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Resenha crítica do texto Psicologia Ambiental e Política Ambiental - GARCIA MIRA, R ; STEA, D ; ELGUEA, S

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GARCIA MIRA, R.; STEA, D.; ELGUEA, S. Psicologia Ambiental e Política Ambiental: questões teóricas e práticas. Psicologia USP, [S. l.], v. 16, n. 1-2, p. 249-259, 2005. DOI: 10.1590/S0103-65642005000100026. Disponível em: http://www.periodicos.usp.br/psicousp/article/view/41855. Acesso em: 5 out. 2020.
Em Psicologia Ambiental e Política Ambiental: questões teóricas e práticas, Ricardo Garcia Mira, David Stea e Silvia Elguea objetivam estabelecer uma ponte entre psicólogos e políticos ambientais. Para tanto, discorrem sobre construtos da psicologia que podem ser aplicados à política e concluem que a Psicologia Ambiental deverá nortear a construção de uma nova forma de fazer política ambiental, embasada na participação social. 
Os autores iniciam o texto apresentando a Psicologia Ambiental e a Política Ambiental, conceituando a primeira como “o estudo do comportamento humano relacionado ao ambiente” e a segunda com a política em si somada às pessoas que a fazem. Enquanto àquela dedica-se mais a elaborações acadêmicas, esta dedica-se à execução de políticas públicas com base em conhecimentos técnicos. 
Na sequência os autores apresentam duas inquietações que orientam a escrita do artigo. A primeira delas inquire sobre os conhecimentos produzidos pelos psicólogos ambientais que podem ser úteis, aplicáveis a política ambiental e a segunda sobre as reflexões realizadas pelos próprios autores sobre como auxiliar o diálogo entre psicólogos e políticos. 
Para os autores essa aproximação deve ocorrer por meio da participação social (pública) e pode se dá em ampla escala, com participação indireta da sociedade ou em escala intermediária ou pequena, com participação direta da sociedade e envolver uma diversidade de setores sociais, desde especialistas até os cidadãos comuns, passando pelos setores público e privado e instituições não governamentais. Para que essa participação seja efetiva, no entanto, é preciso estabelecer espaços democráticos de comunicação bilateral entre gestores e sociedade em geral.
No tópico O que a Psicologia Ambiental nos conta a respeito de como fazer esta ponte entre o público e os políticos em questões ambientais? os autores pontuam sobre a não neutralidade do ambiente, dado que influenciam as relações humanas amplamente. A configuração física de um espaço, a sensação de territorialidade, pertencimento ou exclusão a um ambiente físico ou intelectual, as relações de poder que se estabelecem entre outras variantes podem incentivar ou inibir a comunicação e a interação social posto que os ambientes físico, social, cultural e psicológico estão em constante interação e produzem comportamentos.
Já no tópico A Psicologia Ambiental como processo: uma visão alternativa de participação os autores discorrem sobre as possíveis formas de participação da sociedade nas decisões ambientais. Primeiramente são abordadas as formas de participação ineficazes, são elas: a) a não participação, que ocorre quando o público é apenas informado sobre as decisões ambientais tomadas unilateralmente pelas instâncias de poder; b) a participação simbólica, quando o público é apenas audiência, não tem voz; c) a participação distorcida, aquela na qual o público é consultado através de instrumentos de pesquisa ineficazes como questionários de múltipla escolha e finalmente; d) a efetiva, quando constrói-se um ambiente favorável para trocas e construção de conhecimentos. 
Os autores concluem que a Psicologia Ambiental poderá contribuir no processo de criação de ambientes favoráveis à participação efetiva das comunidades nas discussões ambientais, pois postulam estratégias eficazes para fazer com que o público se sinta “em casa, em um contexto não ameaçador, que minimiza diferenças de status”. Sentir que tem voz, poder de decisão junto a outros em um processo construído de forma leve e prazerosa são pontos chaves para a sensação de bem estar das pessoas.
 As ideias presentes no texto contribuem para a ampliação da concepção do que é ambiente e como transformá-lo em ferramenta de fortalecimento de gestão ambiental, com participação ativa da sociedade. Embora o texto traga alguns conceitos especializados, sua argumentação é bastante objetiva e simples, proporcionando uma boa recepção. Dado o seu conteúdo, mostra-se uma leitura pertinente aos cursos de Psicologia. 
A partir do texto, fica demonstrada como a Psicologia Ambiental é fundamental numa proposta de participação social capaz de aumentar: 1) a participação da sociedade na tomada de decisões ambientais que impactam em menor ou maior grau a vida de todos; 2) a conscientização da sociedade em relação as questões ambientais e as implicações de seus comportamentos individuais e coletivos nessas questões; 3) transparência nas decisões ambientais ao promover um canal de intensa comunicação entre sociedade e gestores, assim como; 4) a fiscalização por parte da população no cumprimento das leis ambientais e destinação de recursos. 
Enfim, é preciso superar o pensamento cartesiano que reverbera até os dias atuais. Os conhecimentos produzidos no ocidente tendem a permanecer engessados em seus locais de produção, furtando-se da conexão com outros campos de produção de conhecimento. Aproximar o arcabouço teórico metodológico produzido pelos psicólogos ambientais dos gestores e demais participantes da política ambiental constitui-se em um movimento alinhado a necessidade contemporânea de estabelecer diálogos entre os conhecimentos construídos nas diversas áreas e campos do saber com o fito de torná-los mais significativos, capazes de intervir mais eficazmente nas demandas sociais.

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