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1 Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe- ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en- contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. multimídia Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. vivenciando Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê- -las com tranquilidade. áreas de conhecimento do Enem Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria- mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque- les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza- ção dos estudos e até a resolução dos exercícios. diagrama de ideias Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela- borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio- logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. conexão entre disciplinas Herlan Fellini De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. incidência do tema nas principais provas Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques- tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com- pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. teoria Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta- dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com- preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula. aplicação do conteúdo 2 © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020 Todos os direitos reservados. Autores Edson Yukishigue Oyama Marcos Navarro Diretor-geral Herlan Fellini Diretor editorial Pedro Tadeu Vader Batista Coordenador-geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Imagens Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) ISBN: 978-65-88825-10-5 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2020 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br 3 SUMÁRIO QUÍMICA PROPRIEDADES COLIGATIVAS E ELETROQUÍMICA QUÍMICA ORGÂNICA CINÉTICA QUÍMICA E EQUILÍBRIO QUÍMICO Aulas 35 e 36: Propriedades Coligativas: osmometria 6 Aulas 37 e 38: Eletroquímica: oxirredução 12 Aulas 39 e 40: Eletroquímica: introdução a pilhas e processos espontâneos 20 Aulas 41 e 42: Eletroquímica: pilha de Daniell e célula de combustível 29 Aulas 43 e 44: Eletroquímica: eletrólise ígnea 35 Aulas 35 e 36: Reações de substituição em aromáticos e reações de eliminação 44 Aulas 37 e 38: Reações de oxidação 51 Aulas 39 e 40: Oxidação de alcenos 58 Aulas 41 e 42: Esterificação, hidrólise e condensação amídica 63 Aulas 43 e 44: Transesterificação e saponificação 66 Aulas 35 e 36: Cinética química: conceitos de velocidade instantânea, lei cinética da velocidade das reações 74 Aulas 37 e 38: Cinética química: ordem das reações 80 Aulas 39 e 40: Equilíbrio químico: equilíbrios químicos homogêneos 86 Aulas 41 e 42: Equilíbrio químico: deslocamento de equilíbrio 95 Aulas 43 e 44: Equilíbrio químico: equilíbrios iônicos 103 4 Competência 1 – Compreender as ciências naturaise as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade. H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos. H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico. H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas. H4 Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável da biodiversidade. Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos. H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano. H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum. H7 Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida. Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen- tos ou ações científico-tecnológicos. H8 Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos. H9 Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações nesses processos. H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais. H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi- cos. H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios. Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais. H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos. H14 Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros. H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos. H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos. Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos. H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica. H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam. H19 Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental. Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi- co-tecnológicas. H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes. H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo. H22 Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais. H23 Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas. Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi- co-tecnológicas. H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas H25 Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção. H26 Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos. H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios. Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico tecnológicas. H28 Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros. H29 Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas ou produtos industriais. H30 Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente. 5 PROPRIEDADES COLIGATIVAS E ELETROQUÍMICA: Incidência do tema nas principais provas UFMG Os tópicos relacionados à eletroquímica podem ser cobrados de maneira interdisciplinar, tornando necessário entender sua base, principalmente diferenças e utilidades entre uma pilha e um processo eletrolítico. Cobrado de maneira objetiva, exige conhecimento das principais diferenças entre os processos eletroquímicos. É importante reconhecer processos de oxirredução, mas com ênfase na parte de pilhas e eletrólise, principalmente, relacionados a funcionamento e aplicações. O tópico que aborda os números de oxidação é necessário para assimilar os conteúdos de eletroquímica, seus diferentes processos, aplicações e diferenças. Com questões teóricas, é importante que os conceitos de oxirredução estejam fixados para que seja mais fácil identificar os diferentes processos eletroquímicos que existem, assim como suas aplicações. Os temas de pilhas e eletrólise são os mais cobrados, sendo necessário entender as diferenças de cada processo e aplicações. O tema que envolve oxirredução pode ser cobrado de maneira interdisciplinar com Biologia. Assim, é importante diferenciar processos de oxidação e redução, bem como entender os diferentes processos eletroquímicos. Os principais temas estão ligados aos números de oxidação, principalmente assuntos que envolvem pilhas e eletrólise em situações do cotidiano e que podem envolver, inclusive, funcionamento de uma pilha como produção de insumos na indústria. Os principais assuntos estão relacionados a pilhas e eletrólise, de maneira bem concisa. É necessário interpretar as informações e entender as diversas aplicações que podem ser feitas. Os assuntos predominantes estão relacionados aos processos eletroquímicos. É fundamental que os conceitos que envolvem oxirredução estejam fixados, assim como é dominar as diferenças entres pilha e eletrólise e suas aplicações. O tópico principal envolve oxirredução, queserve de base para melhor compreensão dos processos eletroquímicos. É impor- tante compreender as diferenças e suas aplicações. O assunto mais cobrado envolve os proces- sos eletroquímicos. É importante dominar o assunto de oxirredução, assim como as diferenças e aplicações de pilhas e eletrólise. O assunto que abrange oxirredução pode ser exigido de modo interdisciplinar. É necessário entender os processos de oxidação e redução, assim como é compreender os diversos processos eletroquímicos mostrados. É importante que toda a parte de proprieda- des coligativas esteja fixada, assim como é muito relevante o tópico de oxirredução, pois é uma das bases da eletroquímica. É importante a última parte de propriedades coligativas, assim como atentar-se aos pro- cessos de oxirredução, pilhas e eletrólise, que focam em suas diferenças e aplicações. 6 ProPriedades Coligativas: osmometria CompetênCias: 3, 5 e 7 Habilidades: 17, 21, 24, 25, 26 e 27 AULAS 35 e 36 1. OsmOse A osmose é um processo físico-químico espontâneo de movimentação do solvente entre dois meios com concentrações diferentes de soluto, separados por uma membrana semipermeável. A capacidade que cada solvente apresenta de atravessar uma membrana semipermeável está relacionada com a sua pressão de vapor: quanto maior a pressão de vapor da solução, menor será a capacidade de seu solvente de atravessar uma mem- brana semipermeável. A osmose também é uma propriedade coligativa das soluções, uma vez que depende somente do número de partículas dissolvidas, e não da natureza dessas partículas (moléculas ou íons). Observe o fenômeno da osmose nas figuras: Osmose entre solvente puro e solução: H2O Molécula de soluto As moléculas de água passam através da membrana Membrana semipermeável Osmose entre soluções com diferentes concentrações: H2O Moléculas de soluto As moléculas de água passam através da membrana Membrana semipermeável Observe que a movimentação das moléculas do solvente ocorre do meio hipotônico (menos concentrado em soluto) para o meio hipertônico (mais concentrado em soluto) com o objetivo de que a mesma concentração seja atingida em ambos os meios, tornando-os isotônicos. A membrana semipermeável é seletiva, visto que ela per- mite a passagem do solvente, mas não das partículas de soluto. O papel celofane, a bexiga animal, certos tipos de gelatina e a membrana celular funcionam como membra- nas semipermeáveis. Alguns exemplos de osmose no dia a dia: § Salgar a carne para conservá-la é uma prática muito comum. Nesse caso, o meio externo está mais concen- trado (por causa do sal), e o meio interno (interior das células da carne) está menos concentrado. Por esse motivo, ocorre a saída de água das células da carne e dos microrganismos que poderiam causar a deterio- ração da carne. Como os microrganismos não conse- guem viver em meio muito concentrado de sal, a carne permanece conservada por mais tempo. 7 § Quando saladas que contêm alface são temperadas, pode-se verificar que, depois de algum tempo, a alface murcha e ocorre acúmulo de água no recipiente. Isso ocorre porque a água difunde das células vegetais da alface (meio menos concentrado) para o meio mais concentrado, que é a solução de vinagre e sal. Osmoscopia ou osmometria é o estudo e a medição da pressão osmótica das soluções. 3. Leis da OsmOmetria As leis da osmometria foram descobertas pelo químico holandês Jacobus H. Van’t Hoff (1852-1911), laureado em 1901 com o prêmio Nobel de Química. Van’t Hoff desco- briu que, em soluções diluídas de solutos não iônicos, a pressão osmótica independe do soluto e obedece, funda- mentalmente, a duas leis: § Primeira lei – Em temperatura constante, a pressão os- mótica é diretamente proporcional à concentração molar. p = K ⋅ M § Segunda lei – Em concentração molar constante, a pressão osmótica é diretamente proporcional à tempe- ratura absoluta da solução. p = M ⋅ T Para soluções moleculares e diluídas, a equação fun- damental da osmometria é idêntica à equação dos gases perfeitos. p . V = n1 . R . T ⇒ p = n1 __ V . R . T ⇒ p = M . R . T Em que: p = pressão osmótica R = constante universal dos gases perfeitos T = temperatura absoluta (K) M = concentração molar (mol/L) n1 = número de mols do soluto 3.1. Classificação das soluções Considerando duas soluções à mesma temperatura, com pressões osmóticas pA e pB: § a solução A é hipertônica em relação à B quando pA > pB; § a solução A é isotônica em relação à B quando pA = pB; § a solução A é hipotônica em relação à B quando pA < pB. Duas soluções isotônicas também são denominadas soluções isosmóticas ou soluções de igual tonicidade. Experiência - Osmose na Alface Fonte: Youtube multimídia: vídeo 2. PressãO Osmótica (p) Pressão osmótica é a pressão exercida sobre a solução para impedir que a osmose ocorra de maneira espontânea. Quanto maior a concentração de uma solução, maior será a pressão osmótica. É interessante notar que, se a pressão mecânica sobre a solução for maior que a pressão osmótica, o fenômeno normal se inverterá, ou seja, o solvente passará da solução para o lado do solvente puro. Esse processo é denomina- do osmose reversa e é empregado na dessalinização da água do mar para a obtenção de água potável. membrana semipermeável anteparo p Solvente Puro Solução 8 3.2. Determinação de massas moleculares A pressão osmótica é um efeito coligativo muito mais pro- nunciado do que os efeitos tonométrico, ebuliométrico e criométrico. Por esse motivo, a pressão osmótica pode ser determinada com precisão e constituir um excelente méto- do para determinação de massas moleculares dos solutos. Acrescente-se que, numa solução coloidal, os efeitos to- nométrico, ebuliométrico e criométrico são imperceptíveis. En- tretanto, a pressão osmótica pode ser medida e constitui um dos métodos de determinação da massa média das partículas coloidais, também denominada massa micelar média. 3.3. Efeito osmótico nas soluções iônicas Como a osmose é uma propriedade coligativa, o fator de Van’t Hoff (i) também é válido para a equação fundamen- tal da osmometria, uma vez que, para as concentrações idênticas, as soluções eletrolíticas apresentam efeitos coli- gativos maiores do que as soluções não eletrolíticas: p = M . R . T . i Em que: i = 1 + α ⋅ (q – 1); i = fator de Van’t Hoff; a = grau de ionização (ou de dissociação iônica); q = número de mols de íons originados por mol de soluto; M = concentração do soluto na solução (mol . L-1). Aplicação do conteúdo 1. Calcule a pressão osmótica, a 27 ºC, de uma solução aquosa que contém 6 g de glicose (M = 180 g/mol), em 820 mL de solução. Resolução: p ⋅ V = m1 ___ M1 ⋅ R ⋅ T ⇒ p ⋅ 0,82 = 6 ___ 180 ⋅ 0,082 ⋅ 300 ⇒ p = 1 atm 2. Uma solução foi preparada com adição de 1,0 grama de hemoglobina em água suficiente para produzir 0,10 L de solução. Sabendo que a pressão osmótica (p) dessa solução é 2,75 mmHg, a 20 ºC, calcule a massa molar da hemoglobina. (R = 62,3 mmHg ⋅ L ⋅ mol–1 ⋅ K–1) Resolução: p = M R T ⇒ p = m _______ M ⋅ V(ℓ) R . T ⇒ M = m ______ p ⋅ V(ℓ) R . T M = 1 ⋅ 62,3 ⋅ (273 + 20) ___________ 2,75 ⋅ 0,1 ⇒ M = 6,63 ⋅ 104 g/mol É comum a sensação de sede depois da ingestão de doces, como chocolates e balas. Isso ocorre porque os doces aumentam o nível de glicose extracelular no organismo e geram a hiperglicemia. Quando uma pessoa ingere muitos doces, o pâncreas libera o hormônio glucagon, que é responsável por interagir com a glicose e levá-la do meio extracelular para o meio intracelular. Durante esse processo e depois de consumir muito açúcar, a água é necessária para ajudar na osmose ou difusão simples da glicose para dentro das células. O responsável por esse processo é o hipotálamo. Vale lembrar que o açúcar é importante para o organismo, pois garante energia para as funções vitais e atividades diárias do ser humano. A necessidade por doces énatural, mas é preciso consumir esse tipo de alimento com muita responsabilidade. Doces em excesso prejudicam a saúde e podem até levar ao desenvolvimento de diabetes. VIVENCIANDO 9 Por que a pressão sanguínea aumenta com a ingestão de sal? Isso tem tudo a ver com a biologia. Com a ingestão de sal, ocorre um aumento na pressão osmótica, um aumento da quantidade de água nos líquidos extracelulares (san- gue e tecido entre as células) e um aumento da pressão arterial. A consequência é uma maior entrada de água nas células devido à osmose. Se não houver um sistema para remover essa água, a célula inchará progressivamente até estourar (provocando sua morte). O mecanismo fisiológico para a retirada dessa água, e inclusive dos íons produzidos dentro da própria célula, é o sistema bomba de sódio e potássio. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS 3. No que se refere a efeitos coligativos, a água do mar se comporta como uma solução 0,6 M de NaCℓ, com i = 2 . Determine a pressão osmótica do mar, a 20°C. Dado R = 0,082 atm ∙ L ∙ mol-1 K-1 Resolução: Usando a equação fundamental da osmometria, tem-se: p = M . R . T . i ⇒ ⇒ p = 0,6 ∙ 0,082 ∙ (20 + 273) ∙ 2 p = 28,83 atm 4. São dissolvidos 0,06 mol de nitrato de alumínio [Aℓ(NO3)3] em água suficiente para 1.200 mL de solução. Sabendo que a solução, a 27 °C, apresenta pressão osmótica de 4,2 atm, determine: Dado: R = 0,082 atm ∙L ∙ mol-1 ∙ K-1. a) A molaridade da solução. b) O fator de Van’t Hoff. c) O grau de dissociação do sal. d) O grau de dissociação do nitrato de alumínio é 100%? Qual seria a pressão osmótica, considerando que o grau de dissociação do nitrato de alumínio é de 100% e mantendo todas as condições descritas? Resolução: a) M = n1 __ V ⇒ M = 0,06 mol _______ 1,2 L ⇒ M = 0,05 M. b) p = M . R . T . i ⇒ 4,2 = 0,06 ∙ 0,082 ∙ (27 + 273) ∙ i ⇒ i = 3,41. c) Aℓ(NO3)3 → Aℓ 3+ + 3NO - 3 ; logo, o valor de q para nitrato de alumínio é 4. i = 1 + α ∙ (q – 1) → 3,41 = 1 + α ∙ (4 – 1) → α = 0,803 ou 80,3%. d) Pelos cálculos do item c, o grau de dissociação não é 100%. Calculando a pressão osmótica para α = 100%: Como i = 1 + a(q - 1), considerando a = 1, tem-se: i = 1 + 1.(4 - 1) = 4 Assim: p = M . R . T . i ⇒ ⇒ p = 0,05 ∙ 0,082 ∙ (27 + 273) ∙ 4 ⇒ p = 4,92 atm. multimídia: sites g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/05/ medicos-explicam-o-que-pode-causar-sede- -e-os-beneficios-de-beber-agua.html 10 ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.26 Habilidade A osmose é um processo muito importante presente na natureza. Por isso, é de extrema importância conhecer seus fundamentos principais e seus mecanismos de funcionamento. Modelo (Enem) A lavoura arrozeira na planície costeira da região sul do Brasil comumente sofre perdas elevadas devido à sali- nização da água de irrigação, que ocasiona prejuízos diretos, como a redução de produção da lavoura. Solos com pro- cesso de salinização avançado não são indicados, por exemplo, para o cultivo de arroz. As plantas retiram a água do solo quando as forças de embebição dos tecidos das raízes são superiores às forças com que a água é retida no solo. WInKeL, H.L.; tSCHIeDeL, M. CuLtura Do arroz: SaLInIzação De SoLoS eM CuLtIvoS De arroz. DISponíveL eM: Http//agropage.trIpoD.CoM/SaLInIza.HML. aCeSSo eM: 25 jun. 2010 (aDaptaDo). A presença de sais na solução do solo faz com que seja dificultada a absorção de água pelas plantas, o que provoca o fenômeno conhecido por seca fisiológica, caracterizado pelo(a): a) aumento da salinidade, em que a água do solo atinge uma concentração de sais maior que a das células das raízes das plantas, impedindo, assim, que a água seja absorvida; b) aumento da salinidade, em que o solo atinge um nível muito baixo de água, e as plantas não têm força de sucção para absorver a água; c) diminuição da salinidade, que atinge um nível em que as plantas não têm força de sucção, fazendo com que a água não seja absorvida; d) aumento da salinidade, que atinge um nível em que as plantas têm muita sudação, não tendo força de sucção para superá-la; e) diminuição da salinidade, que atinge um nível em que as plantas ficam túrgidas e não têm força de sudação para superá-la. Análise expositiva - Habilidade 26: A presença de sais na solução do solo faz com que seja dificultada a absorção de água pelas plantas (devido ao processo de osmose), o que provoca o fenômeno conhecido por seca fisiológica, caracterizado pelo aumento da salinidade, em que a água do solo atinge uma concentra- ção de sais maior do que a das células das raízes das plantas, impedindo, assim, que a água seja absorvida. Alternativa A A 11 DIAGRAMA DE IDEIAS SOLUÇÃO MEMBRANA PERMEÁVEL SOMENTE AO SOLVENTE DESSALINIZAÇÃO DA ÁGUA DO MAR OSMOSE PRESSÃO OSMÓTICA OSMOSE RESERVA PRESSÃO NECESSÁRIA PARA IMPEDIR A OSMOSE SOLVENTE LÍQUIDO PODE ATRAVESSAR ESSA PASSAGEM É CHAMADA IMPEDIDA QUANDO APLICA-SE A PRESSÃO SUPERIOR A ELA ACARRETA USADA NA É A TEM 12 ElEtroquímica: oxirrEdução CompetênCias: 3, 5 e 7 Habilidades: 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27 AULAS 37 E 38 1. OxidaçãO e reduçãO As reações que pressupõem perda e ganho de elétrons são denominadas reações de oxirredução. Algumas são funda- mentais no mundo, pois fazem parte dos processos que permitem a manutenção da vida. Um exemplo de reação de oxirredução é a fotossíntese. As moléculas de clorofila utilizam energia luminosa para pro- duzir o gás oxigênio: 6 CO2(g) + 6 H2O(ℓ) → C6H12O6 (aq.) + 6 O2 (g) Outro exemplo é o metabolismo da glicose no organismo: C6H12O6 (aq.) + 6 O2 (g) → 6 CO2 (g) + 6 H2O(ℓ) Os dois casos são reações de oxirredução (também de- nominadas reações de oxidorredução). Todas as reações de oxirredução ocorrem com transferência de elétrons. O processo de transferência pode ser facilmente comprovado por meio de um experimento muito simples. Ao introduzir um fio de cobre (Cu) numa solução aquosa de nitrato de prata (AgNO3), verifica-se, depois de certo tempo, que ocorre a formação de um depósito de prata e que a solução adquire cor azul, característica dos íons Cu2+. As reações envolvidas podem ser representadas pelas se- guintes equações: Semirreação de oxidação Cu0 → Cu2+ + 2 e– perda de elétrons Semirreação de redução 2 Ag+ + 2 e– → 2 Ag0 ganho de elétrons Reação Global Cu0 + 2Ag+ → Cu2+ + 2Ag0 Por causa da transferência de elétrons, ocorre uma mu- dança na carga elétrica das espécies químicas. Essas cargas elétricas são representadas pelo número de oxidação (Nox). Conhecer o número de oxidação de uma espécie química facilita a compreensão dos processos de oxirredução. Como determinar o Nox? 2. NúmerO de OxidaçãO (NOx) O número de oxidação é a carga que o elemento adquire quando faz uma ligação iônica ou a carga parcial (δ) que ele adquire quando faz uma ligação predominantemente covalente. Exemplos § Nos compostos iônicos, o Nox corresponde à própria car- ga do íon (carga real). Essa carga equivale ao número de elétrons perdidos ou recebidos na formação do composto. Na + Cℓ → NaCℓ cede 1 e– recebe 1 e– Nox = +1 Nox = –1 § Nos compostos moleculares, não há transferência de- finitiva de elétrons, mas compartilhamento deles. Dessa forma, o Nox corresponde à carga elétrica que o átomo iria adquirir caso a ligação fosse rompida com trans- ferência de elétrons entre os átomos. Em consequência, o átomo de maior eletronegatividade receberia os elétrons do outro átomo: H + Cℓ → HCℓ Considerando que o átomo de cloro é mais eletronegativo que o hidrogênio, o átomo de cloro ficaria com o par de elétrons. Observeesse e outros exemplos na forma de estrutura de Lewis (fórmula eletrônica): -2 +1 +1 0 13 3. CálCulO dO NOx 1. Substâncias simples (formadas por apenas um ele- mento químico) Os átomos apresentam número de oxidação zero. Nesse caso, como os átomos são de um mesmo elemento, eles apresentam a mesma eletronegatividade; numa eventual quebra da ligação, nenhum átomo perde ou ganha elétrons. Exemplos: H2 O2 O3 P4 Na Cgrafite S8 2. Metais representativos (famílias A) e hidrogênio a) Metais alcalinos (família 1A / grupo 1): Li, Na, K, Rb, Cs e Fr Se combinados em compostos, os átomos da família dos metais alcalinos apresentam número de oxidação +1. Exemplos: NaCℓ K2SO4 Nota: apesar de a prata (Ag) pertencer às famílias B (me- tais de transição), os compostos dela também apresentam Nox = +1. b) Metais alcalino-terrosos (família 2A / grupo 2): Be, Mg, Ca, Sr, Ba e Ra Se combinados em compostos, os átomos da família dos metais alcalino-terrosos apresentam número de oxidação +2. 0 0 0 0 0 0 0 +1 +1 MgSO4 Ca3N2 BaCℓ2 Nota: apesar de o zinco (Zn) pertencer às famílias B (me- tais de transição), os compostos dele também apresentam Nox = +2. c) Alumínio, Aℓ (família 3A / grupo 13) Se combinados em compostos, os átomos de alumínio apresentam número de oxidação +3. Exemplos: Aℓ(OH)3 Aℓ2(SO4)3 d) Hidrogênio Se combinados com ametais, os átomos de hidrogê- nio apresentam número de oxidação +1 (possuem menos eletronegatividade que os ametais). Exemplos: HCℓ H2S H3PO4 NH3 Se combinados com metais, nos hidretos metálicos, os átomos de hidrogênio apresentam número de oxidação –1 (possuem mais eletronegatividade que os metais). Exemplos: NaH CaH2 3. Oxigênio, O (família 6A / grupo 16) Se combinados em compostos, os átomos de oxigênio apresentam número de oxidação –2. Exemplos: CaO Na2O H2O Fe2O3 H2SO4 Nos peróxidos, cada átomo de oxigênio apresenta número de oxidação –1. +2 +2 +2 +3 +3 +1 +1 +1 +1 –1 –1 –2 –2 –2 –2 –2 Árvore de Prata - Oxirredução Fonte: Youtube multimídia: vídeo 14 Exemplos: H2O2 Na2O2 CaO2 Nota: quando combinado com o flúor, que é mais eletrone- gativo, no fluoreto, portanto, o oxigênio apresenta número de oxidação +2, uma vez que perde dois elétrons para o flúor. +2 OF2 4. Halogênios (família 7A / grupo 16): F, Cℓ, Br, I Nos compostos, à extrema direita da fórmula, cada átomo apresenta número de oxidação –1. Exemplos: NaCℓ CaBr2 FeI3 5. O somatório de todos os números de oxidação de um composto é zero. Exemplos: H2SO4 2 . (+1) + x + 4 . (– 2) = 0 ⇒ x = +6 HCℓO4 +1+ x + 4 . (– 2) = 0 ⇒ x = +7 H4P2O7 4 . (+ 1) + 2x + 7 . (– 2) = 0 ⇒ x = +5 6. O somatório de todos os números de oxidação de um íon composto é igual à carga desse íon. Exemplos: (MnO4) 1– x + 4 . (–2) = –1 ⇒ x = +7 (PO4) 3– –1 –1 –1 –1 –1 –1 +1 x –2 x+1 –2 +1 x –2 x –2 x –2 x + 4 . (–2) = –3 ⇒ x = +5 x +1 (NH4) 1+ x + 4 × (+1) = +1 ⇒ x = –3 4. VariaçãO dO NOx Nas reações de OxirreduçãO Retomando o exemplo da reação entre o cobre e a solução aquosa de nitrato de prata e associando-o ao conceito de Nox, obtém-se: Cu → Cu2+ + 2e– O cobre sofre uma transformação com perda de elétrons ⇔ aumento do Nox. A semirreação em que ocorre perda de elétrons é de- nominada reação de oxidação. O cobre metálico (Cu) que sofre oxidação é denomina- do agente redutor, uma vez que cede elétrons aos íons prata (Ag+), provocando a redução desses íons. 2Ag+ + 2e– → Ag A prata sofre uma transformação com ganho de elétrons ⇔ diminuição do Nox. A semirreação em que ocorre ganho de elétrons é de- nominada reação de redução. Os íons prata (Ag+) que sofrem redução agem como agentes oxidantes, uma vez que recebem os elétrons do cobre (Cu) que oxidou. 5. VariaçãO dO NOx NOs COmpOstOs OrgâNiCOs Os números de oxidação usuais dos elementos químicos que aparecem mais frequentemente nos compostos orgâ- nicos são: hidrogênio: Nox = +1 halogênios (F, Cℓ, Br, I): Nox = –1 oxigênio (O) e enxofre (S): Nox = –2 nitrogênio (N) e fósforo (P): Nox = –3 0 +2 0+1 15 Foi visto que a soma dos números de oxidação de todos os átomos num composto é igual a zero. Observe alguns exemplos de cálculos que mostram o número de oxidação do carbono, representado pela letra x: CH4: x + 4 .(+1) = 0 ⇒ x = – 4 C2H6: 2x + 6 .(+1) = 0 ⇒ x = – 3 C2H4: 2x + 4 .(+1) = 0 ⇒ x = – 2 CH2Cℓ2: x + 2 .(+1) + 2.(–1) = 0 ⇒ x = 0 CCℓ4: x + 4 . (–1) = 0 ⇒ x = 4 Note que o número de oxidação do carbono varia de –4 para +4, mostrando que ele se comporta ora como ele- mento eletronegativo, ora como elemento eletropositivo. O tipo de cálculo apresentado resulta no número de oxi- dação global (um valor médio) do carbono no composto. E se o interesse for descobrir o número de oxidação de um átomo de carbono específico (isolado) dentro de uma cadeia carbônica? Para isso, é necessário atribuir esses va- lores a cada uma das quatro ligações que partem do áto- mo do carbono considerado: § zero às ligações com outros átomos de carbono (pois na covalência C – C , o par eletrônico é repartido por igual); § –1 às ligações com o hidrogênio (pois o Nox do hi- drogênio é +1); e § +1 a cada ligação com elementos eletronegativos – halogênio, oxigênio, enxofre, nitrogênio, etc. –, pois são elementos mais eletronegativos que o carbono. Os exemplos a seguir mostram o número de oxidação de cada carbono individualmente: –3 –3–1 +3 –2 –1 –3 –3 0 –3–3–2 6. BalaNCeameNtO pelO métOdO de OxirreduçãO O processo de balanceamento se baseia no princípio de que: O número total de elétrons cedidos é igual ao número total de elétrons recebidos. 6.1. Roteiro para o balanceamento 1. Calcule o Nox de cada elemento. 2. Represente os “ramais” de oxidação e redução com os respectivos números de elétrons cedidos e recebidos. 3. Escolha uma substância do ramal de oxidação e outra do ramal de redução. Não escolha substância com Nox repetido. Escolha a substância com maior número de átomos, desde que o Nox das duas substâncias do ramal não se repita. 4. Multiplique o número de elétrons cedidos ou recebidos pela atomicidade (número de átomos do elemento na sub- stância) dos elementos que sofrem oxidação e redução. Inverta os resultados obtidos (se possível, simplifique-os), pois eles serão os coeficientes das substâncias escolhidas. Exemplo Balanceamento da equação: CrO3 + SO2 → Cr2O3 + SO3 sofre redução (Nox reduziu) ⇒ recebe / ganha |3 – 6| = 3 elétrons CrO3 + SO2 → Cr2O3 + SO3 +6 +4 +3 +6–2 –2 –2 –2 ramal de redução ramal de oxidação multimídia: sites https://www.quimicalimentar.com.br/por- -que-alimentos-estragam/ 16 sofre oxidação (Nox aumentou) ⇒ doa /cede |6 – 4| = 2 elétrons § Para o SO2 (sofre oxidação ⇒ agente redutor): total de elétrons doados = 1 átomo × 2 elétrons/átomo = 2 elétrons doados § Para o CrO3 (sofre redução ⇒ agente oxidante): total de elétrons recebidos = 2 átomos × 3 elétrons/átomo = 6 elétrons recebidos De acordo com a regra, os números totais de elétrons recebidos e cedidos serão os coeficientes “trocados” na equação: 6SO2 ⇒ 2 elétrons cedidos 2Cr2O3 ⇒ 6 elétrons recebidos CrO3 + 6SO2 → 2Cr2O3 + SO3 Como os coeficientes são múltiplos entre si, podem ser simplificados: 2 : 6 ⇔ 1 : 3 Que resulta em: CrO3 + 3SO2 → 1Cr2O3 + SO3 Acertada a equação pelo método das tentativas, final- mente obtém-se: 2CrO3 + 3SO2 → 1Cr2O3 + 3SO3 Aplicação do conteúdo 1. (UFF) Uma das principais impurezas que existem nos derivadosde petróleo e no carvão mineral é o enxofre. Quando esses combustíveis são utilizados, a queima do enxofre produz SO2 de cheiro irritável e esse, por sua vez, na atmosfera, reage com o oxigê- nio e se transforma lentamente no SO3. Essa reação é acelerada pela presença de poeira na atmosfera. O SO3 reage com a água da chuva produzindo o H2SO4, que é um ácido forte. Durante esse processo, o enxofre passa por diferentes estados de oxidação. Em relação às substâncias SO2, SO3 e H2SO4, o número de oxidação do enxofre é, respectivamente: a) +4, +6, +6. b) –4, +4, +6. c) +2, –3, 0. d) –2, +3, +6. e) –4, +6, 0. Resolução: O número de oxidação (Nox) do hidrogênio é +1 e do oxigênio é –2. A partir disso, é possível calcular o Nox do enxofre em cada composto. Sendo x o Nox do enxofre, tem-se: SO2 → x + [2 ∙ (–2)] = 0 x – 4 = 0 → x = +4 SO3 → x + (3 ∙ (–2)] = 0 → x – 6 = 0 → x = +6 H2SO4 → [2 ∙ (+1)] + x + [4 ∙ (–2)] = 0 → 2 + x – 8 = 0 → x = +6 Assim, o número de oxidação do enxofre nos compostos SO2, SO3 e H2SO4 será +4, +6 e +6. Alternativa A 2. (Unitau) Na reação: Fe + HNO2 → Fe(NO3)2 + NO + H2O não balanceada, o agente oxidante e o agente redutor são, respectivamente: a) NO e H2O. b) Fe e HNO3. c) Fe e Fe(NO3)2. d) HNO3 e NO. e) HNO3 e Fe Resolução: Calculando os Nox de cada elemento, tem-se: É possível observar que quem reduziu (agente oxidante) foi o HNO3 e quem oxidou (agente redutor) foi o Fe. Alternativa E 3. (Mackenzie) Um estudante, após ler que o ouro reage com água régia, segundo a equação Au + HCℓ + HNO3 → AuCℓ3+ H2O + NO afirma que: I. A água régia consiste na mistura de HCℓ com HNO3 na proporção de 3:1, respectivamente. 17 II. O HNO3 é o agente oxidante. III. Na reação de 1 mol de ouro, ob- tém-se dois mols de água. IV. O ouro é reduzido a Au3+. Das afirmações feitas, são corretas: a) I , II e III, somente. b) I e III, somente. c) II e IV, somente. d) II e III , somente. e) I, II, III e IV. Resolução: Balanceando a equação da reação de ouro com água ré- gia, tem-se: 1Au + 3HCℓ + 1HNO3 → AuCℓ3 + 2H2O + 1NO Com isso, as afirmativas estão: I. Correta, pois a proporção entre HC e HNO3 é de 3:1, de acordo com a reação balanceada. II. Correta, pois o nitrogênio do HNO3 (Nox = +5) reduziu a NO (Nox = +2), sendo um agente oxidante. III. Correta, pois formaram-se dois mols de água de acordo com a reação balanceada. IV. Incorreta, pois o ouro foi oxidado a Au+3. Alternativa A O ferro não existe de forma livre na natureza. Ele existe nas formas de seus minérios, ou seja, compostos que contêm ferro. Os principais são hematita (Fe2O3), magnetita (Fe3O4), siderita (FeCO3), limonita (Fe2O3H2O) e pirita (FeS2). Para se obter o ferro metálico, é possível realizar transformações nesses minerais. A área que faz a extração de um metal por meio de seus minerais é a metalurgia, e o ramo que trata apenas da produção de ferro a partir dos minerais mencionados é a siderurgia, palavra que vem do grego e significa “trabalho feito sobre o ferro”. Em geral, o mineral utilizado nas siderúrgicas é a hematita, e o processo de produção do ferro é feito em altos-fornos. A princípio, colocam-se nesses altos-fornos o carvão coque, que será queimado para produzir calor. Depois, adiciona-se uma mistura de hematita, calcário (CaCO3) e carvão coque. Uma corrente de ar favorece a queima do carvão coque, produzindo-se monóxido de carbono (CO), que reage com a hematita em uma reação de oxirredução. VIVENCIANDO 4. (Udesc) Dada a reação química, cuja equação não está ajustada, xKMnO4 + yHCℓ → pKCℓ + qMnCℓ2 + rH2O + sCℓ2 Ajuste-a com números inteiros menores possíveis e escolha a proposição CORRETA. a) O valor de y é 8. b) O KMnO4 é o agente redutor na reação. c) O HCℓ é o agente oxidante na reação. d) O potássio e o hidrogênio se ox- idam durante a reação. e) O manganês se reduz durante a reação. Resolução: De acordo com a equação, o composto KMnO4 (Nox do Mn = +7) reduz a MnCℓ2 (Nox do Mn = +2) e o HCℓ (Nox do Cℓ = –1) oxida a Cℓ2(Nox do Cℓ = 0). Composto ∆Nox Atomicidade Coeficientes Oxida Cℓ2 0 – (–1) = 1 1 × 2 = 2 5Cℓ2 Reduz KMnO4 7 – 2 = 5 5 × 1 = 5 2KMnO4 Assim, as incógnitas serão: x = 2, y = 16, p = 2, q = 2, r = 8 e s = 5. O agente oxidante é o KMnO4 e o agente redutor é o HCℓ. Alternativa E 18 Queima do carvão coque: 2C + O2 → 2CO Redução da hematita pelo CO: 3Fe2O3 + CO → 2Fe3O4 + CO2 Fe3O4 + CO → 3FeO + CO2 O óxido de ferro (II) (FeO) reage com o monóxido de carbono, formando ferro metálico (Fe0) e dióxido de carbono: FeO + CO → Fe + CO2 Disponível em: <http://alunosonline.uol.com.br/quimica/proDucao-Ferro.html>. Metais como o ouro e a prata são considerados nobres, ou seja, são metais resistentes à corrosão e à oxidação, diferen- temente da maioria dos outros metais. A maioria dos metais é encontrada em combinação com outros materiais, como os minérios. Existem pouquíssimos metais que são encontrados na forma simples. Entretanto, deve-se ter cautela ao dizer que metais como ouro e prata não sofrem corrosão ou oxidação. A maioria dos metais está sujeita à oxidação de sua superfície, isto é, a superfície reage com o oxigênio ou com outros componentes do ar. As maiores exceções são os metais de cunhagem e os metais do grupo da platina – e mesmo estes reagem com compostos sulfurados e escurecem em ambientes industrialmente poluídos. Todos os outros metais reagem com a umidade e o oxigênio do ar, mas, enquanto alguns sofrem forte corrosão, outros parecem ser inertes. Na verdade, todos se oxidam, mas, em muitos casos, a fina camada de óxido adere firmemente à superfície do metal, evitando o prosseguimento da reação, como é o caso do alumínio e do titânio. Já o ferro forma óxidos porosos que permitem que a corrosão prossiga. Os aços inoxidáveis são produzidos através de uma liga de ferro com cromo ou níquel, formando um óxido protetor sobre a superfície, cuja espessura é tão pequena que o brilho e o aspecto metálico da superfície se conservam. No caso da prata, por exemplo, ela escurece com o tempo, devido à formação de uma película superficial de sulfeto de prata (Ag2S), que é de cor preta. Esse fenômeno é causado pelo sulfeto de hidrogênio (H2S) do ar e também pelos compostos sulfurados existentes nos alimentos que entram em contato com talheres de prata. Além disso, o fato de algumas pessoas exalarem muito ácido úrico escurece a prata rapidamente. Existem pessoas que, se colocarem uma corrente de prata, ela escurecerá em questão de horas. Essas pessoas devem utilizar somente prata banhada a ródio. Produtos à base de cloro (água sanitária, por exemplo), água oxigenada e ácidos (produtos de limpeza de pedras, por exemplo) são grandes responsáveis pelo escurecimento da prata. Ambientes carregados de ácidos ou sulfatos (salas de revelação de filmes e fotos, salas de impressoras a laser, etc.) são muito agressivos à prata. O ouro, por sua vez, é um metal relativamente inerte e que sobrevive com uma corrosão mínima. São as ligas à base de cobre e/ou prata que corroem facilmente, resultando em compostos da corrosão da prata e do cobre, que deixam uma enriquecida e possivelmente enfraquecida superfície de ouro. Até mesmo o ouro está sujeito a ataques corrosivos, podendo apenas ser oxidado em contato com água régia (mistura 3HCℓ : 1HNO3). 19 DIAGRAMA DE IDEIAS NÚMERO DE OXIDAÇÃO ELETRONEGATIVIDADE ELEMENTO QUÍMICO ESPÉCIE QUÍMICA ÁTOMO MOLÉCULA ÍON Nº TOTAL DE ELÉTRONS PERDIDOS Nº TOTAL DE ELÉTRONS RECEBIDOS SOMA DE TODOS OS NÚMEROS DE OXIDAÇÃO REAÇÃO QUÍMICAPROPRIEDADE PERIÓDICA REAÇÃO DE OXIRREDUÇÃO PRODUTO(S) AGENTE OXIDANTE AUMENTO DO NOX DIMINUIÇÃO DO NOX REAGENTE(S) AGENTE REDUTOR OXIDAÇÃO REDUÇÃO PERDA DE ELÉTRONS GANHO DE ELÉTRONS VARIAÇÃO DO NÚMERO DE OXIDAÇÃO DE UM OU MAIS ELEMENTOS ZERO (NULA) ELETRICAMENTE NEUTRA ELETRICAMENTE CARREGADA (ÍON) CARGA DE ÍON PROPRIEDADE DE UM NOME GENÉRICO DE NA QUAL PODE PARTICIPAR DEUMA PODE SER DENOMINADO DENOMINADO PODE SER NA QUAL HÁ NELA HÁ UM SERÁ SE A ESPÉCIE FOR SE A ESPÉCIE FOR EM QUE OCORRE EM QUE OCORRE SOFRE SOFRE SOFRE SOFRE COMO TODA REAÇÃO QUÍMICA TEM COM DOIS OU MAIS REAGENTES NA OXIRREDUÇÃO, UM DELES É É UMA EM UMACADA UMA TEM SUA RELACIONA-SE AO CONCEITO DE AMBOS SÃO IGUAIS 20 ElEtroquímica: introdução a pilhas E procEssos EspontânEos CompetênCias: 5, 6 e 7 Habilidades: 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27 AULAS 39 E 40 1. Introdução A Eletroquímica é o segmento da Química que estuda os fenômenos envolvidos na produção de corrente elétrica a partir da transferência de elétrons em reações de oxirredu- ção. Além disso, estuda a utilização de corrente elétrica na produção dessas reações. Esse estudo pode ser dividido em duas partes: pilhas/bate- rias e eletrólise. Pilhas e baterias são dispositivos nos quais uma reação espontânea de oxirredução produz corrente elétrica. 2. PIlhas A primeira pilha elétrica foi criada em 1800 pelo cientista italiano Alessandro Volta (1745-1827). Era constituída por um conjunto de duas placas metálicas de zinco e cobre, denominadas eletrodos (do grego, “percurso elétrico”), e por algodão embebido em solução eletrolítica, que conduz corrente elétrica. Cada conjunto de placas e algodão forma uma célula ou cela eletrolítica. Nessa cela, os elétrons fluem da lâmina de zinco (Zn) para a de cobre (Cu), mantendo a lâmpada acesa durante um pequeno intervalo de tempo. A pilha de Volta Terminal negativo Terminal positivo Disco de prata ou cobre Cartão ou tecido Disco de zinco Terminal Positivo Disco De Prata ou cobre carTão ou Tecido Disco De zinco Terminal negativo Pilha De volTa Em 1836, essa descoberta foi aperfeiçoada pelo inglês John Frederick Daniell (1790-1845), que dividiu a cela ele- trolítica da pilha em duas partes, ou seja, em duas semi- celas. É essa pilha, denominada pilha de Daniell, que será estudada a seguir. 3. PotencIal das PIlhas 3.1. Potencial de redução e potencial de oxidação Anteriormente, foi estudado o fenômeno da oxirredução. Considere os metais de zinco (Zn) e cobre (Cu). Tanto os íons Zn2+ como os íons Cu 2+ têm uma certa tendência de receber elétrons; no entanto, os íons Cu2+ são os que sofrem redução. Assim, é possível concluir que a tendência do Cu2+(aq) de sofrer redução é maior que a do Zn2+(aq). Por esse motivo, afirma-se que os íons Cu2+ possuem maior potencial de redução (Ered). Cu2+(aq) + 2 e – → Cu Ered Cu 2+ > Ered Zn 2+ Nessa pilha, como os íons Cu2+ sofreram redução, o zinco sofrerá oxidação, o que permite concluir que o zinco apre- senta maior potencial de oxidação (Eoxi). Zn → Zn2+(aq) + 2 e – Eoxi Zn > Eoxi Cu A espécie que apresenta maior Ered sofre redução; dessa forma, a outra espécie, de maior Eoxi, sofre oxidação. Em geral, utiliza-se o potencial de redução para se avaliar os fenômenos de oxirredução, bem como para fazer o cál- culo da diferença de potencial de uma pilha. A tabela a seguir mostra as semirreações de redução de vários elementos e seus respectivos potenciais de redução, obtidos, experimentalmente, a 25 ºC e 1 atm (condições padrão), tomado o hidrogênio como padrão zero. 21 Au m en ta o c ar át er o xi da nt e (c ap ac id ad e de re ce be r e lé tr on s) Semirreações de redução E0 (Volt) Li1+(aq) + 1 e – → Li (s) –3,05 Na1+(aq) + 1 e – → Na (s) –2,71 Mg2+(aq) + 2 e – → Mg(s) –2,36 Al3+(aq) + 3 e – → Aℓ(s) –1,68 Zn2+(aq) + 2 e – → Zn(s) –0,76 Fe2+ (aq) + 2 e – → Fe(s) –0,44 Ni2+(aq) + 2 e – → Ni(s) –0,23 Pb2+(aq) + 2 e – → Pb(s) –0,13 Fe3+(aq) + 3 e – → Fe(s) –0,04 2 H1+ (aq) + 2 e – → H2(g) 0,00 Cu2+(aq) + 2 e – → Cu(s) +0,34 I2(s) + 2 e – → 2 I–(aq) +0,54 Ag1+(aq) + 1 e – → Ag(s) +0,80 Hg2+(s) + 2 e – → Hg(aq) +0,86 Br2(s) + 2 e – → 2 Br–(aq) +1,07 Cℓ2 (s) + 2 e – → 2 Cℓ–(aq) +1,36 Au3+(aq) + 3 e – → Au(s) +1,42 F2(g) + 2 e – → 2 F–(aq) +2,87 Como o F2(g) apresenta o maior potencial de redução, ele é o melhor oxidante. Uma vez que a redução é um processo inverso à oxidação, quanto maior for o E0red de uma espécie, menor será sua facilidade em sofrer oxidação, isto é, quanto maior for o Ered, menor será o Eoxi. O Eoxi é numericamente igual ao Ered; , mas com sinal contrário. Li+(aq) + e – reDução Li (s) E0red = –3,04 V/ E 0 oxi = +3,04 V F2 (g) + 2e – reDução 2F–(aq) E0red = +2,89 V/ E 0 oxi = –2,89 V Como o Li(s) apresenta o maior potencial de oxidação, bem como o menor potencial de redução, ele é o melhor redutor. 5. cálculo da voltagem Nas pilhas, os elétrons fluem, por meio de um fio externo, do eletrodo em que ocorre oxidação (ânodo) para o ele- trodo em que ocorre redução (cátodo). Se nesse fio for instalado um aparelho denominado voltímetro, será pos- sível medir a força eletromotriz (f.e.m. ou ΔE0) da pilha. Considere o par cobre-alumínio: Aℓ Cu Ponte salina K+ Cℓ- CátodoÂnodo Voltímetro Aℓ2(SO4)3(aq) CuSO4(aq) O valor indicado em volt (V) pelo voltímetro corresponde à força eletromotriz da pilha. Nas pilhas comuns, esse valor aparece indicado na embalagem externa da pilha. A diferença de potencial ou ddp (ΔE) de uma pilha depen- de das espécies envolvidas, das suas respectivas concentra- ções e da temperatura. Por esse motivo, o ΔE é medido na denominada condição-padrão, que corresponde a espécies com concentração 1 mol/L e possíveis gases envolvidos com pressão de 1 atmosfera a 25 ºC. Nessas condições, a diferença de potencial da pilha será representada por ΔEº. O ΔE0 de uma pilha corresponde à diferença entre os po- tenciais de redução ou de oxidação das espécies envolvidas: ΔE0 = (E0red maior) – (E 0 red menor) ou ΔE0 = (E0oxi maior) – (E 0 oxi menor) Como fazer uma super pilha caseira FonTe: YouTube multimídia: vídeo 4. Força de oxIdantes e de redutores Observando a tabela acima, é possível perceber que o Li+(aq) apresenta o menor potencial de redução (E0 = – 3,04 V) e que o F2 (g) apresenta o maior potencial de redução (E 0 = + 2,89 V). Li+(aq) + 1 e – reDução Li (s) E 0 red = –3,04 V F2 (g) + 2 e – reDução 2 F–(aq) E 0 red = +2,89 V 22 Considere, como exemplo, uma pilha formada por eletro- dos de alumínio e cobre, cujos E0red são: E0 (Aℓ3+ / Aℓ0) = –1,68 V E0 (Cu2+ / Cu0) = +0,34 V Observando os potenciais, é possível perceber que o cobre, com maior potencial de redução, reduz-se, ao passo que o alumínio se oxida: Cu2+(aq) + 2e – → Cu(s) E 0 red = +0,34 V Aℓ(s) → Aℓ 3+ (aq) + 3e – E0oxi = +1,68 V A equação global da pilha pode ser obtida a partir do uso de coeficientes que igualem o número de elétrons cedidos e recebidos nas semirreações: Semirreação de redução: 3Cu2+ (aq) + 6e – → 3Cu (s) E 0 red = +0,34 V Semirreação de oxidação: 2Aℓ (s) → 2Aℓ 3+ (aq) + 6e – E0oxi = +1,68 V _________________________________________ ________________________ Reação global: 2Aℓ (s) + 3Cu 2+ (aq) → 2Aℓ 3+ (aq) + 3Cu (s) ΔE 0 = +2,02 V Nota Os valores dos E0 não dependem do número de mol das espécies envolvidas; eles são sempre constantes nas condições padrão para cada espécie. Em outras palavras, ao multiplicar uma semirreação por uma constante, o valor do E0 não se altera! Para calcular o ΔE0 dessa pilha, recorra à equação: ΔE0 = (E0 red maior) – (E 0 red menor) ΔE0 = (+0,34 V) – (–1,68 V) ΔE0 = +2,02 V A representação dessa pilha pode ser feita assim: Aℓ(s) / Aℓ 3+ (aq) // Cu 2+ (aq) / Cu(s) ânoDo (-) soFre oxiDação menor eo reD cáToDo (+) soFre reDução maior eo reD É muito provável que você já tenha observado que as pilhas têm certas classificações, como AA ou AAA. Essas identi- ficações indicam os tamanhos de cada uma delas. “De início, as letras eram uma notação usada apenas entre os es- pecialistas para dar uma ideia do comprimento, do diâmetro e do formato da pilha”, afirma o químico José Maurício Rosalen, da Universidade de São Paulo (USP), no campus de Ribeirão Preto (SP). Com o tempo,o procedimento aca- bou sendo aceito pela American National Standards Institute, a instituição que cuida de normas técnicas nos Estados Unidos, e se tornou popular para classificar as pilhas que usamos em casa. A primeira a surgir foi a bateria usada em lanternas pequenas. “Ela foi chamada arbitrariamente de C. Depois, quando surgiu uma pilha para lanternas maiores, ela foi batizada com a letra seguinte do alfabeto, o D”, diz outro químico, Henrique Eisi Toma, também da USP. Com a diminuição do tamanho dos aparelhos, as pilhas menores foram batizadas de A. Ficou definido que ela mediria 17 mm de diâmetro por 50 mm de comprimento. “Depois, a cada redução de tamanho, ocorreu uma repetição da letra. O modelo AA, a pilha pequena utilizada em teclados ópticos para computadores, tem 14,2 mm por 50 mm. Já a pilha palito, a AAA usada em controles remotos, mede 10,5 mm por 44,5 mm”, afirma Henrique. Você pode estar se perguntando: existe alguma pilha B? A resposta é não! Como os fabricantes não seguiram à risca a sequência do alfabeto na denominação das baterias, essa letra foi deixada de lado nesse batismo elétrico. VIVENCIANDO 23 6. esPontaneIdade de uma reação Todas as pilhas são reações espontâneas. Assim, seu ΔE0 sempre apresenta valor positivo. Para determinar se uma reação é espontânea e pode cons- tituir uma pilha, deve-se separar a reação global nas duas semirreações. Estudando a espontaneidade da reação: Mg2+(aq) + Ni(s) → Mg(s) + Ni 2+ (aq) semirreações redução: Mg2+(aq) + 2e – → Mg(s) oxidação: Ni(s) → Ni 2+ (aq) + 2e – A primeira semirreação corresponde à redução do magnésio e, de acordo com a tabela de potenciais, seu E0red = –2,36 V. A segunda semirreação corresponde à oxidação do níquel, cujo potencial de oxidação é igual ao inverso do potencial de redução mostrado na tabela, isto é, +0,24 V. Considerando que o ΔE pilha é igual à soma dos potenciais de oxidação e redução, obtém-se: ΔEpilha = E 0 red Mg 2+ + E 0 oxi Ni ΔEpilha = –2,36 + 0,24 ΔE pilha = –2,12 V § Como o ΔEpilha é negativo, conclui-se que a reação entre Mg2+ e Ni0 não é espontânea e não caracteriza uma pi- lha. Assim, prever se uma reação de oxirredução pode ocorrer espontaneamente permite que os químicos antecipem reações indesejáveis (como a corrosão dos metais, por exemplo) e tomem providências para evitar que ela ocorra. Exemplo: Por meio do potencial da semicela Cu2+/Cu, que é +0,34 V, e da semicela Fe2+/Fe, que é –0,44 V, pode-se prever que a corrosão do ferro por íons cobre (II) é espontânea, mas a corrosão do cobre por íons Fe(II) não é espontânea. Ob- serve os cálculos. I. Considerando que o ferro sofra oxidação: Fe(s) + Cu 2+ (aq) → Fe 2+ (aq) + Cu(s) ΔEpilha = E 0 (Cu2+/Cu0) – E0 (Fe2+/Feo) = +0,34 – (– 0,44) = +0,78 V — reação espontânea II. Considerando que o cobre sofra oxidação: Cu(s) + Fe 2+ (aq) → Fe(s) + Cu 2+ (aq) ΔEpilha = E 0 (Fe2+/Feo) – E0 (Cu2+/Cu0) = – 0,44 – (+0,34) = –0,78 V — reação não espontânea Fe2+/Feo –0,44V Cu2+/Cu0 +0,34V A transferência de elétrons é espontânea A transferência de elétrons nnããoo éé espontânea a TransFerência De eléTrons é esPonTânea a TransFerência De eléTrons não é esPonTânea multimídia: sites mundoestranho.abril.com.br/ambiente/ como-e-feita-a-reciclagem-de-pilhas-e- baterias/ 7. corrosão e Proteção de metaIs A corrosão é a deterioração de metais pelo processo eletroquímico que ocorre nas reações de oxirredução. Estima-se que aproximadamente 20% de todo o ferro produzido anualmente sejam utilizados, ao custo de bi- lhões de dólares, para a reposição de equipamentos que sofreram corrosão. Por que ocorre a formação da ferrugem? O ferro, por exemplo, enferruja porque se estabelece uma diferença de potencial (ddp) entre um ponto e outro do objeto de ferro. 24 § Corrosão do ferro O ferro contém pequenas quantidades de impurezas (den- tre elas, outros metais). Admite-se, por isso, que o ferro, de um lado, e as impurezas, de outro, funcionem como dois polos de uma pilha, possibilitando reações do tipo: reação no ânodo: 2Fe → 2Fe3+ + 6e– reação no cátodo: 3 __ 2 O2 (do ar) + 3H2O + 6e – → 6OH– reação global: 2Fe0 + 3 __ 2 O2 + 3H2O → 2Fe(OH)3 De fato, as reações são mais complicadas. Parte do ferro é oxi- dada a Fe2+, e parte, a Fe3+, de sorte que a ferrugem é uma mis- tura de óxidos e hidróxidos hidratados de ferro (II) e ferro (III). Na formação da ferrugem: § a presença do ar e da umidade são fundamentais, uma vez que fazem parte da reação (sem água e oxigênio, o ferro não enferruja); § a presença, no ar, de CO2, SO2 e de outras substâncias ácidas acelera a corrosão, uma vez que deslocam a rea- ção catódica para a direita (princípio de Le Chatelier); a corrosão também é acelerada por várias bactérias que tornam mais ácido o meio; § ambientes salinos, como ocorre no mar e em suas vizi- nhanças, aceleram a formação da ferrugem, pois aumen- tam a condutividade elétrica entre os polos da pilha; é o que acontece nos cascos dos navios, em pontes como a Rio - Niterói, em tanques de gasolina enterrados nos postos à beira-mar, etc. 8. Proteção com eletrodo ou metal de sacrIFícIo Para proteger o metal – ferro ou aço – da corrosão, convém utilizar um metal que apresente maior tendência para a perda de elétrons (maior potencial de oxidação). Esse me- tal oxida-se e evita a corrosão do ferro, motivo pelo qual é denominado metal de sacrifício. Um metal utilizado com essa finalidade é o magnésio, cujo potencial de redução é menor – e, consequentemente, cujo potencial de oxidação é maior – do que o do ferro: E0red Mg = –2,36 V < E 0 red Fe = –0,44 V ou E0oxi Mg = +2,36 V > E 0 oxi Fe = +0,44 V De acordo com a equação: Mg(s) → Mg 2+ + 2e– Observe que, ao se oxidar, o magnésio perde elétrons para o ferro, que permanece protegido. As placas de magnésio deverão ser periodicamente substituídas por outras, uma vez que sofrerão corrosão “ao proteger” o ferro. 9. revestImento do Ferro Chapas de aço podem ser protegidas por uma película de estanho, que dá origem à lata comum e com a qual são fabricadas, por exemplo, as latas de conserva. Para retardar a corrosão do ferro ou do aço em canaliza- ções de água, oleodutos, cascos de navios, tanques sub- terrâneos de combustíveis, etc., é costume ligar a essas es- truturas blocos de outro metal mais reativo do que o ferro, como o magnésio, o zinco, etc. Se o potencial de oxidação for superior ao do ferro, como é o caso do magnésio, ele será corroído mais depressa, retardan- do, assim, a corrosão do ferro ou do aço. Afirma-se-se, nesse caso, que o magnésio funcionou como metal de sacrifício. Terminal soldado Fio de cobre isolado Cano de ferro O solo agindo como eletrólito Superfície do solo Metal de sacrifício (ânodo de magnésio) 30 cm Aplicação do conteúdo 1. Considere o seguinte quadro, que mostra o resultado de reações entre metais e soluções aquosas de íons me- tálicos. O sinal + indica que a reação ocorreu, e o sinal – indica que não se observou reação. Metal Solução Pb Cu Zn Ag Pb2+ – + – Cu2+ + + – Zn2+ – – – Ag+ + + + 25 Da análise do quadro, conclui-se que a afirmativa errada é: a) Dentre os metais, o zinco é o que se oxida mais facilmente. b) Dentre os íons, Ag+ é o que se reduz mais facilmente. c) Os íons metálicos não são capazes de oxidar a prata. d) O chumbo é um redutor mais forte que o cobre. e) O íon Cu2+ é um oxidante mais fraco que Zn2+. Resolução: Pegando a linha do Pb2+ e fazendo a reação com os metais Cu, Zn e Ag, tem-se: Reação Ocorre a reação? Pb2+ + Cu → Pb + Cu2+ Não Pb2+ + Zn → Pb + Zn2+ Sim Pb2+ + 2 Ag → Pb + 2Ag+ Não Seguindo o raciocínio, pode-se ver que Ag+ desloca todos os outros metais, seguido do Cu2+, Pb2+ e Zn2+. Ou seja, Ag+ tem uma tendência maior de se reduzir (ou seja, tem o maior), seguido de Cu2+, Pb2+ e Zn2+ (o zinco é o que tem menor tendência a se reduzir, ou seja, tem o menor). Sabendo disso, as afirmativasestão: a) Correta, uma vez que o zinco é o que tem menor potencial de redução, ou seja, é o que se oxida com maior facilidade. b) Correta, uma vez que a prata é o que tem maior potencial de redução, ou seja, é o que se reduz com maior facilidade. c) Correta, uma vez que a prata é o que tem maior potencial de redução, ou seja, é o que se reduz com maior facilidade, sendo nenhum dos metais apresen- tados capaz de oxidar a prata. d) Correta, pois o chumbo se oxida mais facilmente que o cobre (chumbo é um agente redutor mais forte que o cobre). e) Incorreta, pois o cobre se reduz com mais facili- dade que o zinco (cobre é um agente oxidante mais forte que o zinco). Alternativa E 2. Considere as seguintes semirreações e os respectivos potenciais normais de redução (E0): Ni2+ + 2e- → Ni0 E0 = –0,25 V Au3+ + 3e- → Au0 E0 = +1,50 V O potencial da pilha formada pela junção dessas duas se- mirreações será: a) +1,25 V. d) –1,75 V. b) –1,25 V. e) +3,75 V. c) +1,75 V. Resolução: Para calcular o potencial da pilha, usa-se a equação: ΔE = EOmaior – E O menor, sendo o potencial maior a reação de redução do Au e o menor a de Ni. Assim, o potencial da pilha será: ΔE = EOmaior – E O menor ΔE = 1,50 – (–0,25) ΔE = 1,75 V E a reação que ocorre é: 2Au3+ + 3Ni → 2Au + 3Ni2+ Como se trata de pilha, a reação é espontânea; portanto, o potencial tem de ser maior que zero para que a reação seja espontânea (ΔE > 0). Alternativa C 3. (Mackenzie) A reação que ocorre em uma pilha é re- presentada pela seguinte equação: Mn + Cu2+ → Mn2+ + Cu Sabendo-se que o potencial de oxidorredução do manga- nês é igual a +1,05 volts e o do cobre é igual a –0,35 volts, e admitindo-se que a concentração dos íons é unitária, a voltagem da pilha será: a) 0,70 volts. b) –1,40 volts. c) 1,40 volts. d) –0,70 volts. e) n.d.a. Resolução: Para calcular o potencial da pilha, usa-se a equação: ΔE = E0maior – E 0 menor, sendo o potencial maior a reação de redução do Mn e o menor a de Cu. Assim, o potencial da pilha será: ΔE = E0maior – E 0 menor ΔE = 1,05 – (–0,35) ΔE = +1,40 V 4. (FUVEST) Considere os potenciais padrões de redução: Semirreação (em solução aquosa) Potencial (volt) Ce4+ + e- → Ce3+ +1,61 Sn4+ + 2e- → Sn2+ +0,15 26 Qual das reações deve ocorrer espontaneamente? a) Ce4+ + Sn4+ → Ce3+ + Sn2+ b) 2Ce4+ + Sn2+ → 2Ce3+ + Sn4+ c) Sn4+ + Ce3+ → Ce4+ + Sn2+ d) Ce3+ + Sn2+ → Ce4+ + Sn4+ Resolução: Como se trata de pilha, a reação é espontânea; assim, o potencial tem de ser maior que zero para que a reação seja espontânea (ΔE > 0). Para calcular o potencial da pilha, usa-se a equação: ΔE = E0maior – E 0 menor, sendo o potencial maior que a reação de redução do Ce4+ e o menor que a do Sn4+. As equações das semirreações, bem como a reação global, são: Semirreação (em solução aquosa) Potencial (volt) 2Ce4+ + 2e- → 2 Ce3+ + 1,61 Sn2+ → Sn4+ + 2e- – 0,15 Reação global ΔE (volt) 2Ce4+ + Sn2+ → 2Ce3+ + Sn4+ + 1,46 Alternativa B Você já deve ter presenciado alguém dizendo que ao se colocar a pilha no congelador sua carga é restituída. Mas será que realmente dá para recarregar a pilha com esse simples método caseiro? A resposta é não! Esse macete caseiro rende, no máximo, alguns minutos de sobrevida às pilhas. Elas funcionam convertendo energia química em energia elétrica, pela reação entre duas substâncias. Esse processo acaba liberando gases como hidrogênio e amô- nio, por exemplo, em bolhas que se movimentam, dificultando a passagem de corrente elétrica no interior da pilha. Quando há formação de muitas bolhas na pilha, a resistência do sistema aumenta e, consequentemente, abaixa a força eletromotriz. “Tudo o que a baixa temperatura faz é congelar esses gases, imobilizando-os em bolhas menores. Isso desobstrui o trânsito daquela carga elétrica que ainda resta, fazendo uma pilha gasta voltar a funcionar mais um pouquinho, nada além disso”, diz o físico Cláudio Hiroyuki Furukawa, da Universidade de São Paulo. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.5 Habilidade A importância da eletroquímica está expressa no cotidiano. Cada vez que são utilizados conceitos físico-químicos, é importante ter a noção do que está acontecendo no mundo molecular e subatômico. A principal aplicação está dire- tamente ligada ao uso de aparelhos como carros, pilhas, baterias e qualquer produto que forneça corrente elétrica. 27 Modelo (Enem) A calda bordalesa é uma alternativa empregada no combate a doenças que afetam folhas de plantas. Sua produção consiste na mistura de uma solução aquosa de sulfato de cobre (II) (CuSO4) com óxido de cálcio (CaO) e sua aplicação só deve ser realizada se estiver levemente básica. A avaliação rudimentar da basicidade dessa solução é realizada pela adição de três gotas sobre uma faca de ferro limpa. Após três minutos, caso surja uma mancha aver- melhada no local da aplicação, afirma-se que a calda bordalesa ainda não está com a basicidade necessária. O quadro apresenta os valores de potenciais padrão de redução (E0) para algumas semirreações de redução. Semirreação de redução E0(V) Ca2+ + 2e– → Ca –2,87 Fe3– + 3e– → Fe –0,04 Cu2+ + 2e– → Cu +0,34 Cu+ + e– → Cu +0,52 Fe3+ + e– → Fe2+ +0,77 moTTa, i.s. calDa borDalesa: uTiliDaDes e PreParo. DouraDos: embraPa, 2008 (aDaPTaDo). A equação química que representa a reação de formação da mancha avermelhada é: a) Ca2+(aq) + 2Cu + (aq) → Ca(s) + 2Cu 2+ (aq). d) 3Ca 2+ (aq) + 2Fe(s) → 3Ca(s) + 2Fe 3+ (aq). b) Ca2+(aq) + 2Fe 2+ (aq) → Ca(s) + 2Fe 2+ (aq). e) 3Cu 2+ (aq) + 2Fe(s) → 3Cu(s) + 2Fe 3+ (aq). c) Cu2(aq) + 2Fe 2+ (aq) → Cu(s) + 2Fe 3+ (aq). Análise expositiva - Habilidade 5: Tem-se a aplicação de uma solução de CuSO4(CU 2+(SO4) 2–) em uma placa de ferro (Fe0), concluí-se que Cu2+ e Fe0 estão envolvidos no processo. A partir do quadro, devem ser sele- cionadas as equações envolvidas, ou seja, aquelas que apresentam Cu2+ e Fe0. Semirreação de redução E0(V) Fe3+ + 3e– → Fe – 0,04 Cu2+ + 2e– → Cu + 0,34 +0,34 V > -0,04 V Fe3+ + 3e- → Fe (×2; inverter) Cu2+ + 2e- → Cu (×3; inverter) 2 Fe → 2Fe3+ + 6 e- 3 Cu2+ + 6e- → 3Cu 2Fe + 3 Cu2+ → 2Fe3+ + 3Cu 3Cu2+(aq) + 2Fe(s) → 3Cu(s) + 2 Fe 3+ (aq) Alternativa E E Global Global 28 DIAGRAMA DE IDEIAS CELA ELETROQUÍMICA CELA GALVÂNICA SEMICELAS FORÇA ELETROMOTRIZ (ΔEº) VOLTÍMETRO MEIO CONDUTOR IÔNICO POTENCIAL PADRÃO DE SEMICELA (Eº) FLUXO DE ÍONS ESPONTANEIDADE DE REAÇÃO DE OXIRREDUÇÃO FORÇAS OXIDANTES OU DE REDUTORES CORROSÕES DE METAIS PROTEÇÃO CATÓDICA METAL DE SACRIFÍCIO VOLT (V) PODE SER FORMADA POR DUAS INCLUEM UM ONDE HÁ CADA UM TEM SEU EXPRESSO NA UNIDADE USADO PARA CALCULAR USADO PARA PREVER EVITADA POR QUE USA MEDIDO COM 29 ElEtroquímica: pilha dE daniEll E célula dE combustívEl CompetênCias: 5, 6 e 7 Habilidades: 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27 AULAS 41 E 42 1. A pilhA de dAniell Na pilha de Daniell, os dois eletrodos metálicos são unidos externamente por um fio condutor, e as duas semicelas são unidas por uma ponte salina que contém uma solução sa- turada de KCℓ(aq). De início, o sistema apresentava este aspecto: Ponte salina (KCℓ(aq)) Algodão ou lã de vidro Algodão ou lã de vidro CuSO4(aq) (Azul) Cu Cu2+SO4 2- Fio condutor Zn ZnSO4(aq) (incolor) Zn2+SO4 2- Ponte salina Trata-se de um dispositivo utilizado em eletroquímica para unir duas semicélulas. A ponte salina é um tubo de vidro em forma de U invertido, com cada uma das extremidades mergulhada nas semicélulas de uma pilha. Ela contém uma solução de sal inerte, como ni- trato de potássio (KNO3) ou cloreto de potássio (KCℓ), cuja função é permitir o intercâmbio de íons entre as semicélulas e fechar o circuito para a corrente con- tínua produzida entre os eletrodos mergulhados nas soluções eletrolíticas dessas semicélulas. Outra função da ponte salina é manter a neutrali-dade elétrica das soluções nas semicélulas: no âno- do, a contínua oxidação produz um excesso de carga positiva; no cátodo, a redução provoca excesso de carga negativa. Os ânions presentes na ponte salina se dirigem para o lado com excesso de carga positiva, e os cátions vão para o lado com excesso de carga negativa, fazendo com que as soluções se manten- ham eletricamente neutras. 2. potenciAl dAs pilhAs 2.1. Potencial de redução e potencial de oxidação Os eletrodos na pilha de Daniell são de zinco (Zn) e cobre (Cu). Tanto os íons Zn2+(aq) como os íons Cu 2+ (aq)apresentam certa tendência de receber elétrons; no entanto, os íons Cu2+(aq) são os que sofrem redução. Portanto, pode-se con- cluir que a tendência do Cu2+(aq) de sofrer redução é maior que a do Zn2+(aq). Por isso, afirma-se que os íons Cu 2+ têm maior potencial de redução (Ered). Cu2+(aq) + 2 e – → Cu Ered Cu2+ > Ered Zn2+ Nessa pilha, como os íons Cu2+ sofreram redução, o zinco sofrerá oxidação, o que permite concluir que ele apresenta maior potencial de oxidação (Eoxi). Zn → Zn2+(aq) + 2 e – Eoxi (Zn) > Eoxi (Cu) Numa pilha, a espécie que apresenta maior potencial de redução sofre redução. Assim, a outra espécie, de menor potencial de redução e, consequentemente, de maior potencial de oxidação, sofre oxidação. Depois de certo tempo de funcionamento, a pilha apresen- ta o seguinte aspecto: Zn2+ Zn2+ Cℓ- e- Cℓ- K+ Zn2+ Zn2+ Zn(s) Cu(s) K+ ZnSO4(aq) Ânodo Polo Oxidação - CuSO4(aq) Cátodo Polo Redução + Cu2+ Cu2+ SO4 2- SO4 2- e- 30 4. cálculo dA voltAgem O ΔE0 de uma pilha corresponde à diferença entre os po- tenciais de redução e de oxidação das espécies envolvidas: ΔE0 = (E0red maior) – (E 0 red menor) ou ΔE0 = (E0oxi maior) – (E 0 oxi menor) Aplicação do conteúdo 1. Sabendo que o cobalto pode ceder elétrons espon- taneamente para os íons Au3+ e considerando a pilha: Co0 | Co2+ || Au3+ | Au0 Responda às seguintes perguntas: a) Qual é a reação global do processo? Quais as se- mirreações? b) Quem se oxida? Quem se reduz? c) Qual é o eletrodo positivo e o cátodo? Qual é o negativo e o ânodo? d) Em que sentido fluem os elétrons pelo fio? e) Qual eletrodo será gasto? Qual terá sua massa aumentada? f) Qual das duas soluções vai se diluir? Qual vai se concentrar? g) Quais os íons em trânsito na solução? Em que sentido? Resolução: a) reação global: 3 Co0 + 2 Au3+ → 3 Co2+ + 2 Au0 Semirreações: 3 Co0 → 3 Co2+ + 6 e– 2 Au3+ + 6 e– → 2 Au0 Oxirredução: prego e sulfato de cobre Fonte: Youtube multimídia: vídeo O que é possível observar? 1. No eletrodo de zinco: § corrosão da lâmina de Zn. Esse fato pode ser explicado pela semirreação de oxidação: Zn(s) → Zn 2+ (aq) + 2e – lâmina solução O eletrodo em que ocorre a oxidação é o ânodo. 2. No eletrodo de cobre: § espessamento da lâmina de cobre; § diminuição da cor azul da solução. Esses dois fatos podem ser explicados pela semirreação de redução: Cu2+(aq) + 2e – → Cu(s) solução lâmina O eletrodo em que ocorre a redução é o cátodo. Pela análise dessas duas semirreações, é possível concluir que os elétrons fluem do circuito externo do eletrodo de zinco para o eletrodo de cobre, isto é, os elétrons, uma vez dotados de carga negativa, migram para o eletrodo posi- tivo (polo positivo), que, nesse caso, é a lâmina de cobre. A equação global dos processos ocorridos nessa pilha pode ser obtida pela soma das duas semirreações: ânodo: Zn → Zn2+(aq) + 2e – cátodo: Cu2+ + 2e– → Cu(s) reação global: Zn(s) + Cu 2+ (aq) → Zn 2+ (aq) + Cu(s) O zinco vai sendo gasto (corroído). A concentração da solução de CuSO4 vai diminuindo. O ZnSO4 formado pela reação aumentou a concentração da solução de ZnSO4. O Cu depositou-se sobre a chapa de cobre, aumentando sua massa. 3. RepResentAção dA pilhA Representa a Ponte Salina Zn(s) / Zn 2+ (aq) || Cu 2+ (aq) / Cu(s) } Lado esquerdo Ânodo Polo - Oxidação Lado direito Cátodo Polo + Redução 31 b) O Co0 se oxida; o Au3+ se reduz. c) Cátodo é o Au0; ânodo é o Co0. d) Os elétrons fluem pelo fio externo do Co para o Au. e) O Co0 será gasto; portanto, a massa do eletrodo de ouro será aumentada. f) A solução de Au3+ se diluirá; a solução de Co2+ será concentrada. g) Cátions Co2+ vão em direção ao eletodo de ouro (Au0); Au+3 e o ânion que o acompanha vão em di- reção oposta. 2. Considere o esquema a seguir, que representa uma pi- lha formada de metal cobre em solução aquosa de sulfato de cobre e metal cádmio em solução de sulfato de cádmio. Ponte salina (KCℓ(aq)) Cu2+Cd2+ Cd Cu Voltímetro (ddp) CátodoÂnodo Uma tabela fornece a informação de que os potenciais padrões de redução do Cu2+ e do Cd2+ são, respectivamen- te, +0,34 V e –0,40 V, e que a prata é um elemento mais nobre do que o cobre. Assinale a opção que mostra a or- dem decrescente de facilidade de oxidação dos três metais citados e a diferença de potencial (ddp) da pilha indicada na figura. a) Cu > Ag > Cd; –0,74 V. b) Cd > Cu > Ag; +0,74 V. c) Ag > Cu > Cd; -0,06 V. d) Cd > Cu > Ag; +0,06 V. e) Ag > Cd > Cu; –0,74 V. Resolução: Como a prata é mais nobre, isto é, reduz com mais facilida- de do que o cobre, e pelos valores dos potenciais padrões de redução, tem-se que a ordem decrescente de facilidade de oxidação dos metais é: Cd > Cu > Ag. Calculando o potencial da pilha, segue que: ΔE = Eºmaior – Eºmenor ΔE = 0,34 – (–0,40) ΔE = +0,74V. Alternativa B 3. Uma pilha de Daniell opera em condições padrões com soluções aquosas de ZnSO4 e CuSO4, com diferença de potencial nos terminais de ΔEº. Cristais de CuSO4 são adicionados na respectiva solução, alterando o poten- cial para ΔE, na mesma temperatura. Pode-se afirmar que esse novo potencial: a) permaneceu constante; b) aumentou; c) diminuiu; d) ficou zero; e) não pode ser calculado. Resolução: A pilha é um gerador químico e, dependendo da sua com- posição, pode ocorrer uma diferença de potencial (ddp). Como todo gerador, à medida que a pilha vai sendo utiliza- da, o seu ddp vai diminuindo até a capacidade de um dos eletrodos se esgotar. A ddp de uma pilha depende de vários fatores, como: § Concentração – No início do funcionamento da pilha, a concentração de íons na solução é maior e, por isso, a capacidade da outra espécie química de doar elétrons é a máxima. No entanto, com o tempo, a concentração desses íons vai diminuindo e a ddp diminui gradativamente; § Temperatura – A elevação da temperatura aumenta a velocidade das reações, provocando variações na ddp da pilha. Quando são adicionados cristais de CuSO4 na respectiva solução, aumenta a concentração dos íons Cu2+. Com isso, o potencial do cobre aumenta e é mantido por mais tem- po nesse valor, antes de começar a diminuir. Esse fato tem como consequência o aumento da ddp da pilha e maior tempo de utilização da pilha até o ddp zerar. Alternativa B 5. pilhA ou célulA de combustível Diferentemente das pilhas descritas anteriormente, que são dispositivos de armazenamento de energia elétrica, as pilhas de combustão são dispositivos de conversão con- tínua de energia química em energia elétrica. De modo geral, o raciocínio é simples: a queima dos combustíveis produz energia. H2 + 1 __ 2 O2 → H2O + calor CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O + calor óleo combustível + O2 → CO2 + H2O + calor 32 Quando esse calor (energia) obtém um rendimento da ordem de 40%, ele pode ser usado em usina termoelé- trica para produzir eletricidade. Considerando que as com- bustões são reações de oxirredução, o objetivo das pilhas de combustão é obter a energia liberada pela combustão diretamente na forma de energia elétrica, o que eleva o rendimento para cerca de 55%. Pilhas desse tipo foram usadas nas espaçonaves Gemini e Apolo e nos ônibus espaciais. Elas funcionam pela reação de combustão entre o hidrogênio e o oxigênio, produzindo água. ânodo e– cátodo eletrodos
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