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055_086_Redacao_7_ano_vol 2

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57
PARTE II
MITOS E LENDAS UNIVERSAIS II
UNIDADE 01
MITOLOGIA NÓRDICA
Thor, o deus nórdico do trovão (na versão cinematográfica da Marvel)
Você certamente conhece a figura acima, e sabe que é um personagem de alguns filmes bem
famosos. Provavelmente também sabe que ele saiu das histórias em quadrinhos da editora america-
na Marvel Comics, criado como super-herói em 1962, por Stan Lee, Jack Kirby e Larry Lieber. Talvez
você saiba que o personagem dos quadrinhos é baseado na mitologia nórdica*. Então, que tal saber
um pouco mais sobre os mitos e as lendas que deram origem a tudo isso?
*Nórdico: se refere aos povos de origem germânica que vivem no extremo norte da
Europa, região bastante fria onde hoje se situam países como Dinamarca, Finlândia, Noruega
e Suécia. Essa era a terra dos famosos Vikings.
58
Se você se recorda do que vimos no Volume 1, deve se lembrar de um outro deus do trovão:
Zeus, o soberano dos deuses gregos (ou Júpiter, seu nome latino). Assim como nas mitologias
egípcia e iorubá, que também já vimos (como em toda mitologia, na verdade), a nórdica traz deuses
que se relacionam às forças da natureza. Vamos observar, então, algumas dessas relações:
Yggdrasil e a divisão dos mundos na mitologia nórdica
É tanta a importância da natureza para a mito-
logia nórdica que um dos elementos fundamentais
dessa cultura é a Yggdrasil, a árvore da vida. Seu
tronco atravessa todos os reinos, sustentando-os,
interligando-os e mantendo tudo em equilíbrio:
Asgard:
Reino dos deuses. Dentro dele, existe o Valhalla,
morada de Odin e dos guerreiros corajosos.
Midgard:
Terra dos homens. Conecta-se a Asgard
através da Bifrost, a ponte do arco-íris. Ao
redor de toda a Midgard, no oceano, vive a
serpente universal.
Jotunheim:
Terra do gelo, morada dos temíveis gigantes
de gelo.
Muspell (ou Muspelheim):
Terra do fogo e morada dos gigantes de fogo,
existe desde a origem do universo.
Niflheim:
Reino dos mortos, governado pela deusa Hel.
59
O mito da criação do mundo e do homem
Não havia, no princípio, nem céu em cima nem terra embaixo, mas apenas um abismo sem
fundo (Ginungagap), um mundo de vapor (Niflheim) no qual flutuava uma fonte e um mundo de luz
e fogo (Muspelheim). Da fonte saíram doze rios, e, depois de eles terem corrido até muito distante de
sua origem, congelaram-se. Tendo as camadas de gelo se acumulado umas sobre as outras, o
grande abismo se encheu.
Ao sul do Niflheim, havia o
Muspelheim, do qual uma viração quente
soprou sobre o gelo, derretendo-o. Os
vapores elevaram-se no ar e formaram
nuvens, das quais surgiu Ymir, o gigante
de gelo, e a vaca Audumbla, cujo leite ali-
mentou o gigante. Essa vaca alimentava-
se lambendo o gelo de onde retirava a
água e o sal. Certo dia, quando ela estava
lambendo as pedras de sal, surgiram os
cabelos de um homem; no segundo dia
toda a cabeça e, no terceiro, todo o corpo,
que tinha grande beleza, agilidade e for-
ça. O novo ser era um deus e dele e de
sua esposa, filha da raça dos gigantes,
nasceram os três irmãos, Odin, Vili e Ve,
que mataram o gigante Ymir. Da carne de
seu corpo surgiu a terra; do seu sangue,
os mares; dos seus ossos, as montanhas;
dos seus cabelos, as árvores; do seu crâ-
nio, o céu; e do seu cérebro, as nuvens,
carregadas de neve e granizo. Com a tes-
ta de Ymir, os deuses formaram a Midgard
(terra média), destinada a tornar-se a
morada do homem.
Odin estabeleceu, depois, os perío-
dos do dia e da noite e as estações, colo-
cando no céu o Sol e a Lua e lhes deter-
minando os respectivos cursos. Logo que
o Sol começou a lançar seus raios sobre
a Terra, fez brotarem e crescerem os ve-
getais. Pouco depois de terem criado o
mundo, os deuses passearam junto ao
mar, satisfeitos com sua obra recente, mas
verificaram que ela ainda estava incom-
pleta, pois faltavam seres humanos. To-
maram, então, um freixo* e dele fizeram
um homem; e de um amieiro*, fizeram uma
mulher, chamando o homem de Aske e a
mulher de Embla. Odin deu-lhes então a vida e a alma; Vili, a razão e o movimento; e Ve, os sentidos,
a fisionomia expressiva e o dom da palavra. A Midgard foi-lhes, então, dada para moradia e eles se
tornaram os progenitores do gênero humano. Em seguida, Odin cria Argard (terra alta), a morada
dos deuses, enquanto os gigantes de gelo, descendentes de Ymir, se retiraram para uma terra fria
chamada Jotunheim, jurando vingança...
Thomas Bulfinch. O livro de ouro da mitologia (adaptado).
*Freixo e amieiro: tipos de árvores.
60
OUTROS MITOS
Odin: sábio e guerreiro
Odin era um colosso de múltiplos talentos. Antes de mais nada, era o deus que comandava as
guerras. Com sua lança mágica numa das mãos e sua espada fulgurante na outra, lançava-se com
visível prazer no meio das batalhas mais encarniçadas e sempre era ele quem escolhia o vencedor.
Para se proteger, usava um capacete com dois chifres coberto de ouro, uma armadura e um cinturão
de fivela pesada, capaz de multiplicar por dez a força do deus.
Dois temíveis lobos gigantes e várias amazonas corajosas o acompanhavam em todas as bata-
lhas. Essas mulheres jovens e lindas, chamadas valquírias, apareciam para os guerreiros que iam
morrer, mas ficavam invisíveis para os demais. Por isso, vê-las era um presságio terrível. Após os
combates, as valquírias conduziam aqueles que haviam morrido em combate até o Walhall (ou
Valhala), um paraíso especialmente construído para eles em Asgard. Lá, sob a presidência de Odin,
todos participavam de um alegre banquete, servido pelas valquírias.
Às vezes benevolente mas sempre distante, Odin não comia. Tomava apenas hidromel, uma
bebida divina à base de mel, e dava sua parte dos alimentos aos dois imensos lobos, que estavam
sempre de guarda a seu lado. Muito mais do que simples combatente, Odin era sobretudo um sábio.
Enquanto os guerreiros e os deuses festejavam e contavam proezas, ele refletia.
Tivera a coragem de sa-
crificar um de seus olhos, mi-
rando a Fonte da Sabedoria
guardada pelo gigante Mimir.
Essa façanha o deixara cao-
lho, mas também lhe permi-
tira ter acesso a conheci-
mentos que nenhum outro
deus possuía. Principalmen-
te, Odin era o senhor da ci-
ência das runas, uma escri-
ta mágica que, graças a ele,
os vikings depois passaram
a utilizar.
Bonito e culto, Odin se expressava com facilidade, quase sempre em verso, pois adorava poe-
sia. Com seu belo aspecto, ele fazia muito sucesso entre as mulheres. Mesmo tendo se casado com
Frigg, a deusa do matrimônio, não deixava de cortejar outras deusas e até algumas gigantas... Por
isso, são atribuídas a ele uma porção de filhos e uma família bastante complicada!
Quando ficava descansando em Asgard, Odin se sentava no centro de uma sala imensa, que
tinha sido construída especialmente para ele e podia acolher milhares de guerreiros. Odin tinha
sempre sua lança mágica ao alcance da mão. Era uma arma terrível, capaz de lançar relâmpagos.
Todos os dias, dois corvos negros, chamados Pensamento e Memória, sobrevoavam silencio-
samente a Terra. Depois, na hora do crepúsculo, esses dois pássaros sagrados iam pousar nos
ombros de seu dono e lhe relatavam tudo o que haviam visto. Sempre que os vikings viam um corvo,
lembravam-se de que ele podia ser um mensageiro de Odin.
Se por um lado Odin gostava de passar muito tempo refletindo e meditando, por outro também
adorava percorrer o mundo. Nessas ocasiões, cavalgava o maravilhoso corcel Sleipnir, que lhe per-
mitia atingir rapidamente qualquer ponto da terra. Algumas vezes, ele se disfarçava ou até se
metamorfoseava, para se misturar melhor aos homens, para se divertir ou para ensinar humildade a
certos deuses. Outras vezes, era aconselhado pelo astuto e maligno Loki.
Temido pelos homens, respeitado pelos deuses, Odin reunia as qualidades do guerreiro, do
poeta e do sábio.
Gilles Ragache. Os vikings: Mitos e Lendas.
As runas e as letras do alfabeto
61
O deus cego
Todos gostavam de Balder, por causa de sua gen-
tileza e cortesia. Filhode Odin, ele era um deus gene-
roso e bom, que vivia tranquilamente em Asgard até
que uma noite, durante um sono atormentado, sonhou
que sua vida estava ameaçada.
No dia seguinte, falou sobre isso com os outros
deuses, particularmente com a deusa Frigg, sua mãe,
que levou a coisa a sério. Para evitar que aconteces-
se alguma infelicidade ao filho, ela resolveu fazer com
que todas as forças da natureza jurassem que jamais
atentariam contra a vida de Balder. Sem oferecer ne-
nhum problema, os espíritos do fogo, da água e do
vento se comprometeram a poupar Balder. Depois,
para não correr nenhum risco, Frigg fez a mesma coi-
sa com os elementos, as pedras e os metais... Con-
seguiu também que os animais prometessem que nun-
ca iriam causar nenhum mal a ele. E, como precau-
ção extra, pediu a mesma coisa a todas as plantas,
uma a uma! E todas concordaram com o juramento.
Assim, Balder se tornou invulnerável. Uma quali-
dade rara, que esse deus jamais utilizou em comba-
te. A partir desse dia, os outros deuses passaram a
fazer uma brincadeira que consistia em jogar todo tipo
de projétil* sobre Balder e, entre gargalhadas, ver que
nada conseguia sequer arranhá-lo...
Infelizmente, o maléfico Loki ficou com inveja des-
se privilégio e resolveu descobrir o ponto fraco de
Balder. Para isso, disfarçou-se de velhinha e foi visi-
tar Frigg. Fez de conta que se assombrava com a
invulnerabilidade de Balder, e a deusa, amavelmente,
lhe explicou porque as coisas eram daquele modo:
– Todos os seres juraram que jamais farão mal a
ele!
– Todos? Todos mesmo? – perguntou Loki, insis-
tindo na palavra.
– Todos – respondeu ela.
Mas depois de uma ligeira hesitação, ela acres-
centou que talvez tivesse se esquecido de um broto
de visco que crescia no alto de uma árvore, muito lon-
ge, a oeste do Valhala. Loki viu logo como poderia
tirar partido desse esquecimento. Precipitou-se em
direção ao Valhala, achou o pezinho de visco, colheu-
o e discretamente o levou de volta.
Mas Loki era covarde demais para se lançar di-
retamente contra Balder. Preferiu seguir um plano odi-
oso. Com voz suave, dirigiu-se a um dos irmãos de
Balder, o pacífico Holder, o deus cego, e lhe pergun-
tou:
– Por que você não brinca também de atirar em
Balder? Não brinco com os outros porque sou cego! –
explicou o deus, sorrindo.
Se você quiser, eu guio sua mão. Holder, que já
62
ouvira as gargalhadas dos outros deuses jogan-
do coisas em Balder, também queria se divertir.
Aceitou sem desconfiar de nada, inconsciente da
armadilha do malévolo Loki.
Assim, Loki fez uma arma usando a madei-
ra do visco, orientou com cuidado a mão do cego
e fez com que ele atirasse sobre o irmão.
Balder caiu na mesma hora, fulminando pela
ponta afiada do visco. Os deuses se reuniram
em lágrimas, mas já era tarde demais!
Mas alguns dias depois Frigg, desesperada,
quis negociar com Hel, a deusa dos infernos. Ou-
tro de seus filhos, Hermod, aceitou essa missão
perigosa. Para tentar salvar o irmão, fez uma lon-
ga cavalgada em Sleipnir, o cavalo de Odin, e
não hesitou em cruzar com um salto prodigioso
as grades dos infernos. A terrível deusa Hel, com
seu rosto metade branco, metade negro, o rece-
beu friamente.
No entanto, comovida pelo retrato do jovem,
a deusa concordou em dar uma oportunidade a
Balder. Deixaria que voltasse a Asgard se todos
os deuses e homens pedissem seu retorno. Mas
tinha de ser todos, sem exceção!
Os deuses logo saíram percorrendo o mun-
do e foi fácil obter a concordância de todos.
Hermod, novamente a caminho dos infernos, já
comemorava a vitória quando cruzou com uma
bruxa que ele não conhecia e que recusou a di-
zer sim... Era Loki, que assumira aquela aparência para melhor enganar os deuses. Por causa
dessa única oposição, Hel foi inflexível e Balder continuou seu prisioneiro.
Mais tarde, os deuses descobriram o embuste e se vingaram, acorrentando Loki numa caverna
cheia de serpentes. Mas ele, ao se ver punido por causa da sua maldade, já ruminava a desforra:
assim que pudesse, iria escapar e, com a ajuda dos monstros e dos gigantes, aniquilaria o mundo
dos deuses.
Gilles Ragache. Os vikings: Mitos e Lendas.
*projétil: todo tipo de objeto que se arremessa de qualquer modo para matar ou ferir.
01 Cite três elementos da mitologia nórdica que demonstrem a importância da natureza nessa cultura.
I. _______________________________________________________________________
II. _______________________________________________________________________
III. _______________________________________________________________________
63
Observe a seguinte imagem:
02 O que ela significa para a mitologia nórdica?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Leia o texto a seguir:
O anel de Andvari
Loki, o senhor do fogo, não era exatamente igual aos deuses, mas estava sempre
entre eles e frequentava suas casas. Era até muito ligado a Odin, a quem muitas vezes
aconselhava (nem sempre bem...) e muito amigo de Thor, em quem de vez em quando
pregava peças. Loki tinha a capacidade de ver sem ser visto e podia se metamorfosear a
qualquer momento, o que lhe permitia ir onde ninguém esperava.
Na verdade, o jogo de Loki era duplo: dizia-se amigo dos deuses, mas no fundo queria
mesmo era destruir o domínio deles. Para isso, semeava a discórdia sempre que podia. E, como
era inteligente, tinha boa conversa e poucos escrúpulos, suas intrigas muitas vezes davam certo.
Loki tinha sapatos mágicos que lhe permitiam deslocar-se para qualquer lugar do mundo.
Frequentemente visitava os gigantes, com os quais era meio aparentado, e nunca deixava
de fazer também uma visitinha aos anões.
Um dia, quando estava passando por uma cachoeira em companhia de Odin, Loki
jogou uma pedra numa lontra e a matou. Infelizmente, aquele não era um animal comum,
mas um anão que se transformara em lontra!
Loki havia feito uma coisa muito grave. E logo ficou sabendo que o pai da vítima era
um mago muito poderoso e que os irmãos eram anões-ferreiros. Furiosos, eles se reuni-
ram, apanharam de surpresa a lança de Odin e os sapatos mágicos de Loki e exigiram que
a morte do anão fosse vingada.
Em parte, o ato de Loki tinha sido involuntário. Mesmo assim, a família do anão pedia como
indenização uma boa quantidade de ouro. Em troca, devolveriam a lança e os sapatos mágicos.
Aborrecido com todo o episódio, Odin mandou Loki buscar o resgate no País dos Elfos Negros.
Ao chegar àquele estranho país, Loki sentiu muita fome e capturou um grande sal-
mão, que tinha escamas furta-cor. De novo, aquele não era um salmão comum, mas um
anão! Chamava-se Andvari e se transformara em peixe para poder nadar melhor no rio.
64
Andvari era um ferreiro muito hábil, e Loki logo com-
preendeu que podia tirar partido de sua captura. Para li-
bertar o anão, o maligno Loki exigiu todo o ouro que ele
possuía. Sem escolha, Andvari foi obrigado a aceitar. Le-
vou Loki à sua casa e espalhou todo o seu ouro no chão.
Ou melhor, quase todo. Discretamente, escondeu um anel
mágico muito precioso... Mas Loki percebeu e, usando a
força, arrancou-o das mãos de Andvari. O anão, furioso e
humilhado, proclamou que o anel de ouro seria maldito e
só traria desgraças a quem o possuísse.
Loki respondeu com um sorriso malvado e partiu ao
encontro de Odin, que já estava ficando impaciente. A
maldição não o preocupava, porque não pretendia ficar
com o anel. Logo entregou ao mago o resgate tão espera-
do, incluindo o anel mágico. Recuperou seus sapatos, Odin
recebeu a lança, e os dois se afastaram juntos.
Algum tempo depois, o tesouro começou a semear a
discórdia na família do mago. Todos brigavam violenta-
mente por ele, sem saber que cavavam a própria cova.
Depois de muita discussão, um dos irmãos, chamado Fafnir, acabou ficando com ele. A fim
de garantir a posse do tesouro, retirou-se para uma terra deserta e desolada, fustigadapelos ventos. Para afastar os raros viajantes, transformou-se em dragão, montando guar-
da dia e noite.
Um dia, um jovem guerreiro viria desafiá-lo. Disso Fafnir tinha certeza...
Gilles Ragache. Os vikings: Mitos e Lendas.
03 Explique por que podemos dizer que Loki é uma companhia muito perigosa.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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A seguir, observe a sinopse de uma série televisiva de bastante sucesso, atualmente:
Vikings
Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel) é o maior guerreiro da sua era. Lider de seu bando,
com seus irmãos e sua família, ele ascende ao poder e torna-se Rei da tribo dos vikings.
Além de guerreiro implacável, Ragnar segue as tradições nórdicas e é devoto dos deuses.
65
As lendas contam que ele descende diretamente de Odin, o deus da guerra. A série irá
acompanhar sua história e seu desejo por descobrir civilizações através dos mares. Com a
ajuda de seu visionário amigo Floki (Gustaf Skarsgård), eles constroem uma nova geração
de navios mais rápidos e mais elegantes. Jarl Haraldson (Gabriel Byrne) é o adversário de
Ragnar. Um homem de pouca visão, Jarl vai travar com ele uma luta pela supremacia da
tribo.
Adaptado de http://www.adorocinema.com
04 Tudo que hoje chamamos de mitologia já foi a religião de um povo, algum dia. O que, na história
do guerreiro Ragnar Lothbrok, da série Vikings (2013), comprova isso?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
05 A partir do que você aprendeu, apresente três adjetivos que definem os seguintes personagens:
Loki Odin
I. _______________________________ I. ________________________________
II. _______________________________ II. ________________________________
III. _______________________________ III. ________________________________
Ragnarok: o crepúsculo dos deuses
Ao contrário da maioria dos outros povos, os vikings acreditavam em deuses mortais.
Não apenas mortais, mas constantemente ameaçados. Acreditavam num mundo vulnerável
não apenas para os homens, mas também para os deuses. Esses deuses envelhecem len-
tamente, mas não é o tempo que os corrói, e sim uma aliança sinistra que reúne gigantes e
monstros, como o lobo gigante Fenrir e a Serpente das Profundezas. Eles chegam a ter
falsos amigos, como Loki, que vive junto deles mas secretamente prepara o ataque a Asgard.
Os vikings achavam que dois gigantescos lobos-nuvem, filhos de Fenrir, perseguem o
Sol e a Lua diariamente. Se um deles agarrar um desses astros e o engolir, será o sinal do
fim do mundo. Nas lendas, esse fim do mundo assume a forma de uma série de catástrofes
naturais: terremotos, tempestades, ressacas, inundações... Mas, principalmente, é provo-
cado por um ataque à morada dos deuses. Todos os seus inimigos, reunidos por Loki num
exército imenso, partem ao assalto de Asgard, onde os deuses os enfrentam sem fraquejar.
Essa teoria do combate final se chama Ragnarok, uma guerra sem vencedores que dizima-
ria os dois lados – e a humanidade.
Dizem as lendas, no entanto, que alguns deuses mais jovens, como Balder e Holder,
retornariam dos mortos para reconstruir o mundo, junto a um casal de humanos, únicos sobre-
viventes da espécie, que teriam se protegido dentro do tronco da poderosa Yggdrasil, a árvore
da vida. Eles seriam os responsáveis por repovoar Midgard com seus numerosos filhos.
Adaptado de Gilles Ragache. Os vikings: Mitos e Lendas.
66
Algo muito importante para a sobrevivência dos mitos é a escrita deles. Na origem, os mitos
nórdicos, como em muitas culturas, foram recontados oralmente através das gerações, até o século
XIII, quando surge a Edda, o primeiro livro escrito que reúne as histórias de Thor, seus amigos e
inimigos.
Imagine que Loki, sabendo de tudo isso, antes de preparar o último ataque a Asgard, apareça
para você, em forma de lobo, querendo que você escrevesse a história da derrota dos deuses.
Assim, ele o leva para uma viagem no tempo e no espaço, e ao chegar, você presencia o primeiro
sinal do fim do mundo...
A partir do que você conheceu até aqui sobre deuses e monstros, escreva um texto narrativo
(mínimo de 15 linhas) contando tudo que você viu desta guerra. Lembre-se que o seu relato é muito
importante para que as gerações futuras conheçam este mito.
- Comece narrando a partir da sua chegada à terra dos Vikings. O que você viu? Qual foi o
primeiro sinal do Ragnarok?
- Dê um título ao seu texto.
- Escreva o título utilizando as runas, o alfabeto dos vikings, apresentado na página 60.
A carruagem de Thor
A tempestade se aproxima... As folhas de freixo se agita-
vam no ar pesado, difícil de respirar e cheio de ruídos altos e
repetitivos... Eram sinais que o viking Harald conhecia muito
bem e não deixavam dúvida. Ele logo gritou para seu filho:
- Bjorn, o deus Thor está chegando! Já posso ouvi-lo!
Depressa, recolha os animais!
Bjorn já compreendera: no céu escuro, o barulho das ro-
das da carruagem de Thor aumentava a cada instante, galo-
pando pela abóbada de Thor aumentava a cada instante, galo-
pando pela abóbada celeste. Era ele mesmo, o deus do tro-
vão, filho de Odin e da Terra e guerreiro tão grande quanto o pai. Muito de mau humor, Thor
percorria os céus em todas as direções, sempre de pé em sua carruagem puxada por
bodes fantásticos. Por onde ele passava se desencadeava uma trovoada terrível. Bjorn
mal teve tempo de se abrigar num estábulo com os cavalos, tremendo uns contra os ou-
tros, esperando que o deus não se demorasse muito na região...
Thor era um colosso ruivo de barba espessa
e às vezes se metia em brigas com gigantes e
monstros, seus inimigos de sempre, mas quase
nunca com os homens. Não era mau e até fazia o
bem para mulheres e crianças, que muitas vezes
protegia. Bjorn sabia disso, mas seu pai também
lhe ensinara que o deus do trovão podia ser peri-
goso mesmo sem querer, manejando os relâmpa-
gos ou provocando furacões. Aquele vozeirão, mais
forte que a trovoada, e aquela gargalhada altíssima
já haviam paralisado de medo algumas pessoas...
Só o malicioso Loki não se deixava impressionar
por Thor e às vezes lhe pregava peças...
67
Como a maioria dos vikings, Thor não era um poço de virtudes. Apesar de casado com
a deusa Sif dos cabelos de ouro, era muito namorador e vivia se apaixonando por outras
divindades, como a bela Freya... Também apreciava os prazeres da mesa e tinha um fraco
pela bebida - principalmente cerveja. Tal como Odin, o deus Thor tinha grande prazer em
se meter nas brigas mais violentas. Quando isso acontecia, ele punha seu cinturão mágico,
cuja fivela dobrava-lhe a força, e empunhava uma arma bastante aterradora: Mjolnir, um
martelo prodigioso, forjado pelo anão Sindri.
A qualquer momento, Thor podia arremessar o martelo com a luva de ferro que usava na
mão direta. O martelo atravessava o espaço como um raio, fulminava o adversário e voltava
docilmente para a mão do deus. Thor podia também mandar o martelo acertar outro inimigo
logo em seguida. Uma arma daquelas lhe permitia decidir a sorte de muitas batalhas e o fazia
temido de todos os gigantes e monstros, por mais numerosos que fossem.
Como a maior parte dos deuses, Thor morava em Asgard, mas num palácio particular,
com inúmeras salas. Lá ele recebia os amigos para banquetes intermináveis e calorosos.
mas Thor também saía muito para viajar o mundo. Para não ser reconhecido, gostava de
se disfarçar e visitar os homens e os outros deuses. De boa índole e caráter sincero, não
desconfiava de Loki, o deus trapaceiro. Entre os pioresinimigos de Thor estavam os gigan-
tes do País dos Tursos, com quem ele lutava constantemente, e os monstros como o lobo
Fenrir. Principalmente, o deus detestava a Serpente das Profundezas, que ele queria elimi-
nar desde a juventude...
Adaptado de Gilles Ragache. Os vikings: Mitos e Lendas.
Mais uma vez, Loki prega uma peça em Thor. Em uma de suas “brincadeiras”, desafia o deus do
trovão a arremessar seu martelo o mais longe que puder, e então cria um portal bem no meio do voo
do Mjolnir. A poderosa arma do filho de Odin cruza o portal e chega até você, voando bem no seu
quarto, atravessando sua janela, ficando cravada na parede.
Diante dessa situação, escreva um texto narrativo (mínimo de 15 linhas) contando o que acon-
teceu a partir do momento em que o Mjolnir surgiu na sua casa! Mas não se esqueça de alguns
detalhes:
- Quem conseguir levantar o martelo terá o poder de um deus!
- Mais cedo ou mais tarde, Thor pode encontrar seu martelo... E ele estará furioso!
- Dê um título ao seu texto!
- Escreva o título utilizando as runas, o alfabeto dos vikings, apresentado na página 60!
Observe a imagem ao lado:
Você reconhece o dragão Fafnir, que protege o tesouro? Pois
imagine que, em uma viagem com sua família, você se perdeu
deles e descobriu sem querer o esconderijo de Fafnir, onde ele
permanecia adormecido até os dias de hoje – até agora, quando
você o despertou. E agora? Escreva um texto narrativo (mínimo de
15 linhas) contando o que aconteceu!
- Dê um título ao seu texto!
- Escreva o título utilizando as runas, o alfabeto dos vikings,
apresentado na página 60!
68
01 Muitos jogos de ação têm seus enredos baseados em antigas culturas e mitologias, e a nórdica
não fica excluída desse processo. Um exemplo é o jogo online estilo RPG chamado Ragnarok,
produzido na Coreia do Sul (mas com usuários no mundo todo, inclusive no Brasil), que teve
várias versões e fez sucesso por vários anos.
Os itens do jogo coreano e as classes (tipos) de personagens se referem a elementos da
mitologia nórdica. Tudo isso é possível devido
I. à riqueza da mitologia nórdica e às trocas culturais do mundo moderno.
II. à liderança cultural dos países nórdicos atuais no mundo globalizado, que disseminam sua
cultura mais do que quaisquer outras nações.
III. ao fato de a Coreia do Sul ser um país de pouca riqueza cultural, mas de tecnologia desenvolvida.
Assinale a alternativa correta:
(A) I e III são verdadeiras.
(B) apenas III é falsa.
(C) todas são verdadeiras.
(D) todas são falsas.
(E) apenas I é verdadeira.
02 (MODELO UERJ)
Como treinar seu dragão
Na ilha de Berk, os vikings dedicam a vida a combater e matar dragões. Soluço (Jay
Baruchel), filho do chefe Stoico (Gerard Butler), não é diferente. Ele sonha em matar um
dragão e provar seu valor ao pai, apesar da descrença geral. Um dia, por acaso, ele acerta
um dragão que jamais foi visto, chamado Fúria da Noite. Ao procurá-lo, no dia seguinte,
Soluço não consegue matá-lo e acaba soltando-o. Só que ele perdeu parte da cauda e,
com isso, não consegue mais voar. Soluço passa a trabalhar em um artefato que possa
substituir a parte perdida e, aos poucos, se aproxima do dragão. Só que, paralelamente,
Stoico autoriza que o filho participe do treino para dragões, cuja prova final é justamente
matar um dos animais.
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A sinopse da animação Como treinar seu dra-
gão (2010) apresenta Soluço, um protagonista
que foge aos padrões dos heróis mitológicos
porque
(A) é um grande covarde e não merece per-
tencer ao seu povo.
(B) é um traidor de seu povo, e não merece
pertencer a ele.
(C) é sensível, em vez de bruto e violento, tra-
zendo uma história de amizade, além de co-
ragem.
(D) pretende matar seu dragão usando de Inteli-
gência, aproximando-se dele, assim como Loki
fazia.
03 (MODELO ENEM) Observe a imagem a seguir.
Esta é uma cena do primeiro filme da trilogia O hobbit (2012), baseado na obra do escritor
britânico J. R. R. Tolkien. Nela, o jovem hobbit Bilbo enfrenta o dragão Smaug, que protege seu
tesouro, roubado dos anões há muitas eras. É evidente a inspiração de Tolkien no mito nórdico
(A) do surgimento do universo, que nasce do tesouro de um dragão.
(B) das aventuras de Thor, que enfrentou vários dragões.
(C) do ganancioso Fafnir, que se transforma em dragão para proteger seu tesouro.
(D) das travessuras de Loki, pois ele se transformava em qualquer animal que desejasse.
(E) do tesouro de Odin, guardado em Asgard.
70
Leia atentamente a narrativa mítica a seguir:
Siegfried e Brunehilde
Quando acompanhavam Odin num combate, as valquírias sobrevoavam a Terra numa ca-
valgada fantástica. Aterradoras, escondidas entre nuvens de tempestade, indicavam quem seri-
am os vencedores. E, depois das batalhas, as belas e amáveis valquírias iam discretamente pelo
mundo com suas asas de pluma de cisne.
Certo dia, as valquírias estavam tomando
banho num rio de águas claras. Para poderem
nadar com mais facilidade, haviam deixado as
asas debaixo de uma árvore, e um rei hostil a
Odin passou por ali e as roubou. Ele então obri-
gou as valquírias a combaterem ao seu lado,
porque sem asas elas se tornavam simples es-
cravas. Furioso ao ver esse rei mudar a sorte
das batalhas, Odin acabou descobrindo o pa-
pel que as valquírias estavam desempenhan-
do nisso.
O deus decidiu castigar Brunehilde, a mais
bela das valquírias, a quem ele considerava
responsável pela negligência. Odin a espetou
com sua espada mágica, e, sob o efeito de um
encantamento, Brunehilde adormeceu dentro
de um círculo de fogo. As chamas dançavam
permanentemente ao seu redor, isolando-a do
mundo no alto de uma montanha deserta. E
isso por muito tempo, talvez para sempre... Só
um guerreiro excepcional ousaria atravessar
aquele imenso anel de fogo para libertá-la.
Certa noite, Sigmund e seus combatentes
estavam como de costume reunidos numa vasta
sala circular. No centro dessa sala se erguia
uma árvore. De repente, um desconhecimento
entrou na sala se erguia uma árvore. De repen-
te, um desconhecido entrou na sala sem ser anunciado. Envolto num manto, com o chapéu de
feltro caído sobre o rosto, tinha um ar estranho e trazia na mão uma espada faiscante. Não
cumprimentou ninguém. Fez-se um silêncio pesado. O desconhecido então deu alguns passos à
frente e, com um gesto brusco, enfiou a espada no tronco da árvore.
– Esta arma será de quem conseguir arrancá-la. – disse em voz alta. Depois desapareceu
sem esperar resposta.
Um a um, todos os guerreiros se apressaram a tentar tirar a espada. Em vão! Apenas
Sigmund conseguiu arrancá-la. Depois disso ficou invencível nos combates, acumulando vitórias.
Mas, após alguns anos, o desconhecido do chapéu grande e da capa reapareceu à frente de
Sigmund. Armado apenas com uma lança simples, desafiou-o para um duelo. Logo no primeiro
choque, a espada se quebrou contra a lança, soltando um raio aterrorizante. Antes de morrer
vítima dos ferimentos, Sigmund ficou sabendo o nome do adversário: era o próprio Odin!
Alguns meses mais tarde, uma criança nasceu numa região bastante isolada. Recolhida e
educada por um anão-ferreiro, tornou-se um rapaz forte e vigoroso. Chamava-se Siegfried. Um
dia, o anão lhe disse que era filho de Sigmund e lhe deu de presente a espada quebrada que
“Brunehilde com seu cavalo na
entrada da caverna” (1910), desenho
de Arthur Rackham
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pertencera ao pai. O anão juntou em sua bigorna os pedaços da arma, e o jovem Siegfried a usou
em sua primeira proeza: venceu o terrível dragão Fafnir, guardião do ouro de Andvari. Siegfried se
apoderou do tesouro e do anel amaldiçoado de Andvari e depois, guiado pelos pássaros e mon-
tando um cavalo fogoso, chegou ao sopé de uma montanha cercada de chamas. O animal
hesitou e empinou, mas acabou aceitando lançar-se a galope pelo braseiro adentro!
Naquele inferno, cavalo e cavaleiro pensaram que fossem morrer, mas saíram do outro lado
com as roupas, os cabelos e os pelos chamuscados. Para seu espanto, Siegfried encontrou ali
uma moça adormecida: era Brunehilde.Fascinado por sua beleza, Siegfried a beijou nos lábios.
Um sopro quase imperceptível a animou e, com um leve tremor, ela abriu os olhos e voltou à vida.
No mesmo instante, as chamas baixaram. Siegfried e Brunehilde se amaram e viveram felizes
por algum tempo. Mas o anel maldito produziu seu efeito, e o destino os separou tragicamente –
sem que os dois jamais tivessem deixado de se amar.
Gilles Ragache. Os vikings: Mitos e Lendas.
01 Explique, a partir do texto, a importância da honra e da coragem na mitologia nórdica.
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02 A história da personagem Brunehilde traz uma característica que a aproxima das princesas de
contos de fadas e outra que a diferencia dessas mesmas princesas. Quais são essas duas
características opostas?
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Leia a sinopse a seguir.
O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel
Numa terra fantástica, chamada Terra Média, um hobbit
(seres de estatura entre 80 cm e 1,20 m, com pés peludos e
bochechas um pouco avermelhadas) recebe de presente de
seu tio o Um Anel, um anel mágico e maligno que precisa ser
destruído antes que caia nas mãos do mal. Para isso, o hobbit
Frodo (Elijah Wood) terá um caminho árduo pela frente, onde
encontrará perigo, medo e personagens bizarros. Para cumprir
essa jornada, ele contará com outros hobbits, um elfo, um anão,
dois humanos e um mago, que formarão a Sociedade do Anel.
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03 A primeira parte da trilogia O Senhor dos Anéis (1954), do escritor britânico J. R. R. Tolkien,
adaptada para o cinema em 2001, tem forte inspiração na mitologia nórdica. Escreva abaixo
com qual mito essa obra de Tolkien se relaciona, e explique o porquê.
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UNIDADE 02
MITOLOGIA ORIENTAIS, AMERÍNDIAS E OUTRAS
 Brahma, Vishnu e Shiva: juntos, eles formam a Trimurti,
a trindade do Hinduísmo, religião da Índia
Você já estudou as narrativas mitológicas de algumas das principais culturas ao redor da Terra.
A partir delas, você já aprendeu, certamente, que há um padrão em muitas dessas histórias, que
elas têm várias similaridades, e todas procuram dar sentido às coisas do mundo em que vivemos,
narrar feitos heroicos ou trazer ensinamentos para o povo.
Há muitas, tantas outras lendas e mitologias que não daria para tratar de todas elas neste
material. Assim, vamos destacar a seguir algumas histórias que você talvez não conheça tanto
quanto as de Zeus, Hórus ou Thor, mas que são tão ricas e interessantes quanto aquelas e nos
ajudam a entender as diferentes culturas que existem hoje.
Criação do mundo e do homem
Todas as mitologias têm seus mitos genesíacos (ou seja, da gênese, da criação). Eles às
vezes são muito similares, às vezes muito diferentes. Há deuses muito vaidosos que, ao criar o
homem, exigem sua completa obediência, e há outros que se tornaram o próprio mundo. Veja
alguns exemplos a seguir.
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Pan Gu cria o mundo (China)
No começo, o universo estava contido num ovo, den-
tro do qual as forças vitais yin (escuro, feminino e frio) e
yang (luz, masculino e quente) interagiam. dentro do ovo,
Pan Gu, que se formara dessas forças, dormiu por 18 mil
anos. Ao despertar, se espreguiçou e quebrou o ovo. Os
elementos mais pesados em seu interior afundaram e for-
maram a terra, e os mais leves flutuaram e formaram o
céu. Entre o céu e a terra estava Pan Gu.
A cada dia, por outros 18 mil anos, terra e céu se
separavam um pouco mais, e todo dia Pan Gu crescia na
mesma proporção, preenchendo o espaço entre eles. Até
que um dia terra e céu atingiram sua posição final, e, exaus-
to, Pan Gu deitou-se. Mas estava tão cansado que mor-
reu. Seu torso e seus membros se tornaram montanhas;
seus olhos, o sol e a lua; sua carne, a terra; seus cabelos,
as árvores e plantas; suas lágrimas, os rios e os mares;
sua respiração, o vento, e sua voz o trovão. E as pulgas
de Pan Gu se tornaram a humanidade.
Neil Philip. Mitos e lendas em detalhes.
Viracocha cria e destrói os homens (América do Sul – Império Inca)
Antes mesmo de o mundo existir, vivia Viracocha, o deus que criou a primeira terra. Não havia sol,
nem lua, nem estrelas. Viracocha havia esculpido e pintado uns gigantes, mas, no momento de lhes dar
vida, hesitara muito em povoar a terra com homens maiores que ele. Destruiu então todos os gigantes e
recomeçou seu trabalho, tendo cuidado de só esculpir homens que tivessem, no máximo, o seu tama-
nho. Depois, lhes deu vida. Em seguida, os reuniu e disse:
– O principal é que não me esqueçam, mas me adorem
até o final dos tempos. Sejam honestos, trabalhadores e bons.
Senão, eu destruirei vocês todos!
Durante algum tempo, os homens obedeceram às or-
dens de Viracocha, mas aos poucos foram se esquecendo
de tudo. Até mesmo da existência do deus!
Viracocha então ficou furioso. Não aguentava ver os
homens se portando assim tão mal. Cumpriu então sua mal-
dição: alguns foram transformados em pedra, outros foram
engolidos pela terra. Finalmente, para apagar qualquer ves-
tígio daquela vida maldita, desencadeou um dilúvio geral que
afogou todos os que sobraram. Viracocha só guardou três
criados, para ajudá-lo a recriar o mundo.
Quando a terra secou totalmente, ele começou a traba-
lhar. Resolveu criar primeiro a luz, para que os homens não
passassem a vida toda na noite absoluta. Para isso, foi até a
margem de um lago imenso, que mais tarde seria chamado
de Titicaca. Com um gesto, fez aparecer o sol, a lua, as
estrelas. O sol era resplandecente, mas, quando viu a lua
subir no céu e brilhar mais do que ele, ficou com ciúmes e
jogou um monte de cinzas na cara dela. Por isso é que ela
ficou menos brilhante e marcada de manchas cinzentas.
Um dos três criados de Viracocha era muito desobedi-
ente, deixando o deus muito zangado. Como ele queria que o novo mundo fosse perfeito, não podia
tolerar erros. Preferiu, então, livrar-se do criado. Viracocha era de uma exigência insuportável. Suas
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ordens eram estritas e precisas, e ele estava sempre atento para que fossem cumpridas literalmente, nos
menores detalhes.
Em pedra, ele esculpiu diferentes tipos de homens que iam povoar o novo mundo. Em seguida, deu-
lhes uma alma e ordenou que se espalhassem em todas as direções e escolhessem as regiões em que
queriam morar.
Os homens que viram Viracocha contam que ele é branco, veste uma túnica branca com uma faixa
na cintura e segura nas mãos um bastão cumprido e um livro. Quando terminou sua obra, Viracocha se
pôs a caminho para visitar a terra e ver como se comportavam os novos homens. Chegou assim a Cacha,
mas os habitantes não o reconheceram. Pior ainda, vendo que era tão diferente deles, tentaram matá-lo.
Ninguém na aldeia tinha a pele daquela cor, nem aquelas roupas, nem aquelas mãos... Já tinham se
esquecido dele! Então Viracocha se ajoelhou e levantou o rosto para o céu. Um fogo violento escorreu
pelas encostas da colina e incendiou toda aaldeia. Até as pedras queimaram como se fossem palha.
Então todos os índios, assustados, o reconheceram. Correram para ele implorando sua misericórdia,
fizeram sacrifícios a seus pés e juraram adorá-lo até o fim do mundo.
Viracocha teve pena deles e deteve o incêndio com seu bastão. Para que os homens não esqueces-
sem esse momento, deixou que uma das colinas queimasse durante muito tempo. As enormes pedras
que lá existiam arderam nas chamas durante vários dias. Quando o incêndio se extinguiu, elas tinham se
tornado tão leves que um homem sozinho era capaz de levantá-las, enquanto antes eram necessários
muitos homens apenas para deslocá-las um pouquinho! Durante muito tempo os homens levaram
oferendas para Viracocha, deixando-as sobre essas pedras estranhas.
Depois, Viracocha retomou seu caminho em direção ao oceano, para ir se encontrar com seus
criados. Também eles já tinham cumprido suas tarefas, e havia vários dias que o esperavam. Viram
quando ele chegou, cercado de homens e mulheres que o haviam seguido até a praia, para ouvir suas
últimas palavras.
E ele lhes disse que ia partir para sempre, mas enviaria um mensageiro divino para velar por eles e
lhes ensinar tudo o que necessitavam saber. Depois virou-se, avançou para o oceano e desapareceu no
horizonte, caminhando sobre a água. Pouco a pouco, foi se confundindo com a espuma das ondas. Por
isso é que os índios o chamam de Viracocha, que quer dizer “espuma do mar”.
Adaptado de Danièle Küss. Os incas: mitos e lendas.
Algumas divindades
Não há mitologia sem deuses, aqueles seres superiores e poderosos que criam e destroem o que
bem entendem. Muitos deles apresentam características bastante humanas. Assim como você, muitos
têm pai, mãe ou irmãos (e brigam com eles!). Além disso, alguns já viveram entre os humanos...
Os avatares de Vishnu (Índia)
Vishnu é um dos três deuses indianos mais importantes – os ou-
tros são Brahma e Shiva. Cada um tem uma função: Vishnu é o prote-
tor e restaurador do mundo; Brahma, o criador; e Shiva, o destruidor.
Embora Brahma tenha criado o mundo, conta-se que ele e Shiva nas-
ceram de Vishnu: Brahma brotou de seu umbigo, e Shiva, de sua
testa. Vishnu também é chamado “o deus das grandes passadas”,
porque com três passos podia atravessar o mundo. São inúmeras as
histórias sobre Vishnu, das quais a mais importante fala de suas
encarnações, ou avatares, formas humanas ou animais nas quais ele
veio à terra para ajudar a humanidade. Na teoria, existiram nove
avatares e o décimo ainda está por vir, embora sejam relatadas outras
aparições. Lakshmi, mulher de Vishnu, sempre o acompanha em suas
encarnações – por exemplo, como Sita, esposa do príncipe Rama, ou
como amante de Krishna, Radha, e como sua mulher, Rukmini. A se-
guir, um pouco sobre os avatares de Vishnu: Krishna e Radha
(Vishnu e Lakshmi)
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1. Matsya, o peixe
O primeiro avatar de VIshnu foi Matsya, o peixe, uma forma que ele assumiu para proteger Manu,
o primeiro homem, do dilúvio. Quando Manu encontrou o peixinho, ele lhe disse: “Cuide de mim que eu
cuidarei de você”. Então o peixe o avisou de que haveria um dilúvio e lhe disse para construir uma arca.
Quando veio o dilúvio, o peixe desenvolveu um chifre, no qual Manu amarrou seu barco, usando
Ananta, a serpente do mundo, como corda. Assim o peixe o rebocou para um local seguro.
2. Kurma, a tartaruga
Segundo avatar de Vishnu, sustentou o monte Meru e ajudou os deuses a resgatar os 14 tesou-
ros do mar de leite.
3. Varaha, o javali
Em sua terceira encarnação, Vishnu salvou o mundo, que tinha sido inundado por um dilúvio e domi-
nado pelo demônio Hiranyaksha. Varaha matou o demônio e levantou a terra de novo com seus caninos.
4. Narasimha, o homem-leão
Houve um tempo em que um deus demoníaco, Hiranya-Kashipu, governava o mundo. Era cruel
e mau, e invulnerável aos homens e animais. Um dia, de brincadeira, Hiranya-Kashipu bateu numa
coluna de seu palácio e perguntou se Vishnu estava dentro dela. Para sua surpresa, Vishnu surgiu,
rosnando, sob a forma de um homem-leão (seu quarto avatar), que estraçalhou o demônio.
5. Vamana, o anão
O quinto avatar de Vishnu nasceu para conter o poder de outro rei demoníaco, Bali. Quando
pediu a Bali que lhe desse toda terra que conseguisse abranger com três passos, o rei riu e conce-
deu-lhe o desejo. E ficou horrorizado quando Vamana atravessou o mundo todo, deixando a Bali
apenas o reino de Patala, embaixo da terra.
6. Parashu-Rama e seu machado
Em sua sexta encarnação, Vishnu nasceu na casta dos brâmanes (sacerdotes). Nessa época,
a casta dos guerreiros dominava o mundo, mas os deuses preferiam que os brâmanes governas-
sem. Então Parashu-Rama (que também era um guerreiro) destruiu os guerreiros com seu machado
e matou Kartavirya, o deus de mil braços.
7. Rama, o nobre
Como Rama, seu sétimo avatar, Vishnu nasceu para matar o demônio Ravana. O rei Dasharatha
rezava por um filho, e Vishnu lhe deu um pote do divino néctar, que devia partilhar com suas três
esposas. Nasceram quatro filhos: Rama, que recebeu metade da essência divina; Bharata, que
recebeu um quarto; e Lakshmana e Shatrughna, que receberam um oitavo cada. Portanto, os quatro
irmãos partilham a divina natureza de Vishnu.
8. Krishna
O oitavo avatar é Vishnu no papel de amante. Ele amava Radha, e a história do seu amor é um dos
temas preferidos da arte e da literatura da Índia. Entretanto, Krishna foi para a guerra, e a conversa filosófica
que teve com Arjuna, seu cocheiro, tornou-se o Bhagadvad Gita, um dos livros sagrados do Hinduísmo.
9. Buda
O nono avatar foi uma figura histórica. Ensinou a humanidade a libertar-se do desejo, da ilusão
deste mundo e de suas infinitas encarnações. Acabou fundando sua própria religião, o Budismo.
10. Kalkin, o cavalo branco
No fim desta era, quando a humanidade estiver totalmente degenerada, Vishnu virá em sua
décima encarnação, montando um cavalo branco e brandindo uma espada flamejante para destruir
os maus e reconstruir o mundo.
Adaptado de Neil Philip. Mitos e lendas em detalhes.
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A lenda de Quetzalcoatl (América Central – Império Asteca)
Quetzalcoatl foi um dos mais importantes deu-
ses astecas – um deus criador, que deu o milho aos
homens e lhes ensinou as muitas artes e ciências,
entre elas as de medir o tempo. Também deus do ar,
ele atuava como um abridor de estradas para os deu-
ses da chuva, doadores da vida. Os astecas acredi-
tavam que o sol se movia ao sopro de Quetzalcoatl.
Com esse disfarce, no qual é chamado de Ehecatl
(que significa "vento"), ele desceu a Mictlan, o mun-
do subterrâneo, para roubar os ossos da humanida-
de, de seu pai Mictlantecuhtli, deus dos mortos. En-
tretanto, na fuga, ele deixou cair os ossos, que foram
bicados por uma codorna. Assim, quando
Quetzalcoatl espalhou seu próprio sangue sobre eles
a fim de criar os humanos, a nova raça tinha homens
de diferentes tamanhos, condenados a morrer de
novo.
O grande rival de Quetzalcoatl era seu irmão
Tezcatlipoca, deus da guerra, que conseguiu se li-
vrar de Quetzalcoatl levando-o a beber pulque* e,
bêbado, dormir com sua irmã, Quetzalpetlatl. Enver-
gonhado, Quetzalcoatl navegou para o leste em uma
jangada de serpentes, prometendo voltar. Em 1519,
quando o espanhol Hernán Cortés aportou no Méxi-
co vindo do Leste, os astecas acreditaram que era
Quetzalcoatl que voltava. O chapéu cônico de
Quetzalcoatl, o copilli, é uma de suas características
mais evidentes. Seu templo sagrado de Tenochtlican
tinha um telhado cônico, em referência a seu orna-
mento de cabeça. Uma das razões pelas quais Cortés
foi confundido com Quetzalcoatl foi o chapéu de copa
alta que ele usava.
Adaptado de Neil Philip. Mitos e lendas em detalhes.
*pulque: bebida alcoólica fermentada típica da América Central.
Os mitos da natureza
Como já observamos, a natureza está sempre ligada aos mitos, que, além de nos apresentarem
a deuses muito interessantes, procuram explicar os fenômenos naturais, muitas vezes relacionan-do-os aos deuses e outros seres mágicos. Assim acontece, por exemplo, nas histórias do eclipse e
do arco-íris.
O eclipse (Japão)
 Amaterasu, a deusa do sol, Tsuki-Yomi, o deus da lua, e Susanoo, o deus da tempestade,
nasceram de Izanagi, o primeiro homem, depois que ele fugiu do mundo subterrâneo. Quando eles
ficaram mais velhos, Izanagi deu a Amaterasu o governo do céu, a Tsuki-Yomi o governo da noite, e
a Susanoo o governo do oceano. Mas Susanoo se sentiu roubado e teve um acesso de raiva –
preferia ir para a terra de escuridão de sua mãe, Izanami, do que governar as águas. Então desafiou
Amaterasu a um duelo – aquele que gerasse as divindades mais poderosas cederia poder ao outro.
Amaterasu venceu, e Susanoo ficou tão furioso que atacou o salão sagrado onde Amaterasu e suas
criadas costuravam o tecido do universo. Ele a ameaçou e ofendeu tanto que ela se refugiou numa
caverna, lançando terra e céu na mais profunda escuridão.
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Sem o calor de Amaterasu, o mundo caiu no caos; nada crescia, e os espíritos do mal estavam
à solta. Os outros deuses ficaram preocupados e decidiram atrair Amaterasu de volta ao mundo.
Pensaram muito e finalmente resolveram atiçar sua curiosidade fazendo uma festa do lado de fora
da caverna, levando-a a crer que recepcionavam uma divindade ainda maior que ela Essa divindade
superior era, na verdade, o reflexo de Amaterasu num espelho pendurado em frente a sua caverna.
O reaparecimento de Amaterasu garantiu o futuro da terra, e desde então, ela só desaparece à noite.
Adaptado de Neil Philip. Mitos e lendas em detalhes.
O arco-íris (América do Sul – Império Inca)
Hueva era uma região selvagem, coberta de
florestas impenetráveis. Os índios nunca ousavam
se aventurar por elas. Nessa época, uma tribo de
gigantes vivia às margens de uma lagoa imensa,
de águas negras e geladas. Esses gigantes se
chamavam Huilkas e comiam barro e água salga-
da. Um dia, o chefe deles, Turuncana, os reuniu e
disse, em voz solene:
– Hoje de manhã, uma jovem muito bela veio
me ver. Ela chorava muito e tremia toda. Disse que
se chamava Arco-íris e vinha procurar nossa
proteção porque um enorme macaco negro a
perseguia há muitos dias, para capturá-la. Parece
que o nome dele é Mancharu. Em seguida, ela
pulou na palma de minha mão e se encolheu toda,
até que se transformou numa minúscula bolinha
de lã de todas as cores, porque tinha percebido
Mancharu no alto de uma árvore. Conseguimos
escapar desse monstro, mas na certa ele vai
descobrir o nosso rastro. Se ele perguntar a vocês
se viram Arco-íris, tenham cuidado para não traí-la
porque, se eu vier a desaparecer, vocês também
serão destruídos comigo. Atenção, portanto, todo
cuidado é pouco! Trata-se de um monstro muito
perigoso: um macaco gigantesco, negro, com uma
cara assustadora. Seus olhos lançam faíscas
vermelhas. Quando ele se locomove, faz um
barulho de trovão. Quando abre a boca, cospe uma
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saliva venenosa que dissolve tudo em que toca. Os índios nunca dormem na floresta que margeia
seu domínio, de medo que ele passe por perto durante seu sono. Fiquem bem atentos!
Os gigantes ouviram seu chefe, sem dizer uma palavra. Ficaram aterrorizados. E tinham fama
de não temer ninguém! Mas sentiam que esse monstro tinha algo de sobrenatural, que nem sua
força nem sua inteligência conseguiam derrotar. Pela primeira vez encontravam-se diante de um
perigo que não sabiam como enfrentar. Ao voltarem para casa, olharam com atenção para ver se
não viam dois grandes olhos vermelhos brilhando por entre as árvores... Tremiam dos pés à cabeça
e prendiam a respiração, atentos ao mínimo ruído. Como a noite começava a cair, apressaram o
passo. Ao chegarem à lagoa, todos se precipitaram para dentro de suas cavernas, protegendo as
entradas com pedras enormes e tronco de árvores.
Durante todo o mês seguinte, Turuncana não dormiu um só minuto. Ficava acordado o tempo
todo, para não ser surpreendido por Mancharu. Perguntava sempre se alguém havia visto o mons-
tro, mas a resposta era sempre negativa.
Apesar disso, Turuncana não afrouxou a vigilância, pois tinha certeza que Mancharu não ia desistir.
Escutava com atenção todos
os passos que pareciam se aproxi-
mar, todos os estremecimentos de
folhas nas árvores. Finalmente, um
dia, não aguentando mais a
exaustão, deixou que as pálpebras
se fechassem por alguns segun-
dos. Mancharu, que há semanas
estava escondido no meio de uma
árvore de copa bem espessa, só
esperando esse instante, deu uma
risada e saltou sobre ele.
Dando gritos terríveis, quebrou
a nuca de Turucana e o matou.
No mesmo instante, a lagoa
se esvaziou miraculosamente e to-
dos os Huilkas se transformaram
em colinas, no mesmo lugar onde
estavam.
Mancharu ficou furioso. Destruíra toda a tribo de gigantes, mas não adiantou nada, porque não
conseguiu encontrar Arco-íris.
Começou então a correr como louco, para tudo quanto era lado, rugindo como o trovão. Os
olhos lançavam raios vermelhos e suas mãos enormes arrancavam tudo.
– Vou encontrá-la! Não adianta se esconder! Eu sei que você estava na mão de Turuncana
quando eu o matei. Não pode ter ido longe.
O que ele não sabia era que a moça se transformara outra vez numa bolinha de lã de todas as
cores e que, no momento do golpe, rolara pelo chão até o rio, conseguindo escapar. Fugiu durante
horas, pulando de um curso d’água para outro.
Mancharu nunca conseguiu apanhá-la, porque não sabia em que ela se transformara!
Mas Arco-íris nunca mais ousou retomar sua aparência de moça bonita, de tanto medo que
tinha de encontrar o monstro!
Desde esse dia, ela vai dos rios para as lagoas, das lagoas para as fontes, das fontes para as
cachoeiras, em companhia de seus novos amigos, os peixes. Às vezes, nos dias de chuva, quando
ela pula de um rio para outro desenrolando os seus fios, é possível ver no céu uma ponte imensa, de
todas as cores.
Danièle Küss. Os incas: mitos e lendas.
Arco-íris na cidade inca
de Machu Picchu (Peru)
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Heróis lendários
Além dos deuses, outros personagens importantes das mitologias são os heróis. Sejam huma-
nos ou semideuses (nascidos da união entre um(a) deus(a) e um(a) humano(a)), são sempre guer-
reiros ou exploradores corajosos, que buscam o que toda a humanidade deseja (o conhecimento, a
juventude, o poder), enfrentam monstros e ajudam os homens comuns.
Bran e a lenda de Emain Ablach (Irlanda)
O vento leste soprava numa tempestade quando Bran, o irlandês, ouviu pela primeira vez uma
música muito estranha, que nascia bem atrás dele. Virou-se para ver de onde vinha, mas... não viu
nada! Nem ninguém. E, mais surpreendente ainda, no mesmo instante em que se virava, a música
misteriosa recomeçava... atrás dele. As notas mágicas se seguiam, sem cessar, dominando os uivos
do vento, se apossando do cérebro de Bran, paralisando-o... Até que ele caiu, inconsciente, sobre o
capim do campo.
Então ouviu uma voz clara e doce,
uma voz de mulher. Como num sonho,
ela falava de uma ilha maravilhosa, onde
cresciam árvores frutíferas eternamente
carregadas, com ramos de cristal.
– Nesse lugar – dizia ela – as frutas
amadurecem o ano todo e existe uma
fonte que dá imortalidade a quem se ba-
nha em suas águas. Essa terra fica além
do horizonte, em direção ao Poente, e
se chama Emain Ablach.
Aos poucos, cessou a música e a voz
se afastou. Quando Bran acordou, pen-
sou que havia sonhado, mas encontrou
ao seu lado um ramo de cristal coberto
de flores. Eufórico, Bran correu para seu
castelo, reuniu seus homens e relatou o
ocorrido. Os guerreiros não sabiam o que pensar da empolgação de Bra, quando uma mulher, envolta
num halo de luz, apareceu à frente deles. Logo começou a cantar um maravilhoso poema sobre a ilha
de Emain Ablach, onde não se conhecia a doença, nem a fome, nem a velhice... Ao final de um verso
encantador, ela desapareceu bruscamente.
Logo no dia seguinte, Bran e seus homens se lançaram no oceano em um grande barco de
couro. Quando já havia bastante tempo que estavamlonge de sua terra, Erin, e tinham perdido
qualquer ponto de referência, já começavam a duvidar de seu rumo, mas uma aparição mágica os
surpreendeu: era Manannan, o filho do Mar. O jovem deus percorria o oceano em sua carruagem de
cristal, puxada por cavalos brancos, nascidos da espuma das ondas. Quando soube que os mari-
nheiros procuravam pela ilha de Emain Ablach, devido ao chamado de uma bela mulher, soltou uma
gargalhada tão forte que a embarcação de Bran tremeu toda. Impressionado com a coragem daque-
les homens, apontou o caminho, mas advertiu:
– Sei de quem vocês estão falando. Tomem cuidado... Ninguém volta desse reino longínquo...
Alguns dias depois, avistaram terra. Na costa, enfileiradas, várias moças os esperavam. Todas
lindas, vestidas com apuro, e em número exatamente igual ao dos marinheiros. Uma se destacou
das outras e gritou:
– Eu estava esperando você, Bran! Sabia que viria! Seja bem-vindo ao meu reino!
Estupefatos, os irlandeses reconheceram a mulher que lhes aparecera antes da partida. Acha-
vam que estavam sonhando: uma rainha os acolhia como se fossem amigos e estava cercada pelas
mais belas mulheres que já tinham visto. O mar na costa da ilha, porém, era muito revolto.
– Ninguém pode desembarcar aqui sem nossa ajuda! Segure isto, Bran, filho de Febal! – gritou
a rainha, lançando uma bola de fogo na direção do rosto de Bran.
80
Por reflexo, Bran agarrou a bola em pleno voo para não ser atingido. Sentiu uma forte queimadu-
ra, mas quando abriu a mão direita, viu que dela escapava uma luz que partia de volta para a ilha. Um
fio imenso, sedoso, translúcido e muito resistente feria sua mão, incrustado em sua carne. A rainha
segurava-o na outra ponta, e assim o barco pôde atravessar em segurança as ondas e os recifes.
Intimidados, sujos e esfomeados, os homens desembarcaram um a um em Emain Ablach. As
mulheres os guiaram até uma fonte de água quente, onde os banharam. Num imenso palácio, ofe-
receram a eles uma refeição maravilhosa, em travessas de ouro. Era uma comida deliciosa, que
nunca desaparecia do prato. De noite, as mulheres foram com eles para seus quartos, onde havia
uma cama para cada casal.
Ficaram por lá muito tempo. Não sa-
biam dizer quanto, pois não havia mu-
dança de estações na ilha e todos os dias
eram iguais. Bran tentara contar os dias,
mas acabou se atrapalhando. Uma coi-
sa o intrigava mais do que tudo: desde
que se banharam na fonte, se sentia mais
jovem, e percebeu que ele mesmo e seus
companheiros pararam de envelhecer.
Em Emain Ablach, o tempo não existia.
No entanto, depois de muitos dias
– ou anos, não tinham como saber –, a
saudade da Irlanda, de suas estações e
tempestades, começou a crescer nos
marinheiros. Foram à rainha e expres-
saram o desejo de voltar à terra natal.
Após recusa, ela cedeu, mas avisou:
– Vocês vão se arrepender amar-
gamente. E nunca ponham os pés em
terra firme novamente. Senão, uma mal-
dição terrível cairá sobre vocês!
Transtornados, mas felizes, Bran e
seus companheiros subiram a bordo de
um barco de cristal, um barco mágico,
que resistia a todas as tempestades e
aos desgastes do tempo. Depois de muito
navegar, chegaram à costa de Erin. Mas,
apesar de reconhecerem os lugares, não
reconheciam as pessoas. Uma multidão
se juntou na costa para ver quem chega-
va naquele barco magnífico. Entre os pre-
sentes, gente parecida com os parentes
dos marinheiros, mas ninguém de suas
famílias estava lá.
– Quem são vocês? De onde vêm? – perguntou um dos habitantes do lugar.
– Sou Bran, filho de Febal...
– Impossível... Febal morreu há muito tempo. E faz mais de três séculos que Bran, seu filho, foi
embora. Nunca mais se soube dele – respondeu um velho.
Sem acreditar nisso e não aguentando de ansiedade, um dos jovens marinheiros saltou do
barco. No instante em que seu pé tocou o solo, um raio cruzou os céus e ele foi reduzido a pó! A
profecia se cumprira: ele envelheceu três séculos em três segundos. Aterrorizados, Bran e seus
companheiros desistiram de desembarcar. Até hoje, um grupo de marinheiros eternamente jovens
vaga à deriva pelos mares, em seu barco de cristal...
Adaptado de Gilles Ragache. Em busca da América: mitos e lendas.
Bran e seus homens
chegam a Emain Ablach
81
Maui dos Mil Truques (Polinésia)
Contam as lendas que as ilhas da Polinésia exis-
tem hoje porque o herói Maui as pescou do fundo
do mar usando um anzol gigante. O nome do anzol
de Maui, Manai-a-ka-lani, significa “Vindo dos céus”.
O anzol mágico foi presente de sua mãe e perten-
ceu a Kuula, o deus da pesca. Sua mãe, Hina,
engravidou por meios misteriosos e deu à luz Maui
ainda na forma de feto. Ele se tornou uma figura
heroica, inteligente e forte, que mereceu o nome de
Maui dos Mil Truques. As tatuagens de Maui são
típicas da cultura polinésia. A versão do mito na ilha
de Manihiki diz que seu pai e sua mãe eram ambos
descendentes do deus Tangaroa da Face Tatuada.
Na ilha de Raratonga, Maui é o próprio filho de
Tangaroa, o deus do mar.
Maui era capaz de fazer qualquer coisa, me-
nos vencer a morte, e melhorou o mundo para a
humanidade. Entre outras coisas, levantou o céu,
roubou o fogo do mundo subterrâneo para a huma-
nidade e capturou o sol. Achando que ele se movia
rápido demais no céu, e querendo atrasá-lo, Maui
laçou-o com uma corda de fibra de coco, mas o sol
reduziu a corda a cinzas. Então ele fez outra corda
com os cabelos sagrados de sua irmã e aguardou
na extremidade leste do mar. Quando amanheceu,
ele atirou a corda e capturou o sol. E, por mais que
o sol implorasse, Maui não o soltou enquanto ele
não prometeu dar dias mais longos no verão e mais
curtos no inverno.
Adaptado de Neil Philip. Mitos e lendas em detalhes.
01 Apesar de ser uma divindade inca, Viracocha apresenta características bastante humanas. Apre-
sente três adjetivos que poderiam caracterizar esse personagem.
I. _______________________________________________________________________
II. _______________________________________________________________________
III. _______________________________________________________________________
02 A história do deus hindu Vishnu simboliza a eterna luta entre o bem e o mal. Explique essa
afirmação.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
Maui com seu anzol mágico em
versão animada dos estúdios Disney,
no filme Moana (2016).
82
03 O que esse deus, Vishnu, tem em comum com o herói Maui? Apresente pelo menos uma carac-
terística que corresponda aos dois personagens.
____________________________________________________________________________________
04 Agora, liste cinco personagens ficcionais (de filmes, seriados, livros ou jogos) que você conheça
que podem ser considerados heróis assim como Maui, devido a suas características pessoais.
1. _______________________________________________________________________
2. _______________________________________________________________________
3. _______________________________________________________________________
4. _______________________________________________________________________
5. _______________________________________________________________________
05. Você viu que cada mitologia, a partir de sua cultura, tem histórias muito diferentes das outras,
afinal, um país nórdico não terá os mesmos mitos que um país africano, por exemplo, porque as
realidades são diferentes. No entanto, todas as culturas têm pelo menos um mito em comum,
que às vezes é um pouco parecido, e todos os outros dependem desse. Qual é?
____________________________________________________________________________________
Você conheceu, nesta Unidade, alguns tipos variados de mitos, resumidos nos títulos:Criação
do mundo e do homem, Algumas divindades, Os mitos da natureza e Heróis lendários. Tendo
isso em mente, faça as propostas de produção de texto a seguir:
Proposta I. Criação do mundo e do homem: Antes do mundo como o conhecemos, não
existia nada... Ou existia? Inspire-se nas histórias que você conhece e produza um texto narrativo
(de 15 a 30 linhas) para imaginar como aconteceu o surgimento do mundo e dos seres humanos. Dê
um título ao seu texto!
Proposta II. Algumas divindades: E se você fosse um deus mitológico? O que faria pela
humanidade? Quais seriam seus domínios? A partir do que você sabe sobre os deuses de diferentes
culturas, imagine que você é um deus no mundo de hoje, e um dos seus seguidores está desespe-
rado por algum motivo, e recorreu a você. Conte essa história em um texto narrativo (de 15 a 30
linhas). Dê um título ao seu texto!
Proposta III. Os mitos da natureza: Você já conhece algumas histórias que buscam explicar
fenômenos naturais. Deve ter percebido, porém, que cada cultura tem sua versão para esses acon-
tecimentos que parecem tão incríveis. Assim, escolha uma das opções a seguir:
(A) Crie a sua própria versão para o mito do eclipse! Procure explicar esse fenômeno em um
texto narrativo (de 15 a 30 linhas). Dê um título ao seu texto!
(B) Reinvente a história sobre o arco-íris! O que você acha que poderia ser aquela faixa de
sete cores? Procure explicar esse fenômeno em um texto narrativo (de 15 a 30 linhas). Dê
um título ao seu texto!
(C) Invente sua própria versão para as quatro fases da Lua (Minguante, Nova, Crescente,
Cheia). Por que isso ocorre? Mostre sua criatividade em um texto narrativo (de 15 a 30
linhas). Dê um título ao seu texto!
(D) Sabe o furacão, aquele redemoinho gigantesco de vento, que devasta tudo? Imagine uma
narrativa mitológica para explicar esse fenômeno (texto narrativo de 15 a 30 linhas). Dê um
título ao seu texto!
83
(E) Algum outro fenômeno da natureza não listado acima intriga você? Qual? Procure explicá-
lo através de uma narrativa mitológica! Produza um texto narrativo (de 15 a 30 linhas). Dê
um título ao seu texto!
Proposta IV. Heróis lendários: escolha uma das duas opções a seguir:
(A) Em forma humana ou animal (avatar), o deus Vishnu foi herói e salvou o mundo várias
vezes. Nesta Unidade você viu uma breve apresentação dos 10 avatares de Vishnu. Esco-
lha um deles e desenvolva sua história em um texto narrativo (de 15 a 30 linhas). Dê um
título ao seu texto!
(B) Imagine que você pertence à tripulação de Bran, e acaba de retornar com ele da ilha de
Emain Ablach, aportando numa cidade nos dias de hoje. Você está assustado(a) por não
reconhecer ninguém? E o fato de não poder descer do barco? Para onde vocês vão?
Escreva um texto narrativo (de 15 a 30 linhas) em que você procure resolver essas ques-
tões junto aos seus companheiros. Dê um título ao seu texto!
Proposta V. Você deve ter reparado que algumas das narrativas apresentadas nessa Unidade
são mais curtinhas que outras, apresentando poucos detalhes da história (ex: Pan Gu cria o mundo,
A lenda de Quetzalcoatl e Maui dos Mil Truques). Escolha uma dessas histórias e desenvolva,
inventando os detalhes dela em um texto narrativo (de 15 a 30 linhas). Dê um título ao seu texto!
01 (MODELO ENEM) Observe a imagem a seguir.
O filme Moana: um mar de aventuras (2016), dos Estúdios Disney, traz uma dupla de heróis,
Maui e Moana, a personagem-título do filme. A história é baseada na mitologia polinésia, mas
revoluciona e atualiza de certa forma as narrativas mitológicas, pois:
I. Maui, nesta história, não tem importância nenhuma.
II. Moana é uma heroína aventureira, papel geralmente protagonizado por heróis masculinos.
III. até o lançamento desse filme, os mitos só apareciam em livros.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
(A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) II. (E) III.
84
02 (MODELO ENEM) Leia o texto seguinte.
As colunas do Céu
Como o Céu pode manter-se suspenso sobre a Terra? Ora, é sustentado por colunas
– responde um mito chinês. Os antigos chineses consideravam a Terra um quadrado, em
cujos ângulos erguem-se as quatro colunas que escoram o Céu. Este é um círculo, que,
tendo no centro a Estrela Polar, gira em torno de si mesmo, levando nesse movimento
todos os astros.
No entanto, esse equilíbrio quase foi rompido por um monstro violento, Kong-Kong.
Furioso por não poder ser o senhor do Universo, jogou-se contra a coluna do noroeste, que
ficou bastante abalada e fez o Céu curvar-se para esse lado. Por isso, o Sol e as estrelas
deslocam-se para noroeste. Mas a Terra inclina-se para nordeste – motivo de todos os
grandes rios da China correrem nessa direção.
Muitos mitos de diferentes civilizações (América, Oceania, Escandinávia) pintam o
Universo como um conjunto de mundos superpostos, sustentados por um mastro ou por
uma árvore gigantesca.
Adaptado de Claude-Catherine Ragache. A criação do mundo: mitos e lendas.
A explicação mítica para fenômenos da natureza por parte de muitos povos antigos revela
(A) a ignorância desses povos, culturalmente atrasados.
(B) que os antigos cientistas eram incompetentes.
(C) a natureza humana de inventar miticamente todo aquilo que desconhece, produzindo ri-
queza cultural.
(D) que as civilizações copiavam umas às outras para elaborar seus mitos.
(E) coincidências inexplicáveis entre mitos de lugares diferentes, o que só pode ter origem divina.
03 (MODELO UERJ) Leia o texto:
O beijo da aurora
Nos países do Grande Norte, como na Lapônia, a aurora boreal era considerada um
signo anunciador do cataclismo: acreditavam que era o sangue que se punha no horizonte.
Mais ao sul, na Estônia, a aurora era a heroína de um mito menos pessimista. Atribuíam-
85
lhe os traços de uma moça, Koit: era ela quem acendia toda manhã a chama do Sol. Na
outra ponta do céu, Aemmarik, o crepúsculo, apagava-a toda tarde. Koit e Aemmarik que-
riam se casar... mas, nesse caso, o que aconteceria com a alternância regular do dia e da
noite? Os dois namorados preferiram se sacrificar e viver distantes um do outro, para pre-
servar a harmonia do mundo. Somente de vez em quando Aemmarik se permite roubar um
beijo de sua bem amada, que fica toda vermelha: o horizonte então se enche de púrpura,
quando as luzes cúmplices da Aurora e do crepúsculo se entrelaçam...
Franck Jouve. Céu e estrelas: mitos e lendas.
A Aurora boreal é um fenômeno que ocorre nas regiões polares do planeta Terra, além de
outros, como Júpiter, Saturno e Marte. Ocorre durante a noite ou no final da tarde, quando são
vistas, a olho nu, luzes coloridas e brilhantes, geralmente avermelhadas e esverdeadas.
Adaptado de https://www.significados.com.br
Os mitos normalmente atribuem a fenômenos da natureza
(A) uma importância maior do que a que eles realmente têm.
(B) mais beleza do que eles realmente possuem.
(C) características e sentimentos humanos, enredo e sentido poéticos.
(D) sentidos errados e distrações desnecessárias.
Leia as duas sinopses a seguir:
Stardust (livro)
Stardust conta a história do jovem Tristran Thorn,
que promete capturar uma estrela cadente para con-
quistar o coração de sua amada. Para levar a cabo a
missão, Tristran tem que atravessar o portal que separa
o vilarejo de Muralha, encrostado “num alto afloramento
de granito no meio de uma pequena região de floresta”,
na Inglaterra vitoriana, da Terra Encantada. Poucos ou-
sam cruzar o portal, exceto durante a Festa da Prima-
vera, que acontece de nove em nove anos. Nessa épo-
ca, uma grande feira se instala no local e os moradores
de Muralha, bem como visitantes de todas as partes do
mundo, entram em contato com os seres que habitam o
outro lado. Foi o que ocorreu muitos anos antes, quan-
do Dunstan Thorn, o pai de Tristran, cruzou o portal e
conheceu uma bela e misteriosa jovem de olhos cor de
violeta, a verdadeira mãe de Tristran. Em sua jornada
pela Terra Encantada, Tristran Thorn, que desconhece
sua origem, mas tem a força impetuosa dos apaixona-
dos, enfrentará perigos e armadilhas,conhecerá seres
fantásticos, que vivem num mundo regido por leis pró-
prias, e precisará de inteligência, coragem e uma boa dose de intuição para realizar o
Desejo de seu Coração. Sua luta, no entanto, revela-se outra ao longo das páginas.
http://www.saraiva.com.br
86
Stardust: o mistério da estrela (filme)
O jovem Tristan (Charlie Cox) tenta conquistar o amor
da bela e fria Victoria (Sienna Miller) indo em busca de
uma estrela cadente. A jornada o leva a uma terra miste-
riosa, além dos muros da cidade. Porém Tristan não é o
único atrás da estrela cadente. Os quatro filhos do rei de
Stormhold (Peter O'Toole) e os espíritos de seus três fi-
lhos já falecidos também estão atrás dela, assim como a
feiticeira Lamia (Michelle Pfeiffer), que deseja usá-la para
recuperar a juventude. Para a surpresa de Tristan, a es-
trela se transformou em uma garota chamada Yvaine
(Claire Danes), que ele deverá proteger de todos esses
perigos.
Adaptado de http://www.adorocinema.com/
01 A obra de Neil Gaiman, lançada em 1999 e adaptada para o cinema em 2007, apresenta um
elemento fundamental para a história do jovem Tristran Thorn, que é típico de muitas narrativas
mitológicas, e aliás define um dos tipos de mitos dessa Unidade. Que elemento seria esse?
Explique sua importância.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
02 Que tipo de personagem Tristran (ou Tristan, na versão cinematográfica) seria, considerando a
similaridade da história de Neil Gaiman com as narrativas mitológicas? Que características do
personagem poderiam justificar essa categorização?
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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
03 As sinopses do livro e do filme focalizam partes diferentes da história. Em que parte cada
sinopse se concentra? Que outras diferenças você percebe que os dois textos apresentam?
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