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06 Responsabilidade fiscal - Lei de Responsabilidade Fiscal

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Aula 06
Direito Financeiro p/ PC-RN (Delegado)
Pós-Edital
Autor:
Vanessa Brito Arns
Aula 06
28 de Novembro de 2020
.
 
Sumário 
Direito Financeiro ................................................................................................................................. 2 
1. Responsabilidade fiscal. ................................................................................................................ 2 
2. Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000) .......................................................................... 5 
3. Objetivo e Características da Lei de Responsabilidade Fiscal ....................................................... 7 
4. Destinatários da LC 101/2000 ..................................................................................................... 11 
5. Cidadania e transparência .......................................................................................................... 14 
6. Planejamento Fiscal .................................................................................................................... 19 
6. Receita pública na LC nº 101/2000. Previsão e arrecadação. Renúncia de receitas e incentivos 
fiscais. .............................................................................................................................................. 24 
Resumo ............................................................................................................................................... 30 
Considerações Finais ........................................................................................................................... 36 
Lista de Questões Comentadas .......................................................................................................... 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vanessa Brito Arns
Aula 06
Direito Financeiro p/ PC-RN (Delegado) Pós-Edital
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DIREITO FINANCEIRO 
Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Financeiro, com foco na Lei de 
Responsabilidade Fiscal. 
Vejamos o tópico específico do edital que será abordado em aula: 
Responsabilidade fiscal. Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000). Destinatários da LC nº 
101/2000. Equilíbrio fiscal. Planejamento. Anexo de Metas Fiscais. Execução Orçamentária. Receita 
pública na LC nº 101/2000. Previsão e arrecadação. Renúncia de receitas e incentivos fiscais. 
De acordo com a doutrina, as circunstâncias que deram ensejo à criação de uma legislação pautada 
na responsabilidade fiscal eram e demandavam providências urgentes, tanto para a estabilidade 
fiscal, quanto para regulamentar dispositivos constitucionais. Além disso, a ideia era melhorar 
também a gestão pública do Estado brasileiro. Estudaremos na presente aula a Lei de 
Responsabilidade Fiscal. Vamos explorar os vários tópicos que envolvem esse tema? 
Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula! 
 
1. RESPONSABILIDADE FISCAL. 
De acordo com Marcus Abraham1, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada quando os problemas 
fiscais no Brasil eram muitos e demandavam providências de forma urgente. Segundo o autor, 
 
 
1 ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Financeiro Brasileiro. 2019 
Vanessa Brito Arns
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Nas últimas décadas do século XX, o papel do Estado começou a ser redesenhado em boa 
parte do mundo ocidental, na busca de um melhor desempenho econômico, através de 
reformas fiscais, orçamentárias e de gestão pública, adotando-se mecanismos rígidos de 
controle de despesas e do endividamento que levassem a um desejado equilíbrio fiscal. 
Tais políticas logo se disseminaram e passaram a ser propagadas por instituições 
internacionais, como o FMI, o Banco Mundial e a OCDE. (Grifos nossos) 
Segundo o autor, após crises sucessivas no mercado financeiro internacional, especialmente ao 
longo dos anos 90, houve um crescente endividamento do setor público e um aumento do medo da 
impossibilidade de pagar dívidas internas e externas, altos índices de inflação e a deterioração das 
contas públicas . Além disso, um variável déficit nas contas previdenciárias estavam inviabilizando o 
pagamento de aposentadorias e pensões. 
Todos esses fatores políticos e econômicos foram decisivos para a criação de normas que viessem a 
disciplinar um ajuste fiscal extremamente necessário, já que haveria um esgotamento de recursos 
financeiros imprescindíveis para a execução de políticas públicas. 
Segundo Abraham, “(...) a adoção de uma lei de responsabilidade fiscal não foi uma exclusividade 
brasileira. Diversos países do mundo – como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Áustria, Bélgica, 
Nova Zelândia – passaram por situações que, igualmente, demandaram ações nesse sentido e 
acabaram por desenvolver e inserir nos seus ordenamentos jurídicos normas dessa natureza. 
Na América Latina, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador e México adotaram leis de 
responsabilidade fiscal, especialmente por pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do 
Banco Internacional de Desenvolvimento (BIRD), como contrapartida aos acordos financeiros 
firmados” 
Para o doutrinador, a Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 
2000 – foi criada, essencialmente, por três motivos: 
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Três normas constitucionais do texto original da redação de 1988 – arts. 163, 165 e 169 – exigiam 
regulamentação através de uma lei complementar. 
 O art. 163 da Constituição Federal determina que Lei Complementar disponha sobre: 
 I – finanças públicas; 
II – dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades 
controladas pelo Poder Público; 
III – concessão de garantias pelas entidades públicas; 
 IV – emissão e resgate de títulos da dívida pública; 
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efetividade à política de 
estabilização fiscal
regulamentar dispositivos da 
Constituição Federal de 1988 que 
demandavam uma lei complementar 
sobre matérias financeiras
”choque” de gestão à 
Administração Pública brasileira.
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V – fiscalização das instituições financeiras; 
VI – operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios; 
VII – compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas 
as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento 
regional. 
 
 Já o inciso II do § 9º do art. 165 da Constituição prevê que cabe à Lei Complementar estabelecer 
normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem como 
condições para a instituição e funcionamento de Fundos. 
O art. 169 da Carta Magna demandava a fixação de limites para a realização de despesas com 
pessoal ativo e inativo da União a partir de Lei Complementar. 
De acordo com a doutrina, no final dos anos 1980 e ao longo dos anos 1990, o Brasil passou por 
diversos programas econômicos e adotou uma série de medidas jurídicas para viabilizar a desejada 
política de ajustes fiscais. Muitas leis foram promulgadas com esse viés e algumas Emendas 
Constitucionais foram aprovadas no Congresso Nacional com tal intuito. 
Em 04 de maio de 2000, é promulgada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000), 
estabelecendo normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. 
 
2. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LC Nº 101/2000) 
A Lei de Responsabilidade Fiscal brasileira – Lei Complementar nº 101/2000– é uma norma voltada 
para a implementação da responsabilidade na gestão fiscal. 
São três as características que se revelam essenciais à realização do seu objetivo, de acordo com 
Marcus Abraham: 
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1. Planejamento 
O planejamento decorre do papel conferido às leis orçamentárias como instrumentos de gestão 
global, ao aproximar as atividades de programação e execução dos gastos públicos, através do 
estabelecimento de metas fiscais e do seu acompanhamento periódico. 
 
2. Transparência 
A transparência fiscal promove o acesso e a participação da sociedade em todos os fatores 
relacionados com a arrecadação financeira e a realização das despesas públicas. Incentiva a 
participação popular nas questões orçamentárias, além de facilitar o acesso e dar ampla 
divulgação aos relatórios, pareceres, contas públicas e demais documentos da gestão fiscal. 
 
3. Equilíbrio nas contas públicas 
O equilíbrio nas contas públicas é considerado a “regra de ouro” da lei. Por ele, busca-se 
balancear as receitas e as despesas públicas, de maneira a permitir ao Estado dispor de recursos 
necessários e suficientes à realização de toda a sua atividade, garantindo, assim, seu crescimento 
sustentado. Portanto, a forma de gestão imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal traz 
racionalidade às finanças públicas no Brasil.2 
 
 
 
2 ABRAHAM, Marcus. Direito Financeiro Brasileiro. 2019 
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3. OBJETIVO E CARACTERÍSTICAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE 
FISCAL 
A Lei de Responsabilidade Fiscal indica logo no início de seu texto seu objetivo principal (art. 1º), ao 
dispor tratar sobre “as normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
”. 
 A definição do que se entende por responsabilidade na gestão fiscal está consignada no seu 
parágrafo primeiro, ao afirmar que a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada 
e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das 
contas públicas 
Conforme aponta a doutrina, esse equilíbrio é atingido mediante o cumprimento de metas de 
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia 
de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e 
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e 
inscrição em Restos a Pagar. 
É fácil notar, portanto, aluno do Estratégia, que o foco da LRF é a responsabilidade na gestão fiscal, 
tendo os seguintes aspectos como parâmetros para o atingimento de seus objetivos: 
a) planejamento; 
b) transparência; 
 c) prevenção de riscos e correção de desvios; 
 d) equilíbrio das contas públicas; 
e) cumprimento de metas de resultados entre receita e despesas; 
f) fixação de limites e condições para renúncias de receitas e geração de despesas. 
 
 O planejamento contido na LRF decorre da própria Constituição Federal de 1988, que instituiu as 
três leis orçamentárias criadas para funcionarem de forma harmônica e integrada (art. 165). 
Assim, instituiu o Plano Plurianual (PPA), destinado a estabelecer as ações de médio 
prazo, com prazo de vigência de quatro anos; o Orçamento Anual (LOA), para fixar os 
gastos do exercício financeiro; e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que funciona 
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como instrumento de ligação entre aquelas duas leis, sistematizando e conferindo 
consistência à programação e execução orçamentária. 
Nesse sentido, verifica-se que, além de reforçar o papel das leis orçamentárias como instrumento 
de planejamento global, a LRF aproxima as atividades de programação e execução dos gastos 
públicos ao estabelecer metas fiscais e dispor sobre mecanismos para seu acompanhamento 
periódico. 
A transparência trazida e exigida pela LRF destina-se a promover o acesso e a participação da 
sociedade em todos os fatores relacionados com a arrecadação financeira e a realização das 
despesas públicas, havendo uma seção própria na lei com este objetivo (Seção I do Capítulo IX). 
Destacamos aqui os seguintes mecanismos de transparência contidos na lei: 
 
 
 
 
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a) incentivo à participação popular na 
discussão e na elaboração das peças 
orçamentárias, inclusive com a 
realização de audiências públicas; 
b) ampla divulgação por diversos 
mecanismos, até por meios eletrônicos, 
dos relatórios, pareceres e demais 
documentos da gestão fiscal; 
c) disponibilidade e publicidade das 
contas dos administradores durante 
todo o exercício;
d) emissão de diversos relatórios 
periódicos de gestão fiscal e de execução 
orçamentária. 
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1. Requisitos trazidos pela LRF 
O anexo de riscos fiscais, que deverá fazer parte da lei de diretrizes orçamentárias, demonstrará a 
avaliação dos passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, 
informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. 
 O projeto de lei orçamentária anual conterá a reserva de contingência, definida com base na receita 
corrente líquida, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos 
fiscais imprevistos, tais como despesas decorrentes de decisões judiciais que determinam um 
pagamento (p. ex., pagamento de indenização ou devolução de correção monetária de planos 
econômicos) ou exoneram uma receita (p. ex., declaração de inconstitucionalidade de certo 
tributo). 
Institutos como os da compensação e o da limitação de empenho (art. 9º) são também exemplos 
de mecanismos voltados para a prevenção de riscos em situações que possam ensejar o 
desequilíbrio financeiro nas contas públicas. 
Da mesma forma, a fixação de limites para as despesas com pessoal e as medidas para a sua 
recondução aos parâmetros esperados são outros exemplos (arts. 22 e 23, LRF). 
2. O equilíbrio das contas públicas. 
 
 
O equilíbrio das contas públicas é considerado a “regra de ouro” da Lei de 
Responsabilidade Fiscal. 
 
Segundo Abraham, “este parâmetro representa a fórmula para que o Estado possa dispor de recursos 
necessários e suficientes à realização da sua atividade, sem ter de sacrificar valores tão importantes 
para a sociedade brasileira como a estabilidade nas contas públicas com o fim da inflação, a 
credibilidade brasileira no mercado financeiro internacional, pela administração do endividamento 
público externo. “ 
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A fixação de metas de resultados entre receitas e despesas representa a concretização do 
planejamento orçamentário. Há aqui uma clara preocupação entre a programação e a execução, 
que nem sempre foi devidamente observada antes da Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Nesse sentido, temos o anexo de metas fiscais (§ 1º, art. 4º, LRF), que integra a Lei de Diretrizes 
Orçamentárias, onde são estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a 
receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício 
a que se referirem e para os dois seguintes. 
De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o cumprimento das metas deve ser periodicamente 
avaliado pelo Poder Executivo e demonstrado em audiência pública (§ 4º, art. 9º, LRF). Por sua vez, 
o atingimento dessas metas será fiscalizado pelo Poder Legislativo, diretamenteou com o auxílio 
dos Tribunais de Contas, e pelo sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público 
(art. 59, inciso I, LRF). 
3. Renúncias de receitas e geração de despesas 
A fixação de limites e condições para renúncias de receitas e geração de despesas é mais um dos 
mecanismos instituídos pela LRF para manter o equilíbrio fiscal, retirando do administrador público 
a liberdade plena e irrestrita que possuía para gastar ilimitadamente ou para conceder incentivos 
fiscais sem qualquer controle. 
Antes da Lei de Responsabilidade Fiscal, bastava a previsão de crédito orçamentário para a 
realização de uma determinada despesa. A partir da LRF impõem-se limites, prazos e condições para 
tanto. 
Para Marcus Abraham: 
“As limitações e condições aos gastos e desonerações fiscais se justificam porque a 
irresponsabilidade do administrador público, aliada às suas pretensões eleitoreiras de 
cunho populista e ao descaso em relação às gestões subsequentes, ensejava práticas 
extremamente danosas às contas públicas. Não era incomum, sobretudo em finais de 
mandatos, os gestores deixarem os chamados “testamentos políticos”, oferecendo 
graciosos aumentos ao funcionalismo, comprometendo a gestão dos seus sucessores.” 
A concessão de incentivos ou renúncias fiscais também eram, muitas vezes, desprovidas de 
necessidade ou interesse público, com nítido atendimento a interesses particulares. Assim, a lei 
passa a impor limites e condições para os gastos com pessoal e previdência social, contração de 
dívidas e renúncias fiscais, além de restringir a realização de certas despesas nos períodos de final 
de mandato. 
 
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4. Despesas de Pessoal 
As despesas de pessoal foram condicionadas a outros requisitos além daqueles que a Constituição 
já impunha nos arts. 37 e 169. Sua realização passa a exigir uma estimativa de impacto orçamentário 
e a comprovação de que seu gasto não afetará as metas de resultados fiscais, bem como a 
demonstração da sua adequação à lei orçamentária e compatibilidade com o plano plurianual e lei 
de diretrizes orçamentárias. 
Foi vedado o aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao 
final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão. Foram criados limites de gastos globais 
e de gastos por poder ou órgão, fixados com base na receita líquida corrente, cujo atendimento será 
verificado quadrimestralmente. 
Segundo Abraham: 
“A lei restringiu a realização de certas despesas no último ano de mandato dos 
governantes, buscando acabar com as reiteradas práticas de se deixar uma “herança de 
dívidas” para seus sucessores, que muitas vezes acabavam por inviabilizar boa parte da 
gestão. “ 
São de três ordens as restrições às despesas: 
1. vedação ao aumento de despesas de pessoal nos últimos 6 meses do mandato (art. 21, 
parágrafo único, LRF); 
2. vedação de realização, no último ano de mandato do governante, das operações de crédito 
por antecipação de receita, destinadas a atender insuficiência de caixa durante o exercício 
(art. 38, inciso IV , letra b, LRF); 
3. vedação à assunção de obrigação de despesa, nos dois últimos quadrimestres do mandato, 
que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas 
no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito (art. 
42, LRF). 
 
4. DESTINATÁRIOS DA LC 101/2000 
São muitos os destinatários da Lei de Responsabilidade Fiscal, de acordo com a doutrina, de forma 
a atingir todos aqueles que, de alguma maneira, utilizam, direta ou indiretamente, recursos públicos. 
 Destina-se a todas as autoridades públicas e dirigentes de poderes, órgãos ou entidades públicas 
que tenham sob a sua competência ou responsabilidade o gerenciamento de recursos financeiros 
públicos. 
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Para isso temos o § 2º do art. 1º, afirmando que as disposições da LRF obrigam a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, nestes compreendidos: 
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Ministério Público; 
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais 
dependentes; 
c) os Tribunais de Contas, nestes incluídos o Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do 
Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do 
Município. 
Mais adiante, no art. 2º da LRF, esclarece-se que, para os efeitos da LRF, entende-se como: 
I. ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município; 
II. empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, 
direta ou indiretamente, a ente da Federação; 
III. empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos 
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, 
excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. 
 
De acordo com a doutrina, a Lei de Responsabilidade Fiscal se aplica ao gestor público em sentido 
amplo, conceito este que incluirá também o gestor de pessoas jurídicas de direito privado que 
recebam ou administrem recursos públicos, numa relação de dependência financeira que ocorre 
pela transferência financeira a título de subvenção ou subsídio. 
 
Por outro lado, uma sociedade de economia mista ou empresa pública que obtém, ela 
mesma e através da sua atividade operacional, recursos financeiros necessários e 
suficientes para o seu custeio, sem receber qualquer recurso do Estado, não se 
submeterá às regras da LRF. 
Portanto, não basta que a empresa pública ou a sociedade de economia mista seja controlada para 
se submeter à LRF. Deverá haver uma relação de dependência financeira entre ela e o ente 
controlador, pois a empresa simplesmente controlada e não dependente, que possua receita 
própria e não receba do ente controlador recursos para pessoal ou custeio, situa-se, em regra, fora 
do âmbito de abrangência da Lei de Responsabilidade Fiscal. 
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Conforme ensina Marcus Abraham, 
“O conceito de empresa estatal dependente deve levar em consideração a relação existente entre 
as empresas estatais controladas e o Poder Executivo no curso do exercício financeiro. Devem ser 
avaliadas a periodicidade dos repasses e a real necessidade da transferência de recursos para a 
empresa controlada. Entende-se que o repasse episódico de recursos, feito pelo Estado, a fim de 
suprir deficiência momentânea de caixa da empresa controlada, não caracteriza dependência. 
Quanto a sua aplicação para as fundações de direito privado criadas por lei pelo Poder Público para 
o desenvolvimento de atividades próprias do Estado (p. ex., saúde, ensino, pesquisa etc.),” 
Segundo Regis Fernandes de Oliveira elas “estão livres de qualquer sujeição à Lei Complementar 
101/2000. É que o objetivo é específico e não buscam o atendimento à globalidade de ação do 
Estado. Ao contrário, têm finalidade própria e submetem-se, no mais, às regras do Código Civil. 
Entretanto, elas estão sujeitas à fiscalização do Ministério Público e à supervisão de Ministério ou 
Secretaria a que estiverem vinculadas e de que recebam subvenções. 
Empresa Estatal 
Controlada
sociedade cuja maioria do capital social com direito a 
voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da 
Federação; 
Empresa Estatal 
Dependente
empresa controlada que receba do ente controlador 
recursos financeiros para pagamento de despesas com 
pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no 
último caso, aqueles provenientesde aumento de 
participação acionária. 
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5. CIDADANIA E TRANSPARÊNCIA 
Uma das grandes vitórias e efetivamente um marco na legislação de direito financeiro, a Lei de 
Responsabilidade Fiscal estimulou o exercício da cidadania na área financeira, através dos 
mecanismos de transparência que criou e regulamentou. 
A operacionalização dessa transparência se dá pela exigência de relatórios específicos para a gestão 
fiscal – Relatório Resumido de Execução Orçamentária, Relatório de Gestão Fiscal e Prestação de 
Contas – e determinar sua ampla divulgação, inclusive por meios eletrônicos, incentiva a 
participação popular nas discussões de elaboração das peças orçamentárias e no acompanhamento 
da execução orçamentária, através de audiência pública. 
Conforme ensina Ricardo Lobo Torres, o Estado 
“deve revestir a sua atividade financeira da maior clareza e abertura, tanto na legislação 
instituidora de impostos, taxas, contribuições e empréstimos, como na feitura do 
orçamento e no controle da sua execução”. 
O Ministro do STF Gilmar Mendes adverte que a transparência fiscal decorre da própria Constituição, 
e está vinculada ao ideal de segurança orçamentária: 
“O princípio da transparência ou clareza foi estabelecido pela Constituição de 1988 como 
pedra de toque do Direito Financeiro. Poderia ser considerado mesmo um princípio 
constitucional vinculado à ideia de segurança orçamentária. Nesse sentido, a ideia de 
transparência possui a importante função de fornecer subsídios para o debate acerca das 
finanças públicas, o que permite uma maior fiscalização das contas públicas por parte dos 
órgãos competentes e, mais amplamente, da própria sociedade. A busca pela 
transparência é também a busca pela legitimidade.” 
Segundo lembra Marcus Abraham, é importante ressaltar, no entanto, que a transparência não se 
expressa apenas pela quantidade de informações, mas também pela sua qualidade, objetividade, 
inteligibilidade e, sobretudo, utilidade. Nesse passo, como ressalva Jean Starobinski, a 
transparência fiscal não pode ser vista apenas, ou simplesmente, sob a ótica do acesso à 
informação, mas seu conceito deve ser compreendido de maneira abrangente, abarcando outros 
elementos tais como responsividade, accountability, combate à corrupção, prestação de serviços 
públicos, confiança, clareza e simplicidade. 
De acordo com o art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal,, são instrumentos de transparência na 
gestão fiscal: 
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I. Os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; 
II. As prestações de contas e o respectivo parecer prévio; 
III. O relatório resumido da execução orçamentária e o relatório de gestão fiscal; e as 
versões simplificadas desses documentos. 
No § 1º deste artigo, afirma-se que a transparência será assegurada, também, pelo: 
I. incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os 
processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e 
orçamentos; 
II. liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, 
de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em 
meios eletrônicos de acesso público; 
III. adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a 
padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União. 
Por sua vez, o art. 49 da LRF determina que as contas apresentadas pelo Chefe do Poder 
Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no 
órgão técnico responsável pela sua elaboração para consulta e apreciação pelos cidadãos e 
instituições da sociedade. 
A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências 
financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social (BNDES), especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos 
oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, 
avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício. 
Ainda, em relação ao conhecimento e acompanhamento da execução orçamentária e 
financeira, o art. 48-A (introduzido pela Lei Complementar nº 131/2009) determina que os entes 
da Federação disponibilizem a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações: 
 I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer 
da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização 
mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem 
fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do 
pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; 
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades 
gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. 
Outro instrumento tratado pela LRF para oferecer maior efetividade à transparência refere-se à 
escrituração e a consolidação das contas, assunto abordado anteriormente no capítulo dedicado 
à contabilidade pública. 
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A integração e a harmonização das normas contábeis federais com a dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, por meio de normas gerais de consolidação das regras contábeis do 
setor público, é uma necessidade numa federação como o Brasil. 
Segundo Abraham, 
“O conhecimento, a correta observância e a regular aplicação dessas normas são 
imprescindíveis para uma eficaz e eficiente arrecadação, administração e destinação dos 
recursos públicos. Conferir à Administração Pública informações adequadas permite uma 
tomada de decisão mais acurada e em linha com o interesse público. “ 
Nesse sentido, determina a LRF que, além de obedecer às demais normas de contabilidade 
pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes regras: 
 I – a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos 
vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados 
de forma individualizada; 
 II – a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de 
competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos 
financeiros pelo regime de caixa; 
III – as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as 
transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, 
autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal dependente; 
 IV – as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos 
financeiros e orçamentários específicos; 
 V – as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de 
financiamento ou assunção de compromissos junto a terceiros deverão ser 
escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no 
período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de credor; 
VI – a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino 
dos recursos provenientes da alienação de ativos (art. 50, LRF). Outrossim, cabe ao 
Poder Executivo da União promover, até o dia trinta de junho de cada ano, a 
consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação 
relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de 
acesso público (art. 51, LRF). 
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Atendendo ao preceito constitucional, a LRF regulamentou a publicaçãobimestral do Relatório 
Resumido da Execução Orçamentária (RREO), previsto no § 3º do art. 165 da CF/1988. Assim, 
segundo o art. 52 da LRF, este relatório será composto de: 
I – balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as: 
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão 
atualizada; 
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a 
despesa liquidada e o saldo; 
II – demonstrativos da execução: 
a) das receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a 
previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no 
exercício e a previsão a realizar; 
b) das despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, 
discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e 
liquidada, no bimestre e no exercício; c) despesas, por função e subfunção. 
Por sua vez, o art. 53 da LRF estabelece que acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos 
relativos a: 
I – apuração da receita corrente líquida, sua evolução, assim como a previsão de seu 
desempenho até o final do exercício; 
II – receitas e despesas previdenciárias; 
III – resultados nominal e primário; 
 IV – despesas com juros; 
 V – Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão, os valores inscritos, os 
pagamentos realizados e o montante a pagar. 
E o relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado também de 
demonstrativos: 
I – do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição (vedação à 
realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de 
capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais 
com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta); 
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 II – das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos 
servidores públicos; 
III – da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos 
recursos dela decorrentes. Documento importante que deve acompanhar o RREO é 
o termo de justificativa que deverá ser apresentado, quando for o caso: 
I – da limitação de empenho; 
 II – da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à 
evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança (§ 2º, art. 
53, LRF). 
Outro relatório previsto na LRF é o Relatório de Gestão Fiscal (art. 54). 
Segundo a lei, ao final de cada quadrimestre, será emitido e assinado pelos titulares dos Poderes e 
órgãos, e conterá (art. 55): 
 I – comparativo com os limites previstos na LRF dos seguintes montantes: 
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas; 
b) dívidas consolidada e mobiliária; 
c) concessão de garantias; 
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; II – indicação das 
medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites; III – 
demonstrativos, no último quadrimestre: 
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro; b) da 
inscrição em Restos a Pagar, das despesas: 
1) liquidadas; 
2) empenhadas e não liquidadas; 
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de 
caixa; 
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram 
cancelados; 
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c) da liquidação, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro 
de cada ano, das operações de crédito por antecipação de receitas. 
Além dos relatórios anteriormente citados, a LRF exige a realização das prestações de contas, a 
serem feitas pelos Chefes do Poder Executivo, que incluirão, além das suas próprias, as dos 
Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, as 
quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas (arts. 56 e 57, 
LRF). 
A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando 
as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de 
recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para 
incremento das receitas tributárias e de contribuições (art. 58, LRF). 
Finalmente, a participação do cidadão nas finanças públicas se expressa não apenas pelas previsões 
legais que permitem o conhecimento e o seu envolvimento nas deliberações orçamentárias e no 
acompanhamento da sua execução, mas também encontra respaldo no comando da lei (art. 73-A, 
LRF), prevendo que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato será parte legítima 
para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público o 
descumprimento das prescrições estabelecidas na LRF. 
 
 
 
6. PLANEJAMENTO FISCAL 
 
Segundo Marcus Abraham, 
“Planejamento é o processo permanente, dinâmico e sistematizado de gestão, composto 
de um conjunto de ações coordenadas e integradas, pelo qual se estabelece 
antecipadamente o que se pretende realizar e quais metas se busca atingir, com o 
objetivo de se chegar a um resultado satisfatório e desejado. “ 
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No ciclo orçamentário brasileiro, conforme estudamos ao longo do nosso curso aqui no Estratégia, 
temos três leis orçamentárias que permitem o planejamento no setor público. No Plano Plurianual 
(PPA), lei de duração de 4 anos, encontramos a previsão, além do que já está em andamento, do que 
se pretende realizar no quadriênio em termos de aprimoramento de ação governamental. Na Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO), temos a orientação para a elaboração do orçamento, definindo as 
prioridades e metas do PPA para o exercício financeiro subsequente. E, finalmente, na Lei 
Orçamentária Anual (LOA), que é lei de execução do orçamento para o exercício seguinte, tem-se a 
estimativa de receita e a autorização das despesas. 
Conforme estudamos, as duas primeiras planejam e a última executa. No entanto, a doutrina aponta 
que até a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 4 de maio de 2000, verificava-se uma 
situação de total ausência de planejamento orçamentário pelos entes públicos. Justificava-se tal 
estado de coisas, principalmente, pela não edição da lei complementar exigida pela Constituição 
(art. 165, § 9º, CF), necessária para definir os contornos básicos dos três instrumentos que 
integram o processo orçamentário nacional: o plano plurianual (PPA), a lei de diretrizes 
orçamentárias (LDO) e a lei de orçamento anual (LOA). 
Segundo Marcus Abraham, 
As peças orçamentárias elaboradas pelos entes públicos eram tidas como “fictícias”, 
desprovidas de qualquer relação com a realidade, funcionando como mero indicador de 
intenções genéricas do governo. 
No entanto, apesar de a LRF disciplinar detalhadamente o conteúdo da lei de diretrizes 
orçamentárias e da lei orçamentária anual, a a LDO é, sem sombra de dúvidas, a peça mais relevante 
do planejamento no ciclo orçamentário, com destaque para as regras sobre as metas fiscais, 
identificando-se o montante de receitas públicas a ser arrecadado e a sua destinação. 
Aa Lei de Diretrizes Orçamentárias, relevante instrumento de planejamento orçamentário 
introduzido pela CF 1988 (§ 2º, art. 165), deve conter: 
 a) metas e prioridades para o exercício seguinte, funcionando como uma “ponte”entre 
o plano plurianual e a lei orçamentária anual; 
b) orientação para a elaboração do orçamento-programa; 
c) alteração na legislação tributária; 
d) mudançasna política de pessoal. 
Porém, indo além do conteúdo previsto pela Constituição, a LRF estabeleceu que a LDO deverá 
também prever: 
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a) equilíbrio entre receitas e despesas; 
b) critérios e forma para limitação de empenho, ou seja, contingenciamento de 
dotações quando a evolução da receita comprometer os resultados orçamentários 
pretendidos; 
c) regras para avaliar a eficiência das ações desenvolvidas; 
d) condições para subvencionar financeiramente instituições privadas e entes da 
Administração indireta; 
e) critérios para início de novos projetos; 
f) percentual da receita corrente líquida que será retido como Reserva de Contingência. 
 
 A LRF estabeleceu que a LDO deverá possuir também dois anexos (e uma mensagem de 
encaminhamento): (art. 4º) 
 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que 
serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, 
despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a 
que se referirem e para os dois seguintes. 
 § 2o O Anexo conterá, ainda: 
 I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; 
 II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo 
que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três 
exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos 
da política econômica nacional; 
 III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a 
origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; 
 IV - avaliação da situação financeira e atuarial: 
 a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo 
de Amparo ao Trabalhador; 
 b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial; 
 V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de 
expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. 
 § 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão 
avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, 
informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. 
 § 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo 
específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os 
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parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de 
inflação, para o exercício subseqüente. 
 
A LRF, porém, adicionou à LOA as seguintes informações complementares: 
 Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano 
plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: 
 I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos 
orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1o do art. 
4o; 
 II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, 
bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas 
obrigatórias de caráter continuado; 
 III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com 
base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, 
destinada ao: 
 a) (VETADO) 
 b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. 
De acordo com Abraham, 
“A utilização dessas três leis orçamentárias, de forma integrada e harmônica, permite ao gestor 
público uma administração fiscal responsável e zelosa dos recursos públicos, e a Lei de 
Responsabilidade Fiscal veio aprimorar o planejamento orçamentário (cujo modelo de orçamento 
programa fora introduzido pela Lei nº 4.320/1964), instituindo novas funções para a LDO e para a 
LOA, com o estabelecimento de metas, limites e condições para a gestão das receitas e das despesas. 
Um planejamento orçamentário bem elaborado permite uma execução orçamentária eficiente e 
uma política fiscal de resultados concretos e visíveis para a sociedade.” 
5. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
A execução orçamentária se realiza diariamente, iniciando-se em primeiro de janeiro e se 
encerrando em trinta e um de dezembro de cada ano. É através dela que se materializa o que foi 
estabelecido na Lei Orçamentária Anual de cada ente federativo, desde a arrecadação das receitas 
previstas até a realização das despesas autorizadas. 
 Assim, para garantir o seu fiel cumprimento e resguardar o equilíbrio fiscal, a LRF estabelece regras 
de acompanhamento periódico da execução orçamentária, de maneira mensal, bimestral, 
quadrimestral e semestral. 
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Primeiramente, dispõe que, em até trinta dias da publicação dos orçamentos, o Poder Executivo 
deverá apresentar a programação financeira e o cronograma de execução mensal dos desembolsos 
(art. 8º, LRF). E complementa, impondo rigor na aplicação dos recursos vinculados, ao dispor que 
estes “serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em 
exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso” (parágrafo único). 
Com a preocupação de buscar a compatibilização entre as receitas e despesas na manutenção do 
equilíbrio fiscal, a LRF prevê que, se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita 
poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas 
no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos 
montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação 
financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias (art. 9º, LRF). 
A limitação de empenho nada mais é do que a suspensão momentânea (até o restabelecimento da 
receita prevista) da autorização para a realização de determinadas despesas autorizadas na lei 
orçamentária, quando as receitas efetivamente arrecadadas estiverem abaixo das estimativas 
previstas, podendo afetar o cumprimento das metas do resultado primário. 
 Nem todas as despesas podem ser alvo da limitação de empenho. Segundo o § 2º do art. 9º, não 
serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, 
inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de 
diretrizes orçamentárias. 
Exemplos que constituem obrigações constitucionais são as despesas para alimentação escolar (Lei 
nº 11.947/2009), benefícios do regime geral de previdência social (Lei nº 8.213/1991), bolsa de 
qualificação profissional do trabalhador (MP nº 2.164-41/2001), pagamento de benefício do abono 
salarial (Lei nº 7.998/1990), pagamento do seguro-desemprego (Lei nº 7.998, de 11/01/1990), 
transferência de renda diretamente às famílias em condições de pobreza extrema (Lei nº 10.836, de 
09/01/2004), despesas de pessoal e encargos sociais, pagamento de sentenças judiciais transitadas 
em julgado (precatórios), inclusive as consideradas de pequeno valor, pagamento de serviço da 
dívida, transferências constitucionais ou legais por repartição de receita etc. 
Determina também a LRF que, até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro de cada ano, o 
Poder Executivo deverá demonstrar e avaliar o cumprimento das metas fiscais de cada 
quadrimestre, em audiência pública na Comissão Mista de Senadores eDeputados (§ 1º do art. 
166, CF) e nas equivalentes nas Casas Legislativas estaduais e municipais (§ 4º, art. 9º, LRF). 
No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil 
apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, 
avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, 
evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos 
balanços (§ 5º, art. 9º, LRF). 
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Finalmente, para que não se comprometa a programação financeira dos entes federativos, a LRF 
demonstra cuidado com o cumprimento no pagamento dos precatórios e seu cronograma de 
desembolso com estrita observância da ordem cronológica prevista na Constituição (art. 100), ao 
determinar que a execução orçamentária e financeira deverá identificar os beneficiários de 
pagamento de sentenças judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração 
financeira (art. 10, LRF). 
 
6. RECEITA PÚBLICA NA LC Nº 101/2000. PREVISÃO E 
ARRECADAÇÃO. RENÚNCIA DE RECEITAS E INCENTIVOS FISCAIS. 
 
1. DAS RECEITAS E DESPESAS EM GERAL 
Preocupada com a gestão fiscal e a manutenção do equilíbrio nas contas públicas, a LRF trouxe 
algumas diretrizes gerais, conceitos e comandos aplicados às receitas e despesas públicas, 
complementando e aprimorando as previsões da Lei nº 4.320/1964. 
Nesse sentido, quanto às receitas, a LRF afirma que constituem requisitos essenciais da 
responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos 
da competência constitucional do ente da Federação, vedando-se a realização de transferências 
voluntárias para o ente que não observar tal norma (art. 11, LRF). 
Entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente 
da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de 
determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde (art. 25, LRF), sendo 
que esta não se confunde com a transferência obrigatória, que decorre de previsão constitucional e 
não pode ser restringida ou limitada. 
 De acordo com Abraham, 
Essa determinação para a efetiva arrecadação de todos os tributos prevista na LRF busca 
estimular uma autonomia e independência financeira dos entes federativos a partir da 
competência constitucional tributária que lhes é conferida, pois é comum que muitos 
municípios, especialmente os pequenos e do interior, por comodidade, excesso de 
arrecadação ou mesmo por populismo de seus governantes, deixem de exercer sua 
competência tributária plena, apoiando-se, muitas vezes, no financiamento originário dos 
recursos advindos da repartição constitucional das receitas tributárias. 
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Outro conceito importante trazido pela Lei de Responsabilidade Fiscal diz à fixação dos limites legais 
para despesas de pessoal, gastos com serviços de terceiros e para o endividamento, é o de receita 
corrente líquida, apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze 
anteriores (período de apuração de um ano), excluídas as duplicidades. 
Temos que o conceito de receita corrente já vinha previsto na Lei nº 4.320/1964,12 sendo certo que 
a LRF acrescentou ao conceito clássico o conceito de liquidez, visando adequá-lo ao objetivo central 
da LRF que é a busca do equilíbrio fiscal. 
Segundo a lei (art. 2º, inciso IV), receita corrente líquida (RCL) é o somatório das receitas tributárias, 
de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e 
outras receitas também correntes, deduzidos: 
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional 
ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no 
art. 239 da Constituição; 
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; 
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do 
seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação 
financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição. Importante destacar que, dentro do 
conceito da receita corrente líquida, conforme lembra Pedro Lino, não se consideram os 
recebimentos esporádicos e episódicos, tais como os decorrentes das receitas de capital 
(operações de crédito, alienação de bens, amortização de empréstimos e transferências de 
capital). 
Portanto, integram o conceito de receita corrente líquida os seguintes valores: 
a) a receita tributária: oriunda da cobrança de impostos, taxas e contribuição de melhoria 
(art. 11 da Lei nº 4.320/1964 e seus parágrafos), acrescida das contribuições sociais e 
econômicas; b) a receita patrimonial: decorrente do resultado financeiro obtido do 
patrimônio público, isto é, de bens móveise imóveis ou advinda de participação societária 
ou de superávits apurados das operações de alienações de bens patrimoniais; 
c) a receita industrial: decorrente de atividades industriais exploradas pelo ente público; 
d) as receitas agropecuárias: provenientes das atividades ou explorações agropecuárias 
(produção vegetal e animal e derivados, beneficiamento ou transformações desses 
produtos, em instalações nos próprios estabelecimentos); 
e) a receita de serviços: que provém da prestação de serviços de comércio, transporte, 
serviços hospitalares e congêneres; 
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f) as transferências correntes: recebidas de outras pessoas de direito público, de origem 
obrigatória (constitucional) ou voluntária (convênios e acordos), ou, ainda, as advindas de 
pessoas privadas para determinados fins; 
 g) outras receitas correntes: são as provenientes de multas, juros de mora, indenizações e 
restituições, da cobrança da dívida ativa e outras. 
 E, desse somatório, deduzem-se: 
 I – no caso da União: 
a) os valores transferidos aos Estados e Municípios, por determinação constitucional ou 
legal, como os Fundos de Participação e os recursos do SUS; 
b) as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e inciso II do art. 195 e do art. 239 
da Constituição Federal; 
 II – no caso dos Estados: as parcelas entregues aos Municípios por determinação 
constitucional; III – no caso da União, Estados e Municípios: 
a) a contribuição dos servidores públicos para custeio de seus respectivos sistemas de 
previdência social; 
b) as receitas da compensação financeira entre os diversos regimes de previdência dos 
referidos entes públicos e o regime geral de previdência social administrado pelo INSS; 
IV – o cancelamento de Restos a Pagar; 
V – as duplicidades. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal também traz que a previsão das receitas, além de observar as 
normas técnicas e legais e a respectiva metodologia de cálculo, deverá considerar os efeitos das 
alterações na legislação, a variação de índice de preços, do crescimento econômico e demais 
fatores relevantes, sendo que suas estimativas devem ser acompanhadas por demonstrativo da 
sua evolução, nos três anos anteriores e nos dois seguintes àquele a que se referirem (art. 12, LRF). 
A respeito da utilização de metodologia na estimativa e previsão de receitas, ensina Heilio Kohama 
que, 
com o advento de novas técnicas de elaboração orçamentária, preconizando a integração 
do planejamento ao orçamento, a receita que era feita através de planejamento empírico 
começou a sofrer alterações com a introdução de métodos e processos, calcados em 
bases técnicase independentes, todavia autônomas, cujo significado moderno é 
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precisamente ligar os sistemas de planejamento e finanças na expressão quantitativa 
financeira e física aos objetivos e metas governamentais. 
A LRF determina também pela lei que a cada bimestre seja feita uma verificação da evolução das 
receitas, e caso sua realização não comporte o cumprimento das metas de resultado primário ou 
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, 
por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho 
e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias. 
No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações 
cujos empenhos foram limitados se dará de forma proporcional às reduções efetivadas. 
Adicionemos que não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações 
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, 
e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias (art. 9º). 
A lei prevê a fixação de metas bimestrais de arrecadação, ao estabelecer que o Poder Executivo, 
até trinta dias após a publicação do orçamento anual, deverá efetuar o desdobramento das receitas 
em metas bimestrais de arrecadação, informando quais medidas serão adotadas para o combate à 
sonegação, para a cobrança da dívida ativa e dos créditos executáveis pela via administrativa (art. 
13, LRF). 
A LRF preocupou-se também com o tratamento dado à realização da despesa pública, que, 
combinado com as restrições impostas às concessões de renúncias e benefícios fiscais (tratadas no 
item 13.8 adiante), visam a garantir o almejado equilíbrio fiscal nas contas públicas. Assim, sob o 
enfoque da despesa, a LRF inicia de maneira categórica enfatizando que serão consideradas não 
autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de 
obrigação que não atenda às suas disposições (art. 15). 
Qualquer despesa que não esteja acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro 
nos três primeiros exercícios de sua vigência, da sua adequação orçamentária e financeira com a 
LOA, o PPA e a LDO e, no caso de despesa obrigatória de caráter continuado, de suas medidas 
compensatórias, será considerada como despesa não autorizada, irregular e lesiva ao patrimônio 
público. 
Portanto, a inobservância dos preceitos da LRF ensejará, além desses graves efeitos da lei sobre a 
própria despesa, aplicação de sanção civil, penal ou administrativa ao gestor público responsável 
pela despesa (ordenador de despesa), sujeito, inclusive, ao tipo penal descrito no art. 359-D do 
Código Penal (ordenação de despesa não autorizada, com pena de reclusão de um a quatro anos). 
Determina a LRF que a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete 
aumento da despesa será acompanhado de: 
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 I – estimativa do impacto orçamentário financeiro no exercício em que deva entrar 
em vigor e nos dois subsequentes; 
II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação 
orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o 
plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Considera-se adequada com 
a lei orçamentária anual a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que 
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da 
mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam 
ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício. 
E considera-se compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias a despesa que 
se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não 
infrinja qualquer de suas disposições (art. 16). 
 A estimativa de impacto orçamentário-financeiro constitui a apuração do valor a ser gasto no 
período, decorrente da criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que 
acarrete aumento da despesa, com vistas à manutenção do equilíbrio financeiro. 
Por ela, objetiva-se 
 a) comprovar que o crédito constante do orçamento é suficiente para cobertura da despesa 
que se está pretendendo realizar; 
b) na execução do orçamento do exercício em que a despesa está sendo criada ou 
aumentada, verificar se as condicionalidades estabelecidas estão sendo atendidas, visando à 
manutenção do equilíbrio fiscal; 
c) permitir o acompanhamento sistemático das informações contidas nos impactos, mediante 
manutenção de uma memória do que já foi decidido em termos de comprometimento para 
os períodos seguintes, de forma a subsidiar a elaboração dos orçamentos posteriores e 
permitir melhor dimensionamento quanto à inclusão de novos investimentos. 
 A estimativa será demonstrada através de documento próprio, com as seguintes informações: 
I – descrição da despesa: especificação detalhada e sua correlação com os programas 
previstos na LOA, levando em conta a obrigatoriedade da existência de dotação específica 
e suficiente para aquilo a que se propõe a criação ou o aumento de despesa; 
II – especificação dos itens que compõem a despesa, sempre que for o caso, demonstrando 
as quantidades e os respectivos valores; 
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 III – programação de pagamento para o exercício em que a despesa entrar em vigor e para 
os dois exercícios subsequentes; 
IV – fonte de recurso que irá financiar a despesa; 
V – tipo de ação governamental: criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação 
governamental ou despesa corrente obrigatória de caráter continuado decorrente de lei ou 
ato administrativo normativo; 
VI – especificação dos mecanismos de compensação da despesa, sempre que for o caso. Por 
sua vez, a declaração de ordenador de despesas é um documento formal através do qual se 
afirma expressamente que a despesa cumpre as exigências constantes na LRF. Visa a 
confirmar que o gasto foi previamente planejado e que as premissas e metodologia de 
cálculo utilizadas demonstram a consistência dos dados apresentados. 
Consideram-se ordenadores de despesas aqueles gestores públicos titulares das Unidades Gestoras 
responsáveis pela autorização de empenhos e pagamentos das despesas. Sempre que for o caso, 
deverão ser ouvidas também as respectivas Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento 
Econômico e Secretaria da Fazenda. 
A LRF define como despesa obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, 
medida provisória ou ato administrativo normativo que fixe para o ente a obrigação legal de sua 
execução por um período superior a dois exercícios. 
Essa despesa deverá, também, ser acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-financeiro 
e da demonstração de origem dos recursos para o seu custeio. O ato também será acompanhado de 
comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais 
previstas no Anexo de Metas Fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser 
compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. 
É possível observar, também, a preocupação da LRF com aquelas despesas fixas que independam 
da própria lei orçamentária, ou seja, que se repitam e se protraiam no tempo e que, por isso, 
possam afetar o planejamento orçamentário e comprometer a manutenção do equilíbrio fiscal, 
razão pela qual se exige a sua estimativa trienal, a indicação da origem dos recursos que as 
suportarão, a comprovação de que não afetarãoas metas fiscais e um plano de compensação 
mediante aumento permanente de receitas ou diminuição de despesas. 
Essas despesas obrigatórias de caráter continuado caracterizam-se por: 
a) terem natureza de despesa corrente, ou seja, que concorrem para a 
manutenção e o funcionamento dos serviços públicos em geral; 
b) decorrem de ato normativo ou lei específica; 
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c) prolongam-se por pelo menos dois anos, sejam elas despesas novas ou a 
prorrogação de anteriores criadas por prazo determinado. São, tipicamente, as 
despesas com o preenchimento de novas funções ou cargos públicos, novas 
gratificações remuneratórias, concessão de aumento salarial real ao 
funcionalismo etc. 
Tais condições não se aplicam às despesas destinadas ao serviço da dívida (juros), nem à revisão 
anual de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição (mero 
reajustamento ou recomposição inflacionária). 
É importante relembrar que as substituições de pessoal em decorrência de aposentadoria, 
falecimento ou exoneração não acarretam criação ou aumento de despesa, mas apenas a reposição 
do servidor, não se aplicando o disposto no art. 17 da LRF. 
Finalmente, quanto às despesas classificadas como “restos a pagar”, assim conceituadas as 
despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro (art. 36, Lei nº 4.320/1964), é 
vedado ao titular de Poder ou órgão público, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, 
contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que 
tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de 
caixa, sendo para tanto considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final 
do exercício (art. 42, LRF). 
 
RESUMO 
De acordo com a Cartilha da LRF, trazemos as principais informações sobre a Lei de Responsabilidade 
Fiscal: 3 
❑ A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) representaum instrumento para auxiliar os governantes 
a gerir os recursos públicos dentro de um marco de regras claras e precisas, aplicadas a 
todosos gestores de recursos públicos e em todas as esferas de governo,relativas à gestão da 
receita e da despesa públicas, ao endividamento e à gestão do patrimônio público. 
❑ Além disso, a Lei consagra a transparência da gestão como mecanismo de controle social, 
através da publicação de relatórios e demonstrativos da execução orçamentária, 
 
 
3 http://www.planejamento.gov.br/assuntos/planeja/orcamento-federal/lei-de-responsabilidade-
fiscal/cartilha/080807_pub_lrf_cartilha_port.pdf 
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apresentando ao contribuinte a utilização dos recursos que ele coloca à disposição dos 
governantes 
❑ Entre o conjunto de normas e princípios estabelecidos pela LRF, alguns merecem destaque. 
São eles: 
o limites de gasto com pessoal: a lei fixa limites para essa despesa em relação à receita 
corrente líquida para os três Poderes e para cada nível de governo (União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios); 
o limites para o endividamento público: serão estabelecidos pelo Senado Federal por 
proposta do Presidente da República; 
o definição de metas fiscais anuais: para os três exercícios seguintes; 
o mecanismos de compensação para despesas de caráter permanente: o governante 
não poderá criar uma despesa continuada (por prazo superior a dois anos) sem indicar 
uma fonte de receita ou uma redução de outra despesa; e 
o mecanismo para controle das finanças públicas em anos de eleição: a Lei impede a 
contratação de operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO) 
no último ano de mandato e proíbe o aumento das despesas com pessoal nos 180 dias 
que antecedem o final do mandato. 
❑ LDO 
o A Lei de Diretrizes Orçamentárias é elaborada anualmente, estabelecendo as regras 
gerais para elaboração do Orçamento do ano seguinte. Nela está o Anexo de Metas 
Fiscais, que deverá conter, entre outros: a) as metas anuais, em valores correntes e 
constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal1 e primário2 e montante 
da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes, sendo, 
na prática, metas trienais; b) a avaliação do cumprimento das metas do ano anterior; 
c)a evolução do patrimônio líquido, a origem e a aplicação dos recursos de 
privatizações, se houver; e d) estimativa e compensação da renúncia fiscal e da 
margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado 
❑ LOA 
o O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) para União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios deverá ser elaborado respeitando as diretrizes e prioridades estabelecidas 
na LDO e os parâmetros e limites fixados na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A LOA 
deverá conter em anexo o demonstrativo da compatibilização do orçamento com os 
objetivos e metas definidos no Anexo de Metas Fiscais da LDO. Na LOA deve estar 
definida a reserva de contingência, como percentual da receita corrente líquida (RCL) 
, para atender a gastos não previstos na Lei, como calamidades públicas. 
❑ Receitas e Renúncia Fiscal 
o À União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cabe instituir, prever e 
efetivamente arrecadar todos os tributos de sua competência constitucional. Isto 
significa que cada esfera de governo deverá explorar adequadamente a sua base 
tributária e, consequentemente, ter capacidade de estimar qual será a sua receita. 
o Isso auxilia o cumprimento das metas fiscais e a alocação das receitas para as 
diferentes despesas. A renúncia de receita - ou seja, a anistia, a remissão, o crédito 
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presumido, a isenção em caráter não geral, a alteração de alíquota de algum tributo 
ou a modificação da base de cálculo, que tenha como impacto a diminuição da receita 
pública - deverá estar acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios seguintes. 
o Além disso, para estar de acordo com a LRF, cada governante deverá demonstrar que 
a renúncia de receita foi considerada na Lei Orçamentária Anual - LOA e que não 
afetará as metas previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO. Alternativamente, 
o governante deve demonstrar que esta renúncia de receita será compensada por 
aumento de receita proveniente de elevação de alíquotas, ampliação da base de 
cálculo, aumento ou criação de tributo ou contribuição. Nesse caso, o ato que implique 
em renúncia só entra em vigor quando estiver assegurada a compensação pelo 
aumento de receita. A LDO e a LOA deverão conter um demonstrativo da estimativa e 
das medidas de compensação da renúncia de receita. 
❑ Despesas e Mecanismos de Compensação 
o Além das despesas previstas em lei, existem aquelas que os governantes poderão 
realizar em decorrência de criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação 
governamental. Entretanto, de acordo com a LRF, elas deverão estar acompanhadas 
de estimativa do impacto orçamentário-financeiro por 3 anos e de demonstração de 
que estejam compatível a LDO, além de estarem adequadas à LOA . 
o Se o governante quiser criar uma despesa obrigatória de caráter continuado 
(decorrente de lei ou ato administrativo que fixe a obrigação legal de execução por 
mais de dois anos) essa despesa deverá ser compensada por aumento permanente de 
receita ou redução permanente de outras despesas. 
o Além disso, vale lembrar que esse mecanismo de compensação não abrange serviço 
da dívida, nem a revisão da remuneração dos servidores públicos visando a 
preservação do valor real dos salários. 
o A LOA deverá conter o demonstrativo das medidas de compensaçãode despesa 
obrigatória de caráter continuado. O mesmo mecanismo de compensação tem efeito 
sobre a geração de novas despesas com a Seguridade Social, exceto nos casos de 
crescimento pelo aumento do número de beneficiários e para a manutenção do valor 
real do benefício. Desse modo, os governantes não poderão tomar decisões de 
aumento de despesa ou de redução de receita que comprometam a saúde das finanças 
públicas no futuro. 
❑ Despesas com Pessoal 
o s Considera-se como “Despesa Total com Pessoal” o somatório dos gastos do ente da 
Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, 
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer 
espécies remuneratórias, tais como: vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, 
subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, 
gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como 
encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. 
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o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referirem à 
substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como “Outras 
Despesas de Pessoal”. 
o A apuração da despesa total com pessoal será obtida somando-se a realizada no mês 
em referência com as dos onze meses imediatamente anteriores, adotando-se o 
regime de competência. 
❑ Limites de Gastos com Pessoal 
❑ União 
o Na esfera federal, os limites máximos para gastos com pessoal (50% da Receita 
Corrente Líquida) são assim distribuídos: - 2,5 % para o Poder Legislativo, incluído o 
Tribunal de Contas - 6 % para o Poder Judiciário - 0,6 % para o Ministério Público da 
União - 3 % para custeio de despesas do DF e de ex territórios - 37,9% para o Poder 
Executivo 
❑ Estados 
o Na esfera estadual, os limites máximos para gastos com pessoal (60% da Receita 
Corrente Líquida) serão: - 3% para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas - 
6% para o Poder Judiciário - 2% para o Ministério Público - 49% para o Poder Executivo. 
❑ Municípios 
o Na esfera municipal, os limites máximos para gastos com pessoal (60% da Receita 
Corrente Líquida) serão: - 6% para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, 
quando houver - 54% para o Poder Executivo 
❑ Transparência 
o Na elaboração, aprovação e implementação da Lei de Diretrizes Orçamentária - LDO e 
da Lei Orçamentária Anual - LOA, bem como nas prestações anuais de contas, serão 
utilizados procedimentos transparentes, ou seja: publicação e ampla divulgação da 
síntese das propostas, leis e prestações de contas, inclusive através de meios 
eletrônicos, evidenciando objetivos, metas, resultados esperados e verificados 
❑ Sanções 
o Em caso de não cumprimento de suas normas, a LRF estabelece várias sanções 
institucionais e pessoais. 
o São exemplos de sanção institucional: 
o suspensão das transferências voluntárias para aquele governo que não instituir, 
prever e arrecadar impostos de sua competência; · 
o no caso de limites de despesas com pessoal, se as regras da LRF não forem cumpridas 
e enquanto não for feito o ajuste, ou se houver excesso do primeiro quadrimestre do 
último ano de mandato, ficam suspensas: 
▪ transferências voluntárias; 
▪ obtenção de garantias; 
▪ contratação de operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida e 
redução de despesas com pessoal 
 
Quadros Resumo 
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Estados 
 
Municípios 
 
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Pequenos Municípios (menos de 50 mil habitantes, cerca de 90% dos 
municípios do País): 
 
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==1928da==
 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Chegamos ao final da nossa aula. 
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato comigo. Estou disponível no fórum no 
Curso, por e-mail e pelo Instagram. 
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá! 
Vanessa Brito 
E-mail: profvanessabrito@gmail.com 
Instagram: https://www.instagram.com/profvanessabrito 
 
 
 
LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 
1. (TRF 2ª Região / Juiz Federal Substituto/2017) 
À luz da Lei Complementar n 0 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF)), assinale a 
opção correta. 
 
a) É vedado a Estados e Municípios — e permitido à União Federal — conceder garantia em 
operações de crédito externas. 
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b) Em regra, instituição financeira que contrate operação de crédito com ente da Federação fica 
dispensada de exigir comprovação de que a operação atende às condições e limites 
estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal. 
c) A Caixa Econômica Federal, em razão da proibição de operação de crédito entre instituição 
financeira estatal e o ente da Federação que a controla, está impedida de adquirir títulos da 
dívida de emissão da União Federal. 
d) O Banco Central do Brasil está impedido de comprar diretamente títulos emitidos pela União, 
salvo para refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira. 
e) É absolutamente vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal 
existentes na carteira do Banco Central do Brasil. 
f) 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. 
De Acordo com a LRF Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas 
ou externas, observados o disposto neste artigo, as normas do art. 32 e, no caso da União, também 
os limites estabelecidos pelo Senado Federal. 
A alternativa B está incorreta. De acordo a LRF, a instituição deve exigir que o ente comprove que 
atende aos requisitos para contratação de operação de crédito, em regra. 
Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da Federação, 
exceto quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação de que 
a operação atende às condições e limites estabelecidos. 
§ 1º A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar será 
considerada nula, procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução do principal, 
vedados o pagamento de juros e demais encargos financeiros. 
A alternativa C está incorreta. A CEF pode, sim, adquirir títulos de dívida de emissão da União, desde 
que para aplicação de recursos próprios. 
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da 
Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. 
 
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de 
adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, 
ou títulos de dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios. 
A alternativa D está correta. De acordo com a LRF, 
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Art. 39, § 2º O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente títulos emitidos pela 
União para refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira. 
 
A alternativa E está incorreta. Apesar da regra ser a vedação, vejamos o art. 39: 
 Art. 39, § 4º É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal 
existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo 
para reduzir a dívida mobiliária. 
 
 
2. (VUNESP / Procurador – São José dos Campos/2019)

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