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Vulnerabilidade e Interseccionalidade

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FCMSCSP 
Gabrielle Simplicio Martinelli 
Práticas de Cuidado, Comunicação e de Segurança do Paciente 
Vulnerabilidade e Interseccionalidade 
Saúde e Vulnerabilidade 
O conceito e a ideia de vulnerabilidade surgem, no 
campo da saúde, na década de 1980, por conta da 
epidemia de HIV/AIDS 
E surge a tentativa de se explicar mudanças que 
ocorriam no perfil de pessoas afetadas pela epidemia 
Antes, predominava, no módelo biomédico, a definição 
de grupo e comportamento de risco: se um grupo era 
de risco, suas características eram identificadas e 
sobre tais pessoas recaiam as medidas preventivas 
Consequência dessa visão: estigmatização e 
isolamento de gays, travestis, profissionais do sexo e 
usuários de substâncias injetáveis. 
O chamado compotamento de risco 
responsabilizava/culpabilizava a pessoa por suas 
atitudes, sem levar em conta a existência de fatores 
sociais que influenciavam suas ações 
Vulnerabilidae: permitiu que se avaliasse como 
dinâmicas sociais e culturais relacionam-se com 
questões individuais na construção de situações de 
fragilidade, que participam do processo doença-
saúde. 
Biológico e social andam juntos. 
Há 3 dimensões de vulnerabilidade 
Individual: viés comportamental de tomada de 
decisões 
Social: aspectos sociais que compõem os contextos 
diversos. Relações econômicas, gênero, sexualidade, 
etnia/raça aqui estão incluídos. 
Institucional/pragmática: o papel dos serviços de 
saúde em articulação com outras instituições, como 
educação, segurança pública e justiça. 
Ciência, Cultura e Meio Social 
No campo institucional, dos serviços e de produção 
científica, considera-se impossível separar ciência, 
cultura e meio social na área da saúde. 
A ciência não é neutra e relaciona-se com política, 
economia e sociedade, sendo usada como ferramenta 
de produção e manutenção de desigualdades 
Como pessoas construídas dentro da cultura, 
profissionais da saúde tendem a olhar para o outro a 
partir de sua perspectiva, o que facilita o processo de 
reprodução (consciente ou não) de opressões e 
marginalizações. 
• Analisar o outro a partir da minha visão de 
mundo 
A colonização produziu a lógica da hierarquização e 
da inferiorização dos grupos sociais colonizados 
Categoria racial é criada como critério de 
classificação social para justificar escravização e 
imposição da cultura europeira, produzindo 
desigualdades com base em atributos febotípicos – 
racismo. 
Etno/eurocentrismo: controla a subjetividade humana 
ao impor a vivência do homem cis, branco, 
heterossexual e cristão e coloca na marginalidade as 
identidades que fogem a esse padrão. 
• Ver uma cultura diferente da europeia como 
inferior, marginalizada 
As estruturas capitalistas deram continuidade a 
formas de dominação mesmo após o fim das colônias. 
O capitalismo é a base do colonialismo do poder, no 
mundo globalizado, que se articula em três vertentes: 
a do poder, a do saber e do ser 
A colonidade do ser aponta o eurocentrismo como 
forma de controle da subjetividade humana, o 
condenar à marginalidade as identidades que não 
estejam dentro do padrão europeu. 
Dando importância a certas coisas/Agindo 
com empatia 
Nome e nome social: como prefere ser chamado(a)? 
Orientação sexual/preferências: interesse sexual e 
afetivo em pessoas de qual gênero? Ou não tem 
interesse/desejo sexual? 
Identifica-se com o gênero masculina ou feminino? 
Ou não se identifica com eles? 
Autodeclaração racial. Considera-se preto ou pardo? 
Considera-se branco? 
Anamnese e Exame Físico: a comunicação 
afirmativa 
No que se chama de contexto afirmativo de 
atnedimento, é importante perguntar a todos 
pacientes sobre identidade de gênero e orientação 
FCMSCSP 
Gabrielle Simplicio Martinelli 
Práticas de Cuidado, Comunicação e de Segurança do Paciente 
sexual, tornando isso um hábito, evitando suposições 
e estigmas 
Sexualidade é um tabu e precisa ser discutida. 
Médicos e demais profissionais não questionam os 
pacientes por medo de serem invasivos. 
Pessoas LGBTQIA+ são estigmatizadas e sofrem 
preconceito, inclusive em hospitais, UBSs, consultórios 
A anamnese é um momento do processo terapêutico 
Comunicação Afirmativa 
É preciso normalizar essas questões e outras mais: 
étnico-raciais, religiosas/espirituais, culturais, que 
compõem a identidade de um indivíduo e produzem 
desfechos em saúde. 
A abordagem deve ser individualizada e marcada por 
empatia; deve-se saber a hora de falar e o momento 
de escutar 
Interseccionalidade 
Compreender o indivíduo como um todo, de maneira 
integral, é essencial para entender, sob uma 
perspectiva interseccional, as especificidades de 
grupos que sofrem múltiplas formas de opressão 
É o caso de pessoas LGBTQIA+ e negras, cujos corpos 
são vistos como objetos (sexuais, inclusive) e são 
tratados como seres inferiores. 
Marcadores Sociais de Diferença 
A classe econômica aliada ao racismo, á sexualidade 
e ao gênero constituem as categorias geradoras de 
diferença, desigualdades e iniquidades que justificam 
a dificuldade que pessoas LGBTQIA+, mulheres e 
negros(as) enfrentam para acessar o sistema de 
saúde. 
No brasil, os indivíduos em situação econômica mais 
vulnerável são negros em sua maioria: representam 
75,2% do total 
Negros lideram estatísticas de desemprego e 
empregos informais 
Negros estão á frente nas estatísticas de morte por 
homicídio (mais de 75% do total de casos) 
A imagem das favelas e periferias é retratada de 
maneira negtiva, operações policiais nesses locais 
resultam em mortes e criminaliza-se a pobreza. Isso 
não acontece em bairros povoados por ricos. 
Portanto, a sociedade trata de maneira desigual as 
pessoas, levando em consideração a rendas delas 
O racismo estrutural e da pobreza geram 
desigualdades em saúde. 
São as mulheres negras as que têm menos acesso a 
consultas ginecológicas e obstétricas, que encabeçam 
as estatísticas de violência doméstica e de 
mortalidade por abortamento; é o racismo estrutural 
na saúde 
Mais do que racismo estrutural: pessoas trans e 
travestis negras indicam que a intersecção da 
opressão de gênero, classe e raça às quais estão 
submetidas resulta em grande empecilho à mobilidade 
social

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