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301 O mundo contemporâneo passa por acelerado processo de urbanização. Denominamos urbanização o crescimento da população urbana em ritmo superior ao da população rural, ou seja, o aumento da participação urbana no total da população. Esse movimento começou a ganhar dimensão a partir do século XVIII, na Inglaterra. Inicialmente, envolveu os países que vivenciaram o processo de Revolução Industrial e hoje são nações subdesenvolvidas que apresentam as maiores taxas de urbanização do mundo. A urbanização está associada ao êxodo rural, deslocamento da população rural para áreas urbanas, e, por isso, a industrialização dos países desenvolvidos foi decisiva para a sua ocorrência. Atualmente, cerca de 54% dos 7,5 bilhões de habitantes do planeta reside em cidades, como você pode observar no gráfico. Nas nações em desenvolvimento ou subdesenvolvidas (periferia ou semiperiferia do capitalismo mundial), a urbanização se intensificou bastante a partir de 1950, graças ao crescimento de industrialização impulsionada com a transferência de empresas transnacionais que buscavam reduzir os custos de produção. Atualmente, os países desenvolvidos são altamente urbanizados, com três quartos dos habitantes vivendo em cidades. Entre as nações em desenvolvimento, a urbanização é relativamente baixa - apenas 40% da população é urbana, com exceção da América Latina e do Caribe , onde a taxa de urbanização é tão alta quanto à de países ricos.Observe no gráfico a seguir a evolução e variação da urbanização pelos diversos continentes: PARTE VI: O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS SOCIEDADES UNIDADE 01: • ORIGEM, EVOLUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO • O PROCESSO DE METROPOLIZAÇÃO • A HIERARQUIA URBANA • AS CIDADES GLOBAIS E AS REDES DE PODER Dentre os principais fatores,que justificam a maior urbanização latino-americana em relação a outras áreas periféricas, podemos citar: ••••• O tipo de colonização e o processo posterior de ocupação do território foram fortemente apoiados em um sistema urbano, suporte da organização administrativa; ••••• Nos grandes países da América Latina, a partir dos anos 50, a industrialização concentrada nos principais centros urbanos, atraiu uma grande parcela de população; ••••• A estrutura fundiária permaneceu concentrada, mas houve um processo de modernização da agricultura que resultou na aceleração do êxodo rural; ••••• A economia voltada para exportação que reforçou a concentração das atividades econômicas e da população nos centros urbanos próximos ao litoral; ••••• O peso demográfico dos países mais urbanizados da América Latina (Brasil, México, Argentina, Colômbia, Peru etc.) é muito superior aquele dos países menos urbanizados, como é o caso na América Central (Honduras, El Salvador, Nicarágua etc). URBANIZAÇÃO EM PAÍSES DESENVOLVIDOS Os fatores responsáveis pelo processo de urbanização, em países desenvolvidos, estão ligados basicamente ao desenvolvimento industrial, ou seja, às transformações provocadas na cidade pela indústria, notadamente quanto à geração de oportunidades de empregos, seja no setor secundário, seja no setor terciário, com salários em geral mais altos. Essas condições surgiram primeiramente nos países de industrialização antiga, os países desenvolvidos. Nesses países, além das transformações urbanas, houve como conseqüência da Revolução Industrial, também uma revolução agrícola, ou seja, uma modernização da agropecuária que, ao longo da história, foi possibilitando a transferência de trabalhadores do campo para a cidade, principalmente como resultado da modernização da agricultura. A urbanização que ocorreu nos países desenvolvidos foi lenta e gradual. As cidades foram se estruturando lentamente para absorver os trabalhadores oriundos do campo, promovendo melhorias na infra-estrutura urbana - moradia, água, esgoto, luz, etc. E aumento na capacidade de geração de empregos para os trabalhadores urbanos. Assim, os problemas urbanos não se multiplicaram tanto como nos países subdesenvolvidos. 302 URBANIZAÇÃO EM PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS Nos países subdesenvolvidos os fatores repulsivos do campo estão ligados fundamentalmente às péssimas condições de vida existentes na zona rural, em função da estrutura fundiária concentrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos produtores, do arcaísmo das técnicas de cultivo, etc. Assim, houve uma grande transferência de populacional para as cidades, especialmente para as grandes metrópoles, criando uma série de problemas urbanos. Com fenômeno do processo de urbanização ocorre o surgimento das megacidades. Isto é, aglomeração que possui mais de 10 milhões de habitantes. Em 1950, apenas Nova Iorque, nos Estados Unidos, tinha mais de 10 milhões de habitantes. Em 2000, já havia uma dezena de cidades no mundo (vide tabela). Antes típicas das nações desenvolvidas, as megacidades são cada vez mais um fenômeno dos países em desenvolvimento. Essa tendência deverá acentuar-se ainda mais nas próximas décadas. Nos próximos 30 anos, o processo tende a desacelerar-se, e o crescimento urbano se localizará na África e na Ásia, áreas onde a população é ainda predominantemente rural e, vêm ocorrendo nas últimas décadas intensos fluxos populacionais do campo para as cidades devido aos conflitos, fome e epidemias. 303 CHINA SE TORNA DE MAIORIA URBANA, APÓS 4 MILÊNIOS DE PREDOMÍNIO RURAL Agência EFE, em Pequim 27/12/2011 - 12h49 A China, um país predominantemente rural durante seus quatro milênios de história, vive um momento inédito em 2011, ano no qual pela primeira vez os moradores das cidades superaram os do campo, uma grande mudança que terá consequências sociais, econômicas e até culturais no país mais populoso do mundo. De acordo com um estudo da estatal Academia Chinesa de Ciências divulgado nesta semana, a população urbana superará a rural no final deste ano, algo que é visto nesse país como "um momento histórico para uma civilização tradicionalmente agrícola". Os pesquisadores chegaram a essa conclusão matematicamente, usando os números do último censo nacional, realizado em 2010 --que indicou que 50,32% dos chineses moravam no campo e 49,68% nas cidades. Considerando que a urbanização do país cresce com uma média anual entre 0,8% e 1%, calcula-se que a população urbana um ano depois estará entre 674 e 676 milhões, e a rural entre 671 e 672 milhões, o que revela, pela primeira vez, uma mudança na composição da sociedade desse país. Nos últimos 30 anos, cerca de 240 milhões de chineses deixaram o campo para viver nas cidades e muitos não encontraram outra opção do que trabalhar em empregos não especializados e mal remunerados, como a construção civil. Esse é um momento simbólico no processo de urbanização que começou há um século, mas lentamente: nos anos 50, pouco mais de 60 milhões de chineses viviam nas cidades contra cerca de 500 milhões de agricultores. Até o Partido Comunista de Mao Tsé-tung, na ocasião, foi considerado fundamentalmente camponês, em relação às formações proletárias (urbanas) da URSS e de outros países com orientação marxista. Mao limitou muito o êxodo rural, apesar de seus esforços para industrializar o país, que não deixaram a população rural chinesa diminuir até os anos 90, enquanto a urbana havia iniciado um ritmo acelerado de crescimento nos primeiros anos da década de 80, com a reforma e abertura de Deng Xiaoping. A nova situação da China é um passo desejado por Pequim, embora os especialistas reconheçam que o país enfrenta grandes desafios e que o êxodo rural é também um reflexo de problemas sociais. O PROCESSO DE METROPOLIZAÇÃO O crescimento rápido de algumas cidades acabou culminando no fenômeno da metropolização, ou seja, crescimento acelerado das grandes concentrações urbanas, que assumem características metropolitanas. A urbanização brasileira envolve uma acelerada metropolização em virtude da expressiva concentração espacial da indústria e das mais importantes atividades terciárias em um número reduzido de aglomerações urbanas. Esse processo é responsável pelocolapso entre crescimento populacional e geração de empregos nas grandes cidades. Incapacidade de criação de empregos, seja na zona rural, seja em cidades pequenas e médias, o que força o deslocamento de milhões de pessoas para as cidades que polarizam a economia de cada país. Mesmo o centro dinâmico dos países subdesenvolvidos não tem capacidade de absorver tamanha quantidade de migrantes, e logo começa a aumentar o número de pessoas desempregadas. Muitos desempregados permanentes, para poder sobreviver, acabam buscando alternativa no subemprego, que é toda forma de trabalho remunerado ou prestação de serviços que funciona à margem da economia formal, compondo, por isso uma economia informal ou subterrânea. A MACROCEFALIA URBANA Uma importante característica da urbanização nos países da periferia do capitalismo é a exagerada concentração econômica e populacional em um único ou em poucos aglomerados urbanos que, por isso, são marcados por um enorme tamanho. Esse processo é denominado de macrocefalia urbana e constitui uma espécie de metropolização exagerada com uma única ou poucas metrópoles. Para entendermos mais claramente essa situação, observe os dados a seguir: Os cinco casos apresentados indicam macrocefalia urbana em países subdesenvolvidos. E por que há poucos exemplos dessa situação em países desenvolvidos? A resposta está na existência de várias cidades importantes (metrópoles) gerando uma rede urbana bem estruturada. O grande aglomerado urbano de Tóquio pode ser considerado exemplo de macrocefalia mas ela é justificada pela geografia japonesa, país que possui pouquíssimos espaços planos (a capital localiza na maior planície do país). A REDE E A HIERARQUIA URBANA A rede urbana é formada pelo sistema de cidades, no território de cada país, interligadas umas às outras através dos sistemas de transportes e de comunicações, pelos quais fluem pessoas, mercadorias, informações, capitais etc. As cidades desempenham funções importantes no processo de ocupação do território. Exercem funções de controle político, posto de armazenamento da produção agrícola e de produtos de extração, pontos de contato com o comércio exterior, polos de desenvolvimento industrial, prestação de serviços, etc. A essas funções se somam outras mais recentes, associadas à circulação de capital, informação e tecnologia. Vide os fluxogramas 1 e 2 sintetizam dois modelos distintos de relações entre cidades em uma rede urbana. 304 Adaptado de SANTOS, M. "Metamorfoses do Espaço Habitado". Hucitec, São Paulo, 1994. A Divisão Territorial do Trabalho estabelecida através da rede urbana é responsável pela construção de uma hierarquia urbana. Isto é, o resultado das relações concretas travadas entre as cidades do interior da rede urbana. Com os crescentes avanços tecnológicos, com a brutal modernização dos sistemas de transportes e de comunicações, essas relações se tornaram mais complexas e densas. O nível hierárquico de cada cidade depende do seu tamanho populacional, da importância de sua base econômica, do número, qualificação e diversidade dos serviços urbanos ofertados e da densidade e amplitude das redes de transportes e telecomunicações. A partir da análise destes fluxogramas, afirma-se: ••••• O fluxograma 1: apresenta a forma clássica de rede urbana, composta por uma hierarquia rígida entre as cidades, em que são estabelecidos níveis de relações que vão da metrópole até as cidades locais e pequenas vilas, ••••• O fluxograma 2: apresenta uma recente e mais flexível hierarquia urbana, composta a partir dos avanços técnicos dos transportes e comunicações, incluindo-se, também, maior mobilidade locacional das empresas. A NOVA REDE URBANA BRASILEIRA - 2007 305 1. METRÓPOLES São os 12 principais centros urbanos do País, que caracterizam-se por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem extensa área de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis, segundo a extensão territorial e a intensidade destas relações: a) Grande Metrópole Nacional 1 São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial; b) Metrópole Nacional 2 Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; c) Metrópole Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto. 2. CAPITAL REGIONAL Integram este nível 70 centros que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. Como o anterior, este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as capitais estaduais não classificadas no nível metropolitano e Campinas. O segundo e o terceiro, além da diferenciação de porte, têm padrão de localização regionalizado, com o segundo mais presente no Centro-Sul, e o terceiro nas demais regiões do País. Os grupos das Capitais regionais são os seguintes: a) Capital Regional A Constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos; b) Capital Regional B Constituído por 20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; c) Capital Regional C Constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos. 3. CENTRO SUB-REGIONAL Integram este nível 169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também subdivididos em grupos, a saber: a) Capital Sub-Regional A Constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos; b) Capital Sub-Regional B Constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos. 4. CENTRO DE ZONA Nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em: a) Capital de Zona A 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão; e b) Capital de Zona B 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível daquela classificação. 5. CENTRO LOCAL As demais 4 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8 133 habitantes). Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia, Regiões de Influência das Cidades 2007. 306 NOTAS 1 Metrópole que articula a economia global através de inúmeras redes de todos os tipos e que centraliza funções superiores direcionais, produtivas e administrativas de empresas com atuação planetária. Articula e centraliza também o controle da mídia e a capacidade simbólica de criar e difundir mensagens. Em decorrência, encontra-se no nível hierárquicomais elevado do sistema urbano mundial ou global. 2 Cidade de grandes dimensões e elevado tamanho populacional, que centraliza a maior parte das atividades terciárias (comércio e serviços) de sua região e/ou de seu país. Em decorrência, encontram-se nos mais altos níveis hierárquicos de uma rede urbana. As metrópoles nacionais funcionam como centros polarizadores de vastas regiões do território. Monopolizam um conjunto de serviços sofisticados, demandados por populações espalhadas por áreas muito extensas. Redistribuem bens e mercadorias por toda sua região de influência. Assim, comandam centenas de cidades situadas em posição inferior na hierarquia urbana. AS CIDADES GLOBAIS E AS REDES DE PODER Num espaço mundial em processo de globalização a noção de lugar se torna extremamente complexa, na medida em que o próprio mundo começa a se tornar um "lugar", sendo assim, identificamos lugares com características globais. Essas cidades concentram perícia e conhecimento em serviços ligados à globalização. Isso é medido pela concentração de capitais nacionais e estrangeiros, e por sua capacidade de influência sobre territórios fora do domínio do seu Estado- Nação. Fonte: GaWC Inventory of World Cities e ONU. Fonte de pesquisa: Retaillé, D. (Org.). La Mondialisation. Paris: Nathan, 2007. p.136. 307 Segundo a literatura técnica disponível, as cidades globais caracterizam-se basicamente por atributos que acentuam as suas vantagens competitivas de inserção na economia mundial. Os estudos disponíveis mostram que são cidades: ••••• de grande porte, áreas centrais de economias dinâmicas e abertas aos mercados regionais e globais, que exercem funções estratégicas para o desenvolvimento da economia mundial, regional e dos sistemas urbanos a que pertencem; ••••• nas quais se concentram as funções de comando, controle e comutação dos fluxos internacionais de capitais, informações, pessoas, bens e serviços avançados, exercidas por grupos empresariais ou empresas que operam direta ou indiretamente nos mercados globais; ••••• que apresentam condições competitivas de atrair e sediar novas atividades produtivas, novos complexos empresariais, centros tecnológicos de pesquisa e desenvolvimento, centros comerciais e turísticos, fortemente interligados, dispondo de serviços avançados de apoio às transações globais, como mercados financeiros e de capitais, informática e telemática, consultoria, direto e contabilidade, entre outros; ••••• que têm sistemas adequados de educação, capacitação e treinamento da mão de obra, e geram um perfil da força de trabalho compatível com as novas demandas de alta qualificação e flexibilidade exigidas pelas empresas que atuam nos mercados globais; Portanto, as metrópoles globais exercem funções de comando supranacional e de alto nível tecnológico, constituindo-se, em local onde a rede internacional das empresas capitalistas encontra seus pontos físicos de ancoragem espacial. Essas cidades funcionam como centros de localização de atividades econômicas nacionais e internacionais, influenciando na organização do território em suas diversas escalas. 01 O que é urbanização? 02 Quais são os 2 continentes que ainda não possuem população majoritariamente urbana? 03 O que são megacidades? 04 O que é macrocefalia urbana? 05 Quais cidades do Brasil são classificadas como metrópoles nacionais? 06 O que é o processo de metropolização? 01 Quanto ao espaço rural e urbano, é correto afirmar: I. Atualmente existe equilíbrio entre as populações rurais e urbanas, tanto nos países desenvolvi- dos como nos subdesenvolvidos. II. O "êxodo rural", que ocorre em larga escala nos países do Terceiro Mundo, provoca o crescimen- to desordenado do chamado "setor informal" das cidades. III. O espaço rural e o urbano estão interligados de tal maneira, que os problemas das cidades difi- cilmente são solucionados, se isolados dos pro- blemas do campo. Assinale: (A) se apenas a frase I for correta. (B) se apenas a frase II for correta. (C) se apenas as frases I e II forem corretas. (D) e apenas as frases II e III forem corretas. (E) e todas as frases forem corretas. 02 "Não houve, nos países subdesenvolvidos, como aconteceu nos países industrializados, uma passagem da população do setor primário para o secundário e, em seguida, para o terciário. A urbanização foi terciária. Somente depois, evidentemente com exceções, é que a grande cidade provocou a criação de indústrias." (Milton Santos, Manual de Geografia Urbana.) Entende-se por urbanização terciária: (A) A presença de indústrias nas áreas urbanas, mo- tivando o êxodo rural. (B) O processo de industrialização das cidades, ab sorvendo mão-de-obra rural. (C) A passagem gradual da economia do país pe- los diversos setores de atividades. (D) O processo de hipertrofia do setor de serviços nas cidades, provocado pelo acúmulo de popu- lação. 03 Sobre o surto de urbanização que se verifica no mundo, é correto afirmar que: (A) É verificado com a mesma intensidade nos paí- ses desenvolvidos e subdesenvolvidos. (B) É provocado em todo o mundo pelos altos índi- ces de natalidade. (C) É um fenômeno característico dos países indus- trializados europeus. (D) É mais intenso nos países subdesenvolvidos, tendo como causa o êxodo rural. (E) É mais intenso nos países desenvolvidos devi- do ao desenvolvimento industrial. 04 (PUC-SP) Leia com atenção: “A Terra urbanizou-se ainda mais depressa do que previra o Clube de Roma em seu relatório de 1972 (Limites de Crescimento) [...] Em 1850, havia 86 cidades no mundo com mais de um milhão de habitantes; hoje são 400, e em 2015 serão pelo menos 550.” (Mike DAVIS. “Planeta Favela”. São Paulo, Boitempo, 2006, p. 13-14) 308 É correto afirmar que (A) esse ritmo acelerado de urbanização concen- trado é expressão do que ocorreu na Europa, com a reconstrução, após a 2ª Guerra Mundial. (B) a concentração urbana em grandes cidades tem sido mais comum nos países asiáticos do que nos países sul-americanos, em razão da escas- sez territorial dos primeiros. (C) atualmente, a América do Sul já possui índices de urbanização que se assemelham aos índi- ces da Europa. (D) o fundamental dessa urbanização acelerada deve-se a processos dos anos 1950 e 1960, na China socialista, onde a opção foi pelo modo de vida urbano. (E) países de grande extensão territorial, como Ín- dia e Brasil, tendem a ter urbanização mais dis- tribuída, com raras cidades que ultrapassam 1 milhão de habitantes. 05 (UERJ) E os governos do Terceiro Mundo sabem ainda menos sobre as suas fronteiras urbanas, esses estranhos limbos onde se faz a transição entre cidades ruralizadas e campos urbanizados. A orla urbana é a zona de impacto social onde a força centrífuga da cidade colide com a implosão do campo. MIKE DAVIS Adaptado de Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006. O trecho sublinhado sugere que a orla urbana das grandes metrópoles do Terceiro Mundo é a expressão espacial da convergência de dois processos. Esses dois processos, significativos na segunda metade do século XX, são: (A) verticalização e imigração (B) periferização e êxodo rural (C) conurbação e migração pendular (D) industrialização e tráfico de mão-de-obra 06 (ENEM) A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria, pois provém de uma concepção de vida fundamental: a de que a atividade social e cultural não pode ser uma construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América, é criação do homem ocidental. PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis - Revista do Programa de Pós-graduação em Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado). As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque (A) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemáticos que não encontram respaldo na história do Brasil ou da América. (B) as cidades, na primeira afirmação, têm um pa- pel mais fraco na vida social, enquanto a Améri-ca é mostrada como um exemplo a ser evitado. (C) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser inventadas, é negada logo em seguida pelo exemplo utópico da colonização da América. (D) a concepção fundamental da primeira afirma- ção defende a construção de cidades e a se- gunda mostra, historicamente, que essa estra- tégia acarretou sérios problemas. (E) a primeira entende que as cidades devem ser organismos vivos, que nascem de forma espon- tânea, e a segunda mostra que há exemplos his- tóricos que demonstram o contrário. 07 "A urbanização nem sempre é uma decorrência, em todos os países subdesenvolvidos, do surto de industrialização. Existem processos de urbanização rápida em muitos países que ultrapassam a industrialização. Se de um lado a industrialização abre novas perspectivas de trabalho nas áreas urbanas, estimulando o êxodo rural, este, por sua vez, não é resultado somente dela. O êxodo rural, fenômeno responsável, ao lado do crescimento natural da população urbana, pelo grande crescimento das cidades, tem causas variadas." (Estudos de Geografia, Melhem Adas, Editora Moderna.) Podemos apontar como causas predominantes do êxodo rural nos países desenvolvidos: (A) A mecanização da lavoura, transformação nas relações de trabalho no meio rural. (B) A difusão da pequena propriedade; o aumento da fertilidade do solo agrícola. (C) A difusão da educação nas áreas rurais; pro gra- mas oficiais de valorização e fixação do traba- lhador no campo. (D) A proibição do trabalho agrícola infantil; as faci- lidades crescentes para a compra de terras por posseiros, parceiros e pequenos proprietários. (E) A tendência crescente à instalação de indústri- as no campo; as diversas reformas agrárias que têm ocorrido nesses países. 08 (FALBE) "Na atual fase da economia global, é precisamente a combinação da dispersão global das atividades econômicas e da integração global, mediante uma concentração contínua do controle econômico e da propriedade, que tem contribuído para o papel estratégico desempenhado por certas grandes cidades, que denomino cidades globais." SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998, p.16-17. Partindo do texto acima, assinale a alternativa que caracteriza corretamente cidades globais: (A) estruturam-se como aglomerados urbanos e econômicos sendo centros vitais da dinâmica capitalista atual e estão localizadas apenas em países desenvolvidos. (B) definem-se como cidades de comando da eco- nomia mundial por se destacarem como cen- tros financeiros e bancários e como polos de pesquisa em ciência e tecnologia. (C) definem-se como megacidades, pois é o total populacional o responsável por sua capacidade de polarizar a economia em vários aspectos como no caso do Mumbai. (E) organizam-se a partir de uma rede de serviços que as interligam pelo planeta. Também têm como característica serem consideradas centros sub-regionais de polarização urbana. 309 09 (UEL) Leia o texto a seguir. Segundo a Globalization and World Cities Study Group & Network, atualmente são reconhecidas mais de 50 cidades globais no planeta, divididas em três grupos, por grau de importância, Alfa, Beta e Gama. (Adaptado de: INFOESCOLA. Cidades Globais. Disponível em: . Acesso em: 23 jun. 2013.) Sobre o conceito de cidade global, assinale a alternativa correta. (A) Aplica-se à junção de duas ou mais metrópoles nacionais, com elevado tráfego urbano e aéreo internacionais. (B) Aplica-se às cidades em áreas de conurbação com os maiores Índices de Desenvolvimento Hu- mano (IDH) do planeta. (C) Define-se por cidades que possuem elevados índices de emprego e renda e que atraem imi- grantes de várias partes do mundo. (D) Refere-se aos centros de decisão e locais geo- gráficos estratégicos, nos quais a economia mundial é planejada e administrada. (E) Refere-se a um conjunto de regiões metropoli- tanas, que formam áreas com maior número de população do planeta. 10 (UFJF-PISM II) Leia o texto. "Para avaliar se uma cidade é global, considera-se: o número de escritórios das principais empresas (em contabilidade, consultoria, publicidade, banco e consultorias) a sua rede financeira/bancária, de telecomunicações, etc.. As cidades globais são vetores importantes da globalização. Elas são sede de poder e por meio delas que a economia global é administrada, coordenada e planejada. Elas formam uma rede onde transitam os trilhões que alimentam os mercados financeiros internacionais. [...] Estudos recentes registram 55 cidades globais no mundo". Fonte: Maria da Glória in: http://lite.fae. unicamp.br/revista/gohn.html Com base no texto, pode-se afirmar que cidade global é definida pela: (A) quantidade de habitantes. (B) localização geográfica. (C) influência supranacional. (D) economia sóciodemocrata. (E) reserva de biodiversidade. 11 (UERJ) A análise das áreas de influência das metrópoles permite identificar características atuais da rede urbana nacional, como é o caso da descontinuidade espacial da polarização exercida por um centro urbano e a superposição espacial das áreas de influência das cidades. Um exemplo pode ser observado no mapa ao lado, no caso das áreas polarizadas por Curitiba e por Porto Alegre. A descontinuidade espacial das áreas de influência dessas duas metrópoles meridionais tem como principal explicação a existência de: (A) fluxos de migrantes da região Sul para outras regiões (B) filiais de indústrias gaúchas e paranaenses dis- persas pelo país (C) redes de transporte rodoviário com origem nos estados sulistas (D) matrizes de bancos curitibanos e porto- alegrenses e agências em outros estados 01 Estimativas feitas pela ONU indicam que no ano 2015 dois terços da população mundial estarão vivendo nas cidades. Compare os dados de 1995 com a projeção feita para o ano 2015 e destaque as mudanças que ocorreram quanto à localização geográfica das maiores concentrações urbanas. 310 02 (UERJ) Observe os quadros abaixo, que tratam das grandes aglomerações urbanas mundiais. QUADRO I Percentual de população urbana nas maiores cidades nacionais em relação à população urbana do país País Cidade % Guatemala Guatemala City 71,8 Congo Brazzaville 66,2 Haiti Porto Príncipe 60,9 Tailândia Bancoc 59,2 Uruguai Montevidéu 43,2 QUADRO II Número de aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes Regiões 1975 1995 2005 2015 Mais desenvolvidas 2 4 4 4 Menos desenvolvidas 3 10 15 17 (Adaptado de http://www.un.org/esa/population/publications) Apresente: a) duas consequências socioespaciais para os países que apresentam o fenômeno de macrocefalia urbana expresso no quadro I; b) duas justificativas para o processo diferenciado 03 No mapa, o conjunto das áreas em laranja e o conjunto em azul representam, cada um, metade do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano distribuído por todo o território do país. Justifique a grande concentração espacial da riqueza norte-americana nas áreas em laranja. Cite, ainda, duas atividades econômicas relevantes, realizadas nessas áreas, que favorecem a concentração espacial do PIB. 04 O conceito de megacidade contribui para o entendimento do processo de urbanização em diferentes países do mundo. Na tabela, mostram-se dados passados e projeções de ocorrência no mundo desse tipo específico de aglomeração urbana. Apresente o critério demográfico que define megacidade. Comparando as duas colunas, identifique uma tendência da distribuição espacial das megacidades no mundo. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA ATIVIDADE ECONÔMICA DOS ESTADOS UNIDOS DEZ MAIORES MEGACIDADES NO MUNDO EM 1990 E EM 2030 311 As cidades na sociedade capitalista podem exercer inúmeras funções urbanas, sejam elas produtivas ou não. Na Europa, por exemplo, existem cidades muito pequenas, porque dependendo do país as mesmas são consideradas aglomerados urbanos com uma importante gama de serviços essências à população. No Brasil para seralçada a categoria de cidade basta ser a sede política administrativa do município, independentemente do número de habitantes, atividade produtiva desenvolvida e infraestrutura urbana. TIPOS DE CIDADES As cidades podem ser classificadas da seguinte forma: a) Quanto ao Sítio Sítio urbano refere-se ao local no qual está superposta a cidade, sendo assim a classificação quanto ao sítio leva em consideração a questão topográfica. Como exemplo temos: cidades onde o sítio é uma planície, um planalto, uma montanha, etc. a) Quanto à Situação Situação urbana corresponde à posição que ocupa a cidade em relação aos fatores geográficos. Como exemplo temos: cidades fluviais, marítimas, entre o litoral e o interior, etc. b) Quanto à Função Função corresponde à atividade principal desenvolvida na cidade. Como exemplo temos: cidades industriais, comerciais, turísticas, portuárias, etc. c) Quanto à Origem Pode ser classificada de duas formas: planejada e espontânea. Como exemplo temos: Brasília, cidade planejada e Belém, cidade espontânea. d) Quanto ao Tamanho O IBGE caracteriza as cidades da rede urbana da seguinte forma: ••••• Cidade pequena: 500 a 100 000 habitantes; ••••• Cidade média: 100 001 a 500 000 habitantes; ••••• Cidade grande: acima de 500 000 habitantes; ••••• Megacidade: acima de 10 000 000 de habitantes. FUNÇÕES URBANAS As funções exercidas por uma cidade ou mais cidades estão associadas à Divisão social e/ou Territorial do Trabalho num país ou região. Essas funções correspondem às principais atividades desenvolvidas na cidade. Como exemplo, temos as cidades industriais, comerciais, turísticas, portuárias, etc. Dependendo da importância o alcance desses serviços podem ultrapassar os limites de um município ou até de um estado. A área de influência de cada cidade é determinada pelo alcance das funções mais sofisticadas, isto é, a distância máxima alcançada pelos seus serviços. DINÂMICA DA ORGANIZAÇÃO INTERNA DA CIDADE A diferenciação socioeconômica do espaço urbano consiste na delimitação de áreas da cidade de acordo com as características econômicas e sociais que encontramos. Existem fatores importantes para diferenciarmos os usos e os abusos do espaço urbano, são fatores importantes no processo de diferenciação do espaço urbano o custo do solo, a qualidade ambiental, as amenidades, a acessibilidade à infraestrutura de transporte, a existência de equipamentos urbanos (escolas, creches, correios, universidades, etc) e a segurança pública. Com esses equipamentos, as cidades podem enfim, desenvolver atividades político-administrativas, econômicas, residenciais, lazer, entretenimento e cultura. O Distrito Central de Negócios (CBD-Central Business District) concentra atividades do setor terciário (comércio especializado, administração pública e justiça), a vida econômica (sedes de banco e empresas de diferentes setores), o lazer e o entretenimento cultural (cinema, museus e teatros) Na Área de Transição na área central permanecem indústrias de bens de consumo e que utilizam pouca energia, atividades de suporte às atividades terciárias e secundárias e, serviços de menor envergadura. Em muitas cidades essas áreas vêm sofrendo valorização do solo urbano devido a revitalização econômica. Revitalização das áreas com mais sinais de degradação. Mantêm-se os bairros com as mesmas características funcionais, mas melhoram-se as condições físicas, internas e externas dos prédios e dinamizam-se as atividades de forma a torna a área mais atrativa. A GENTRIFICAÇÃO visa à revitalização das áreas urbanas que apresentem sinais de depressão e degradação, PARTE VII: ESTRUTURA INTERNA DAS CIDADES UNIDADE 01: • FUNÇÕES URBANAS • DINÂMICA DA ORGANIZAÇÃO INTERNA DA CIDADE • FLUXOS E FIXOS DE UMA CIDADE 312 declínio econômico e urbano, desemprego e degradação da qualidade de vida da população, exclusão social e insegurança. A reabilitação é muitas vezes encarada com uma oposição à construção de bairros sociais, onde as más condições de vida, a miséria e a marginalidade imperam. A reabilitação visa não só uma melhoria dos edifícios quer interna que externa, mas também uma dinamização das atividades que nestes se instalaram. Área residencial da classe trabalhadora que fica próximo ao distrito central e que possui um valor do solo urbano bastante inferior em relação ao núcleo central, apesar de dotado de boa infraestrutura. Abriga atividades que precisam estar próximas ao centro tais como armazéns, depósitos, comércio atacadista, indústrias leves e outras atividades que atendam às necessidades do núcleo central ou da cidade como um todo. Abriga também núcleos residenciais de população de baixa renda. Área residencial da classe abastada, extratos de renda média e alta costumam ficar em regiões distantes da área central, que possui um valor do solo urbano bastante inferior em relação aos condomínios residências de luxo localizado fora dos limites das cidades. Este fato está associado ao uso do automóvel e a fuga das áreas degradadas. O exemplo acima se encaixa perfeitamente nas sociedade estadunidense, onde o automóvel e a segregação socioespacial são elementos fundamentais na diferenciação do espaço. FLUXOS E FIXOS DE UMA CIDADE As transformações tecnológicas estão associadas as mudanças de ordem econômica, que interferem decisivamente no crescimento e estruturação das cidades. O sistema de transporte moderno e eficiente garante elevada mobilidade das pessoas, permitindo que se distribuam com maior liberdade no território. Mas talvez a mudança tecnológica de maior impacto tenha sido o avanço das telecomunicações e da tecnologia da informação, que aliado a uma logística de transportes eficiente, possibilitou um refinamento da divisão territorial do trabalho e aumentou o grau de liberdade locacional das empresas, com consequências óbvias no desenvolvimento das cidades. Redesenhando uma nova geografia da circulação de bens, serviços e capitais, permitindo maior integração e desenvolvimento de regiões consideradas periféricas ou deprimidas. 01 Quais são os critérios para classificação das cidades? 02 O que são funções urbanas? 03 Identifique fatores importantes no processo de diferenciação do espaço urbano. 04 Quais são as atividades predominantes nas áreas centrais das grandes cidades? 05 Como as cidades são divididas quanto à origem? 01 O tecido social brasileiro sofre um contínuo e histórico processo de esgarçamento em função das desigualdades sociais e da ausência de um ideal coletivo de progresso e bem-estar. A expulsão de trabalhadores do campo interfere na dinâmica interna das cidades, determinando alterações na hierarquia urbana. Uma importante conseqüência desse fluxo migratório é a: (A) redução dos serviços urbanos (B) favelização das áreas periféricas (C) atrofia do mercado de consumo (D) retração do mercado imobiliário 02 Búzios está à venda e a leva quem der mais ao correr do martelo. A favelização tomou conta do bairro Cem Braças, na entrada da cidade, as barracas de lona se espalham pelo bairro da Rasa, a Serra das Emergências está sendo invadida por posseiros. ("Jornal do Brasil", 12/05/2002) Esse cenário de crise urbana parece indicar que os graves problemas sociais não se limitam mais às metrópoles brasileiras. O caso de Búzios, que é uma cidade turística e de veraneio, possui inúmeras semelhanças com o de qualquer grande cidade. Duas semelhanças entre Búzios e uma grande cidade brasileira estão apontadas na seguinte alternativa: (A) restrição legal do espaço edificável - investimen- tos em loteamentos populares (B) chegada crescente de migrantes - políticas mu- nicipais de estímulo ao êxodo rural (C) mercantilização do solo urbano - segregação dos menos favorecidos em áreas desvalorizadas (D) ocupação agrícola desordenada - aglomeração da população de baixa renda na orla marítima. 03 (UERJ) FAVELA Numa vasta extensão onde não há plantação nem ninguém morando lá. Cada um pobre que passa por ali só pensa em construir seu lar. E quando o primeiro começa os outros,depressa, procuram marcar seu pedacinho de terra pra morar. E assim a região sofre modificação, fica sendo chamada de nova aquarela. É aí que o lugar então passa a se chamar Favela ("Padeirinho" - Jorginho) As primeiras favelas do Rio de Janeiro surgiram, provavelmente, ao final do século XIX nos morros Favela - atual Providência - e Santo Antônio, numa época de intenso crescimento populacional e significativas modificações urbanas. 313 O conhecimento histórico desse processo e as observações feitas pelos autores da canção permitem afirmar que o surgimento das favelas, no Rio de Janeiro, está ligado à conjugação dos seguintes fatores: (A) expansão espacial da cidade e disputa pela ocu- pação do solo (B) política estatal de habitação popular e cresci- mento da área metropolitana (C) decadência agrícola fluminense e competição entre áreas de especialização produtiva (D) momento de imigração estrangeira e atração de novos trabalhadores para a indústria. 04 (UERJ) A NOVA FRONTEIRA URBANA Por que tantas áreas centrais na Europa, América do Norte e Austrália vêm sendo tão radicalmente renovadas nas últimas três décadas, convertendo decadência urbana em novo chic? O processo vai continuar no século XXI ou acabou? O que ele significa para as pessoas que moram lá? (Traduzido de SMITH, Neil. The new urban frontier. Londres: Routledge, 1996.) A NOVA APOSTA DO SETOR IMOBILIÁRIO A venda, em menos de duas horas, dos 688 apartamentos do Cores da Lapa, em pleno coração do Rio, mostra o acerto da aposta num bairro até há pouco tempo esvaziado economicamente e há três décadas sem um único grande lançamento imobiliário. Os mais céticos duvidavam do sucesso de um condomínio de classe média, encravado na Rua do Riachuelo, onde funcionava uma antiga fábrica da Antárctica. (Adaptado de Jornal do Brasil, 12/11/ 2005) Os textos acima abordam o atual processo de reabilitação de áreas urbanas que se encontravam decadentes em várias cidades do mundo, inclusive no Rio de Janeiro. Uma causa e uma das conseqüências que se pode esperar desse processo são, respectivamente: (A) reativação das funções urbanas para a popula- ção de média e alta renda - expulsão da popula- ção de baixa renda pela valorização do solo ur- bano (B) especulação imobiliária ligada ao setor financei- ro - descentralização dos serviços ligados ao lazer e à cultura pela reordenação dos critérios de construção (C) construção de elevados e vias de ligação da Área Central aos bairros residenciais - redução da densidade da ocupação do solo urbano pelo novo código de obras (D) remoção das atividades terciárias para os subcentros comerciais - elevação dos índices de crescimento da população dos bairros cen- trais pela reurbanização das áreas de periferia. 05 (UERJ) Observe nas imagens a área urbanizada em quatro metrópoles nos anos de 1990 e de 2000. No período 1990-2000, o processo de periferização ocorreu de forma mais intensa na área metropolitana de: (A) Varsóvia (B) Chengdu (C) Bangalore (D) Sacramento 06 (UERJ) O MOVIMENTO E A AVENIDA Em vista da importância do Exército para as classes dominantes, não é de admirar que o tráfego militar fosse o fator determinante do planejamento das cidades, exemplificado pelo traçado das avenidas de Paris, proposto pelo prefeito Haussmann entre 1853 e 1870. Adaptado de MUNFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo: Martins Fontes, 1991. TOPOGRAFIA DA MARÉ FACILITA OCUPAÇÃO PELO EXÉRCITO Ao adotar no Complexo da Maré estratégia semelhante à utilizada para ocupar os Complexos do Alemão e da Penha, o Exército vai encontrar mais vantagens do que desvantagens, apesar de a nova região ser maior e mais populosa. A topografia da área a ser pacificada é plana, e as ruas são mais largas, fatores que acabam facilitando a distribuição do efetivo e as manobras dos veículos militares. Adaptado de extra.globo.com, 02/04/2014. 314 Apesar das muitas diferenças existentes entre Paris no século XIX e Rio de Janeiro no século XXI, os textos apontam para manifestações do exercício do poder militar em ambas as cidades. Nos dois contextos, é reconhecível a seguinte relação estratégica entre o espaço da cidade e a ação do Estado: (A) sítio urbano e polarização política (B) morfologia urbana e controle social (C) hierarquia urbana e segurança pública (D) centro urbano e marginalização econômica 07 A Zona Portuária do Rio de Janeiro vem recebendo muitos investimentos públicos e privados com o objetivo de promover sua renovação física e funcional. Considerando a charge, a nova dinâmica espacial pode ter a seguinte consequência sobre o processo de urbanização nessa região da metrópole carioca: (A) mudança do perfil social (B) degradação do setor comercial (C) aumento da atividade industrial (D) redução da acessibilidade viária 08 Nota intitulada "Urbano ou rural?" foi destaque na coluna Radar, na revistaVeja. Ela apresenta o caso extremo de União da Serra (RS), município de 1900 habitantes, dos quais 286 são considerados urbanos. A reportagem da revista apontou as seguintes evidências: (A) a totalidade dos moradores sobrevive de rendi- mentos associados à agropecuária; (B) a "população" de galinhas e bois é 200 vezes maior que a de pessoas; (C) nenhuma residência é atendida por rede de es- goto; (D) não há agência bancária. 08 Na imagem anterior, visualiza-se a região da Baixada Santista, com as diversas cidades que compõem esse espaço do litoral paulista. A análise da imagem permite reconhecer a ocorrência do seguinte processo socioespacial comum em cidades de áreas metropolitanas: (A) favelização (B) conurbação (C) gentrificação (D) verticalização 10 A final da Taça Rio 2006 pôs em confronto times que em sua origem relacionam-se a espaços distintos da cidade do Rio de Janeiro - o Subúrbio e a Zona Sul -, ambos com história e tipos humanos marcantes. O subúrbio brasileiro possui um perfil socioeconômico que o diferencia de outras concepções internacionais. O padrão metropolitano de subúrbio cujo conteúdo social difere da realidade brasileira está corretamente descrito em: (A) europeu - habitado pela população de baixa ren- da (B) norte-americano - ocupado pela população de alta renda (C) japonês - hierarquizado pelo grande contraste de renda da população (D) australiano - destinado tanto à população de alta renda como à de baixa renda 11 Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa cousa em matéria de edificação da cidade. Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, pode ser imaginado. Não há nos nossos subúrbios cousa alguma que nos lembre os famosos das grandes cidades européias, com as suas vilas de ar repousado e satisfeito, as suas estradas e ruas macadamizadas* e cuidadas, nem mesmo se encontram aqueles jardins, cuidadinhos, aparadinhos, penteados, porque os nossos, se os há, são em geral pobres, feios e desleixados. * tipo antigo de pavimentação (BARRETO, A. H. de L. "O Triste Fim de Policarpo Quaresma". São Paulo: Brasiliense, 1956.) A comparação de Lima Barreto expressa a diferenciação, já existente no início do século XX, entre os subúrbios cariocas e os subúrbios das cidades de outros países. Esta diferenciação está expressa adequadamente na seguinte afirmativa: (A) Os subúrbios cariocas abandonados pelo po- der público constituíam uma contradição, pois, inversamente ao que ocorria no resto do mun- do, eles abrigavam a população de maior pres- tígio social. 315 A cidade cresce horizontalmente e verticalmente. O crescimento horizontal revela a ocupação de áreas anteriormente vazias ou utilizadas para atividades primárias. Essas áreas são divididas em lotes que se multiplicam na periferia urbana. O crescimento vertical é demonstrado pelo aumento da construção de edifícios bem altos. Nesse contexto de crescimento das cidades do mundo capitalista, os lotes urbanos refletem claramente seu caráter de mercadoria através de um processo de valorização do espaço urbano. Levando em conta a dinâmica docrescimento das cidades, marcada pela segregação socioespacial: a) Explique como se dá o processo de valorização do espaço urbano; b) Apresente duas medidas a serem adotadas pelo poder público para combater essa segregação. 02 "As professoras que fazem o censo escolar no Rio apuraram um vazio que já desconfiávamos: não há mais crianças no centro da cidade. Bateram a muitas portas, indagaram de moradores: - Onde estão os meninos? Não tinham meninos. Algum raro espécime que se vê na rua vem do norte ou do sul da cidade; para fazer companhia à mãe, sofrer no dentista, comprar sapato em liquidação. Há lugares onde faz muitos anos não passa um garoto... Onde está o menino, para onde foi o menino?" (Carlos Drummond de Andrade, Cadeira de balanço.) Responda à pergunta feita pelo autor. 03 (UERJ) BÍBLIA DO JORNALISMO DOS E.U.A. VÊ ITAQUERÃO COMO "MONUMENTO À GENTRIFICAÇÃO" A nova edição da revista New Yorker, considerada a bíblia do jornalismo norteamericano, apresenta um texto de quatorze páginas sobre o futebol brasileiro, a preparação do país para a Copa do Mundo e o Corinthians. Escrita para o público dos Estados Unidos, a reportagem cita o Itaquerão, palco da abertura da Copa do Mundo, em São Paulo, como um "monumento à gentrificação". Gentrificação é o nome dado ao fenômeno socioespacial que afeta a população de baixa renda de determinado lugar por meio da valorização imobiliária provocada por um novo empreendimento, como um shopping center ou um estádio de futebol, por exemplo. Adaptado de copadomundo.uol.com.br, 06/01/2014. Cite duas consequências socioespaciais negativas do processo apresentado no texto para a população de baixa renda local, explicando cada uma delas. (B) Os subúrbios das grandes cidades européias fo- ram reservados principalmente para a prática da agricultura, situação inversa aos seus equiva- lentes cariocas, locais da indústria e de mora- dia da classe operária. (C) Os subúrbios no mundo eram destinados à po- pulação de baixo status social mas, ao contrá- rio do Rio, nas cidades das nações ricas não ocorre o abandono dos investimentos públicos no seu embelezamento. (D) Os subúrbios cariocas caracterizaram-se pela precária infra-estrutura urbana e como moradia da população de baixa renda, em oposição ao ocorrido em várias outras cidades das nações desenvolvidas. 12 (ENEM) A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria, pois provém de uma concepção de vida fundamental: a de que a atividade social e cultural não pode ser uma construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América, é criação do homem ocidental. PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis - Revista do Programa de Pós-graduação em Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado). As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque (A) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemáticos que não encontram respaldo na história do Brasil ou da América. (B) as cidades, na primeira afirmação, têm um pa- pel mais fraco na vida social, enquanto a Améri- ca é mostrada como um exemplo a ser evitado. (C) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser inventadas, é negada logo em seguida pelo exemplo utópico da colonização da América. (D) a concepção fundamental da primeira afirma- ção defende a construção de cidades e a se- gunda mostra, historicamente, que essa estra- tégia acarretou sérios problemas. (E) a primeira entende que as cidades devem ser organismos vivos, que nascem de forma espon- tânea, e a segunda mostra que há exemplos his- tóricos que demonstram o contrário. 01 316 PARTE VIII: OS GRANDES PROBLEMAS URBANOS UNIDADE 01: • A QUESTÃO DA MORADIA • A QUESTÃO DO TRANSPORTE • A VIOLÊNCIA • A SEGREGAÇÃO NO ESPAÇO URBANO A QUESTÃO DA MORADIA O crescimento desordenado das cidades e o fim da sociedade do trabalho, onde o trabalhador além de garantir o sustento de sua família através do salário, o mesmo recebia do Estado todo amparo social necessário para garantir seus direitos fundamentais, tais como moradia, saúde, alimentação e segurança. Hoje temos o avanço de uma lógica liberal onde esta responsabilidade passa a ser do cidadão, vulnerabilizando milhões de trabalhadores que perdem a capacidade de sustentar suas famílias. No meio urbano o principal problema é a moradia. O déficit habitacional no Brasil não se restringe às favelas e periferias, esse problema atinge milhões de brasileiros. O conceito de déficit habitacional utilizado está ligado diretamente às deficiências do estoque de moradias. Engloba aquelas sem condições de serem habitadas devido à precariedade das construções ou em virtude de desgaste da estrutura física. Elas devem ser repostas. Inclui ainda os moradores de baixa renda sem condições de suportar o pagamento de aluguel e aos que vivem em casas e apartamentos alugados com grande densidade de pessoas. Segundo definição do IBGE, Aglomerados Subnormais são o conjuntos constituídos por no mínimo 51unidades habitacionais (barracos, casas etc.). Ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular), dispostas, em geral, de forma desordenada e densa, e carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais. Trata-se de um eufemismo do IBGE para não utilizar o termo "favelas", que apesar de popularizado no Brasil é fortemente carregado de preconceitos sociais. Tanto é assim que também os moradores das favelas evitam esse nome, preferindo denominar os seus locais de moradia, entre outros, como "vilas" e "comunidades". A QUESTÃO DO TRANSPORTE Carência de Serviços de Infraestrutura é um grave problema no Brasil. Existem domicílios que não dispõem de ao menos um dos seguintes serviços básicos: iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água com canalização interna, rede geral de esgotamento sanitário ou fossa séptica e coleta de lixo. Estudos realizados nos últimos anos apontam a mobilidade urbana como uma questão crucial no desenvolvimento das grandes cidades brasileiras. Além de afetar a qualidade de vida dos moradores, ela desequilibra a economia das cidades e acentua a exclusão social. A demora nos deslocamentos, os longos congestionamentos e a falta de acesso ao transporte são problemas diretamente decorrentes do atual modelo de mobilidade adotado. Os problemas apresentados no transporte não são somente de ordem operacional, mas, também, de sustentabilidade. Vários fatores contribuem para a redução da demanda de passageiros, como o crescimento do transporte individual, o aumento de transporte clandestino, empobrecimento da população, falta de investimentos públicos permanentes no setor e a falta de flexibilidade de gestores e operadores em qualificar e tornar mais eficiente os equipamentos e os serviços. Um fator bastante relevante que contribuiu para a queda do número de passageiros transportados foi o aumento das tarifas em níveis desproporcionais à capacidade de compra do salário mínimo; e também a prioridade dada pelos governos aos automóveis, que são individuais, além da falta de atenção dos órgãos responsáveis pelo setor. A VIOLÊNCIA O aprofundamento da crise socioeconômica no Brasil na década de 1980 acabou asfixiando financeiramente o Estado, comprometendo as contas públicas e os investimentos essenciais à população. Essa conjuntura provocou um grave desequilíbrio social, pois foi marcada pela aceleração da inflação, que afeta principalmente os segmentos de menor poder aquisitivo da população. O arrefecimento da atividade econômica e a falência do estado nesse período contribuíram com o avanço do desemprego e, por conseguinte, o aumento da pobreza nas grandes cidades brasileiras. O cenário de crise econômica com o aumento das desigualdades sociais nas grandes cidades brasileiras aprofundou a crise de governabilidade enfrentada pelos estados. Essa conjuntura desfavorável foi responsável pela escalada da violência e criminalidadenas grandes cidades brasileiras, em especial, nas grandes cidades. O principal problema deste período foi o tráfico de drogas, que infelizmente encontrou nos espaços segregados das cidades um território particular e muito especial para sua territorialização. No caso da cidade do Rio de Janeiro, os 317 A SEGREGAÇÃO NO ESPAÇO URBANO O processo de segregação sócioespacial é uma expressão territorial das classes sociais. Isto é, a diferenciação do espaço conforme o poder aquisitivo e a capacidade de consumo de grupos que compõem a sociedade, o que nos permite também a denominar a segregação sócioespacial de segregação residencial. O fenômeno da segregação sócioespacial é um processo socialmente produzido em que as pessoas com menor poder aquisitivo ou econômico têm acesso apenas às áreas menos valorizadas no interior de uma cidade. Fonte: www.angeli.com.br Folha de São Paulo No Brasil, as classes populares representam a grande maioria da população, o que resulta na grande quantidade de favelas, loteamentos na periferia (muitas vezes, irregulares) e cortiços em nossas cidades. Essas pessoas comumente são "marcadas" pelo local onde moram, sendo pejorativamente chamadas de "faveladas" e "suburbanas", o que agrava os problemas de integração e convivência entre os grupos sociais diferentes, além de refletir na auto- estima coletiva dessa população. Ao mesmo tempo em que a elite induz a população de baixa renda a ocupar as áreas rejeitadas, ela opta, muitas vezes, por se isolar ao máximo da cidade. Para se livrar do barulho, dos congestionamentos, da sujeira e, cada vez mais, da "ameaçadora" violência urbana, as classes de média e alta renda se autossegregam nos chamados condomínios fechados, que se multiplicam nas grandes cidades brasileiras. Fonte: www.angeli.com.br Folha de São Paulo A intensificação da segregação residencial está ligada diretamente à péssima distribuição de renda, baixos salários, especulação imobiliária e insuficiência do poder estatal num país como o Brasil. Assim, ao mesmo tempo em que a segregação tem origem nas desigualdades socioeconômicas, ela favorece a manutenção dessas desigualdades. Quanto maior for a segregação, menores serão as chances de interação entre grupos sociais diferentes; isto é um problema porque o convívio entre os grupos tende a facilitar a destruição de preconceitos: "teme-se e odeia-se muito mais facilmente aqueles que, no fundo, não se conhece, embora se pense conhecer". É desta forma que a segregação não só gera preconceitos, como permite o contínuo agravamento destes e da existência de intolerância e de conflitos no espaço urbano, onde o isolamento tanto de pobres quanto de ricos aumenta as desigualdades de uma sociedade em que todos não têm, definitivamente, as mesmas oportunidades. (Adaptado por do livro "ABC do desenvolvimento urbano", de Marcelo Lopes de Souza, 2003). A cidade capitalista é claramente dividida em áreas residenciais distintas. Estas áreas se diferenciam, no caso das cidades brasileiras, principalmente, pela renda de seus moradores. Como renda e poder se confundem numa sociedade capitalista, as diferenças econômicas entre os diversos grupos sociais acabam sendo refletidas no espaço urbano, influenciando onde cada classe social pode viver. Assim, as classes sociais de média e alta renda escolhem as áreas que querem ocupar, expulsando as classes populares para as áreas rejeitadas, que podem ser tanto áreas distantes do Centro da cidade (como os subúrbios e as periferias), quanto as áreas de difícil acesso ou pouco atraentes para a habitação, como morros, áreas alagadiças, margens de rios entre outras. efeitos do tráfico de drogas provocaram uma fragmentação do tecido sociopolítico espacial degradando ainda mais os vulneráveis direitos civis do cidadão morador de favela, que passou a viver acuado entre a tirania do tráfico de drogas e a violência policial (SOUZA, 1996). O crescimento da violência e da criminalidade no Brasil nas últimas décadas é resultado da conjugação dos seguintes problemas: desemprego, concentração de renda, precariedade do ensino público e crise institucional (valores éticos no poder público) e retração da ordem estatal. 318 01 O que são os aglomerados subnormais? 02 De que maneira a ineficiência do sistema de transportes contribui para a favelização? 03 O que é segregação espacial? 04 Identifique causas da segregação espacial no Brasil. 05 Por que a segregação espacial contribui para o aumento das desigualdades? 02 (ENEM) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as favelas fazem parte da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de 10 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível em: http://www.revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 31 jul. 2010. A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial. Nesse sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido (A) o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para atender as necessidades básicas dos moradores. (B) a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço urbano e financiadas pelo poder público. (C) a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação dos espaços naturais circundantes. (D) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com consequentes perdas mate- riais e humanas. (E) o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a resultante multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro 03 (UERJ) TREM DA CENTRAL Empurra pra entrar dez mil nesse trem da Central do Brasil Eu já vou na porta pra saltar em Bangu sei que vou ser chutado e pisado pra chuchu No outro dia não saltei onde moro me chutaram do trem na estação de Deodoro (...) (César Cruz / Silvinha Drumond - 1959) AVENIDA BRASIL, TUDO PASSA QUEM NÃO VIU? De lá pra cá, daqui pra lá eu vou (ah, como vou) Com meu amor vou viajando nessa Avenida pela faixa seletiva no sufoco dessa vida tudo passa, quem não viu? Uma confusão de coisas assim é a Avenida Brasil Linha Vermelha vem cortando a Maré (...) Do importado à carroça o contraste social Nesse rio de asfalto o dinheiro fala alto É a filosofia nacional (...) (Jefinho / Dico da Viola / Jorge Gannen - 1994) 01 (ENEM) O professor Paulo Saldiva pedala 6 km em 22 minutos de casa para o trabalho, todos os dias. Nunca foi atingido por um carro. Mesmo assim, é vítima diária do trânsito de São Paulo: a cada minuto sobre a bicicleta, seus pulmões são envenenados com 3,3 microgramas de poluição particulada - poeira, fumaça, fuligem, partículas de metal em suspensão, sulfatos, nitratos, carbono, compostos orgânicos e outras substâncias nocivas. ESCOBAR, H. Sem Ar. O Estado de São Paulo. Ago. 2008. A população de uma metrópole brasileira que vive nas mesmas condições socioambientais das do professor citado no texto apresentará uma tendência de: (A) ampliação da taxa de fecundidade. (B) diminuição da expectativa de vida. (C) elevação do crescimento vegetativo. (D) aumento na participação relativa de idosos. (E) redução na proporção de jovens na sociedade. 319 Tanto a marcha do carnaval de 1959 quanto o samba-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel de 1994 fazem referência às condições da circulação urbana na cidade do Rio de Janeiro. Uma característica associada aos meios de transporte preservada durante o tempo decorrido entre os dois momentos retratados e sua conseqüência urbana são: (A) estatização do sistema de transporte - /intensificação da ocupação da periferia (B) longa duração dos movimentos pendulares / aceleração do processo de favelização (C) prioridade para o transporte de massa /incentivo ao processo de segregação urbana (D) custo elevado de tarifas / concentração espacial de comércio e serviços na Área Central 04 O problema habitacional na cidade do Rio de Janeiro é antigo,com alguns de seus efeitos mantendo-se há mais de um século, como o tipo de moradia popular retratado nas imagens. Uma causa econômica e um resultado socioespacial, associados diretamente à expansão desse tipo de moradia ao longo do século XX, são: (A) mercantilização do solo urbano - segregação (B) fortalecimento do comércio informal - verticalização (C) crescimento do trabalho assalariado - suburbanização (D) redução do financiamento habitacional - periferização 05 Hoje, a interação espacial entre “comunidades”, no que tange ao deslocamento de pessoas moradoras em uma delas para visitarem amigos ou parentes ou estabelecerem contatos associativos com pessoas residentes em outras, tornou-se um tanto difícil, devido aos mecanismos de controle impostos pelos traficantes e à rivalidade e aos choques entre quadrilhas baseadas em favelas diferentes (...). SOUZA, Marcelo Lopes de. O desafio metropolitano: um estudo sobre a problemática sócio-espacial nas metrópoles brasileiras. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. O fenômeno descrito no texto, que vem ocorrendo nas últimas décadas, corresponde mais diretamente ao seguinte processo socioespacial: (A) hierarquização (B) regionalização (C) metropolização (D) territorialização 06 AS ENCHENTES As chuvaradas de verão, quase todos os anos, causam no nosso Rio de Janeiro inundações desastrosas. Além da suspensão total do tráfego, com uma prejudicial interrupção das comunicações entre os vários pontos da cidade, essas inundações causam desastres pessoais lamentáveis (...). O Rio de Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios elétricos, não pode estar à mercê de chuvaradas, mais ou menos violentas, para viver a sua vida integral. Não sei nada de engenharia, mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema não é tão difícil de resolver (...). Infelizmente, porém, nos preocupamos muito com os aspectos externos, (...) e não com o que há de essencial nos problemas de nossa vida urbana, econômica, financeira e social. ("Vida Urbana", 19/01/1915) (BARRETO, Lima. Crônicas escolhidas. São Paulo: Ática, 1995.) 320 Lima Barreto é considerado um cronista perspicaz da sociedade carioca do início do século XX. O trecho acima apresenta o problema das enchentes, que até hoje tumultua a vida dos cariocas. Dentre as diversas causas apresentadas para a recorrência das enchentes na cidade do Rio de Janeiro, as duas especialmente ressaltadas por Lima Barreto são: (A) ocupação desordenada e ineficiência das comunicações (B) sítio escarpado da cidade e problemas com a engenharia (C) falta de desenvolvimento tecnológico e traçado colonial da cidade (D) ênfase no embelezamento urbano e precariedade da infra-estrutura 07 (MACKENZIE) Observe os mapas para responder a questão. Jornal O Estado de São Paulo, Cader no Cidades, 2010 O Rodoanel, ainda não concluído, é uma obra viária para a circulação de veículosautomotores na Região Metropolitana de São Paulo. Sua constr ução envolvequestões econômicas, sociais, políticas e ambientais. Sendo assim, assinale a alternativa cor reta a respeito desse tema. (A) Trata-se de um projeto que conta com unanimidade na Grande São Paulo, emrazão dos benefícios que propi- cia ao promover a distribuição dos f luxos decaminhões e automóveis, sem maiores danos ambientais, em especial sobre a floresta tropical localizada ao norte da capital paulista. (B) O Rodoanel é u ma respost a inovadora, pois rompe com o modelo detransporte de cargas adotado no Brasil desde a década de 1950, baseado na ferrovia como principal meio de deslocamentos para grandes distâncias. (C) Economicamente o Rodoanel contribui para a f luidez de mercadorias dentro domodelo rodoviarista nacional. Contudo, tem sido alvo de críticas pelos impactosambientais decor rentes da distribuição das fontes de emis- são de poluentes emnovas áreas da Grande São Paulo. (D) crítica recor rente ao Rodoanel é a de que tem priorizado o transporte depassageiros, por meio da constr ução de cor redores de ônibus e trensmetropolitanos. Desse modo, o transporte de cargas em caminhões tem sidoprejudicado, com orientações e regras para que circulem pelas áreas centrais dacapital paulista. (E) A opção desse tipo de modalidade de transporte para o deslocamento de cargase passageiros é a mais comum entre economias desenvolvidas, como EUA, Japão, eentre outras emergentes, como a Rússia e a China. 321 08 (UNIOESTE) O trânsito das grandes cidades tem se constituído como um dos principais desafios ao planejamento urbano contemporâneo. Para tentar enfrentar este desafio, o governo brasileiro publicou a Lei no 12587 de 3 de janeiro de 2012 que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. No artigo 2 da referida Lei, é apresentado o seu objetivo principal: "A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana". O prefeito de uma cidade do interior do Paraná, com cerca de 50 mil habitantes, apresentou algumas medidas com o intuito de diminuir o problema do trânsito: I. Ampliar a construção de ciclovias II. Facilitar o acesso ao transporte individual, prin- cipalmente de carros e motos. III. Criar instrumentos legais que permitam a popu- lação habitar áreas mais próximas do centro da cidade, diminuindo o seu deslocamento entre o local de trabalho e de moradia. IV. Investir em transportes urbanos de massa, prin- cipalmente metrô. Assinale a alternativa correta, que contém as medidas que podem ajudar a diminuir o problema do trânsito na cidade referida. (A) Apenas as afirmações I e II estão corretas. (B) Apenas as afirmações I e III estão corretas. (C) Apenas as afirmações II e III estão corretas. (D) Apenas as afirmações III e IV estão corretas. (E) Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas. 09 O fenômeno de ilha de calor é o exemplo mais marcante da modificação das condições iniciais do clima pelo processo de urbanização, caracterizado pela modificação do solo e pelo calor antropogênico, o qual inclui todas as atividades humanas inerentes à sua vida na cidade. BARBOSA, R. V. R. Áreas verdes e qualidade térmica em ambientes urbanos: estudo em microclimas em Maceió. São Paulo: EdUSP, 2005. O texto exemplifica uma importante alteração socioambiental, comum aos centros urbanos. A maximização desse fenômeno ocorre (A) pela reconstrução dos leitos originais dos cur- sos d'água antes canalizados. (B) pela recomposição de áreas verdes nas áreas centrais dos centros urbanos. (C) pelo uso de materiais com alta capacidade de reflexão no topo dos edifícios. (D) pelo processo de impermeabilização do solo nas áreas centrais das cidades. (E) pela construção de vias expressas e gerenciamento de tráfego terrestre. 10 (ENEM) Um dos grandes problemas das regiões urbanas é o acúmulo de lixo sólido e sua disposição. Há vários processos para a disposição do lixo, dentre eles o aterro sanitário, o depósito a céu aberto e a incineração. Cada um deles apresenta vantagens e desvantagens. Considere as seguintes vantagens de métodos de disposição do lixo: I. diminuição do contato humano direto com o lixo; II. produção de adubo para agricultura; III. baixo custo operacional do processo; IV. redução do volume de lixo. A relação correta entre cada um dos processos para a disposição do lixo e as vantagens apontadas é: 01 (UERJ) O tráfico de drogas na Rocinha está impondo um desafio não apenas à Unidade de Polícia Pacificadora, mas também à segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento. Bandidos vêm intensificando ameaças e ataques a policiais militares e técnicos que fazem o mapeamento para as obras de alargamento e abertura de vias. Segundo especialistas, o alargamento de vias em grandes favelas é fundamental para a melhoria da qualidade de vida dos moradores, sob váriosaspectos. Adaptado de O Globo, 22/11/ 2014. Explique por que a intervenção urbana mencionada pode afetar o controle do território do tráfico de drogas na Rocinha. Em seguida, indique uma consequência dessas obras que contribua para melhorar outros aspectos da qualidade de vida dos moradores, mas que não seja a segurança. 02 (UFJF) Vinte e sete dias por ano preso em um congestionamento? Pois esta é a média de dias que a população da cidade de São Paulo perde por ano em congestionamentos diários de 2 horas e 42 minutos. O tema não sai dos noticiários, nem das rodas de conversas entre paulistanos. E, assim, constitui-se uma espécie de percepção pública da crise de mobilidade na cidade como "problema de trânsito". Será? 322 A ideia de que nosso problema principal é o "congestionamento" oculta diferenças significativas nas dimensões e significados políticos da crise. Quero crer que nossa crise principal não é de trânsito, e sim do sistema geral de mobilidade da cidade, o que inclui o transporte coletivo e os chamados modos não motorizados, como os deslocamentos a pé e por bicicleta. Sendo assim, não por acaso o tema da mobilidade se apresenta como "congestionamento": esta visão expressa a captura da política de circulação pelas intervenções na ampliação física e modernização da gestão do sistema viário, em detrimento da ampliação e modernização dos transportes coletivos. Mais alargamento de avenidas, mais túneis e viadutos, mais zona azul, mais radares e lombadas eletrônicas… e nada de um modelo de transporte coletivo integrado, confortável e barato. Disponível em: a) Por que prevalece a ampliação física e moder- nização da gestão do sistema viário, em detri- mento da ampliação e modernização dos trans- portes coletivos? De acordo com um estudo do Instituto de Pes- quisa Econômica Aplicada (Ipea), nos últimos 15 anos, aumentou o transporte individual mo- torizado no Brasil, enquanto houve uma redu- ção no uso do transporte coletivo, o que, do ponto de vista da eficiência energética e ambiental, é uma tendência bastante preocupante. Disponível em: Acesso em: 23 set. 2011. Adaptado. b) Cite um impacto ambiental provocado pelo au- mento do transporte individual motorizado no Brasil. Com base na notícia acima, apresente duas causas para a ocorrência de deslizamentos de encostas e duas medidas preventivas para impedir ou atenuar as consequências desse fenômeno. 03 DESLIZAMENTO SOBRE O TÚNEL REBOUÇAS A liberação do túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, interditado desde a noite desta terça-feira (23), pode demorar uma semana. Grandes volumes de terra - num total de cerca de 6000 toneladas - deslizaram no local, segundo a Secretaria Municipal de Obras. 323 04 (UNICAMP) "As projeções feitas para o final da década indicam que haverá, na América Latina, 37% de lares em situação de pobreza e 17% em condições de indigência. Na área urbana, essas porcentagens alcançariam 31% e 12%, respectivamente, enquanto que para as áreas rurais, estas seriam de 54% e 31%." (Relatório do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi mento - ECO-92) A dramática realidade social da América Latina no final do século XX, apontada no texto, demonstra o fracasso dos modelos econômicos que preconizavam a superação da chamada "situação do subdesenvolvimento". Apresente duas conseqüências dessa situação de empobrecimento nas grandes cidades latino-americanas. ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ...............................................................................................................................................................................................
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