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1 Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe- ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en- contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. multimídia Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. vivenciando Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê- -las com tranquilidade. áreas de conhecimento do Enem Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria- mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque- les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza- ção dos estudos e até a resolução dos exercícios. diagrama de ideias Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela- borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio- logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. conexão entre disciplinas Herlan Fellini De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. incidência do tema nas principais provas Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques- tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com- pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. teoria Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta- dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com- preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula. aplicação do conteúdo 2 © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020 Todos os direitos reservados. Autores Lucas Limberti Murilo Almeida Gonçalves Pércio Luis Ferreira Diretor-geral Herlan Fellini Diretor editorial Pedro Tadeu Vader Batista Coordenador-geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Imagens Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) ISBN: 978-65-88825-04-4 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2020 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br 3 SUMÁRIO ENTRE LETRAS GRAMÁTICA Aulas 35 e 36: Concordância verbal I 6 Aulas 37 e 38: Concordância verbal II 10 Aulas 39 e 40: Concordância nominal 13 Aulas 41 e 42: Regências nominal e verbal 17 Aulas 43 e 44: Crase 22 Aulas 35 e 36: Pré-modernismo 64 Aulas 37 e 38: Vanguardas europeias do século XX 76 Aulas 39 e 40: Modernismo em Portugal 88 Aulas 41 e 42: Heterônimos de Fernando Pessoa 95 Aulas 43 e 44: Modernismo no Brasil: 1.ª fase 102 LITERATURA ENTRE TEXTOS: INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Aula 18: Leitura de imagens III: da arte barroca à neoclássica 26 Aula 19: Leitura de imagens IV: da arte romântica ao Pós-impressionismo 33 Aula 20: Leitura de imagens V: arte moderna: primeira metade do século XX 40 Aula 21: Leitura de imagens VI: arte contemporânea 46 Aula 22: Leitura de imagens VII: fotografia 57 4 Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida. H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais. H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação considerando a função social desses sistemas. H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais. H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema. H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas. H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social. H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística. Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade. H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social. H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas. H11 Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos. Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade. H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais. H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos. H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos. Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção situando aspectos do contexto histórico, social e político. H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário. H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da reali- dade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação. H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução. H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional. Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas. H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos. H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos. H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público-alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados. H24 Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como intimidação, sedução, comoção, chan- tagem, entre outras. Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social. H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar. H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação. H29 Identificar, pela análise de suas linguagens, as tecnologias de comunicação e informação. H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem. 5 GRAMÁTICA: Incidência do tema nas principais provas UFMG Dentre os temas deste livro, os que se referem à concordância de verbos e de nomes são os de maior incidência, além de fenômenos gramaticais que condicionem o uso da crase. Concordância de verbos na voz passiva e as especificidades do uso da crase são frequentes. Também, são constantes exercícios de concordância verbal. É bastante comum encontrar os temas abordados neste livro como caminho para compreensão textual, embora seja incidente a necessidade de conhecimentos mais pontuais, como usos específicos de crase e de regên- cias nominal e verbal. Dos assuntos expostos neste livro, questões sobre as especificidades das regências nomi- nal e verbal são bastante frequentes, assim como abordagens que exijam conhecimentos sobre concordância. Embora todos os assuntos abordados neste livro sejam muito comuns na prova, a inci- dência maior é de questões com abordagens sobre concordância e uso da crase. Há uma incidência de abordagem que se relaciona à função das regências nominal e verbal – no cerne de um texto e como isso pode ser relevante para interpretá-lo – e aos fenômenos gramaticais específicos, isto é, em uma condição mais isolada de seu contexto. Estabelece relações de compreensão entre os fenômenos gramaticais aqui expostos e o sentido textual que eles podem produzir. É conveniente compreender os aspectos específicos de uso do acento grave e das ocorrências de concordância e de regência. Os temas deste livro são aplicados como com- petência para interpretação de texto, tanto por vias de pressuposição, quanto por vias de inferência. Isto é, os assuntos expostos aqui são abordados como suporte para apreensão de sentido de um texto. Todos os assuntos deste livro são muito abundantes na Fuvest, principalmente aqueles que se referem à regência e concordâncias nominal e verbal, abordando, em ambos os casos, ocorrências bastante específicas de preposição e de concordância. Esta prova, dentre os temas deste livro, propõe que sejam reconhecidas ocorrências específicas sobre concordância de verbos e de nomes, além das ocasiões em que a regência pode figurar como um mecanismo relevante para mudança de sentido de um texto. São uma constante exigências relativas às regras de concordância e de regência. A abordagem pode se dar para vias de interpre- tação ou de reconhecimento de ocorrências específicas dos fenômenos gramaticais. Esta prova exige, com frequência, aspectos pontuais no que diz respeito às concordâncias nominal e verbal. Também é exigido com- preender as condições textuais que motivam o uso da crase. Acerca do conteúdo deste livro, concordância e regência são assuntos frequentes. Essa ocorrência incide nos graus de interpretação e nos de especificidades gramaticais. A incidência de temas dentre aqueles que compõem este livro está relacionada às con- cordâncias nominal e verbal. Paralelamente,são frequentes assuntos como o uso correto ou não de preposições, o que configura uma exigência de conhecimento acerca de regência. Ocorrem com frequência regências nominal e verbal e concordância. Muito amparados em textos verbais e não verbais, as questões exi- gem, como via de interpretação, compreensão, principalmente sobre reconhecimento de fenômenos gramaticais. 6 ConCordânCia verbal i CompetênCias: 1, 6 e 8 Habilidades: 1, 3, 4, 18, 19, 25 e 27 AULAS 35 e 36 1. ConCordânCia verbal Observe estas frases: O autor aprovou a biografia. Os autores aprovaram as biografias. No primeiro exemplo, o verbo “aprovar” encontra-se na terceira pessoa do singular, concordando com o seu sujeito, “o autor”, também no singular. No segundo exemplo, o su- jeito, “os autores”, está concordando em número (plural) com o verbo. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa e número correspondem-se. A concordância verbal ocorre quando o verbo está flexio- nado para concordar com seu sujeito. a) Concordância de sujeito simples e casos especiais Regra geral O sujeito simples (com apenas um núcleo) concordará com o verbo em número e pessoa. Exemplos: A promotora divulgou o evento. As promotoras divulgaram o evento. Casos particulares: Há casos em que o sujeito simples é constituído por formas que provocam dúvidas para estabelecer a concordância com o verbo. Às vezes, a concordância gramatical é con- taminada pelo significado de expressões que transmitem noção de plural, apesar de terem forma de singular ou vice- -versa. Portanto, convém analisar com cuidado estes casos. 1. Sujeito formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de.), seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural. Exemplos: A maioria dos deputados aprovou / apro- varam a proposta. Metade dos candidatos não atingiu / atingiram nenhu- ma proposta interessante. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, se especificados: Exemplo: Um bando de pássaros sobrevoou / sobre- voaram o recinto. 2. Sujeito formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo. Exemplos: Cerca de cinco mil pessoas participaram da votação. Perto de quinhentos candidatos compareceram à prova. Mais de um aluno atingiu o resultado esperado. Observação: Se a expressão “mais de um” associar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Exemplo: Mais de um colega ofenderam-se na tumul- tuada discussão de ontem. (ofenderam um ao outro.) 3. Sujeito formado por nomes que só existem no plural (plural aparente), a concordância deve ser feita levando em conta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Se houver artigo no plural, o verbo deve ficar no plural. Exemplos: Os Estados Unidos possuem grandes entidades de pesquisa. Minas Gerais impressiona pela be leza da paisagem. 4. Sujeito formado por pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido dos pronomes pessoais “nós” ou “vós”, o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal. Exemplos: Quais de nós são / somos capazes de persistir? Vários de nós propuseram / propusemos novas medidas. Observação: a opção por uma ou outra forma indica inclu- são ou exclusão da coisa ou pessoa mencionada. Se alguém disser ou escrever “alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, essa pessoa está se incluindo no grupo dos omis- sos. Isso não ocorre, no entanto, se alguém disser ou escrever “alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. Casos em que os pronomes interrogativo ou indefinido es- tiverem no singular, o verbo ficará no singular. 7 Exemplos: Qual de nós é capaz? Algum de vocês fez isso. 5. Sujeito formado pelo pronome relativo “que”: a concor- dância em número e pessoa é feita com o antecedente do pronome. Exemplos: Fui eu que paguei e saí mais cedo. Fomos nós que compramos o carro. 6. Sujeito formado pela expressão “um dos que”: o verbo deve assumir a forma plural. Exemplo: A globo foi uma das emissoras que cobriram o evento. Atenção: Admite-se a concordância com verbo no singular quando se deseja dar destaque ao indivíduo do grupo: Exemplo: Pedro foi um dos executivos que permaneceu na empresa. 7. Sujeito formado pelo pronome relativo quem: o verbo vai par a terceira pessoa do singular ou concorda com o antecedente do pronome. Exemplos: Fui eu quem saiu mais cedo. / Fui eu quem saí mais cedo. Fomos nós quem comprou o carro. / Fomos nós quem com pramos o carro. 8. Sujeito formado por pronome de tratamento: o verbo fica na terceira pessoa do singular ou do plural, conforme o caso. Exemplos: Vossa Excelência está bem? Os senhores podem aguardar aqui na sala ao lado. 9. Sujeito constituído por numeral percentual seguido de substantivo: embora o numeral seja o núcleo, recomenda- -se que verbo concorde com o substantivo que o acompa- nha. Caso o numeral percentual seja um por cento (1%), o verbo deve ir para o singular. Exemplo: Vinte por cento do petróleo é exportado. Quinze por cento dos funcionários participam dos trei- namentos. Somente um por cento dos produtos apresentar algum defeito. Observação: Caso o numeral esteja adjacente ao verbo, este deve obrigatoriamente concordar com o numeral. Exemplo: Oitenta e cinco por cento acham difícil escolher deputados e senadores. 10. Sujeito constituído por numeral fracionário seguido de substantivo: recomenda-se que o verbo concorde com o numeral fracionário, que é núcleo do sujeito. Exemplo: Um quarto dos soldados saiu ferido. Dois terços da população apoiam o plano econômico. Observação: Caso o numeral fracionário esteja em uma oração de voz passiva, a concordância pode ser feita com o complemento desse número por conta da possibilidade de harmonizar o gênero. Exemplo: Apenas um quarto das ruas da cidade são pavimentadas. 11. Sujeito formado pela locução “um ou outro”: verbo fica no singular, pois a alternância indica a exclusão de um item. Exemplo: Um ou outro ganhará o prêmio de melhor do mundo. 12. Locuções verbais realizam concordância flexionando o verbo auxiliar. Exemplos: Os políticos não conseguem cumprir suas promessas de campanha. As pessoas podem viver em segurança nesse bairro. b) Concordância com sujeito composto 1. Sujeito anteposto ao verbo, este irá para o plural Exemplo: O frio e a tempestade atrapalharam o deslocamento do grupo. 2. Sujeito posposto ao verbo, com núcleos no singular, au- toriza o verbo a ficar no plural (concordando com os dois núcleos) ou no singular (concordando com o mais próximo) Exemplo: Virão à festa Jorge e meu primo. / Virá à festa Jorge e meu primo. 3. Sujeito formado por pronomes demarcando pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá sempre para o plural, obedecendo o seguinte esquema de regras: I. Se houver primeira pessoa (eu/nós) entre os núcleos, pre- valece o plural da primeira pessoa. Exemplo: Eu tu e ele viajaremos no final do ano. 8 Este livro aborda os procedimentos facul- tados pela língua e que, conscientizados, colaboram na clareza e eficiência da ca- pacidade de comunicação. Concordância verbal – Maria Aparecida Baccega multimídia: livros II. Se houver segunda pessoa (tu/vós) ou terceira pessoa (ele/eles) entre os núcleos, pode-se usar qualquer plural de segunda ou terceira pessoa. Exemplo: Tu e ela desconheceis / desconhecem os perigos em que irão se meter. 4. Núcleos de sujeito composto formados pela conjunção “ou”: I. Se não houver ideia de exclusão, o verbo vai para o plural Exemplo: Ou eu ou você seremos designados para o trabalhos (pre- valece verbo na primeira pessoa do plural). II. Se houver ideia de exclusãoou alternância, o verbo con- corda com o núcleo de sujeito mais próximo. Exemplos: Ou o médico ou o assistente conduzirá a cirurgia. 5. Núcleos de sujeito composto formados pela conjunção “nem”: I. Se não houver ideia de exclusão, o verbo vai para o plural Exemplo: Nem o prefeito nem o governador abandonaram o povo. II. Se houver ideia de exclusão ou alternância, o verbo vai fica no singular. Exemplo: Nem o Pedro nem Paulo é pai de Marta. 6. Núcleos de sujeito composto ligados pelas conjunções “não só... mas também”, “tanto... como”, “tanto... quan- to”, etc. prevalece o uso do verbo no plural. Exemplo: Não só a mídia mas também o público odiaram o filme. Tanto ele quanto a namorada gostam de séries. 7. Núcleos de sujeito composto conectados pela preposi- ção “com” fazem com que o verbo fique no plural. Exemplo: O ministro com os assessores abandonaram a reunião. Observação: Admite-se o verbo no singular quando se deseja realçar o primeiro elemento do sujeito composto Exemplo: O treinador com os jogadores deixou o campo rapidamente. 8. Se o sujeito for resumido por pronome indefinido (apos- to resumidor), o verbo ficará no singular. Exemplo: Carinho, atenção, dedicação, nada fez com que ele mudasse. Observação: Não podemos nos esquecer da existência do fenô- meno da Silepse (já estudado em figuras de lingua- gem), que consiste em um processo de realização de concordância que quebra o sistema de regras e se sustenta em uma base ideológica (em função do contexto). Para avaliarmos a Silepse em relação à concordância verbal normativa, devemos estar atentos às instruções do exercício a ser realizado (se ele admite, ou não, avaliações coloquiais). Exemplo de Silepse: O elenco voltou ao palco e agradeceram os aplausos (concordância realizada com a ideia de que a palavra “elenco” designa um grupo de ar- tistas. Não é normativa, mas se admite no campo coloquial ou estilístico das figuras de linguagem). A assembleia designaram um novo síndico (con- cordância realizada com a ideia de que a palavra “assembleia” designa um grupo de pessoas. Não é normativa, mas se admite no campo coloquial ou estilístico das figuras de linguagem). 9 DIAGRAMA DE IDEIASDIAGRAMA DE IDEIAS CONCORDÂNCIA VERBAL Verbo estabelece concordância com o sujeito Concorda em número e pessoa SUJEITO VERBO Ex.: Pablo e Ana dormiram cedo Possíveis complementos 10 ConCordânCia verbal ii CompetênCias: 1, 6 e 8 Habilidades: 1, 3, 4, 18, 19, 25 e 27 AULAS 37 e 38 1. A pAlAvrA ”se” Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas de particular interesse para a concordância verbal. § o “se” como índice de indeterminação do sujeito; e § o “se” como partícula apassivadora. Como índice de indeterminação do sujeito, o “se” acom- panha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de li- gação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira pessoa do singular. Exemplos: Precisa-se de vendedores com prática. Confia-se demais em pesquisas de opinião. Como pronome apassivador, o “se” acompanha verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na for- mação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Construiu-se um enorme edifício onde ficava a velha casa. Construíram-se novos edifícios onde ficava a velha casa. Aluga-se quarto para estudantes. Alugam-se quartos para estudantes. 2. O verbo “ser” A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o su- jeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do su- jeito. O verbo ser concorda com o predicativo do sujeito: a) “se” o sujeito for representado pelos pronomes isto, isso, aquilo, tudo, o e o predicativo estiver no plural. Exemplos: Isso são lembranças que devem ser esquecidas. Aquilo eram problemas urgentes. b) “se” empregado na indicação de horas, dias e distân- cias, o verbo ser concorda com o numeral. Exemplo: É uma hora. São três da manhã. Eram 13 de setembro quando partimos. Daqui até o shopping são dois quarteirões. Importante Na indicação de dia, o verbo ser admite as seguintes concordâncias: 1. No singular, concordando com a palavra explícita dia. Exemplo: Hoje é dia quatro de junho 2. No plural, concordando com o numeral (sem a palavra dia). Exemplo: Hoje são quatro de junho. c) Se o sujeito indicar peso, medida, quantidade e for se- guido de palavras ou expressões como pouco, muito, me- nos de, mais de, etc., o verbo ser fica no singular. Exemplo: Cinco quilos de arroz é mais do que suficiente. Três metros de tecido é pouco para fazer o vestido. Duas semanas de férias é pouco para viajar. d) Se o sujeito for uma expressão de sentido partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo “ser” con- corda com o predicativo. Exemplo: A grande maioria no protesto eram jovens. O resto foram atitudes impensadas. 3. O verbo “parecer” Se seguido de infinitivo, o verbo parecer admite duas con- cordâncias: a) flexão do verbo parecer apenas. Exemplo: Alguns amigos pareciam sorrir naquele mo- mento. b) flexão do verbo no infinitivo apenas. Exemplo: Alguns amigos parecia sorrirem naquele momento. Observação: A primeira construção é considerada corren- te e a segunda, literária. 11 4. A expressão “haja vista” Essa expressão admite as seguintes construções: a) Ou é invariável (seguida ou não de preposição). Exemplos: Haja vista as lições dadas pelo professor (com sentido de por exemplo). Haja vista aos fatos explicados por este cientista (com o sentido de atenção para). b) Ou é variável (não seguida de preposição), cujo termo seguinte é considerado sujeito de haja. Exemplo: Hajam vista os exemplos de seu comprometi- mento. (com o sentido de vejam-se) 5. A concordância dos verbos “bater”, “dar” e soar, indicando horas, ocorre de acordo com o numeral Exemplos: Deu uma hora no relógio. Deram três horas no relógio. 6. Verbos impessoais não se referem a nenhum sujeito, por isso são usados sempre na terceira pessoa do singular São verbos impessoais: I. “Haver” no sentido de existir, acontecer ou ocorrer. Exemplos: Há problemas nos encanamentos. Haverá novos funcionários já na próxima semana. II. “Haver” no sentido de existir, acontecer ou ocorrer, formando locução. Exemplos: Deve haver coisas interessantes para se ver nesta loja. Pode haver produtos mais baratos que esses. Observação 1: Caso haja opção pelo uso do verbo “exis- tir” ao invés do “haver no sentido de existir”, tal verbo deve ser flexionado para o plural, pois é considerado pessoal. Exemplo: Existem problemas nos encanamentos. Devem existir coisas interessantes para se ver nesta loja. Observação 2: Caso o ver “haver” seja usado no sentido de “ter”, em uma locução verbal, ele estabelecerá concor- dância com o sujeito. Exemplos O garoto havia virado a casa do avesso. Os garotos haviam virado a casa do avesso. III. “Haver e “fazer” indicando tempo decorrido. Exemplos: Não ia ao trabalho havia semanas. Faz dias que as noites ficaram mais geladas. Fazia anos que não víamos um problema tão sério. IV. Verbos que indicam fenômenos meteorológicos. Exemplo: Choveu ontem à noite. No inverno, neva em algumas regiões ao sul do país. Estando sempre atentos à questão do preconceito linguístico, a leitura de O Brasil das placas pode ser de grande valia para entendermos o modo como os bra- sileiros articulam a linguagem em seu uso cotidiano. O autor José Eduardo Camar- go circulou mais de 200 mil quilômetros Brasil afora, durante sete anos, clicando placas. As 89 fotos mais divertidas e mais inusitadas (em 72 cidades de 17 Estados brasileiros) estão reunidas neste livro. O cordelista L. Soares fez as legendas das fotos com muito humor. O resultado deste trabalho é um livro feito para quem enxerga o surpreendente no banal. O Brasil das placas: viagem por um país ao pé da letra – José Eduardo Camargo; L. Soares multimídia: livros 12DIAGRAMA DE IDEIASDIAGRAMA DE IDEIAS CONCORDÂNCIA VERBAL Verbo estabelece concordância com o sujeito Concorda em número e pessoa SUJEITO VERBO Ex.: Pablo e Ana dormiram cedo Possíveis complementos 13 ConCordânCia nominal CompetênCias: 1, 6 e 8 Habilidades: 1, 3, 4, 18, 19, 25 e 27 AULAS 39 e 40 1. ConCordânCia nominal A concordância nominal baseia-se na relação entre um substantivo e as palavras que a ele se referem para carac- terizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos, locuções adjetivas e particípios). Em suma, a con- cordância nominal verifica os elementos que estabelecem concordância com o nome (o substantivo). Exemplo geral: Crianças barulhentas (concordância entre o substantivo feminino crianças, no plural, e seu qualificador “barulhen- tas” também no plural e no feminino). A criança está agitada (concordância feita entre o subs- tantivo feminino criança, no singular, e seus qualificadores “a” e “agitada”, também no singular e feminino). Observação: Em geral, o substantivo funciona como núcleo de um termo da oração e o adjetivo, o artigo, o pronome, o numeral e as locuções adjetivas funcionarão como adjunto adnominal. Dessa forma, é o núcleo que determina se as palavras relacio- nadas a si devem ficar no singular ou no plural, no feminino ou no masculino. 1.1. Casos particulares de concordância nominal a) Muito, pouco e bastante Podem variar em uma sentença, funcionando como advér- bios ou adjetivos. Ex: As questões da prova estão bastante complicadas (bastante é advérbio pois intensifica o adjetivo “compli- cadas” e, nesse caso, permanece invariável). Ex: Compramos bastantes roupas na liquidação do sho- pping (bastante é adjetivo pois acompanha o substantivo “roupas” e, nesse caso, varia em número, ficando no plu- ral). b) Anexo e incluso São adjetivos e devem concordar com os substantivos que os acompanham. Ex: Enviarei uma cópia anexa ao documento (anexa con- corda com o substantivo “cópia”). Ex: Os certificados inclusos devem ser assinados (incluso concorda com o substantivo “certificados”). Nota 1 A construção em anexo é considerada adverbial. Por esse motivo, não estabelece concordância com substantivos. Ex: As revistas trouxeram em anexo alguns encartes in- teressantes. Nota 2 O termo anexado(a) apresenta a mesma base de concor- dância que “anexo(a)”. Ex: Enviarei uma cópia anexa ao documento. c) Meio Pode variar em uma sentença, funcionando como advér- bios ou numeral. Ex: Ela estava meio desconfiada do vizinho (meio é advér- bio pois intensifica o adjetivo “desconfiada” e, nesse caso, permanece invariável). Ex: Todos os dias eu bebo meia taça de vinho (meio é nu- meral pois acompanha o substantivo “taça” e, nesse caso, varia em número e gênero). d) É proibido, é permitido, é necessário, é bom, é preciso, etc. São expressões predicativas com valor adjetival e vão apre- sentar variação quando o substantivo a que se referem vier determinado por artigo ou outro elemento determinante. Caso não apareça nenhum artigo ou outro determinante junto do substantivo, essas construções ficarão invariáveis. Ex: É proibido pichação em espaços públicos (o subs- tantivo “pichação” não tem artigo ou qualquer outro de- terminante, portanto a expressão é proibido permanece invariável) ). Ex: É proibida a pichação em espaços públicos (o subs- tantivo “pichação” tem artigo, portanto a expressão é proibido varia). 14 e) Mesmo e próprio Concordam com o substantivo ou o pronome que os acompanha. Ex: Ela mesma resolveu o problema (o termo mesmo concorda com o pronome “ela”). Ex: Foram os jogadores mesmos que pediram quebra de contrato (o termo mesmo concorda com o subs- tantivo “jogadores”). f) Caro e barato Podem variar em uma sentença, funcionando como advér- bios ou adjetivos. Ex: Os quadros de Picasso são caros (o termo caro está em posição predicativa, ou seja, funciona aqui como um adjetivo que se refere à palavra “quadros”). Ex: As viagens para o exterior custam caro (caro é um advérbio que modifica o sentido de “custam”). g) Menos e alerta Nas gramáticas mais tradicionais de língua portuguesa, são palavras consideradas como advérbios, portanto são invariáveis. Ex: Nas madrugadas, há menos pessoas na rua (menos é um advérbio que modifica o sentido de “custam”). Ex: Os bombeiros permaneceram alerta devido ao risco de desabamento (alerta é um advérbio que modifica o sentido de “permaneceram”). Nota Algumas gramáticas mais recentes aceitam a flexão de alerta, equiparando-o ao adjetivo “atento”. Ex: As pessoas devem ficar alertas ao viajarem sozinhas. h) Pseudo Quando utilizado na formação de palavras, o termo pseu- do permanece invariável. Ex: A polícia prendeu a pseudomédica. Ex: O morango é um tipo de pseudofruto. i) Só Pode variar em uma sentença, funcionando como advérbio ou adjetivo. Ex: Os rapazes estavam sós na academia (o termo só se refere ao substantivo “rapazes” e funciona aqui como um adjetivo) Ex: Ocorrerão mudanças só em algumas das linhas. (só é um advérbio que modifica o sentido de “ocorrerão”). j) Obrigado É considerado um adjetivo e deve concordar com o subs- tantivo a que se refere. Ex: O rapaz disse obrigado ao enfermeiro. 1.2. Um substantivo para dois ou mais adjetivos I. SUBSTANTIVO COM DETERMINANTE ANTEPOSTO A DOIS ADJETIVOS: a) o substantivo fica no singular e acrescenta-se um artigo antes do segundo adjetivo: Ex: O garoto aprendeu a língua francesa e a alemã. b) o substantivo vai para o plural e retiramos o artigo do segundo adjetivo: Ex: O garoto aprendeu as línguas francesa e alemã. II. SUBSTANTIVO POSPOSTO A ADJETIVOS OU NUMERAIS: a) o substantivo fica no singular e são colocados artigos diante dos adjetivos ou numerais: Ex: O primeiro e o quarto andar estão em reforma Ex: A tradicional e a moderna literatura agradam a todos. b) o substantivo fica no plural e é colocado um artigo ante- posto ao primeiro adjetivo ou numeral : Ex: O primeiro e quarto andares estão em reforma Ex: A tradicional e moderna literaturas agradam a todos. 1.3. Um adjetivo para dois ou mais substantivos I. ADJETIVO ANTEPOSTO AOS SUBSTANTIVOS a) se o adjetivo for adjunto adnominal, concorda com o substantivo mais próximo: Ex: No bairro havia velhos monumentos e prédios. b) se for predicativo do objeto, concorda com o substantivo mais próximo ou vai para o plural (em caso de substantivos com gêneros diferentes, a escolha de plural obriga o uso de masculino plural): Ex: O calor intenso deixou abafada a noite e o dia. Ex: Ele deixou trancados a vidraça e o portão. II. SENDO PREDICATIVO QUE SE REFERE A SUJEITO COMPOSTO COM GÊNEROS DIFERENTES a) sentença em ordem direta: o adjetivo fica no mascu- lino plural: Ex: A batedeira e o liquidificador continuavam estragados. 15 b) sentença em ordem indireta: o adjetivo concorda com o substantivo mais próximo: Ex: continuava estragada a batedeira e o liquidificador. III. ADJETIVO POSPOSTO AOS SUBSTANTIVOS a) dois substantivos com mesmo gênero: singular ou plural. Ex: Entregamos aos alunos uniforme e material novos (ou novo): b) dois substantivos de gênero diferente: concorda com o substantivo mais próximo ou vai para o plural: Ex: Nós bebemos guaraná e soda gelados (ou gelada). 16 SUBSTANTIVO ARTIGO NUMERAL PRONOME ADJETIVO ADJETIVO/ LOCUÇÃO ADJETIVA DIAGRAMA DE IDEIAS CONCORDÂNCIA NOMINAL 17 Regências nominal e veRbal CompetênCias: 1, 6 e 8 Habilidades: 1, 3, 4, 18, 19, 25 e 27 AULAS 41 e 42 1. Noções prelimiNares Para compreender o conceito de regência é fundamen- tal entender que as palavras, ao ocuparem suas posi- ções nas estruturas sintáticas da língua, podem esta- belecer vínculos de subordinação com outras palavras. Nas estruturas subordinadas, há sempre um termo que subordina outro. O primeiro chama-se subordinante, termo que determina e do qual depende o segundo, seu subordinado. Essa relação em que uma palavra funciona como comple- mentoda outra chama-se regência. Diz-se que as palavras que dependem de outras são por elas regidas. As palavras que regem as outras são chamadas de regentes. Esses vínculos de subordinação vêm, por vezes, marcados por preposições, semanticamente escolhidas por determi- nados nomes e verbos para marcar a relação que eles estabelecem com os complementos nominais e verbais que regem. Exemplos a) Gosto de viajar. (O verbo gostar rege um objeto indireto, a ele subordinado no interior do predicado-verbal. A prepo- sição de marca a regência desse verbo). b) Tenho medo de avião. (O substantivo medo rege um complemento nominal, a ele subordinado. A preposição de marca a regência desse substantivo). Portanto, o estudo que segue refere-se às relações que se es- tabelecem entre nomes e seus complementos (regência no- minal) e entre verbos e seus complementos (regência verbal). 1.1. Regência nominal É a denominação dada à relação semântica que se estabe- lece entre substantivos, adjetivos e determinados advérbios e seus respectivos complementos nominais. Essa relação vem sempre marcada por preposição. Alguns nomes listados a seguir costumam vir acompanha- dos de um complemento nominal e exigem o uso de de- terminadas preposições para que o enunciado construído tenha sentido enquanto estrutura do Português. Observação: Muitos nomes apresentados têm exatamente a mes- ma regência de verbos dos quais são derivados. Desse modo, a regência do verbo está automaticamente ligada à regência do nome cognato. a) Duvidava da capacidade dele. b) Tinha dúvida da capacidade dele. Tanto o verbo duvidar como o substantivo dúvida regem a preposição da (contração de + a (artigo)). 1.1.1. Regência de alguns substantivos § admiração a, por § devoção a, para, com, por § medo de § aversão a, para, por § doutor em § obediência a § atentado a, contra § dúvida acerca de, em, sobre § ojeriza a § bacharel em § horror a § proeminência sobre § capacidade de, para § impaciência com § respeito a, com, para com, por 1.1.2. Regência de alguns adjetivos § acessível a § entendido em § necessário a § acostumado a, com § equivalente a § nocivo a § agradável a § escasso de § paralelo a 18 § alheio a, de § essencial a, para § passível de § análogo a § fácil de § preferível a § ansioso de, para, por § fanático por § prejudicial a § apto a, para § favorável a § prestes a § ávido de § generoso com § propício a § benéfico a § grato a, por § próximo a § capaz de, para § hábil em § relacionado com § compatível com § habituado a § relativo a § contemporâneo a, de § idêntico a § satisfeito com, de, em, por § contíguo a § impróprio para § semelhante a § contrário a § indeciso em § sensível a § descontente com § insensível a § desejoso de § liberal com § suspeito de § diferente de § natural de § vazio de 1.1.3. Regência de alguns advérbios § longe de § perto de 1.2. Regência verbal É a denominação dada à relação semântica que se esta- belece entre verbos e seus respectivos complementos (ob- jetos direto e indireto). No caso dos objetos indiretos, essa relação vem sempre marcada por uma preposição. Atenção Para melhor compreender os principais aspectos envolvi- dos na questão da regência verbal, é fundamental relem- brarmos a noção de transitividade (argumentação) verbal. § Quanto à predicação, os verbos podem ser classi- ficados em intransitivos e transitivos. § Verbos intransitivos apresentam sentido completo e não necessitam de complemento (objeto direto ou indireto). § Verbos transitivos necessitam de um complemen- to de valor substantivo (objeto direto ou indireto) para integrar-lhes o sentido. Nesse caso, a tran- sição entre o verbo e seu complemento pode ser direta (caso dos verbos transitivos diretos, que re- gem objetos diretos) ou indireta (caso dos verbos transitivos indiretos, que regem objetos indiretos). Exemplos: A garota comprou uma maçã. (verbo transitivo dire- to rege um objeto direto). A garota gosta de maçã. (verbo transitivo indireto rege um objeto indireto). Observação: Para que seu sentido fique completo, alguns verbos exigem um objeto direto e um objeto indireto, sequencialmente. A esses verbos chamamos bitransitivos. A garota deu uma maçã de presente ao amigo. (uma maçã é objeto direto do verbo dar e ao amigo é ob- jeto indireto do mesmo verbo, introduzido pela pre- posição a). Nesse exemplo, a preposição de, que aparece diante do termo “presente”, não apresenta relação com a noção de transitividade verbal, mas introduz um ad- junto adnominal do objeto direto, qualificando-o ape- nas. Assim, para a discussão de regências nominal e verbal são relevantes apenas aquelas preposições que ligam complementos a um verbo (objetos indiretos) ou a um nome (complementos nominais). O principal objetivo do tópico de regência verbal é realizar o estudo de verbos que, ou possuam alguma transitividade que costume gerar dúvidas entre o uso coloquial e o uso nor- mativo, ou que, por apresentar variação de sentido, exijam mudanças de transitividade. Vejamos os casos mais comuns: a) Agradar É transitivo direto no sentido de “acariciar” ou “mimar”. Exemplo: Sempre agrada a criança quando a vê. 19 É transitivo indireto no sentido de “satisfazer”, “ser agra- dável” (preposição a). Exemplo: A peça de teatro não agradou aos espectadores. b) Aspirar É transitivo direto no sentido de “sorver”, “inspirar (o ar)”, “inalar”. Exemplo: Aspirava o suave aroma do perfume. É transitivo indireto no sentido de “desejar”, “ter como ambição” (preposição a). Exemplo: Aspirávamos a uma viagem para a Europa. c) Assistir É transitivo direto no sentido de “ajudar”, “prestar assistência”. Exemplo: O governo deve assistir os menos favorecidos. É transitivo indireto no sentido de “ver”, “presenciar”, “es- tar presente” (preposição a). Exemplo: Assistiremos ao filme hoje à tarde. É transitivo indireto no sentido de “caber”, “competir”. Exemplos: Assiste aos pais a educação dos filhos. É intransitivo no sentido de morar ou residir e, em geral, vem acompanhado de adjunto adverbial de lugar introdu- zido pela preposição “em”. Exemplo: Assistimos em Campinas. d) Atender É transitivo direto no sentido de “acolher com atenção”. Exemplo: O porteiro atendeu os visitantes. É transitivo indireto no sentido de “dar solução”, “realizar” (preposição a). Exemplo: O governo atendeu às solicitações dos manifestantes. e) Chamar É transitivo direto no sentido de convocar, “solicitar a aten- ção” ou “a presença de”. Exemplo: Por gentileza, vá chamar o próximo candidato. No sentido de “denominar”, “apelidar” (pode apresentar objeto direto ou indireto e geralmente vem acompanhado de predicativo do objeto, preposicionado ou não). Exemplos: A torcida chamou o jogador pipoqueiro. A torcida chamou ao jogador pipoqueiro. A torcida chamou o jogador de pipoqueiro. A torcida chamou ao jogador de pipoqueiro. f) Custar É intransitivo no sentido de “ter determinado valor ou pre- ço”, e vem acompanhado de marcador adverbial. Exemplo: O caviar custa caro. É transitivo direto no sentido de “ser obtido pelo preço de” Exemplo: A obra custou milhões de reais. É transitivo indireto no sentido de “ser difícil”. Exemplo: Custa a ele reconhecer o problema. g) Esquecer / lembrar / recordar São transitivos diretos se não forem pronominalizados. Exemplos: Ele esqueceu os documentos. Lembrei o endereço de minha avó. Recordo esses fatos incríveis. São transitivos indiretos se forem pronominalizados. Exemplos: Ele se esqueceu dos documentos. Lembrei-me do endereço de minha avó. Recordo-me desses fatos incríveis. Observação: Os verbos “lembrar” e “recordar” podem ser bitransitivos. Exemplo: Lembrei ao professor a tarefa. h) Implicar É transitivo direto ou indireto no sentido de “causar, envol- ver ou resultar”. Exemplos: Todo esse trabalho implica maiores gastos. Todo esse trabalho implica em maiores gastos. É transitivo indiretono sentido de “mostrar antipatia”. Exemplo: O valentão implica com os mais velhos. É bitransitivo no sentido de “comprometer”. Exemplo: O depoimento do policial implicou o senador no ocorrido. i) Obedecer / desobedecer São transitivos indiretos (Preposição a). Exemplos: Ele desobedeceu às ordens do médico. 20 j) Preferir É transitivo direto no sentido de “preferência direta, sem escolha”. Exemplo: Eu prefiro restaurantes baratos. É transitivo indireto no sentido de “preferência com esco- lha” (preposição a). Exemplo: Eu prefiro frutas a doces. Observação: A gramática normativa não admite que o verbo “preferir” venha seguido de “mais... do que”, “menos... do que” ou “antes”. O verbo em si já comporta o sentido de “prefe- rência”, sendo desnecessário elementos intensificadores. k) Querer É transitivo direto no sentido de “desejar”. Exemplo: Eu quero um carro novo. É transitivo indireto no sentido de “ter afeto” (preposição a). Exemplo: A avó queria muito a seu netinho. l) Visar É transitivo direto, nos sentidos de “mirar”, “fazer ponta- ria” e também “vistar” ou “rubricar”. Exemplos: A garota visou o alvo. O gerente visou o cheque. É transitivo indireto no sentido de “ter como meta”, “ter como objetivo” (preposição a). Exemplo: Nem sempre o ensino deve sempre visar ao fu- turo profissional. Observação: não esquecer que a regência dos verbos pode exercer influência em uma construção sintática que apresenta pronome relativo, por isso é importante estar atento às pos- síveis mudanças de sentido em relação à sua transitividade: Exemplos: Aquela é donzela que aspirava as flores do campo (aspirar no sentido de “inalar” não exige preposição) A posição a que aspirava na empresa era a de diretor (as- pirar no sentido de “desejar” exige preposição “a” que deve ser encaixada diante do pronome relativo). Fruto de um trabalho minucioso do grande le- xicógrafo Celso Pedro Luft, é uma obra de con- sulta indispensável para todos os que desejam escrever de acordo com a gramática normativa: § Resolve todas as dúvidas suscitadas pela complexa regência dos verbos na língua portuguesa. § Soluciona um dos problemas que mais afligem aos que se expressam na nossa língua: o uso da preposição adequada ao verbo. Dicionário prático de regência verbal – Celso Pedro Luft multimídia: livros Esta obra finaliza o estudo sobre regência inicia- do com o Dicionário prático de regência verbal. Documentando de forma didática todas as possibilidades de regência nominal, sempre oferecerá a preposição que complementa o substantivo ou adjetivo procurado. Dicionário prático de regência nominal – Celso Pedro Luft multimídia: livros 21 DIAGRAMA DE IDEIASDIAGRAMA DE IDEIAS REGÊNCIA NOMINAL Ocorre com substantivos, adjetivos e advérbios REGÊNCIA VERBAL Ocorre com os verbos REGÊNCIA Processo de argumentação nominal / verbal EX.: Temos capacidade para mudar isso. EX.: Agrotóxicos são nocivos à saúde. EX.: Moramos perto da capital. EX.: Nós necessitamos de uma nova chance. para a de de substantivo adjetivo advérbio verbo 22 Crase CompetênCias: 1, 6 e 8 Habilidades: 1, 3, 4, 18, 19, 25 e 27 AULAS 43 e 44 1. Crase Crase é o nome que se dá à junção de duas vogais idênticas. A junção que ocorre com maior frequência é da preposição “a” com o artigo feminino “a(s)”. Também há outros tipos de ocorrência que são determinantes para inserção da crase. Na escrita, a crase é indicada pelo acento grave ( ̀ ). É impor- tante salientar que, embora seja conhecido como “acento” grave, é uma marcação gráfica que não depende de elemen- tos fonológicos (sonoros), e, por esse motivo, não estudamos esse conteúdo junto com acentuação. A aplicação da crase depende, em geral, de relações sintáticas de regência nomi- nal e verbal. Vejamos um exemplo geral: Exemplo: Eu irei à praia = Eu irei a + a praia. Nesse exemplo, há ocorrência da preposição “a”, exigida pelo verbo ir (que exige preposição “a”) e a ocorrência do artigo a que está determinando o substantivo femi- nino “França”. A fusão desses dois “as” é indicada pelo acento grave. Exemplos: Conheço a estudante. Refiro-me (a + a) à estudante. No primeiro exemplo, o verbo “conhecer” é transitivo direto (não exige preposição). Temos apenas o “a” artigo de “estu- dante”. Desse modo, não teremos crase. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (o verbo pronominalizado “referir-se” exige preposição “a”) e sua preposição se une ao “a” artigo de “estudante”. Portanto, a crase é necessária. Há duas maneiras básicas de verificar a existência de um artigo feminino seguido de preposição “a”. 1. Substitua o termo feminino por um termo masculi- no. Se antes dele a forma for ao, ocorrerá crase antes do termo feminino. Exemplos: Conheço a menina. Conheço o menino. Refiro-me ao menino. Refiro-me à menina. 2. Substitua o termo regente acompanhado da prepo- sição “a” por outro acompanhado de uma preposição diferente (para, em, de, por, sob, sobre). Se essas pre- posições não se contraírem com o artigo, ou seja, se não surgirem novas formas – na(s), da(s), pela(s) –, não haverá crase. Exemplos: Penso na menina. / Apaixonei-me pela menina. Atenção! Não basta provar a existência somente da preposição “a” ou somente do artigo “a”. É necessária a junção dos dois itens para demarcar a crase. 1.1. Casos em que a crase é proibida a) Diante de substantivos masculinos. Exemplos: Andamos a cavalo. Fomos a pé. b) Diante de verbos no infinitivo. Exemplos: A criança começou a andar. Ele não tem nada a declarar. Observação: Como os verbos não admitem artigos, o “a” antepos- to a eles nos exemplos anteriores é apenas preposi- ção, razão pela qual não ocorre crase. c) Antes de pronomes que rejeitam artigo, como os pesso- ais, de tratamento, demonstrativos, indefinidos, interrogati- vos e relativos. Exemplos: Diga a ela que não voltarei mais. Entreguei a todos a ata da reunião. Ele fez referência a Vossa Excelência, assim que chegou. 23 Peço a Vossa Senhoria que aguarde no saguão. Mostrarei a vocês nossos novos produtos. Quero informar a algumas pessoas o que foi planejado. As exceções ficam por conta dos pronomes de tratamento senhora, senhorita e dona, e de casos pontuais em que a regra de substituição da palavra feminina por masculina consegue ser fundamentada. Exemplos: Ele se reportou à dona Cláudia. Refiro-me à mesma garota (Refiro-me ao mesmo garoto). d) Diante de artigo indefinido “uma”. Exemplo: Daqui a uma semana começam as Olimpíadas. e) Com o “a” no singular diante de palavras no plural. Exemplo: Refiro-me a pessoas fofoqueiras. f) Com palavras repetidas. Exemplo: cara a cara. face a face. g) Diante das palavras “terra” e “casa” quando não forem determinadas. Ocorre especificamente quando “casa” tem o sentido de “próprio lar” e “terra” tem o sentido de “ter- ra/chão firme” (em geral, oposto a mar). Exemplos: Meus primos voltam a casa amanhã. Os barcos voltaram a terra por conta da tempestade. 1.2. Casos em que a crase é obrigatória a) Em locuções adverbiais formadas por preposição e pa- lavra feminina. Exemplo: Gosto de ficar à toa em casa. Outras locuções adverbiais • à tarde • à noite • à esquerda • à direita • à tona • às pressas • às claras • às vezes • às escondidas • às avessas b) Em locuções prepositivas femininas (em geral, a estrutu- ra é a(s) + substantivo + de) Exemplo: Ele está à espera de uma nova oportunidade. Outras locuções prepositivas • à procura de • à beira de • às custas de Atenção! As construções em que é pressuposta a estrutura “à moda (de)” devem ser craseadas. Exemplos: Pedimos um espaguete à parisiense (à moda de Paris ou à moda parisiense) c) Em locuções conjuntivas femininas (Em geral, a estrutura é a(s) + substantivo + que)à beira de; Exemplo: Todos iam se revoltando à medida que ele dis- cursava. Obs: Além de “à medida que”, a outra locução conjuntiva que temos é “à proporçãoque” 1.3. Casos em que a crase é facultativa a) Diante de pronomes possessivos femininos. Exemplos: O professor destinou verbas à (a) nossa pesquisa. O gerente se dirigiu à (a) minha sala. b) Diante de substantivos próprios femininos Exemplo: Ofereci à (a) Edna minhas saudações. Obs: Alguns contextos podem não admitir uso de crase caso não haja familiaridade com a detentora do nome feminino. Exemplo: Eu me refiro a Clarice Lispector, autora muito frequente em vestibulares. c) Na locução prepositiva “até a” Exemplos: Caminhou até a orla marítima. 1.3. Casos especiais de uso de crase a) Diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aque- la(s), aquilo Exemplos: Refiro-me a + aquele episódio. / Refiro-me àquele episódio. 24 b) “A” com valor de pronome demonstrativo “aquele/ aquela/aquilo” Exemplos: Faça uma reta paralela a + aquela do centro. / Faça uma reta paralela à do centro. c) Diante de nomes de lugares Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do ar- tigo a. Outros, entretanto, admitem esse artigo, de modo que diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição a. Para saber se um nome de lugar admite ou não a antepo- sição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo re- gente por um verbo que exige a preposição de ou em. A ocorrência da contração da ou na, nesses casos, prova que o nome desse lugar admite o artigo e, por isso, haverá crase. Exemplos: Vou à Espanha. (Confirmação da crase: vim da Espanha; permanecerei na Espanha). Vou a Curitiba. (Confirmação da crase: vim de Curitiba; permanecerei em Curitiba). d) Transições temporais A crase entre transições temporais depende da devida de- terminação do elemento temporal. Por esse motivo está sujeita a três parâmetros: I. DE... A... (NÃO HÁ CRASE) Exemplos: Ficarei na cidade de terça a sexta. A reunião vai demorar de duas a três horas. II. DA(S)... A(S)... (HÁ CRASE) Exemplos: A bienal vai da próxima segunda à próxima sexta. A reunião será das duas às quatro. III. DO... A... (HÁ CRASE) Ficarei aqui do meio-dia à meia-noite. A bienal vai do próximo domingo à próxima sexta. DIAGRAMA DE IDEIAS CRASE JUNÇÃO DE A PREPOSIÇÃO + A ARTIGO EX.: ELE SE DIRIGIU À SECRETÁRIA. A A 25 INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: Incidência do tema nas principais provas UFMG Na prova da Unesp, os conhecimentos sobre os modos de se ler imagens podem ser determinantes para a aprovação. Além disso, as aulas deste livro abordam, sumariamente, a história da arte, servindo de aliança para a frente de literatura. Para a Unifesp, uma leitura precisa e objetiva dos conceitos que as imagens carregam é essencial. Ademais, a história da arte é extre- mamente complementar para o desenrolar da prova. A prova da Unicamp pode exigir do candidato conhecimentos sobe a história da arte, uma vez que o vestibular pode usar as imagens definidoras da humanidade através dos tempos como elemento de intertextualidade para as questões. Textos não verbais são bastante comuns nos exames de vestibular. Assim, o material deste livro irá prepará-lo para que tenha as bases para uma boa análise de imagens. Ler imagens nem sempre é fácil. Por isso, este livro apresentará, de uma perspectiva histórica, estratégias para a leitura de imagens artísticas. Compreender os contextos de produção de uma imagem que possa remeter a um período artístico é essencial. Por isso, ter noção do campo que se abre ao ter contato com este material será fundamental para o desempe- nho do candidato. Imagens costumam aparecer nos mais variados vestibulares, por isso, as aulas deste livro serão pertinentes para que o candidato afine seu olhar para a leitura de textos não verbais, em especial os que tratam da história da humanidade, de maneira artística. Como matéria da prova do Enem, a história da arte pode ser vista através da interpretação de imagens. Saber interpretar um texto não verbal é essen- cial em todo vestibular. As aulas deste livro, portanto, fazem-se fundamentais para que o candidato possa fomentar conhecimentos sobre a história da arte e, também, os modos de se interpretar imagens. A leitura e interpretação de textos não verbais é essencial para qualquer prova. Por isso, neste livro, você encontrará os subsídios para melhorar a sua análise de imagens que se relacionam com a história da arte. Textos não verbais podem aparecer a qualquer momento. Por isso, este livro apresenta as ferramentas necessárias para dominar a interpretação de imagens, ao longo da história da humanidade. Não basta interpretar textos verbais, pois textos não verbais podem aparecer também. Assim, o conteúdo deste livro servirá de base para que as habilidades referentes ao tópico sejam alcançadas. Somado à leitura de prosas e poemas, os textos não verbais podem compor de forma significativa a prova. Portanto, as aulas sobre leitura de imagens serão fundamentais para o bom desempenho. A prova lida com a leitura de imagens, de ma- neira bastante objetiva, por isso, compreender as formas de analisar um texto não verbal pode ser uma ferramenta útil ao candidato. É importante que o candidato tenha em mãos as ferramentas necessárias para entender como funciona a interpretação de um texto não verbal. Somado a isso, o livro apresenta um panorama da história da arte. 26 Leitura de imagens iii: da arte barroca à neocLássica CompetênCias: 1, 6 e 8 Habilidades: 1, 3, 4, 18, 19, 25 e 27 AULA 18 1. Introdução Neste capítulo colocaremos nosso foco sobre expressões artísticas que ocorreram entre os séculos XVII e XVIII, mais especificamente o Barroco, um espaço de transição conheci- do como Rococó e também a arte neoclássica. Vale a pena ressaltar também que já teremos as primeiras experiências artísticas feitas em território brasileiro (ainda que estejamos falando daquelas que possuem matrizes europeias). 1.1. Barroco A arte barroca se desenvolveu no século XVII dentro de um período em que ocorreram grandes mudanças na Europa da Idade Moderna. Sem dúvida, o mais importante dos eventos foi a Reforma Protestante, que teve início na Ale- manha, mas logo se expandiu por outros países. Lembre- mos que esse movimento se sucedeu aos questionamentos feitos por Martinho Lutero a respeito das leituras bíblicas realizadas pela igreja católica em momentos anteriores (as teses de Martinho Lutero indagavam o modo como a igreja católica manipulava as leituras bíblicas para justificar, por exemplo, a venda de indulgências). Num segundo momento, temos uma agressiva reação por parte da igreja católica, que aproveitando-se de incertezas que permeavam a experiência dos indivíduos no período, reativou o Tribunal do Santo Ofício (a santa inquisição), além de ter dado origem ao Índex (o índice de livros proi- bidos) e à Companhia de Jesus (uma ordem religiosa que tinha como objetivo difundir de modo mais ativo a fé cristã pela Europa e colônias). Toda essa pressão católica que re- cai sobre os indivíduos se torna visível na arte barroca, que volta a explorar com maior incidência os temas religiosos. No que diz respeito à parte estética, como resquício do Renascimento, há o aprofundamento do realismo das for- mas corporais, com um trabalho mais frequente de arre- dondamento dos traços, o que dava uma sensação maior de movimento às figuras que compunham a obra. Por fim, intensifica-se o trabalho com a técnica do Chiaroscuro, que consistia na elaboração de técnicas de projeção e entra- da de luz em relação a espaços mais escurecidos da obra, criando um contraste que foi usado até como elemento de diálogo com o tema religioso em voga. a) O Barroco na Itália A arte barroca surge especificamente na Itália, mas irá irradiar-se por outros países da Europa e chegar ao con- tinente americano, colonizado por portugueses e espa- nhóis. Trata-se de uma estética que não irá se desenvolver de maneira homogênea,apresentando algumas distin- ções entre as produções italianas e as que vemos, por exemplo, nos Países Baixos. Ainda assim, é possível en- contrarmos alguns princípios gerais, como o rompimento do equilíbrio entre sentimento e razão ou entre arte e ciência, muito comuns na arte do Renascimento. Na arte barroca haverá o predomínio das emoções. 1.1.1. A pintura barroca na Itália Do ponto de vista estético, a pintura barroca na Itália apre- sentava características muito marcantes como a disposição dos elementos no quadro de modo diagonal, figuras de formas arredondadas que favorecem a ideia de movimen- tação na obra e uso acentuado da técnica do claro-escuro, o que intensifica a expressão dos sentimentos. Além disso, costuma apresentar uma abordagem que é realista, do ponto de vista da figuração (abordando com frequência a vida de pessoas comuns), mesclada a uma temática de ordem religiosa. Vejamos alguns exemplos: Caravaggio – voCação de São MateuS (1599) - óleo Sobre tela. 27 Caravaggio (1573 – 1610) não costuma seguir tão à risca os parâmetros da beleza clássica vista no Renascimento, pelo menos no que diz respeito aos modelos de suas obras. Costumava trazer para suas telas vendedores, ciganos, mú- sicos ambulantes, entre outras pessoas simples. A pintura acima evidencia as técnicas anteriormente comentadas: temática religiosa, figuras altamente realísticas de traços mais arredondados (criando sensação de movimento) e o trabalho com a entrada de luz artificial em espaços escuros da imagem. tintoretto – CriSto eM CaSa de Maria e Marta (1578) - óleo Sobre tela. Tintoretto (1515 – 1549) foi um artista que pintou te- mas variados, desde religiosos até mitológicos e retratos. Apresenta como características marcantes a ideia de os corpos das figuras serem mais expressivos que os rostos, além de um trabalho mais intenso com luzes e cores. Na pintura acima, vemos um tema religioso, mais comum à estética barroca. É possível notarmos uma espécie de li- nha diagonal que vai da mulher agachada até as duas figuras ao fundo. andrea Pozzo – a glória de Santo ináCio (1691 – 1694) - afreSCo no teto da igreja de Santo ináCio, eM roMa. Andrea Pozzo foi outro importante artista barroco, que fi- cou conhecido por suas pinturas nos tetos das igrejas. Sua obra mais conhecida é o afresco A glória de Santo Inácio, apresentado acima. Esse tipo de pintura explora intencional- mente a técnica da perspectiva, dando ao espectador uma sensação de que as colunas se emendam ao teto e, com isso, cria-se uma espécie de espaço celestial superior amplo, cujo objetivo seria criar uma intimidação de ordem religiosa no espectador. Esse intenso caráter religioso fez com que as pinturas em tetos de igrejas, que já aconteciam no Renasci- mento, passassem a ser ainda mais frequentes no período Barroco, sendo realizadas, inclusive, em igrejas brasileiras. 1.1.2. A escultura barroca na Itália Como já comentamos, a arte do Renascimento era carac- teriza por equilibrar aspectos intelectuais e emocionais. Já nas obras barrocas, esse equilíbrio desaparece e passa a existir uma maior exaltação dos sentimentos. Também, as formas da escultura prezam a ideia de movimento e, para isso, se valem de linhas curvas e formas arredondadas. São comuns os detalhamentos em vestimentas e também, no que diz respeito à coloração, o uso frequente do dourado. bernini – o êxtaSe de Santa tereSa. (1645 – 1652) – MárMore. A escultura acima é uma das mais conhecidas do perío- do barroco. Marcada por intensa dramaticidade, registra o momento em que Santa Teresa recebe a visita de um anjo que, portando uma flecha, fere seu peito com vários gol- pes. Alguns estudiosos de arte comentam que o gesto do anjo poderia denotar, em alguma medida, a ideia do amor místico de Deus, marcado por uma mescla de sentimentos de prazer e dor. 28 1.1.3. A arquitetura barroca na Itália A arquitetura do século XVII esteve centrada em palácios e igrejas, sendo que a Igreja Católica desejava proclamar com cada vez mais força o trunfo da fé cristã, realizando obras que tinham a intenção de impressionar pelo seu es- plendor. Os arquitetos deixam de lado qualquer perspectiva de racionalidade e passam a valorizar efeitos decorativos. Também, passa a haver uma preocupação com o entorno da obra arquitetônica, o que fez com passassem a ser de- senvolvidas estruturas paisagísticas. várioS artiStaS – baSíliCa de San lorenzo (SéC xvii) bernini (Projeto) - Praça de São Pedro (SéC. xvii) – viSão da baSíliCa de São Pedro. Acima, vemos todo o detalhamento na forma da Basílica, que passa receber mais cúpulas, além de ornamentações em seu interior. Também há a ideia de se realizar estruturas paisagísticas no entorno das basílicas, a fim de se ampliar a grandiosidade do monumento principal, como vemos na imagem da Praça de São Pedro, que fica ao lado da Basí- lica. b) O Barroco na Espanha e nos Países Baixos Entre os séculos XVII e XVIII, o estilo barroco expandiu-se pela Europa e foi adquirindo feições variadas a partir das particularidades existentes em cada nação. Surgem algu- mas marcas mais particulares na arquitetura, que trabalha com um maior uso de ornamentação, especialmente os pórticos decorados em relevo nos edifícios civis e religiosos. Catedral de Santiago de CoMPoStela (aCiMa – Parte frontal / abaixo – uM doS PórtiCoS CoM detalheS eM alto relevo). O maior destaque fica por conta da arte pictórica, que apresentou obras que abordavam temáticas mais amplas, em relação ao que se costumava ver no barroco italiano. Vejamos algumas pinturas importantes. I. Na Espanha el greCo – eSPólio (1579) – óleo Sobre tela. 29 O artista El Greco (1541 – 1614) ficou conhecido por suas obras que traziam o tema religioso com personagens em alinhamento mais verticalizado, como vemos na obra aci- ma. Essas figuras esguias e alongadas apresentam uma tentativa de se afastar do dado mais realístico, comum ao Renascimento, tentando recuperar o traço religioso dos mosaicos bizantinos. veláSquez – aS MeninaS (1656 – 1657) – óleo Sobre tela. Velásquez ficou famoso por retratar a corte espanho- la do século XVII. Dentre esses retratos está a famosa pintura As meninas, na qual o artista faz uso da técnica do chiaroscuro para dar destaque à figura da infanta Margarita no centro do quadro. Essa obra também nos mostra as relações entre artistas e as cortes absolutistas do século XVII. II. Nos Países Baixos Peter Paul rubenS – a dePoSição da Cruz (1610 – 1611) – óleo Sobre tela A pintura acima, de Peter Paul Rubens, segue a linhagem religiosa, valendo-se da técnica do claro-escuro para ilu- minar um cristo que, mesmo crucificado, apresenta uma postura e corpo em postura heroica. reMbrandt – a lição de anatoMia do doutor tulP (1632) – óleo Sobre tela. Em suas obras, Rembrandt apresentava uma técnica de usos de luz bastante sofisticada, que explorava não só os claros e os escuros da obra, mas várias sobreposições de figuras (na obra acima vemos como cada um dos homens se coloca por trás e por cima dos outros para poder acom- panhar a lição de anatomia) e tonalidades de luz. Vemos também que o tema não é religioso, mas de ordem científi- ca, mostrando, em alguma medida, avanços em pesquisas de área médica. johanneS verMeer – a leiteira (1658) – óleo Sobre tela. Acima, a pintura de Vermeer nos mostra o interesse dos artistas barrocos dos Países Baixos em realizar registros também de pessoas que não fossem ligadas à aristocracia. Além disso, temos um trabalho aqui mais delicado com a luz, que parece prenunciar algumas abordagens que en- contraremos nas escolas posteriores. 1.2. O Rococó O Rococó foi um estilo decorativo e leve que surgiu como uma evolução e também uma reação ao caráter sombrio e pesado visto no Barroco. Surgiu na França na virada do sécu- lo e floresceu por toda Europa durante boa parte do Século XVIII, permanecendo popular até a década de 1770, quan- do,aos poucos, foi cedendo espaço ao Neoclassicismo. 30 Tratava-se de um estilo que misturava elegância, charme, graça e algum erotismo divertido. Há um interesse por uma frágil decoração profusamente colorida, e por temas que fossem mais triviais e simples do que edificantes. As cores sombrias e pesadas do barroco e também suas dourações excessivas dão lugar a claros rosas, azuis e verdes, desta- cando-se também, com frequência, o branco. Há também personagens que vivem em um clima de forte hedonismo. Acredita-se que o nome do estilo seja oriundo de uma brin- cadeira pejorativa feita por um aluno do famoso pintor Jac- ques-Louis David, que misturou a palavra francesa “rocaille” – que era usada para se referir a um estilo extravagante e bobo feito com pedras e muito usado para ornamentação em fontes– com a palavra “barocco”, (com um “r” e dois “cês”, de origem italiana, e que fazia referência ao estilo Barroco que estudamos). A brincadeira ficava por conta de os artistas neoclássicos considerarem o Rococó um estilo bobo e ornamentado que degradava de maneira cômica o Barroco. Com o passar do tempo a palavra perdeu o tom de deboche. Vejamos algumas obras: françoiS bouCher – PaStor toCando flauta Para uMa PaStora (C.1747 – 1750) – óleo Sobre tela. Vemos que a temática da pintura de François Boucher se aproxima muito do que veríamos na estética literária árca- de (que começava a ser colocada em prática no período), trazendo para o centro da pintura a figura do pastor em um ambiente tranquilo e bucólico. jean-honoré fragonard – o balanço (1767) - óleo Sobre tela. Na obra acima vemos as características das obras do Rococó, como o apego às tonalidades claras, com uso de verde e rosa, expressões da natureza (cuja imagem lembra a temática do carpe diem e sua ideia de afastamento do espaço urbano). 1.3. Neoclassicismo O Neoclassicismo foi um estilo dominante na arte ociden- tal do fim do século XVIII até meados de 1830. Em sua forma mais básica, foi um movimento artístico que seguia a tendência de reaproximação com o espírito racional das grandes civilizações da Grécia e de Roma antigas e rea- gir ao hedonismo e à frivolidade do Rococó. Após o longo período de controle religioso do Barroco, os valores ilumi- nistas colocam em cena o desejo de retomada de um pen- samento mais racional. Vejamos algumas obras do período. jaCqueS louiS david – a Morte de SóCrateS (1787) Na obra acima, de Jacques Louis David, constatamos uma nova retomada de temáticas relacionadas à Antiguidade Clássica, algo que marcou o período Neoclássico da pintu- ra. O autor resgata a história em que Sócrates foi acusado de corromper a juventude de Atenas e introduzir falsos deuses e, portanto, foi condenado a morrer tomando cicu- ta (um tipo de veneno). Sócrates usa sua morte como uma lição final para seus pupilos, ao invés de fugir quando a oportunidade surgiu, e encara a morte calmamente. 1.4. O Barroco e o Rococó no Brasil Antes de iniciarmos as primeiras discussões sobre arte no Brasil, vale ressaltar que o título desse tópico fala apenas de Barroco e Rococó justamente pelo fato de não termos uma experiência neoclássica declarada, como ocorreu na Europa. Aqui no Brasil, as marcas da estética neoclássica surgirão como um modelo de influência já dentro do Romantismo, que estudaremos na próxima aula. No que diz respeito ao Barroco, desenvolveu-se do século XVII ao início do sécu- lo XIX (quando já havia sido praticamente abandonado na Europa). Sua maior expressão ocorreu na arquitetura e na escultura, com predominância da temática religiosa. Já a pin- tura, em geral, foi realizada em afrescos dentro das igrejas, seguindo, evidentemente, o tema religioso. 31 No que diz respeito ao Rococó, algumas linhas desse estilo foram absorvidas pelos arquitetos de igrejas e escultores do período, mas sem que se bloqueassem por completo as influências barrocas. Nesse sentido, o Rococó no Brasil era trabalhado quase que simultaneamente ao Barroco na ornamentação de algumas catedrais e na tonalidade de cores de algumas esculturas. igreja de noSSa Senhora do CarMo (reCife – PernaMbuCo) igreja de São franCiSCo de aSSiS (ouro Preto – MinaS geraiS) Em regiões mais desenvolvidas do Brasil, especialmente naquelas que enriqueceram por conta das atividades de cultivo de açúcar e de trabalhos com mineração (Pernam- buco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro) vemos igrejas mais bem ornamentadas no estilo barroco, com talhes dou- rados, esculturas refinadas e produções feitas por artistas de renome. Além, é claro, da imponência ligada às grandes dimensões de verticalidade que as construções possuíam. As igrejas de São Francisco de Assis, em Minas Gerais; e São Pedro dos Clérigos, em Pernambuco – são exemplos de igrejas imponentes, marcadas pela surpreendente ver- ticalidade. A primeira mencionada, chegou a virar tema de um poema de Carlos Drummond de Andrade em que o eu lírico confessa o seu espanto diante da grandiosidade da parte externa da igreja, além de se mostrar surpreendido pelo modelo de pintura da parte interna, que parece trazer o céu para perto do espectador. São Francisco Não creio em vós para vos amar. Trouxestes-me a São Francisco e me fazeis vosso escravo. Senhor, não mereço isto. Não entrarei, senhor, no templo, seu frontispício me basta. Vossas flores e querubins são matéria de muito amar. Dai-me, senhor, a só beleza destes ornatos. E não a alma. Pressente-se dor de homem Paralela à das cinco chagas. Mas entro e, senhor, me perco na rósea nave triunfal. Por que tanto baixar o céu? Por que esta nova cilada? Senhor, os púlpitos mudos entretanto me sorriem. Mais que vossa igreja, esta sabe a voz de me embalar. Perdão, senhor, por não amar-vos. (CarloS druMMond de andrade. Claro enigMa, 1951). frei jeSuíno do Monte CarMelo – teto da CaPela- Mor da igreja do CarMo (itu – São Paulo) 32 MeStre ataíde – teto da igreja de São franCiSCo de aSSiS (ouro Preto – MinaS geraiS) As imagens acima foram realizadas no teto de importantes igrejas barrocas brasileiras. Destaca-se o trabalho de Manuel da Costa Ataíde, mais conhecido como Mestre Ataíde, ce- lebrado artista do Barroco-Rococó mineiro, e que teve uma grande influência sobre os pintores da sua região através de numerosos alunos e seguidores, os quais, até a metade do século XIX, continuaram a fazer uso de seu método de com- posição, particularmente em trabalhos de perspectiva no teto de igrejas. 1.4.1. As esculturas de Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho) Além de arquiteto e decorador de igrejas, Antônio Francis- co Lisboa foi um importante escultor do período Barroco no Brasil. Embora tenha produzido grandes trabalhos na região de Ouro Preto, seu conjunto escultórico de maior destaque fica no santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, no qual vemos um conjunto de estátuas que narra o percurso da paixão de Cristo. A seguir, vemos algumas das imagens que compõem o conjunto. CriSto no horto daS oliveiraS CriSto Carregando a Cruz Para finalizarmos, vale a pena reiterar que a estética neo- clássica surgirá no Brasil já no século XIX, como um modelo de influência da arte romântica, Será, em alguma medida, um modelo artístico que será implantado após a formação das primeiras academias de arte no Brasil. 33 Leitura de imagens iV: da arte romântica ao Pós-imPressionismo CompetênCias: 1, 6 e 8 Habilidades: 1, 3, 4, 18, 19, 25 e 27 AULA 19 1. Romantismo O Romantismo surge como uma reação ao Neoclassicismo e está situado historicamente entre os anos de 1820 e 1850. A estética romântica também tem conexão com a Revolução Francesa, mas já com uma certa decepção em torno do movi- mento: isso porque os pensadores iluministas – que tiveram importante papel influenciador dos movimentos – tentaram em suas teorias buscar uma ordem mais racional que substi- tuísse ideais religiosos, no entanto a tal racionalidade condu- ziu a burguesia a um conjunto
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