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Das Pessoas Naturais

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Das Pessoas Naturais
O primeiro livro da Parte Geral do Código Civil trata acerca das pessoas como sujeitos de direito e
busca regular a vida em sociedade, bem como as relações que estas compõem. Dessa forma, há duas
espécies de pessoas que integram o ordenamento jurídico: a pessoa natural ou pessoa física, ou seja, o
ser humano propriamente dito, e a pessoa jurídica, essa formada por um grupo de pessoas naturais.
Pessoa é todo o ente físico ou jurídico suscetível de direitos e obrigações (sujeitos de direitos)
Para o ramo do Direito Civil , pessoa natural é o próprio ser humano dotado de capacidade. 
É o sujeito provido de direitos e obrigações a partir de seu nascimento com vida, de acordo com o
artigo 2º do Código Civil . Todo ser humano, dessa forma, recebe a denominação de pessoa natural para
ser intitulado como sujeito de direito. Importante destacar que o termo “pessoa natural” pode ser
substituído pelo termo “pessoa física”.
Conceito
Aquisição da Personalidade Jurídica
Todas as pessoas são detentoras da chamada personalidade jurídica ou direitos da personalidade que é
definida como a aptidão para adquirir direitos e contrair deveres e, devido a isso, são consideradas
como sujeitos de direito. Há três Teorias que tratam da aquisição da personalidade jurídica, são elas:
Natalista: a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida;
Personalidade Condicional: o nascituro é pessoa condicional, pois a aquisição da personalidade
depende do nascimento com vida; e
Concepcionista: se adquire a personalidade antes do nascimento, ou seja, desde a concepção.
O Direito Brasileiro adotou a segunda teoria, isto é, a Teoria da Personalidade Condicional. De acordo
com o artigo 2º do Código Civil : “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”, dessa maneira, tem-se o nascimento da
pessoa com vida como o ponto inicial da personalidade, entretanto a lei resguarda certos direitos ao
feto.
O nascimento de uma pessoa ocorre a partir do momento em que a criança se separa do ventre de sua
mãe, aqui independe o meio com o qual isso tenha ocorrido, isso quer dizer, não é relevante para o
mundo do Direito se o parto aconteceu de forma natural ou com auxilio de outros recursos cirúrgicos.
Entretanto, para que seja possível dizer que a criança teve um “nascimento com vida” se faz necessário
a presença de um elemento indispensável que caracterize essa situação, qual seja: ar nos pulmões.
Aquisição da Personalidade Jurídica
Assim, só podemos considerar, em termos jurídicos, que uma criança de fato teve seu nascimento com
vida e adquiriu personalidade jurídica se essa respirou e permitiu a entrada de ar em seus pulmões. Se
respirou, isso quer dizer que viveu e, se viveu, ainda que sua morte tenha ocorrido em seguida,
adquiriu a personalidade jurídica e se tornou sujeito capaz de contrair direitos e obrigações.
A constatação de se a criança nasceu com vida ou não se faz pelo exame denominado docimasia
hidrostática de galeno. No qual, se o feto respirou, inflou de ar os pulmões, se não respirou, os pulmões
se encontraram vazios.
A importância dada ao fato de saber se a criança nasceu com vida ou não reflete principalmente no que
diz respeito ao direito de herança.
Por exemplo, se o pai da criança, casado pelo regime de separação de bens, no qual tudo o que foi
adquirido, tanto antes quanto depois do casamento, diz respeito apenas aquele que adquiriu, veio a
falecer, estando vivos os seus pais. Se a criança chegou a respirar, recebeu nos poucos segundos de
vida, todo o patrimônio deixado pelo falecido pai, e a transmitiu, em seguida, por sua morte, à sua
mãe. Se, no entanto, nasceu morto, não adquiriu personalidade jurídica e, portanto, não chegou a
receber nem a transmitir herança.
Nascituro
A palavra nascituro significa “aquele que virá a nascer”. 
É o ser que já foi gerado ou formado, mas que ainda não nasceu, ainda não saiu do e se desprendeu do
ventre materno. Quando a criança nasce morta, recebe o nome de natimorto.
Entretanto, apesar de não ter personalidade jurídica, a se preocupou em resguardar certos direitos ao
nascituro desde a sua concepção. 
Por exemplo, o nascituro tem o direito de nascer e, devido a isso, a prática do aborto é considerado
crime pelo Código Penal. Por fim, os direitos no nascituro, basicamente, se resumem em vida, honra,
imagem
Capacidade
Segundo o artigo, 1º do Código Civil , “toda a pessoa é capaz de direitos na ordem civil”. Tal capacidade
refere-se a aptidão que uma pessoa possui de executar e atuar plenamente em sua vida civil .
Em outras palavras, capaz é a pessoa que consegue e pode responder por suas ações realizadas na vida
em sociedade, como por exemplo, assinar um contrato ou comprar ou vender coisas.
Para o direito brasileiro, possui capacidade jurídica plena todo individuo maior de 18 anos, e não
exerça práticas que dificultem ou impeça sua aptidão de tomar decisões e realizar escolhas, como é o
caso dos viciados, seja em tóxicos ou em hábitos extremos.
A diferença entre o instituto da personalidade em relação à capacidade, diz respeito a natureza de
ambas. A Primeira (personalidade) é atributo do sujeito, inerente à sua natureza, desde o início de seu
nascimento com vida, e a capacidade é a aptidão para o exercício de atos e negócios jurídicos. No
ordenamento jurídico brasileiro, existem duas espécies de capacidade:
Capacidade de direito ou de gozo: É a possibilidade que toda pessoa tem de ser sujeito de Direito. Se
define como sendo a aptidão genérica para aquisição de direitos e deveres; e
Capacidade de fato ou de exercício: aptidão de exercer, por si só, os atos da vida civil .
A incapacidade, para o ramo do Direito Civil , é a ausência de capacidade de fato ou de exercício, ou
seja, a falta de aptidão para exercer alguma atividade da vida civil .
A incapacidade de uma pessoa é tida como exceção para o Código Civil , e devido a isso, a Lei prevê
taxativamente as hipóteses em que alguém pode ser considerado como incapaz. Geralmente, a
incapacidade é atribuída a alguém para proteger aquele que não tem discernimento, maturidade ou
alguma doença que o torne vulnerável.
São dois os tipos de incapacidade civil :
Incapacidade absoluta: Na qual o sujeito necessita de estar Representado por pessoa com a
capacidade civil plena. Aqueles que são têm sua vida gerida pelo representante. Aqui a figura do
incapaz é refletida por meio de um representante; e
Incapacidade relativa: que impõem estar o sujeito de direitos Assistido por pessoa com capacidade
civil plena. Os assistentes possui o papel de assegurar a regularidade dos atos praticados ou
negócios celebrados pelo assistido.
O Código Civil , cuida em seu artigo 3º da incapacidade absoluta o qual dispõe que: “São absolutamente
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.”
Incapacidade Absoluta e Relativa 
Incapacidade Absoluta e Relativa 
Já o artigo 4º se encarregou de tratar das hipóteses em que o sujeito é relativamente incapaz, são elas:
os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (impúbere);
os ébrios habituais e os viciados em tóxico, ou seja, as pessoas alcoólatras ou viciadas em alguma
substância tóxica (drogas), ao ponto de não conseguirem exercer determinado ato ou atividade;
aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade: como por
exemplo as pessoas que, devido a alguém acidente, encontram-se em coma;
os pródigos: aqueles que são incapazes de controlar seus gastos a ponto de perder de tudo e ficar em
uma situação de pobreza devido a isso.
A incapacidade pode se extinguir de duas maneiras distintas, sendo uma pela maioridade, ou seja,
quando a pessoa alcança a maioridade civil completando 18 anos, ou por meioda emancipação.
Incapacidade Absoluta e Relativa 
A emancipação se caracteriza como a aquisição da capacidade civil antes do tempo, ou seja, antes de
completados os 18 anos. Pode ocorrer por concessão dos pais ou de sentença do juiz, bem como de
determinados fatos a que a lei atribui esse efeito, quais sejam:
pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independente de homologação judicial , ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16
anos completos;
pelo casamento;
pelo exercício de emprego público efetivo;
pela colação de grau em curso de ensino superior;
pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
Extinção da Pessoa Natural 
Tento em vista que a aquisição da personalidade jurídica se dá com a vida, sua perda se ocorre com a
extinção da pessoa natural, ou seja, com a morte. Prevê o artigo 6º Código Civil que “A existência da
pessoa natural termina com a morte (… )”
Constatada a morte de uma pessoa, em regra, desaparecem seus direitos e obrigações de natureza
personalíssima, ou seja, seus direitos da personalidade.
Uma característica importante de tal direito é sua irrenunciabilidade e intransmissibilidade, isso quer
dizer que uma pessoa não pode dispor de seus direitos da personalidade, não pode cede-los à outra pessoa
ou decidir não tê-los mais, conforme previsão do artigo 11 do Código Civil .
Por outro lado, os direitos não personalíssimos, como por exemplo os de natureza não patrimonial, são
transmitidos aos seus sucessores.
Extinção da Pessoa Natural 
Há, para o código civil , três tipos de mortes:
Morte Real: A sua prova faz-se pelo atestado de óbito ou por ação declaratória de morte
presumida, sem decretação de ausência. A morte real extingue a capacidade e dissolve tudo;
Morte Simultânea ou comoriência: na hipótese de comoriência (quando dois ou mais indivíduos
faleceram na mesma ocasião, sem saber quem faleceu primeiro), será presumido que todos
morreram no mesmo instante, ou seja, simultaneamente. Somente interessa saber qual delas
morreu primeiro se uma for herdeira ou beneficiária da outra; e
Morte Presumida: pode ser com ou sem declaração de ausência. Presume-se a morte nos casos em
que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Pode-se ainda, requerer a sucessão definitiva,
provando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias.
Há morte “presumida” se constatadas estas situações: (I) for extremamente provável a morte de
quem esteja em perigo de vida; (II) desaparecida em campanha ou feito prisioneiro, não tendo sido
encontrado até dois anos após o término da guerra. Nestes casos de desaparecimento a morte só será
tomada no mundo jurídico se decretada por sentença judicial , depois de frustradas e esgotadas as
buscas da pessoa (artigo 7°) .

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