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Direitos Sociais Giulia (4)

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Nome: Giulia de Araujo de Souza (VESPERTINO) 
Tema: A – Direitos Sociais na formação sócio-histórica brasileira 
 
Os direitos sociais são aqueles que visam resguardar direitos mínimos à sociedade. Tem como 
objetivo mitigar as vulnerabilidades sociais ocasionadas pelo capitalismo. Entretanto, a própria 
implementação dos direitos sociais no Brasil é paradoxal, porque foi introduzido num contexto político, 
em meados da década de 30, em que havia baixa ou nula participação política (direitos políticos) e de 
precária vigência dos direitos civis, comprometendo e esvaziando o próprio sentido de um direito social 
e a construção de uma cidadania ativa. Para Cremonese (2011), ficou evidente que, no Brasil, os direitos 
sociais não foram conquistados, mas, sim, consequência de concessões de governos centralizados e 
autoritários. Em contrapartida, sob a perspectiva de Iamamoto (2014), os direitos sociais, mais 
especificamente os dos trabalhadores, tanto na Era Vargas quanto no período da Ditadura Militar, ao 
ser reconhecido pelo próprio capital, é manipulado de tal forma, que se torna um meio de reforço da 
visão paternalista do Estado, que recupera nesse processo o coronelismo presente na história política 
brasileira, agora instaurado no próprio aparelho do Estado. Ou seja, os direitos sociais por um lado 
favorecem a classe trabalhadora, por outro lado, sua implementação ao ser gerida pela classe capitalista 
e sem os direitos civis e políticos, passa a ser constituído como um mecanismo de poder/controle e não 
alcançando a população como deveria. 
No contexto da pandemia, o Brasil não adotou um plano nacional de contingenciamento para 
combater a Covid-19. Muitas medidas foram tomadas de maneira voluntária pelos Estados e 
Municípios, que implementaram suas próprias políticas e medidas, e, muitas das vezes, como vemos 
nos jornais, isso foi feito com base ideológica e não científica. Além disso, a disputa federalista entre 
Presidente vs Governadores, acabou atrapalhando o andamento das políticas que tinham objetivo de 
fazer uma contenção da pandemia. Assim, essas disputas ideológicas, evidentes desde as últimas 
eleições, tomaram proporções maiores a serem instrumentalizadas pelo próprio aparelho do Estado que 
passou a negar a presença de um vírus que infectou 22,2 milhões de brasileiros, fora os 617 mil mortos, 
como também contrariar as medidas adotadas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS) e 
insistir em medicamentos que não trazem nenhum benefício ao combate ao vírus, pelo contrário, piora 
o quadro da doença para a pessoa já infectada. 
Ao tratarmos de direitos sociais neste contexto, fica evidente que não houve uma coordenação 
governamental, estratégia adotada por vários países, para estabelecer a coordenação entre os órgãos 
públicos. Não só na área da saúde, mas órgãos relacionados à dinâmica econômica, proteção social, 
educação, habitação e diversos outros setores governamentais que são importantes e impactam 
diretamente a vida da população numa tentativa de diminuir as desigualdades e conter a pandemia. 
Antes da pandemia atingir o Brasil, já havia milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social, 
inclusive o Brasil tinha saído do mapa da fome e retornou a constar entre os países que têm índices 
alarmantes de fome e miséria. 
A partir dessa circunstância, vemos que a situação vem piorando com a pandemia e a medida 
adotada pelo governo, a princípio, nos primeiros meses foi o auxílio emergencial, porém o valor 
incipiente não cobre as necessidades essenciais de uma família, principalmente porque o valor já era 
inferior e foi diminuindo gradativamente ao passar dos meses. Contudo, no ápice da pandemia muitos 
brasileiros foram cortados do programa e outros nem conseguiram se cadastrar, além do valor pago ser 
inferior ao preço de uma cesta básica. Outra crítica ao governo foi não ter usado a própria infraestrutura 
do SUAS para identificar as populações mais vulneráveis e fazer um mapeamento melhor dos 
beneficiários do programa e tratar de políticas de proteção social. O cadastro do auxílio emergencial foi 
feito por aplicativo de celular, não pensando que há uma parcela grande da população que não tem 
acesso à internet, ou seja, há uma exclusão digital imensa e isso foi ignorado pelo Estado. 
Nesse contexto, observamos que a medida de isolamento social em casa foi genérica, porque 
não levou em consideração as desigualdades que marcam o tema da problemática da habitação e 
saneamento do Brasil. Desconsiderou-se que não são todas as pessoas que de fato conseguem ficar em 
casa e garantir sua segurança e qualidade de vida. Muitos brasileiros vivem em aglomerados subnormais 
e sem uma rede de saneamento básico em casa, assim não conseguem fazer o mínimo que é lavar as 
mãos ou ter um isolamento social adequado. No Brasil, ainda há uma visão que o direito à moradia - 
mesmo estando presente na constituição como um direito social básico - não é visto como um direito 
universal, assim, a habitação ainda é vista enquanto mercadoria. Por isso, não se levou em consideração 
que morar de forma digna é garantir sua saúde, porque ao falarmos de saúde pública e no contexto de 
pandemia em que a medida principal é ficar em casa e lavar as mãos, também temos que falar de moradia 
porque uma grande parte dos brasileiros não conseguiram fazer nem isso. E isso está ligado aos índices 
alarmantes de infectados e óbitos serem ainda maiores nas periferias brasileiras. 
Em suma, o insucesso do Brasil no enfrentamento à Covid-19 se deve à falta de adesão plena 
às recomendações de caráter científico, inclusive aquelas advindas da Organização Mundial da Saúde 
(OMS), além da adoção de medidas fragmentadas e desordenadas, que pouco têm observado o quadro 
pré-existente das desigualdades sociais e espaciais. Contudo, existe todo um conhecimento técnico-
científico que poderia conduzir e elaborar políticas públicas que garantisse os direitos sociais e tentasse 
conter o aumento da desigualdade e pessoas em extrema pobreza, no entanto, esse processo de 
implementação e execução acabou sendo ignorada. Ou seja, no Brasil, temos sofrido de uma 
necropolítica, ausência do poder público em termos de políticas e ações eficazes e que são necessárias 
no controle da pandemia, onde vimos em 2020 que no momento mais alarmante da pandemia não se 
tinha um Ministro da Saúde, bem como houve um aumento alarmante dos preços do mercado que não 
condizia com o salário mínimo. E, também vimos que muitas medidas sociais adotadas na pandemia 
foram por pura politicagem, condizentes com o período das eleições municipais e numa tentativa de 
fazer uma certa propaganda política para as eleições presidenciais de 2022. Com isso, o Brasil foi 
levando a pandemia num verdadeiro caos social onde o presidente negava a própria pandemia e os 
governadores e prefeitos tomam a frente como bem queriam, além de usarem os direitos sociais - já que 
muitos não estão sendo respeitados - como propagandas políticas, no sentido de angariar votos, numa 
política meio paternalista deixando a população em crise e com medo das coisas piorarem ainda mais 
e seus benefícios serem cortados se um político não conseguir se reeleger ou eleger. 
 
 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CREMONESE, D. (2011). A Difícil Construção da Cidadania no Brasil. Desenvolvimento Em 
Questão, 5(9), 59–84. https://doi.org/10.21527/2237-6453.2007.9.59-84 
IAMAMOTO, Marilda Villela. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de uma 
interpretação histórica-metodológica / Marilda Villela Iamamoto, Raúl de Carvalho. 41 ed. - São 
Paulo; Cortez, 2014 
 
 
 
 
 
https://doi.org/10.21527/2237-6453.2007.9.59-84

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