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Nulidades e Vicios Processuais

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Nulidades 
 
Planos da existência, da validade e da eficácia do ato: 
 
São planos independentes. 
A eficácia não tem relação com a validade do ato. Assim: 
 
O ato pode ser:  Válido + eficaz;  Válido + ineficaz 
 
Do mesmo modo:  Inválido + eficaz;  Inválido + ineficaz. 
 
Podemos ter, então, diversas combinações:
 1) Ato existente + válido + eficaz. o Ex.: casamento, de acordo com a vontade de ambos, sem qualquer impedimento.
2) Ato existente + válido (de acordo com a lei) + ineficaz (não produz efeitos desejados). o Ex.: testamento de pessoa viva. 
 3) Ato existente + inválido (de acordo com a forma legal) + eficaz (efeitos desejados). o Ex.: duas pessoas maiores, partindo da premissa de que não há impedimento algum, celebram casamento e tempos depois descobrem que são irmãos. Todos os efeitos produzidos foram desejados pelas partes (filhos; patrimônio; etc.). 
 4) Ato existente + inválido + ineficaz (efeitos não desejados). o Doação feita por menor de idade absolutamente incapaz. Enquanto o menor não estiver representado por um maior de idade, o ato não produz efeito algum. 
 
Diante de um ato inválido (em desconformidade com a forma da lei), até que momento a nulidade pode ser decretada? 
 
Ex.: ausência de citação de um litisconsorte necessário no primeiro grau. Este é o mais grave de todos os vícios processuais. Sendo um vício gravíssimo, qualquer das partes pode alegar e o juiz pode examinar de ofício. 
 
Enquanto o ato existe, é uma invalidade. Para que seja decretada nulidade, faz-se necessária decisão judicial neste sentido. A nulidade pode ser declarada em sede de apelação; em embargos de declaração. E, sendo questão de ordem pública, pode ser alegada também em recurso especial, extraordinário. 
 
Mas, imagine que nem as partes tenham alegado, nem o juiz tenha percebido a falta de citação do litisconsorte necessário e tenha sido prolatada a sentença. 
 
Com o trânsito em julgado, é formada a coisa julgada formal e material, que delimita o momento até o qual o juiz poderia ter decretado a nulidade. Assim, com a coisa julgada, em regra, as nulidades existentes no processo consideram-se sanadas. No entanto, em algumas hipóteses muito graves, como é o caso de falta de citação, é possível que o vício seja alegado em ação rescisória. O vício deixa de ser hipótese de nulidade e passa a ser o que se chama de hipótese de rescindibilidade. 
 
Art. 966, CPC/15. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: V - violar manifestamente norma jurídica. 
 
O prazo da ação rescisória é de dois anos: 
 
Art. 975, CPC/15. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. 
 
Em algumas situações, o vício é tão grave que, mesmo após o escoamento do prazo de dois anos para o ajuizamento da ação rescisória, ele ainda pode ser alegado, através da querela nullitatis, também chamada de ação declaratória de inexistência de relação jurídica e de ação declaratória de nulidade. 
 
Esta ação não tem tratamento na lei, mas é admitida na doutrina e na jurisprudência. As únicas hipóteses de querela nullitatis são as hipóteses de ausência ou vício na citação. 
 
Nomenclatura: 
  Ação declaratória de inexistência de relação jurídica -> Para quem entende que a citação é pressuposto de existência -> declaração de que a relação jurídica nunca existiu.
  Ação declaratória de nulidade -> Para quem entende que a citação é pressuposto de validade -> declaração de nulidade. 
 Querela nullitatis -> termo tradicional, utilizado indistintamente por vários autores.
Princípios do Sistema de Nulidades 
 
Os princípios do sistema de nulidades podem variar de ordenamento para ordenamento. Aqui no Brasil, vários autores tentaram estabelecer quais seriam eles. Iremos nos ater aos princípios previstos no CPC/15, que são basicamente os mesmos que eram previstos no CPC/73. 
 
 
1) Princípio da instrumentalidade das formas ou da finalidade 
 
art. 277 do CPC/15 A forma do ato é mero instrumento para alcançar a finalidade desejada. Então, mesmo que a forma prevista em lei para o ato seja desobedecida, se ele alcançar a finalidade pretendida, será considerado válido pelo juiz. 
 
No CPC/73, esse dispositivo tinha basicamente a mesma redação: 
 
Art. 244, CPC/73: Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
 
Note que a expressão “sem cominação de nulidade” não foi reproduzida no CPC/15. A decretação da nulidade passa a ser uma situação excepcional e não algo que deve ser seguido necessariamente. Assim, à luz do NCPC, independente da forma do ato, se ele alcançou sua finalidade, não deverá ter sua nulidade decretada. 
2) Princípio do prejuízo ou da transcendência 
 
Deve sempre ser analisado em conjunto com o princípio da finalidade. Está previsto no art. 282, p. 1º, CPC/15, que assim dispõe: o ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte. 
 
É indispensável a existência de prejuízo para que o ato seja repetido ou para que lhe seja suprida a falta. Em outras palavras, não há nulidade sem prejuízo (pas de nullité sans grief). 
 
 
3) Princípio da preclusão 
 
Está previsto no art. 278, CPC/15: a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. 
 
 O momento adequado para se alegar a nulidade é a primeira oportunidade que a parte tiver para falar nos autos -> Princípio da preclusão é aplicado tão-somente às nulidades relativas. 
 
CPC/15, Art. 278, Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento. 
 
Isso significa que o princípio da preclusão não se aplica às hipóteses de nulidade que devam ser decretadas de ofício pelo juiz (nulidades absolutas). 
 
 
 4) Princípio do interesse processual ou do legítimo interesse 
 
CPC, art. 282, p. 2º: Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. 
 
Se a decretação da nulidade vai beneficiar X, mas o juiz se depara com a possibilidade de julgar o mérito e beneficiar X, então ele não declara a nulidade e julga o mérito. CPC/15, art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa. 
 
Situação em que o indivíduo que deu causa à nulidade não possui interesse em alega-la. Ele não pode se beneficiar do ato que ele próprio deu causa. Só pode se beneficiar da nulidade quem não lhe deu causa. 
 
 5) Princípio da causalidade, também chamado da conciliado ou efeito expansivo das nulidades – art. 281, CPC/15. É possível que no processo um ato seja praticado e seja considerado ato inválido esse ato pode dar ensejo a um recurso de agravo por exemplo. Ex: juiz indefere intervenção de terceiro e continua os atos e esse indeferimento é objeto de AI pedindo a nulidade do processo voltando ao status quo. Se o AI for provido a decisão é para anular a decisão interlocutória pedindo a nulidade dessa decisão (nulidade originária) que o tribunal decreta 
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam independentes. 
 
O ato que teve sua nulidade decretada -> nulidade originária. Os atos oriundos do ato que foi declarado nulo -> nulidades derivadas ou decorrentes. 
 6) Princípio do confinamento das nulidades - art. 282, caput, CPC/15. 
Art. 282, caput. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados. 
Quando é o juiz de primeiro grau que decreta a nulidade ele deve dizer quais os atos serão nulos. O dispositivo visa restringir a decretaçãoda nulidade somente ao mínimo indispensável.
7) Princípio da conservação dos atos processuais – art. 283, CPC/15. 
 
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as prescrições legais. Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte. 
A regra é que o juiz procure não decretar a nulidade e conservar os atos desde que não acarrete prejuízo as partes. Só deve fazê-lo quando não houver outra solução possível. 
Espécies de vícios processuais 
 
1) Irregularidade Vários autores adotam a irregularidade como espécie de vício processual, como Daniel Amorim e Leonardo Greco, mas tantos outros não o fazem, como Humberto Theodoro Jr. 
 
A irregularidade é um mero erro material praticado no curso do processo que não induz a decretação da sua nulidade e que pode ser corrigido de ofício ou a requerimento de quaisquer das partes. 
 
Exemplos: erro na numeração das folhas do processo; manifestação do advogado sem uso das vestes talares. 
 
2) Inexistência Ocorre nas hipóteses em que o ato não produz qualquer efeito. 
 
Há quem faça distinção entre inexistência material e inexistência jurídica do ato, como Araken de Assis. Para este autor, para que o ato exista, é necessário o preenchimento de 4 requisitos:  Sujeito capaz para a prática do ato;  Manifestação de vontade do sujeito para a prática do ato;  Observância da forma prescrita na lei;  Objeto lícito do ato. 
 
Assim, quando não presentes nenhum dos requisitos, há inexistência material. Agora, quando estão presentes um ou alguns dos elementos - mas não todos -, a inexistência é jurídica. 
Indagação que é comumente realizada em provas: O ato inexistente é a mesma coisa que ato nulo? No direito romano, eram tratados como sinônimos. No entanto, o ato inexistente não produz qualquer efeito, o que não ocorre com o ato nulo. 
 
O ato nulo, da maneira que o conhecemos hoje, é o ato inválido decretado nulo por decisão judicial. Assim, o ato inválido produz efeitos até a decretação da nulidade. 
 
Outra indagação que se faz é a seguinte: o ato inexistente faz coisa julgada? E o ato nulo? 
 
Coisa julgada -> imutabilidade e indiscutibilidade da sentença e de seus efeitos (declaratórios, constitutivos, condenatórios, mandamentos, executivos):  Formal -> se forma independentemente do mérito ter sido julgado;  Material -> a imutabilidade e a indiscutibilidade atingem os efeitos da sentença. 
 
Assim: Se o ato é inexistente -> não faz coisa julgada -> pois, a coisa julgada não tem sobre o que incidir. Se o ato é nulo -> produz efeitos até a decretação de sua nulidade -> os efeitos da decisão podem sofrer os efeitos da coisa julgada. 
 
 
3) Nulidade é a invalidade que foi objeto de decretação judicial. 
 
Natureza jurídica da nulidade – duas correntes:  1ª corrente (clássica): a nulidade é uma sanção pelo prejuízo ocasionado pelo descumprimento da forma prevista na lei.  2ª corrente: a nulidade não tem natureza jurídica de sanção. Na verdade, a nulidade é um prejuízo que a lei estabelece a parte por ela praticar o ato em desconformidade com a lei.
Qual seria a natureza da decisão que decreta a nulidade de ato inválido?  1ª corrente: a natureza seria declaratória, partindo da premissa de que a lei dispõe expressamente “é nulo o processo ...” (Ex.: art. 279, caput e art. 280, ambos do CPC).  2ª corrente: a natureza é constitutiva, porque antes da decisão judicial existe uma invalidade. É somente com a decisão judicial que o ato inválido passa a ser considerado uma nulidade. Assim, a natureza seria constitutiva negativa (desconstitutiva). Esta é a posição que vem prevalecendo. 
 
Normas cogentes x Normas dispositivas:  Cogentes -> obrigatórias. Voltadas tanto para o interesse público, quanto para o interesse particular.  Dispositivas -> somente dirigidas ao interesse particular, assim, as partes tem liberdade para dispor a seu respeito. 
 
Isso deu origem a três tipos de nulidades: I. Absolutas: o Oriundas de violação a norma cogente de interesse público. o Juiz deve decretar de ofício, a qualquer tempo e grau de jurisdição até o momento do trânsito em julgado. o Partes podem alegar a qualquer tempo e grau de jurisdição até o momento do trânsito em julgado. 
 
Passado o trânsito em julgado -> pode ser considerada hipótese de rescindibilidade (mas não mais hipótese de nulidade). 
 
 
A nulidade absoluta pode ser analisada no STJ ou no STF de ofício? Duas correntes:
  1ª corrente: depende de prequestionamento. Se não foi alegada anteriormente, não houve prequestionamento, logo, a nulidade absoluta não pode ser analisada de ofício no âmbito do STJ/STF. 
  2ª corrente: RE e REsp interpostos com base em outro fundamento, desde que previstos no art. 102, III ou art. 105, III, ambos da CF/88. Caso sejam admitidos, passa-se ao juízo de mérito, momento em que o Tribunal amplia as matérias que podem ser analisadas. Assim, além das matérias prequestionadas, poderiam ser analisadas também as questões de ordem pública, dentre as quais as nulidades absolutas. É a chamada Teoria da Jurisdição Aberta. 
 
A coisa julgada convalida todas as invalidades anteriores, salvo aquelas que passam a ser consideradas hipóteses de rescindibilidade. 
 
 II. Relativas: 
 
Nulidade relativa é violação de norma cogente (de observância obrigatória) voltada ao interesse particular. Sendo norma cogente:  Juiz pode conhecer de ofício e  As partes podem alegar (mas, não é a qualquer tempo ou grau de jurisdição e, sim) na primeira oportunidade que falarem nos autos. o É indispensável à demonstração de prejuízo. 
 
Exemplo: art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. § 1º Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado. § 2º A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo. 
 
Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais. Se o réu comparece no processo e apresenta sua defesa, não há por que invalidar o ato. Sem prejuízo não há nulidade. 
 
III. Anulabilidades: Violação de normas dispositivas, que podem ser alteradas pelas partes. Exemplo: eleição de foro. Autor propõe ação em foro distinto do eleito. Se o réu em preliminar de contestação (preliminar de incompetência relativa) não apresentar oposição àquele foro distinto do foro de eleição, prorroga-se a competência. 
 
O juiz não pode examinar de ofício. Só a requerimento das partes, que deve ser na primeira oportunidade que elas tiverem para falar nos autos, sob pena de preclusão.
 
4) Ineficácia 
 
Eficácia é a aptidão do ato para produzir os efeitos desejados. Assim, a ineficácia é a falta de aptidão do ato para produzir os efeitos desejados. Essa ineficácia do ato pode ocorrer tanto em relação aos atos válidos quanto em relação aos atos inválidos. 
 
A validade do ato não tem relação direta com sua eficácia. A validade diz respeito à forma prevista em lei. Quando o ato observa a forma prevista na lei, ele é válido. Quando não observa, é inválido. 
 
Para fins de eficácia, isso é relevante. Daí a razão pela qual o ato válido pode ou não produzir efeitos. Em outras palavras, o ato válido pode ser eficaz ou ineficaz. O mesmo vale para o ato inválido. 
 
Em relação aos atos válidos (que observam a forma prevista em lei), pode ocorrer a ineficácia com base em duas hipóteses: 
 Por expressa disposição legal 
Ex: Litisconsórcio necessário. Art. 114, CPC: O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. 
 
Ex.: João,Maria, José -> sentença transitada em julgado será ineficaz, porque Roberto (litisconsorte necessário) não estava no processo. Essa ineficácia atinge a todos, inclusive Roberto, que não está participando do processo e que tem legitimidade para arguir a ineficácia, através de ação rescisória; ou querela nullitatis. João pode arguir essa ineficácia, mas ele terá que provar que não tinha conhecimento da existência do Roberto. 
 
 
 Natural impossibilidade de produção de efeitos em virtude da natureza do ato. 
 
Ex.: Sentença condenatória ilíquida. Para produzir efeitos, a sentença precisa ser liquidada. 
 Em relação aos atos inválidos: Produzem efeitos até a decretação da nulidade. Logo, passam a ser ineficazes da nulidade em diante. 
 
 
A ineficácia de um ato pode ficar sujeita a uma condição? 
 
A condição pode ser: 
 Extraprocessual -> não pode acarretar a ineficácia do ato processual. 
 Intraprocessual -> pode acarretar. São exemplos: 
Ex.1: sentença na denunciação da lide. Ação principal do autor em face do réu e uma ação de regresso do réu em face de um terceiro (em face do qual tem uma pretensão de reembolso). O primeiro a ser julgado é o pedido da ação principal. A eficácia da sentença da ação de regresso depende do que for decidido na sentença da ação principal. 
 
Ex.2: recurso adesivo ou subordinado. O processamento do recurso adesivo depende do recurso principal. Tudo o que acontece com o recurso principal acontece com o adesivo. Assim, se o recurso principal for extinto, o recurso adesivo também é. 
 
 
Teorias sobre as nulidades e terminologias: Quando da época do CPC/73, a professora Teresa Arruda Alvim defendia uma distinção entre nulidades de forma e nulidades de fundo. As nulidades de forma poderiam ser absolutas ou relativas. 
 
As absolutas seriam aquelas previstas na lei, que não dependeriam de prejuízo e que poderiam ser examinadas ex oficio ou a requerimento das partes em qualquer momento ou grau de jurisdição. Já as nulidades relativas seriam aquelas não previstas na lei, que dependeriam da demonstração de prejuízo e que só poderiam ser alegadas pelas partes na primeira oportunidade que elas tivessem para falar nos autos. 
 
Ela não mencionava anulabilidade, nem norma cogente. 
 
As nulidades de fundo, por sua vez, seriam aquelas relativas a vícios nos pressupostos processuais ou nas condições da ação. Seriam sempre absolutas, logo, não haveria necessidade de demonstração de prejuízo, o juiz deveria examiná-las de ofício e as partes podem alega-las a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição. 
 
Ao que tudo indica, essa teoria da Teresa Arruda Alvim continuará existindo perante o CPC/15. 
Mas, essa teoria foi objeto de críticas. Aroldo Plínio Gonçalves começou a fazer uma distinção entre nulidades cominadas e não cominadas. 
 
Nulidades cominadas seriam as previstas no ordenamento, que poderiam ser examinadas pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes em qualquer momento ou em qualquer grau de jurisdição. 
 
Já as nulidades não cominadas, como não previstas em lei, só poderiam ser alegadas pelas partes na primeira oportunidade que elas tivessem para falar nos autos. 
 
O grande detalhe dessa teoria é que foi a primeira teoria segundo a qual é indispensável a demonstração de prejuízo tanto nas nulidade cominadas quanto nas não cominadas. 
 
Por fim, o Dinamarco fez uma combinação dessas teorias:
 
 Nulidade cominada absoluta -> Falta de fundamentação da decisão judicial – art. 93, IX, CR/88. Está previsto em lei, mas o prejuízo é presumido.
 Nulidades cominadas relativas -> Demais hipóteses previstas na lei. É preciso demonstrar a existência de prejuízo para ser decretada a nulidade– todas do CPC/15, tais como arts. 279, 280, etc. 
 Nulidades não cominadas absolutas -> falta de nomeação do curador especial; falta de saneamento do processo (art. 357, CPC). Não estão previstas em lei, mas o prejuízo é presumido.
 Nulidades não cominadas relativas -> não previstas no ordenamento, mas que devem ser alegadas pelas partes, que devem demonstrar o prejuízo. Ex.: ônus de prova alterado; indeferimento de certa intervenção; etc.

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