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LEIS-PENAIS-ESPECIAIS (2)

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 
1 CONCEITO ...................................................................................................... 5 
2 CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE ........................................................ 5 
3 CRIMES DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ............................................. 9 
4 CRIMES DE TRÂNSITO ............................................................................... 13 
5 CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
 ............................................................................................................. 17 
6 CRIMES PREVISTOS NA LEI DE INTORPECENTES ................................. 26 
6.1 Infrações penais de menor potencial ofensivo prevista na Nova Lei de 
Drogas ................................................................................................. 32 
6.2 Crimes apenados de detenção ............................................................ 33 
6.3 Crimes apenados com reclusão .......................................................... 34 
6.4 Causas de aumento da pena ............................................................... 36 
6.5 Inimputabilidade e Semi imputabilidade .............................................. 37 
6.6 Delação premiada ................................................................................ 38 
7 ESTATUTO DO DESARMAMENTO ............................................................. 38 
8 JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL ................................................................. 41 
8.1 Conceito .............................................................................................. 41 
8.2 Princípios ............................................................................................. 41 
8.3 Competência ....................................................................................... 45 
8.4 Medidas Despenalizadoras ................................................................. 46 
8.5 Representação criminal nos crimes de lesões corporais leves e lesões 
culposas .............................................................................................. 47 
8.6 Impeditivos processuais ...................................................................... 48 
8.7 Execução ............................................................................................. 49 
8.8 Recursos ............................................................................................. 49 
9 REFERÊNCIAS BIBIOGRAFICAS ............................................................... 52 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – 
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se 
ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida 
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta 
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma 
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso 
da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base 
e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o 
dia da semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a 
ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
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1 CONCEITO 
 
 
Lei especial é a que a Constituição confia à disciplina de matéria 
determinada, e o direito penal especial é direcionado a uma classe de indivíduos 
de acordo com sua qualidade especial, e atos ilícitos particularizados. Pode-se 
falar em legislação penal especial como sendo as normas penais que não se 
encontram no referido estatuto, mais é constituída pelos demais diplomas legais 
aplicados por órgãos especiais constitucionalmente previstos. 
 
 
2 CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 
A Lei 13.869/19 cuja vigência substituiu a predecessora lei 4.898/65, e 
cuida dos crimes de abuso de autoridade tendo em vista que o ordenamento 
jurídico observou a necessidade da adoção de tipos penais mais taxativos para 
os delitos, visando que autoridades no exercício da sua função poderá ser 
responsabilizada em três esferas: penal, cível e administrativa. 
 
Na nova legislação da Lei de Abuso de Autoridade o artigo 1º 
estabelece o seguinte: 
 
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos 
por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções 
ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido 
atribuído. 
 
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de 
autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica 
de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, 
por mero capricho ou satisfação pessoal. 
 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e 
provas não configura abuso de autoridade. (BRASIL, 2019) 
 
 
 
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Para caracterizar o abuso de autoridade é necessário que haja o dolo 
específico conforme previsto na lei, as finalidades exigidas e específicas para 
configurar esse crime, são: 
 
- Prejudicar outrem 
- Beneficiar a si mesmo 
- Beneficiar terceiros 
- Por mero capricho 
- Por satisfação pessoal 
 
O artigo 2º da lei nº 13.869/2019 se trata de crime próprio, praticado pelos 
agentes públicos e dispõe o seguinte: 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente 
público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou 
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas 
não se limitando a: 
 
I - Servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
II - Membros do Poder Legislativo; 
III - membros do Poder Executivo; 
IV - Membros do Poder Judiciário; 
V - Membros do Ministério Público; 
VI - Membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, 
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou 
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, 
emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste 
artigo. (BRASIL, 2019) 
 
Os agentes públicos que mantem vínculo com o Estado atuarão como 
sujeito ativo do delito de abuso de autoridade, e os agentes políticos, conforme 
o entendimento do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) são considerados agentes 
públicos para efeito da lei. 
 
O art. 3º da Lei n. 13.869/19 dispõe que os crimes previstos são de ação 
penal pública incondicionada: 
 
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Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública 
incondicionada. 
 
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for 
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, 
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos 
do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo 
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como 
parte principal. 
 
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) 
meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento 
da denúncia. (BRASIL, 2019) 
 
Os efeitos da condenação são todos os resultados que direta ou 
indiretamente, atingem a pessoa do condenado por sentença transitada em 
julgado. É possível concluir que o efeito da condenação constante do art.4º, 
inciso I da lei 13.869/19 –
obrigação de reparar o dano causado pelo crime – é 
um efeito extrapenal obrigatório em relação aos crimes de abuso de autoridade. 
 
Já os art.5º ,6º e 7º da Lei n.13.869/2019, dispõe que: 
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de 
liberdade previstas nesta Lei são: 
 
I - Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
 
II - Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo 
prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das 
vantagens; 
 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas 
autônoma ou cumulativamente. 
 
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas 
independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa 
cabíveis. 
 
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que 
descreverem falta funcional serão informadas à autoridade competente 
com vistas à apuração. 
 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes 
da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a 
autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo 
criminal. 
 
 
 
 
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Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no 
administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o 
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em 
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
(BRASIL, 2019) 
 
A sentença absolutória não exerce influência sobre o processo civil e 
administrativo, salvo que haja inexistência categoricamente material do fato ou 
que afaste autoria e participação. De tudo isso destaca-se a importância de se 
analisar em conjunto o art. 386 do CPP cujos os incisos dispõem sobre os 
fundamentos da sentença absolutória. 
 
 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: I - Estar provada a inexistência do 
fato; neste caso o juiz formou sua convicção no sentido na inocorrência 
do fato, excluindo assim responsabilização em qualquer esfera. II - Não 
haver prova da existência do fato; esta decisão é proferida quando, por 
ocasião da sentença, persistir dúvida quanto a existência do fato 
delituoso. Trata-se de decisão baseada na regra do in dubio pro reo. 
Logo, não faz coisa julgada no âmbito cível e administrativo. III - não 
constituir o fato infração penal; não constituir o fato infração penal não 
significa ca que o fato não causou prejuízo a outrem, ou seja, passível 
de responsabilização civil ou administrativa. IV – estar provado que o 
réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 
11.690, de 2008) Nos mesmos moldes do inciso I essa decisão é 
baseada em um juízo de certeza e, portanto, afasta responsabilização 
em todas as esferas uma vez que o sujeito não concorreu para pratica 
do ato. V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração 
penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) O juízo penal para 
condenação deve ser baseado em um juízo de certeza, convicção de 
que o indivíduo concorreu de alguma maneira para infração penal. Uma 
vez não tendo convicção de tal autoria ou participação não resta ao juiz 
decisão outra que absolver o réu, porém, como as regras de 
responsabilização administrativas e civis por envolverem bens 
disponíveis são mais maleáveis, tal sentença penal não interfere em 
outras esferas. VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou 
isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos 
do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua 
existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 19 VII – não 
existir prova sufi ciente para a condenação. (BRASIL, 2019) 
 
A nova lei vale destacar: 
 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta 
desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes 
vetadas) Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, 
dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a prisão manifestamente 
ilegal; II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou 
de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; III - 
deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente 
cabível. (BRASIL, 2019) 
 
No art.13 da Lei de abuso de autoridade é nítido a preocupação com a 
honra do preso/detento: 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave 
ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade 
pública; 
 
II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
 
III - (VETADO). (Promulgação partes vetadas) 
 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da 
pena cominada à violência. (BRASIL, 2019) 
 
 
O art. 14 em sua redação original previa a conduta de fotografar ou filmar 
o detento sem sua autorização mediante constrangimento. Contudo tal 
dispositivo foi vetado sob argumentação de causar insegurança jurídica por se 
tratar de tipo penal aberto. 
 
 
3 CRIMES DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
A interceptação telefônica quanto à natureza jurídica consiste no ato de 
interferir nas comunicações telefônicas para ter acesso ao seu conteúdo, é uma 
obtenção de prova, uma captação (sem interrupção) de conversa telefônica 
alheia, sem que os interlocutores tenham ciência da ingerência de um terceiro 
na comunicação. Sendo assim, a art. 5º, inciso XII da CF/88 é de clareza solar, 
ele diz o seguinte: “A interceptação telefônica pode ser utilizada na investigação 
criminal ou instrução processual penal, ou seja, a interceptação somente vale 
como prova criminal. ” (BRASIL,1988) 
 
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A Lei 13.869/2019 que foi sancionada em 05 de dezembro de 2019, 
revogou expressamente a antiga Lei 4.898/1965, além de alterações relevantes 
na Lei de Prisão Temporária, na Lei das Interceptações Telefônicas, no Código 
Penal e no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Vale ressaltar que a interceptação telefônica é uma medida regrada pela 
Lei nº 9.296/96, tendo legitimidade a autoridade policial e o Ministério Público 
para representação e requerimento. O juiz também é legitimado na fase 
inquisitorial bem como na fase processual com o surgimento da Lei 13.964/2019, 
intitulada de Lei Anticrime, com o objetivo de combater o crime organizado, a 
violência e principalmente a corrupção, e passou a prever a competência do 
Juízo da Execução Penal: 
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida 
de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda 
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e 
suspensivas da prescrição. (BRASIL, 2019) 
 
A Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, modificou a redação do caput 
e do parágrafo primeiro do artigo 75 do Código Penal, para modificar o limite de 
30 para 40 anos: 
 
 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade 
não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. 
 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade 
cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser 
unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (BRASIL, 2019) 
 
 
 
Cumpre destacar que a modificação só será aplicada para os crimes 
cometidos após o início de vigência da Lei 13.964/2019, por se tratar de lei penal 
posterior que prejudica o réu. 
A interceptação por ser uma medida de extrema gravidade tem alguns 
requisitos: 
 
 
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- Autorização judicial - esse instrumento constitui uma restrição do direito à 
intimidade, e cabe ao Juiz de Direito analisar a procedência do pedido e 
determinar a medida, que também chamamos de cláusula de reserva de 
jurisdição. 
 
- Último meio de prova
disponível - a interceptação telefônica será utilizada 
quando todos os outros meios de prova falharem. 
 
- Existência de indícios suficientes de autoria ou participação em infração penal 
é preciso verificar os indícios suficientes para que o Juiz possa determinar a 
interceptação telefônica, ou seja, essa medida não se verificará quando houver 
mera suspeita, é necessário que haja evidências plausíveis para indicar 
determinada pessoa como autor ou partícipes de um delito. 
 
- Crime deve ser punido com reclusão – é necessário que haja o deferimento de 
prova, ou seja, que o crime que está sendo apurado. 
 
- Seja punido com reclusão - esse processo só é permitido em crimes mais 
graves, como: homicídio, roubo, falsidade ideológica, tráfico de drogas, extorsão 
mediante sequestro, entre outros. 
 
Cabe às seguintes autoridades requererem a captura das conversas 
telefônicas: o Delegado de Polícia durante o inquérito policial, e o representante 
do Ministério Público a qualquer tempo, e Juiz analisará o pedido e o autorizará 
ou não. 
Quanto à gravação clandestina, ela ocorre quando um dos interlocutores 
realiza a gravação sem o consentimento do outro. Essa medida é feita para 
provar algum crime ou escuta por quem está realizando o ato, e, segundo os 
Tribunais Superiores, é uma prova lícita. Vale alertar que realizar interceptação 
telefônica sem autorização é crime previsto no art. 10º da Lei nº 9.296/96, com 
punição de reclusão de dois a quatro anos: 
 
 
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Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações 
telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta ambiental 
ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com 
objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei nº 13.869 
de 2019) 
 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação 
dada pela Lei nº 13.869 de 2019) 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que 
determina a execução de conduta prevista no caput deste artigo com 
objetivo não autorizado em lei. (Incluído pela Lei nº 13.869 de 2019) 
 
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, 
ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem 
autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que 
descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a 
captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto 
mantido o sigilo judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 
De acordo com a Constituição Federal e a Lei de Interceptação Telefônica, 
essa medida é utilizada em instruções penais, ou processuais penais, havendo 
uma ressalva feita pelos Tribunais Superiores que permite a aplicação dessa 
prova em procedimentos administrativos. O entendimento do STJ é que as 
captações de conversas telefônicas são como ”provas emprestadas” nos 
processos administrativos, ou seja, esse meio de prova não pode ser deferido 
originalmente com base em litígio administrativo, e podendo ser usado a 
interceptação para observar todos os pressupostos. 
Em vista disso, nota-se que a interceptação telefônica é um meio de prova 
importante no esclarecimento de algumas situações, e deve ser utilizado com 
muito cuidado para que não sejam feridos direitos fundamentais do cidadão. 
 
 
 
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4 CRIMES DE TRÂNSITO 
 
Os atos que são considerados crimes de trânsito estão previstas no 
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) da Lei nº 9.503/97 sendo um documento 
legal que define atribuições de diversas autoridades e órgãos ligados ao trânsito 
do Brasil, estabelece normas de conduta, fornece diretrizes para a engenharia 
de tráfego, infrações e penalidades para usuários desse complexo sistema. 
 No dia 13 de outubro de 2020 foi criada a Lei nº 14.071/20 E que traz 
normas gerais de circulação e conduta, mas não se trata de um novo código, é 
apenas uma lei com alteração à redação final do CTB (lei 9.503/97). 
Trataremos de algumas das principais mudanças: 
- Aumento na validade da CNH-todos os documentos emitidos a partir de hoje 
passam a valer 10 anos para condutores de até 50 anos de idade, acima dessa 
idade será a cada 5 anos. E para idosos acima de 70 anos de idade anos devem 
emitir um novo documento a cada três anos: 
 
“Art. 147, § 2º O exame de aptidão física e mental, a ser realizado no 
local de residência ou domicílio do examinado, será preliminar e 
renovável com a seguinte periodicidade: 
 
I - A cada 10 (dez) anos, para condutores com idade inferior a 50 
(cinquenta) anos; 
 
II - A cada 5 (cinco) anos, para condutores com idade igual ou superior 
a 50 (cinquenta) anos e inferior a 70 (setenta) anos; 
 
III - a cada 3 (três) anos, para condutores com idade igual ou superior 
a 70 (setenta) anos. 
 
§ 4º Quando houver indícios de deficiência física ou mental, ou de 
progressividade de doença que possa diminuir a capacidade para 
conduzir o veículo, os prazos previstos nos incisos I, II e III do § 2º 
deste artigo poderão ser diminuídos por proposta do perito examinador. 
 
§ 6º Os exames de aptidão física e mental e a avaliação psicológica 
deverão ser analisados objetivamente pelos examinados, limitados aos 
aspectos técnicos dos procedimentos realizados, conforme 
regulamentação do Contran, e subsidiarão a fiscalização prevista no § 
7º deste artigo. 
 
§ 7º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do 
Distrito Federal, com a colaboração dos conselhos profissionais de 
medicina e psicologia, deverão fiscalizar as entidades e os 
profissionais responsáveis pelos exames de aptidão física e mental e 
pela avaliação psicológica no mínimo 1 (uma) vez por ano. ” (NR). 
(BRASIL, 2020) 
 
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- Nova pontuação - a partir de agora há uma gradação no aumento na pontuação 
da carteira e dependendo da gravidade da infração o condutor pode perder o 
documento com 20, 30 ou 40 pontos acumulados no prazo de 1 ano (12 meses). 
Para quem é motorista profissional a regra é sempre de 40 pontos e os que se 
enquadram nesse perfil são os taxistas, motoristas de aplicativos, moto taxistas 
e caminhoneiros. 
 
- Curso de reciclagem somente 30 pontos - os profissionais dessa área que 
acumularem 30 pontos em 1 ano (12 meses) será necessário fazer o curso de 
reciclagem para só assim zerar a pontuação: 
 
“§ 5º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, 
a penalidade de suspensão do direito de dirigir de que trata o caput 
deste artigo será imposta quando o infrator atingir o limite de pontos 
previsto na alínea c do inciso I do caput deste artigo, 
independentemente da natureza das infrações cometidas, facultado a 
ele participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, no 
período de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme 
regulamentação do Contran. ” (BRASIL, 2020) 
 
 
- Multas viram advertências – as infrações leves ou médias sem reincidência no 
prazo de 1 ano (12 meses) se tornam apenas advertências, e os pedestres não 
poderão mais ser multados. 
 
- Porte da CNH não obrigatório – essa mudança possibilita que o condutor possa 
conduzir sem a CNH, salvo se acontecer alguma abordagem e for possível 
identificação ao sistema informatizado e comprove que o motorista está 
habilitado (CNH digital). A CNH digital também passa a valer como um 
documento de identidade em todo o território nacional. 
 
- Exames toxicológicos – o condutor que for flagrado dirigindo em velocidade 
acima de 50% do limite permitido, não terá apreensão imediata, nem a 
suspensão da carteira, o motorista entrará em um processo administrativo para 
perder a CNH. 
 
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- Licenciamento
só depois do recall - essa alteração se refere à obrigatoriedade 
do recall. Os veículos que não comparecerem ao recall em prazo superior a 1 
ano (12 meses) terá isso registrado no CRVL. Sendo assim, o motorista só 
poderá ser licenciado novamente depois de comprovado o atendimento para 
reparo. 
 
- Faróis acesso - pelo novo texto é obrigatório o uso de farol baixo apenas em 
rodovias de via simples. E passa a ser obrigatório por lei acender as luzes em 
qualquer tipo de túnel, sob neblina ou cerração. Já as motos a obrigatoriedade é 
manter as luzes acessas o tempo todo. 
 
- Cadeirinhas - por obrigatoriedade foi mantida o uso da cadeirinha, e o código 
prevê multa gravíssima para o não cumprimento, o que mudou é o limite de 
altura: Crianças de 1,45 metro de até 10 anos devem usar o dispositivo de 
retenção por lei. E motos, motonetas, ciclomotores só poderão transitar com 
crianças acima de dez anos. 
 
- Prazo estendido para defesa prévia - o prazo para indicar o condutor e para 
apresentação de defesa prévia sobe de 15 para 30 dias. 
 
- Multa ao parar em ciclovia – o condutor que será passível de multa caso utilizar 
ciclovias ou ciclo faixas como embarque ou desembarque, ou até mesmo se 
utilizar como estacionamento. De acordo com o texto, o motorista poderá receber 
multa de R$ 195,23 (infração grave) e soma de 5 pontos na CNH. Vale ressaltar 
que agora é considerado um ato passível de multa ultrapassar ciclistas, podendo 
receber multa gravíssima de R$ 293,47 e soma de 7 pontos na carteira. 
 
- Fim da prisão alternativa aos condutores condenados por homicídio culposo - 
essa norma impede que ocorra uma substituição da prisão por apenas alternativa 
aos condutores que sob efeito de substancias psicóticas, álcool, provocarem 
lesão corporal ou morte. A ideia é proibir que o motorista que cometer algum 
desses atos possa cumprir penas alternativas ao invés da prisão. 
 
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- Multa mais leve para motociclistas sem viseira ou óculos – quem conduzir 
motocicleta, motoneta ou ciclomotor com capacete sem viseira/óculos de 
proteção ou com viseira/óculos em desacordo com o Contran estará cometendo 
uma infração média. Sendo assim, o condutor será passível de multa de R$ 
130,16, além da retenção do veículo para regularização: 
 
“Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor: 
 
I - Sem usar capacete de segurança ou vestuário de acordo com as 
normas e as especificações aprovadas pelo Contran; 
 
IV - (revogado); 
 
V - Transportando criança menor de 10 (dez) anos de idade ou que não 
tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar da própria segurança: 
 
Infração - gravíssima; 
 
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; 
Medida administrativa - retenção do veículo até regularização e 
recolhimento do documento de habilitação; 
 
X - Com a utilização de capacete de segurança sem viseira ou óculos 
de proteção ou com viseira ou óculos de proteção em desacordo com 
a regulamentação do Contran; 
 
XI - transportando passageiro com o capacete de segurança utilizado 
na forma prevista no inciso X do caput deste artigo: 
 
Infração - média; 
 
Penalidade - multa; 
 
Medida administrativa - retenção do veículo até regularização; 
 
XII – (VETADO). (BRASIL, 2020) 
 
Essa iniciativa do Governo Federal veio como uma aposta de campanha, 
com intuito de torna-lo mais adequado a nossa realidade, eliminando os 
excessos que causam grande desconforto a população. 
A partir de agora o CTB passa a ter a seguinte norma: 
“Art. 134. No caso de transferência de propriedade, expirado o prazo 
previsto no § 1º do art. 123 deste Código (30 dias) sem que o novo 
proprietário tenha tomado as providências necessárias à efetivação da 
expedição do novo Certificado de Registro de Veículo, o antigo 
proprietário deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do 
 
17 
 
Estado ou do Distrito Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias, cópia 
autenticada do comprovante de transferência de propriedade, 
devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se 
responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas 
reincidências até a data da comunicação. 
 
Parágrafo único. O comprovante de transferência de propriedade de 
que trata o caput deste artigo poderá ser substituído por documento 
eletrônico com assinatura eletrônica válida, na forma regulamentada 
pelo Contran.” (NR) (BRASIL, 2020) 
 
Verifica-se nesse caso que houve o aumento do prazo, antes era de 30 
dias, e agora são 60 dias para a comunicar a venda, possibilitando que os 
processos sejam eletrônicos. 
No artigo 233 do CTB também houve modificação, esse trata da infração 
propriamente dita. Houve a diminuição da pontuação e consequentemente do 
valor da multa quando o cidadão não concluir o procedimento de transferência 
dentro do prazo legal junto ao Detran. Sendo considerada infração média. 
 
 
5 CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
 
Essas agressões têm graves consequências por serem complexas, 
desumanas e não ocorrerem isoladamente, podendo ser considerado ato de 
violação aos direitos humanos, vejamos os tipos de violência: 
A violência física é qualquer conduta que que ofenda a integridade ou 
saúde corporal: espancamento, atirar objetos, sacudir e apertar os braços, 
estrangulamento ou sufocamento, lesões com objetos cortantes ou perfurantes, 
ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo e tortura. 
A violência psicológica é qualquer conduta que cause danos emocionais, 
diminuição da autoestima, perturbação do desenvolvimento, ou atitudes que 
tente controlar ações, crenças e comportamentos (decisões), exemplos: 
humilhação, ameaças, manipulação, isolamento, vigilância constante, 
perseguição, insultos, limitação no direito de ir e vir, etc. 
A violência sexual pode ser qualquer conduta não desejada que 
constranja, mediante uso de força, ameaça ou coação: estupro, obrigar a mulher 
a fazer atos sexuais que causem desconforto ou repulsa, impedir o uso de 
 
18 
 
 
métodos contraceptivos ou forçar a mulher ao aborto, forçar matrimônio, 
prostituição, limitar ou anular o exercício dos direitos reprodutivos da mulher. 
Na violência patrimonial o companheiro usa o dinheiro ou toma posse dos 
bens materiais para controlar a mulher, visando satisfazer suas necessidades e 
passa a: controlar o dinheiro, não paga a pensão alimentícia, destruição de 
documentos, extorsão ou dano, estelionato, etc. 
E a violência moral é qualquer calúnia, difamação ou injúria: acusar a 
mulher de traição, críticas mentirosas, expor a vida íntima, etc. 
A Lei nº 11.340, no dia 07 de agosto de 2006 conhecida como Lei Maria 
da Penha, dispõe que todo caso de violência doméstica ou intrafamiliar é crime. 
Esses crimes serão julgados por: Juizados Especializados de Violência 
Doméstica contra a Mulher. 
 
O artigo 5º, da Lei 11.340/06, define o que configura violência doméstica 
e familiar: 
 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e 
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero 
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e 
dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) I 
- no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, 
inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, 
compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou 
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade 
ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na 
qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações 
pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
(BRASIL, 2006) 
 
Valéria Diez Scarance Fernandes (2015) leciona sobre a violência física: 
Normalmente, a violência física manifesta-se por tapas, socos, 
empurrões
e agressões com instrumentos, contundentes ou cortantes, 
que podem provocar marcas físicas e danos à saúde da vítima. 
Conforme a gravidade do resultado e as circunstâncias do fato, pode 
ser tipificada como vias de fato, lesão corporal, tortura ou feminicídio 
(FERNANDES, 2015, p. 60) 
 
 
19 
 
 
Lei Maria da Penha: 
 
É vista como uma das leis mais famosas do país, esse instrumento 
legislativo ganhou destaque por refletir na vida de várias mulheres que sofrem 
violência, seja ela física, psicológica, moral ou sexual. 
A lei Maria da Penha está intimamente ligada a atuação de diversas áreas 
profissionais, o que eleva ainda mais a sua importância, essa lei é um 
instrumento legislativo que tem como objetivo principal criar mecanismos para 
coibir, prevenir e proteger qualquer violência de gênero em âmbito doméstico e 
familiar tentado contra a vida da mulher. Além de ter se tornado um dispositivo 
legal para punir rigorosamente quem cometa esse tipo de violência. 
Um dos pontos que se destacam são: concessão de medida protetiva de 
urgência em até 48 horas; decretação de prisão preventiva do agressor; 
tipificação da violência doméstica e familiar contra a mulher; renúncia da 
denúncia somente peranteo juiz; e proibição de penas pecuniárias ao agressor 
(pagamento de multas ou cestas básicas). 
Muitos dos casos, a violência se relaciona com uma forte presença de 
cultura machista, que acaba resultando na maioria das vezes em vítimas do sexo 
feminino. Essa cultura machista imposta na sociedade, dá a mulher papéis pré-
estabelecidos, como por exemplo, cuidar dos filhos, do ambiente doméstico, e 
muita das vezes mesmo que tenha um trabalho, e tenha autonomia financeira, 
ainda assim terá que se dividir em várias, para conseguir assumir todas as 
responsabilidades anteriormente impostas. 
 Temos também a violência de gênero, que é composta de resultados de 
construção social, ou seja, é resultado de uma dominação do sexo masculino 
sobre o sexo feminino, que acaba por resultar e se justificar as violências físicas, 
sexuais, morais ou patrimoniais, deles contra elas. 
 Muitos autores que praticam violência doméstica, tendem a culpabilizar a 
vítima e negar sua responsabilidade pelo episódio agressivo, usando várias 
desculpas como por exemplo, interferência de terceiros na relação, 
comportamento indevido da companheira, os cuidados com os filhos e os 
afazeres domésticos. É o que se depreende de alguns relatos: 
 
20 
 
 
 
Ela me incomoda. Às vezes não dá pra aguentar; ela que quer tá certa; 
ela humilha, magoa a gente. A minha mulher não se preocupa em fazer 
a comida pra quando eu chego em casa e ainda por cima às vezes 
quando vou comer se foi ela que comprou me provoca dizendo que eu 
vou comer a comida dela. Ela quer mandar em casa!!! Quer dominar, 
quer sempre que a gente faça... Seja a perfeição ... o que é a 
perfeição.... não ir com os amigos depois do trabalho no armazém, não 
fazer nada. 'a própria língua delas desestrutura o homem, daí o cara 
não tem como, começa a rebaixar, daí vai indo, daí uma hora não tem 
limite, daí ele já está no ponto'; Não cheguei a bater... não... 
fisicamente... é que a minha mulher escutava muito os outros lá de 
fora... Daí eu virava num bicho. (ROSA et al, 2008, p. 156,157 e 158) 
 
 
Sendo assim, a reeducação do agressor é imprescindível para uma 
eficácia do processo preventivo e protetivo, pois a partir daí que o autor da 
violência doméstica adotará novas condutas ao se relacionar com a mulher, e 
com isso evitará reincidência no crime contra a mesma vítima ou 
relacionamentos futuros. 
 
Conceito: 
 
Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por razões da 
condição de sexo feminino, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto 
mulher, ou seja, é como se as mulheres tivessem menos direitos do que os 
homens. A Lei nº 13.104/2015 veio para mudar esse panorama, e previu que o 
feminicídio deve ser punido como homicídio qualificado. 
Luciana Maibash Gebrim e Paulo César Corrêa Borges (2014), doutrinam 
sobre o conceito de feminicídio: 
 
 O femicídio/feminicídio representa uma violência extrema contra a 
mulher pelo fato tão somente de ser mulher e ataca o principal bem 
jurídico protegido pelo Direito Penal, a vida; porém, apresenta caráter 
sistemático, decorrente de relações de poder, de discriminação e de 
opressão baseadas no patriarcado, que transformam a mulher em um 
ser inominado, sem vontade própria, incapaz de reverter a situação na 
qual se encontra. (GEBRIM; BORGES, 2014) 
 
 
 
21 
 
 
Francisco Dirceu Barros (2015), também define o feminicídio: 
O feminicídio pode ser definido como uma qualificadora do crime de 
homicídio motivada pelo ódio contra as mulheres, caracterizado por 
circunstâncias específicas em que o pertencimento da mulher ao sexo 
feminino é central na prática do delito. Entre essas circunstâncias estão 
incluídos: os assassinatos em contexto de violência doméstica/familiar, 
e o menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Os crimes que 
caracterizam a qualificadora do feminicídio reportam, no campo 
simbólico, a destruição da identidade da vítima e de sua condição de 
mulher. Também conhecido como “crime fétido”, vem a ser uma 
expressão que vai além da compreensão daquilo designado por 
misoginia, originando um ambiente de pavor na mulher, gerando o 
acossamento e sua morte. Compreendem as agressões físicas e da 
psique, tais como o espancamento, suplício, estupro, escravidão, 
perseguição sexual, mutilação genital, intervenções ginecológicas 
imotivadas, impedimento do aborto e da contracepção, esterilização 
forçada, e outros atos dolosos que geram morte da mulher. (BARROS, 
2015) 
 
O feminicídio por ser um crime de ódio, é também um processo contínuo 
de violência, a mulher é morta devido ao seu gênero, e violência se torna rotina 
em seu lar. Nestes termos: 
 
Trata-se de um crime de ódio. O conceito surgiu na década de 1970 
com o fim de reconhecer e dar visibilidade à discriminação, opressão, 
desigualdade e violência sistemática contra as mulheres, que, em sua 
forma mais aguda, culmina na morte. Essa forma de assassinato não 
constitui um evento isolado e nem repentino ou inesperado; ao 
contrário, faz parte de um processo contínuo de violências, cujas raízes 
misóginas caracterizam o uso de violência extrema. Inclui uma vasta 
gama de abusos, desde verbais, físicos e sexuais, como o estupro, e 
diversas formas de mutilação e de barbárie (MENICUCCI, 2015) 
 
 
Vale ressaltar a distinção dos conceitos de “feminicídio” e “Femicídio”. 
Este último é o homicídio perpetrado contra a mulher, e feminicídio consiste em 
homicídio perpetrado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. 
É dizer, não é todo homicídio de mulher que configura um feminicídio, mas 
apenas aqueles os quais se revele as denominadas “razões de sexo feminino” 
(BELDEL, 2017, p.461-490). 
 
 
 
 
22 
 
 
Rogério Sanches Cunha (2016) leciona sobre a diferenciação entre 
Feminicídio e Femicídio: 
 
Matar mulher, na unidade doméstica e familiar (ou em qualquer 
ambiente ou relação), sem menosprezo ou discriminação à condição 
de mulher é FEMICÍDIO. Se a conduta do agente é movida pelo 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher, aí sim temos 
FEMINICÍDIO. (SANCHES, 2016) 
 
Bianchini (2015) disserta sobre o feminicídio: 
[...]a violência doméstica e familiar que configura uma das razões da 
condição de sexo feminino (art. 121, § II-A) e, portanto, feminicídio, não 
se confunde com a violência ocorrida dentro da unidade doméstica ou 
no âmbito familiar ou mesmo em uma relação íntima de afeto. Ou seja, 
pode-se ter uma violência ocorrida no âmbito doméstico que envolva, 
inclusive, uma relação familiar (violência do marido contra a mulher 
dentro do lar do casal, por exemplo), mas que não configure uma 
violência doméstica e familiar por razões da condição de sexo feminino 
(Ex. marido que mata a mulher por
questões vinculadas à dependência 
de drogas). O componente necessário para que se possa falar de 
feminicídio, portanto, como antes já se ressaltou, é a existência de uma 
violência baseada no gênero (Ex.: marido que mata a mulher pelo fato 
de ela pedir a separação). (BIANCHINI, 2015, p. 3) 
 
 
Tipologia: 
 
O feminicídio ocorrer de diversas maneiras, sendo necessário apresentar 
sua tipologia. Nesses termos descrevem Borges e Gebrim (2015): 
 
Feminicídio íntimo, que é aquele em que a vítima tinha ou havia tido 
uma relação de casal com o homicida, não se limitando às relações 
com vínculo matrimonial, mas estendendo-se aos conviventes, noivos, 
namorados e parceiros, além daqueles praticados por um membro da 
família, como o pai, padrasto, irmão ou primo. (BORGES; GEBRIM, 
2015) 
 
Já no feminicídio não íntimo, o agressor não possuí nenhum tipo de 
relacionamento íntimo, familiar ou de convivência com a vítima. A vítima tem é 
uma relação de confiança ou amizade. 
 
23 
 
 
Os autores Borges e Gebrim (2015) se posicionam acerca do feminicídio 
não íntimo: 
[...] feminicídio não íntimo, aquele em que a vítima não tinha qualquer 
relação de casal ou familiar com o homicida. Incluem-se nessa 
categoria a morte provocada por clientes – em se tratando de 
trabalhadoras sexuais –, por amigos, vizinhos ou desconhecidos, 
assim como a morte ocorrida no contexto do tráfico de pessoas, 
sempre tendo o motivo sexual como fundamental para sua qualificação 
como feminicídio. (BORGES; GEBRIM, 2015) 
 
 
Cunha (2015) afirma que o autor do crime de feminicídio pode ser 
qualquer pessoa, não importando se o autor é homem ou mulher. 
A incidência da qualificadora reclama situação de violação praticada 
contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e 
submissão pratica por homem ou mulher sobre mulher em situação de 
vulnerabilidade. (CUNHA, 2015, p. 01) 
 
Aspectos jurídicos: 
 
A Lei nº 13.104/2015 desde sua promulgação, tem despertado discussões 
acerca de sua eficácia, abrangência, necessidade, natureza jurídica, 
constitucionalidade, assim como possíveis equívocos legislativos. 
Ao contrário, os doutrinadores Aline Bianchini e Luiz Flávio Gomes (2015), 
entendem que a qualificadora do feminicídio não é de natureza objetiva, e 
subjetiva: 
 
 
A qualificadora do feminicídio é nitidamente subjetiva. Sabe-se que é 
possível coexistência das circunstâncias privilegiadoras (§ 1º do art. 
121), todas de natureza subjetiva, com qualificadoras de natureza 
objetiva (§ 2º, III e IV). Quando se reconhece (no júri) o privilégio 
(violenta emoção, por exemplo), crime, fica afastada, 
automaticamente, a tese do feminicídio (posição de Rogério Sanches, 
que compartilhamos). É impossível pensar num feminicídio, que é algo 
abominável, reprovável, repugnante à dignidade da mulher, que tenha 
sido praticado por motivo de relevante valor moral ou social ou logo 
após injusta provocação da vítima. Uma mulher usa minissaia. Por 
esse motivo fático o seu marido ou namorado lhe mata. E mata por 
uma motivação aberrante de achar que a mulher é de sua posse, que 
a mulher é objeto, que a mulher não pode contrariar as vontades do 
homem. Nessa motivação há uma ofensa à condição de sexo feminino. 
 
24 
 
 
O sujeito mata em razão da condição do sexo feminino. Em razão 
disso, ou seja, por causa disso. Seria uma qualificadora objetiva se 
dissesse respeito ao modo ou meio de execução do crime. A violência 
de gênero não é uma forma de execução do crime, sim, sua razão, seu 
motivo. Por isso que é subjetiva (BIACHINI; GOMES, 2014) 
 
 
Eduardo Luiz Santos Cabette (2015) também entende que a qualificadora 
do feminicídio é subjetiva: 
 
Perceba-se que a qualificadora do feminicídio não é objetiva como 
pode parecer em uma análise perfunctória. Não basta que a vítima seja 
mulher (fato objetivo), mas a isso deve aliar-se o dolo específico de que 
a morte tenha por motivação a violência de gênero, o menosprezo ou 
a discriminação à condição de mulher. Dessa forma, a qualificadora em 
estudo é de natureza subjetiva e, portanto, incompatível com o 
homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do CP), que prevê diminuição de 
pena, todas elas de natureza também subjetiva. Ou seja, na figura do 
feminicídio não é possível o reconhecimento do chamado “homicídio 
privilegiado-qualificado”, mas tão somente do homicídio qualificado 
(CABETE, 2015, p. 33) 
 
 
Fernando Capez (2018), entende que a qualificadora do feminicídio é de 
natureza subjetiva. Neste sentido dispõe: 
 
Importante destacar que a qualificadora do feminicídio é de natureza 
subjetiva, ou seja, está relacionada com a esfera interna do agente 
(“razões de condição de sexo feminino”). Não pode ser considerada 
como objetiva, pois não tem relação com o modo ou meio de execução 
da morte da vítima. (CAPEZ, 2018, p. 129) 
 
 
Já para Luciano Anderson de Souza e Paula Pécora de Barros (2016), a 
natureza da qualificadora é mista, carregando traços objetivos e subjetivos, 
respectivamente nos incisos I e II: 
 
Isso porque se considera violência doméstica e familiar de acordo com 
o conceito extraído da Lei Maria da Penha, em seu art. 5º.2 Em vista 
disso, a qualificadora pode ser considerada de natureza objetiva, 
constituindo “quadro fático-objetivo não atrelado, aprioristicamente, 
aos motivos determinantes da execução do ilícito”. Seguindo tal 
interpretação, no entanto, considera-se possível que a qualificadora 
 
25 
 
 
seja aplicada em casos em que não houver propriamente 
discriminação por condição de ser mulher, demonstrando possível 
equívoco de tal dado objetivo estar inserido em disposição que trata de 
circunstâncias de natureza subjetiva, ou seja, pela motivação do crime 
em razão da condição de sexo feminino. A norma presente no inciso II, 
por outro lado, dependerá de interpretação do aplicador, que deverá 
definir a extensão da expressão menosprezo ou discriminação à 
condição de mulher. Esse inciso abarca cenário maior do que violência 
doméstica ou familiar, e será aplicado em qualquer situação de fato 
que não ocorra no âmbito doméstico, familiar ou de relação íntima entre 
o agente e a vítima, devendo necessariamente nesse inciso haver 
menosprezo ou discriminação contra a mulher. (SOUZA; BARROS, 
2016) 
 
 Antônio Miguel José Feu Rosa (1995), define motivo torpe: 
Aquele que se contrapõe ostensivamente às mínimas regras éticas e 
morais da sociedade, que afronte os bons costumes, que imprime ao 
crime, além do aspecto reprovável normal, o caráter de baixeza e 
indignidade. (ROSA, 1995, p.74) 
 
Rogério Greco (2015) leciona sobre motivo fútil ou torpe: 
 
Motivo fútil é aquele motivo insignificante, gritantemente 
desproporcional. Torpe é o motivo abjeto, vil que nos causa 
repugnância, pois atenta contra os mais basilares princípios éticos e 
morais. Exemplo do primeiro caso seria o caso do agente agredir o 
garçom que, equivocadamente, debitara-lhe uma cerveja a mais em 
sua conta; já com relação ao segundo, temos as hipóteses citadas por 
25 Mirabete daquele que espanca uma meretriz que não quer ser 
explorada ou a testemunha que prestou depoimento contra os 
interesses do agente (GRECO,2015, p.647) 
 
Ao prever a qualificadora do feminicídio na lei 13.104/15 não houve nada 
de novo, o que mudou foi o nome da conduta. Antes do advento da referida Lei, 
o homicídio de uma mulher por razões de gênero, era qualificado como homicídio 
torpe ou fútil. 
Neste mesmo sentido Daniel Wollz Marques e Isaac Sabbá Guimarães 
(2015): 
O feminicídio enquadra-se perfeitamente no conceito de Direito Penal 
Simbólico, uma vez que se trata de criminalização de uma conduta 
originada sem um estudo Político-Criminal, justificada apenas em 
dados estatísticos de violência contra a mulher, visando, de maneira 
clara, instituir tranquilidade na população e transparecer que o 
legislador está cumprindo com seu dever. Há, outrossim, a ausência 
de observação do princípio da legalidade, pois a lei
trouxe um conceito 
 
26 
 
aberto, dando margem a uma vasta interpretação sobre o que seria 
“menosprezo e discriminação à condição de mulher”, bem como uma 
criminalização desnecessária, pois o agente matar uma mulher pelo 
simples fato de ter menosprezo e/ou discriminação pela condição do 
gênero dela, subsume-se ao inciso I,do § 2º do art. 121 (homicídio 
qualificado por motivo torpe). (MARQUES; GUIMARÃES, 2015) 
 
Luís Flávio Gomes e Aline Biachini (2015), sustentam que o feminicídio já 
era qualificadora classificada como crime hediondo, devido ao motivo torpe ou 
fútil: 
A rigor, o feminicídio já poderia (e, em alguns casos, já era) classificado 
como crime hediondo (homicídio por motivo torpe, fútil etc.). Afinal, não 
há como negar torpeza na ação de matar uma mulher por 
discriminação de gênero (matar uma mulher porque usa minissaia ou 
porque não limpou corretamente a casa ou porque deixou queimar o 
feijão ou porque quer se separar ou porque depois de separada 
encontrou outro namorado etc. (BIACHINI; GOMES, 2015, p.15) 
 
 
Considera-se que antes mesmo da criação da Lei 13.104/2015, o 
homicídio contra a mulher por razões de gênero, já era qualificado pelo motivo 
torpe ou fútil, sendo que a criação da referida lei, ocorreu sem um estudo político-
criminal, se baseando apenas em dados estáticos. 
 
 
6 CRIMES PREVISTOS NA LEI DE INTORPECENTES 
 
 
A Lei nº 11.343/06, no dia 23 de agosto de 2006 revogou expressamente 
duas leis anteriores que existiam em relação a tóxicos, a Lei nº 6.368/76 e a Lei 
nº 10.409/02, e a nova lei é um mecanismo para inibir o tráfico de drogas. 
Temos a diferenciação do traficante e usuário de drogas no art. 28, §2º da 
referida lei (lei 11.343/06): 
 
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o 
juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao 
local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias 
sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do 
agente. (BRASIL, 2006) 
 
27 
 
 
A Organização Mundial da Saúde deixa claro que as drogas podem 
modificar praticamente todas as funções do organismo do indivíduo quando 
introduzida, estas substâncias causar modificações no comportamento e 
consciência das pessoas. 
 
Rosa Del Olmo afirma que: 
A droga possui uma face oculta que a transforma em mito. Afirma a 
autora que a grande divulgação de informações distorcidas levaram a 
uma confusão entre conceitos morais, dados falsos e sensacionalistas, 
o que contribui para que o conceito de droga se associasse a ideia de 
desconhecido, proibido, temido e responsável por todos os males que 
afligem a sociedade contemporânea. (OLMO, 1990. p. 22) 
 
O crime previsto na Lei de tóxicos estabelece norma penal em branco, 
que se refere aos crimes que necessitam de um complemento para sua definição 
legal. O complemento da Lei de Drogas é feito pela Portaria Ministerial nº 344/98 
da Secretaria da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, e é nesta portaria 
que consta a lista das substâncias que complementam os crimes de tóxicos. 
A Portaria nº 344/98, mesmo sendo ultrapassado, é periodicamente 
atualizada por Resoluções da Diretoria Colegiada da ANVISA. Em virtude das 
inovações de entorpecentes sintéticos, se não fossem essas Resoluções da 
Diretoria Colegiada atualizando tal Portaria, com certeza teríamos a ineficácia na 
lei de tóxicos por não acompanhar a fabricação, e tão pouco a fabricação e 
elaboração desses entorpecentes. E essa nova Lei de Drogas faz uso do termo 
“drogas” para designar substâncias entorpecentes, ou para determinar 
dependência física ou psíquica. 
O crime comum é classificado por tipos e conteúdo variado, pode ser de 
perigo abstrato, comissivo e doloso. O indivíduo que tem a droga em depósito, 
que transporta ou guarda, ou traz consigo, resulta em delito permanente. Já a 
conduta de cultivar a droga, está tipificada no inciso II, do parágrafo 1º, 
resultando de delito habitual. 
A Lei de Drogas abrange aspectos para prevenção e repressão do uso 
ilícito de entorpecentes e do tráfico, buscando medidas para combater o uso 
indevido, o que fica claro no art. 1º da Lei nº 11.343/06, diz: 
 
28 
 
 
 
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre 
Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, 
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; 
estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao 
tráfico ilícito de drogas e define crimes. 
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as 
substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim 
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas 
periodicamente pelo Poder Executivo da União. (BRASIL, 2006) 
 
E com a nova Lei é possível concentrar um conjunto de órgãos que 
cuidam da repressão e prevenção ao uso indevido e tráfico ilícito de 
entorpecentes, no órgão de Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre 
Drogas (SISNAD). 
 
Em seu artigo 4º, tem como princípios: 
Art. 4º São princípios do Sisnad: 
I – o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, 
especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade; II – o 
respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes; 
III – a promoção dos valores éticos, culturais e cidadania do povo 
brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso 
indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados; IV – a 
promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para 
o estabelecimento dos fundamentos e estratégias do SISNAD; V – a 
promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e 
Sociedade, reconhecendo a importância da participação social nas 
atividades do Sisnad; VI – o reconhecimento da intersetorialidade dos 
fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua 
produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; VII – a integração das 
estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido, 
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de 
repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito; VIII – 
a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes 
Legislativo e judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do 
SISNAD; IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça 
a interdependência e a natureza complementar das atividades de 
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e 
dependentes de 18 drogas, repressão à sua produção não autorizada 
e do tráfico ilícito de drogas. X – a observância do equilíbrio entre as 
atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social 
de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção 
não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade 
e o bem-estar social; XI – a observância às orientações e normas 
emanadas do Conselho Nacional Antidrogas – CONAD. (BRASIL, 
2006) 
 
 
 
29 
 
 
 
O SISNAD tem como objetivo a inclusão social, em seu art. 5º da 
supracitada lei está estabelecido seus objetivos: 
 
Art. 5º O SISNAD tem os seguintes objetivos: I - contribuir para a 
inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a 
assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu 
tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; II - promover a 
construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país; III 
- promover a integração entre as políticas de prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de 
drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito 
e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da 
União, Distrito Federal, Estados e Municípios; IV - assegurar as 
condições para a coordenação, a integração e a articulação das 
atividades de que trata o art. 3º desta Lei. (BRASIL, 2006) 
 
Os princípios e objetivos do
SISNAD é a busca pela colaboração entre os 
poderes públicos, os mecanismos de combate, de prevenção ao tráfico de 
drogas, e o fim do seu uso indevido. Como podemos ver no art. 7º da lei de 
Tóxicos: 
 
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação central e a 
execução descentralizada das atividades realizadas em seu âmbito, 
nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e se constitui matéria 
definida no regulamento desta Lei. (BRASIL, 2006) 
Art. 7º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) (BRASIL, 06) 
 
 
Já o art.3º dispõe o seguinte sobre o SISNAD: 
 
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e 
coordenar as atividades relacionadas com: 
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de 
usuários e dependentes de drogas; 
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de 
drogas. 
 
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, regras, 
critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, 
planos, programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, 
por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos 
Estados, Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 
2019) 
 
30 
 
 
 
 
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de Saúde - 
SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social - SUAS. (Incluído 
pela Lei nº 13.840, de 2019). (BRASIL, 2006) 
 
É notório a precariedade de locais especializados combater e tratar esses 
indivíduos (usuários de drogas). Encontra-se nesse sentido diversos recursos ao 
judiciário, cuja solicitação é de internação compulsória, e várias delas é pela falta 
de lugares especializados para tratamento de dependentes de drogas. 
Portanto, a legislação aceita a criação de Organizações para combater o 
tráfico e o uso de drogas. No Brasil temos projetos, várias as ONGS. E grande 
parte desses projetos e ações de combate do uso e tráfico de drogas, são 
oferecidas por instituições que não tem vínculo direto com o poder público, e a 
maioria solicita o consentimento do paciente para iniciar o tratamento dele e 
também o apoio à família na recuperação. 
 
Dependência da Droga: 
 
Na doutrina existe uma diferenciação em relação a dependência física e 
psicológica, lembrando que a dependência é uma situação de habitualidade, de 
costume, de habitualidade em relação a determinada droga, e essa dependência 
pode ser: 
 
I. Física – é um quadro de caráter psicológico e de caráter físico em 
relação a abstinência da droga, que provoca uma síndrome chamada de 
síndrome de abstinência, e a falta do entorpecente pode levar o indivíduo a óbito 
(morte). 
 
II. Psíquica – o indivíduo se acostuma com a droga e a falta dela pode 
causar um mal-estar, causando dores de cabeça, um vazio ou sentimento de 
ausência, não havendo necessariamente risco de óbito (morte). 
 
 
 
31 
 
 
Crimes previstos na Lei de Drogas: 
 
Crime apenado apenas com medidas educativas, sem pena privativa ou 
restritiva, mais tal conduta não deixou de ser crime. 
 
Vejamos o art. 28º da Lei 11.343/06: 
 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou 
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às 
seguintes penas: 
 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo. 
 
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo 
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de 
pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar 
dependência física ou psíquica. 
 
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o 
juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao 
local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias 
sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do 
agente. 
 
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
 
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do 
caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) 
meses. 
 
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em 
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, 
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins 
lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do 
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
 
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se 
refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse 
o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
 
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do 
infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente 
ambulatorial, para tratamento especializado. (BRASIL, 2006) 
 
 
32 
 
 
6.1 Infrações penais de menor potencial ofensivo prevista na Nova Lei 
de Drogas 
 
O art. 33º determina que: 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, 
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, 
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou 
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à 
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou 
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou 
produto químico destinado à preparação de drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam 
em matéria-prima para a preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, 
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem 
dele se 
utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de 
drogas. 
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto 
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em 
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial 
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de 
conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide 
ADI nº 4.274) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 
(trezentos) dias-multa. 
 
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa 
de seu relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das 
penas previstas no art. 28. 
 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas 
poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão 
em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de 
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem 
integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 
(BRASIL, 2006) 
 
 
33 
 
 
Já o art. 38 da Lei cuida do único crime culposo previsto na Lei de Drogas, 
que consiste em: 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas 
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses
a 2 (dois) anos, e pagamento de 
50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal 
da categoria profissional a que pertença o agente. (BRASIL, 2006) 
Prescrever, trata-se de crime próprio, ou seja, só poderá ser praticado por 
médico ou dentista, por serem pessoas habilitadas para receitar. E o verbo 
ministrar, a lei não diferencia quem pode praticar o crime, que deixa claro que 
não demanda nenhuma qualificação especifica, sendo crime comum e possível 
de ser praticado por qualquer indivíduo. 
 
6.2 Crimes apenados de detenção 
 
Criar uma ideia que não exista, significa induzir o indivíduo, ou seja, a 
pessoa não estava pensando em consumir drogas e alguém fez nascer a ideia 
de usar e a partir daí ela passa a consumir drogas, está explícito no art. Art. 33, 
§ 2º, já mencionado. Lembrando que a pena de detenção é de 1 a 3 anos e multa 
de 100 a 300 dias multa. 
À vista disso, o crime é consumado com a mera conduta de induzir, 
instigar ou auxiliar, sem a necessidade de consumir a droga. 
No art. 39º da Lei de drogas, é uma rara hipótese que há três modalidades 
de pena previstas no direito penal: 
 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, 
expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão 
do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, 
pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e 
pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. 
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas 
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e 
de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo 
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. 
(BRASIL, 06) 
 
34 
 
 
Esse crime se caracteriza quando um indivíduo conduz um meio de 
transporte de navegação nas águas ou navegação aérea após o uso de drogas. 
 
6.3 Crimes apenados com reclusão 
 
Em relação aos crimes graves da lei de tóxicos, a lei determina que a 
droga apreendida será destruída imediatamente, e essa destruição só é 
permitida mediante autorização judicial efetivada por autoridade policial. 
Tais crimes considerados graves, têm a expressa previsão da proibição 
de alguns, assim como mostra no artigo 44: 
 
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta 
Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e 
liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas 
de direitos. 
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á 
o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, 
vedada sua concessão ao reincidente específico. (BRASIL, 2006) 
 
 O crime plurissubjetivo exige a presença de duas ou mais pessoas com 
a finalidade de praticar crimes dos artigos 33, 33, § 1º e 34 da Lei de Drogas, 
é um uni subsistente, e por isso não admite tentativa, por que ao se 
associarem o crime já está caracterizado. 
 Caso alguém praticar crime de tráfico ou o crime de petrechos para o 
tráfico, irá responder por concurso material de crime, assim, terá o crime do 
artigo 35: 
 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, 
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, 
caput e § 1º, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre 
quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 
desta Lei. (BRASIL, 2006) 
 
Vale destacar a inexistência de quadrilha para o tráfico, como mencionado 
acima, se duas ou mais pessoas se associarem para traficar, incorrerão no 
 
35 
 
 
 
art.35, porém o STF em seu entendimento relacionado a este crime, deve valer 
a pena prevista na Lei dos Crimes Hediondos, sendo assim, se uma quadrilha é 
formada voltada para a prática de crimes hediondos ou assemelhados (que exige 
4 ou mais pessoas) possuirá a pena de 3 a 6 anos, porque em tese, se 4 pessoas 
reunidas podem oferecer perigo e essas 4 pessoas para praticarem latrocínio, 
estupros, dentre outros crimes hediondos, terá a pena de 3 a 6 anos por questão 
de equidade (lógica) quando dois ou mais indivíduos associam-se para traficar, 
tal conduta teria lesividade menor do que aquela com 4 (ou mais pessoas), 
assim, a pena de 3 a 6 anos e não a de 3 a 10 anos e multa. 
O art.36º da Lei nº. 11.343/06 se refere à Financiar ou custear a prática 
de qualquer dos crimes previstos nos art. 33, § 1º, e 34 desta Lei, deixando claro 
que aquela pessoa que sustenta (financeiramente) o tráfico ilícito de 
entorpecentes, ou seja, os crimes previstos no artigo 33, caput e § 1 e no artigo 
34, esse custeio agora é apenado com reclusão de 8 a 20 anos e multa de.1500 
a 4.000 dias multas. 
Se o crime de tráfico é assemelhado ao hediondo, esse crime também 
deverá ser, sendo que no caso do custeio, os indivíduos realizam o 
financiamento e o tráfico. Sendo assim, haverá a absorção do financiamento, ou 
custeio, em relação ao crime de tráfico, e ocorrerá essa consunção, o que se 
assemelha ao crime hediondo. E esse custeio deve ser praticado de forma 
habitual e não ocasional, ou caso contrário teremos a causa de aumento e pena 
prevista no art. 40º, VII, da Lei nº 11.343/06, que dispõe “as penas previstas nos 
arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: VII- o 
agente financiar ou custear a prática do crime. ” (BRASIL, 2006) 
O indivíduo (colaborador ou informante) que ajuda o grupo, a organização 
ou associação especializada para o tráfico, a pena será de 2 a 6 anos e 
pagamento de 300 a 700 dias-multa. A colaboração é apenas a título de 
informante, não se enquadra ao indivíduo que colabora entregando a droga ao 
traficante ou buscando a droga para o traficante, pois neste caso o indivíduo 
responderá por tráfico ilícito de entorpecentes. 
 
 
36 
 
 
Assim dispõe o art. 37º da lei de Tóxicos: 
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou 
associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos 
arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 
(trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. (BRASIL, 2006) 
 
6.4 Causas de aumento da pena 
 
No art. 40º da Lei 11.343/06 existe a delimitação na Lei da incidência 
dessas causas de aumento de pena, incidindo apenas dos artigos 33 a 37 da Lei 
11.343/06, que dispõe: 
 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas 
de um sexto a dois terços, se: 
I - A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido 
e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do 
delito; 
 
II - O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou 
vigilância; 
 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de 
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de 
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou 
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se 
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços 
de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de 
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; 
 
IV - O crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego 
de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou 
coletiva; 
 
V - Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes 
e o Distrito Federal; 
 
VI - Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a 
quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade 
de entendimento e determinação; 
 
VII - o agente financiar
ou custear a prática do crime. (BRASIL, 2006) 
 
 
37 
 
 
6.5 Inimputabilidade e Semi imputabilidade 
 
A Lei de Tóxicos, trata desses institutos nos artigos 45, 46 e 47, em que 
diz que o sistema biopsicológico ainda é usado, e esse sistema é mantido e 
utilizado para definição do inimputável, o que muda é a base biológica para 
caracterizar inimputabilidade e semi imputabilidade: 
 
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou 
sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, 
ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração 
penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do 
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força 
pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, 
as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, 
na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico 
adequado. 
 
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, 
por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente 
não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento. 
 
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que 
ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, 
realizada por profissional de saúde com competência específica na 
forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto 
no art. 26 desta Lei. (BRASIL, 2019) 
 
Sendo assim, em decorrência de uma das razões anteriores citadas, a lei 
diz, que, se o Juiz constatar que o indivíduo é inimputável, deverá ser absolvido, 
entretanto, no art. 45º, parágrafo único, a lei determina que o inimputável 
decorrente de droga não será submetido à medida de segurança, mais sim, a 
tratamento médico. 
E em relação ao semi imputável, caso no momento da ação ou omissão 
o indivíduo tiver parcial capacidade de autodeterminar-se o caráter ilícito do fato, 
a pena deverá ser reduzida e diminuída de 1 a 2/3. 
 
 
38 
 
 
6.6 Delação premiada 
 
A lei de drogas permite o direito premial, em que prevê a colaboração do 
indivíduo com as autoridades públicas, e, em contrapartida esse indivíduo 
recebe um prêmio legal, como fica claro pelo art. 41º da lei 11.343/06: 
 
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a 
investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais 
co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do 
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um 
terço a dois terços. (BRASIL, 2006) 
 
Sendo que, a análise de quanto se diminui, será feita através da maior ou 
menor na eficácia da colaboração do agente. 
 
 
7 ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
 
O Estatuto do Desarmamento entrou em vigor dia 23 de dezembro de 
2003 e é uma política de controle de armas, com o objetivo de diminuir a 
circulação de armas, estabelecendo penas rigorosas para os crimes de porte 
ilegal e o contrabando. 
Em edição ao extra do Diário Oficial da União (DOU) o Governo Federal 
dispões de um pacote de alterações dos referidos Decretos, nº 9.845, 9.846, 
9.847 e 10.030, de 2019 e que normalizam a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro 
de 2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento. 
Observando a necessidade da Lei nº 10.826, de 2003, os decretos 
sugerem uma série de medidas com a finalidade de desburocratizar 
procedimentos, aumentando assim, a clareza das normas que regem a posse e 
porte de armas de fogo e a atividade dos colecionadores, atiradores e caçadores 
(CACs), para reduzir a discricionariedade de autoridades públicas na concessão 
de posse e porte de armas, estendendo as garantias de contraditório e ampla 
 
39 
 
defesa dos administrados, e adequando o número de armas, recargas e 
munições. 
As alterações também visam a concretizar o direito que as pessoas 
autorizadas pela lei têm à aquisição e ao porte de armas de fogo, e atividade de 
colecionar nos limites permitidos pela lei. 
Esses Decretos flexibilizam o uso e compra de armas de fogo em nosso 
país, são atos do Presidente da República que devem regulamentar leis e por isso não 
passam pela aprovação do Congresso. 
O que muda com os novos decretos: 
 
- No limite de armas houve o aumento de 4 (quatro) para 6 (seis) no número de 
armas de fogo para o cidadão comum, que preencha devidamente todos os 
requisitos do Certificado de Registro de Arma de Fogo. No caso dos agentes 
penitenciários, os membros do Ministério Público e policiais, o limite subiu para 8 (oito). 
 
- Nas mudanças do porte de armas, o Governo agora passa aceitar expressamente o 
porte simultâneo de 2 (duas) arma, que significa o poder de circulação com a arma, 
sendo que antes a regra dizia que o porte deveria se valer apenas para a arma nele 
especificada. 
 
- Na aptidão psicológica para CACs (colecionadores, atiradores e caçadores), o 
decreto anterior dizia que para terem armas deveriam comprovar a aptidão 
psicológica através de laudo fornecido por psicólogo cadastrado na Polícia 
Federal, sendo que agora, a nova regra determina que basta o laudo ser 
assinado por psicólogo com registro no Conselho Regional de Psicologia. 
 
- Munição e armas para CACs antes, caçadores, atiradores e colecionadores 
conseguiam comprar por ano até mil munições, para cada arma de fogo do uso 
restrito (com maior controle do Estado), e cinco mil e cinco mil munições para 
cada arma de uso permitido. Com as alterações, agora, poderão comprar por 
ano, insumos para recarga de até dois mil cartuchos nas armas de uso restrito, 
e, para armas de uso permitido, insumos para recarga de até cinco Mil cartuchos, 
e caçadores poderão extrapolar em duas vezes esse limite com a permissão do 
 
40 
 
comando do Exército. Agora, as CACs precisarão de autorização do Exército 
para comprar armas acima do limite determinado em decreto anterior (cinco 
unidades para cada modelo para os colecionadores; 15 unidades para 
caçadores; e 30 para atiradores), e essas quantidades valem tanto para as 
armas de uso permitido e restrito. 
 
- Ficou determinado que não serão produtos controlados pelo comando do 
Exército, itens como: miras como as holográficas, telescópicas e reflexivas, 
armas de fogo obsoletas que tenha projeto anterior a 1900 e utilizem pólvora 
negra, projéteis de munição para armas de porte ou portáteis, até o calibre 
máximo de 12,7 mm — não vale para projéteis químicos, perfurantes, traçantes 
e incendiários. E quando relacionado à produto controlado, o Exército será 
responsável por autorizar, fiscalizar e regulamentar a fabricação, a 
comercialização e o uso. 
 
- Foi ampliado também a lista de categorias profissionais com o direito de adquirir 
armas e munições, desde que sejam controladas pelo Exército. Foram 
acrescentados os integrantes da Receita Federal, Ministério Público, Instituto 
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro 
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), tribunais que formam o 
Poder Judiciário e os integrantes de Receita Federal. Já estavam contemplados 
também: legislativos da Câmara de do Senado, os policiais, membro do Gabinete 
Institucional de Segurança da Presidência da República (GSI), e membros da 
Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O novo decreto diz ainda, que os 
profissionais dessas categorias, poderão adquirir por um ano insumos para 
recarga de no máximo cinco mil cartuchos, como constar nos registros os 
calibres da arma de fogo. 
 
- No decreto anterior, em relação a prática de tiro desportivo por adolescente 
entre 14 e 18 anos, já era permitido praticar tiro, com autorização da família tiro 
nas instituições permitidas pelo comando do Exército. Agora, o adolescente, 
poderá praticar o tiro

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