Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 14 Direito Administrativo p/ ICMS/SP - 2017 (Com videoaulas) Professores: Alfredo Alcure Neto, Herbert Almeida Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 89 AULA 14: Estatuto dos Servidores de São Paulo (parte 2) Sumário DIREITOS E VANTAGENS .................................................................................................................................. 2 VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO .................................................................................................................................. 2 VANTAGENS ........................................................................................................................................................... 8 ACUMULAÇÃO ...................................................................................................................................................... 16 FÉRIAS ................................................................................................................................................................. 18 LICENÇAS ............................................................................................................................................................. 19 ESTABILIDADE ....................................................................................................................................................... 27 DISPONIBILIDADE ................................................................................................................................................... 31 APOSENTADORIA ................................................................................................................................................... 32 ASSISTÊNCIA AO FUNCIONÁRIO ................................................................................................................................. 33 DIREITO DE PETIÇÃO............................................................................................................................................... 34 QUESTÕES LEI 10.261/1968 (DIREITOS E VANTAGENS) ................................................................................... 34 REGIME DISCIPLINAR ...................................................................................................................................... 41 DEVERES .............................................................................................................................................................. 41 PROIBIÇÕES .......................................................................................................................................................... 42 RESPONSABILIDADES .............................................................................................................................................. 44 PENALIDADES DISCIPLINARES .................................................................................................................................... 47 PRESCRIÇÃO ......................................................................................................................................................... 52 PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES .................................................................................................................................. 53 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E SINDICÂNCIA ............................................................................ 54 SINDICÂNCIA ......................................................................................................................................................... 56 PROCESSO ADMINISTRATIVO .................................................................................................................................... 57 DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS.......................................................................................................................... 69 QUESTÕES LEI 10.261/1968 (REGIME DISCIPLINAR E PAD) .............................................................................. 69 QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ................................................................................................................ 81 GABARITO ....................................................................................................................................................... 89 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 89 Olá pessoal, tudo bem? Na aula de hoje, vamos continuar estudando o Estatuto dos Servidores de São Paulo. Sendo assim, estudaremos o seguinte tópico: “Estatuto do Servidor Público Estadual (Lei nº 10.261/68) (parte 2). Sindicância e processo administrativo disciplinar.”. Vamos lá? Aos estudos, aproveitem! Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 89 DIREITOS E VANTAGENS Vencimento e remuneração Os servidores públicos exercem sua atividade funcional profissionalmente e, por isso, recebem uma contraprestação em dinheiro. Tal retribuição pelos serviços prestados recebe diversas nomenclaturas da Constituição Federal e da doutrina administrativista. Entretanto, o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo utiliza significados bem diferenciados em relação ao que costumamos ver. Portanto, tome muito cuidado com os termos doutrinários ou utilizados em outros estatutos ou materiais, pois as designações da Lei Estadual 10.261/1968 são bem diferenciadas. Nessa linha, os artigos 108 e 109 apresentam as definições de vencimento e de remuneração, que são as formas de retribuição pecuniária que podem ser pagas aos servidores públicos pelo desempenho de suas atribuições. O vencimento é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao valor do respectivo padrão fixado em lei, mais as vantagens a ele incorporadas para todos os efeitos legais (art. 108). Portanto, o vencimento é formado pelo valor padrão, somado das vantagens a ele incorporadas. Por outro lado, a remuneração é a retribuição paga ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a 2/3 (dois terços) do respectivo padrão, mais as quotas ou porcentagens que, por lei, lhe tenham sido atribuídas e as vantagens pecuniárias a ela incorporadas (art. 109). Vencimento Padrão Vantagens Remuneração 2/3 padrão Quotas ou porcentagens Vantagens Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 89 Acrescenta-se ainda que se denomina de provento a retribuição pecuniária que recebe o servidor público aposentado. Portanto, fala-se em remuneração e vencimento para o servidor ativo e em provento para o servidor aposentado. Ademais, em que pese o Estatuto mencione apenas o vencimento e a remuneração, devemos observar que a Constituição Federal apresenta uma outra forma de retribuição pecuniária denominada de subsídio, que é a retribuição pecuniária fixada em parcela única, ou seja, sem o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. Assim, enquanto a remuneração e o vencimento admitem uma série de gratificações “penduradas” à parcela padrão, o subsídio é fixado em uma única parcela, sem incidência desses adicionais. Dessa forma, dada a característica de norma geral (no âmbito estadual) daLei 10.261/1968, é possível que as leis específicas sobre cada carreira fixem a retribuição pecuniária em parcela única, por meio de subsídio, ainda que a Lei 10.261/1968 aborde apenas o vencimento e a remuneração. Feita essa ressalva, voltaremos ao texto do Estatuto. Como vimos, a remuneração e o vencimento são as formas de retribuição pecuniária, ou seja, de pagamento do servidor pelo efetivo exercício do cargo. Contudo, se o servidor faltar, chegar atrasado ou sair mais cedo poderá perder a retribuição ou sofrer descontos. Assim, em regra, o funcionário perderá o vencimento ou remuneração do dia quando não comparecer ao serviço, salvo as situações em que a falta seja abonada (art. 110, I). Da mesma forma, o servidor perderá um terço do vencimento ou remuneração diária, quando comparecer ao serviço dentro da hora seguinte à marcada para o início do expediente (chegar atrasado) ou quando dele retirar-se dentro da última hora (sair mais cedo) – art. 110, II. Porém, o Estatuto permite que as faltas ao serviço, até o máximo de seis por ano, não excedendo a uma por mês, em razão de moléstia ou outro motivo relevante, poderão ser abonadas pelo superior imediato, a requerimento do funcionário, no primeiro dia útil subsequente ao da falta (art. 110, §1º). Assim, é possível que seja abonada até uma falta por mês, limitadas a seis por ano, desde que seja decorrente de moléstia ou outro motivo relevante, a requerimento do funcionário. No caso de faltas sucessivas, justificadas ou injustificadas, os dias intercalados – domingos, feriados e aqueles em que não haja expediente – serão computados exclusivamente para efeito de desconto do vencimento Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 89 ou remuneração (art. 110, §2º). Dessa forma, quando um servidor faltar, por exemplo, da quinta-feira de uma semana até a terça-feira da semana seguinte, o sábado e o domingo (dias não úteis) também serão contados no desconto do vencimento ou remuneração. Prosseguindo, os artigos 111 a 116 do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo estabelecem regra a proteção do vencimento e da remuneração e sobre as formas de incidência de descontos. Inicialmente, o art. 111 dispõe que as reposições devidas pelo funcionário e as indenizações por prejuízos que ele causar à Fazenda Pública Estadual, serão descontadas em parcelas mensais não excedentes da décima parte do vencimento ou remuneração ressalvados os casos especiais previstos neste Estatuto. Podemos aproveitar este momento para discutirmos a possibilidade de restituição (repetição) de valores indevidamente recebidos pelo servidor público ativo ou aposentado. Existem três situações distintas: (a) recebimento em decorrência de decisão administrativa posteriormente revogada; (b) recebimento por força de decisão judicial precária posteriormente revogada; (c) recebimento em decorrência de decisão judicial transitada em julgado posteriormente desconstituída por meio de ação rescisória. Na primeira situação, isto é, quando o servidor recebe determinado valor em decorrência de decisão administrativa posteriormente revogada, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que é incabível a devolução em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública. Tal entendimento fundamenta-se no caráter alimentício que possui a remuneração ou provento e também no princípio da legítima confiança ou da segurança jurídica e, por isso, pressupõe-se a boa-fé do servidor que recebeu os valores dos cofres públicos1. Com efeito, a Advocacia Geral da União apresentou orientação no mesmo sentido, conforme Súmula Administrativa 34, nos seguintes termos: “Não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor 1 RESp 1.244.182/PB, de 10/10/2012; o Tribunal de Contas da União possui entendimento semelhante, porém com exigência de erro escusável na interpretação de lei, conforme Súmula TCU 249ぎ さÉ dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariaisざく Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 89 público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública”. Na segunda situação, ou seja, no caso de recebimento por força de decisão judicial posteriormente revogada, é devida a restituição dos valores por parte do servidor. Nesse caso, entende o STJ que não é possível alegar a boa-fé, uma vez que o servidor é sabedor da fragilidade e provisoriedade da decisão2. Por fim, na hipótese de recebimento em decorrência de decisão judicial transitada em julgado, mas que posteriormente foi desconstituída por ação rescisória, a devolução também é incabível. Assim, a jurisprudência do STJ firmou o entendimento no sentido de que “em virtude da natureza alimentar, não é devida a restituição dos valores que, por força de decisão transitada em julgado, foram recebidos de boa- fé, ainda que posteriormente tal decisão tenha sido desconstituída em ação rescisória”3. Assim, podemos apresentar o seguinte resumo sobre os casos em que deve ou não ocorrer a devolução de valores recebidos indevidamente: SITUAÇÃO NECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO Recebimento em decorrência de decisão administrativa posteriormente revogada Não Recebimento por força de decisão judicial precária posteriormente revogada Sim Recebimento em decorrência de decisão judicial transitada em julgado posteriormente desconstituída por meio de ação rescisória Não Na sequência do Estatuto, o art. 112 dispõe que só será admitida procuração para efeito de recebimento de quaisquer importâncias dos cofres estaduais, decorrentes do exercício do cargo, quando o funcionário se encontrar fora da sede ou comprovadamente impossibilitado de locomover-se. Explicando melhor, quando o funcionário estiver fora da sede ou impossibilitado de locomover-se, poderá designar alguém mediante procuração para receber valores que lhe são devidos dos cofres estaduais em decorrência do exercício do cargo. Obviamente que tal disposição, nos tempos atuais, praticamente não possui aplicação prática, pois 2 EAREsp 58.820/AL, de 8/10/2014. 33 AgRg no AREsp 2.447/RJ, de 17/4/2012; no mesmo sentido: AgR no AREsp 463.279/RJ, de 8/9/2014. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 89 hodiernamente quase todos os pagamentos são efetuados por depósito bancário. Porém, se está na lei, pode cair na prova! Além disso, o vencimento, a remuneração e ou qualquer vantagem pecuniária atribuídos ao funcionário não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto (art. 113): a) quando se tratar de prestação de alimentos, na forma da lei civil; e b) nos casos previstos no Capítulo II do Título VI do Estatuto – ou seja, nas situações em que o servidor for responsabilizado por causar, por dolo ou culpa, prejuízo à Fazenda Estadual. Em termos bem simples, o arresto, sequestro ou penhora são instrumentos que se destinam aexecução de dívidas ou a garantia da preservação do bem para fins de cobrança. Assim, se determinada pessoa tentar obter a execução de uma dívida com um servidor público, não será possível, por exemplo, penhorar a sua remuneração, ressalvadas as exceções que vimos acima. Ainda como forma de proteção ao vencimento e à remuneração, proíbe-se, fora dos casos expressamente previstos no Estatuto, ceder ou gravar vencimento, remuneração ou qualquer vantagem decorrente do exercício de cargo público (art. 114). Por fim, com exceção dos casos obrigatórios e os autorizados por lei, o vencimento ou remuneração do funcionário não poderá sofrer outros descontos (art. 115). Todavia, é possível efetuar consignações em folha, para efeito de desconto de vencimentos ou remuneração, conforme disciplinado regulamento (art. 116). São exemplos de consignações em folha os descontos para pagamento de contribuições sindicais ou de empréstimos bancários (o famoso crédito/empréstimo consignado). Do horário e do ponto O Estatuto também dispõe sobre o controle do horário de trabalho e do ponto (sistema utilizado para registrar o horário de entrada e saída do servidor). Nessa linha, o horário de trabalho nas repartições será fixado pelo Governo de acordo com a natureza e as necessidades do serviço (art. 117). Entretanto, esse horário não é totalmente rígido, uma vez que é possível que o chefe da repartição ou serviço antecipe ou prorrogue o período de trabalho nos casos de comprovada necessidade (art. 118). Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 89 Ocorrendo a antecipação ou prorrogação, será remunerado o trabalho extraordinário, na forma prevista no Estatuto. Ademais, a regra é que as repartições públicas e o expediente ocorram normalmente. Assim, somente por determinação do Governador poderão deixar de funcionar as repartições públicas ou ser suspenso o expediente (art. 119). Conforme vimos acima, o ponto é o registro pelo qual se verificará, diariamente, a entrada e saída do funcionário em serviço (art. 120). Tal registro deverá ocorrer, preferencialmente, por meios mecânicos. Exemplo de ponto eletrônico para registro do horário de entrada e saída do servidor em serviço.4 É vedado dispensar o funcionário do registro do ponto, salvo os casos expressamente previstos em lei (art. 120, §2º). No caso de infringência dessa vedação, a autoridade que expediu a ordem será responsabilizada por isso, sem prejuízo da ação disciplinar cabível. Todavia, o registro do ponto não é uma regra absoluta, pois é possível dispensar o servidor do registro nos casos expressamente previstos em lei. Assim, o que não pode ocorrer é a dispensa de registro por simples ato administrativo, em situações sem previsão legal. Dessa forma, a frequência será apurada pelos seguintes modos (art. 123): a) pelo ponto; b) pela forma determinada, quanto aos funcionários não sujeitos a ponto. Seria possível, por exemplo, que uma lei dispensasse “de bater o ponto” os servidores que estão em uma auditoria no interior do Estado. Numa situação dessa, não seria plausível exigir que o servidor fosse até a sede, diariamente, fazer o registro do ponto para depois seguir para a auditoria. Assim, existindo previsão legal, é possível estabelecer outra forma de registrar o horário de trabalho desses servidores. 4 Imagem retirada do seguinte endereço na internet: http://blogs.atribuna.com.br/ Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 89 Para o funcionário estudante, poderão ser estabelecidas normas especiais quanto à frequência ao serviço, na forma prevista em regulamento (art. 121). Por fim, o funcionário que comprovar sua contribuição para banco de sangue mantido por órgão estatal ou paraestatal, ou entidade com a qual o Estado mantenha convênio, fica dispensado de comparecer ao serviço no dia da doação (art. 122). Vantagens Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens pecuniárias (art. 124): a) adicionais por tempo de serviço; b) gratificações; c) diárias; d) ajudas de custo; e) salário-família e salário-esposa; f) quota-parte de multas e porcentagens fixadas em lei; g) honorários, quando fora do período normal ou extraordinário de trabalho a que estiver sujeito, for designado para realizar investigações ou pesquisas científicas, bem como para exercer as funções de auxiliar ou membro de bancas e comissões de concurso ou prova, ou de professor de cursos de seleção e aperfeiçoamento ou especialização de servidores, legalmente instituídos, observadas as proibições atinentes a regimes especiais de trabalho fixados em lei; h) honorários pela prestação de serviço peculiar à profissão que exercer e, em função dela, à Justiça, desde que não a execute dentro do período normal ou extraordinário de trabalho a que estiver sujeito e sejam respeitadas as restrições estabelecidas em lei pela subordinação a regimes especiais de trabalho; e i) outras vantagens ou concessões pecuniárias previstas em leis especiais ou no Estatuto. Ademais, ressalvados os casos expressos, será vedado ao funcionário o recebimento, a qualquer título, seja qual for o motivo ou forma de pagamento, de nenhuma outra vantagem pecuniária dos órgãos do serviço público, das entidades autárquicas ou paraestatais ou outras organizações Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 89 públicas, em razão de seu cargo ou função nos quais tenha sido mandado servir (art. 124, §1º). O não cumprimento disso, importará na demissão do funcionário, por procedimento irregular, e na imediata reposição, pela autoridade ordenadora do pagamento, da importância indevidamente paga. Além disso, todas as vantagens citadas nesse Estatuto somente serão pagas se houver crédito próprio, orçamentário ou adicional. Com efeito, o art. 125 menciona que as porcentagens ou quotas- partes, atribuídas em virtude de multas ou serviços de fiscalização e inspeção, só serão creditadas ao funcionário após a entrada da importância respectiva, a título definitivo, para os cofres públicos. Por fim, na hipótese de o servidor deixar de perceber o vencimento ou a remuneração, não serão concedidas quaisquer vantagens pecuniárias a ele. Essa situação somente não se aplica ao salário-família nos casos disciplinares e penais, nem aos de licença por motivo de doença em pessoa da família. Adicionais por tempo de serviço Dispõe o art. 127 do Estatuto que o funcionário, após cada período de cinco anos, contínuos, ou não, terá direito à percepção de adicional por tempo de serviço – concedido pela autoridade competente, na forma que for estabelecida em regulamento –, calculado à razão de 5% (cinco por cento) sobre o vencimento ou remuneração, a que se incorpora para todos os efeitos. Deste modo, a apuração do quinquênio será feita em dias e o total convertido em anos – 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias (art. 128). Além disso, ao funcionário que completar 25 anos de efetivo exercício, será concedido mais a sexta-parte do vencimento ou remuneração. Da mesma forma que o adicional propriamente dito, a sexta-parte é incorporada para todos os efeitos (art. 130). Com efeito, caso o funcionário acumule cargos ou funções, ele continuará tendo direito aos adicionais, porém, nesse caso, os receberá isoladamente, para cada cargo ou função (art. 131). Por outrolado, ao ocupante de cargo em comissão ou ao funcionário em exercício de cargo em substituição, será concedido adicional, calculado sobre o vencimento que perceber no exercício desse cargo, enquanto nele permanecer (arts. 132 e 133). Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 89 Finalmente, o art. 134 enfatiza que para efeito desses adicionais, será computado o tempo de serviço prestado ao Estado e as suas autarquias, levando-se em conta os afastamentos considerados de efetivo exercício5. Gratificações Outra vantagem concedida aos servidores do Estado de São Paulo, são as gratificações, presentes no art. 135 da Lei 10.261/1968. Portanto, poderá ser concedida gratificação ao funcionário: a) pela prestação de serviço extraordinário; b) pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou científico ou de utilidade para o serviço público; c) a título de representação, quando em função de gabinete, missão ou estudo fora do Estado ou designação para função de confiança do Governador; d) quando designado para fazer parte de órgão legal de deliberação coletiva; e e) outras que forem previstas em lei. A Lei não abrangeu muito cada uma das gratificações, mas vejamos as poucas disposições vistas no Estatuto. Gratificação pela prestação de serviço extraordinário A gratificação pela prestação de serviço extraordinário é a famosa hora-extra. Assim, trata-se de um acréscimo pecuniário recebido pelo servidor que exercer suas atribuições além da carga-horária normal para o seu cargo, seja esse trabalho prorrogado ou antecipado. Nessa linha, a gratificação pela prestação de serviço extraordinário será paga por hora de trabalho prorrogado ou antecipado, na mesma razão percebida pelo funcionário em cada hora de período normal de trabalho a que estiver sujeito, não podendo exceder a duas horas diárias de trabalho (art. 136). Prosseguindo, é proibida a concessão de gratificação por serviço extraordinário com o objetivo de remunerar outros serviços ou encargos (art. 137). Por exemplo, imagine que um servidor tenha que desempenhar um trabalho muito complicado, em seu horário normal de expediente, sendo 5 Verificar arts. 76 e 78. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 89 que não existe previsão de pagamento de algum tipo de vantagem ou gratificação para isso. Nessa situação, o seu chefe não pode lhe pagar, indevidamente, hora-extra para “compensar” o desempenho dessa atividade complicada. Com efeito, o funcionário que perceber gratificação por serviço extraordinário não prestado, deverá restituir o valor de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição disciplinar. Ademais, a autoridade que conceder gratificação por serviço extraordinário, com o objetivo de remunerar outros serviços ou encargos, também será responsabilizada. Outrossim, será punido com pena de suspensão e, na reincidência, com a de demissão, a bem do serviço público, o funcionário (art. 138): a) que atestar falsamente a prestação de serviço extraordinário; e b) que se recusar, sem justo motivo, à prestação de serviço extraordinário. Por fim, não deverá receber a gratificação por serviço extraordinário, o funcionário que exercer cargo de direção (art. 139), excetuados os períodos em que seu subordinado venha a perceber, em consequência do acréscimo da gratificação por serviço extraordinário, quantia que iguale ou ultrapasse o valor do padrão do cargo de direção (art. 139, §1º). Nessa situação, o servidor que exercer cargo de direção terá direito de perceber a gratificação por serviço extraordinário correspondente à quantia a esse título percebida pelo subordinado de padrão mais elevado (art. 139, §2º). Em termos mais simples, para evitar que o ocupante de cargo de direção receba menos que seu subordinado, ele perceberá os mesmos valores da gratificação de serviço extraordinário do seu subordinado de padrão mais elevado. ***** Dando continuidade ao texto da Lei, referente às gratificações, o art. 140 dispõe que a gratificação pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para o serviço, será arbitrada pelo Governador, após sua conclusão. Não obstante, a gratificação a título de representação, quando o funcionário for designado para serviço ou estudo fora do Estado, será arbitrada pelo Governador, ou por autoridade que a lei determinar, podendo ser percebida cumulativamente com a diária (art. 141). Já o art. 142 fixa que a gratificação relativa ao exercício em órgão legal de deliberação coletiva, será fixada pelo Governador; e o art. 143 determina a fixação em regulamento para a gratificação de representação Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 89 de gabinete, que, além disso, não poderá ser percebida cumulativamente com a gratificação pela prestação de serviço extraordinário. Diárias Dispõe o art. 144 da Lei 10.261/1968 que o servidor que, a serviço, missão ou estudo, relacionados ao cargo, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório, fará jus a transporte e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada e alimentação. Com efeito, entende-se por sede o município onde o servidor tem exercício (art. 144, §3º). Por exemplo, se um servidor de algum órgão de fiscalização afastar-se de sua sede para realizar uma auditoria em um município do interior, ele deverá receber o transporte e as diárias para indenizar eventuais despesas que vier a ter com pousada e alimentação no local da fiscalização. Deve-se notar que o afastamento da sede deve possuir caráter temporário. Caso esse deslocamento constitua uma exigência permanente do cargo, ou mesmo, ocorra que durante o período de trânsito o funcionário seja removido, ele não fará jus a diárias (art. 144, §§1º e 2º). A diária destina-se a custear as despesas extraordinárias para deslocamentos da sede em caráter temporário. Também não faz jus a diárias o servidor que se deslocar para estudo ou missão no exterior (art. 144, §4º). Ademais, serão fixadas por meio de decreto: (a) os valores das diárias (art. 145); (b) as diárias relativas aos deslocamentos de funcionários para outros Estados e Distrito Federal (art. 144, §5º); (c) a tabela de diárias e as autoridades que as concederem (art. 146). Se o servidor receber diárias, indevidamente, ficará obrigado a restituí- las integralmente, ficando ainda sujeito à punição disciplinar (art. 147). Fechando o assunto, assim como vimos na gratificação por serviço extraordinário, é vedado conceder diárias com o objetivo de remunerar outros encargos ou serviços. Na ocorrência disso, será responsabilizada a autoridade que fez a concessão das diárias (art. 148). Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 89 Ajuda de custo Segundo o art. 149 da Lei 10.261/1968, a ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor6 que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente. Imagine, por exemplo, que um servidor que exercia suas funções em uma unidade da Receita Estadual situada em São Paulo-SP seja removido, no interesse do serviço, para outra unidadeda Receita Estadual, porém situada em Campinas-SP. Nesse caso, ele fará jus à ajuda de custo para compensar as despesas de instalação decorrentes da mudança de sede em caráter permanente. Todavia, cabe frisar que a Lei deixa a concessão a juízo da Administração, ou seja, poderá ou não ser concedido o pagamento de ajuda de custo. Nessa linha, a ajuda de custo, desde que em território do País, será arbitrada pelos Secretários de Estado, não podendo exceder importância correspondente a três vezes o valor do padrão do cargo. O regulamento fixará o critério para o arbitramento, tendo em vista o número de pessoas que acompanham o funcionário, as condições de vida na nova sede, a distância a ser percorrida, o tempo de viagem e os recursos orçamentários disponíveis (art. 150). Com efeito, a Administração também se responsabiliza pelas despesas de transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem e bagagem (art. 149, §2º). Além disso, o art. 151 dispõe expressamente que não será concedida ajuda de custo ao funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar, em virtude de mandato eletivo, bem como ao que for afastado junto a outras Administrações. Assim sendo, o funcionário que recebeu ajuda de custo, se for obrigado a mudar de sede dentro do período de dois anos poderá receber, apenas, 2/3 (dois terços) do benefício que lhe caberia. Outrossim, quando o funcionário for incumbido de serviço que o obrigue a permanecer fora da sede por mais de 30 dias, ele poderá receber ajuda de custo sem prejuízos das diárias que lhe couberem (art. 152). 6 Inclusive aquele designado para serviço ou estudo no estrangeiro (art. 154). Entretanto, nessa situação, a ajuda de custo deverá ser arbitrada pelo Governador do Estado. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 89 Nesse caso, a ajuda de custo não poderá exceder a quantia relativa a uma vez o valor do padrão do cargo. Prosseguindo, o art. 153 indica as situações em que o funcionário deverá restituir a ajuda de custo: a) quando o funcionário não seguir para a nova sede dentro dos prazos fixados, salvo motivo independente de sua vontade, devidamente comprovado sem prejuízo da pena disciplinar cabível; b) quando o funcionário que, antes de concluir o serviço que lhe foi cometido, regressar da nova sede, pedir exoneração ou abandonar o cargo. A restituição, de responsabilidade exclusiva do funcionário, poderá ser feita parceladamente, a juízo da autoridade que houver concedido a ajuda de custo, salvo no caso de recebimento indevido, em que a importância por devolver será descontada integralmente do vencimento ou remuneração, sem prejuízo da pena disciplinar cabível. Isso não se enquadra, no entanto, no caso de regresso do funcionário, determinado pela autoridade competente ou por motivo de força maior devidamente comprovado. Nessa hipótese, ele não ficará obrigado a restituir a ajuda de custo. Salário-Família e Salário-Esposa Dispõe o art. 155 do Estatuto que será concedido salário família ao funcionário ativo e inativo: a) por filho menor de 18 anos ; b) por filho inválido7, de qualquer idade. Para fins de definição, a Lei 10.261/1968 considera como dependentes, aqueles que vivam total ou parcialmente às expensas do funcionário, os filhos de qualquer condição, os enteados e os adotivos, equiparando-se a estes os tutelados sem meios próprios de subsistência; e como pai e mãe, o padrasto e a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. Com efeito, quando a mãe e o pai forem servidores públicos ativos ou inativos e: 7 Considera-se a invalidez como a incapacidade total e permanente para o trabalho (art. 156). Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 89 a) viverem em comum: o salário família será concedido a um deles; b) não viverem em comum: será concedido ao que tiver dependentes sob a sua guarda; c) não viverem em comum e ambos tiverem dependentes sob sua guarda: será concedido a um e outro dos pais, de acordo com a distribuição dos dependentes. De mais a mais, fica assegurada, nas mesmas bases e condições, ao cônjuge supérstite ou ao responsável legal pelos filhos do casal, a percepção do salário-família a que tinha direito o funcionário ou inativo falecidos (art. 158-A). Dando seguimento, na ocorrência de o funcionário não fazer jus, no mês, a nenhuma parcela a título de vencimento, remuneração ou provento, não será devido o salário família (art. 160). Em contrapartida, isso não se aplicará aos casos disciplinares e penais, nem aos de licença por motivo de doença em pessoa da família. Para finalizar, é preciso pontuar que é vedada a percepção de salário- família por dependente em relação ao qual já esteja sendo pago este benefício por outra entidade pública federal, estadual ou municipal, ficando o infrator sujeito às penalidades da lei (art. 161). Outro ponto importante a ser destacado é que a concessão e a supressão do salário-família serão processadas na forma estabelecida em lei. Por outro lado, o salário esposa será concedido ao funcionário que não perceba vencimento ou remuneração de importância superior a duas vezes o valor do menor vencimento pago pelo Estado, desde que a mulher não exerça atividade remunerada (art. 162). Com efeito, esse último benefício será objeto de regulamento. Outras concessões pecuniárias Essa sessão do Estatuto tem a finalidade de dar diretrizes para os demais benefícios concedidos ao funcionário público no Estado de São Paulo. Desse modo, o art. 163 destaca a função do Estado de assegurar ao funcionário o direito de pleno ressarcimento de danos ou prejuízos, decorrentes de acidentes no trabalho, do exercício em determinadas zonas ou locais e da execução de trabalho especial, com risco de vida ou saúde. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 89 Outra concessão permitida é a de transporte – quando possuir vínculo com a causa que gerou o benefício – ao funcionário licenciado, para tratamento de saúde, inclusive para pessoa de sua família (art. 164). Nesse sentido, também poderá ser concedido transporte à família do funcionário, quando este falecer fora da sede de exercício, ou do Estado, no desempenho de serviço (art. 165). Além disso, serão atendidos os pedidos de transporte formulados dentro do prazo de um ano, a partir da data em que houver falecido o funcionário. Dando continuidade, vemos no art. 168 que será concedido auxílio- funeral, a título de benefício assistencial, de valor correspondente a um mês da respectiva remuneração, ao cônjuge, ao companheiro ou companheira ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em virtude do falecimento de funcionário ativo ou inativo. O pagamento do auxílio-funeral será efetuado pelo órgão competente, mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas mencionadas acima, ou procurador legalmente habilitado, feita a prova de identidade. Entretanto, caso as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em virtude da contratação de planos funerários, somente será efetivado o pagamento mediante apresentação de alvará judicial. Além disso, no caso de integrante da carreira de Agente de Segurança Penitenciária ou da classe de Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária, se ficar comprovado, por meiode competente apuração, que o óbito decorreu de lesões recebidas no exercício de suas funções, o benefício será acrescido do valor correspondente a mais um mês da respectiva remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante apresentação de alvará judicial. Finalmente, o Governo do Estado poderá conceder prêmios em dinheiro, dentro das dotações orçamentárias próprias, aos funcionários autores dos melhores trabalhos, classificados em concursos de monografias de interesse para o serviço público (art. 169). Acumulação A acumulação já foi mencionada em várias partes de nosso curso. Contudo, vamos esmiuçar o assunto. De acordo com a Constituição Federal, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, a acumulação: Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 89 a) de dois cargos de professor; b) de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Em contrapartida, o Estatuto, além de mencionar os casos retratados acima, ainda acrescenta outra situação. Assim, também será permitida a acumulação para o caso de um juiz e um cargo de professor (art. 171). Ademais, a proibição de acumular se estende a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista (art. 171, §2º). Com efeito, a acumulação, ainda que lícita, deve possuir compatibilidade de horários e correlação de matérias (art. 171, §1º). Frisamos, no entanto, que a proibição de acumular proventos não se aplica aos aposentados, quanto ao exercício de mandato eletivo, cargo em comissão ou ao contrato para prestação de serviços técnicos ou especializados. Ademais, o funcionário ocupante de cargo efetivo, ou em disponibilidade, poderá ser nomeado para cargo em comissão, perdendo, durante o exercício desse cargo, o vencimento ou remuneração do cargo efetivo ou o provento, salvo se optar pelo mesmo (art. 172). Vale destacar que não se compreende na proibição de acumular, desde que tenha correspondência com a função principal, a percepção das vantagens enumeradas no início desse título8 (art. 173). Verificado, mediante processo administrativo, que o funcionário está acumulando ilegalmente, será ele demitido de todos os cargos e funções e obrigado a restituir o que indevidamente houver recebido (art. 174). A partir disso, devemos analisar duas situações distintas: a) se for provada a boa-fé do funcionário, deverá ele ser mantido no cargo ou função que exercer há mais tempo; b) em caso contrário, o funcionário demitido ficará ainda inabilitado pelo prazo de cinco anos, para o exercício de função ou cargo público, inclusive em entidades que exerçam função delegada do poder público ou são por este mantidas ou administradas. 8 Ver relação de vantagens relacionadas na página 8. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 89 De mais a mais, competirá às autoridades civis e aos chefes de serviço, bem como aos diretores ou responsáveis pelas entidades que exerçam função delegada do poder público ou são por este mantidas ou administradas, e aos fiscais ou representantes dos poderes públicos junto às mesmas, que tiverem conhecimento de que qualquer dos seus subordinados ou qualquer empregado da empresa sujeita à fiscalização está no exercício de acumulação proibida, fazer a devida comunicação ao órgão competente, para o devido processo disciplinar (art. 175). Enfim, cumpre indicar que qualquer cidadão poderá denunciar a existência de acumulação ilegal. Férias Acho que este é um assunto de interesse de todos! O direito às férias encontra-se previsto no art. 7º, XVII, da CF, representando o período anual de descanso do servidor. Na Lei 10.261/1968, esse direito encontra-se previsto nos arts. 176 a 180. As férias têm duração de trinta dias anuais, que podem ser acumuladas somente no caso de absoluta necessidade do serviço, por até o máximo de dois períodos consecutivos. Nesse período, o servidor ficará afastado do exercício de suas atribuições, mas receberá sua remuneração – bem como terá direito a todas as vantagens, como se estivesse em exercício – somada do adicional de férias, contando o seu prazo como de efetivo exercício do cargo para todos os efeitos. O primeiro período aquisitivo de férias ocorre depois de doze meses de exercício (art. 178), sendo considerado para esse fim, o tempo de serviço prestado em outro cargo público, desde que entre a cessação do anterior e o início do subsequente exercício não haja interrupção superior a 10 dias. O §1º do art. 176 veda que se leve à conta de férias qualquer falta ao serviço. Dessa forma, se o servidor faltar ao serviço injustificadamente, deverá ser descontada à sua remuneração correspondente aos dias de ausência, não se podendo descontar esses dias do período de férias. Nesse âmbito, o período de férias será reduzido para 20 dias, se o servidor, no exercício anterior, tiver, considerados em conjunto, mais de 10 não comparecimentos correspondentes a faltas abonadas, justificadas e injustificadas ou às licenças por motivo de doença em pessoa de sua família, para tratar de interesses particulares, e para acompanhamento de cônjuge. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 89 Ademais, o Estatuto permite que as férias sejam parceladas em até duas etapas iguais. Nesse caso, o requerimento deverá partir do servidor, mas a concessão do parcelamento ocorre no interesse da administração pública, ou seja, a administração decidirá de forma discricionária (art. 177). Com efeito, compete ao chefe da repartição ou do serviço, organizar, no mês de dezembro, a escala de férias para o ano seguinte, que poderá alterar de acordo com a conveniência do serviço (art. 179). Por fim, com base no art. 180 o funcionário transferido9 ou removido, quando em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-se antes de terminá-las. Licenças De acordo com o art. 181 da Lei 10.261/1968, conceder-se-á ao servidor licença: a) para tratamento de saúde; b) quando acidentado no exercício de suas atribuições ou acometido por doença profissional; c) à funcionária gestante; d) por motivo de doença em pessoa da família; e) para o serviço militar; f) para tratar de interesses particulares; g) por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; h) compulsoriamente, como medida profilática; i) prêmio, por assiduidade. Em contraponto, ao funcionário ocupante exclusivamente de cargo em comissão serão concedidas as licenças (a) por motivo de doença em pessoa da família, (b) para tratar de interesses particulares e (c) por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro. Já as licenças (i) para tratamento de saúde, (ii) quando acidentado no exercício de suas atribuições ou acometido por doença profissional, e (iii) à funcionária gestante, serão concedidas pelo regime geral de previdência social. 9 Conforme mencionado na primeira parte de nossa aula, a transferência é forma de provimento considerada inconstitucional. Todavia, é possível que a banca trabalhe uma questão com o texto literal, mencionando a transferência. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícioscomentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 89 Dentre as licenças citadas, aquelas que dependerem de inspeção médica serão concedidas pelo prazo indicado pelos órgãos oficiais competentes (art. 182). A recusa em submeter-se à inspeção médica, quando julgada necessária, será punida com pena de suspensão do funcionário, que perdurará até o dia em que a inspeção se realizar (art. 190). Outrossim, ao terminar da licença, o funcionário deverá reassumir, imediatamente, o exercício do cargo (art. 183). Entretanto, isso não se aplica às licenças para o serviço militar e por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro, quando em prorrogação. Além disso, o não retorno ao exercício ao final da licença, importará em perda total do vencimento ou remuneração correspondente ao período de ausência e, se esta exceder a 30 dias, ficará o funcionário sujeito à pena de demissão por abandono de cargo. Continuando, o art. 184 menciona que o funcionário licenciado para tratamento de saúde, quando acidentado no exercício de suas atribuições ou acometido por doença profissional, quando gestante, e por motivo de doença em pessoa da família, é obrigado a reassumir o exercício, se for considerado apto em inspeção médica realizada ex officio ou se não subsistir a doença na pessoa de sua família. Da mesma forma, caso a inspeção médica comprove que os motivos que determinaram a licença foram cessados, o funcionário poderá desistir da licença. Das licenças citadas acima, excetuando-se a licença concedida à funcionária gestante, as demais não serão concedidas em prorrogação, cabendo ao funcionário ou à autoridade competente ingressar, quando for o caso, com um novo pedido (art. 185). Antes de entrarmos nas especificações de cada licença, devemos destacar que o funcionário que obtiver licença para tratamento de saúde ou quando acidentado no exercício de suas atribuições ou acometido por doença profissional, não poderá dedicar-se a qualquer atividade remunerada, sob pena de ser cassada a licença e de ser demitido por abandono do cargo, caso não reassuma o seu exercício dentro do prazo de 30 dias (art. 187). Agora, vamos analisar cada uma das licenças. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 89 a) Licença para tratamento de saúde Ao funcionário que, por motivo de saúde, estiver impossibilitado para o exercício do cargo, será concedida licença, a pedido ou de ofício10 e mediante inspeção médica oficial, até o máximo de quatro anos, com vencimento ou remuneração (art. 191). Como vimos, é necessária a realização de inspeção médica oficial na concessão da licença. Todavia, ela poderá ser dispensada, a critério do órgão oficial, quando a análise documental for suficiente para comprovar a incapacidade laboral, observado o estabelecido em decreto. Além disso, o funcionário poderá ser dispensado da inspeção médica em caso de licença para tratamento de saúde de curta duração, conforme estabelecido em decreto. Outrossim, neste tipo de benefício, ao findar do prazo concedido ao funcionário, deverá ele ser submetido à inspeção médica e aposentado, desde que verificada a sua invalidez, permitindo-se o licenciamento além desse prazo, quando não se justificar a aposentadoria. Assim, caso sejam cessados os motivos determinantes da aposentadoria, será obrigatória a reversão do aposentado. Cabe frisar que o mesmo se aplica ao ocupante de cargo em comissão, que contar mais de 15 anos de exercício ininterrupto nesse cargo, seja ou não ocupante de cargo de provimento efetivo (art. 192). b) Licença por acidente no exercício de suas atribuições ou acometimento por doença profissional A licença concedida ao funcionário acidentado no exercício de suas atribuições ou que tenha adquirido doença profissional, está disposta nos arts. 194 a 197 do Estatuto. Dessarte, terá direito à licença, com vencimento ou remuneração, o servidor que (art. 194): a) tenha sido acometido por doença profissional; b) tenha sofrido acidente no exercício de suas atribuições, compreendendo também: a. a agressão sofrida e não provocada pelo funcionário, no exercício de suas funções; 10 A licença ex officio será concedida por decisão do órgão oficial quando as condições de saúde do funcionário assim o determinarem, ou a pedido do órgão de origem do funcionário (art. 193, §2º). Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 89 b. a lesão sofrida pelo funcionário, quando em trânsito, no percurso usual para o trabalho. Nessa situação, o funcionário poderá permanecer afastado de suas funções durante um período máximo de licença de quatro anos. Porém, no caso de acidente, verificada a incapacidade total para qualquer função pública, será desde logo concedida aposentadoria ao funcionário (art. 195). Em continuação, o art. 196 destaca que é indispensável a comprovação do acidente, que deverá ser feita através de procedimento próprio, iniciado no prazo de 10 dias, contados da data do acidente. Cabe frisar, que mesmo que a concessão não ocorra, o procedimento de comprovação do acidente deverá ser cumprido pelo órgão de origem do servidor. Nessa linha, caberá ao funcionário requerer a concessão da licença junto ao órgão de origem, que após o regular procedimento oficializará a decisão, através de órgão médico oficial. Ademais, para fins de conceituação, serão adotados os critérios da legislação federal de acidentes do trabalho para a ocorrência de acidente da doença profissional (art. 197). c) Licença à funcionária gestante A licença concedida à servidora gestante, remunerada – com vencimentos ou remuneração –, durará pelo prazo de 180 dias, e poderá ser concedida a partir da 32ª (trigésima segunda) semana de gestação, mediante documentação médica que comprove a gravidez e a respectiva idade gestacional (art. 198). Caso o nascimento ocorra sem que tenha sido requerida a licença, será esta concedida mediante a apresentação da certidão de nascimento e vigorará a partir da data do evento, podendo retroagir até 15 dias; Com efeito, na ocorrência de natimorto, será concedida a licença para tratamento de saúde, a critério médico. Por fim, é vedada a prática de qualquer atividade remunerada durante o período em que a funcionária estiver licenciada. O não cumprimento disso, acarretará em falta grave da servidora. Ademais, as mesmas diretrizes são válidas, para a funcionária que durante a licença mantiver a criança em creche ou organização similar. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 89 d) Licença por motivo de doença em pessoa da família A licença por motivo de doença em pessoa da família, disciplinada no art. 199 da Lei 10.261/1968, poderá ser concedida ao servidor por motivo de doença do cônjuge e de parentes até o segundo grau, mediante comprovação em inspeção médica. Apesar de o texto da lei mencionar expressamente que a licença “poderá” ser concedida, o entendimento atual é que sua concessão é vinculada, ou seja, se estiverem preenchidos os requisitos legais, a Administração deverá conceder a licença. Na sequência, o §2º do art. 199 estabelece que a licença poderá ser concedida com vencimentos ou remuneração até um mês, e com os seguintes descontos: a) 1/3 (um terço), quando exceder a um mês até três;b) 2/3 (dois terços), quando exceder a três até seis; c) sem vencimento ou remuneração do sétimo ao vigésimo mês. Salientamos, que a contagem de tempo, mencionada acima, resultará da soma das licenças concedidas durante o período de 20 meses, contado da primeira concessão. e) Licença para o serviço militar Será concedida licença, comunicação do funcionário ao chefe da repartição ou do serviço, acompanhada de documentação oficial que prove a incorporação, ao servidor convocado para o serviço militar e outros encargos de segurança nacional, sem vencimento ou remuneração (art. 200). Concluído o serviço militar, o servidor reassumirá imediatamente o exercício, sob pena de demissão por abandono do cargo, caso a ausência exceda a 30 dias. Isso não se aplica, no entanto, ao servidor que for desincorporado em lugar diverso do da sede. Nessa hipótese, o servidor terá o prazo de 30 dias, contados da data da desincorporação, para apresentar-se ao serviço (art. 200, §§2º e 3º). Enfim, ao funcionário que houver feito curso para ser admitido como oficial da reserva das Forças Armadas, será também concedida licença sem vencimento ou remuneração, durante os estágios prescritos pelos regulamentos militares (art. 201). Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 89 f) Licença para tratar de interesses particulares A licença para tratar de interesses particulares poderá ser concedida, a critério da Administração11, pelo prazo de até dois anos, sem vencimento ou remuneração, desde que o funcionário já tenha completado o prazo de cinco anos de efetivo serviço (art. 202). De mais a mais, enquanto aguarda a concessão da licença, o funcionário deverá permanecer em exercício. Outro detalhe que merece ser mencionado é que a licença poderá ser gozada parceladamente, a juízo da Administração, desde que dentro do período de três anos. Após a concessão do benefício, o servidor somente terá direito a uma nova licença depois de decorridos cinco anos do término da anterior (art. 204). Em contraponto, o funcionário poderá desistir da licença, a qualquer tempo, reassumindo o exercício em seguida. Por fim, por força do art. 203, não será concedida licença para tratar de interesses particulares ao funcionário nomeado, removido ou transferido12, antes de assumir o exercício do cargo. g) Licença por motivo de afastamento do cônjuge Segundo o art. 205 da Lei 10.261/1968, poderá ser concedida licença à servidora para acompanhar cônjuge, funcionário estadual ou militar, que foi deslocado para outro ponto do Estado, do território nacional ou para o exterior13. Essa licença será pelo tempo que durar a comissão ou a nova função do marido (sendo concedida mediante pedido devidamente instruído) e sem remuneração (art. 205, parágrafo único). h) Licença compulsória A concessão da licença compulsória se enquadra ao funcionário ao qual se possa atribuir a condição de fonte de infecção de doença transmissível. Desse modo, a critério da autoridade sanitária competente, 11 Podendo ser negada a licença quando o afastamento do funcionário for inconveniente ao interesse do serviço (art. 202, §1º). 12 Devemos lembrar novamente, a transferência é inconstitucional. 13 O deslocamento mencionado deve ocorrer de ofício, ou seja, independentemente da vontade do servidor. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 89 a licença ao funcionário que se encontra nessa situação, poderá durar enquanto essa condição se manter (art. 206). Com essa visão, caso seja verificada a procedência da suspeita, o funcionário será licenciado para tratamento de saúde, considerando-se incluídos no período da licença os dias de licenciamento compulsório (art. 207). Em contrapartida, caso não se comprove a moléstia, o funcionário deverá retornar ao serviço, considerando se como de efetivo exercício para todos os efeitos legais, o período de licença compulsória (art. 208). i) Licença prêmio por assiduidade Como o próprio nome sugere, essa licença é concedida a título de prêmio, como incentivo à assiduidade, com direito à percepção do seu vencimento ou remuneração. Em vista disso, após cada quinquênio ininterrupto de efetivo exercício, sem que tenha sofrido qualquer penalidade disciplinar, o servidor fará jus a 90 dias de licença-prêmio, sendo esses dias considerados como de efetivo exercício para todos os efeitos legais (art. 209). Como vimos, o período de cinco anos deverá ser de exercício ininterrupto. Dessa forma, não se consideram interrupção de exercício (art. 210): a) os afastamentos por: a. férias; b. casamento, até oito dias; c. falecimento do cônjuge, filhos, pais e irmãos, até oito dias; d. falecimento dos avós, netos, sogros, do padrasto ou madrasta, até dois dias; e. serviços obrigatórios por lei; f. licença quando acidentado no exercício de suas atribuições ou atacado de doença profissional; g. licença à funcionária gestante; h. licenciamento compulsório; i. licença-prêmio; Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 89 j. missão ou estudo dentro do Estado, em outros pontos do território nacional ou no estrangeiro; k. para contribuição para banco de sangue mantido por órgão estatal ou paraestatal, ou entidade com a qual o Estado mantenha convênio; l. afastamento por processo administrativo, se o funcionário for declarado inocente ou se a pena imposta for de repreensão ou multa; e, ainda, os dias que excederem o total da pena de suspensão efetivamente aplicada; m. trânsito, em decorrência de mudança de sede de exercício, desde que não exceda o prazo de oito dias; n. provas de competições desportivas, sem prejuízo do vencimento ou remuneração, quando representar o Brasil, ou o Estado; e o. licença-paternidade, por cinco dias; e b) as faltas abonadas, as justificadas e os dias de licença para tratamento de saúde e por motivo de doença em pessoa da família, desde que o total de todas essas ausências não exceda o limite máximo de 30 dias, no período de cinco anos. Além disso, pelo texto do art. 212 vemos que a licença-prêmio será concedida mediante certidão de tempo de serviço, independente de requerimento do funcionário, e será publicada no Diário Oficial do Estado, nos termos da legislação em vigor. Dando seguimento ao assunto, o art. 213 determina que o funcionário poderá requerer o gozo da licença-prêmio (a) por inteiro ou em parcelas não inferiores a 15 dias ou (b) até o implemento das condições para a aposentadoria voluntária. Ademais, caberá à autoridade competente: adotar, após manifestação do chefe imediato, sem prejuízo para o serviço, as medidas necessárias para que o funcionário possa gozar a licença-prêmio a que tenha direito; decidir, após manifestação do chefe imediato, observada a opção do funcionário e respeitado o interesse do serviço, pelo gozo da licença- prêmio por inteiro ou parceladamente. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 89 A apresentação de pedido de passagem à inatividade, sem a prévia e oportuna apresentação do requerimento de gozo, implicará perda do direito à licença-prêmio. Em conclusão, como já vimos em outros pontos de nossa aula, o servidordeverá aguardar em exercício a apreciação do requerimento de gozo da licença-prêmio (art. 214). Outrossim, caso a licença não se inicie em até 30 dias contados da publicação do ato que a houver autorizado, a concessão dependerá de novo requerimento. Estabilidade A estabilidade é o direito de permanência no serviço público, destinado aos servidores detentores de cargo de provimento efetivo. Trata- se de uma forma de assegurar a autonomia dos servidores públicos, evitando que eles fiquem reféns de ingerências de natureza política. Além disso, a estabilidade destina-se a promover a profissionalização dos servidores públicos, por meio do desenvolvimento de carreiras. As regras sobre a estabilidade estão disciplinadas no art. 41 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional 19/1998 (Emenda da Reforma Administrativa). A redação anterior não apresentava nenhuma hipótese de exoneração do servidor por iniciativa da Administração e também era menos exigente nos requisitos para aquisição da estabilidade. O novo texto aumentou o tempo necessário de efetivo exercício para aquisição da estabilidade de dois para três anos. Além disso, o §4º, art. 41, também acrescentado pela EC 19/98, passou a exigir como condição para a aquisição da estabilidade, a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 89 A Lei 10.261/1968, art. 217, estabelece que o prazo para a aquisição da estabilidade é de 24 meses に mesma regra apresentada na Lei 8.112/199014 に, enquanto a Constituição estabelece o prazo como de 36 meses. Dessa forma, surgiu muita divergência na doutrina a respeito do prazo de duração do estágio probatório. Posteriormente, o prazo previsto na Lei 8.112/1990 foi modificado para 36 meses por meio da MP 431/2008. Todavia, essa medida foi convertida na Lei 11.748/2008, que não acatou a mudança do prazo, ou seja, no texto da Lei 11.748/2008 permaneceu o prazo de 24 meses para o estágio probatório. Com isso, a divergência tornou-se ainda maior, só sendo pacificada em 2010, quando o STF firmou o entendimento de que o art. 41 da Constituição Federal é autoaplicável, vinculando o prazo de estabilidade ao período do estágio probatório. Por conseguinte, automaticamente o prazo do estágio probatório foi dilatada para 36 meses com a nova redação da EC 19/199815. Nesse mesmo sentido, o STJ também aplicou o prazo de três anos para o estágio probatório16: MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. PROCURADOR FEDERAL. PROMOÇÃO E PROGRESSÃO NA CARREIRA. CRITÉRIOS. PORTARIA PGF 468/2005. ILEGALIDADES NÃO CONFIGURADAS. ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF. EC Nº 19/1998. PRAZO. ALTERAÇÃO. ESTÁGIO PROBATÓRIO. OBSERVÂNCIA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. INEXISTÊNCIA 1. A fixação de critérios e diretrizes para promoção e progressão funcional por meio de atos administrativos, não é, por si, ilegal, visto que encontra amparo no disposto no art. 10 da Lei n. 8.112/1990. 2. Não atendido o requisito temporal de conclusão do estágio probatório, considerando que não verificado o interstício de 3 (três) anos de efetivo exercício da impetrante no cargo de Procurador Federal, inexiste direito líquido e certo de figurar nas listas de promoção e progressão funcional, regulamentadas pela Portaria PGF nº 468/2005. Precedente: MS 12.523/DF, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 18.8.2009. Segurança denegada. (MS 12665/DF, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 24/04/2013) Apesar dessas considerações, devemos saber que o estágio probatório e a estabilidade não se confundem. Aquele é um período de testes do servidor no cargo, 14 Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais, art. 20. 15STA 269 AgR. 16MS 12665/DF. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 89 ou seja, destina-se a avaliar a aptidão do servidor para o cargo, enquanto a estabilidade é adquirida no serviço público, ressalvando-se à Administração o direito de aproveitar o funcionário em outro cargo de igual padrão, de acordo com as suas aptidões. A diferença pode ser entendida com um exemplo. Pedro, servidor efetivo, adquiriu a estabilidade após preencher todos os requisitos previstos na Constituição Federal. Após isso, ele foi novamente aprovado em concurso público, para outro cargo. Nesse caso, ao tomar posse no novo cargo, Pedro será novamente submetido ao estágio probatório, uma vez que o estágio se refere ao cargo. Porém, ele já será servidor efetivo, pois a estabilidade ocorre no serviço público に ressalvando que essa estabilidade é para cada ente da federação, sendo que se ele trocar um cargo estadual por um federal, por exemplo, também não terá a estabilidade. A consequência disso é que, se Pedro reprovar no estágio probatório, terá assegurado o retorno ao cargo anterior. Vale dizer, Pedro será exonerado do novo cargo, mas poderá retornar ao antigo cargo, uma vez que ele já possui a estabilidade. Com efeito, outro requisito para aquisição da estabilidade é a prévia aprovação em concurso público de prova ou de provas e títulos. Dessa forma, podemos perceber que existem quatro requisitos para aquisição da estabilidade: a) aprovação em concurso público; b) o cargo deve ser de provimento efetivo; c) três anos de efetivo exercício; d) aprovação em avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Todavia, o servidor efetivo não possui uma “blindagem” contra qualquer forma de demissão. A Constituição Federal apresenta quatro hipóteses em que o servidor estável poderá perder o cargo de forma não voluntária: a) sentença judicial transitada em julgado; b) processo administrativo com ampla defesa; c) insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa; d) excesso de despesa com pessoal, nos termos do art. 169, §4º. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 89 Dessas, as duas primeiras hipóteses encontram previsão no art. 218 da Lei 10.261/1968. Em contrapartida, as duas últimas hipóteses de perda do cargo não estão presentes no Estatuto e não estavam previstas no texto original da Constituição Federal, sendo incluídas pela EC 19/1998. Deve-se destacar que não se confunde a demissão com a exoneração. A primeira possui caráter punitivo, decorrendo de falta grave ou como efeito de sentença penal. Por outro lado, a exoneração é aplicável nos demais casos, em regra, sem caráter punitivo. Por exemplo, quando o servidor, voluntariamente, deseja parar de trabalhar na instituição, ele faz o pedido de exoneração. Assim, as duas novas hipóteses de perda do cargo são formas de exoneração. Entretanto, parte da doutrina considera, plausivelmente, que a perda do cargo por insuficiência de desempenho possui caráter punitivo, em que pese seja realizada por exoneração. Dessa forma, não mais é correto afirmar que a exoneração nunca possui caráter punitivo, pois no caso de insuficiência de desempenho ela terá. Com efeito, a maior prova do caráter punitivo é que a própria Constituição determina que seja oportunizado a ampla defesa ao servidor. Por fim, vale lembrar que a perda do cargo por insuficiência de desempenhodepende da edição de lei complementar, que estabelecerá as regras básicas para a avaliação. No caso de excesso de despesa, porém, é evidente que não existe caráter punitivo, pois não decorre de nenhuma ação do servidor. De acordo com o art. 169, §4º, da CF, em caso de excesso de despesa, “o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal”. A exigência de limite de despesa com pessoal encontra-se prevista no art. 169, caput, da CF. Tal dispositivo foi regulamentado pela Lei Complementar 101/2000, a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal. Os limites são calculados com base na receita corrente líquida, fixados em 50% para a União e 60% para os estados e municípios. Em seguida, a LRF estabelece limites para cada Poder (não vamos aprofundar esses limites, pois foge do campo do Direito Administrativo). Caso algum Poder ultrapasse o limite previsto na LRF, deverá tomar as medidas para reduzir os seus gastos. Entretanto, o art. 163 da Constituição estabelece regras que devem ser observadas antes da exoneração do servidor estável com a finalidade de cumprir os limites da LRF: a) redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 89 b) exoneração dos servidores não estáveis. Portanto, a exoneração de servidor estável é medida de exceção, que só poderá ser tomada se as medidas acima não forem suficientes para reconduzir os gastos aos limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal. O servidor estável que perder o cargo em decorrência de excesso de despesas com pessoal fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço (CF, art. 169, §5º). Por fim, o cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos (CF, art. 169, §6º). Normalmente, só se fala na estabilidade relativa ao servidor ocupante de cargo efetivo, que foi essa que acabamos de estudar. No entanto, o art. 19 do ADCT apresentou uma outra forma de estabilidade, aplicável exclusivamente ao servidor admitido sem concurso público há pelo menos cinco anos antes da promulgação da Constituição. Todavia, esse servidor é estável, mas não é efetivo, e possui somente o direito de permanência no serviço público no cargo em que fora admitido, todavia sem incorporação na carreira, não tendo direito a progressão funcional nela, ou a desfrutar de benefícios que sejam privativos de seus integrantes17. Disponibilidade Já tratamos da disponibilidade em alguns pontos da nossa aula. Agora acertaremos os seus últimos detalhes. Desse modo, dispõe o art. 219 que o servidor ficará em disponibilidade remunerada em duas situações: a) quando for determinada a reintegração do servidor que foi demitido, mas cujo cargo original foi extinto e não for possível reintegrá-lo em cargo equivalente (art. 219, I; c/c art. 31, §2º) – nesse caso, o servidor ficará em disponibilidade no cargo em que exercia; b) quando, tendo adquirido estabilidade, o cargo for extinto por lei (art. 219, II). 17RE 167.635/SP. Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 89 Em qualquer dos casos, o servidor ficará em disponibilidade somente até o seu obrigatório aproveitamento em cargo equivalente (art. 219, parágrafo único). Durante o período em que estiver disponível, o funcionário será remunerado. Entretanto, o provento da disponibilidade não poderá ser superior ao vencimento ou remuneração e vantagens percebidos pelo funcionário (art. 220). Ademais, qualquer alteração do vencimento ou remuneração e vantagens percebidas pelo funcionário em virtude de medida geral, será extensiva ao provento do disponível, na mesma proporção (art. 221). Aposentadoria O Estatuto apresenta uma série de situações em que o servidor público, inclusive aquele em disponibilidade, poderá ser aposentado. São elas (arts. 222, 223 e 225): a) por invalidez permanente, mediante comprovação em inspeção de saúde realizada em órgão médico oficial; b) compulsoriamente, aos setenta anos de idade; c) voluntariamente, após 35 anos de serviço para homens e 30 anos para mulheres. Embora os limites estejam determinados, a Constituição do Estado de São Paulo (art. 94) pode alterá-los, reduzindo os limites de idade e de tempo de serviço para a aposentadoria. No caso da aposentadoria compulsória, a sua concessão é automática, ou seja, o funcionário se afastará no dia imediato àquele em que atingir a idade limite, independentemente da publicação do ato declaratório da aposentadoria (art. 224). Em contrapartida, a aposentadoria voluntária somente produzirá efeito a partir da publicação do ato no "Diário Oficial" (art. 228). Ao ocupante de cargo em comissão, que contar mais de 15 anos de exercício ininterrupto nesse cargo, seja ou não ocupante de cargo de provimento efetivo, também é possível a aposentadoria, seja por invalidez permanente ou de modo compulsório (art. 227). Em continuação, o art. 226 define que o provento da aposentadoria será: Direito Administrativo p/ SEFAZ-SP (ICMS-SP) Agente Fiscal de Rendas Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida – Aula 14 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 89 a) igual ao vencimento ou remuneração e demais vantagens pecuniárias incorporadas para esse efeito: a. quando o funcionário, do sexo masculino, contar 35 anos de serviço e do sexo feminino, 30 anos; e b. quando ocorrer a invalidez. b) proporcional ao tempo de serviço, nos demais casos. O pagamento dos proventos deverá se iniciar no mês seguinte ao em que cessar a percepção do vencimento ou remuneração (art. 299), não podendo ser superior ao vencimento ou remuneração e demais vantagens percebidas pelo funcionário (art. 231). Além disso, o provento do aposentado só poderá sofrer descontos autorizados em lei (art. 230). Por fim, caso ocorra alguma alteração do vencimento ou remuneração e vantagens percebidas pelo funcionário em virtude de medida geral, ela será extensiva ao provento do aposentado, na mesma proporção (art. 232). Assistência ao funcionário Começando nosso assunto, o art. 233 afirma a obrigação do Estado no fornecimento gratuito de equipamento de proteção à saúde para aqueles servidores que executarem trabalhos insalubres. Em contrapartida, no recebimento dos equipamentos aprovados pelo órgão competente, os funcionários recebem também a obrigação de uso desses equipamentos, sendo que o não cumprimento disto, acarretará em suspensão ao funcionário. Com efeito, vemos no art. 234 que é assegurado o direito de remoção para igual cargo no local de residência do cônjuge, se este também for funcionário e houver vaga. Ademais, caso haja vaga na sede do exercício de ambos os cônjuges, a remoção poderá ser feita para o local18 indicado por qualquer deles, desde que não prejudique o serviço (art. 235). Ainda nessa linha, para a concessão de uma nova remoção por união de cônjuges ao funcionário que for removido a pedido para outro local, deverá ser aguardado o período de cinco anos (art. 236). Por outro lado, quando a remoção for de funcionário estudante devemos observar algumas peculiaridades. Desse modo, o ato que remover
Compartilhar