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1200300836 11 "111111111111 111111 1111 li 111111111111y 1 DA SILVA, Adriano Augusto Nunes Pereira, liA importância da integração vertical da organização na geração de inovação" ERRATA (I) Substituições Páginal Texto original Substituir por linha 2) Substituir o último parágrafo Pelo texto: "Como ponto de partida para esta avaliação, é utilizado um estudo do IPT que, em 1988, analisou algumas alternativas de desenvolvimento tecnológico capazes de reduzir os custos produtivos do álcool combustível. As conclusões deste trabalho têm portanto, um caráter que se limita ao objeto de estudo de caso, sendo consistentes com o referencial teórico estabelecido a priori." 4) 11,26 "desintegração" "desverticalização" 7) 10 "teoria econômica" "teoria econômica neoclássica" 7) 14 "Coates" "Coase" 8) 16 "Coates" "Coase" 9) 31 "retratação" "representação" 20) 7,18 "desintegração" "desverticalização" 22) 7 "uma" "um" 36) 4 "vinte anos" "quatorze anos" 38) 24 "exportação" "importação" 38) 29 "5.2.2.a, 5.2.2.b, 5.2.2.c" "7.1.a, 7.1.b e 7.1.c." 39) "figura 5.2.2.a" "figuras 7.1.a" 39) "figura 5.2.2.b" "figuras 7.1.b" 40) "figura 5.2.2.c" "figuras 7.1.c" 40) "ação do Governo em [Suprimir a frase] entidades como a OMC." 2 41) 5,6 "figura 5.3.1" "figura 7.2.a" 41) 15 "Com a queda de "Com a minimização da questão do preço preocupações referentes ao internacional do petróleo (que atingiu seu ápice petróleo" no ano de 1973)" 56) 23 "sim," "para o caso estudado, somos levados a considerar que" 58) 21 "orienta claramente" "parece orientar" 59) 19 "vinte anos" "quatorze anos". 61) Substituir o último parágrafo Pelo texto: "A conclusão deste trabalho é portanto que, levando-se em consideração os pontos destacados da literatura analisada , em confronto com os achados do caso em questão, há bons indícios de que a cadeia produtiva do álcool teria vantagens em adotar um modelo mais integrado, o qual permitiria a adoção das inovações diruptivas apontadas no trabalho do IPT." (11)Inserções Páginal linha Referência Texto inserido 2) Após o final do Inserir o item: "1.1 Abordagem Metodológica item 1 "Introdução" A metodologia utilizada segue a seguinte estrutura: I. Pesquisa da literatura sobre o assunto; 11. Estudo de caso, envolvendo previsões de avanços tecnológicos constantes em estudo do IPT; dados sobre o mercado de álcool; discussões com profissionais do setor e; constatação da coerência com a literatura identificada. O estudo de caso será desenvolvido neste trabalho conforme descrito por Robert K. Yin em seu livro "Estudo de Caso: Planejamento e Métodos", 1994. Se concentra portanto em investigar um fenômeno dentro de um contexto, ou seja, o 4) Após o final do Inserir item "2.1.1 Simplificação adotada com respeito a 16) 6 42) 7· 49) 7 Após "genérica" Inserir "vêm tratando este assunto," Após "US$ 0,82" Inserir "por litro" Após Inserir como primeiro item: "i. Produtores de bens de capital, item 2.1 "seguintes estruturas:" 3 caso em questão tem como razão a explicação ou o suporte à conclusões assumidas no trabalho ratificando-as por intermédio de uma comprovação real. Basicamente o processo se dá da seguinte maneira: Inicialmente se estabelece o objeto de estudo de caso (a análise conduzida pelo IPT e seus achados), cujos dados mais relevantes e evidências são ressaltados, juntamente com alguns dados da indústria sucro-alcooleira. Posteriormente é feita uma coleta de evidências mediante discussão com o próprio coordenador do estudo do IPT e com indivíduos do mercado sucro-alcooleiro acerca da realidade verificada em contraposição às previsões originais do estudo. Os pontos discutidos com estes profissionais suportam a análise das evidências que, por sua vez, estão alinhadas com o referencial teórico utilizado neste trabalho." integração Este trabalho usa a dicotomia "hierarquia versus mercado" como uma simplificação que contempla somente os casos extremos, desconsiderando sistemas intermediários de semi- integração, como govemança através de contratos como descrito por Williamson. Não obstante, segundo a avaliação do autor, esta simplificação não parece prejudicar seus objetivos uma vez que as conclusões adotadas dizem respeito à aderência dos achados do caso com as proposições extraídas da literatura. n buscando equipamentos e sistemas mais produtivos com objetivo de alavancar suas vendas no setor;" Renumerar todos os itens posteriores, de ii a vi. 4 54) Após o título Inserir o texto: "Este trabalho teve como meta a confrontação "Conclusões" de um caso real com a literatura em questão e, portanto não permite uma generalização dos achados do caso. Apenas constata a aderência deste achados com as proposições da literatura examinadas no texto." 54) 6 Após "inovação Inserir "A ausência de um modelo mais integrado pode diruptiva." explicar os resultados presentes em contraposição àqueles previstos quando do desenvolvimento do estudo do IPT." 55) 15 Após "a Inserir ",no contexto do caso examinado," integração vertical" 56) 21 Após "conse- Inserir "parece ser, no contexto do caso examinado," quentemente a integração" Aprovada. o Luiz Mariotto r e Presidente da Banca de agosto de 2002 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO VERTICAL DA ORGANIZAÇÃO NA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO AUTOR: ADRIANO AUGUSTO NUNES PEREIRA DA SILVA A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO VERTICAL DA ORGANIZAÇÃO NA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO Banca Examinadora Professor Orientador Fábio Mariotto Professor James Manoel Guimarães Weiss Professor José Carlos Barbieri FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO ADRIANO AUGUSTO NUNES PEREIRA DA SILVA A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO VERTICAL DA ORGANIZAÇÃO NA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional da FGV/EAESP para obtenção de título de Mestre em Administração Área de Concentração: Estratégia I-Corporativ8',-lntegração e Inovação . , ; Orientador; Professor Fábio Mariotto 1200300836 SÃO PAULO .. I I i 2002 ..y~df.OD~/'Ee -s\~oquroj ~~~S. ~'~fOTEJ epewe48epoN8~t(] ,Olnedcesa-P;;~~- epo~óeJ~S!U!WPV'spEIQ:>S3'I SosJnoa~apoeõeool'V-OlUaW!AloAUasaaaBs!nbsad-OeÕBAOUI -OeÕnpOJd-IBO!lJaAOeÕeJôalUI-B!ô~leJlS3:saAB40-SBJABIBd 'laAjlsnqwooloool~opBPlSf)PU!BUOeÕBAOU! apoogjosdsaosaooaiadOe6e!leABaumBl!a!3'oe6eAou! apOe6BJaÔapsosssoordapSe0!lS!JalOBJBOSBa'OeÕBJôalU! I?OeÕBlaJuioooespspapapeuroieuS!aA~!JBAs!ed!oupdSB elueAal'Oe6eAOU!apoeõepoapsossaoordwaOeÕBZ!UBÔJOewn apleo!lJaAOeÕBJôalU!BPepepisseoeuBe!IBAB04IBQBJlO:ownsa~ ,(S!BPlSnpulsaQõBJadOaOeÕnpOJdepOeÕBJlS!U!WP'V'OeÕBAOUI 'leUOpeZ!ueôJOOeÕeJôalUI:oe6eJIUaouo:>apeaJV'A8=1/dS3V'3 BPOeÕeJlS!U!WP'Vwaleuo!ss!!OJdOpeJlsal"JapoSJn~OB apeiuesardaOpeJlsal"Japoe6e}jass!a)'dv9'lOOl'A8=1/dS3'V3 :olnedoes'Oy6V'AONI30Oy6~38V'NOy6'VZINV'8~OV'O lV':>l.l~3AOy6~83.lNI'VOV'1:>NV.l~Odl"J1'V'OUBPPV''V'A1IS SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 2 DISCUSSÃO DE CONCEITOS FUNDAMENTAIS QUE ENVOLVEM A INTEGRAÇÃO 3 2.1 O CONCEITO DE INTEGRAÇÃO 4 2.2 A ANÁLISE DA CADEIA DE V ALOR 5 2.3 SISTEMA ECONÔMICO E COORDENAÇÃO DE RECURSOS .............•...................................................... 7 2.4 CUSTOS DE TRANSAÇÃO COMO ELEMENTO DE DECISÃO NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO 9 2.4.1 Elementos de Difícil Quantificação , ,., ,.. , ,., , ,., 11 2.5 CORE COMPETENCES , 12 3 UMA NOVA PERSPECTIVA PARA A ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO ...•.....•.....•............... 13 4 O AMBIENTE ATUAL ........................................................................................•...................... 16 4.1 O PRESENTE PANORAMA DAS ORGANIZAÇÔES EM FACE Á INTEGRAÇÃO 17 4.2 TENDÊNCIAS ATUAIS DO MERCADO COM RELAÇÃO Á INTEGRAÇÃO 20 5 DISCUSSÃO DE CONCEITOS FUNDAMENTAIS QUE ENVOLVEM AS ATIVIDADES GERADORAS DE INOVAÇÃO 21 5.1 CONCEITOS GERAIS RELACIONADOS À INOVAÇÃO , 22 5.1,1 Estabelecendo as Diferenças entre Evoluçãoe Inovação Diruptiva., , ,., 23 5.1.2 Limitando o Escopo do Trabalho ,., , , ,., , , ,., , , ,25 5.2 CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE GERAÇÃO DE INOVAÇÃO 26 5.3 A INOVAÇÃO COMO NECESSIDADE NOS MERCADOS ATUAIS: UM ELEMENTO GERADOR DE VANTAGEM COMPETITIVA 28 ESTUDO DE UM CASO: PRODUÇÃO DE ÁLCOOL COMBUSTÍVEL 30 PONTO DE PARTIDA DA ANÁLISE 31 SUMÁRIO DO TRABALHO DO IPT 32 LEITURA PRESENTE DAS PREVISÕES DO TRABALHO DO IPT 35 6 6.1 6.2 6.3 7 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 7.8 7.9 8 9 10 11 O MERCADO SUCRO-ALCOOLEIRO 37 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MERCADO SUCRO ALCOOLEIRO 38 O MERCADO INTERNACIONAL DO ÁLCOOL 41 O MERCADO NACIONAL DO ÁLCOOL 43 PONTOS SINTETIZADOS SOBRE O PROGRAMA DE ÁLCOOL BRASILEIRO - PROÁLCOOL 44 QUESTÕES ESTRATÉGICAS QUE ENVOLVEM O ÁLCOOL COMBUSTÍVEL.. 46 CADEIA DE VALOR DA INDÚSTRIA SUCRO ALCOOLEIRA : 47 O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO ÁLCOOL DEVE SER, NECESSARIAMENTE, CONSIDERADO INTEGRADO? 48 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO NO MERCADO SUCRo-ALCOOLEIRO 49 TENDÊNCIAS DE VARIAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ÁLCOOL.. 50 A NECESSIDADE OU NÃO DE INTEGRAÇÃO PARA A INOVAÇÃO 52 CONCLUSÕES ..........................................................................•....•..................................•.....•.... 54 PROPOSTAS DE OUTRAS ANÁLISE COMPLEMENTARES 62 BIBLIOGRAFIA 63 2 1 Introdução A proposta deste trabalho é discutir a relevância da integração vertical da organização no que diz respeito aos processos de geração de inovação. No contexto do trabalho, o conceito de integração vertical adotado é bastante específico: é a capacidade que tem uma organização de executar e efetuar a coordenação gerencial das diversas etapas (ou dos diversos processos) de sua cadeia de valor dentro da própria organização, ou seja, dentro de sua própria hierarquia. (Doravante, neste texto, a palavra "integração" será usada como abreviação da expressão "integração vertical", já que a integração horizontal não será tratada aqui.) Uma organização, portanto, é mais integrada à medida que executa e coordena um maior percentual de etapas de sua cadeia de valor. Neste estudo são levantados diversos aspectos que são de fundamental relevância para a tomada de decisão sobre integrar ou não atividades sob a coordenação gerencial, como competências essenciais, nível de informação envolvida naquela atividade e a correspondente necessidade de controle, mas sobretudo se discute a importância dos custos de transação. Considerando que o foco do trabalho são processos de criação de inovação, são ressaltados pontos que os caracterizam e diferenciam dos demais processos. Neste trabalho utilizam-se estes conceitos para avaliar um caso real: o álcool combustível; os processos de inovação voltados exclusivamente para este produto e o nível de integração da indústria nacional produtora de álcool com relação a estes processos. Finalmente são propostas conclusões com relação à integração dos processos de inovação em geral e especificamente na indústria de produção do álcool. 3 2 Discussão de Conceitos Fundamentais que Envolvem a Integração Para sustentar os argumentos e conclusões contidos neste texto, faz-se necessário um resgate de alguns temas relevantes no estudo da integração nas organizações. Além disso, este capítulo uniformiza alguns conceitos e termos discutidos ao longo do trabalho para seu correto desenvolvimento. 4 2.1 O Conceito de Integração Embora o termo "integração" se aplique a uma série de propósitos e situações, este trabalho o considera em um contexto mais restrito. Como já mencionado, o conceito de integração adotado está relacionado com o quanto uma organização faz a coordenação gerencial e executa processos de sua cadeia de valor dentro dos limites da organização, consequentemente subordinado à sua hierarquia interna. A qualquer esforço de condução de etapas da cadeia de valor por recursos externos à organização, como terceirização e outsourcing, se aplica, neste trabalho, a palavra "desintegração". Milgrom e Roberts (1992) vão além da conceituação proposta acima, definindo a integração como um processo de tomada de decisão que é feita por um elemento de um alto nível na organização e posteriormente comunicada ou imposta aos outros indivíduos, de modo centralizado. Esse ponto é também sustentado por Mintzberg (1979). No mundo corporativo a discussão referente à integração começou há pouco tempo, lançado inicialmente sob a forma do "make or buy", onde a questão era colocada para as empresas de uma maneira relativamente simples: qual a opção mais barata? Produzir ou comprar no mercado? No entanto as origens de sua estruturação nos seus elementos fundamentais remontam aos anos 30 formuladas inicialmente por Coase (1937) que introduziu o conceito de custos de transação. Neste sentido, sumariamente pode-se entender que a integração está baseada em uma tomada de decisão centralizada interna à organização enquanto a desintegração se baseia no mecanismos de preço de mercado como orientador da decisão. A literatura reconhece diversos tipos de integração: vertical, horizontal, integração para trás, integração para frente ("upstream", "downstream"), porém neste trabalho os pontos abordados são comuns a todos eles, exceto em casos específicos, onde a particularidade se mostrar necessária. O próprio objeto de análise do trabalho restringe este escopo. 5 2.2 A Análise da Cadeia de Valor Cadeia de Valor é um modelo que decompõe os processos fundamentais de uma organização, desde a obtenção ou extração da matéria-prima até seus produtos ou serviços disponibilizados ao mercado, estabelecendo claramente quanto valor é agregado pela empresa à matéria-prima e determinando a margem do negócio. Um exemplo de Cadeia de Valor genérica é mostrado na figura 2.2.1. Figura 2.2.1 - Cadeia de Valor Genérica Suprimentos Recursos Humanos Finanças e Controle Pesquisa e Desenvolvimento Serviços de Apoio Normalmente os processos de uma cadeia de valor são segmentados em dois grupos: as atividades ou processos primários, aqueles envolvidos fisicamente com a criação do produto e os serviços de pós-venda e estão mostrados na parte superior da figura; e as atividades ou processos de suporte, que provêem o apoio necessário às atividades primárias, representados na parte inferior da figura. A restrição do escopo do trabalho se dá uma vez que foca em um processo específico: a criação ou geração de inovação. Este processo faz parte das atividades de suporte e normalmente é melhor apresentado pela Pesquisa & Desenvolvimento. Embora a rigor a inovação possa surgir em qualquer etapa 6 da cadeia de valor, este trabalho considera prioritariamente a criação estruturada de inovação; missão primeira do processo de pesquisa e desenvolvimento. A análise da Cadeia de Valor de uma organização permite o entendimento de sua posição de custo e a identificação de múltiplos meios que podem ser usados para facilitar a implementação de sua estratégia de negócios (Hitt et aI., 2001 citando Dess et aI. [1995] e Porter [1996]). A decomposição de uma empresa em uma cadeia de valor nas partes que a integram nos fornece um modelo que permite diversas análises. Apoiado por este modelo e considerando o foco deste trabalho, algumas questões surgem naturalmente: Qual o nível de integração ideal para um determinado negócio? Qual o melhor arranjo desta atividades, dadas suas naturezas e inter- relações, para a geração de maior valor ao capital investido naquele determinado negócio? Será que a organização realmente precisa executar todas as etapas da cadeia? É possível que alguém no mercado execute uma determinada etapa com melhor qualidade ou menor custo, ou ambos? Qual critério utilizar para decidir se uma etapa deve ou não ser "desintegrada" do resto da cadeia? Como coordenar etapas que são executadas fora da hierarquia da organização? Estas e outras perguntas se tornaram clássicas no estudo da administração de empresas. A resposta a algumas delas são direcionadasneste trabalho. 7 2.3 Sistema Econômico e Coordenação de Recursos Um dos pontos de partida para a questão de integração das etapas de uma cadeia de valor é o próprio sistema econômico. Normalmente o funcionamento do seu sistema econômico não está sob supervisão ou controle central de uma entidade específica. Em todos os ramos da atividade humana, a oferta é ajustada à demanda e produção ao consumo por um processo que é automático, elástico e responsivo (Sir Arthur Salter, citado por Coase, 1937). Assume portanto que a direção dos recursos é diretamente dependente do mecanismo de preço. Na teoria econômica, alocação de recursos é determinada pelo preço. No entanto, há um outro fator que deve ser considerado: a organização. Segundo alguns economistas (Marshall, J.B. Clark, Knight e O.H. Robinson, citados por Coates, 1937) colocam as organizações como um elemento dentro do qual, recursos podem ser movimentados por decisões que não dependem necessariamente do mecanismo de preço. Sob esta ótica, o preço coordena recursos fora do limite das organizações, mas dentro delas este mecanismo é eliminado e as decisões são tomadas pela hierarquia. Neste caso, a coordenação gerencial interna dirige a alocação de recursos. Coase, em seu artigo The Nature Ot The Firm de 1937, estabelece a primeira comparação entre estes dois mecanismos de alocação de recursos. Inicialmente propõe que o surgimento das organizações é decorrente da necessidade de minimizar custos que seriam indispensáveis no estabelecimento de transações. Neste trabalho, "transação" é definida como a transferência de bens ou serviços de um indivíduo a outro (Milgrom e Roberts, 1992). a surgimento de uma entidade reduziria custos à medida que algumas transações podem ser conduzidas conjuntamente sem que o custo de o fazer seja um produto do custo unitário pelo número de transações. Por exemplo: custos de estabelecimento de contratos entre partes: um contrato pode substituir vários outros quando as transações convergem para uma 8 organização (sob uma coordenação interna) ao invés de vários indivíduos estabelecendo contratos aos pares. Há inúmeros exemplos neste sentido. Este conceito, extrapolado a níveis muito superiores explica o crescimento das empresas à medida em que transações adicionais são organizadas. Porém, se todas estas considerações são verdadeiras e englobam todas as variáveis da questão, por que razão não há apenas uma firma organizando todas as transações e reduzindo todos os custos? Há algumas respostas plausíveis para esta pergunta: primeiro, à medida que as empresas crescem, os custos de organizar estas transações podem crescer; segundo, quanto maior é o número de transações a serem organizadas, maior a multiplicidade de variáveis e portanto, maior a chance de haver falhas na alocação de recursos definida pela coordenação interna. Neste caso, as falhas representam alocações não eficientes de recursos; e finalmente, o preço de mercado pode se alterar por fatores externos e independentes à organização. Surge portanto, a questão do tamanho ideal das organizações, que foi inicialmente apontada por Frank Knight em 1933 (conforme citado por Coates, 1937). O grande problema teórico que se cria é estabelecer quantas e quais transações ou atividades devem ser absorvidas pela organização para garantir a eficiência de sua operação, tendo-se o mecanismo de preços do mercado como contraponto. Este argumento estabelece o ponto fundamental onde residem as decisões de integração. No entanto, neste trabalho não será abordado o tema referente ao tamanho ideal de uma organização, que exige uma análise mais profunda, mas apenas a tomada de decisão sobre quando integrar ou quando não integrar. 9 2.4 Custos de Transação Como Elemento de Decisão no Processo de Integração A discussão proposta no item anterior por Coase, estabelece os custos de se conduzir transações no mercado. Estes custos de transação dependem de sua natureza e da maneira segundo a qual estão organizados. Há uma busca das organizações no sentido de reduzir os custos de transação, tentando sempre uma alocação de recursos mais eficiente. Além da tentativa de minimizá-los internamente, a alocação eficiente de recursos envolve a consideração dos preços de mercado como alternativa. No que diz respeito à integração da empresa, qualquer etapa que envolve um preço de mercado inferior ao custo interno de produção, potencialmente, pode ser desintegrada ou transferida para um terceiro ou, em outras palavras, não precisa (ou não deve mais) ser integrada aos processos de uma determinada organização. Para comparar esses custos (internos e preços de mercado), no entanto, ao custo de mercado deve-se acrescentar os custos de transação, que são os custos de operar com outros agentes do mercado em vez de com agentes sujeitos à hierarquia interna da empresa. Desta forma, se uma organização decide avaliar os benefícios de se eliminar a produção interna de um determinado componente para comprá-lo no mercado, deve levar em consideração todos os outros elementos que implicam em utilização de recursos para operar, coordenar ou controlar este terceiro. Custos típicos desta natureza são: custo de desenvolvimento de fornecedores, custos de controlar o fluxo de componentes adquiridos no mercado de modo integrado e interdependente com relação à sua própria linha de produção, custo de alinhamento de padrões de qualidade e muitos outros. A contabilidade gerencial, fundamentada inicialmente na contabilidade financeira, não permitia no passado informações com qualidade suficiente para suportar a tomada de decisão e a gestão eficaz destes custos. No entanto, novas técnicas, especialmente as de custeio, vêm sendo desenvolvidas e refinadas para permitir uma retratação mais fiel da realidade e 10 consequentemente um gerenciamento que se baseia em informação de melhor qualidade. 11 2.4.1 Elementos de Difícil Quantificação Os custos de transação incluem também uma outra categoria de custos: o risco de tornar-se futuramente refém do parceiro se, na parceria, este recorrer a um comportamento oportunista em detrimento da empresa. Quando uma etapa ou processo da cadeia de valor é terceirizada ou "desintegrada", é inserido um elemento novo (o terceiro que executa aquela etapa), com um processo de tomada de decisão distinto e que pode afetar toda a cadeia, às vezes em um processo muito fundamental com alta dependência na agregação de valor. O custo relativo à inserção deste elemento de risco deve ser considerado. A difícil quantificação deste elemento é um dos direcionadores que vêm forçando o mercado a desenvolver técnicas cada vez mais apuradas de gestão de risco porém, apesar de ter havido uma grande evolução nos últimos anos, as técnicas que estruturam a gestão de risco ainda são fortemente embasadas em atributos qualitativos e portanto, envolvem sempre um fator de abstração a ser considerado para se apoiar uma tomada de decisão sobre integração ou desintegração. Este princípio, que compara preços de mercado, custos de transação e custo interno de produção, de certa forma, moldou boa parte da estrutura de negócios do universo corporativo, tendo inclusive outros impactos que estão fora do escopo deste trabalho, como por exemplo, questões sociais e de meio ambiente. Especialização, economias de escala e estratégia de dominância em custo fortaleceram e alavancaram este ponto específico. Custos de transação, portanto, são um elemento importante na decisão referente à integração dos processos de uma empresa. Embora possa-se afirmar que a tomada de decisão com relação à integração , deva ser sempre no sentido de uma busca de maior eficiência na alocação de recursos, fica evidenciado, embora esteja-se constantemente aprimorando esta análise, que é praticamente impossível considerar e quantificar todas as variáveis que envolvem o problema. 12 2.5 Core Competences Finalmente, um outro conceito importanteao se analisar a integração, é o de Core Competences. Core Competences ou Competências Essenciais são recursos ou capacidades que servem como uma fonte de vantagem competitiva de uma companhia sobre suas rivais; como defendido por alguns autores (Hitt et ai, (2001), Porter (1986)). Consensualmente, core competences são capacidades únicas capazes de gerar algum tipo de vantagem competitiva. Em outras palavras, são a razão de seu diferencial no mercado, que não apenas garantem sua sobrevivência como também alavancam seu sucesso. Na sua essência, podem ser entendidas como um tipo de economia de escala que permite à empresa gerar produtos e serviços em decorrência de uma combinação de recursos por ela coordenada que envolve tecnologias, processos, pessoas etc e que podem garantir vantagem competitiva (Milgrom e Roberts, 1992). Com relação à integração, há organizações que defendem a tese que pode ser sintetizada da seguinte maneira: todas aquelas atividades ou processos que não fazem parte das competências essenciais da empresa ou que não são consideradas estratégicas devem ser terceirizadas. O termo "estratégica" neste contexto está ligado ao risco corporativo de falha em uma determinada etapa da cadeia de valor e seu impacto global no processo de agregação de valor. Deste modo, mesmo que haja um problema com relação ao parceiro responsável por uma atividade "não-estratégica", não haverá um impacto muito forte no retorno sobre o capital. O risco portanto, é menor. Tanto a questão dos preços de mercado, custos de transação e custos internos de produção quanto a questão que considera as competências essenciais, freqüente são consideradas na decisão de integrar ou desintegrar etapas da cadeia de valor. Porém a discussão não se limita a estes pontos. 13 3 Uma Nova Perspectiva para a Análise da Integração o foco do presente trabalho é investigar a questão da integração adicionando um novo elemento a essa análise. Neste sentido, este trabalho resgata uma discussão proposta por Clayton Christensen em seu artigo "The Limits of the New Organization" (Christensen, 2000), que propõe um novo argumento para avaliar a necessidade ou não de integração. Ele estabelece o seguinte contraponto: há momentos em que a integração não é apenas aceitável mas necessária e a coordenação gerencial é essencial. Segundo este autor, é fundamental ter a operação integrada quando três pré- requisitos não são alcançados: i. Clareza absoluta sobre quais são os atributos do processo, do produto e do serviço que devem ser especificados, ou seja, absolutamente todas as especificações de produtos e processos podem ser descritas e estão totalmente dominadas. ii. A medição destes atributos é acessível e confiável, o que eqüivale a dizer que existem parâmetros que possibilitem o controle das especificações e que estes parâmetros são representativos do processo. Sobretudo, não há questionamento com relação ao processo de medição destes parâmetros. iii. Se conhece perfeitamente a interação de todos os componentes integrantes do processo, ou do pacote de produto e/ou serviço que se deve entregar ao mercado. Este pré-requisito não se restringe ao processo ou atividade a ser desintegrada mas sobretudo, em seu impacto sobre as outras etapas da cadeia de valor. A preocupação destacada aqui é pertinente dada a crescente complexidade dos sistemas que compõe os produtos, serviços ou enfim, os pacotes de valor desenvolvidos pelas empresas. Estes três pontos estão intimamente ligados e poder-se-ia dizer que estão relacionados ao conceito da "informação perfeita" da literatura da Economia. Uma maneira de sumarizar esta questão seria dizer que, quanto mais 14 imperfeita é a informação acerca de um determinado processo, maior a necessidade de integração deste com o resto da organização. Com maior ou menor nível de consciência sobre este assunto, muitas organizações buscam reduzir o impacto da falta de informação com contratos cada vez mais elaborados que protejam as partes de elementos não previstos no momento do estabelecimento do acordo, muito embora na prática, todo este esforço represente ainda maiores custos de transação. O esforço de tentar elaborar relações de parceria que prevejam alterações no ambiente externo aos agentes envolvidos na aliança é uma opção em processos que, embora não totalmente dominados, ainda assim possuem uma boa dose de conhecimento por parte dos agentes. Há porém, processos sobre os quais o nível de conhecimento é bastante baixo, não por deficiência dos agentes mas porque tal desconhecimento é inerente ao próprio processo ou atividade. Em especial, este é o caso de processos que pretendem gerar inovações, sejam elas de produtos, processos produtivos, componentes ou mesmo de modelos de negócio. A leitura do argumento levantado por Christensen e de seus desdobramentos, através dos conceitos fundamentados anteriormente a respeito dos custos de transação podem levar à seguinte conclusão: a falta de informação, é um elemento que, no mínimo, tem a tendência de aumentar significativamente os custos de transação. Se esta falta de informação, que pode também ser entendida como um "descontrole" sobre o processo, for grande o suficiente, pode inclusive inviabilizá-Io. O tema portanto, envolve a questão da informação para tomada de decisão. O tema proposto por Christensen de certa forma confirma a importância ressaltada pela teoria econômica com respeito à tomada de decisão e o nível de informação acerca do processo. Na essência, o mecanismo de tomada de decisão baseada em preços de mercado opera sobre o mínimo de informação necessária para a alocação de recursos, enquanto que a decisão dentro da organização integrada exige um alto grau de informação passível de processamento para a alocação eficiente de recursos. 15 o mecanismo de preço pode muitas vezes solucionar problemas complexos de alocação de recursos, no entanto é importante ser capaz de avaliar quando este é o elemento de tomada de decisão e quando se faz necessário a utilização da coordenação gerencial. Embora a proposição de Christensen tenha trazido mais uma variável importante para ser levada em consideração, fica claro que o fundamental a ser analisado é o nível de controle acerca do processo. Quanto maior o nível de informação confiável, mais fácil é exercer o controle sobre o processo e menor a chance de falha do mecanismo de preços de mercado. Quando a informação sobre o processo é de baixa qualidade, há uma maior necessidade de um controle mais próximo. Esta ação cabe à coordenação gerencial inserida na hierarquia e fora do mecanismo de preços de mercado. Na organização integrada, a decisão sobre a alocação dos recursos é decorrente de decisão gerencial interna à hierarquia e não do mercado. I [ I 16 4 O Ambiente Atual A discussão que envolve o nível de integração das organizações deve considerar os pontos abordados até este ponto como conceitos básicos no estudo do tema. Como complemento a estes temas, este trabalho resgata como os mercados atuais de uma maneira genérica com o único objetivo de posicionar o leitor sobre as tendências observadas presentemente. \., 17 4.1 O Presente Panorama das Organizações em Face à Integração Sob a luz destas abordagens, inúmeras atividades de suporte ou apoio, foram desintegradas da gestão das organizações. Inicialmente etapas muito distantes do negócio e com pouco potencial de agregação de valor. Na verdade, para estas etapas a questão quase que exclusivamente se concentra na despesa e portanto, é exclusivamente um elemento de destruição de valor. Deste modo, quanto menor o custo, menor a destruição de valor e portanto, melhor a organização. Neste primeiro movimento, as atividades que foram desintegradas da coordenação central da organização foram segurança e vigilância, limpeza e conservação, apoio administrativo de baixa especialização, manutenção predial, etc., nitidamente atividades de suporte.Sendo exclusivamente uma questão de preço de mercado e custos de transação proporcionalmente baixos, uma vez que praticamente não há dispêndio de recursos para se integrar estas atividades à cadeia de valor, surgiram muitas empresas no mercado que ofereciam estes serviços a um preço bastante atrativo, uma vez que tinham escala e consequentemente custos proporcionais mais baixos. Este primeiro movimento proporcionou grandes reduções de despesas ou, em outras palavras, uma vez que este é o único fator a ser considerado para estas atividades, redução do nível de destruição de valor. Num segundo movimento, as organizações procuraram oportunidades similares utilizando os mesmos princípios mas sobre atividades e processos que tinham um grau de complexidade superior, seja pela sua própria natureza, seja pela sua relação com o negócio. As atividades que faziam parte deste foco eram aquelas de suporte, porém mais envolvidas na operação, como por exemplo, processos do ciclo financeiro-contábil, manutenção das linhas de produção, suprimentos (inicialmente itens "não-produtivos"), logística externa e interna e outros de características similares. De uma maneira geral, as decisões com relação à integração ou não destes processos ainda se baseia muito mais nos preços oferecidos para a prestação \.1 18 destes serviços, mas nestes casos, a inter-relação com as "core competences" deveria já demandar uma análise mais profunda. Por exemplo, quando uma organização terceiriza seu processo contábil, composto de atividades transacionais, repetitivas e norteadas por normas legais, o que é perfeitamente possível, muitas vezes não considera o custo de buscar um parceiro e do desenvolvimento da relação com este parceiro, o custo de sua gestão desvinculada da hierarquia da organização, o custo de manter elementos de controle remotos e o custo decorrente do risco de ter um problema qualquer com este fornecedor e interromper a relação, o que significaria talvez alguns meses para se reestruturar interna ou externamente este processo novamente. No entanto estes custos são muitas vezes relevantes. A despeito destas observações, a migração de processos para empresas parceiras prolifera no mercado. Muitas vezes realmente representando reduções significativas de despesas mas não raramente encontrando justificativa no simples "enxugamento" da organização pois há um senso comum de que os recursos devem focar nas competências essenciais fazendo com que a organização apresente mais flexibilidade, o que pode ser um fator crítico de sucesso em um mercado com bruscas mudanças. É fundamental ressaltar que a grande demanda das organizações que operam em mercados turbulentos (que são quase todos os do mundo moderno) é por flexibilidade, que pode ser decomposta em rápida tomada de decisão e conseqüente rápida execução de ações alinhadas com estas decisões de caráter estratégico e até tático. Tomou-se como verdade que esta velocidade é inversamente proporcional ao tamanho da organização. Este paradigma é, na maioria das vezes, verdadeiro se não houver alteração no modelo de negócio, na estrutura de tomada de decisão, na autonomia dos agentes e em tantas outras características fundamentais das organizações. É freqüentemente dada uma importância grande na relação inversa entre tamanho da empresa e sua flexibilidade e muito pequena à relação entre tamanho da empresa e custos de transação. A necessidade por uma maior agilidade de ação é usualmente buscada por um ataque ao efeito (tamanho da organização) e não à causa (características fundamentais ressaltadas anteriormente). 19 Há, no entanto, uma idéia geral no mercado segundo a qual, organizações com um alto nível de integração não podem competir em flexibilidade, foco e velocidade com organizações menos integradas e muitas vezes suportadas por estruturas virtuais .. Aceitar esta tese como uma verdade absoluta deve ser considerado, na melhor das hipótese, uma limitação da visão organizacional; na pior, um erro estratégico que pode ter fortes conseqüências para a empresa. Não obstante, a tendência se consolida, muitas vezes suportada por argumentos bastante superficiais. 20 4.2 Tendências Atuais do Mercado com Relação à Integração Embora o mercado não esteja todo no mesmo nível de integração, sendo que muitas empresas estão implementando a "primeira onda" (agindo nos processos de suporte com pouca capacidade de gerar valor), e outras tantas na "segunda onda" (processos de suporte mais próximos da geração de valor), já há organizações que estão buscando a desintegração, muitas vezes com sucesso, nos seus processos essenciais. Todas buscando redução de despesas mas sobretudo maior agilidade e foco, que, segundo esta orientação, é uma decorrência da virtualidade da empresa. Em outras palavras: "quanto menor, melhor". Mas talvez esta máxima faça mais sentido se escrita de outra forma: "quanto menor, melhor; desde que se possa coordenar estes processos com o mesmo nível de controle que é possível dentro da hierarquia da organização". Este pequeno ajuste pode no entanto, representar todo um universo de diferenças. ~~,,< Sob a ótica deste trabalho, a observação da tendência crescente do mercado para desintegração e estruturas virtuais, apontaria para o estabelecimento de parcerias com organizações que tenham como competência fundamental, a geração de inovações (mesmo estando claro que as inovações possam surgir em qualquer parte da cadeia). Essa linha de raciocínio explica o número crescente de parcerias entre empresas e universidades, onde as primeiras subsidiam as atividades das últimas para proveito mútuo. 21 5 Discussão de Conceitos Fundamentais que Envolvem as Atividades Geradoras de Inovação o conceito de inovação é bastante amplo e pode, dependendo da interpretação, abranger uma gama muito grande de atividades. Se faz portanto necessário, especificar um pouco mais claramente quais os conceitos utilizados no trabalho. Inicialmente estabelece-se conceitos gerais ligados à inovação, e de que tipos de inovação, dentro desta abordagem, o trabalho trata, determinando claramente seu escopo. As principais características que diferenciam estes processos dos demais processos executados ou coordenados por uma empresa são colocados a seguir. E finalmente destaca-se a importância da criação de inovação para as empresas em face ao mercado atual. 22 5.1 Conceitos Gerais Relacionados à Inovação Embora haja conceitos bastante abrangentes e no entanto precisos para descrever inovação, como por exemplo, o utilizado por Milgrom e Roberts (1992) que consideram inovação como qualquer elemento capaz de reduzir custos de transação, ou a de Hitt, Ireland e Hoskisson (2001), que determinam inovação como uma direcionador do sucesso competitivo, de um modo geral todos convergem para pontos comuns que estão relacionados a um estágio superior ao estágio presente. Na essência, uma inovação pode ser considerado qualquer elemento novo que se insere em um processo qualquer tornando-o melhor. Por melhor, sob o ponto de vista corporativo, podemos entender mais barato, mais rápido, mais confiável, mais produtivo, com maior qualidade ou a melhoria de qualquer outro atributo que tenha um resultado economicamente mais interessante que o anterior. Note-se que este conceito engloba quaisquer elementos geradores de melhor desempenho e quaisquer processos, sendo portanto bastante abrangente. Na verdade, embora muitas vezes este trabalho estabeleça uma relação estreita entre o termo "inovação" e atividades de pesquisa e desenvolvimento, mas está claro que a inovação não está restrita a estas atividades. Porém como a principal razão de existência das atividades de desenvolvimento de novas tecnologias e produtos é justamente a criação de inovação, é natural que haja um realce maior destas atividades. Este fato explica a discussão muitas vezes concentrada na área de pesquisa e desenvolvimento, porém as conclusõessão válidas para quaisquer atividades de criação de inovação ao longo de toda a cadeia produtiva. 5.1.1 Estabelecendo as Diferenças entre Evolução e Inovação Diruptiva Estabelecido o conceito de inovação como um elemento novo capaz de melhorar um determinado processo, de uma maneira geral, reforçando o senso comum, vários autores segmentam inovações em dois grupos distintos. O primeiro grupo diz respeito à quaisquer influências que introduzem uma melhoria marginal de qualquer elemento integrante de um processo e que seja capaz de melhora-lo, tornando-o mais barato, flexível, com maior qualidade ou qualquer outro atributo representativo de um estágio superior. As chamadas "melhorias contínuas" se encaixam neste grupo e estão voltados mais para o aprimoramento de algo conhecido que para a criação de algo novo (Hamel, 2000). Vários termos são usados para conceituar este grupo: inovações evolutivas (Christensen, 1997), evoluções lineares (Hamel, 2000), evoluções marginais, melhorias marginais e outros. O segundo grupo, que é foco principal deste trabalho, compõe-se de inovações que representam uma mudança profunda no processo ou mesmo uma substituição de um processo por outro, muitas vezes de outra natureza, que tem a pretensão de representar saltos qualitativos de performance, seja ela de produtos, processos, organizações etc. Os termos mais comuns utilizados para qualificar este tipo de inovação são: inovação diruptiva (Christensen, 1997) ou revolutiva (Hamel, 2000), mudança de paradigma ou outras variações que pouco acrescentam para o aprimoramento do conceito. Tanto evoluções lineares como as inovações diruptivas podem ser conduzidas em diversas partes da organização como ressaltado anteriormente. Alguns processos, como pesquisa e desenvolvimento, no entanto, têm como missão primeira a criação de inovações. Tipicamente, processos de pesquisa e desenvolvimento tendem a operar nos dois universos mencionados, embora haja uma tendência ou uma pretensão para a criação de elementos de inovação diruptiva. Algumas características das organizações, porém, muitas vezes "forçam" o desenvolvimento e implementação de tecnologias evolutivas, que envolvem necessariamente um 23 ..' 24 menor risco e (seu contraponto) um menor ganho. Este assunto será tratado posteriormente neste trabalho, pois trata-se de um ponto crucial no tratamento da questão de integração e inovação. Christensen (2000), no entanto, ressalta que, apesar das inovações diruptivas quebrarem os paradigmas estabelecidos para um determinado fenômeno abordado, não necessariamente representam uma inovação tecnológica total, mas consistem, historicamente, de uma composição de uma ou mais tecnologias aprovadas aplicadas a uma nova arquitetura, seja ela representada por um produto, processo ou modelo de negócio. 25 5.1.2 Limitando o Escopo do Trabalho Como já ressaltado anteriormente, inovações não se restringem apenas a novos produtos, mas são encontradas em todos os aspectos que envolvem uma organização, como modelos de negócio, estruturas organizacionais, modelos de gestão de processos e mesmo novos processos que reduzem o custo de produção mesmo de produtos com ciclos de vida maduros. O processo produtivo desenvolvido e implementado por Henry Ford para a produção de seu Model T representou uma inovação extremamente significativa na produção de automóveis no início do século xx. Posteriormente, ainda na indústria automobilística, o novo modelo de negócio desenvolvido por Alfred Sloan e sua conseqüente estrutura multidivisional, representaram outras inovações de grande impacto. Dada a ampla gama de possíveis aspectos que podem e são afetados por inovações, há uma concentração natural neste trabalho, inclusive no caso avaliado posteriormente, em inovações geradas à partir de um processo de pesquisa e desenvolvimento estruturado. Embora as conclusões e argumentos deste trabalho estejam sempre considerando este fato, muitos deles podem ser extrapolados para qualquer outro processo gerador de inovação. 26 5.2 Características do Processo de Geração de Inovação Embora os processos que se preocupam especificamente com a geração de inovação tenham muitos pontos em comum com demais processos da empresa, trazem algumas peculiaridades que devem ser ressaltadas. A maioria destas questões foi tratada de maneira estruturada, originalmente por Christensen (1997) mas se baseiam em considerações mais fundamentais da teoria das organizações e teoria econômica, sobre incentivo, informação perfeita e custos de transação, assuntos discutidos anteriormente neste trabalho (Coase, 1937; Williamsom, 1990 e 1995; Milgrom e Roberts, 1992). As características que mais diferenciam os processos de criação de inovações dos demais processos da empresa são: i. A velocidade ou fiming dos processos de geração de inovação, em especial das diruptivas pode ser significativamente diferente da do resto da organização e mesmo da demanda do mercado. Além disso, não é raro o fato do mercado não estar preparado ou ser incapaz de absorver uma nova tecnologia, portanto não se pode esperar que aqueles que utilizarão estas inovações (seja em seus processos, seja como consumidores finais) liderem ou direcionem este movimento. Os indivíduos envolvidos nos processos de inovação devem, teoricamente, ter um nível superior com relação à informação sobre tendências e futuros usos de uma tecnologia ainda embrionária; ii. A gestão de criação de processos de inovação esbarra no processo de alocação de recursos. As propostas de inovação que têm os recursos necessários para seu desenvolvimento, terão sucesso. Aquelas às quais é dada baixa prioridade, falharão. Uma razão fundamental da dificuldade de gerir inovação é decorrente da complexidade na alocação de recursos; iii. A estrutura de incentivos das empresas com relação aos tomadores de decisão de investimento beneficia alternativas financeiras mais atrativas. O alta chance de não-sucesso (que determina o risco) em processos de 27 inovação, torna muitas vezes difícil manter o foco na perseguição da tecnologia diruptiva; iv. Com relação à tecnologias diruptivas, a aceitação do mercado como mola propulsora do processo de criação inexiste, embora suporte as tecnologias que garantem melhorias marginais. Muitas vezes é necessário se abordar um mercado diferente daquele tradicional da empresa, onde a nova tecnologia diruptiva se encaixa como um diferencial percebido pelo seu utilizador. Não raramente a tecnologia diruptiva é um desafio de marketing e não tecnológico; v. Na maioria das vezes, o nível de informação requerida para fazer-se um grande e decisivo investimento para a criação de tecnologias diruptivas simplesmente não existe. Há freqüentemente um alto risco de inviabilidade na aplicação deste tipo de inovação. Sob este aspecto, a coordenação gerencial integrada é fundamental, uma vez que qualquer mecanismo baseado em preços, valor agregado ou retornos sobre o investimento provavelmente apontaria para o não investimento; vi. Erro e aprendizado interativo são intrínsecos na busca de tecnologias diruptivas. Organizações de sucesso que tendem a não tolerar falhas nas evoluções lineares, geralmente acham difícil, simultaneamente, tolerar falhas nas tecnologias diruptivas. vii. Não há uma definição de melhor estratégia com relação à criação de tecnologia. As empresas precisam adotar táticas diferentes dependendo do contexto. Geração de inovações diruptivas normalmente traz vantagens quando se toma o primeiro passo. Neste aspecto, liderança é fundamental. No caso de evoluções lineares, há pouco diferencial na adoção desta estratégia pela empresa líder de mercado. Estas características dos processos de criação de inovação, em especial, diruptiva suportam tanto o entendimento do objeto de análise avaliado neste trabalho como as conclusões posteriores. 28 5.3 A Inovação como Necessidade nos Mercados Atuais: Um Elemento Geradorde Vantagem Competitiva Fatores como a globalização ou o fenômeno da internacionalização econômica associada aos custos decrescentes das transações decorrentes do acesso cada vez mais fácil à tecnologia de informação, praticamente eliminaram as barreiras para a entrada de novos competidores na maioria dos mercados. Indústrias que baseavam seu diferencial no mercado em pesados ativos, como prédios, frotas de veículos, mainframes, força de vendas e outros fatores, há alguns anos poderiam mapear facilmente qualquer possível investida de potenciais competidores. Atualmente este mapeamento é virtualmente impossível. A estrutura do mundo corporativo cada vez mais se distancia da estabilidade de anos atrás. Esta instabilidade coloca sobre as atuais corporações uma enorme pressão com relação a sua posição competitiva no mercado ou mesmo perante a decisão de desembolso do cliente final. A inovação é o elemento que permite a evolução organizacional e tende a minimizar sua perda de competitividade uma vez que está relacionada com a sua habilidade de ganhos acima da média. Inovações são ainda críticas nos esforços das companhias para diferenciar produtos e serviços dos competidores, criando uma geração adicional de valor perante o consumidor (Hitt, Ireland e Hoskisson, 2001). No conceito adotado neste trabalho com relação à inovação, esta deixa de ser uma opção de algumas empresas que sempre nortearam sua estratégia de atuação por ela para se tornar uma necessidade de qualquer empresa em qualquer mercado. Estas inovações, salvo algumas exceções, não surgem ao acaso, mas devem ser buscadas de maneira estruturada pelas organizações e deste fato decorre a preocupação de abordar o tema de maneira organizada. As inovações portanto passaram a fazer parte da agenda das organizações como uma competência fundamental. Este conceito aborda qualquer tipo de inovação, tanto aquelas que criam evoluções lineares como as diruptivas. 29 A importância dos processos que geram inovações diruptivas é clara e fortemente ressaltada por inúmeros autores, como Hamel (2000), ou mais especificamente por Porter (1986), como geradores de vantagem competitiva. Em um determinado grau, saltos qualitativos decorrentes de inovações diruptivas têm o poder de gerar monopólios temporários, dificultando ou, não raramente, eliminando a possibilidade de concorrência em um determinado mercado. Olhando sob este aspecto, a geração de inovação diruptiva é fundamental para a sobrevivência e sucesso das organizações, bem como para sua longevidade, em especial levando-se em consideração as características turbulentas dos mercados atuais. 30 6 Estudo de um Caso: Produção de Álcool Combustível Este trabalho aborda um caso específico, partindo de uma análise conduzida pelo Instituto. de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pela Universidade de São Paulo sobre os impactos tecnológicos na redução do custo de produção do álcool combustível. O objetivo é avaliar a relevância da integração organizacional na viabilização das inovações necessárias para uma drástica redução de custo. 31 6.1 Ponto de Partida da Análise o estudo mencionado, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas e pela Universidade de São Paulo, de 1988 mostra que inovações tecnológicas teriam um potencial de redução de custo de produção de 50%. Avaliaremos se as tecnologias propostas foram efetivamente desenvolvidas e até que ponto hoje estão incorporadas na indústria em questão. Posteriormente consideraremos as razões pelas quais a tecnologia potencial ou até mesmo desenvolvida e dominada nos laboratórios não atinge (ou atinge pouco) o mercado sucro-alcooleiro. A tese busca mostrar que o salto qualitativo trazido pela inovação diruptiva (aqui representado pelo vetor de custo) não atinge as unidades produtivas com total eficácia devido à falta de integração de toda a cadeia de valor e conseqüente falta de coordenação gerencial. Apesar da viabilidade técnica dos processos discutidos no estudo, duas razões podem impedir a efetiva aplicação da tecnologia nas unidades produtoras. A primeira diz respeito à decisão de investir no desenvolvimento e domínio desta tecnologia para realizar retornos do investimento no longo prazo. A outra razão é, uma vez a tecnologia dominada, levá-Ia à produção. Em ambos os casos, a integração da cadeia e a coordenação gerencial são fundamentais para a ação. 32 6.2 Sumário do trabalho do IPT Os programas que buscam uma solução alternativa de combustível em todo o mundo se desenvolvem sob a sombra do mercado internacional de petróleo. Suas oscilações naturais, cada vez mais afetadas pelos ciclos econômicos, que aumentam ou diminuem sua demanda, e por questões geo-políticas nas regiões produtoras, levantam, de tempos em tempos dúvidas sobre o tema. Este questionamento se faz devido ao custo, ainda não competitivo do álcool em relação à gasolina. Motivados por este tema, em 1988, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e a Universidade de São Paulo, desenvolveram um estudo que aborda precisamente este ponto, denominado "Long Range Forecast of Alcohol Production Cost with Technical Progress". Neste estudo, os pesquisadores Yu, Pizysieznig e Fonseca, avaliam qual seria a redução potencial no custo de produção com aplicação de tecnologia específica no longo prazo e quais tecnologias seriam as mais promissoras. O objetivo deste material era municiar instituições governamentais e privadas de orientação fortemente embasada tecnicamente sobre quais seriam os pontos prioritários de investimento para desenvolvimento tecnológico. Por uma simplificação metodológica, o estudo em questão assume o desenvolvimento da lavoura como constante a uma determinada taxa (2% ao ano). Como ponto de partida, o trabalho considera dois grupos distintos de progressos tecnológicos, exatamente da mesma maneira proposta por outros autores (como Christensen e Hamel). Sendo o primeiro representado por melhorias incrementais ou evoluções lineares, ou seja, aqueles que representam pequenos ganhos de produtividade em processos dominados, estabilizados e largamente utilizados pela indústria. O segundo grupo é composto por tecnologias inovadoras, também chamadas diruptivas (Christensen, 1997) ou revolutivas (Hamel, 2000). Neste ponto, os autores estabelecem três possíveis alternativas que, segundo sua análise, estariam operacionais até o ano 2000. O desenvolvimento destas tecnologias, BIB.LlOTECA KARL A. BOEDECKER 33 bem como daquelas do primeiro grupo é resgatado e seus resultados, avaliados neste estudo. No trabalho mencionado, estabelecem-se possíveis cenários, partindo-se de um cenário de referência e adicionando-se melhorias trazidas por avanços tecnológicos. No total, sessenta cenários foram comparados, porém ainda se imaginava que estas possibilidades não cobriam todo o universo de alternativas tecnológicas. A abordagem desenvolvida pelos autores estabelece um modelo matemático flexível, sobre o qual é possível avaliar todas as possíveis inovações. Este modelo subdivide a unidade produtiva de álcool em oito sub-unidades, que são interligadas por fluxos de massa: água, fibras, açúcar, bagaço de cana e fluxos de vapor de alta e baixa pressão. Outros fluxos como água processada e energia elétrica também são incorporadas ao modelo, sendo que cada sub- unidade é caracterizada por seus parâmetros operacionais. Qualquer melhoria ou inovação pode alterar estes parâmetros, consequentemente alterando os fluxos de massa afetando a estrutura de custos da produção ou ainda alterar os padrões dos fluxos de massa, afetando igualmente a estrutura. Os estudos desenvolvidos no trabalho mostram os seguintes resultados: d dTabela 6.2.1. Redução de custo relativa entre os cenários e pro ução de álcoo Cenário 101 201 301 401 Redução de Custo Relativa 1,00 0,95 0,93 0,63 Cenário 111 211 311 Redução de 0,88 0,85 0,83 Custo Relativa Cenário 104 204 304 404 Redução de 0,97 0,86 0,810,60 Custo Relativa Cenário 113 213 313 Redução de 0,89 0,80 0,76 Custo Relativa Cenário 106 206 306 406 Redução de 0,85 0,78 0,76 0,50 Custo Relativa 34 \ •• 35 6.3 Leitura Presente das Previsões do Trabalho do IPT o trabalho do IPT previa que três inovações diruptivas estariam operacionais por volta do ano 2000. A primeira delas, o ACOS, ou Acid Catalyzed Organosolv Saccharification, foi desenvolvida e é o processo de produção de álcool a partir do bagaço que a usina usada como modelo no trabalho passou a utilizar. Porém esta tecnologia ainda se mostra economicamente inviável ainda devido a seu baixo estado de desenvolvimento. Apesar do atual estágio, ainda distante do esperado no trabalho de 88, recentemente iniciou-se um projeto conduzido por esta usina de açúcar e álcool em parceria com a FAPESP que se propõe a construir uma unidade de demonstração desta tecnologia. Não há consenso entre os técnicos do ramo sobre a real eficácia do método porém o que permanece é o fato de que ainda não se investiu o montante necessário de recursos para um desfecho conclusivo. A segunda tecnologia mencionada, e a tecnologia de hidrólise enzimática que é semelhante à de hidrólise ácida, mencionada anteriormente (nesta o catalisador da conversão de celulose em açúcares é o ácido e na outra é uma enzima, fabricado por algum organismo) com a diferença de que não há tanta formação de inibidores pois não há degradação de açúcares. Apesar de ter avançado substancialmente desde o estudo do IPT, esta tecnologia ainda encontra barreiras de custo: mesmo com as melhores enzimas disponíveis, o processo é ainda mais caro que o de hidrólise ácida. Ainda se estima que seriam necessários pelo menos mais dez anos para torná- la economicamente viável, apesar do consenso sobre o potencial desta tecnologia. Atualmente no Brasil, esta tecnologia concorre com outras que também utilizam o bagaço da cana-de-açúcar, focadas na produção de energia elétrica. As decisões referentes a investimento neste caso se norteiam fortemente pelo curto prazo. Assim como nos dois casos anteriores, a terceira tecnologia (tecnologia de membranas) mencionada no trabalho, também não atingiu os níveis esperados de custo de produção para processos contínuos de baixo valor específico 36 (commodities em geral). A previsão de alguns técnicos ligados ao processo do álcool é de que serão ainda necessários mais dez anos para esta tecnologia poder trazer os benefícios esperados. Nos últimos vinte anos, ao contrário do que era esperado pelo estudo de 88 do IPT, estas tecnologias não atingiram o estágio previsto. Não por se mostrarem inviáveis mas por falta de conclusão das pesquisas no setor, o que se deve, primordialmente, à dispersão dos esforços para seu desenvolvimento completo. A razão desta dispersão, à despeito dos ganhos potenciais associados a estes processos inovadores, é objeto de nossa análise. 37 7 O Mercado Sucro-Alcooleiro Este capítulo tem por objetivo ressaltar os pontos mais relevantes deste setor com relevância para o trabalho de modo a permitir a contextualização do objeto de estudo. Não há qualquer pretensão de uma profunda ou abrangente análise do setor. Com este objetivo específico, são mostradas algumas características gerais do mercado e sua representatividade e abrangência tanto a nível global quanto local e sua cadeia de valor. Este mercado, historicamente, apresenta uma relação muito forte com algumas políticas de desenvolvimento nacional, o que necessariamente envolve questões estratégicas que fogem ao escopo deste trabalho, porém tem pouca importância com respeito às discussões aqui conduzidas, como é ressaltado posteriormente. 38 7.1 Características gerais do mercado sucro alcooleiro Atualmente mais de 140 países produzem açúcar, num total anual superior a 120 milhões de toneladas, basicamente através da cana-de-açúcar e da beterraba. O álcool, por sua vez, estava restrito a fins industriais até o final dos anos 70, em setores como bebida, cosmético, química e farmacêutico, porém com a crise do petróleo, vários países iniciaram programas para desenvolver combustíveis líquidos substitutos. O Programa Nacional do Álcool, o Proálcool brasileiro, foi um destes programas. De um modo geral, a proliferação destes programas incentivaram e culminaram com a criação de um mercado internacional. À exceção de Brasil, Estados Unidos, França e Suécia, a inversão da tendência dos preços do petróleo fez os países abandonarem suas pesquisas nesta área. Estes quatro países ainda mantém programas de combustíveis renováveis. O Brasil é responsável por uma produção de aproximadamente 300 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, utilizadas como matéria-prima para produção de 14,5 milhões de toneladas de açúcar e 15 bilhões de litros de álcool. Estes volumes movimentam um dos mais importantes setores de desenvolvimento econômico do país. A produção de açúcar além de atender a demanda nacional, coloca o Brasil como maior exportador do mundo. Por outro lado, a utilização do álcool combustível, seja diretamente, seja misturado com a gasolina, reduz a necessidade de exportação de petróleo e seus derivados. Estes dois fatores somam positivamente na balança comercial e dão uma idéia da importância estratégica deste setor para o país. As taxas de crescimento desta indústria, em parte alavancadas pelo Programa Nacional do Álcool (Proálcool), mostram números bastante significativos como mostrado pelas figura 5.2.2.a, 5.2.2.b e 5.2.2.c Figura 5.2.2.a - Produção de Cana de Açúcar por ano-safra em milhares de toneladas 'r o N ..,. (O eo o N ..,. (O eo o Neo eo eo eo eo m ~ m ~ m o o- - - - - - - - - -m .•... (") LI) l"- m .•... (") LI) l"- m .•...l"- eo eo eo co eo m m m m m o Fonte: Copersucar (2002) 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 Produção de Cana Figura 5.2.2.b - Produção de Açúcar por ano-safra em milhares de toneladas 20.000 18.000 16.000 J-I------------------I 14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 Produção de Açúcar ,.. ,... eo o ~ ~m m Ne.•... o (O eo iõ eo coeo ~ (Os m o ~meo ..,. m Mm Fonte: Copersucar (2002) 39 Figura 5.2.2.c - Produção de Álcool por ano-safra em milhares de metros cúbicos (rn'') Produção de Álcool 14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 co E!? LO 00 o Ol Õi 00 oe Ol Ol 40 Ne..-o 00 ~ 00 N 00--..- 00 Este desempenho é resultado de uma série de fatores, como ação do Governo em entidades como a OMe, produtividade da indústria e desenvolvimento tecnológico. Além dos resultados quantificáveis ligados à produção do setor, há outros aspectos a ser destacados que não fazem parte do escopo deste trabalho, em especial a contribuição ambiental do uso do álcool e a geração de energia elétrica da queima de bagaço de cana. Fonte: Copersucar (2002) 41 7.2 O Mercado Internacional do Álcool A produção mundial de álcool alcança volumes de 33 bilhões de litros. Aproximadamente metade deste volume (48%) é produzido pelo Brasil. A relação entre os principais produtores está representada na figura 5.3.1.a Figura 5.3.1. Países Produtores de Álcool Outros 23% Brasil 47% Países Produtores de Álcool Rússia 4% 9% 17% Fonte: Copersucar (2002) A expressão dos Estados Unidos e do Brasil neste contexto é fortemente explicado por dois fatores em especial: a existência de um mercado doméstico; e características favoráveis para a produção de matéria-prima especificamente para este propósito. Em geral nos demais países, a produção é proveniente de subprodutos e resíduos de outros processos, geralmente correspondendo a baixa produtividade e má qualidade de produto final. Com a queda de preocupações referentes ao petróleo, o foco dos programas de álcool combustível esteve voltado para preocupações ambientais e é com este propósito que Estados Unidos, Suécia e França desenvolvem seus esforços. O caso brasileiro apresenta também aspectos sociais, estratégicos e tecnológicos.42 A seguir alguns dados básicos dos programas nestes países: i. Estados Unidos Consumo de 3 bilhões de litros por ano Foco primordial em questões ambientais mas também sociais Álcool utilizado como combustível para veículos com tal flexibilidade - Álcool utilizado para incrementar a octanagem da gasolina Incentivos fiscais que variam entre US$ 0,72 a US$ 0,82 (dependendo das dimensões do produtor), além de incentivos especiais em alguns estados Incentivo para programas de redução de emissão de dióxido de carbono ii. França Álcool utilizado para produzir éter (ETBE), que por sua vez é misturado à gasolina Incentivos para álcool de origem vegetal (é possível se produzir álcool de fontes minerais) Exigência legal (lei Juppé) obriga a mistura de álcool (ou ETBE) na gasolina e de óleos vegetais no diesel, em cidades com má qualidade de ar iii. Suécia Existência de ônibus movidos à álcool, em diversas cidades no país Utilização de ETBE como aditivo à gasolina Testes com mistura álcool/diesel para ônibus que rodam na capital Incentivos fiscais As perspectivas de crescimento do mercado mundial de álcool estão diretamente relacionados com as iniciativas dos governos de estimularem sua utilização direta como combustível bem como suas misturas com a gasolina. 43 7.3 O Mercado Nacional do Álcool o Brasil produz aproximadamente metade do álcool produzido no mundo inteiro e se diferencia no mercado por algumas características específicas. A mais marcante destas características diz respeito a uma cadeia produtiva na qual o álcool é um produto-fim, ou seja há uma cadeia de processos que têm como objetivo produzir álcool, no caso sendo co-produzido juntamente com açúcar. No passado no Brasil, e essa ainda é a característica do álcool produzido em outros países, o álcool era um subproduto da cadeia produtiva do açúcar. Atualmente a produção nas usinas de açúcar e álcool gera dois produtos finais básicos a partir da mesma matéria-prima, cana-de-açúcar: açúcar e álcool. Uma das maiores questões de caráter tático desta indústria é exatamente, baseado nas expectativas de variação de preço destes produtos e em seus custos respectivos de produção, que parcela da matéria-prima se direciona ao álcool e que parcela se direciona ao açúcar. Outra característica que diferencia a produção brasileira é o próprio mercado consumidor de álcool combustível que é de grande escala e dividido em duas parcelas: o álcool utilizado como combustível direto ou sem mistura e o álcool adicionado à gasolina (toda a gasolina consumida no país tem 24% de álcool em volume). A principal razão do crescimento do álcool e seu reconhecimento como combustível alternativo viável foi o Proálcool, um programa governamental implementado a partir dos anos 70 motivado principalmente pela crise internacional do petróleo. 44 7.4 Pontos Sintetizados sobre o Programa de Álcool Brasileiro - Proálcool Em 1975, o governo brasileiro motivado pelas incertezas do mercado do petróleo, instituiu o Proálcool, que tinha como objetivo primeiro justamente a diminuição do nível de importação de combustível que individualmente era um fator significativo da balança de pagamentos. As elevações no preço do óleo, que passou de US$ 2,50/barril em 1973 para US$ 10,50/barril em 1974 e para US$ 34,40/barril em 1981, foram o principal responsável pelo acentuado crescimento dos desembolsos do país com a importação de petróleo, que se elevaram de US$ 0,6 bilhões em 1973 para US$ 2,6 bilhões em 1974 e posteriormente para US$ 10,6 bilhões em 1981 (Borges, 1986). Além do aspecto econômico, o Proálcool surgiu em decorrência da situação estratégica do país, na época dos chamados choques do petróleo. Neste período, 34% de toda a energia consumida no país era importada, sendo que quase todo esse percentual se tratava de petróleo. Em 1979 este indicador passou para 37%. Após a instauração do programa de álcool, apenas 17% da energia era importada (Copersucar, 1989). A rigor, o Proálcool foi um programa que era parte de uma política maior que tinha cinco pontos fundamentais: i. Elevação do preço interno da gasolina a fim de inibir seu consumo; ii. Elevação das exportações de bens e serviços para compensar os gastos maiores com o petróleo; iii. Adoção de política externa priorizando relações com países exportadores de petróleo; iv. Elevação da produção nacional de petróleo e; v. Produção de álcool para substituição da gasolina. O Proálcool, como fica claro, pode ser considerado uma parte desta política de redução do risco estratégico do país a choques externos em geral, e a choques no mercado de petróleo em especial. 45 Apesar das fortes críticas ao programa e a seus agentes mais centrais (Governo e investidores da indústria de açúcar e álcool), dois pontos são inegáveis: o primeiro dele diz respeito aos resultados gerais do ponto de vista macroeconômico (geração de empregos, balança de pagamentos, geração de impostos, oxigenação da indústria de bens de capital etc); o outro ponto é o sucesso tecnológico. Atualmente o país domina uma tecnologia viável de alternativa de combustível e dispõe de toda a infraestrutura necessária, inclusive com respeito a outras indústrias, como a automobilística. Estrategicamente, ganha destaque a alteração da matriz energética, fortemente influenciada pelo álcool, conforme mostrado na tabela a seguir: Tabela 7.2.1. Consumo final de energia por fontes (percentual sobre o total) Itens 1975 1980 1986 Derivados de Petróleo 44,2 40,7 31,7 Eletricidade 21,8 27,8 33,8 Lenha 21,8 15,8 10,8 Álcool 0,4 1,8 4,9 Bagaço de Cana 3,5 4,8 6,7 Outros 8,3 9,1 12,1 Fonte: Ministério das Minas e Energia (1987) 46 7.5 Questões Estratégicas que Envolvem o Álcool Combustível Algumas questões-chave envolvem o futuro da utilização do álcool como fonte alternativa renovável de combustível. Entre elas, temos todos os aspectos políticos sobre os quais repousam o assunto, influenciados não apenas por posições internas do governo brasileiro, mas também por outros governos, como o americano por exemplo. Vale ressaltar que quaisquer questões relacionadas com outros produtos relacionados com o álcool também afetam este quadro. No caso brasileiro, as decisões que envolvem o mercado de açúcar têm profunda ingerência sobre o futuro do álcool; no caso americano, a agroindústria do milho tem influência similar. Em ambos os casos, o assunto extrapola as questões técnicas e residem, não com menor força, em aspectos sociais, dado o impacto destas indústrias na geração de empregos. Questões relacionados com a aspectos ambientais também são relevantes nas decisões tomadas na área. Apesar de toda esta complexidade, este trabalho restringe seu foco a questões técnicas. 47 7.6 Cadeia de Valor da Indústria Sucro Alcooleira A Cadeia de Valor da indústria sucro-alcooleira é mostrada na figura 7.4.1. Figura 7.4.1. Cadeia de Valor do Álcool Manutenção Suprimentos Apoio (Jurídico, Serv.Adminustrativos, Segurança etc) Recursos Humanos Finanças e Controle Pesguisa e Desenvolvimento TI A Cadeia de Valor da indústria sucro-alcooleira se diferencia das cadeias de valor genéricas, em especial por causa das atividades agrícolas, que são responsáveis pela maior parte dos custos da cadeia. Normalmente, desde a Formação da Lavoura até as etapas de Produção os processos são desenvolvidas dentro das usinas de açúcar e álcool. Por se tratar de um produto, na sua essência, commodity e portanto sem diferenciação, há uma grande preocupação com a redução de custos ao longo da cadeia. Esta indústria vem sofrendo uma evolução acentuada nos últimos anos, cuja base é a forte profissionalização da gestão, originalmente baseada em elementos das famílias proprietárias. Posteriormente houve uma onda de adequação das plataformas de tecnologia de informação e de equiparação nas atividades industriais às indústrias de outros setores. Sobretudo, neste setor vem crescendo o aprimoramento de suasestratégias corporativas com desdobramentos sensíveis na competitividade dos principais grupos. 48 7.7 O Processo de Produção do Álcool Deve Ser, Necessariamente, Considerado Integrado? É comum assumir-se que processos de produção contínua são necessariamente totalmente integrados, uma vez que envolvem desde a matéria prima até o produto final geralmente na mesma planta produtiva. Este pressuposto no entanto, é incorreto. Williamson (1985), estudando um outro processo de produção contínua (refino de petróleo), alerta para esta percepção incorreta. Outras atividades necessárias à produção que fisicamente estão junto à planta ou não, também fazem parte do processo e sua organização é extremamente problemática. Processos como estocagem de produto final, distribuição, análise química do produto, desenvolvimento de tecnologia e outros se encaixam neste perfil podendo ser desintegradas do processo original. Mesmo atividades intrinsecamente ligadas à produção não são necessariamente integradas. Apenas para citar um exemplo da indústria do álcool, é possível ter a geração de energia elétrica, decorrente da queima do bagaço de cana-de-açúcar, totalmente terceirizada mesmo com a necessidade de proximidade física. O nível de integração depende de uma decisão e não é algo decorrente das características do processo. É portanto essencial resgatar os elementos fundamentais de tomada de decisão sobre integração abordados inicialmente neste trabalho para se avaliar a questão. Isso será feito especificamente para o processo de geração de inovação tecnológica. 49 7.8 Pesquisa e Desenvolvimento no Mercado Sucro-Alcooleiro o desenvolvimento de tecnologia no mercado sucro-alcooleiro no Brasil baseia- se em diferentes modelos, no entanto com um ponto em comum: todos são não integrados às unidades produtoras. Basicamente a pesquisa e desenvolvimento nesta indústria é sustentada pelas seguintes estruturas: i. Instituições de pesquisa independentes, como o IPT e a FAPESP, por exemplo que se envolvem com unidades produtoras para condução de projetos específicos; ii. Consultores independentes que captam tecnologias desenvolvidas não especificamente para este fim e as adaptam para o processo do álcool na tentativa de criar um produto com valor de mercado; iii. Instituições de pesquisa no exterior que se associam com unidades produtoras de álcool, que funcionam muitas vezes como laboratórios ou plantas piloto (há uma tendência crescente desta estrutura dada a questão latente do meio ambiente e riscos envolvidos com o petróleo em todo o mundo); iv. Assessores ligados a universidades ou escolas, como ESALQ (USP) e Unicamp que desenvolvem tecnologia dentro de um escopo acadêmico mas buscam também a transferência desta tecnologia. Muitas vezes estes assessores são docentes das próprias instituições, outras estabelecem algum tipo de acordo bilateral; v. Grupo de unidades produtoras de álcool, estabelecido para um fim comercial, que utiliza a sinergia destas unidades para a amortização de custos fixos em diversos esforços, entre eles o de pesquisa e desenvolvimento. Este é o caso específico da Copersucar. Apesar de muitas vezes se observar estruturas diferentes de busca de inovações neste mercado, uma análise mais minuciosa mostra que se tratam de combinações ou arranjos das possibilidades destacadas anteriormente e, necessariamente, também desintegradas. 50 7.9 Tendências de variação de custos de produção de álcool Os números relacionados com custos e sua variação na indústria sucro- alcooleira carecem de objetividade e confiabilidade no que diz respeito a seu domínio pelo público em geral. Mesmo internamente aos produtores não há unanimidade com relação à sua precisão. Alguns fatores podem ser considerados preponderantes para essa falta de transparência são: i. Carência de ferramentas de custos que tenham a capacidade de modelar a produção agrícola com precisão e de modo confiável; ii. Como cada produtor está sujeito a uma matriz de solo, clima e variedades de cana diferente, com inúmeras combinações e que variam significativamente ao longo do tempo, é virtualmente impossível inferir os custos de maneira confiável a não ser que haja um profundo conhecimento e envolvimento da unidade produtora específica. Por se tratar de um mercado de commodity, onde o custo é uma variável extremamente estratégica não há qualquer desejo, por parte dos produtores, de discutir abertamente seus custos; iii. Os produtores se encontram em estágios tecnológicos e de modelos de gestão de negócios muito diferentes, o que dificulta ainda mais estimativas baseadas em números médios. Não obstante há uma grande necessidade de se estimar estes custos e sua respectiva variação e, portanto, inúmeros agentes no mercado investem em esforços para quantificar esta variável. Uma informação com respeito a custo muito importante para a tomada de decisão do investidor deste setor, que tem um grau de confiabilidade superior ao custo absoluto, é o potencial de redução de custo relativo. Estudos conduzidos pela Copersucar (Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo), um dos melhores referenciais desta indústria, mostram um potencial de redução de custo de 17,9% nos Processos Agrícolas (etapas da cadeia de valor correspondentes a formação de lavoura, plantio e colheita) e 6,3% nos Processos Industriais (nas etapas da cadeia de 51 valor correspondentes a recepção de cana, extração de caldo e produção de açúcar e álcool). Mesmo já ressaltada a provável imprecisão dos números acima, deve-se levar em consideração a diferença proporcional (aproximadamente de três para um) entre processos agrícolas e industriais. Esta diferença tem um papel importante na tomada de decisão dos investidores deste setor como realçado posteriormente neste trabalho. j 52 8 A Necessidade ou Não de Integração para a Inovação o ponto central deste trabalho é a integração dos processos à empresa e, em especial, processos cujo objetivo é a criação de inovação. Porém como já foi ressaltado anteriormente, não se pode deixar de levar em consideração que a inovação pode surgir em qualquer parte da cadeia de valor. A questão cuja resposta deve ser direcionada pelas conclusões deste estudo é portanto: A integração vertical de atividades da cadeia produtiva é necessária para a inovação? No entanto, o trabalho analisa especificamente o caso do álcool combustível, não sendo portanto abrangente o suficiente para responder à questão acima de maneira totalmente conclusiva. Para tal seria necessária uma análise que envolvesse vários casos em várias indústrias, o que certamente permitiria uma afirmação mais sustentada. Porém as conclusões a que se chega servem como um indicador que pode orientar estudos mais abrangentes sobre o tema. Deste modo, o trabalho pretende responder a uma questão bastante específica: Dada a necessidade de inovações na cadeia produtiva do álcool combustível, ela deve ser integrada ou não? Muitas outras questões, no entanto, envolvem e complementam este tema e também devem ser endereçadas pelas conclusões aqui obtidas, de modo que seja possível elaborar uma recomendação consistente para a decisão de alocação de recursos nesta indústria. Algumas questões que certamente se encaixam nesta descrição são: Qual o nível de integração atual dos processos de criação de novas tecnologias no mercado sucro-alcooleiro? Qual é o nível de informação e controle que os principais agentes tomadores de decisão têm acerca das atividades de criação de inovação? Como é feita a tomada de decisão com relação às prioridades de investimento neste mercado? Onde se concentra o foco da pesquisa e desenvolvimento neste mercado e por que? 53 Quais as possíveis razões para o insucesso no desenvolvimento das tecnologias destacadas pelo trabalho do IPT? As conclusões são as mesmas para a tecnologia diruptiva e para a tecnologia evolutiva? Como já foi ressaltado,
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