estava na 
oficina mecânica da concessionária. O pretenso comprador, ao dirigir o 
automóvel, atropela e mata um transeunte. Nessa situação, o provocado 
também poderá responder pelo crime culposo, desde que o seu erro seja 
inescusável. Ao contrário, tratando-se de erro escusável, permanecerá 
impune (MASSON, 2020, p. 276). 
 
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Conforme Rogério Sanches, o direito penal visa proteger determinados bens jurídicos proibindo 
condutas consideradas desvaliosas (CUNHA, 2020, p. 286). 
O crime comissivo, é, portanto, uma conduta desvaliosa, proibida pelo tipo incriminador (ação 
que viola um tipo proibitivo, a exemplo do art.121 do CP. 
 
 
O direito penal também protege bens jurídicos proibindo a inação de condutas valiosas. Assim, a 
conduta omissiva é a não realização de conduta valiosa a que o agente estava juridicamente 
obrigado e que lhe era possível realizar. 
Portanto, a omissão viola um tipo MANDAMENTAL. 
Conforme Rogério Sanches, a norma mandamental que determina a ação valiosa pode decorrer 
do seguinte: 
a) Do próprio tipo penal: o tipo incriminador descreve a omissão. Temos o crime omissivo 
próprio ou puro, a exemplo da omissão de socorro. 
b) De cláusula geral: O dever de agir está descrito numa norma geral. Temos aqui o crime 
omissivo impróprio ou impuro. 
OBS: Neste caso, a cláusula geral a que essa espécie se refere é o art. 13, §2º do CP, a qual 
demonstra que o agente omitente responde por crime comissivo, mas praticado por omissão. 
Vejamos: 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia 
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do 
resultado. 
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Conforme Rogério Sanches, se o agente desconhece que tem o dever de agir, incorrerá no 
chamado “erro mandamental”. Neste ponto, a doutrina se divide da seguinte forma: 
• Para Luiz Flávio Gomes, trata-se de um erro de tipo; 
• Para a doutrina majoritária, entretanto,deve ser tratado como erro de proibição. 
Vamos analisar cada uma das espécies de crimes omissivos: 
 
1) Crime omissivo próprio: 
A conduta omissiva está descrita no tipo penal. Para a sua caracterização, basta a não realização 
da conduta valiosa descrita no tipo. 
 
2) Crime omissivo impróprio: 
O dever de agir está acrescido no dever de evitar o resultado. Adota-se a teoria normativa, que 
segundo Masson aceita a responsabilização do omitente pela produção do resultado, desde que 
seja a ele atribuído, por uma norma, o dever jurídico de agir. Essa é a razão de sua denominação 
(normativa = norma). A omissão é, assim, não fazer o que a lei determinava que se fizesse. Foi 
a teoria acolhida pelo Código Penal (MASSON, 2020, p. 204). 
Como já visto, as hipóteses da cláusula geral estão previstas no art. 13, §2º do CP. Segundo a 
norma, temos as seguintes hipóteses: 
a) Obrigação de cuidado, proteção e vigilância conferida por lei, a exemplo dos pais para com 
os filhos; 
b) Aquele que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o dano, a exemplo do 
salva-vidas. 
c) Aquele que com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
3) Crimes de conduta mista: 
Em tais crimes, o tipo penal é composto de uma ação seguida de omissão. Como exemplo, 
podemos citar a apropriação de coisa achada. 
 
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Outro elemento, além da conduta, que integra o fato típico é o resultado. Trata-se da 
consequência jurídica provocada pela conduta do agente. 
Da conduta podem advir 2 resultados: 
7.1. RESULTADO NATURALÍSTICO: 
O resultado naturalístico é o material. Trata-se da modificação no mundo exterior provocada pela 
conduta do agente. 
OBS: Não são todos os crimes que apresentam resultado naturalístico. 
Como ensina Cleber Masson, “O resultado naturalístico estará presente somente nos crimes 
materiais consumados. Se tentado o crime, ainda que material, não haverá resultado 
naturalístico. Nos crimes formais, ainda que possível sua ocorrência, é dispensável o resultado 
naturalístico. E, finalmente, nos crimes de mera conduta ou de simples atividade jamais se 
produzirá tal espécie de resultado” (MASSON, 2020, p. 207). 
Quanto ao resultado, lembre-se que os crimes podem ser classificados em materiais, formais e 
de mera conduta (conforme já visto). 
7.2. RESULTADO JURÍDICO OU NORMATIVO: 
Trata-se da efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico que é tutelado pela norma penal. 
OBS: Não existe crime sem resultado jurídico. 
Aqui, os crimes podem ser classificados como sendo de dano (a consumação exige a efetiva lesão 
ao bem) ou de perigo (a consumação se contenta com a exposição do bem jurídico a uma situação 
de perigo. Também já falamos sobre essas classificações na introdução à teoria do crime. 
 
 
8.1. NEXO E CONCEITO DE CAUSA: 
É o vínculo entre conduta e resultado. Ou seja, é a relação de produção entre a causa eficiente 
e o efeito ocasionado. 
Busca aferir se o resultado pode ser atribuído objetivamente ao sujeito ativo como obra do seu 
comportamento típico. 
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O código Penal nos apresenta um conceito simples de causa no art. 13, caput: 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou 
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
ATENÇÃO: O Brasil adotou a chamada Teoria da Equivalência dos antecedentes causais 
ou equivalência das condições, condição ou causalidade simples ou ainda condição generalizada 
ou, em latim, conditio sine qua non. 
Por essa teoria, causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido. 
O professor Rogério Sanches aborda a seguinte questão: Como saber se o fato foi 
determinante par o resultado? 
Para isso, afirma que se deve trabalha também com outa teoria, a teoria da eliminação hipotética 
dos antecedentes causais. Afirma o mencionado autor: “este método é empregado no campo 
mental da suposição ou da cogitação: causa é todo fato que, suprimido mentalmente, faria com 
que o resultado não ocorresse como ocorreu ou no momento em que ocorreu (CUNHA, 2020, p. 
298). 
Assim, no caso de um homicídio, por exemplo, temos: 
Primeira pergunta: Causa da morte? Para responder a isso, temos que toda ação/omissão 
sem a qual a morte não teria acontecido é causa. 
Segunda pergunta: Qual ação ou omissão foi determinante para o resultado? Para 
responder a isso, aplicamos a teoria da eliminação hipotética. 
Importante que se esclareça sobre as críticas endereçadas a essa teoria, mas que são respondidas 
pela doutrina. Vejamos a lição do professor Masson: 
Contra essa teoria foram endereçadas algumas críticas. A principal delas 
consistiria na circunstância de ser uma teoria cega, porque possibilitaria a 
regressão ao infinito (regressas ad infinitum). (...) Essa crítica, contudo, é 
despropositada. Para que um acontecimento ingresse na relação de 
causalidade, não basta a mera dependência física. Exige-se ainda a 
causalidade psíquica (imputatio delicti), é dizer, reclama-se a presença do 
dolo ou da culpa por parte do agente em relação ao resultado. De fato, a 
falta do dolo ou da culpa afasta a conduta, a qual, por seu turno, obsta a 
configuração do nexo causal (MASSON, 2020, p. 209). 
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ATENÇÃO: TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA: 
Se insurge contra o possível regresso ao infinito da teoria da equivalência dos antecedentes. 
Conforme menciona o professor Masson, para os adeptos da teoria da imputação objetiva, o 
sistema finalista, ao limitar o tipo objetivo à relação de causalidade, de acordo com a teoria da 
equivalência dos antecedentes, não resolve todos os problemas inerentes à imputação (MASSON, 
2020, p. 219). 
Devemos lembrar que com a inclusão dos elementos subjetivos no tipo penal (dolo e culpa), a 
chance de regresso ao infinito foi extremamente reduzida. Isso porque a teoria finalista passou 
a entender que a conduta deve conter os elementos do dolo ou da culpa como já tratamos. 
Todavia, para aqueles que que defendem a imputação objetiva isso não é suficiente. Veja o 
exemplo que o próprio Roxin nos fornece, questionando a teoria da equivalência dos 
antecedentes: 
Imaginemos que "A” venda heroína a “B”. Os dois sabem que a injeção de 
certa quantidade de tóxico gera perigo de vida, mas assumem o risco de 
que a morte ocorra; “A” o faz, porque o que lhe interessa é principalmente 
o dinheiro, e “B”, por considerar sua vida já estragada e só suportável sob 
estado de entorpecimento. Deve “A” ser punido por homicídio cometido com 
dolo eventual, na hipótese de *'B” realmente injetar em si o tóxico e, em 
decorrência disso, morrer? A causalidade de “A” para a morte de “B”, bem 
como seu dolo eventual, encontra-se fora de dúvida. Se considerarmos a 
causalidade suficiente para a realização do tipo objetivo, teremos que 
concluir pela punição.5 
É por isso, então que a teoria da imputação objetiva insere mais elementos no tipo objetivo, quais 
sejam: 
a) Criação de um risco proibido; 
b) Realização do risco no resultado. 
Assim, para essa teoria, a atribuição de um resultado a uma pessoa não é determinada pela 
relação de causalidade, mas é necessário outro nexo, de modo que esteja presente a realização 
de um risco proibido pela norma (MASSON, 2020, p. 220). 
 
 
5 ROXIN, Claus. Estudos de diretto penal. Trad. Luís Greco. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 103. 
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8.2. CONCAUSAS: 
Conforme Rogério Sanches, o resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de 
comportamento, associação de fatores, entre os quais a condita do agente aparece como seu

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