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Geografia - Teórico_VOLUME4

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1
Caro aluno 
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos 
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto 
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de 
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A 
seguir, apresentamos cada seção:
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa 
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório 
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com 
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos 
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até 
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos 
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, 
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais 
o conhecimento do nosso aluno.
multimídia
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu 
distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão 
de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas 
para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para 
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida 
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma 
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre 
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em 
seu dia a dia.
vivenciando
Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao 
fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o 
aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas 
na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, 
a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de 
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são 
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva 
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. 
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a 
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
-las com tranquilidade.
áreas de conhecimento do Enem
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los 
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio 
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo 
da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos 
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.
diagrama de ideias
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-
borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata 
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não 
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos 
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem 
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre 
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade 
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas 
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan-
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que 
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma 
grande engrenagem no mundo em que ele vive.
conexão entre disciplinas
Herlan Fellini
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos 
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo 
o território nacional.
incidência do tema nas principais provas
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção 
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas 
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados 
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno 
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos.
teoria
Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem 
parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, 
deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos 
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer 
momento, as explicações dadas em sala de aula.
aplicação do conteúdo
2
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.
Autores
Alessandra Alves
Vinicius Gruppo Hilário
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista 
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica 
Hexag Sistema de Ensino
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva
Projeto gráfico e capa
Raphael Campos Silva
Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
ISBN: 978-65-88825-00-6
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo 
o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos 
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2020
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
3
SUMÁRIO
GEOGRAFIA
AGRÁRIA, INDUSTRIALIZAÇÃO E TRANSPORTES
REGIÕES SOCIOECONÔMICAS MUNDIAIS
Aulas 27 e 28: Agropecuária brasileira 6
Aulas 29 e 30: Tipos de indústria 33
Aulas 31 e 32: Industrialização do Brasil 46
Aulas 33 e 34: Transportes I 58
Aulas 27 e 28: Regiões socioeconômicas mundiais II: América latina 72
Aulas 29 e 30: Regiões socioeconômicas mundiais III: Europa 83
Aulas 31 e 32: Regiões socioeconômicas mundiais IV: Rússia e Ásia central 99
Aulas 33 e 34: Regiões socioeconômicas mundiais V: China 119
4
Competência 1 – Construir significados para os números naturais, inteiros, racionais e reais.
H1 Reconhecer, no contexto social, diferentes significados e representações dos números e operações – naturais, inteiros, racionais ou reais.
H2 Identificar padrões numéricos ou princípios de contagem.
H3 Resolver situação-problema envolvendo conhecimentos numéricos.
H4 Avaliar a razoabilidade de um resultado numérico na construção de argumentos sobre afirmações quantitativas.
H5 Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos numéricos.
Competência2 – Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.
H6 Interpretar a localização e a movimentação de pessoas/objetos no espaço tridimensional e sua representação no espaço bidimensional.
H7 Identificar características de figuras planas ou espaciais.
H8 Resolver situação-problema que envolva conhecimentos geométricos de espaço e forma.
H9 Utilizar conhecimentos geométricos de espaço e forma na seleção de argumentos propostos como solução de problemas do cotidiano.
Competência 3 – Construir noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H10 Identificar relações entre grandezas e unidades de medida.
H11 Utilizar a noção de escalas na leitura de representação de situação do cotidiano.
H12 Resolver situação-problema que envolva medidas de grandezas.
H13 Avaliar o resultado de uma medição na construção de um argumento consistente.
H14 Avaliar proposta de intervenção na realidade utilizando conhecimentos geométricos relacionados a grandezas e medidas.
Competência 4 – Construir noções de variação de grandezas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H15 Identificar a relação de dependência entre grandezas.
H16 Resolver situação-problema envolvendo a variação de grandezas, direta ou inversamente proporcionais.
H17 Analisar informações envolvendo a variação de grandezas como recurso para a construção de argumentação.
H18 Avaliar propostas de intervenção na realidade envolvendo variação de grandezas.
Competência 5 – Modelar e resolver problemas que envolvem variáveis socioeconômicas ou técnico-científicas, usando representações 
algébricas.
H19 Identificar representações algébricas que expressem a relação entre grandezas.
H20 Interpretar gráfico cartesiano que represente relações entre grandezas.
H21 Resolver situação-problema cuja modelagem envolva conhecimentos algébricos.
H22 Utilizar conhecimentos algébricos/geométricos como recurso para a construção de argumentação.
H23 Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos algébricos.
Competência 6 – Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de 
tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.
H24 Utilizar informações expressas em gráficos ou tabelas para fazer inferências.
H25 Resolver problema com dados apresentados em tabelas ou gráficos.
H26 Analisar informações expressas em gráficos ou tabelas como recurso para a construção de argumentos.
Competência 7 – Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos ade-
quados para medidas, determinação de amostras e cálculos de probabilidade para interpretar informações de variáveis apresentadas em 
uma distribuição estatística.
H27
Calcular medidas de tendência central ou de dispersão de um conjunto de dados expressos em uma tabela de frequências de dados agrupados 
(não em classes) ou em gráficos.
H28 Resolver situação-problema que envolva conhecimentos de estatística e probabilidade.
H29 Utilizar conhecimentos de estatística e probabilidade como recurso para a construção de argumentação.
H30 Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos de estatística e probabilidade.
5
AGRÁRIA, INDUSTRIALIZAÇÃO E TRANSPORTES: 
Incidência do tema nas principais provas
UFMG
A prova sempre traz uma questão relacionada 
às principais estruturas da questão agrária 
no Brasil, chamando atenção aos problemas 
fundiários.
A prova da Unifesp não tem Geografia.A prova relaciona as mudanças sociais 
produzidas no uso de recursos naturais pela 
política de conservação da biodiversidade no 
Brasil e no mundo com as transformações 
da agricultura familiar em processos de 
reestruturação agrária.
Desde o início do vestibular, tivemos apenas 
uma questão relacionada aos temas deste 
livro. Contudo, não espere por surpresas e 
empenhe-se em todos os temas.
Temas de Geografia agrária costumam estar 
ligados a questões de meio ambiente.
A prova busca uma postura crítica, tanto 
da estrutura agrária no Brasil quanto do 
acelerado processo de industrialização.
Estude os principais conceitos, como os tipos 
de indústria e os sistemas agrários.
Um dos temas preferidos do Enem é Geografia 
agrária. Atente-se principalmente aos conflitos 
fundiários.
O processo de industrialização no Brasil é um 
tema muito cobrado. Estude as diferentes 
industrializações no mundo e no Brasil.
Fique atento a tudo: produção agrária e indus-
trial, conflitos fundiários e desindustrialização.
Geografia agrária e indústria são temas recor-
rentes. Estude os principais conceitos.
O processo de industrialização não foi 
uniforme em todos os países, tampouco no 
mesmo momento. Fique atento aos tipos de 
industrialização e à forma como as empresas 
se organizam entre si.
A prova da CMMG não tem Geografia.É um vestibular que gosta bastante de 
Geografia agrária, pedindo tudo em sua prova, 
desde sistemas agrários a conflitos fundiários.
Apresenta bastante mapas e gráficos. Os 
temas deste livro costumam estar relacionados 
aos temas de urbanização e demografia.
6
 AGROPECUÁRIA BRASILEIRAAULAS 
27 E 28
“Liberadas da necessidade de autofornecer-se em bens de 
consumo variados e bens de produção essenciais (força de 
tração, forragens, adubos, sementes, animais reprodutores, 
utensílios etc.), os estabelecimentos agrícolas se especiali-
zaram. Elas abandonaram a multiprodução vegetal e ani-
mal para se dedicar, quase que exclusivamente, a algumas 
produções destinadas à venda – aquelas que lhes eram 
mais vantajosas, tendo em vista as condições físicas e eco-
nômicas de cada região, e levando em conta também os 
meios e as condições de produção peculiares a cada esta-
belecimento. Assim, foi constituído um vasto sistema agrá-
rio multirregional, composto por subsistemas regionais es-
pecializados, complementares (regiões de grandes culturas, 
regiões de pradarias e de criação de gado leiteiro ou de 
corte, regiões vinícolas, regiões de produção de legumes, 
regiões frutíferas etc.). Esse sistema se intercalava com um 
conjunto de indústrias extrativas, mecânicas e químicas si-
tuadas a montante da produção agrícola e que lhe fornecia 
os meios de produção. Havia a jusante também um con-
junto de indústrias e de atividades básicas que estocavam, 
transformavam e comercializavam seus produtos.”
MAZOYER, MARCEL; ROUDART, LAURENCE. 
HISTÓRIAS DAS AGRICULTURAS DO MUNDO.
1. AGRICULTURA
A agricultura no Brasil é, historicamente, umas das principais 
bases da economia do Brasil, desde os primórdios da colo-
nização até o século XXI, evoluindo das extensas monocul-
turas para a diversificação da produção. A agricultura é uma 
atividade que faz parte do setor primário em que a terra é 
cultivada e colhida para subsistência, exportação e comércio.
Produtora de cana-de-açúcar, inicialmente, e de café, depois, 
a agricultura brasileira apresenta-se como uma das maiores 
exportadoras do mundo, em diversas espécies de cereais, 
frutas, grãos e outros. Desde o Estado Novo, com Getúlio 
Vargas, cunhou-se a expressão “Brasil: celeiro do mundo”, 
acentuando a vocação agrícola do País. Mas a agricultura 
brasileira apresenta problemas e desafios que vão da refor-
ma agrária às queimadas, do êxodo rural ao financiamento 
da produção, da rede escoadora à viabilização econômica da 
agricultura familiar, envolvendo, portanto, questões políticas, 
sociais, ambientais, tecnológicas e econômicas.
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADE: 16
Dos cerca de 31 milhões de brasileiros que vivem na faixa 
da pobreza, mais da metade está na zona rural. Nos últimos 
25 anos do século XX, cerca de 30 milhões de moradores do 
campo abandonaram ou perderam suas terras. Nesse tempo, 
a grande maioria dos recursos de financiamento foi dirigida 
para as oligarquias e grandes proprietários, atendendo ao 
modelo de exploração intensiva das propriedades,formação 
de grandes monoculturas e áreas de pastagens que, com 
o esgotamento da chamada revolução verde, acabou por 
revelar uma série de problemas, como o uso excessivo de 
agrotóxicos, a irrigação e o desmatamento descontrolados, a 
agressão à cultura nativa, dentre outros.
Com a redemocratização, o País teve, entre 1985 e 1988, 
quase nove mil conflitos sociais no meio rural, com o assassi-
nato de 1.167 pessoas por questões agrárias. Nesse período, 
teve início um confronto que gerou, de um lado, os sindica-
tos, os movimentos sociais e a Igreja católica (então no País 
orientada pela chamada “opção preferencial pelos pobres”, 
com as comissões pastorais) e, de outro, os grandes proprie-
tários, reunidos na UDR – União Democrática Ruralista, cujo 
líder era Ronaldo Caiado. A mais famosa vítima desses con-
flitos foi o sindicalista Chico Mendes, no Acre, em 1988.
Segundo o pesquisador Bernardo Mançano, da Unesp, os 
censos rurais realizados desde 1940 apontavam para a con-
centração da terra, somente possível de ser revertida com o 
fim do êxodo rural e assentamento anual de 150 mil famílias. 
Durante o governo Itamar Franco, o Incra (Instituto Nacional 
de Colonização e Reforma Agrária) realizou cerca de cem mil 
assentamentos anuais; nesta administração, foi instituído o 
rito sumário de desapropriação, vencendo um dos principais 
obstáculos para a medida, que era a sua demora.
INTEGRANTES DO MOVIMENTO DOS SEM-TERRA (MST), 
EM PASSEATA NO EIXO MONUMENTAL, BRASÍLIA, DF
7
As grandes transformações na produção em nível mundial, 
por força dos avanços tecnológicos, apontam para uma 
demanda cada vez menor de alguns fatores. Na indústria, 
isto é particularmente evidente quanto às matérias-primas. 
Com a industrialização cada vez maior da agricultura, tal 
tendência se estende também ao campo, particularmen-
te quanto à terra. Considerando as transformações con-
tidas no bojo da agricultura capitalista, um dos aspectos 
da análise da pequena produção foi o da inserção dessa 
categoria no contexto das mudanças tecnológicas. Ao pe-
queno produtor restou aderir ao pacote técnico, para que 
pudesse fazer parte do novo modelo de desenvolvimento 
da agricultura.
Este livro faz parte de uma nova produção ge-
ográfica que vem procurando servir de instru-
mento para a transformação do campo, têm 
denunciando o grande número de conflitos, 
em geral sangrentos, que tem ocorrido no 
campo e os assassinatos de lideranças sindi-
cais, religiosas e de advogados.
A agricultura camponesa no Brasil – Ariovaldo 
Umbelino de oliveira 
multimídia: livros
1.1. Infraestrutura agrícola
Dentre os principais itens infraestruturais que demandam 
atenção pela atividade agrícola, estão o transporte, os 
estoques reguladores, a política de preço mínimo e a ar-
mazenagem.
Produção e produtividade
Dois termos muitos falados no espaço agrário são pro-
dução e produtividade. Embora pareçam sinônimos, 
suas funções são bem diferentes. A produção tem a ver 
com o total produzido, sem considerar o rendimento da 
atividade produzida. Para exemplificar, podemos citar 
um país que produziu 130 toneladas de algum cereal. 
Sabemos o tal produzido, mas não sabemos se houve 
ou não eficiência no processo produtivo.
Contudo, quando falamos em produtividade, estamos 
relacionando o total produzido a algum outro elemen-
to para se ter alguma ideia da eficiência, isto é, do 
rendimento da produção, sendo que o mais comum 
é a relação entre o total produzido e a área utilizada. 
Quando um agricultor consegue aumentar a produção 
sem aumentar a área, significa dizer que, em relação ao 
fator área, esse produtor obteve um aumento na sua 
produtividade.
Outros elementos também devem ser considerados, 
como a água consumida na irrigação, os fertilizantes e 
agrotóxicos aplicados na plantação e a quantidade de 
energia consumida.
1.1.1. Escoamento da produção
TRANSPORTE DE SAFRA POR RODOVIAS: 
EXEMPLO DE ATRASO NA INFRAESTRUTURA DO BRASIL
O transporte das safras é um dos problemas estruturais en-
frentados pela agricultura no Brasil.
Apesar de ser um dos maiores produtores agrícolas do 
mundo e um importante exportador de commodities, o 
Brasil sofre com a falta de qualidade de sua infraestrutura 
de transportes. Essa ineficiência aumenta os custos da pro-
dução rural e reduz sua produtividade, sendo um entrave 
para o desenvolvimento econômico do País.
Estradas não concluídas fazem com que, por exemplo, 
o transporte de uma tonelada de soja até seu porto de 
exportação no Brasil seja quase três vezes mais caro que 
transportar a mesma quantidade do grão por distância se-
melhante nos Estados Unidos. Além disso, a falta de infra-
estrutura rodoviária impossibilita o escoamento de produ-
tos para exportação por portos mais eficientes – em alguns 
casos, isso onera o produtor em até vinte vezes mais. É o 
caso do porto de Santarém, que não é utilizado como por-
to de descarga por falta de uma boa estrutura rodoviária 
8
ligando os municípios produtores à região, apesar de estar 
mais perto dos mercados consumidores estrangeiros. Por 
conta disso, o porto de Santos é o mais usado, ainda que 
seja dezoito vezes mais caro que Santarém. No entanto, 
uma estrada conectando Cuiabá (MT) a Santarém reduziria 
custos de transporte em 54%.
Com os altos custos em transporte devido à utilização de 
malha viária inadequada para grandes distâncias e serviços 
portuários caros e ineficientes, a soja brasileira fica em des-
vantagem nas exportações, quando comparada à soja pro-
duzida nos outros dois principais países produtores: Argen-
tina e Estados Unidos. A Argentina, apesar de ter a rodovia 
como principal via de transporte, tem menores distâncias a 
percorrer. Já nos Estados Unidos, assim como o Brasil, onde 
há grandes extensões a percorrer, a soja é transportada 
principalmente por hidrovia. O alto custo com transporte li-
mita a expansão da agricultura devido ao impacto que tem 
sobre o custo final de colocação dos produtos agrícolas nos 
mercados nacional e internacional. Para a soja produzida 
na região central do Brasil, os custos de transporte entre 
Campo de Parecis (MT) e o porto de Paranaguá (PR) chega 
a 30% do preço recebido.
Muitas áreas com grande potencial agrícola no Brasil per-
manecem impossibilitadas de contribuir produtivamente 
devido a dificuldades causadas pela falta de uma adequada 
infraestrutura de transportes. Para atender às necessidades 
estratégicas da produção agrícola brasileira no que se refere 
à infraestrutura de transportes, é necessária a criação de uma 
rede intermodal de transporte, com o objetivo de viabilizar 
a produção e o escoamento de grãos, integrando racional 
e competitivamente as áreas de produção e os centros de 
consumo no País, ou pontos para exportação/importação.
Na safra 2008/2009, por exemplo, a Federação da Agricul-
tura e Pecuária de Goiás (Faeg) denunciava o estado pre-
cário das estradas da região Centro-Oeste, algumas com 
problemas desde 2005 e, a despeito de solicitações às en-
tidades governamentais, nada havia sido feito. A despeito 
disto, o governo federal elaborou, em 2006, o Plano Nacio-
nal de Logística e Transportes, destinado a proporcionar um 
melhor escoamento da produção. A falta de investimentos 
no setor, entretanto, continua a ser o principal problema na 
logística de escoamento.
1.1.2. Armazenagem
A armazenagem agrícola é uma das etapas da produção 
da agricultura do País que apresentam necessidades de 
investimento e ampliação.
Pesquisas recentes levantam o problema do des-
compasso entre a produção de grãos no Brasil, de 
1994 a 2003, passando de 76 milhões de toneladas 
para 123 milhões de toneladas, com um crescimento 
de 62%, enquanto a capacidade de armazenagem 
avançou apenas 7,4%, segundo dados da Conab 
(Companhia Nacional de Abastecimento). O objetivo 
do estudo foi identificar as regiões críticas quanto 
à disponibilidade de espaço para melhor adequação 
e expansão da armazenagem, principalmente nas 
propriedades rurais, visando fornecerao produtor 
condições de reter sua produção para aproveitar as 
melhores épocas de comercialização, procurando 
evitar também o congestionamento de armazéns, 
silos e portos em períodos de safra.
É importante salientar que os programas governa-
mentais de apoio à pesquisa, como o de moderniza-
ção da frota de tratores, colhedoras e implementos 
agrícolas, vêm contribuindo para o crescimento da 
produção de grãos, elevando a produtividade, não 
só nas novas fronteiras da região setentrional, mas 
também nas zonas tradicionais do Sudeste-Sul, onde 
ocorrem substituições de atividades, principalmente 
em razão da elevada remuneração alcançada pela 
soja nos últimos anos.
Estimativas concluem que a capacidade de armazena-
gem do Brasil exige elevada soma de investimento de 
infraestrutura, uma vez que não tem acompanhado, 
ao longo dos anos, o ritmo de crescimento das sa-
fras. Estudos precedentes sobre o tema apontam que 
nunca houve de fato muita clareza sobre a prioridade 
para o complexo armazenador brasileiro.
Nos últimos anos o explosivo crescimento da soja, co-
locou o país como principal exportador mundial com 
37 milhões de toneladas, à frente dos Estados Unidos 
com 34 milhões de toneladas, com perspectivas de 
sucessivos ganhos nas próximas safras.
Na década de 1970, foi implantado o Programa Nacional 
de Armazenagem – Pronazem, que previa a construção de 
armazenagens em nível de fazenda, intermediária e termi-
nal. O programa, à época, financiou a expansão da capa-
cidade armazenadora em aproximadamente cinco milhões 
de toneladas. Com o advento das políticas neoliberais e 
9
dos desastres na condução da política econômica brasilei-
ra, o setor teve baixo crescimento, motivado, entre outras 
coisas, pela extinção do Pronazem.
Capitaneada pela soja, a expressiva expansão dos grãos 
dos últimos anos induziu substanciais investimentos para 
ampliação da capacidade da rede de armazenagem, prin-
cipalmente por cooperativas e produtores agrícolas. Mes-
mo assim, sabe-se que ainda ocorrem sérios problemas de 
adequação e localização, com efeitos prejudiciais à com-
petitividade do agronegócio nacional. Desde a década de 
1990, o poder público tem deixado de atuar diretamente 
em áreas de infraestrutura, como é o caso da armazena-
gem. Como exemplo, pode-se citar a desmobilização pa-
trimonial da Conab, com a privatização de 38 armazéns.
A demanda de armazenagem é de 155,2 milhões de tone-
ladas, sendo 44,7 milhões de toneladas de produtos ensa-
cados que necessitam de armazéns convencionais, como é 
o caso do açúcar, algodão (caroço), amendoim, arroz, café 
beneficiado, feijão, girassol e mamona. Quanto aos produ-
tos a granel, 114,5 milhões de toneladas, demandam silos 
e graneleiros, como é o caso da aveia, centeio, cevada, mi-
lho, soja, sorgo e trigo nacional e importado.
As unidades federativas que lideraram a demanda total de 
armazenagem brasileira em 2003 foram: Paraná (20,3%), 
São Paulo (15,7%), Rio Grande do Sul (14,8%), Mato 
Grosso (12,3%), Goiás (7,7%) e Minas Gerais (7,2%), per-
fazendo um total de 78%.
SILO DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS
Por falta de armazéns e silos, a produção precisa ser comer-
cializada rapidamente. Segundo dados da Conab, apenas 
11% dos armazéns estão nas fazendas (na Argentina, esse 
total é de 40%, na União Europeia, de 50% e no Canadá 
chega a 80%). Isto força o agricultor a servir-se de tercei-
ros para estocar sua produção. Fatores sazonais, como a 
quebra de safras e a defasagem cambial, descapitalizam o 
produtor, que acaba não conseguindo investir na constru-
ção de silos. Com estes, poderia negociar sua produção em 
condições mais favoráveis, e não quando da colheita ape-
nas. A situação brasileira permite dizer que os caminhões 
se transformam em “silos sobre rodas”.
O crescimento da exploração agrícola em direção à re-
gião Centro-Norte do País exigiu e continua a exigir maci-
ços investimentos na rede de armazenagem e nos modos 
de transporte, ao mesmo tempo em que os problemas 
de adequação e de localização das unidades existentes 
precisam ser resolvidos.
Outra questão importante é o atendimento da necessidade 
de infraestrutura adicional para culturas em expansão (sorgo 
granífero e triticale), cujos produtos demandam silos especí-
ficos, bem como dos grãos geneticamente modificados, cuja 
produção exige igualmente um sistema próprio de guarda. 
Daí a necessidade de novas pesquisas para um posiciona-
mento sobre a situação atual e as perspectivas para a arma-
zenagem frente à nova geografia do Brasil rural.
1.1.3. Estoques reguladores e preço mínimo
Historicamente, os geradores de estoques reguladores de 
alimentos eram uma das principais políticas públicas ado-
tadas pelas grandes nações do mundo, principalmente por 
conta das oscilações de preços e do fantasma da fome. 
Entretanto, houve uma mudança profunda na política de 
comercialização: o avanço do liberalismo no comércio e a 
crise fiscal levaram ao desmonte do sistema de garantia 
de preços mínimos. Desde os últimos anos da década de 
1980, com a redução significativa das aplicações públicas 
fiscais e financeiras no setor agrícola, os principais instru-
mentos de política agrícola – crédito rural e preços mínimos 
– foram severamente sacrificados. A partir de 1995, os me-
canismos tradicionais de políticas foram substituídos pelo 
contrato de opção, no qual o produtor adquire o direito de 
vender ao governo pelo preço mínimo, e pelo Programa 
para Escoamento de Produto, adquirido pelo comprador. 
Esses instrumentos, vigentes até hoje, demandam menos 
recursos públicos, já que o governo paga apenas a diferen-
ça entre o preço mínimo e o preço de mercado.
Um bom exemplo da necessidade da formação de esto-
ques reguladores está na produção de álcool combustível 
a partir da cana-de-açúcar. A grande variação de preços ao 
longo do ano-safra, por razões climáticas e fitossanitárias, 
justifica a formação de estoques.
Os estoques também visam assegurar estabilidade aos 
rendimentos dos agricultores, além de impedir a flutuação 
de preços das entressafras. Até a década de 1980, havia 
no País a implantação da chamada Política de Garantia de 
Preços Mínimos, que perdeu importância na política agrí-
cola a partir dos anos 1990, com a globalização. O principal 
efeito é a instabilidade de preços dos produtos agrícolas.
1.2. Irrigação
Se a história das grandes civilizações pode ser contada se-
gundo o desenvolvimento da exploração agrícola e da do-
mesticação animal, a irrigação deve ser considerada como 
a tecnologia que mais proveu prosperidade. A irrigação é o 
maior uso da água no Brasil e no mundo e tem sido objeto 
10
de estudos próprios da ANA (Agencia Nacional de Águas) 
ou em parceria com a Embrapa.
A irrigação no Brasil foi desenvolvida por meio do uso de 
diferentes modelos. O envolvimento público na irrigação é 
relativamente novo, enquanto o investimento privado tem 
sido tradicionalmente responsável pelo desenvolvimento 
da irrigação. A irrigação privada predomina nas regiões 
povoadas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde ocorre a 
maior parte do desenvolvimento industrial e agrícola do 
País. Na região Nordeste, os investimentos feitos pelo se-
tor público buscam estimular o desenvolvimento regional, 
em uma área propensa a secas e com graves problemas 
sociais. Essas diferentes abordagens têm resultado em con-
sequências diversas: dos 120 milhões de hectares (ha) po-
tencialmente disponíveis para a agricultura, somente cerca 
de 3,5 milhões de hectares estão atualmente irrigados, 
embora as estimativas mostrem que 29 milhões desses 
hectares sejam adequados para essa prática.
IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO AUTOPROPELIDO
Em 1970, havia menos de 800 mil hectares de terras irriga-
das, usadas principalmente como arrozais no Estado do Rio 
Grande do Sul e menos intensivamente em algumas áreas 
de irrigação pública na região Nordeste. Na verdade, a irriga-
ção somente deu certo, desde então, com a implementação 
de políticas de investimento públicoem infraestrutura de 
irrigação, transmissão e distribuição de energia, bem como 
financiamento de equipamentos e de despesas do dia a dia, 
por meio de programas como o Programa de Irrigação do 
Nordeste (Proine) e o Programa Nacional de Irrigação (Proni).
Conforme o Censo agropecuário, realizado pelo IBGE, em 
2017, o uso de irrigação foi ampliado, se comparado ao de 
2006, com aumento de 52% tanto em estabelecimentos 
(502.425) quanto em área (6.903.048 hectares).
 
IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO
IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE
Como toda tecnologia empregada na produção agrícola, a 
irrigação pode causar modificações ambientais e impactar 
os recursos naturais (solo, recursos hídricos, fauna e flora). 
Esses impactos, no meio ambiente, podem ter tanto uma 
abrangência local (propriedade agrícola), regional (bacia 
hidrográfica) ou mesmo nacional (poluição dos mares). As 
questões que envolvem esses impactos devem ser vistas de 
forma sistêmica, procurando considerar todas suas dimen-
sões relevantes para a produção agrícola (antes, durante e 
depois) nos diversos compartimentos (água, solo, ar e siste-
mas vivos). As ações de captação e de disponibilização da 
água, a sua distribuição, o seu uso e a sua descarga são di-
mensões relevantes para se avaliar os impactos ambientais.
Programa Globo Rural 
FONTE: GLOBO
multimídia: vídeo
11
1.3. Gestão territorializada 
da agricultura
Gestão territorializada da agricultura é a proposta de estí-
mulo ao ordenamento territorial da agricultura brasileira e 
o uso eficiente do solo. A maior capacidade de gestão das 
atividades de agricultura, pecuária e silvicultura é funda-
mental para conciliar as exigências de controle e abran-
damento dos impactos ambientais, com o atendimento 
às demandas para produção de alimentos, agroenergia e 
insumos florestais para a indústria.
Ela trata do estabelecimento de uma política que considere 
nos diferentes potenciais produtivos e sua localização no 
território, oferecendo instrumentos que permitam monito-
rar a situação agrícola por meio de ferramentas geoespa-
ciais, considerando assimetrias no uso do solo em termos 
de produtividade, tecnologias e demandas futuras. Com-
binando esses instrumentos a novas propostas no Plana 
Safra no Programa Agricultura de Baixo Carbono e estudos 
da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da 
República, a oferta de crédito poderá ser guiada à intensifi-
cação do uso de determinadas áreas, orientando o produ-
tor para a priorização de sistemas sustentáveis.
2. AGRICULTURA 
FAMILIAR NO BRASIL
De acordo com a Constituição brasileira, considera-se agri-
cultor familiar aquele que desenvolve atividades econômi-
cas no meio rural e que atende a alguns requisitos básicos, 
tais como: não possuir propriedade rural maior que quatro 
módulos fiscais; utilizar predominantemente mão de obra 
da própria família nas atividades econômicas de proprieda-
de; e possuir a maior parte da renda familiar proveniente 
das atividades agropecuárias desenvolvidas no estabeleci-
mento rural.
No ano de 2006, o IBGE realizou o Censo Agropecuário 
Brasileiro. Nele, verificou-se a força e a importância da agri-
cultura familiar para a produção de alimentos no País. Ela 
é responsável direta pela produção de grande parte dos 
produtos agrícolas brasileiros, contribuindo com a produ-
ção de 84% da mandioca, 67% do feijão e 49% do milho.
Na década de 1990, a agricultura familiar cresceu cerca de 
75%, contra apenas 40% da agricultura patronal. Isso se 
deve, em grande parte, à criação do Programa Nacional da 
Agricultura Familiar (Pronaf), que abriu uma linha especial 
de crédito para o financiamento do setor.
Aproximadamente 84,4% dos estabelecimentos agropecu-
ários do País são da agricultura familiar. Em termos absolu-
tos, são 4,36 milhões de estabelecimentos agropecuários. 
Entretanto, a área ocupada pela agricultura familiar era de 
apenas 80,25 milhões de hectares, o que corresponde a 
24,3% da área total ocupada por estabelecimentos rurais.
Apesar da importância da agricultura familiar para o País, as 
políticas públicas adotadas ainda privilegiam os latifundiá-
rios. Como exemplo, cita-se o plano de safra 2011/2012, em 
que R$ 107 bilhões foram destinados à agricultura empresa-
rial, enquanto que apenas R$ 16 bilhões foram destinados 
aos produtores familiares. Apesar disso, a agricultura familiar 
gera, em média, 38% da receita dos estabelecimentos agro-
pecuários do País e emprega aproximadamente 74% dos 
trabalhadores agropecuários brasileiros.
O principal programa de incentivo à agricultura familiar é 
o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricul-
tura Familiar), que financia projetos ao pequeno produtor 
rural, com baixas taxas de juros.
Classificação das propriedades rurais
 Módulo rural: é o imóvel rural que é, direta e 
pessoalmente, explorado pelo agricultor e sua fa-
mília e que absorve toda força de trabalho dessa 
família, garantindo-lhe a subsistência e o progres-
so social e econômico. A área mínima fixada vai 
depender da região, do tipo de exploração e do 
número de pessoas da família. É, portanto, a di-
mensão mínima, ou seja, é indivisível.
 Minifúndio: é uma propriedade de terra cujas di-
mensões não perfazem o mínimo para configurar 
um módulo rural. As dimensões são mínimas por 
vários fatores, mas, principalmente, por causa da 
situação regional onde os espaços são reduzidos. 
Está atrelada principalmente à economia de sub-
sistência. A atividade econômica nos minifúndios 
(agricultura familiar) responde por 70% do PIB 
agrícola do Brasil, dedicando-se, principalmente, à 
policultura para o mercado interno.
 Latifúndio por exploração: é o imóvel rural 
cujas dimensões equivalem a 600 módulos rurais 
e que seja inexplorado em relação às suas possibi-
lidades fiscais, econômicas e sociais do meio, com 
fins especulativos.
 Latifúndio por dimensão: é o imóvel que, ex-
plorado racionalmente ou não, possua dimensões 
superior a 600 módulos rurais da região em que 
se situa.
12
3. EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO
Em função da possibilidade de enormes lucros em alguns 
ramos da agropecuária, foi inaugurado um agrossistema 
baseado no alto grau de capitalização e na organização 
empresarial: o agronegócio. O capital aplicado na agri-
cultura pode ser gerenciado por empresas instaladas nas 
grandes cidades, ou seja, as fazendas funcionam como ver-
dadeiras fábricas de alimentos ou matérias-primas.
Com altos investimentos em mecanização e biotecnologia, 
foi possível alcançar uma intensa produtividade. Baseada 
no tripé indústria de insumos (máquinas agrícolas, agro-
tóxicos, sementes e fertilizantes), na agricultura moderna 
e na agroindústria (transforma os produtos agrícolas em 
bens e alimentos processados), a expansão do agronegó-
cio esteve ligada à modernização da agricultura, que criou 
o chamado complexo agroindustrial.
Como vimos anteriormente, a formação desse com-
plexo agroindustrial teve origem na chamada Revo-
lução Verde, um conjunto de transformações no setor 
agropecuário que envolveu a adoção de inovações 
tecnológicas e a incorporação de mais maquinários 
no setor, além de mudanças nos padrões tradicionais 
de socialização (substituição de formas de trabalho 
camponesa e familiar pelo assalariado).
Entretanto, um dos problemas da Revolução Verde é o 
impacto que a agricultura moderna vem causando nos 
diversos países do mundo. Entre os problemas mais co-
muns estão a contaminação do solo, o desgaste do solo 
pela opção da monocultura, o desmatamento, a conta-
minação de trabalhadores e o esgotamento das reservas 
de água para irrigação. Diante disso, vem se falando cada 
vez mais na necessidade de uma Segunda Revolução 
Verde, para criar mecanismos que minimizem esses pro-
blemas e tornem os sistemas agrícolas mais sustentáveis.
Durante as décadas de 1980 e 1990, o Brasil assistiu a 
uma grande evolução na sua produção agrícola: em uma 
área praticamente igual à do início dos anos 1980, a pro-
dução praticamente dobrou no final do séculoXX.
COLHEITADEIRA EM PLANTAÇÃO DE SOJA
Em 2010, a Organização Mundial do Comércio apontou o 
Brasil como o terceiro maior exportador agrícola do mun-
do, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia.
Vários fatores levaram a este resultado, tais como a melho-
ria dos insumos utilizados (sementes, adubos, máquinas), as 
políticas públicas de incentivo à exportação, a diminuição da 
carga tributária (como a redução do imposto de circulação, 
em 1996), a taxa de câmbio real, que permitiu estabilidade 
de preços (a partir de 1999), o aumento da demanda dos 
países asiáticos, o crescimento da produtividade das lavouras 
e outros componentes, como a intercessão governamental 
junto à OMC para derrubar barreiras comerciais existentes 
contra produtos brasileiros em países importadores.
Este progresso do setor permitiu que a agricultura passasse 
a representar quase um terço do PIB nacional. Esta avalia-
ção leva em conta não somente a produção camponesa, 
mas de toda a cadeia econômica: desde a indústria pro-
dutora dos insumos até aquela envolvida no seu beneficia-
mento final, transporte etc.
Enquanto a agricultura propriamente dita apresentou, no 
período de 1990 a 2001, uma queda na oferta de empre-
gos, o setor do agronegócio praticamente triplicou a oferta 
de empregos, que saltou de 372 mil para 1,082 milhão. O 
número de empresas era, em 1994, de 18 mil e, em 2001, 
saltou para quase 47 mil. Já a relação emprego/produtivi-
dade na agricultura apresentou um crescimento expressivo, 
oposto à diminuição do número de trabalhadores.
O setor agrícola brasileiro possui possibilidades de ampliar 
a produção existente. Para tanto, há que se considerar as 
áreas em que podem haver expansão da fronteira agríco-
la, bem como o incremento daquelas subexploradas. Os 
fatores que limitam essa expansão são infraestruturais, o 
surgimento de pragas em virtude das monoculturas, os 
problemas ambientais gerados por práticas como o des-
matamento etc.
3.1. Agronegócio por regiões
As regiões do Brasil possuem ampla diversidade climática 
e, portanto, apresentam vocação agrícola e industrial com 
problemáticas bastante diferentes, provocando, assim, par-
ticipações bem distintas no agronegócio.
No ano de 1995, o percentual da participação das regiões 
brasileiras deu-se da seguinte forma no total do volume 
do setor: Norte (4,2%), Nordeste (13,6%), Centro-Oeste 
(10,4%), Sudeste (41,8%) e Sul (30,0%) – dados estes que 
revelam a concentração nestas duas últimas regiões de mais 
de 70% de todo o montante do agronegócio brasileiro. Este 
quadro vem se alterando, com a pequena e gradual amplia-
ção da participação das regiões Centro-Oeste e Norte.
13
3.1.1. Região Sul
PARREIRAL GAÚCHO
Nos Estados do Sul brasileiro (Rio Grande do Sul, Santa 
Catarina e Paraná), houve considerável participação das 
cooperativas. Os produtos de maior representatividade no 
PIB agrícola do País são a avicultura e o arroz irrigado – 
que lideram –, e posições estáveis com o milho e o feijão 
– já os produtos como soja, trigo, cebola, batata e outros 
perderam as posições que ocupavam no ranking nacional. 
O Sul é ainda o maior produtor de tabaco do País, que, por 
sua vez, é o maior exportador mundial.
A vocação agrícola no Sul, incrementada a partir da década 
de 1930, coincidiu com a integração com os setores indus-
triais da região. Enquanto nos demais Estados as indústrias 
tenderam, na atualidade, à importação dos insumos, Santa 
Catarina mantém um elevado grau de interdependência do 
setor industrial com o agrícola.
No Rio Grande do Sul, é importante a participação do agro-
negócio familiar, derivado, sobretudo, do modelo de coloni-
zação ali realizado, com expressiva representatividade no PIB 
agrícola daquele Estado. Outro fator importante é que este 
modelo proporciona um elevado grau de fixação do homem 
no campo, bem como a interação entre os pequenos produ-
tores. No ano de 2004, a região respondia por 14,4% da 
produção frutícola, ocupando o terceiro lugar do País.
3.1.2. Região Sudeste
Em 1995, o Sudeste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janei-
ro e Espírito Santo) era responsável pela maior participação 
no montante do agronegócio do País, mas em tendência 
de queda face a expansão das fronteiras agrícolas e a ins-
talação de indústrias em outras regiões.
O Sudeste é o maior produtor nacional de frutas, produzin-
do 49,8% do total nacional, segundo os dados de 2004. A 
região concentra 60% das empresas de software voltadas 
para o agronegócio, conforme levantamento efetuado pela 
Embrapa Informática Agropecuária (situada em Campinas, 
SP). Quanto à exportação, o setor do agronegócio ocupava 
a segunda posição nacional, no período de 2000 a 2008, 
ficando atrás da região Sul; o Sudeste representou 36% 
do montante exportado de 308 bilhões de dólares – os 
produtos que mais se destacaram no comércio exterior na 
região foram o açúcar (17,27%), o café (16,25%), papel e 
celulose (14,89%), carnes (11,71%) e hortifrutícolas, com 
destaque para o suco de laranja (10,27%).
PLANTAÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR, EM AVARÉ-SP
3.1.3. Região Nordeste
No Nordeste brasileiro, região formada por nove Estados 
(Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Gran-
de do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão), 82,9% da mão de 
obra do campo equivale à agricultura familiar.
PLANTAÇÃO DE PALMA
A região é a maior produtora nacional de banana, respon-
dendo pelo montante de 34% do total. Lidera, ainda, a 
produção de mandioca, com 34,7% do total. É a segun-
da maior produtora de arroz, com uma safra estimada, 
em 2008, de um 1,114 milhão de toneladas, em que o 
Maranhão tem majoritária participação (com 668 mil to-
neladas). Também ocupa a segunda posição na produção 
frutícola, com 27% da produção nacional. 
Um dos grandes problemas da região Nordeste são as es-
tiagens prolongadas, mais fortes nos anos em que ocorre 
o fenômeno climático do El Niño. As estiagens provocam o 
êxodo rural, a perda de produção, minimizados seus efeitos 
por meio de ações governamentais de emergência, através 
da construção de açudes e outras obras paliativas, como 
a transposição do rio São Francisco. As piores secas dos 
últimos anos foram as de 1993 (considerada a pior em 50 
anos), 1998 e 1999.
O Censo Agro de 2017 indica um que a região Nordeste teve 
queda tanto no número de estabelecimentos agropecuários 
(menos 131.565) quanto na área (menos 9.901.808 ha – 
aproximadamente, o estado de Pernambuco).
14
3.1.4. Região Norte
A região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, 
Roraima e Tocantins) tem como principal característica a 
presença do bioma amazônico, em que a floresta tropical 
é marcante (por sua presença em parte do Maranhão, este 
é incluído nas ações de governo nesta região). O grande 
desafio da região é aliar a rentabilidade e produtividade 
com a preservação da floresta.
OFICINA DE HORTICULTURA, EM MANACAPURU-AM
A região já foi responsável, por um curto período, pela pro-
dução do mais importante produto de exportação brasilei-
ro, no final do século XIX e começo do XX, durante o ciclo 
da borracha, em que o extrativismo da seringueira gerou o 
avanço das fronteiras nacionais (conquista do Acre), até o 
contrabando da árvore pela Inglaterra e sua aclimatação 
em países asiáticos.
É a segunda maior produtora nacional de banana, respon-
dendo por 26% do total. Também é a segunda na pro-
dução de mandioca (com 25,9% do total), ficando atrás 
somente do Nordeste. A produção de frutas ocupa a penúl-
tima posição, respondendo por 6,1% da produção nacio-
nal, à frente apenas da região Centro-Oeste. 
3.1.5. Região Centro-Oeste
ALHO IRRIGADO, EM CATALÃO-GO
Há cerca de trinta anos, a região era quase desconhecida em 
seu potencial econômico. O principal bioma é o cerrado, cuja 
exploração foi possível graças às pesquisas para adaptação 
de novos cultivos de vegetais, como algodão, girassol, ceva-
da, trigo etc., permitindo que, em 2004, viesse a se tornar a 
responsável pela produção de 46% da soja, milho, arroz e 
feijãoproduzidos no País.
Essa é a região onde a fronteira agrícola brasileira teve 
maior expansão. Durante as três últimas décadas do século 
XX, sua agricultura teve um crescimento de cerca de 1,5 
milhão de toneladas de grãos por safra, saltando de uma 
produção de 4,2 milhões para 49,3 milhões de toneladas, 
em 2008 – um crescimento superior a 1.100%.
A área cultivada na região, que compreende os Estados 
de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito 
Federal, em 2008, era de 15,1 milhões hectares, tendo 
avançado nos primeiros anos do século XXI, sobretudo 
sobre áreas anteriormente dedicadas à pecuária. Dentre 
os principais fatores que levaram a esse crescimento, con-
ta-se a abertura de estradas, que facilitou o escoamento 
da produção. Na fruticultura, a participação da região, em 
dados de 2004, aponta o último lugar no País, com 2,7% 
do total produzido.
3.2. Principais produtos
Dada a sua grande variedade climática e extensão territo-
rial, o Brasil possui diversas áreas especializadas em deter-
minados cultivos – por vezes, dentro de um mesmo Estado 
da federação –, como na Bahia, em que se tem o cultivo de 
soja e algodão (na sua região oeste), de cacau (no sul), fru-
tas (no médio São Francisco), feijão (em Irecê) etc. Também 
um produto agrícola encontra-se em áreas distintas no ter-
ritório nacional – por exemplo, o arroz, que é plantado no 
Rio Grande do Sul, no sul do Maranhão e Piauí, em Sergipe 
e nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Alguns produtos, como trigo, arroz e feijão, não têm produ-
ção suficiente para atender à demanda interna; outros, como 
a soja, são quase que exclusivamente produzidos para ex-
portação (a soja é o principal produto exportado pelo agro-
negócio brasileiro). Por ordem alfabética, apresentaremos a 
seguir os principais produtos agrícolas do Brasil.
3.2.1. Algodão
De 1960, quando teve início a mecanização agrícola do 
País, até o começo do século XXI, a área plantada com 
algodão decresceu, os preços caíram, mas a produção au-
mentou substancialmente.
A partir da década de 1990, o polo produtor deslocou-se 
das regiões Sul e Sudeste para as regiões Centro-Oeste e 
oeste da Bahia. Desde 2001, a produção deixou de atender 
apenas à demanda interna e passou-se a exportar o produto.
15
ALGODÃO, PLANTADO NA REGIÃO DE CERRADO DA BAHIA
Com o ingresso do Brasil no mercado exportador de al-
godão, logo surgiu o embate com os Estados Unidos, que, 
com os subsídios e taxações às importações do produto, 
mantinham o preço do algodão artificialmente baixo no 
mercado internacional. A reivindicação brasileira foi leva-
da à OMC (Organização Mundial do Comércio) no ano de 
2002 e, com os recursos impetrados pelos estaduniden-
ses, as sanções foram finalmente decididas em 2009. Essa 
ação marcou a história do agronegócio brasileiro, segundo 
as palavras do ex-ministro da Agricultura Marcus Vinicius 
Pratini de Moraes: “(...) [a vitória na OMC foi] um dos 
momentos mais importantes do agronegócio brasileiro. 
Mostramos ao mundo que, além de competitivos, somos 
fortes”. No livro publicado pela Associação Brasileira dos 
Produtores de Algodão, a entidade privada dos produtores 
que, junto ao governo do Brasil, ingressou na OMC com o 
processo contra os subsídios estadunidenses, intitulada A 
saga do algodão: das primeiras lavouras à ação na OMC.
3.2.2.Arroz
De exportador do grão, o Brasil passou, na década de 
1980, a importar o produto em pequenas quantidades 
para atender à demanda interna. Na década de 1990, 
tornou-se um dos principais importadores, atingindo no 
período de 1997-1998 a dois milhões de toneladas, equi-
valentes a 10% da demanda. Uruguai e Argentina são os 
principais fornecedores do cereal para o País.
CULTIVO DE ARROZ, EM RIO DO SUL, SC
Em 1998, foi plantada uma área total de 3,845 milhões de 
hectares, havendo uma redução, estimada em 2008, para 
2,847 milhões de hectares. A produção, entretanto, saltou 
de 11,582 milhões de toneladas para, estimadas, 12,177 
milhões de toneladas, no ano de 2008.
3.2.3. Café
CULTIVO DE CAFÉ, EM FAZENDA NO SUL DE MINAS
O cultivo do café iniciou-se no Brasil em 1727 e, já em 
1731, o País exportava o produto. Sua evolução como item 
do comércio exterior brasileiro atingiu o ápice em 1929, 
quando representava 70% de tudo que o Brasil exportava. 
Embora sua importância como produto de exportação te-
nha diminuído consideravelmente com a diversificação da 
produção, em 2008 o café representou 2,37% das expor-
tações do Brasil e 0,5% do PIB. Entre 2006 e 2009, o Brasil 
exportou uma média de 28,3 milhões de sacas de café ao 
ano, o que fez do País o maior exportador mundial. Sua 
produção anual é de cerca de cem milhões de sacas, 25% 
do que é produzido no Planeta.
A produção estimada para 2009 foi de mais de 39 milhões 
de sacas, sendo o maior produtor o Estado de Minas Gerais 
(mais da metade do produzido no País). O cultivo ocupa 
uma área de 2,3 milhões de hectares, com cerca de 6,4 
bilhões de pés.
O café de melhor qualidade do País é produzido na cidade 
baiana de Piatã, onde o grão adquire um sabor especial e 
único – segundo concurso que avalia o café gourmet, em 
novembro de 2009. As condições de altitude e clima per-
mitiram à cidade da Chapada Diamantina ter outros três 
produtores entre os dez melhores do Brasil.
3.2.4. Cana-de-açúcar
CANAVIAL, EM SÃO PAULO
16
A cana-de-açúcar ocupa a terceira posição entre as cultu-
ras cultivadas no Brasil quanto à área, ficando atrás da soja 
e do milho. O País é o maior produtor mundial, tendo colhi-
do, na safra 2007/2008, 493,4 milhões de toneladas, dos 
quais foram produzidos 31 milhões de toneladas de açúcar 
e 22,5 milhões de metros cúbicos de álcool. Em números, 
o setor representa 1,5% do PIB; na exportação de etanol, 
atinge a marca de 5 bilhões de litros e, na de açúcar, desti-
na ao comércio externo 20 milhões de toneladas.
A área cultivada, entre 1987 e 2008, evoluiu de 4,35 mi-
lhões de hectares para 8,92 milhões de hectares; no perí-
odo, a produtividade saltou de 62,31 t/ha para 77,52 t/
ha. As principais regiões produtoras são a Centro-Sul e a 
Norte-Nordeste, que colheram, respectivamente, na safra 
2007/2008, 431,225 milhões de toneladas e 57,859 mi-
lhões de toneladas.
3.2.5. Feijão
O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, respondendo 
por 16,3% do total produzido, que foi de 18,7 milhões de 
toneladas, no ano de 2005, segundo a FAO (Organização 
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). 
Historicamente, o grão é produzido por pequenos agri-
cultores, sendo que, nas últimas duas décadas, cresceu o 
interesse por parte de integrantes do agronegócio, o que 
gerou o aumento expressivo da produtividade, em alguns 
casos superando os três mil kg/ha.
CULTIVO DE FEIJÃO, EM AVARÉ-SP
A área cultivada com feijão sofreu uma redução, no perí-
odo de 1984 a 2004, de cerca de 25%. Isto, entretanto, 
não resultou na diminuição da produção, que teve au-
mento de 16% no período. É cultivado em todo o País, 
havendo, portanto, dadas as diferenças climáticas, safras 
durante todo o ano.
Apesar de sua posição de liderança entre os produtores, 
com safras equivalendo a três milhões de toneladas ao 
ano, a produção do feijão não é suficiente para atender à 
demanda interna. Com isso, o Brasil importa cem mil tone-
ladas ao ano do produto.
3.2.6. Milho
MILHARAL, EM CAMPINAS-SP
A produção brasileira se dá, basicamente, em duas épocas 
ao ano: a safra, propriamente dita, durante os períodos de 
chuva; e a chamada “safrinha” – ou “de sequeiro” –, du-
rante a estiagem. O primeiro caso ocorre na região Sul, no 
final de agosto; no Sudeste e Centro-Oeste, em outubro 
e novembro; e no Nordeste, no início do ano. A segunda 
safra é feita nos Estados do Paraná, São Paulo e no Cen-
tro-Oeste, com o milho cultivado fora do tempo, nos meses 
de fevereiro e março.
No ano de 2006, a área plantada com o seu cultivo no 
Brasil foi de cerca de treze milhões de hectares, com uma 
produção superior a 41 milhões de toneladas – produti-vidade considerada aquém da capacidade de produção e 
das exigências do mercado.
O País foi, ainda em 2006, o terceiro maior produtor mun-
dial (atrás dos Estados Unidos e da China), sendo respon-
sável por 6,1% do milho produzido no Planeta. O Estado 
que mais produz é o Paraná, com 25,72% do total.
3.2.7. Soja
A soja é, no Brasil, um dos principais itens da produção 
agrícola, sendo o segundo maior produtor mundial e o 
maior exportador mundial, movimentando sua cadeia pro-
dutiva de agronegócio. Nos anos de 2016 e 2017, a cultura 
ocupou uma área de 33,890 milhões de hectares, o que 
totalizou uma produção de 113,923 milhões de toneladas, 
tendo como maiores Estados produtores Mato Grosso, Pa-
raná e Rio Grande do Sul.
Sua introdução no Brasil se deu no ano de 1882, e no início 
do século XX a produção destinava-se à forragem animal. 
A partir de 1941, a produção de grãos superou a forragei-
ra, até tornar-se o principal objetivo da cultura, adaptada 
ao País, principalmente após estudos do Instituto Agronô-
mico de Campinas.
O desenvolvimento efetivo da soja só ocorreu na década 
de 1970, impulsionado pela indústria de óleo e pelas ne-
cessidades impostas pelo mercado mundial.
17
A produção de soja no Brasil não é tradicionalmente de inte-
resse interno, mas uma imposição determinada por grupos 
externos que ditam o que nós devemos ou não produzir.
Até os anos 1980, concentrou-se na região Sul, nos Esta-
dos do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Com 
o desenvolvimento de culturas adaptadas ao solo e aos 
diferentes climas, a produção estendeu-se ao Centro-O-
este, nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, 
Goiás e Distrito Federal. No ano de 2008, as duas maiores 
regiões produtoras, Centro-Oeste e Sul, foram responsáveis 
por 83% da produção nacional de soja, com participação 
de 48% e 35%, respectivamente. No período de 1990 
a 2008, a produção no Centro-Oeste avançou cerca de 
340%, passando de 6,4 milhões de toneladas para 28,5 
milhões de toneladas. A região Sul, por sua vez, teve um 
acréscimo de aproximadamente 80% da produção no 
mesmo período, e progrediu de 11,5 milhões de toneladas 
para 20,4 milhões de toneladas.
Ao comparar o tamanho dos estabelecimentos nas duas 
maiores regiões produtoras, verifica-se que a dimensão 
média, obtida pela divisão da quantidade de hectares da 
área colhida pela quantidade total de propriedades, é di-
ferente para os dois casos. De acordo com os dados do 
Censo Agropecuário 2006, enquanto na região Sul os es-
tabelecimentos possuem tamanho médio inferior à metade 
do verificado para o País, no Centro-Oeste o valor é cerca 
de seis vezes maior que a média brasileira.
O Centro-Oeste hoje é o segundo maior produtor de soja 
do País, ocupando uma condição geopolítica que favorece 
a produção. A produção de soja tem alcançado, a cada ano, 
índices de produções cada vez mais elevados, decorrentes 
da inserção constante de tecnologia que ignora as ques-
tões de solo e climas.
É inegável que a soja seja geradora de riqueza, mas tais 
riquezas encontram-se concentradas nas mãos de pou-
cos. Deve-se também levar em consideração que esse tipo 
de produção provoca sérios problemas ambientais, como 
perda de solos, retirada da vegetação original, poluição 
dos solos e das águas, extinção das nascentes, morte de 
animais silvestres que consomem cereais com substâncias 
químicas, entre outros.
3.2.8. Tabaco
O Brasil é segundo maior produtor mundial de tabaco e 
o maior exportador de fumo desde 1993, com o fatura-
mento de cerca de 1,7 bilhão de dólares. O maior produtor 
voltado para o mercado externo é o Rio Grande do Sul, e 
a região Sul responde por 95% da produção nacional, que 
exporta entre 60% e 70% do que produz.
4. AGRICULTURA E 
IMPACTO AMBIENTAL
4.1. Problemas erosivos
Entre os problemas enfrentados pela agricultura brasileira, 
está a falta de cuidados referentes ao uso do solo e controle 
da erosão. Uma grande parte das regiões Sudeste e Nordes-
te do País é de formações rochosas graníticas e de gnaisse, 
sobre as quais se assenta uma camada de regolito, bastante 
suscetível à erosão e formação de voçorocas. Autores como 
Bertoni e Lombardi Neto apontam essa condição como um 
dos maiores riscos ambientais do País, ao lado daquelas de-
correntes da ação humana que são significativas.
VOÇOROCA EM BAURU, SP
Em virtude da erosão, há a necessidade da reposição de 
nutrientes ao solo, em consequência da sua perda. A ero-
são provoca ainda a perda da estrutura, textura e diminui-
ção das taxas de infiltração e retenção de água.
Os procedimentos usados comumente no preparo do plan-
tio, como a aração e o uso de herbicidas para o controle 
das ervas daninhas, acabam por deixar o solo exposto e 
suscetível à erosão – quer pelo carregamento da camada 
superficial (e mais rica em nutrientes), quer pela formação 
das voçorocas. A terra levada pela água provoca o assore-
amento de rios e reservatórios, ampliando, deste modo, o 
impacto negativo no ambiente. Uma das soluções é o cha-
mado plantio direto, prática ainda pouco divulgada no País.
NO NORTE DE MINAS GERAIS, LEITO DO 
RIO SÃO FRANCISCO TOMADO PELO ASSOREAMENTO
4.2. Agrotóxicos
Existem quatro mil tipos de agrotóxicos que resultam em 
cerca de quinze mil formulações distintas, dos quais oito 
18
mil estão licenciadas no Brasil. São produtos como inseti-
cidas, fungicidas, herbicidas, vermífugos e, ainda, solventes 
e produtos para higienização de instalações rurais, dentre 
outros. Seu uso indiscriminado provoca o acúmulo dessas 
substâncias no solo, na água (mananciais, lençóis freáticos, 
reservatórios) e no ar, afetando negativamente o meio am-
biente. No entanto, são largamente utilizadas para manter 
as lavouras livres de pragas, doenças, espécies invasoras, 
tornando, assim, a produção mais rentável.
O Brasil apresenta uma taxa de 3,2 kg de agrotóxicos por 
hectare – ocupando a décima posição mundial, para alguns 
estudos, e a quinta, em outros. O Estado de São Paulo é o 
maior consumidor no País, sendo também o maior produ-
tor (com cerca de 80% da produção nacional). Para o con-
trole dos efeitos danosos ao meio ambiente do uso dessas 
substâncias, é preciso a educação do agricultor, a prática 
do plantio direto e ainda o esforço de órgãos tecnológicos 
como a Embrapa, com o desenvolvimento de espécies mais 
resistentes, de técnicas que minimizem a dependência aos 
produtos, do controle biológico de pragas, entre outros.
AVIÃO APLICA AGROTÓXICO EM LAVOURAS, NO MATO GROSSO
No ano de 2007, os produtos que apresentaram maior índi-
ce de contaminação por agrotóxicos foram tomate, alface e 
morango, sendo o agricultor o principal afetado. Isso acontece 
porque é baixa a conscientização do produtor e poucos são os 
que cumprem as determinações legais para o uso dessas subs-
tâncias, como a de equipamento de proteção individual (EPI).
Em 2017, segundo o IBGE, 1.681.001 produtores utilizaram 
agrotóxicos. Um aumento de 20,4% em relação a 2006.
Segundo informações da Anvisa (Agência Nacional de Vigi-
lância Sanitária), com base em dados da ONU e do Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as lavou-
ras brasileiras utilizam pelo menos dez tipos de agrotóxicos 
considerados proibidos em outros mercados, como União 
Europeia e Estados Unidos.
5. TRANSGÊNICOS NO BRASIL
O Brasil ocupa a terceira posição mundial no uso de se-
mentes transgênicas. As principais culturas que usam dessa 
biotecnologia são a soja, o algodão e, desde 2008, o milho.
Diversas ONG nacionais e internacionais com filiais no Brasil, 
como o Greenpeace, movimentos como o MST (Movimento 
dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) ou a Contag (Confede-
ração Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) manifesta-
ram-se contrários ao cultivo de plantas geneticamente modi-
ficadas no País, expondo argumentos como a desvalorização 
destes no mercado, a possibilidade de impacto ambiental 
negativo, a dominação econômica pelos grandes empresá-
rios, dentre outros. Entidades ligadas ao agronegócio,en-
tretanto, apresentam resultados de estudos efetuados pela 
Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), nos 
anos de 2007 e 2008, tendo como resultado “vantagens so-
cioambientais observadas nos demais países que adotaram 
a biotecnologia agrícola há mais tempo”.
No País, a Justiça Federal tinha decidido que alimentos que 
contenham mais de 1% de transgênicos em sua composi-
ção devem, nos seus rótulos, expor a informação em desta-
que, a fim de informar ao consumidor; em 2015, a medida 
foi revogada.
19
5. CULTIVO ORGÂNICO
CULTIVO DE ALFACE ORGÂNICA, NA FAZENDA MALUNGA, NO DF
A chamada agricultura orgânica visa à produção de alimen-
tos sem uso de fertilizantes, agrotóxicos, agroquímicos etc. O 
Censo Agrícola de 2006 do IBGE registrou a existência de 90 
mil estabelecimentos do tipo no Brasil, o que perfaz 2% do 
total; destes, entretanto, apenas 5.106 possuem o certificado 
de produção orgânica.
Os orgânicos estão presentes, sobretudo, nas pequenas e 
médias propriedades, e a maioria dos produtores está orga-
nizada em associações ou cooperativas. O Estado com maior 
número de produtores é a Bahia (223), seguido por Minas 
Gerais (192), São Paulo (86), Rio Grande do Sul (83), Paraná 
(79) e Espírito Santo (64). O programa Organics Brasil, cons-
tituído em 2005, visa promover as exportações do setor.
6. QUADRO GERAL DA AGRICULTURA NO BRASIL
MT
MS
SP
MG
PR
Milho
safra 2010/2011
Brasil: 57,5 milhões de toneladas
Paraná
maior estado produtor
12,2 milhões de toneladas
Fonte: CONAB
Cana
safra 2010/2011
Brasil: 624,9 milhões
de toneladas
São Paulo
maior estado produtor
359,2 milhões
toneladas
Fonte: CONAB
Café
safra 2011
Brasil: 43,4 milhões
da sacas
Minas Gerais
maior estado produtor
22,1 milhões de sacas
Fonte: CONAB
Soja
safra 2010/2011
74,8 milhões
de toneladas
Mato Grosso
maior estado produtor
20,1 milhões
de toneladas
Fonte: CONAB
Carne bovina
safra 2011
Brasil: 21,7
milhões de abates
MS (estado com maior
número de abate)
maior estado produtor
4,3 milhões de abates
Fonte: Ministério
da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
Setor Agropecuário
Produção no Brasil entre 2010 e 2011
Em 2004, viviam em áreas rurais não metropolitanas, segundo o IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad 
2004), 5,9 milhões de famílias em todo o Brasil. A participação da agricultura para o PIB brasileiro cresceu, no período com-
preendido entre 2001 e 2004, passando de 8,4% para 10,1% – crescimento que foi favorecido pelos preços favoráveis de 
commodities (mercadorias de baixo valor agregado) e do câmbio.
Em 2006, foram cultivados 62,3 milhões de hectares do território. Aproximadamente 3,6 milhões de hectares foram irriga-
dos, responsáveis por 69% de todo o consumo de água doce no Brasil. A área total oficialmente cadastrada como destinada 
à agricultura perfaz um total de 360 milhões de hectares, mas que não é toda agricultável. Cerca de 29,5 milhões de hectares 
estariam aptos ao uso da irrigação.
Da área cultivada em 2006, 4,8% foram destinadas à fruticultura, responsável por 16,8% do rendimento da safra daquele 
ano, e que tem como principais produtos a laranja, a banana e a uva (57% da produção em frutas); outros produtos integram 
a produção frutífera nacional, com menor expressão, como a manga, a maçã, a mamão e o abacaxi.
20
Principais culturas agrícolas do Brasil
4%4%5%
6%
16%
23%
42%
Soja
Milho
Cana-de-açúcar
Feijão
Arroz
Trigo
Outros
O eucalipto – árvore introduzida da Austrália e adaptada 
no Brasil – é o principal item das culturas de florestamento, 
ocupando uma extensão de três milhões de hectares no 
País, destinada à produção de celulose e para a metalurgia 
(ferro-gusa).
6.1. Ranking geral do país
Em 2005, a agricultura brasileira ocupava o primeiro lugar 
na produção e exportação de açúcar (42% da produção 
mundial), etanol (51%), café (26%), suco de laranja (80%) 
e tabaco (29%); segundo maior produtor e exportador de 
soja em grãos (35% da produção mundial) e soja em farelo 
(25%); no milho era o quarto maior produtor e terceiro 
maior exportador (com 35% da produção), segundo dados 
da USDA Foreign Agricultural Service and Global Trade In-
formation Services.
Segundo relatório da OMC referente a 2010, apesar de 
80% da produção de grãos se localizar em áreas tempe-
radas, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial 
de exportação em produtos como açúcar, café, suco de la-
ranja, tabaco e álcool; e o segundo lugar em soja e milho.
Agricultura do Brasil
Quota mundial de 2009, %
Produção Exportação
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Suco de laranja
Açúcar
Soja
Galinhas
Café
Carne
Porco
Milho
Algodão ranking mundial
5
4
4
2
4
4
1
2
1
1
1
3
2
2
1
1
1
1
Fonte: United States Department od Agriculture
7. PECUÁRIA
VAQUEIRO ACOMPANHA O GADO EM TRAVESSIAS NO PERÍODO DAS CHEIAS, NO PANTANAL MATO-GROSSENSE.
21
Carne (bovina, bubalina, de aves etc.), ovos, leite e mel são 
os principais produtos alimentares oriundos da atividade 
pecuária. Couro, lã e seda são exemplos de fibras usadas 
na indústria de vestimentas e calçados. O couro também é 
extensivamente usado na indústria de mobiliário e de au-
tomóveis. Alguns povos usam a força animal de bovídeos 
e equídeos para a realização de trabalho. Outros também 
usam o esterco seco (fezes secas) como combustível para o 
preparo de alimentos.
NO BRASIL, HÁ MAIS DE 700 EMPRESAS LIGADAS À CADEIA DO 
COURO: FAMILIARES, MÉDIAS E GRANDES CONGLOMERADOS.
O Brasil tem um rebanho de aproximadamente 193 milhões 
de cabeças criadas em 220 milhões de hectares. Especialis-
tas afirmam que a pecuária brasileira irá criar 220 milhões 
de cabeças em 150 milhões de hectares. A lotação média no 
Brasil é de 0,8 ua/ha (unidade animal por hectare).
Ocupação da área de pecuária no Bra-
sil em cabeças por hectare
FONTE: HISTÓRICO DOS CENSOS – IBGE / ELABORAÇÃO BIGMA CONSULTORIA
No Brasil, os pioneiros da pecuária foram os senhores da 
Casa da Torre de Garcia d’Ávila, utilizando como vaquei-
ros, muitas vezes, mão de obra indígena. Entretanto, com 
uma grande seca no Nordeste e a descoberta de minerais 
preciosos em Minas Gerais no final do século XVIII, o polo 
pecuarista no Brasil transferiu-se para as regiões Sudeste e 
Sul, mais especificamente São Paulo e Rio Grande do Sul.
Atualmente, a produção pecuária de bovinos é partilhada, 
principalmente, pelo Centro-Oeste, Sudeste e Sul, cabendo 
ao Nordeste o predomínio sobre as criações de caprinos e 
muares. Os ovinos se concentram no Sul e Nordeste (Rio 
Grande do Sul, Bahia e Ceará são os principais produtores). 
Os suínos e as aves se concentram no Sudeste e no Sul. No 
entanto, o principal centro pecuarista do Brasil é o Estado 
do Mato Grosso, com o maior rebanho bovino do Brasil. 
Também o Nordeste necessita ser lembrado, pois a região 
conta com aquilo que se convencionou chamar de “ilhas 
de modernidade”.
A produção pecuária de caráter capitalista, com emprego 
da mão de obra assalariada, expansão de pessoal na área 
administrativa e incorporação do progresso tecnológico, 
tais como os da biotecnologia, distribui-se e expande-se 
pelo território segundo diversos estímulos. De um lado, 
existe a influência do Estado, mediante a criação de po-
líticas voltadas para a implantação de polos de desenvol-
vimento em áreas específicas do território brasileiro. Para 
estas áreas, são criadas linhas de crédito especiais e ofe-
recidas assistência técnica, infraestrutura de transporte, 
energia, comunicação, entre outras.
Morro velho – Elis Regina
multimídia: música
8. ESTRUTURA FUNDIÁRIA 
DO BRASIL
Embora seja fundamental a compreensão das questões 
econômicas, técnicas e sociais ligadas à agropecuária, o 
elemento mais importante e indispensável para a realiza-
ção de todas as atividades no campo é a terra. Por esse 
motivo não é possível realizar um estudo adequado da 
economia rural de uma região ou país sem mencionar as 
condições de acesso à terra.
Nas sociedades atuais, a terra é regulamentada como pro-
priedadeprivada. Entretanto, a propriedade privada sobre 
a terra é relativamente recente na história humana e prin-
cipalmente na história do Brasil.
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as pro-
priedades rurais estão divididas, como estão dispersas no 
território e seus respectivos tamanhos, facilitando a com-
preensão das desigualdades que acontecem no campo. 
22
Essa divisão da terra acontece de acordo com o proces-
so histórico e a legislação de cada Estado. Há países, por 
exemplo, em que não há propriedade da terra, como é o 
caso de Cuba e da China. Em outros países, embora exista 
a propriedade da terra, podemos verificar que a estrutura 
fundiária é bem distribuída, como ocorre no Japão, Holan-
da, Coreia do Sul e França.
Posse e propriedade
A posse da terra tem a ver com o direito de uso sobre 
ela. O reconhecimento desse direito é bastante antigo 
(direito romano utis possidetis), mas sempre esteve 
ligado ao uso, ou seja, o direito de posse é garantido 
a quem usa a terra.
A propriedade, por sua vez, independe do uso, isto é, a 
terra pode ser propriedade de alguém, mesmo nunca 
tendo sido utilizada.
Contudo, em países da América latina e na África, devido 
às heranças coloniais, é bastante comum encontrarmos o 
problema da concentração fundiária. A concentração da pro-
priedade da terra no Brasil é consequência de um processo 
histórico que se iniciou com a colonização e a aplicação das 
sesmarias, a plantation (que exigiram a incorporação de vas-
tas áreas de terras para suprir a grande demanda por gêne-
ros agrícolas, produzindo formas desiguais de acesso à terra).
Contudo, o que marca o grande problema de acesso à terra 
foi a implantação da Lei de Terras de 1850, que inaugurava 
a propriedade privada da terra no Brasil, que definiu que as 
terras ainda não ocupadas passavam a ser propriedade do 
Estado e só poderiam ser adquiridas por meio de compra 
mediante pagamento à vista. Escravos, mesmo que liber-
tos, não teriam direito de compra.
A Constituição Republicana de 1889 foi outro elemento 
importante na questão do acesso à terra no Brasil. Nesse 
momento, as terra chamadas devolutas (terras públicas) 
passaram à responsabilidade dos governos estaduais, mui-
tos dos quais passaram a utilizar esse poder em benefício 
das elites locais, o que corroborou para a formação de inú-
meros novos latifúndios no País.
A desigualdade da estrutura fundiária brasileira representa 
um dos principais problemas do meio rural brasileiro por-
que interfere diretamente na quantidade de postos de tra-
balho, valor de salários e, automaticamente, nas condições 
de trabalho e de vida dos trabalhadores rurais.
No caso específico do Brasil, grande parte das terras do 
País encontra-se nas mãos de uma parcela mínima da po-
pulação, ou seja, dos latifundiários. Já os minifundiários são 
proprietários de milhares de pequenas propriedades rurais 
espalhadas pelo País, algumas tão pequenas que, muitas 
vezes, não conseguem produzir renda e prover a subsis-
tência familiar.
Distribuição de terras no Brasil, de acordo com a área
Estrato de 
área (ha)
Imóveis Área Área média 
(ha)Número % Número %
Menos de 10 1.874.969 34,10 8.834.571,15 1,46 4,7
10 a 100 2.863.773 52,08 95.186.129,26 15,72 33,2
100 a 1.000 978.462 12,34 181.757.801,33 30,02 267,9
1.000 a 10.000 79.228 1,44 194.821.102,90 32,18 2.459,0
10.000 a 100.000 1.878 0,03 43.467.154,54 7,18 23.145,4
Mais de 100.000 225 0,004 81.320.986,88 13,43 361.426,6
Total 5.498.535 605.387.746,06 110,1
FONTE: INCRA. SISTEMA NACIONAL DE CADASTRO RURAL (2012).
Diante dos números e das informações, fica evidente que, 
no Brasil, ocorre uma discrepância em relação à distribui-
ção de terras, uma vez que alguns detêm uma elevada 
quantidade de terras e outros possuem pouca ou nenhu-
ma, aspectos esses que caracterizam a concentração fun-
diária brasileira.
É importante conhecer os números que revelam quantas são 
as propriedades rurais e suas extensões: há pelo menos 50,5 
mil estabelecimentos rurais inferiores a um hectare; juntas, 
elas ocupam no País uma área de 25,8 mil hectares, há tam-
bém propriedades de tamanho superior a 100 mil hectares, 
que juntas ocupam uma área de 24 milhões de hectares.
Outra forma de concentração de terras no Brasil é prove-
niente também da expropriação, que significa a venda de 
pequenas propriedades rurais para grandes latifundiários 
com intuito de pagar dívidas geralmente geradas em em-
préstimos bancários. Como são muito pequenas e o nível 
tecnológico é restrito, diversas vezes não alcançam uma 
23
boa produtividade e os custos são elevados; dessa forma, 
não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm 
lucro. Esse processo favorece o sistema migratório do cam-
po para a cidade, denominado êxodo rural.
A concentração de terra
*Nº de propriedades, % Área ocupada, %47,86
2,36
38,09
19,06
8,21
34,16
0,91
44,42
0
10
20
30
40
50
- 10 ha 10 a 100 ha 100 a 1.000 + de 1.000 ha
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE 2006, divulgado em 2009
*Não estão contabilizadas as propriedades agropecuárias sem declaração de área (4.93%)
A problemática referente à distribuição da terra no Brasil 
é produto histórico, resultado do modo como, no passado, 
ocorreu a posse de terras ou como foram concedidas.
A distribuição teve início ainda no período colonial com 
a criação das capitanias hereditárias e sesmarias, carac-
terizada pela entrega da terra pelo dono da capitania a 
quem fosse de seu interesse ou vontade; em suma, como 
no passado a divisão de terras foi desigual, os reflexos são 
percebidos na atualidade e é uma questão extremamente 
polêmica e que divide opiniões.
8.1. O trabalho e a terra no Brasil
O subaproveitamento do espaço rural brasileiro é caracteri-
zado por uma baixa produtividade em relação aos outros pa-
íses que possuem uma agricultura pautada na mecanização. 
O motivo que faz o Brasil ter uma baixa produtividade está 
na predominância da prática da agropecuária tradicional.
Na maioria dos países desenvolvidos, as atividades agrope-
cuárias são desenvolvidas em propriedades rurais menores, 
de base familiar, altamente produtivas e mecanizadas, vol-
tadas para a produção de alimentos e matéria-prima para 
abastecer o mercado interno do País.
Em pleno século XXI, a escravidão é registrada, principal-
mente, nos estados do Pará, Mato Grosso e Goiás. A reforma 
agrária é outro problema muito polêmico no País; contudo, 
convém explicitar seu significado. Ela tem a finalidade de 
promover a divisão ou reorganização mais justa da terra. A 
questão agrária provoca uma grande tensão no campo.
 Posseiros são trabalhadores rurais que ocupam 
e/ou cultivam terras devolutas ou não exploradas.
 Parceria é a junção entre dois trabalhadores ou 
produtores rurais, de acordo com a qual um possui
a propriedade da terra e o outro apenas a força de 
trabalho, que cultiva a terra e depois divide uma 
parte da produção com proprietário.
 Arrendatário é o agricultor que não possui terra, 
mas tem recursos financeiros para arrendar ou alu-
gar a propriedade por um período determinado.
 Trabalhadores assalariados temporários são 
trabalhadores rurais que recebem salário, mas 
que trabalham apenas uma parte do ano, durante 
as colheitas.
 Grileiro: quem falsifica documentos para, ilegal-
mente, tomar posse de terras.
 Trabalho escravo no campo é o trabalho sem 
garantia de direitos trabalhistas, cujo trabalhador 
não recebe salário, pois tudo que é utilizado é co-
brado dele, desde a alimentação até as ferramen-
tas de trabalho. Ele se endivida e fica impedido de 
ir embora.
“RESGATADA”, A VÍTIMA DO CRIME DE ESCRAVIDÃO TEM DIREITO 
A RECEBER SEGURO-DESEMPREGO E PARTICIPA DE PROGRAMAS 
QUE FAVOREÇAM SUA REINTEGRAÇÃO SOCIAL.
A fixação do trabalhador rural no campo depende de vários 
fatores, pois não basta a simples redistribuição de terras 
para garantir o sucesso da reforma agrária; é preciso faci-
lidade na obtenção e pagamentos de créditos financeiros, 
garantia de preços, condição de

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