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DAVID HARVEY. 17 Contradições e o Fim do Capitalismo Tradução: Rogério Bettoni. São Paulo, Ed. Boitempo, 2016 (copy:2014) Ivony Lídia, registra: Convidada (em 4/7/21) pela Profa. Gelfa de M. Aguiar Costa, ACEITEI participar do grupo de estudo coordenado por ela, embora já na metade da atividade, de vez que se estudava a Contradição 8: Tecnologia, Trabalho e Descartabilidade Humana. Esta seria apresentada p/Abel Diniz, em 13/7. mas, por imprevistos, a discussão só foi finalizada em 29/7/21. A Contradição 8 está inserida na PARTE II – AS CONTRADIÇÕES MUTÁVEIS, pgs. 93 a 199). A PARTE I – AS CONTRADIÇÕES FUNDAMENTAIS, abrange sete (7) Contradições (pgs. 28 a 93). Esclareci não ter tempo p/ler toda esta parte que o grupo já trabalhara e, também, que não tinha a menor prática nesse tipo de aula, por isto agradeci a oportunidade de estar “me reciclando na Teoria e me alfabetizando na tecnologia”! Contradição Mutável n . 8 – Tecnologia, Trabalho e Descartabilidade Humana Começo citando cometário feito por mim, o qual resolvi reconsiderar e tentar perceber o autor com mais segurança e imparcialidade, daí me obriguei reler, à partir da Ct-8, a 9, a 10 e a 11, já que a pausa de outubro assim o propiciou, além do Prólogo: A Crise Atual do Capitalismo, e da Introdução sobre a Contradição. A leitura dessas duas partes iluminou a interpretação do que lia, mas ampliou a lista dos questionamentos. Eu disse: “Peguei o “BONDE andando”, pendurada – quase caindo ou saindo - e já estou enviesada com a forma do David comentar num “bate e assopra sem fim”. Ele começa (p.93) incisivo, fazendo seu (?) resumo sobre a “concepção marxista tradicional” relativa ao tema objeto do que denomina “Contradição Mutável” n. 8: Tecnologia, Trabalho e Descartabilidade Humana: “A principal contradição que a concepção marxista tradicional de socialismo/comunismo deveria resolver1 é aquela entre o aumento inacreditável(2) nas forças produtivas (3) (amplamente entendidas como capacidades e potencialidades tecnológicas) e a(4) incapacidade do capital de utilizar essa produtividade para o bem-estar comum, em razão de seu comprometimento com as relações de classe vigentes e seus mecanismos associados de reprodução, dominação e controle de classes. 5) Abandonado (?) a si mesmo – prossegue o argumento*? – o capital está fadado? a produzir uma estrutura de classe oligárquica e plutocrática cada vez mais vulnerável, sob a qual a massa da população mundial deve se virar para ganhar a vida ou morrer de fome. Frustrado com essa desigualdade crescente em meio à abundância, surgirá das massas um movimento revolucionário anticapitalista, consciente, organizado (? conduzido nos termos* leninistas por um partido de vanguarda) capaz de derrubar o domínio de classe e reorganizar a economia global,** proporcionando a toda população do planeta os benefícios prometidos pela maravilhosa produtividade do capital. (*) Essa frase faz esperar o nome de quem argumenta, o que não acontece, mas, adiante, a frase entre parêntesis parece apontar teóricos leninistas… Enfim: ao final do primeiro parágrafo, não se sabe se é interpretação dele ou citação. Ivony destaca como percebe as palavras que grifa: 1) deveria resolver – Incisivo: 2) inacreditável – o autor (não citado) se maravilha ou zomba? 3) Harvey faz este enfático e apressado esclarecimento?; 4) Pq “incapacidade do capital” (?ou dos capitalistas?) se a teoria diz que o Capitalismo produz para quem tem dinheiro para comprar? 5) Talvez, a “tradução não favoreça o autor” ao optar por estes ADJETIVOS: abandonado, fadado, vulnerável, frustrado… Finalmente, o conceito: (**) economia global, globalização, etc, termos que tentam encobrir (eufemismo) o conceito de Imperialismo, conforme Atílio A. BARON, artigo: A Questão do Imperialismo, pgs. 459 a 483, do livro: A Teoria Marxista Hoje (Expressão Popular, 2006) Salvo melhor juízo: este meu olhar induziu-me o “bate e assopra sem fim!” O David HARVEY comenta assim o conteúdo “resumido” no primeiro parágrafo: “Embora haja bem mais que um pingo de verdade nessa análise (parecemos bastante adiantados hoje na produção de uma plutocracia global, por exemplo), acompanhada de mais do que uma lufada de fervor revolucionário com esperanças no mecanismo de transição, sempre tive a sensação de que essa fórmula é simplista demais ou até fundamentalmente falha. Está claro que os aumentos drásticos de produtividade do capital são apenas um dos polos de uma movimento contraditório que está sempre ameaçado de explodir em crise. O que não está claro, no entanto, é qual seria sua antítese correta. Vamos tratar aqui desta questão.” (p.93) (negritos e sublinhados: Ivony Lídia) PÁGINA 93: 1) Pela FORMA de começar, entendi que o autor seria um marxista contemporâneo, trabalhando falhas teóricas dos marxistas tradicionais (falhas ou afirmativas vulneráveis que a história demonstrou infundadas). Ou seja: o autor revisa, atualiza e pode desembocar numa reconstrução em nível teórico superior. Entretanto, a maneira como o autor formula o segundo parágrafo introduziu- me dúvidas quanto ao meu entendimento sobre o “nicho teórico” dele, dada a forma minimizadora de expressar-se sobre a formulação teórica dos “marxistas tradicionais”! Comecei até a fazer uma tabela para contar elogios/críticas aos avanços do capitalismo. Certamente, esse não é o caminho! Meus caminhos de trabalho me afastaram do evolução da discussão teórica durante cerca de três décadas, mas, para mim, a essência límpida, demonstrada pela Teoria Socialista/ Marxista é esta: TRABALHO (manual E intelectual) E NATUREZA (terra e matérias/Frutos,Sementes, etc, dela extraídas) para gerar coisas úteis para toda a Humanidade. Ou seja, dos que produzem coisas e serviços úteis: todos trabalham para todos! Mas, ao longo da história “civilizada” da Humanidade, o TRABALHADOR (Sujeito, dono da Força de trabalho) tem sido “Coletor, Caçador, Agricultor, ESCRAVO, SERVO….OPERÁRIO/….HOJE: o Trabalhador ou operário, tem a denominação de Terceirizado ou Colaborador e, Autônomo: chamado, pomposamente, de Empreendedor! Das preciosas formulações teóricas do filósofo Karl Marx, dentre as “joias” com logicidade atemporal, está no meu acervo educativo pessoal, por exemplo:só quando as condições históricas estão dadas, a humanidade reconhece, identifica e se propõe resolver os problemas resultantes. A ironia, presente em determinadas formulações críticas de Marx, quando cabível, sempre esteve relativizada pelo destaque às condições históricas vivenciadas pelo autor cuja teoria era objeto de sua análise. Essa postura, que pode ser considerada de maturidade intelectual, espiritual, humanista, etc, em primeiro lugar, é de Ética, de honestidade!!! Falei de maneira bem simples (simplista demais?) mas, persigo transparência de sentimentos e atitudes. AGORA, VEJAMOS OS DESTAQUES DA CT-8 (APÓS RELEITURA) Confirmei meu entendimento de que o autor objetiva demonstrar a antítese essencial dentro da dinâmica oriunda da alta produtividade gerada pelos fatores tecnologia e trabalho, a qual resulta no descarte deste e nas crises econômico-sociais que o Sistema Capitalista, neste século, estendeu ao mundo inteiro. HARVEY define “tecnologia como o uso de processos e coisas naturais na fabricação de produtos para propósitos [utilização] humana.” (p.93) Destaca que “Em sua base, a tecnologia define uma relação específica, dinâmica e contraditória, com a natureza.” Enfatiza que “essa contradição é importantíssima” e que tratará da mesma no capítulo 16. (p.94) , e diz o porquê: “O que nos interessa de imediato é reconhecer sua existência, fluidez e dinamismo.” Na sequência HARVEY explica o que chama de “propósito imediato e distintivo do capital (em oposição, digamos, às Forças Armadas,ao aparelho estatal e a várias outras instituições da sociedade civil) é o lucro, que se traduz socialmente na acumulação perpétua de capital e na reprodução do poder da classe capitalista. Esse é o objetivo do consumo do capital. Para alcançá- lo, os capitalistas (…)” Pg. 94, (grifos: ivony) Pensei no grupo ao grifar em negrito e sublinhar, a fim de chamar a atenção para a multiplicidade de sentidos no emprego da palavra capital, pelo autor, dado que nada sei da vivência de cada membro do grupo com a teoria socialista/marxista (não houve tempo e condições para isto!). Como eu disse estar me reciclando, aqui vai meu apelo para Gelfa e o grupo : por favor, corrijam minha interpretação: Na frase “Esse é o objetivo do consumo do capital”: 1) Até aqui podemos entender capital como o conjunto: TRABALHO: intelectual (abstrato) + Manual (concreto) + NATUREZA (lógico!) CONCRETIZADO EM MAQUINAS e/ou FERRAMENTAS, que SÃO CONSUMIDAS NO PROCESSO DE TRABALHO??? Na frase seguinte, “Para alcançá-lo, os CAPITALISTAS* ADAPTAM E REFORMULAM - o hardware da tecnologia (máquinas e computadores), - o software (programas usados pelas máquinas) - e suas formas de organização (estruturas de comando e controle SOBRE O USO DO TRABALHO**, em particular)” (Pg.94, maiúsculas e negrito: Ivony) (*) Capitalista: SUJEITO, Dono do CAPITAL: { “Econ. Conjunto dos bens produzidos pelo homem que participam da produção de outros bens. Basicamente, máquinas e equipamentos.” } (N. Aurélio, 2009) CAPITALISTA – {De Capital + ista} Adj. 2 g. 1. Referente a Capital ou Capitalismo; 2. Diz-se do sócio que oferece capital a uma empresa; 3. Pessoa que vive do rendimento de um capital; 4. Pessoa que tem muito dinheiro; 5. Pessoa que fornece capital a empresa.” (Novo Aurélio, 2009). Capitalista, nesse caso, é o DONO DE TUDO que represente Riqueza e Poder (os “siameses” forjados pelos Humanos) através da posse de Bens Tangíveis e Intangíveis (a Técnica) cujo montante se expressa em valor monetário, conforme a Economia. (Ver significados cfe. Aurélio, 2009 ) (**) TRABALHO – “{Dev. de Trabalhar} “Aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim”; “o exercício dessa atividade como ocupação, ofício, profissão”... (Novo Aurélio, 2009). TRABALHADOR - “{De Trabalhar + dor, Adj.} 1) Que trabalha: laborioso, ativo, S. M. 2) Aquele que trabalha, lidador, pelejador. 3)Jornaleiro, empregado, operário; # Trabalhador Autônomo.” Novo Aurélio, 2009, que define o verbete Trabalhar “{Do latim vulg. “tripaliare”, martirizar com o tripallium (instrumento de tortura…) pela f. Trabalhar} Ocupar-se em algum mister, exercer o seu ofício, (…)”. Relembrando este conceito pela Ciência Econômica e agregando o primeiro sentido de Trabalho no “Aurélio”, tem-se: TRABALHADOR: SUJEITO, Dono da Força de trabalho: Energia Física e Mental (Forças que integram o SER ou sujeito, forjadas por seu “Programador”/Criador” ou pela Natureza) que o sujeito utiliza no processo de trabalho produzindo os Bens e Serviços úteis para Humanidade. Um complemento, que espelha a realidade é: “produzindo para a parte da Humanidade que pode comprar os bens e pagar pelos serviços”! Este sujeito, concreto e dinâmico, está pouco “ativo” no texto do David, até aqui, embora possa vir a ser o centro da discussão, porque é quem pode ser descartado, conforme o enunciado da contradição. Continuemos atentos aos significados acima expostos, porque precisaremos prestar atenção aos sentidos de palavras dentro de frases, como: “O propósito imediato e distintivo do capital…” (3* parágrafo, p.94) e “O propósito imediato do capital…” (também, 3* parágrafo, p. 94), PERGUNTO SE CONCORDAM QUE, AQUI, O PROPÓSITO NÃO PODE SER DO CAPITAL E SIM DOS CAPITALISTAS? POR QUE RECORDAR SIGNIFICADOS DESSES CONCEITOS BÁSICOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA? - Primeiro, porque o autor está reconstruindo uma visão teórica – “atualizada” – deste momento histórico do SISTEMA CAPITALISTA; - Segundo, porque nesta Contradição Mutável n. 8: Tecnologia, Trabalho e Descartabilidade Humana, o autor reconhece o aspecto contraditório tecnologia/Natureza (será tratado na CT-16) mas, busca achar ou “definir a antítese correta” dentro da contradição, logicamente, por discordar com a teoria tradicional. Portanto, vai propor conceitos adequados ao que pretende dar visibilidade como contribuição do seu trabalho. Por exemplo: Ele já começa no final da primeira página do texto (93): “A tecnologia pode ser definida como o uso de processos e coisas naturais (,,,)” (atenção nos grifos! ivony) e, finalmente, - Terceiro, ao final do texto, ficaremos convencidos ou não com a contribuição ou reconstrução feita pelo autor. Agora vamos ao resultado da minha leitura das duas partes que se constituem em início do livro, mas, também, em ferramentas de compreensão e de indicação dos novos caminhos teóricos que o autor vai tentar concretizar. Optei por “fichar” as formulações que possam nos ajudar, salvo complementações e melhor juízo do coletivo. PRÓLOGO: A Crise Atual do Capitalismo (N. Y., jan./2014, . 09-13) – Destaques: “(…) notável nas crises não é tanto a ampla reconfiguração da paisagem física, mas as mudanças drásticas no modo de pensar e entender , nas instituições e ideologias dominantes, nos processos, alianças e subjetividades políticas, nas tecnologias e formas organizacionais, nas relações sociais, nos costumes, e nas preferências culturais que permeiam a vida cotidiana. As crises abalam profundamente nossas concepções de mundo (…) E nós, como participantes e habitantes inquietos desse mundo que vem surgindo, temos de nos adaptar, por coerção ou consentimento a um novo estado de coisas, ao mesmo tempo que, por meio de nossas ações e do modo como pensamos e nos comportamos, damos nossa pequena contribuição às complicações desse mundo.(p.9-10)” (gf:iy) Harvey resume crises politicas – guerras e outros – e econômicas no século XX, e destaca com maestria as políticas econômicas, em pauta, e dados que exibem o montante da riqueza dos “Plutocratas”: “ Em termos gerais, o mundo está polarizado entre a continuação ou até o aprofundamento das soluções neoliberais, baseadas a oferta {supply-side} e monetaristas, enfatizando a austeridade como remédio apropriado para curar nossos males (caso da Europa e dos Estados Unidos), e a retomada de uma versão em geral diluída de uma expansão keynesiana baseada na demanda e financiada pela dívida (como na China), ignorando a ênfase de Keynes na redistribuição de renda para as classes mais baixas como um dos seus componentes-chave. Não importa qual política é seguida: o resultado é o favorecimento do clube de bilionários que constitui hoje uma plutocracia cada vez mais poderosa, tanto dentro dos países como no cenário mundial (como Rupert Murdoch). Em toda parte, os ricos estão cada ez mais ricos. Os cem maiores bilionários do mundo (tanto da China, da Rússia, da Índia, do México e da Indonésia como dos centros tradicionais de riqueza na América do Norte e na Europa)juntaram US$240 bilhões a mais em seus cofres só em 2012 (o suficiente, calcula a Oxfam, para acabar com a pobreza mundial da noite para o dia). Em contrapartida, o bem-estar das massas estagna, na melhor das hipóteses, ou, mais provavelmente, sofre uma degradação crescente, se não catastrófica (como na Grécia e na Espanha).” (p.10-11) “Desta vez, a grande diferença institucional parece ser o papel desempenhado pelos bancos centrais, e, obviamente, o papel principal, ou até dominante, no cenário mundial é do Federal Reserve, dos Estados Unidos. Mas, desde os primórdios dos bancos centrais (em 1694, no caso britânico) o papel deles tem sido proteger e socorrer os banqueiros, não cuidar do bem-estar das pessoas. O fato de que, estatisticamente,os Estados Unidos conseguiram sair da crise (…) tem tudo a ver com a política do Federal Reserve. Será que isso é o prenúncio de um capitalismo global administrado pela ditadura dos banqueiros centrais do mundo, cuja missão é proteger o poder dos bancos e plutocratas? Se sim, parece haver pouca possibilidade de resolvermos o atual problema das economia estagnadas e do padrão de vida cada vez mais baixo da massa da população mundial.” (p.11, todos os grifos: ivony) O autor fala de “muita conversa fiada sobre a possibilidade de uma solução tecnológica” e destaca que “Atualmente, as esperanças estão concentradas no capitalismo “baseado no conhecimento” (em primeiro plano, a engenharia biomédica, a engenharia genética e a inteligência artificial).” (p. 11). Encaminhando-se para finalizar, ele analisa a “esquerda tradicional (partidos políticos e sindicatos), há 30anos derrotadas pelos ataques ideológicos e políticos da direita. Enfatiza “o colapso estigmatizado do comunismo realmente existente e a “morte do marxismo” (aspas do autor) depois de 1989, pioraram ainda mais a situação. Hoje o que resta da esquerda radical (…)” Harvey relata e opina sobre posições discordantes do espectro à esquerda, e fecha o parágrafo dessa forma: “Mas uma vez que essa esquerda tenta mudar o mundo sem tomar o poder, uma classe capitalista plutocrática* cada vez mais consolidada permanece inconteste em sua capacidade de dominar o mundo sem restrições. Esta nova classe dominante é apoiada por um Estado* de segurança e vigilância que não é em absoluto contrário ao uso do poder de polícia para dominar qualquer forma de dissidência em nome do antiterrorismo.” p.12 (PRESTEM ATENÇÃO NA COMPOSIÇÃO do parágrafo! (*) Perda da soberania estatal para os Credores Privados = Capital Financeiro no comando. Ver BAUMAN, Zymunt. Capitalismo Parasitário e outros temas contemporâneos. Rio, RJ, Zahar, 2010.) “Foi nesse contexto que escrevi este livro. A abordagem que adotei é pouco convencional, visto que segue o método de Marx, mas não necessariamente seus preceitos, e receio que, por conta disso, os leitores se sintam desestimulados a aceitar zelosamente os argumentos expostos aqui. (…)” (p.12) “(…) Precisamos de um fórum aberto – de uma assembleia global por assim dizer – para refletir em que ponto se encontra o capitalismo para onde se encaminha* e o que se deveria fazer a esse respeito. Espero que este livro sucinto possa contribuir para o debate. New York, janeiro de 2014. “ (p. 13) (negrito, itálico, sublinhados: Ivony, (*) Ver citação bibliográfica na última página destas anotações.) INTRODUÇÃO SOBRE A CONTRADIÇÃO – DESTAQUES: “O conceito de contradição é usado na língua inglesa de duas maneiras básicas. A mais óbvia e mais comum deriva da lógica aristotélica,* em que duas declarações são consideradas tão conflituosas que ambas possivelmente não podem ser verdadeiras.(…)” p.15. * No rastro de Aristóteles, permitam-me caros colegas de grupo colocar: “A Verdade não pode existir em coisas que divergem” (São Jerônimo); e, “Não se opor ao erro é aprová-lo. Não defender a Verdade é negá-la.” (São Tomás de Aquino) Ainda: Verbete Contradição, 5) LÓGICA: Oposição entre a proposição universal afirmativa, e a proposição particular negativa; ou entre a proposição universal negativa e a proposição particular afirmativa pela qual se excluem recíproca e necessariamente os seus valores de verdade. (Aurélio, 2009). “O segundo uso do termo “contradição” acontece quando duas forças aparentemente opostas estão presentes ao mesmo tempo em determinada situação, entidade, processo ou evento. (…)” p.15. (grifos ivony) No restante da pag. 15 e em toda a pg. 16, o autor ilustra com exemplos individuais, pessoais, etc, diversas situações de oposição, o que me fez deduzir que seria para “formatar” o aspecto do conceito de contradição com o qual vai trabalhar. Daí, resolvi continuar a “ficha”: “Há uma forte elemento subjetivo quando se trata de definir e sentir o poder das contradições. (…) contradições latentes podem se intensificar de repente e gerar crises violentas (..)” “Contradições não são todas ruins, e não é minha intenção insinuar conotações automaticamente negativas. Elas podem ser uma fonte fecunda de mudanças pessoais e sociais. (…) Podemos usá-las de forma criativa. Inovar é uma das maneiras de sair de uma contradição.(…)” p.16; Podemos adaptar nossas ideias e práticas às novas circunstâncias e aprender com a experiência a ser pessoas melhores e mais tolerantes.(…) p.17” (*****) HARVEY retorna, na p.17, a exemplos “de adaptação” individual, familiares, de vizinhança e diz: “Esse tipo de adaptação pode acontecer em escala tanto macroeconômica, como individual. A Grã-Bretanha, por exemplo, numa situação contraditória no início do século XVIII (…)” Resumo: a disputa acirrada pela terra: produzir alimentos ou carvão? Solução; escavar minas e usar terra para produção de alimentos. O autor destaca (e prepara?): “Posteriormente, a invenção da máquina a vapor ajudou a revolucionar o capitalismo vigente (…) A contradição pode ser a “mãe da invenção”. (aspas do autor) mas devemos ressaltar algo importante aqui: o recurso aos combustíveis fósseis aliviou uma contradição, mas hoje, séculos depois, tornou-se o pivô de outra contradição entre o uso de combustíveis fósseis e as mudanças climáticas. as contradições têm o péssimo hábito de não se resolverem, apenas se deslocarem. Guardemos BEM ESSE PRINCÍPIO PORQUE VOLTAREMOS MUITAS VEZES A ELE. (p.17) (negrito, maiúsculas, Ivony, e digo: atenção para o penúltimo parágrafo dessa página 17): “As contradições do capital têm gerado inovações, e muitas delas têm melhorado a qualidade da vida cotidiana. Contradições, quando levam a uma crise do capital, produzem momentos de “destruição criativa”. É raro que o que se cria e o que se destrói seja predeterminado, e é raro que tudo que se cria seja ruim e tudo que era bom seja destruído. E é raro que as contradições sejam totalmente resolvidas. Crises são momentos de transformação em que o capital e se transforma em outra coisa. E essa “outra coisa” (aspas do autor) pode ser melhor ou pior para as pessoas, mesmo que estabilize a reprodução do capital. Mas crises também são momentos de perigo quando a reprodução do capital é ameaçada por contradições subjacentes.” (p.17) Analisem este parágrafo! “Neste estudo baseio-me na concepção dialética da contradição, e não na lógica aristotélica. Não quero dizer com isso que a definição de Aristóteles seja errada. As duas definições – aparentemente contraditórias – são autônomas e compatíveis. Apenas se referem a circunstâncias diferentes. Acredito que a concepção dialética seja rica em possibilidades e é mais fácil trabalhar com ela.” (p.17).” Mas, HARVEY alerta no final dessa página: “No entanto, primeiro devo explorar o que talvez seja a contradição mais importante de todas: aquela entre realidade e aparências no mundo em que vivemos.” (p.17, grifo Ivony) “De forma memorável, Marx nos aconselha que o que importa é transformar o mundo e não interpretá-lo. Mas, quando olho o conjunto dos seus escritos, vejo que ele passou a maior parte* do seu tempo na Biblioteca do Museu Britânico tentando interpretar o mundo. (…) p. 18. (*) Pergunto se o grupo buscou alguma informação bibliográfica sobre Marx? Utilizando o conceito de fetichismo* Harvey ilustra com exemplos diversos a contradição entre realidade e aparência, ao longo das páginas 18 e 19. Lembremos que na obra O Capital (Livro I) Marx usa o conceito de *“Fetiche” (feitiço) após construir sua Teoria do Valor Trabalho (a qual envolve: Valor de Uso, Valor de Troca e Valor) para culminar sua demonstração de como a dinâmica da sociedade capitalista encobre, escamoteia (escamotear: fazer desaparecer sem que se perceba)o trabalho humano contido em todas as mercadorias. E aqui simplifico e sintetizo: do campo (cadeia agrícola e agropecuária) às minas (cadeia extrativa) e em toda cadeia industrial, além da “cadeia de Serviços” e, digo agora a “cadeia da Arte: TRABALHO MANUAL E INTELECTUAL + NATUREZA = ESSÊNCIA da atividade produtiva da Humanidade. Quero encerrar estas anotações/observações: primeiro, esperando que elas consigam motivar o grupo ao trabalho de “dissecar” o que reúno como objeto delas: a Contradição Mutável 8, o Prólogo e a Introdução à Contradição (informo que reli as CtM: 9,10 e 11, e li também as Ct. Fundamental 1 e 2, e até vou reler) , e, segundo, enfocando, enfocando o que, neste final da “Introdução à Contradição”parece contribuir para formatarmos uma noção inicial do caminho teórico que David Harvey constrói e que é o objeto de de seu trabalho (e o objetivo?) no livro de sua autoria. Entretanto, por cautela e ética (primeiro devo ler o livro todo), não vou expressar o que, até este ponto de leitura, a intuição me sugere. Implica esforço e dedicação, que só valeria se a Profa. Gelfa e todo o grupo, após a leitura destas anotações, acharem que há condições de continuidade – até meados de dezembro. Mas, recomendo e não tenho dúvida de que o livro deve ser estudado pelos alunos que vão prosseguir na formação acadêmica, quanto pelos que vão exercer a profissão objeto do seu bacharelado ou mestrado. Vejamos os parágrafos finais do David Harvey: “Neste livro, tentarei mostrar o que está por trás do fetichismo e identificar as forças contraditórias que obstruem o motor econômico que move o capitalismo. Faço isso porque acredito que a maioria das explicações acessíveis sobre o que está acontecendo estão profundamente equivocadas: reproduzem o fetichismo e não ajudam a dispersar a neblina da má compreensão.” (p.19) Palavra-chave: motor econômico; ATENÇÃO: a seguir o autor faz o que chamo de esclarecimento, no qual formata seu conceito de capitalismo (até apresenta o porquê ) após dizer que sua “investigação VISA o capital” (objeto de trabalho??) mas não apresenta seu conceito de capital. - “Aqui, no entanto, faço uma distinção clara entre capitalismo e capital. Esta investigação visa o capital não o capitalismo. E o que implica tal distinção? Por capitalismo designo qualquer formação social em que os processos de circulação e acumulação do capital são hegemônicos e dominantes no fornecimento e moldagem das bases materiais, sociais e intelectuais da vida social. O capitalismo é cheio de contradições, contudo muitas não têm nada a ver diretamente com a acumulação do capital. (…)” ( p. 20) (analisem este conceito!!!) - “Em certos círculos, é comum tachar estudos como este de “CAPITALCẼNTRICOS”* (aspa do autor, maiúsculas iy) Além de não ver nada de errado com tais estudos (…) considero imperativo que tenhamos muito mais estudos capitalcêntricos sofisticados e profundos para facilitar um melhor entendimento dos problemas que a acumulação de capital tem enfrentado. De que outro modo podemos interpretar o problema persistente do desemprego em massa, a espiral descendente do desenvolvimento econômico na Europa e no Japão, os solavancos da China, da Índia e de outros países do chamado grupo dos Brics {Brasil, Rússia, Índia e China]? (…) É certamente míope, se não perigoso e ridículo, descartar as interpretações e teorias a respeito do funcionamento do motor econômico da acumulação do capital em relação à atual conjuntura por serem “capitalcêntricas.* Sem estudos desse tipo, provavelmente faremos leituras leitura e interpretações equivocadas dos eventos ao nosso redor. (…)” (p. 22) Talvez o livro que cito a seguir, possa ser enquadrado nessa classificação. Eu o tenho mas não li, embora tenha sido recomendado por um diretor-presidente de cooperativa de crédito. Atrás, indiquei O Capital Parasitário, de BAUMAN, Z., (li e tenho) o qual, juntamente com MESZAROS, Istvàn, Para Além do Capital, Rumo a uma teoria da transição (Não tenho e não li), logicamente, não constam na Bibliografia do David Harvey. (*) YUNUS, Muhammad (1940-) Um mundo sem pobreza. A empresa social e o futuro do capitalismo. SP, Ática, 2008. Prêmio Nobel da Paz. Talvez este livro se enquadre nessa classificação! Confesso que, ainda, não o li, mas o farei se GELFA E O GRUPO DECIDIREM . JP/PB, 16/11/2021, Ivony João Pessoa,16 e 17 de novembro de 2021, reunião e elaboração destas “notas”. Ivony Lídia
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