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3ª Edição Porto Alegre Estudos para a Escola Bíblica Dominical Autoria: Pr. Humberto Schimitt Vieira 2017 Copyright c 2017 Vieira, Humberto Schimitt A Unidade da Igreja e o Avivamento – Humberto Schimitt Vieira – 3. Ed, Porto Alegre : Ramo da Videira, 2017. ISSN 2237-0196 1. Experiência, prática e vida cristã I. Título CDD 248 - Experiência, prática e vida cristã Índice para catálogo sistemático 1. Experiência, prática e vida cristã 248 Os textos das referências bíblicas utilizados nesta publicação foram extraídos da Bíblia versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), salvo in- dicação específica. E Apresentação m uma época de tanta confusão espiritual, como identificar a ver- dadeira igreja de Jesus Cristo? Por que muitos são chamados, mas poucos, escolhidos? Quem são os escolhidos? Se a igreja é o corpo de Cristo, por que há tantas divisões entre igrejas e, até mes- mo, dentro destas? Afinal, o que é, realmente, uma igreja? É possível, diante de tanta diversidade, existir uma igreja que realmente viva em unidade espiritual? Quais são os inimigos dessa unidade? A pregação da doutrina bíblica une ou divide a igreja? Como manter uma igreja verdadeiramente unida? Qual é a importância dos avivamentos para a unidade da igreja? O que é um autêntico avivamento? Como estes nascem e como podem morrer? Como deve ser a relação do crente com sua denominação para que tenha autoridade espiritual? Essas e outras perguntas são respondidas nesta obra que tem, como tema principal, a questão da unidade da igreja e o avivamento. Um estudo totalmente fundamentado na Bíblia que aborda ques- tões inéditas ou, pelo menos, raramente tratadas na literatura cristã. É importante que, nas escolas bíblicas, todas as lições sejam ministradas em sua totalidade, ainda que sejam necessárias mais de uma aula para sua conclusão. 5 Índice Lição 1: A Igreja Verdadeira ............................................................07 Lição 2: Os Escolhidos ...................................................................11 Lição 3: A Instituição Igreja .............................................................17 Lição 4: A Igreja é um Clube Social ou uma Família Espiritual?............................................................................23 Lição 5: A Formação da Unidade da Igreja ....................................30 Lição 6: O Avivamento .....................................................................36 Lição 7: As Fases do Avivamento e o Perigo da Rebelião ...........44 Lição 8: A Divisão ............................................................................54 Lição 9: Consequências da Divisão ...............................................61 Lição 10: A Apostasia ......................................................................67 Lição 11: Idolatria da Igreja ou “Eclesiolatria” .............................73 Lição 12: A Atitude do Crente Frente à Apostasia e à Idolatria da Igreja ....................................................81 Lição 13: Preservando a Unidade pelo Vínculo da Paz ..............91 Lição 14: Batalhas a Serem Vencidas na Guerra pela Paz .........96 Lição 15: Onde Está o teu Fundamento? .......................................103 6 AUTORES Pr. Humberto Schimitt Vieira Pr. Otávio Rodrigues Vieira e Pr. James Schimitt Vieira (Lição 4) EDITOR Pr. James Schimitt Vieira REVISÃO DOUTRINÁRIA Conselho de Doutrina da Convenção de Ministros da IPAD Ministério Restauração REVISÃO GRAMATICAL E ORTOGRÁFICA Superintendência de Ensino da IPAD Ministério Restauração DIAGRAMAÇÃO Ramo da Videira CAPA Expediente 7 L içã o 1 A 1A Igreja Verdadeira “para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais” (Ef 3.10) palavra “igreja” é citada pela pri- meira vez, na Bíblia Sagrada, em Mateus 16.18: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” A palavra igreja vem do grego “ekklesia”, que é uma palavra composta formada pela preposição “ek” - que tem o sentido de “de dentro para fora” - e a palavra “klesis”, derivada do verbo “kaleo” – que significa “chamar”. Assim, o sentido original significa “reunião de cidadãos chamados para fora de seus lares para algum lugar público, assembleia”. Detalharemos, nesta lição, o sig- nificado e a utilização desses termos na Bíblia. Leia e medite diariamente: Segunda: Mt 16.1 e Ef 3.10 Terça: Mt 22.1-14 Quarta: Dn 9.25-27 Quinta: Mt 13.47-50 Sexta: Mt 25.1-13 Sábado: Mt 10.22, Mc 13.13 Domingo: 2 Tm 3.5, Ap 17.14 I. A Palavra “Igreja” Originalmente, a palavra “igreja” é uma palavra neutra no tocante à salvação. Como já se viu, ela representa uma assem- bleia de pessoas, não significando que tais pessoas sejam necessariamente salvas. Jesus utilizou-se de diversas pará- bolas para explicar essa realidade. 8 II. A Composição da Igreja: Chamados e Escolhidos 1. Muitos chamados, mas poucos escolhidos Em Mateus 22.1-14, Jesus fala sobre a interrupção da dispensação para Israel, com o fim da 69ª semana mencio- nada em profecia por Daniel (Dn 9.25-27), e o começo da dispensação da igreja. No versículo sete, inclusive, ele profetiza sobre como Jerusalém seria destruída: incendiada por um exército. A partir do verso nove, Jesus começa a falar sobre a igreja. Ele conta a história de um homem que, embora chamado, veio ao banquete do rei sem as vestes apropria- das. Achado em falta, foi lançado para fora. Jesus, então, ex- plicou que a igreja seria muito numerosa, com muitos chamados, porém, poucos des- ses chamados seriam escolhidos para permanecerem na festa. 2. O destino dos chamados mas não escolhidos a) Trevas, onde há choro e ranger de dentes O destino dos chamados, mas não escolhidos, seria as trevas, onde há choro e ranger de dentes (v.13). A frase que con- clui essa parábola, apesar de verdadeira, é muito triste: “Porque muitos são cha- mados, mas poucos, escolhidos” (v.14). As palavras aqui utilizadas são “kletos” (assim como “klesis”, derivada do verbo “kaleo”) para chamados, e “eklektos” para escolhidos. b) Fornalha acesa Já em Mateus 13.47-50, Jesus comparou a igreja a uma rede de pes- ca lançada ao mar. Muitos peixes são “chamados para fora do mar”, porém, o pescador aproveita somente os bons. Os demais são rejeitados. Jesus concluiu a parábola dizendo que aqueles que são somente chamados, mas que não forem escolhidos, serão lançados “na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (v.50). Naturalmente, Jesus Cristo está falando, nes- sas duas parábolas, de aspectos diferentes do mesmo lugar para onde irão os não escolhidos. III. Igreja Visível e Igreja Invisível 1. Uma terminologia moderna A teologia moderna não usa a mesma terminologia de Jesus, preferin- do utilizar a expressão “igreja visível”, para se referir ao conjunto de todas as pessoas que professam ser segui- doras de Cristo, e a expressão “igreja invisível”, para designar o conjunto dos “escolhidos”, efetivamente salvos, que somente Deus conhece. 2. Uma igreja “visível” mas des- conhecida Ainda em Mateus, mas no capítulo Jesus expli- cou que a igreja seria muito numerosa, com muitos chamados, porém, poucos desses chamados seriam escolhidos para permanecerem na festa. 9 25.1-13, essa verdade bíblica é mais uma vez confirmada, quando Jesus conta a parábola das dez virgens. Embora todas fossem “chamadas” para a festa, somente as que estavam com a lâmpada acesa fo- ram “escolhidas” para entrar na cerimônia de casamento. Quanto às demais, a frase que ouviram é “Em verdade vos digo que não vos conheço” (v.12). IV. Características da Igre- ja Verdadeira 1. Chamados e esco- lhidos Quando fala sobre os salvos que virão com Jesus na segunda fase da Sua se- gunda vinda, o anjo assim sere- fere: “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele” (Ap 17.14). Aqui, o anjo utilizou os mesmos termos que Jesus: “kletos” (“chamados”) e “eklektos” (“esco- lhidos”, aqui traduzida como “eleitos”). Pedro também se utiliza da mesma terminologia de Jesus: “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; por- quanto, procedendo assim, não tropeça- reis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.10-11). Vocação é traduzida da palavra “klesis”, mesma utilizada em “ekklesia”, e eleição é traduzida do verbo “kloges”, que signifi- ca o ato de escolher. 2. Fiéis É interessante que, além de ser “chamado” e “escolhido”, o salvo tem que ser “fiel” (Ap 17.14), do grego “pistos”, sig- nificando “alguém que manteve a fé com a qual se comprometeu, digno de con- fiança”. Essa exigência para a salvação também foi referida por Jesus. Confira as passagens bíblicas a seguir: “Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perse- verar até ao fim, esse será salvo.” (Mt 10.22) “Sereis odiados de to- dos por causa do meu nome; aquele, porém, que perse- verar até ao fim, esse será salvo.” (Mc 13.13) A igreja é uma instituição espi- ritual, e deve se manter em comunhão com Deus. Portanto, não pode ser regrada pelos parâmetros de sucesso do mundo, mas pelos padrões espiri- tuais estabelecidos por Deus. Burkett enfatiza essa verdade a seguir: “O sucesso é um pálido subs- tituto da vitória. Nas ocasiões em que a igreja realmente precisar rela- cionar-se com o mundo é claro que haverá transações comerciais, pois estas lhe promovem o bem-estar. Até Jesus possuía uma bolsa com dinheiro para suprir necessidades básicas, suas e de seus discípulos. Os negócios que envolvem uma igre- ja devem basear-se simplesmente na honestidade, em vez de nos métodos de psicologia de vendas do mundo Não basta sermos apenas chamados, mas precisamos também ser escolhidos. 10 Revise a lição e responda 1) Qual é a palavra, no original, utilizada pela Bíblia para designar a igreja, e qual é o seu significado? 2) Em Mateus 22.1-14, sobre quais dispensações, relativas ao plano de salva- ção, Jesus Cristo fala aos seus discípulos? 3) Como é composta a igreja visível, segundo Mt 22.1-14 e Mt 13.47-50? 4) Qual é a diferença entre os chamados e os escolhidos? E qual será o seu destino? 5) Quais são as características daqueles que constituem a verdadeira igreja e que serão realmente salvos? 6) Qual é e qual o significado da palavra grega traduzida por fiel referida em Ap 17.14? 7) Qual é a diferença entre “igreja visível” e “igreja invisível”, e qual é a sua relação com o conceito bíblico de “chamados e escolhidos”? 8) Qual é a consequência de ser fiel em um mundo que se opõe a Deus, conforme Mateus 10.22 e Marcos 13.13? 9) A que tipo de pessoas “congregadas” na igreja visível Paulo está se referindo em 2 Timóteo 3.5? 10) Qual é a atitude, que os escolhidos devem ter, em relação à sua vocação e eleição, conforme Pedro explica em sua segunda epístola (2 Pe 1.10-11)? dos negócios. É preciso cuidar para que a igreja, em suas atividades periféricas, não acabe envolvida por princípios mundanos. Se tal espírito adentrar-lhe até chegar à liderança, ela de fato poderá ser chamada bem-sucedida. Mas então o organis- mo vivo transformou-se em simples organização.” (Burkett, Bill. Pentecostais ou Ca- rismáticos?. 1ª ed., Rio de Janeiro, Editora CPAD, 1999, p. 47,48) Conclusão Não basta sermos apenas cha- mados, mas precisamos também ser escolhidos. Infelizmente, observamos muitas pessoas serem chamadas, mas permanecendo somente nesse estágio do projeto de Deus. São membros da “igreja visível”, mas distantes da “igreja invisível”; tendo aparência, mas sem possuir uma essência cristã verdadeira (2 Tm 3.5). Na próxima lição, veremos quem são os escolhidos. 11 Li çã o 22Os Escolhidos “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22.14) a lição anterior, vimos que os in- tegrantes da igreja verdadeira de Jesus Cristo, também chamada de “igreja invisível”, são aqueles chamados e escolhidos. Mas quem são os escolhidos? Quais são as suas características? Como obter essa condição? É o que veremos nesta lição. Leia e medite diariamente: Segunda: Jo 14.15-24; Jo 16.7-11 Terça: Jo 17.14; 1 Jo 5.17-20 Quarta: Ef 2.1-22; 1 Co 5.10 Quinta: Ef 6.12-20; 1 Jo 2.15-17 Sexta: Cl 1.9-23; Tg 4.4; Lc 9.23 Sábado: Jo 3.3-5; 1 Co 2.16 Domingo: Rm 7.14-31; Gl 5.17 I. Possuidores da Experiência do Novo Nascimento 1. Ingressantes no reino de Deus Os “escolhidos” (ou membros da “igreja invisível”) são todos aqueles que entram para o “reino de Deus” mediante o milagre do novo nascimento. 2. Libertados do mundo “Reino de Deus” significa o domínio e o comando de Deus. O reino de Deus se opõe ao principado de Satanás, cha- mado por Jesus de “mundo” (“... porque o príncipe deste mundo já está julgado” - Jo 16.11). O mundo é comandado pelo Ma- ligno (“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” - 1 Jo 5.19), que exerce seu domínio mediante suas hostes de espíritos malignos, con- forme podemos conferir nos versículos abaixo: “nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da N 12 potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” .(Ef 2.2) “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principa- dos e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” (Ef 6.12) Aquele que é nascido de novo possui a experiência da ação de Jesus Cristo mencionada pelo apóstolo Paulo em Colossenses 1.13: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”. Portanto, não está mais sob o jugo deste mundo. As demais características dos “es- colhidos” são decorrentes da experiência do novo nascimento. II. O Novo Nascimento Mas, afinal, o que é o novo nasci- mento? Qual é a relação desse aconteci- mento com a salvação individual? Embora tenhamos abordado esse assunto mais detalhadamente na revista “Princípio da Vida Cristã I”, trataremos dele também nesta lição pela sua importância e relação fundamental com a constituição da verda- deira igreja de Jesus Cristo. Jesus disse expressamente que sem o novo nasci- mento ninguém poderá ver ou entrar no reino de Deus (Jo 3.3-5). 1. O que é o novo nascimento? É o ato divino e milagroso pelo qual Deus devolve a sua imagem ao ser huma- no e lhe concede o privilégio da filiação. Neste ato, o ser humano tem a sua nature- za alterada, deixando de ser apenas “filho do homem” e passando a ser também “filho de Deus”. Por meio do novo nascimento, Deus resolve a questão da natureza decaída do homem e, a partir de então, o ser humano passa a ter desenvolvida em si a mente de Cristo (1 Co 2.16). Enquanto a pessoa não nasce de novo, não consegue aceitar as coisas de Deus (1 Co 2.14), mas após o novo nasci- mento ela concorda com os mandamentos de Deus (Rm 7.16), mesmo que ainda não consiga cumpri-los. Dito isso, surge uma questão que nos interessa profundamente: - Alguém que nasce de novo pode deixar de ser filho, ou, em outras palavras, pode perder a salvação? 2. É possível perder a salvação? Só existe uma maneira de alguém que é filho deixar de ser filho: morrendo. No mundo físico, a morte biológica tira o filho do convívio do pai; assim tam- bém no mundo metafísico a morte espi- ritual igualmente é causa do rompimento no relacionamento entre Deus (pai) e o homem (filho). a) Uma guerra de vida ou morte Quando a nova natureza é implan- tada, a antiga continua alojada em nós. Começa aí umaluta ferrenha entre a velha natureza - que a Bíblia denomina carne - e a nova natureza (Gl 5.17). Diz a Bíblia que, se nessa luta nos inclinarmos para a carne, vamos matar a nova natureza e, assim, morreremos es- piritualmente, retornando então ao antigo estado (Rm 8.6). Mas, se nos inclinarmos 13 para o Espírito Santo, que opera o novo nascimento (Jo 3.5), viveremos (Rm 8.13). b) O legalismo e a salvação Portanto, após o novo nascimento o crente não pode mais se ater à questão legalista; não lhe cabe mais somente ficar perguntando se isso ou aquilo é pecado ou se é tecnicamente errado; ou se há uma passagem na Bíblia condenando esse ou aquele ato; enfim, enquanto o cristão ficar nessa posição ele ainda será um legalista, e o legalismo não o leva a lugar algum, não o salva. 3. O princípio da conveniência O apóstolo Paulo explica que o legalismo serve ape- nas como um aio para nos levar a Cristo, para recebermos o perdão de Cristo através da cruz. A partir daí, o legalismo já não nos interessa, pois, se somos nascidos de novo, o nosso objetivo agora é manter viva e fortalecer a nova natureza. Aliás, o apóstolo Paulo foi tão radical nesse ponto que chegou a dizer: “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém” (1 Co 6.12), ou seja, em lin- guagem coloquial ele diria: “estou pouco ligando para o legalismo: o que eu quero saber é se as coisas convêm ou não à mi- nha nova natureza”. Vemos emergir, aqui, um princípio que vai além da legalidade: o princípio da conveniência. A mim entristece muito ouvir uma pessoa dizer: - Pastor, se o senhor me comprovar que está expressamente proibido na Bíblia essa ou aquela ação, eu deixarei de pra- ticá-la. Essa pessoa possivelmente não nasceu de novo. É um pobre legalista ten- tando achar a salvação de uma forma que nunca poderá encontrá-la. Está apenas preocupada em obedecer a regras, e não em desenvolver uma nova vida, a nova natureza recebida de Deus. 4. Uma nova forma de avaliar a maneira de viver O crente que nasceu de novo sai da questão legal e passa para a questão da conveniência, ou seja, a questão não é mais se pode ou não pode, mas se convém ou não convém. Assim, se uma criança per- guntar à mãe: - a lei me proíbe, ou não, andar sem calçado? A mãe dirá que a lei não proíbe tal ato. A criança retoma: - então nunca mais vou querer usar calçados! Sob o aspecto legal, essa criança está certa, mas não é conveniente que ande descalça. Logo, sob o prisma da conveniência está errada. Destruirá a sua natureza por meio de enfermidades e ferimentos que surgirão devido ao contato direto dos pés com o solo. Essa é a condição do legalista. Pensando ser muito sábio, equivocada- mente caminha para a morte. Escolhe um inconveniente modo de viver, agredindo a natureza divina, amparado no errôneo argumento de que a sua postura não está expressamente proibida na Bíblia. O crente que nasceu de novo sai da questão legal e passa para a questão da conve- niência, ou seja, a questão não é mais se pode ou não pode, mas se convém ou não convém. 14 5. O amor filial Mas isso não é tudo. Há um outro aspecto da salvação, envolvendo a mu- dança de natureza, mediante o novo nas- cimento: é a questão de amor filial. O legalismo é frio. O pecador é o réu e Deus, o juiz. O réu procura provar que sua condição é legal e o juiz exami- na, pela letra fria da lei, se o réu é ou não culpado. Essa é a triste figura que o lega- lismo traz para a relação entre o crente e Deus. As pessoas assim vivem buscando um jeitinho para interpretar a lei de modo a não incriminar a sua conduta ou a dos membros de sua igreja. É a respeito desses “doutores” que a Bíblia fala em 2 Tm 4.3,4, dizendo que ensinariam a Bíblia a seus “clientes” com interpretações que busca- riam justificar a prática das suas respectivas cobiças. Já a doutrina do novo nascimento reve- la o amor filial, ou seja, nós obedecemos não para nos livrarmos do julgamento de um juiz qualquer, mas obedece- mos porque amamos a um Pai amoroso que, para nos resgatar, enviou o Seu filho unigênito. Por isso, Jesus Cristo estabeleceu como principal mandamen- to o de amar a Deus acima de todas as coisas (Mt 22.37) e, também por isso, referiu como sinal de nosso amor a Ele a obediência aos Seus mandamentos (Jo 14.15,21,24). Por tudo isso, a Bíblia diz que não devemos amar o mundo nem as coisas que no mundo há, pois se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele (1 Jo 2.15). Ora, assim como o padrão da carne se opõe ao padrão do Espírito Santo, também o padrão do mundo se opõe ao padrão do Pai. Portanto, além do diabo, existem dois inimigos da nossa nova natureza: - o pa- drão da carne e o padrão do mundo. III. Uma Vida com Novos Pa- râmetros 1. Abandonando os parâmetros do mundo Assim, viver no “reino de Deus” sig- nifica viver não mais pelos parâmetros do mundo, mas pelos parâmetros de Deus. Enquanto uma pessoa anda se- gundo o curso deste mundo, pauta a sua vida por aquilo que “todo mundo está fazendo”. Comandado pela moda e modismos, não poderá dizer que está no reino de Deus. Como já vimos, Jesus explicou que o “reino de Deus” é tão diferente do principado deste mundo que, sem que alguém nasça de novo, é impossível entender o reino de Deus (Jo 3.3) e muito menos nele entrar (Jo 3.5). 2. Sendo nascidos de novo e co- nhecidos de Deus O Senhor Jesus fala que “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profe- tizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi Não pode- mos viver isolados nesta terra, pois, nesse caso, teríamos que sair do mundo (1 Co 5.10). Mas pre- cisamos estar com nosso coração desvinculado do mundo. 15 explicitamente: nunca vos conheci. Apar- tai-vos de mim, os que praticais a iniqüida- de” (Mt 7.22-23). Dizer “nunca vos conheci” é dife- rente de dizer “não vos conheço”. O que Jesus expressa, aqui, é que há “muitos” que fazem milagres, expulsam demônios e profetizam em nome de Jesus, porém não entraram no reino porque nunca nas- ceram de novo. São chamados, mas não são escolhidos. Têm fé para os milagres, mas não para obedecerem a Deus. 3. Reino de Deus e Mundo: uma relação impossível É impossível alguém fazer parte da igreja invisível de Jesus e, ao mesmo tem- po, ser participante do sistema do mundo, pois o mundo jaz no Maligno (1 Jo 5.19). Na sua oração sacerdo- tal, Jesus exclamou “eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou.” (Jo 17.14). Não podemos viver iso- lados nesta terra, pois, nesse caso, teríamos que sair do mundo (1 Co 5.10). Mas precisamos estar com nosso coração desvinculado do mundo. Nesse sentido, Paulo assim se referiu quando escreveu aos Coríntios, esclarecendo, na prática, como deve ser a relação dos salvos com o mundo: “os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a apa- rência deste mundo passa” (1 Co 7.31). João, por sua vez, advertiu que não devemos amar o mundo, pois se amarmos o mundo, o amor do pai não estará em nós (1 Jo 2.15). Por fim, Tiago ensina que aquele que se fizer amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4.4). IV. Como se Dá a Escolha A “escolha” ou “eleição” é um ato da soberania e da misericórdia de Deus. Ninguém tem o direito de ser escolhido, pois aí não seria escolha, mas conquista. Assim como o nascimento de uma criança é um ato de vontade dos pais, assim o novo nascimento, por meio do qual Deus compartilha a Sua natureza conosco é um ato da Sua vontade.Vamos ler o que Jesus falou sobre o tema: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.12-13). A palavra “recebe- ram” vemdo grego “lambano”, que significa “pegar uma coisa como sua, agarrar para si e sobre si”. Ora, o mesmo Jesus apresentou condição para segui-lo: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). Conclusão Portanto, nascer de novo para en- trar no reino de Deus é mais do que se arrepender de pecados, mas é negar a sua própria natureza, sua própria maneira de ser, e aceitar a submissão total a Deus Ser religioso é “fazer” algumas coisas. Ser nascido de novo é “ser” outra pes- soa, vivendo debaixo da vontade de Deus. 16 Anotações e à maneira de ser determinada por ele. Ser religioso é “fazer” algumas coisas. Ser nascido de novo é “ser” outra pessoa, vi- vendo debaixo da vontade de Deus. Revise a lição e responda 1) Qual é a principal característica dos “escolhidos”? 2) Conforme Colossenses 1.13, o que ocorre com uma pessoa que aceita a Jesus Cristo verdadeiramente? 3) Quais são os dois reinos que se opõem no mundo espiritual? Quem são seus integrantes? 4) O que é o novo nascimento? Qual é a relação desse acontecimento com a salvação individual? 5) Qual é o sintoma que evidencia que uma pessoa não nasceu de novo, conforme 1 Coríntos 2.14? 6) Qual é a consequência do novo nascimento na vida de uma pessoa? 7) É possível, a uma pessoa que nasceu de novo, perder a salvação? Como? 8) O que é o princípio da conveniência? O que significa, na prática, que “o crente que nasceu de novo sai da questão legal e passa para a questão da conveniência”? 9) Qual e a grande diferença entre uma pessoa “religiosa” e uma pessoa “nas- cida de novo”? 10) Como devem ser os parâmetros de uma pessoa que nasceu de novo? Vemos, então, que a escolha de Deus se dá a partir da nossa aceitação à sua vontade, negando a nossa vontade própria e a vontade do mundo. 17 L içã o 33 “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.” (Ef 5.32) A A Instituição Igreja Bíblia menciona o termo “igreja” com alguns significados. Em deter- minadas passagens, designa uma igreja local. Em outras, designa uma insti- tuição universal, o corpo de Cristo, em to- das as localidades da terra. Abordaremos, nesta lição, esses diferentes enfoques e a forma como essa estrutura pode subsistir na forma de uma unidade apesar de toda a influência do mundo, que busca aniqui- lá-la. Leia e medite diariamente: Segunda: 1 Co 12.26, 27 Terça: 1 Co 16.19; Tt 1.5 Quarta: At 15.1,2; Hb 3.13 Quinta: 1 Co 5.11; 1 Co 10.16-17 Sexta: 2 Tm 2.16-17; 2 Jo 1.10 Sábado: Tt 3.10-11; Mt 18.15-17 Domingo: 1 Co 5.13; Ef 4.3; Jo 17.6-14 I. A Igreja como Corpo de Cristo 1. Um corpo a nível mundial (uni- versal) Os “escolhidos” formam o corpo de Cristo na terra, mesmo que um nem saiba da existência do outro (leia 1 Co 12.27), “de maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1 Co 12.26). 2. Um corpo a nível local Os crentes, ao se reunirem em de- terminada localidade (país, cidade, bairro, comunidade), ali formam o que chamamos de igreja local. II. A Igreja Local 1. Unidade administrativa “Igreja local” é o termo utilizado para designar a igreja organizada em uma unidade administrativa. Possui um líder 18 local, um controle financeiro local, cumpre determinações legais como pessoa jurídi- ca, entre outras características. 2. Abrangência geográfica e juris- dicional A “igreja local” pode exercer dife- rentes amplitudes de abrangência. Um exemplo disso encontramos na saudação de Paulo à igreja em Corinto: “As igrejas da Ásia vos saúdam. No Se- nhor, muito vos saúdam Áquila e Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles” (1 Co 16.19). Vemos, aqui, “igrejas da Ásia”, a “igreja que estava na casa do casal Áquila e Priscila” e a igreja de Corin- to, destinatária da carta. Assim como vemos o exemplo de uma igreja organizada em âmbito muni- cipal (Corinto), vemos uma igreja organi- zada em uma só congregação (casa de Áquila e Priscila). Verificamos, igualmente, na carta de Paulo a Tito, uma igreja organizada em âmbito regional, compreendendo diversas cidades, como a igreja em Creta, onde a autoridade episcopal de Tito se estendia a diversas cidades: “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi” (Tt 1.5). Hoje, a igreja visível de Cristo está organizada em denominações. Essas, por sua vez, estão subdivididas administrati- vamente em regiões, distritos, paróquias, congregações, etc. 3. Unidade apostólica Um fator que precisamos destacar na unidade das igrejas nos primeiros tempos do cristianismo é a autoridade apostólica. Embora aquelas igrejas esti- vessem distantes umas das outras, cons- tituindo-se em igrejas locais, havia uma centralização doutrinária em Jerusalém, nas pessoas dos apóstolos, que promo- via sua unidade. Vemos claramente isso no registro feito no livro de Atos: “Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes se- gundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos. Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não peque- na discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão” (At 15.1,2). O próprio apóstolo Paulo, mais tar- de, através de suas cartas, labutou pela unidade doutrinária da igreja. A tal ponto as epístolas paulinas eram consideradas indispensáveis por serem inspiradas pelo Espírito Santo, que eram amplamente aceitas pela igreja primitiva; e algumas de- las foram os primeiros livros do Novo Tes- tamento a serem considerados canônicos. 4. Os perigos em congregar-se numa igreja local corrompida A igreja local também forma um corpo, interagindo uns membros com os outros. A partir do momento em que um membro da igreja local se corromper, outros membros também podem ser con- taminados. A seguir, veremos os perigos de congregar-se em uma igreja local cor- rompida: 19 a) O perigo da “comunhão” com falsos irmãos Não devemos nos associar e se- quer comer “com alguém que, dizendo- se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador;” (1 Co 5.11). Por isso, não po- demos participar da santa ceia com uma pessoa assim, pois o tomar a ceia juntos produz um elo de comunhão espiritual, e, quando sabemos do erro dela, nos tornamos cúmplices. Leia: “Por- ventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que parti- mos não é a comunhão do corpo de Cristo? Por- que nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1 Co 10.16-17). b) O perigo de conviver com por- tadores de linguagem corrompida A linguagem do crente que se corrompeu perverte os demais: “Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profa- nos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior. Além disso, a lin- guagem deles corrói como câncer” (2 Tm 2.16-17). c) O perigo de receber um defen- sor de falsas doutrinas “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas” (2 Jo 1.10). d) O perigo de aceitar aquele que rejeita a sã doutrina O que não aceita a doutrina deve ser evitado, pois provoca a facção. “Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está conde- nada” (Tt 3.10-11). e) O perigo de conviver, na igreja, com o pecador sem arrependi- mento O malfeitor, se quiser continuar com suas atitu- des de rebelião, deve ser expulso da igreja local. “Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, po- rém, não te ouvir, toma ainda con- tigo uma ou duas pessoas, para que, pelodepoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mt 18.15-17). “Os de fora, porém, Deus os julga- rá. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor” (1 Co 5.13). III. A Unidade da Igreja 1. A unidade da “igreja invisível” Os “escolhidos”, ou membros da “igreja invisível”, compõem uma unida- de. Falar em promover a unidade da igreja de Jesus não tem sentido, pois ela já é uma unidade. O que devemos, Quanto mais membros de uma igreja local pertencerem à igreja invisível, aos escolhidos, tanto mais unidade haverá nessa igreja. 20 na verdade, é lutar para preservar essa unidade, pois no momento em que dei- xamos de pertencer a essa unidade, deixamos, igualmente, de pertencer aos escolhidos. Por isso, o apóstolo Paulo escreve: “esforçando-vos diligentemen- te por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4.3). 2. A unidade da “igreja visível” Por outro lado, falar da unidade da igreja visível é uma utopia (so- nho impossível de ser reali- zado), pois desde a torre de babel, é impossível os homens se uni- rem em torno de um mesmo propósito, pois cada um tem a sua linguagem. 3. A unidade da “igreja invisível” dentro da “igreja visível” (local) No entanto, o mesmo não se fala em relação à igreja local. Os membros da igreja local devem se ajudar uns aos outros e exortarem-se uns aos outros, para não serem endurecidos pelo espírito do engano que age na terra contra a sã doutrina (Hb 3.13). Assim, quanto mais membros de uma igreja local pertencerem à igreja invisível, aos escolhidos, tanto mais unidade haverá nessa igreja. IV. A Oração Sacerdotal de Jesus 1. Uma oração pelos escolhidos As pessoas que pregam sobre a unidade da igreja normalmente se uti- lizam da oração sacerdotal de Jesus, em que Ele pede ao Pai a unidade da igreja. Quando Jesus orou pela unidade, orou pelos chamados ou pelos escolhi- dos? Deixemos que a própria oração responda: a) Por aqueles que guardam a Palavra “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra” (Jo 17.6). Jesus orava pela unidade daque- les que eram de Deus e que estavam guardan- do a Sua palavra. Logo adiante, Ele acrescenta: “porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste” (Jo 17.8). Sim, Jesus orava por aqueles que receberam a palavra. b) Por aqueles nascidos de novo Lembre-se de que somente po- dem ser feitos filhos de Deus os que recebem Cristo e, quando João escreve isso, no capítulo primeiro do seu evan- gelho, está se referindo a Jesus como a palavra que se fez carne. É por esses que Jesus orava, pedindo a unidade. Se tomar uma posição ao lado da Palavra, o crente viverá em unidade com aqueles que toma- rem o mesmo propósito, mas, em consequência, receberá o ódio e desprezo daqueles que estão de acordo com o mundo, mesmo que façam parte dos “chamados”. 21 Pelos que nasceram de novo ao recebe- rem a água (Palavra) e o Espírito. 2. Palavra: um fator de união ou de divisão No versículo quatorze, Jesus ex- pressa: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou” (Jo 17.14). a) Unidade entre aqueles que fa- zem parte do reino de Deus Jesus estava orando pelos que “pe- garam” a Palavra e que tinham rompido com o principado do mundo. Era justamente o fato de viverem por esta Palavra que lhes possibilitaria viver em uni- dade no reino de Deus. b) Divisão entre os que fazem e os que não fazem a vontade de Deus Porém, é interessante no- tar que o próprio Jesus reconhece que o fato de alguém “agarrar a Palavra para si”, ao mesmo tempo em que une, de- sune. Se alguém não agarrar a Palavra de Deus e não guardá-la totalmente, possivelmente não terá problemas com o mundo. Porém, se tomar uma posição ao lado da Palavra, viverá em unidade com aqueles que tomarem o mesmo propósito, mas, em consequência, receberá o ódio e desprezo daqueles que estão de acordo com o mundo, mesmo que façam parte dos “chamados”. 3. Um fator permanente de unida- de através dos séculos Por fim, Jesus ora pela unidade daqueles que haveriam de crer nEle. Po- rém, mais uma vez Ele ressalta o valor da Palavra para esse efeito, conforme grifamos: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmiti- do a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (Jo 17.20-23). Nesse momento de sua oração, Jesus enfatiza o que possibilita a unidade: a) A glória de Deus b) “eu neles, e tu em mim”, ou seja, Jesus na vida de cada “escolhido”, consi- derando-se sempre que Jesus é o Verbo que se fez carne. Conclusão Embora tenhamos presente a dife- rença entre a “igreja invisível” e a “igreja visível”, é importante estarmos cientes de que a primeira precisa estar dentro da segunda. Uma “igreja visível” sem “esco- lhidos”, ou seja, não se constituindo em Precisamos zelar para que as nossas igrejas locais sejam realmente unida- des da “igreja invisível”, autênticas integrantes do corpo de Cristo. 22 parte da “igreja invisível”, passa a ser uma mera instituição humana, religiosa, mas destituída de vida espiritual e sem um pro- pósito real para sua existência. Precisamos zelar para que as nossas igrejas locais sejam realmente unidades da “igreja invisível”, autênticas integrantes do corpo de Cristo. Revise a lição e responda: 1) O que é e quem constitui a igreja verdadeira universal? 2) O que é a igreja local? Quem faz parte dela? 3) Como era a unidade da Igreja Primitiva? Qual é o fator que precisamos desta- car na unidade das igrejas nos primeiros tempos do cristianismo? 4) Cite cinco perigos de congregar-se em uma igreja local corrompida: 5) Por que não podemos participar da santa ceia com uma pessoa corrompida, um falso irmão? 6) Por que o crente sincero não pode conviver com portadores de linguagem corrompida e com defensores de falsas doutrinas? 7) O que deve ocorrer com um malfeitor, caso não se arrependa e continue com suas atitudes de rebelião? 8) Qual é a diferença entre unidade da igreja visível e da igreja invisível? Como deve ser a constituição da igreja visível para que, nela, haja a maior unidade possível? 9) Por quem Jesus Cristo orou em sua oração sacerdotal? 10) Para quem a Palavra de Deus é um fator de união? E para quem é um fator de divisão? Anotações 23 O Li çã o 44 A Igreja é um Clube Social ou uma Família Espiritual? “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Rm 14.17) que fazer para que a igreja viva em unidade? Já vimos que pre- cisamos buscar que as nossas igrejas locais sejam realmente parte da “igreja invisível”, do corpo de Jesus Cristo. Porém, assim como precisamos buscar essa unidade, temos um inimigo que, sutil- mente, procura destruí-la. Por isso, preci- samos entender o que realmente promove a unidade espiritual desse corpo, estando atentos para não cairmos nas armadilhas de Satanás. Este é o propósito desta li- ção, grande parte da qual é de autoria do saudoso pastor Otávio Rodrigues Vieira, e também está contida na revista para esco- la bíblica dominical sobre “Heresiologia”, publicada pela editora Ramo da Videira. Leia e medite diariamente: Segunda: Mt 15.29-39 Terça: Jo 6.1-68 Quarta: Mt 7.1-29 Quinta: 1 Rs 12.26-33 Sexta: 1 Co 14.26; Cl 3.16 Sábado:At 6.1-7 Domingo: Mt 12.29; Mc 3.27; Lc 11.22 I. Cuidado com as Estratégi- cas Sutis do Diabo Nestes dias, mais do que nunca, precisamos estar atentos para os ataques do diabo, que buscam desviar a igreja de seu verdadeiro objetivo. Ao longo do tempo, essa tem sido sempre uma estra- tégia utilizada pelo nosso inimigo, pois, à medida que vamos deixando de visualizar aquilo para o qual Deus formou a igreja, ela vai deixando de cumprir os propósitos divinos. Quando isso acontece, esta deixa 24 de ser uma estrutura espiritual, o corpo de Cristo, a noiva do Cordeiro, para tornar-se uma entidade social como qualquer outra, deixando de ser uma igreja verdadeira e ingressando, muitas vezes, no ciclo mun- dano estabelecido por Satanás com o objetivo de afastar o homem de Deus. Este é o propósito do diabo: des- viar a igreja do seu verdadeiro objetivo, da rota traçada por Deus. Quando isso ocorre, inicia-se a derro- cada da igreja local. Assim ocorria nos tempos bíbli- cos, quando Israel, a igre- ja do Antigo Testamento, iniciava a confusão com o mundo. Muitas vezes, o motivo parecia “justificável” no início. Mas o final era tra- gédia. E, quando as consequências chegavam, muitas vezes era tarde demais para que houvesse um despertamento geral com uma retomada do objetivo pro- posto por Deus. II. Sociabilidade: uma Armadi- lha Astuta Uma das grandes armas que Sa- tanás tem utilizado para desviar a igreja de seu objetivo é a promoção da socia- bilidade. Isso não é teoria. É bíblico. No decorrer das décadas em que Deus tem nos proporcionado o pastoreio de igrejas, temos acompanhado, na prática, muitas vezes essa estratégia sendo desenvolvida por Satanás. E, infelizmente, temos visto muitos trabalhos que iniciaram sob a po- derosa unção de Deus acabarem tornan- do-se apenas grupos sociais, desprovidos de força espiritual, afastados do propósito traçado por Deus, embora mantendo o nome e o status de igreja. Não podemos permitir que isso venha ocorrer num Minis- tério levantado por Deus para que os Seus objetivos sejam mantidos e proclamados. 1. A forma de ação do maligno A forma como o diabo começa a agir, como já mencionamos, muitas vezes é sutil e imperceptível. Nos maiores ataques contra a igreja, ele não aparecerá proclamando ser o diabo e dizendo querer destruir a Igreja. Não. Seus pio- res ataques são como o câncer, que instala algumas células multiplicadoras daquela característica maligna e, partindo de dentro do corpo, utilizando a estrutura do próprio corpo, sem que a pessoa consiga perceber, começa a destruir aquele orga- nismo. Esse é o motivo por que há tantas mortes através do câncer. É porque, quan- do as pessoas percebem que há células malignas em seu organismo, a destruição daquelas partes do corpo afetadas já foi efetuada. Não podemos deixar as células malignas nem começarem a desenvolver- se na igreja local, denominação ou Minis- tério, sob o risco de deixá-las multiplica- rem-se até um ponto onde o dano já tenha produzido graves consequências, quem sabe até mesmo irreversíveis. Exemplo de manifestação desses ataques é a promoção de eventos tendo como foco a alimentação na igreja, tais como almoços beneficentes (estes, além de promoverem um ambiente carnal na À medida que vamos deixan- do de visualizar aquilo para o qual Deus formou a igreja, ela vai deixando de cumprir os propósi- tos divinos. 25 igreja, destroem a fé do povo, para que não confiem que é Deus quem nos for- nece os recursos necessários), refeições de “confraternização”, refeições antes ou após os cultos, antes ou após escolas do- minicais ou outras reuniões da igreja, sem que haja realmente necessidade delas. Quando essas atividades passam a ser o objetivo (ou mesmo um dos objetivos) dos encontros na igreja, o propósito único dos crentes ao ir à igreja deixa de ser adorar a Deus e receber Suas bênçãos espirituais, e pas- sa a ser também essas ati- vidades humanas. E, com isso, a liberdade de ação do Espírito Santo começa a ficar progressivamente impedida pela ação humana (Ef 4.30). Uma determinada igreja que dirigi- mos estava usufruindo um grande aviva- mento. Em cada culto, a glória de Deus se manifestava de maneira muito especial. No entanto, passamos a perceber que os cultos começaram a deixar de ter aquela poderosa manifestação do Espírito a que já estávamos acostumados. O que acon- tecera? Veio ao nosso conhecimento que um grupo de irmãs haviam se combinado de, após o culto, sempre escolherem a casa de uma delas para tomarem chá com doces e salgados. Quando vinham ao culto, seu pensamento estava na organi- zação e na expectativa do chá, e não con- seguiam dedicar todo o seu coração em buscar a Deus. E o ambiente espiritual na- queles encontros sociais não era propício ao domínio do Espírito Santo; muito pelo contrário, era a carne que se manifestava e produzia suas obras. E a unidade do Es- pírito foi grandemente afetada, o corpo foi prejudicado, e a glória de Deus deixou de se manifestar como anteriormente. Por que a carne sempre busca reu- niões de comunhão em torno de alimento e de conversas que não edificam, e nun- ca em reuniões de oração e jejum, que realmente unem as pessoas no espírito? A Palavra de Deus nos indica a resposta: “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Es- pírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é ini- mizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.6,8). As estratégias de nosso inimigo iniciam-se sutilmente, aparentemente, muitas vezes, com boas razões segundo a ótica humana. No entanto, isso faz com que a sociabilidade, camuflada atrás de aparentes boas motivações, vá ingressan- do e tomando conta da igreja. Aos poucos, o domínio da carne vai instalando-se na igreja e o Espírito Santo, entristecido, começa a afastar-se. O caminho para a destruição está instalado. 2. A sociabilidade une a igreja? Alguns podem afirmar: “mas é tão bom termos uma festinha de confraterni- zação na igreja, pois isso une os crentes”. Isso NÃO é verdade. A sociabilidade aproxima somente os afins, ou seja, as pessoas que possuem uma identidade natural. Isso é facilmente Uma das grandes armas que Satanás tem utilizado para desviar a igreja de seu objetivo é a promoção da sociabilidade. 26 constatável. As pessoas, normalmente, não convidam para um chá em sua casa aqueles que são diferentes, com quem não se identificam. Na igreja, igualmente: quando há atividades sociais, formam-se os “grupinhos” de pessoas com afinidades. Cada um fica no seu “grupinho”, composto pelos que gostam das mesmas coisas. A sociabilidade não une. Ao contrário, con- solidada as diferenças e induz à formação de grupos na igreja, prejudicando a unida- de de todo o corpo. Já o efeito de uma reunião espiritual é totalmente diferente. É muito comum e normal vermos, em reuniões de oração e jejum, pessoas com- pletamente diferentes lado a lado. Isso porque, en- quanto na sociabilidade a relação é pessoal, ou seja, uma relação direta entre as naturezas humanas, em uma reunião espiritual quem une é a ação do Espírito Santo. Ainda que as pessoas tenham formações e gostos completamente diferentes, a unidade no espírito, produzida pela presença do Es- pírito Santo em cada vida, faz com que a influência das diferenças humanas sejam minimizadas, e a unidade e comunhão do Espírito se estabelece. 3. O Pão Vivo do céu: a motiva- ção das reuniões de Jesus Cristo Alguns mencionam que é bíblico promover “comes e bebes” em reuniões da igreja com base na preocupação de Jesus Cristo com a multidão em algumas ocasiões, quando houve a multiplicação dos pães. Mas, se analisarmos essas pas- sagens bíblicas, veremos que: a) Em primeiro lugar, aquele fato não era uma rotina. Isso fica demonstrado pela surpresa dos discípulos quando ouvi- ram a sugestãode Jesus (Mt 15.33). b) Em segundo lugar, aquela foi uma oportunidade singular de real neces- sidade, em que aquelas pessoas estavam há vários dias com Jesus e, se não fossem alimentadas, poderiam desfalecer pelo ca- minho (Mt 15.32). c) Em terceiro lugar, Jesus tinha como objetivo experimentar os discípulos e exercitar sua fé (Jo 6.6), além de glorificar o Pai. d) Em quarto lugar, vemos que a motivação daquela reunião não era a alimentação, mas a presença de Jesus Cristo. Precisamos ressaltar que Jesus alimentou a multidão após ter falado a Palavra. O povo não havia vindo até ele por causa da comida. Aliás, nem sabia que aquela multiplicação iria ocorrer. Eles tinham vindo para conhecê-Lo e ouvi-Lo. E por que eles ficaram um período tão grande com Jesus, mesmo em uma região onde não havia alimento material? É por- que Suas palavras eram espírito e vida (Jo 6.63). Ele ensinava com autoridade (Mt 7.29). O povo ficava maravilhado quando o ouvia (Mt 7.28). 4. Jeroboão e sua estratégia carnal Hoje, as pessoas também precisam vir para a igreja motivadas pela unção do Espírito Santo e pelo poder de Deus pre- sentes nela. É justamente quando falta As pes- soas precisam vir para a igreja motivadas pela unção do Espírito Santo e pelo poder de Deus presentes nela. 27 esse poder, que é a autêntica fonte de atra- ção transformadora, que os líderes buscam subterfúgios que levam a uma sociabilidade nociva à espiritualidade da igreja. É quando falta o poder de Deus que os líderes começam a utilizar o raciocínio do mundo e do homem natural para bus- car o “sucesso” em suas igrejas. Então, passam à prática de Jeroboão que, na au- sência de um templo onde Deus habitas- se, construiu dois bezerros de ouro para serem adorados (1 Rs 12.26-33). Racionalmente, parecia ser uma estratégia perfeita: um bezerro foi colocado em Dã, no extremo norte de Israel; o outro, em Betel, no extremo sul. O povo não precisaria se cansar muito para praticar a “nova forma de adoração”. Todos tinham um bezerro bem mais próximo e prático do que o templo em Jerusalém (que ficava em Judá, onde reinava Roboão). Tudo do jeitinho que a carne gostava. Isso ele fez para colocar na mente do seu povo uma saciedade carnal, para que se sentissem satisfeitos com aquelas práticas e não tivessem mais necessidade de buscar a Deus no templo como deveria ocorrer. Para Jeroboão, tudo era válido, desde que o povo não deixasse a “sua igreja”. Quantos bezerros têm sido construídos nas igrejas atuais por líderes carnais! Para líderes como Jeroboão, a “es- tratégia” para manter o povo na igreja é proporcionar coisas que agradem a carne e não exijam uma renúncia do homem natural. Para que jejum e oração - dizem estes - se o povo gosta mesmo é de chás, confraternizações, amigos-secretos e tan- tas outras modalidades de festividades? E, assim, transformam a igreja de corpo espiritual em um clube social. A reunião do povo de Deus deve ser diferente. Quando se agrupam “um tem salmo, outro, doutrina, este traz reve- lação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edifica- ção.” (1 Co 14.26) 5. Jesus Cristo não aprovou a sociabilidade na Sua igreja Essa realidade fica muito clara quando vemos o acontecimento seguinte à multiplicação de pães. Entusiasmados por aquela maravilha, e querendo nova- mente participar dela, a multidão foi novamente atrás de Jesus Cristo (Jo 6.22-25). Quando finalmente o encontra- ram, todos ficaram surpreendidos pela reação de Jesus ao seu interesse carnal: “Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes pães e vos saciastes” (Jo 6.26). Jesus Cristo percebeu que havia uma motivação carnal naquela reunião. E foi enfático em sua reação. Disse que a multidão deveria buscar a Ele, o Pão da vida, e não o pão terreno. Além de não multiplicar novamente os pães, exortou tão severamente aquela multidão, que, após, muitos o abandonaram (Jo 6.60,61,66). É isso que ocorre a uma multidão com motivações carnais. Quando se acos- tumam com algo que agrada a sua carne e aquilo é retirado, afastam-se, pois a sua Os cristãos primitivos não transformaram o poder de Deus em um trabalho social, mas o trabalho social em poder de Deus. 28 motivação não é espiritual. Jesus reprovou fortemente aquela intenção carnal do povo. III. Atividades Sociais na Igreja 1. Trabalho social não é o mesmo que sociabilidade Precisamos fazer como Jesus e pro- clamar que a igreja tem a oferecer o Pão da vida, Jesus Cristo, e não um pão carnal que desvia o povo do verdadeiro objetivo da igreja. Não podemos misturar o social com o espiritual no corpo de Cristo. Existe diferença entre a sociabili- dade na igreja e o atendimento social aos carentes. A sociabilidade é o convívio social independente de Deus, motivado unicamente pela natureza humana, e leva a grandes prejuízos na estrutura espiritual da igreja; por isso, precisamos evitá-la. E mesmo o atendimento social aos carentes, quando necessário, precisa ser re- alizado por uma estrutura própria desvinculada do propósito-fim da igreja, para que os objetivos não sejam confundidos e distorcidos. Vemos que, na igreja primitiva, foi criada uma estrutura diaconal para que realizasse especifica- mente esse trabalho (At 6.1-7). 2. O trabalho social na igreja pri- mitiva Embora a organização dos diáconos tivesse como objetivo principal servir as mesas dos necessitados (o trabalho social), eles não podiam ser pessoas carnais. A Bíblia mostra-nos que deveriam (e devem) ser “homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria” (At 6.3). Quando iam prestar atendimento aos carentes, aqueles diáconos não levavam carnalida- de, mas alegria e glória de Deus para aque- las casas. Em At 6.8, vemos que Estêvão, um deles, era “cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”, e não podiam resistir à sabedoria e ao Espíri- to com que falava (At 6.8,10). Que maravilha! Os cristãos primiti- vos não transformaram o poder de Deus em um trabalho social, mas o trabalho social em poder de Deus. IV. O Segredo para o Cresci- mento da Igreja A igreja que quiser crescer (e não somente “inchar”) deverá entrar em uma vida de oração e jejum, amarrando os demô- nios que impedem que as pessoas compreendam o evangelho, e proclaman- do a vitória (Mt 12.29; Mc 3.27; Lc 11.22). Os frutos serão vistos. Deus é quem irá trabalhar pelo crescimento da congregação, e a liderança irá agir dentro de Sua direção. Não é preciso promover atrações para agradar a carne para que o povo se aproxime. O Espírito Santo, no momento em que possuir o controle de tudo na con- gregação, agirá de forma surpreendente, abrirá portas maravilhosas e glorificará o nome de Jesus Cristo. Não impeçamos a liberdade e o domínio do Espírito Santo. A sociabili- dade destrói a força espiritual da igreja, des- viando seus integrantes de um caminho de verdadeira busca das revelações que Deus tem para o Seu povo. 29 Retiremos toda a semente de sociabilidade carnal da congregação. Busque uma reve- lação de jejum e oração para você e sua igreja. Deus vai responder, e a visão espiri- tual perfeita dada por Ele vai transformar a realidade de sua congregação. Amém. Conclusão A Igreja é um corpo espiritual. Precisamos zelar para que ela não seja corrompida em seu propósito original Revise a lição e responda: 1) O que acontece a uma igreja cujos crentes deixam de visualizar o seu ver- dadeiro propósito estabelecido por Deus? 2) Qual é uma das grandes armas que Satanás tem utilizado para desviar a igreja de seu objetivo principal? 3) Quais foram os fatores motivadores da multiplicação dos pães por Jesus Cristo? 4) Qual foi a estratégia de Jeroboão para evitar que o povo saísse de sua “igreja” e qual foi o respectivo resultado? 5) Cite algumas formas de manifestação da sociabilidadecarnal dentro da igreja. 6) Por que a carne sempre busca reuniões de comunhão em torno de alimento e de conversas que não edificam, e nunca em reuniões de oração e jejum, que realmente unem as pessoas no espírito? 7) O que leva os líderes carnais a buscarem subterfúgios que conduzem a uma sociabilidade nociva à espiritualidade da igreja? 8) Como devem ser as reuniões de comunhão da igreja conforme 1 Coríntios 14.26? 9) Por que a sociabilidade não une verdadeiramente os crentes? 10) Qual é a diferença entre sociabilidade e trabalho social para atendimento dos carentes? Como e em que condições era realizado o trabalho social pelos diáconos da igreja primitiva? estabelecido por Deus. A sociabilidade destrói a força espiritual da igreja, des- viando seus integrantes de um caminho de verdadeira busca das revelações que Deus tem para o Seu povo. Devemos evitar esse mal e seguirmos a orientação bíblica: “Habite, ricamente, em vós a pa- lavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai- vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl 3.16). 30 Lição 55 A Formação da Unidade da Igreja “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17.20,21) 30 O que significa a unidade da igreja? Há igrejas que pregam como sen-do a unidade da igreja a derrubada de todos os embasamentos doutrinários que porventura venham a trazer diferen- ciações entre elas. Mas será o abandono da fundamentação bíblica um pensamento correto quanto a essa unidade? Então, o que dizer da frase de Jesus Cristo: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra” (Mt 10.34,35)? É esse tema que procuramos abor- dar nesta lição. Leia e medite diariamente: Segunda: Jo 17.1-26 Terça: Ef 4.4-14; Jo 17.23 Quarta: Ef 5.22-24 Quinta: At 15.1-31 Sexta: Jz 21.25; At 2.1-47 Sábado: At 5.1-10 Domingo: Cl 1.13-24 I. Elementos da Unidade 1. A Palavra de Deus Como se viu da oração de Jesus, a base da unidade da igreja é a crença única na Palavra de Deus, associada com a glória de Deus (Jo 17.22,23). 2. Um Espírito Dissertando sobre a unidade da igreja de Jesus, Paulo enfatiza essa reali- dade quando escreve aos efésios: “há so- 31 Devemos entender que unida- de não é todos pensarem da mesma forma e terem os mesmos gostos. A unidade da igreja é uma unidade espi- ritual, e não baseada em afinidades. mente um corpo e um Espírito, como tam- bém fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.4-6). O apóstolo apresenta a igreja de Je- sus como corpo, e assim como cada corpo humano tem um espírito, o espírito que ha- bita na igreja é o Espírito Santo. O Espírito Santo, portanto, é o transmissor da glória de Deus, que possibilita unidade dos escolhidos. 3. Fundamentos da unidade pelo Espí- rito Santo Esse corpo, formado por uma multidão de crentes, é levado à unidade pelo Espírito com base em quatro fundamentos: a) Um só Senhor Não pode haver unidade da igreja se nem todos obedecerem ao mesmo Se- nhor. Os escolhidos de Deus que formam a igreja invisível de Jesus abriram mão das suas vontades e entraram para o reino de Deus, onde o Senhor reina como sobe- rano absoluto (Leia Ef 5.22-24 e Cl 1.18). b) Uma só fé Aqui, temos um ponto fundamental. Como já foi visto, Jesus enfatizou essa ver- dade como nenhuma outra na sua oração sacerdotal. A crença única na Palavra de Deus é requisito essencial para a unidade da igreja. Uma igreja local – denominação ou congregação – que quiser ter a unida- de gozada pelos escolhidos deve buscar, acima de todas as coisas, a unidade na fé. Na verdadeira igreja de Jesus, que além de chamada foi eleita, todos creem na mesma Palavra, sem qualquer reserva. b.1) A unidade espiritual se so- brepõe à divergência de pensamentos Enquanto membros do corpo de Cristo, podemos divergir em mui- tas coisas. Paulo e Barnabé, por exemplo, divergiram a respeito de Marcos, ao ponto de não tra- balharem mais juntos. Porém, isso não afetou a sua unidade na igreja (At 15.36-41). Devemos entender que unidade não é todos pensarem da mesma forma e terem os mesmos gostos. A unidade da igreja é uma unidade espiritu- al, e não baseada em afinidades. Porém, quando houve uma diver- gência doutrinária entre alguns irmãos que tinham ido da Judéia e os irmãos que estavam em Antioquia, Paulo formou uma comissão e levou o caso para Jerusalém (At 15.1-6). Os apóstolos e os presbíteros, então, reuniram-se para debater a questão, e não deixaram Jerusalém até que pudes- sem dizer “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15.28). A Bíblia diz que, quando foi lida a carta em Antioquia, toda a igreja se alegrou (v.31). A unidade estava preserva- da, porquanto fora mantida uma só fé. b.2) A necessidade de zelarmos com afinco pela unidade doutrinária Eis a razão pela qual o diabo atenta 32 tanto contra a doutrina. Por outro lado, pela mesma razão, a igreja deve zelar pela doutrina como quem cuida de um copo de cristal finíssimo. Satanás, com a sua astúcia, tem usado a artimanha de dizer que a doutrina causa a divisão do corpo de Cris- to. Os seguidores do maligno sustentam, quanto menos doutrina existir, mais fácil será para se obter a uni- dade da igreja, pois ha- veria um menor número de coisas para se divergir. b.3) O efeito da falta de doutrina A falta de doutrina até poderá possibi- litar a reunião de todas as igrejas, mas isso não significará unidade. Cada um continuará pensando do seu modo. O fato de não de- fenderem as suas idéias não significa que serão um, como Jesus e o Pai são um. Assim, uma igreja local que aban- dona a defesa da ortodoxia da doutrina bíblica está fadada à falta de unidade e de comunhão. Cada um fará o que lhe pare- cer melhor, como no tempo dos juízes em Israel (Jz 21.25). Não esqueçamos que a doutrina bíblica, na mesma proporção que causa a unidade dos escolhidos, causa a divisão entre a igreja invisível e aqueles que ainda estão debaixo do principado do mundo, mesmo que façam parte dos chamados. Defensores dessa falsa alegação dando conta de que a doutrina divide (e por isso sua abor- dagem deveria ser evitada), estão os movimentos denominados, na atualidade, de neopentecostais ou carismáticos. E, a cada dia, crentes de igrejas historicamente pentecos- tais, que tiveram a fundação baseada na santidade e no poder do Espírito, estão se entregando a esse princípio enga- nador. Segundo eles, tudo deve ser relativo, e a firmeza doutrinária deve ser colocada em segundo (ou até em último) plano, se quisermos uma igreja populosa. Vejamos o que Burkett, em seu livro “Pentecostais ou Caris- máticos?”, analisa a respeito: “Os carismáticos dizem que a Igreja deve ser “relativa”, se quiser ganhar o mundo para Cristo. Essa obsessão pelo relativismo tem feito os carismáticos se ressentirem do ultimatum das Escrituras à Igreja: que ela se separe do mundo (2 Co 6.14-7.1). E a igreja carismática descambou para uma nova morali- dade – tolerância ao divórcio e novo casamento, busca do bem estar, materialismo, entretenimentos, tele- visão, esportes profissionais e praias públicas.” “Os carismáticos dizem que a ortodoxia Pentecostal é antiquada e imprópria aos cristãos do século XX, que ela simplesmente não funciona mais. Os visionários do Movimento Carismático são como os políticos: A falta de doutrina até poderá possibilitar a reunião de todas as igrejas, mas isso não significará unidade. Cada um continuarápensando do seu modo. 33 antes de colocar suas próprias ideias, fazem as dos adversários parecerem impróprias, o que lhes facilita convencer as pessoas de que estão certos. Esse é o instrumento dos enganadores que almejam o sucesso no mundo dos negócios. Jamais, porém, será adequada ao ambiente Pentecostal.” (Burkett, Bill. Pentecostais ou Ca- rismáticos?. 1ª ed., Rio de Janeiro, Editora CPAD, 1999, p. 41, 45) c) Um só batismo Todos os membros do corpo de Cristo foram batizados no mesmo batismo, tanto no ritual como no seu significado. Ora, se o batismo significa sepultamen- to (Rm 6.4), então todos os escolhidos morreram para o mundo e para os seus conceitos próprios, passando a viver em novidade de vida, segundo os parâmetros da Palavra de Deus. Por outro lado, a experiência co- mum do mesmo batismo para todos – em águas, por imersão e em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo – traz a marca da unidade. d) Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. O apóstolo Paulo, aqui, repete o pensamento de Jesus expressado na sua oração sacerdotal: “eu neles, e tu em mim” (Jo 17.23). Se, como o Pai está em Jesus, Jesus estiver em nós, então seremos um, como Jesus e o Pai são um. II. A Unidade da Fé 1. Uma construção necessária A unidade da igreja, conforme o ensino de Paulo, deve ser preservada mediante a construção da unidade da fé. Ou seja, é compreensível que, embora tenham o mesmo Espírito Santo, os escolhidos possuam pequenas diver- gências quanto à fé. Se olharmos para os lados, veremos irmãos que vieram das mais diversas origens religiosas. Uns vieram de igrejas carismáticas (ou neo- pentecostais), outros vieram de igrejas tradicionais; há os que eram católicos, espíritas, etc. Então, existe a possibilidade de que a formação religiosa e intelectual desses membros do corpo de Cristo exerça algu- ma influência sobre as suas maneiras de pensar. 2. Ministérios para a preservação da unidade Assim, o texto bíblico declara que Jesus “mesmo concedeu uns para apósto- los, outros para profetas, outros para evan- gelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.” (Ef 4.11-14 – grifamos). 34 3. Ensino: pilar indispensável para a unidade da fé Daí a importância do estudo sério e sistemático da Bíblia por um corpo minis- terial comprometido com o reino de Deus, e que tenha realmente rompido com o sistema mundano. A construção da unidade da fé é tão importante no propósito divino, que o Espírito expressamente recomenda que “devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5.17). Pela ótica humana, o obreiro “ami- gão”, caprichoso com o templo e carismá- tico, é o que deveria ter a melhor prebenda (ganho do obreiro). Porém, na ótica divina, o pastor ou obreiro que preside bem e que se afadiga na palavra e no ensino deve ser recom- pensado pela igreja com “salários” dobra- dos. É o que manda a palavra de Deus. III. Preservando a Unidade 1. O exemplo de unidade da igreja primitiva Jesus fundou a sua igreja invisível por meio de uma igreja local: a igreja de Jerusalém. Assim, naquele momento, um considerável número de “chamados” tam- bém era “escolhido”. É certo que, mesmo naquela aben- çoada igreja, havia os que eram apenas “chamados”, como é o caso do casal Ana- nias e Safira (At 5.1-10). Porém, em sua maior parte, os crentes eram nascidos de novo e haviam se desprendido do mundo a tal ponto que “vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medi- da que alguém tinha necessidade. Diaria- mente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.45-47). O fato de haver grande coincidên- cia entre a igreja invisível e a igreja local levou os crentes de Jerusalém a gozarem de uma unidade exemplar. Lucas relata que “da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era co- mum” (At 4.32). 2. Razões da unidade da igreja primitiva Duas eram as razões para essa unidade extraordinária: a) Eram cheios do Espírito Santo (At 2.1-4) b) “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2.42) A essa ação poderosa do Espírito Santo que leva multidões a se voltarem para a palavra de Deus, com arrependi- mento de pecado e desejo de mudar de vida, dá-se o nome de AVIVAMENTO. Assim, o avivamento foi a maneira pela qual nasceu a igreja. Também é por meio dos reavivamentos, no decorrer dos 35 séculos, que Deus tem mantido a Sua igreja invisível viva. Conclusão Sempre que há um avivamento em uma igreja local, verifica-se uma maior coincidência entre os membros da igreja visível e os membros da igreja invisível, numa verdadeira unidade espiritual. Em outras palavras, um maior número de cha- mados será também escolhido. Dois, portanto, são os desafios da igreja local – buscar o avivamento e, rece- bendo-o, mantê-lo. O ensino da história da igreja nos demonstra que, mais do que receber o avivamento, o grande desafio é mantê-lo, preservando-se a unidade do Espírito no vínculo da paz e da unidade da fé. Por isso, nas próximas lições, va- mos estudar os ciclos que a igreja visível de Jesus tem sofrido, que vão de um avi- vamento até outro avivamento. Revise a lição e responda 1) Quais são os elementos que promovem a unidade da igreja? 2) Quais são os fundamentos que levam a igreja à unidade pelo Espírito? 3) Por que é errado afirmar que a ausência de um parâmetro doutrinário traz unidade à igreja? 4) Por que podemos afirmar que a doutrina bíblica, na mesma proporção que causa a unidade dos escolhidos, causa a divisão entre a igreja invisível e aqueles que ainda estão debaixo do principado do mundo, mesmo que façam parte dos chamados? 5) Qual foi a estratégia de Deus, ao estruturar a Sua igreja, estabelecida para que todos cheguemos à unidade da fé? 6) Qual era uma marca da igreja primitiva que evidenciava seu despreendi- mento do mundo? 7) Por que a atividade do ensino é tão essencial em uma igreja? 8) Quais eram os fundamentos da unidade da igreja primitiva? 9) Unidade espiritual significa que, necessariamente, todos na igreja devem ter os mesmos gostos e pensamentos? Por quê? 10) Qual é o grande desafio para a igreja que recebe o avivamento? 36 O O Avivamento “Tenho ouvido, ó SENHOR, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó SENHOR, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia.” (Hc 3.2) Lição 66 ensino da história da igreja nos demonstra que, mais do que receber o avivamento, o grande desafio é mantê-lo, preservando-se a uni- dade do Espírito no vínculo da paz e da unidade da fé. Por isso, passaremos a estudar so- bre os diversos avivamentos já ocorridos, procurando compreender como ocorreram e por que foram interrompidos. Leia e medite diariamente: Segunda: Hc 3.1-3,17-19 Terça: Jz 7.19-25; Jz 8.22-35; 2 Rs 10.18-31 Quarta: Ed 9.1-15 Quinta: Ed 10.1-17 Sexta: Ne 8.1-18 Sábado: Ne 9.1-38 Domingo: 2 Rs 23.1-27 I. O que é Avivamento? Avivamento é uma ação poderosa de Deus entre seu povo que é marcadapor duas características: arrependimen- to dos maus caminhos com retorno aos princípios estabelecidos por Deus em Sua palavra e manifestação do poder de Deus. Todos os avivamentos foram assim. 1. Os avivamentos nos tempos bíblicos Assim ocorreu com o avivamento no tempo de Moisés, em que Deus mani- festou sua palavra ao povo, fato acompa- nhado de tremendos sinais que ocorreram durante toda a jornada no deserto. Assim aconteceu com o avivamento no tempo de Gideão, em que os ídolos foram quebrados e Deus manifestou seu poder dando vitória ao seu povo sobre os povos inimigos. De igual forma ocorreu no aviva- mento do rei Ezequias, de Esdras e Ne- emias, etc. 36 37 O mesmo processo se estabeleceu no tempo da igreja. 2. Um mover de Deus em ciclos A história da igreja mostra-nos o mover de Deus em ciclos. Aliás, esse mo- vimento de Deus em ciclos já se mostrava também no Antigo Testamento. a) O ciclo de um avivamento Que mover em ciclos é esse? Deus mandava um avivamento. O povo se convertia. Os milagres aconteciam. Passava a primeira geração, vinha a segun- da geração e, quando chegava a terceira ge- ração, os princípios estabelecidos por Deus haviam sido deixados de lado, os milagres se tornavam rarefeitos e, de novo, havia a necessidade de um novo avivamento. b) O final do ciclo do avivamento de Êxodo Sobre esse processo, fala-nos a Bíblia expressa- mente em Juízes 2.8-13: “Faleceu Josué, filho de Num, servo do SENHOR, com a idade de cento e dez anos; sepultaram-no no limite da sua herança, em Timnate-Heres, na região mon- tanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o SE- NHOR, nem tampouco as obras que fizera a Israel. Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o SENHOR; pois ser- viram aos baalins. Deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o SENHOR à ira. Porquanto deixaram o SENHOR e serviram a Baal e a Astarote.” 3. O alvo e instrumento do aviva- mento no Antigo e Novo Testamento a) Antigo Testamento: Israel No Antigo Testamento, Deus se moveu sempre no meio de uma instituição humana, ou seja, o povo de Israel. Apesar de ser escolhida por Deus, uma nação é uma instituição humana. b) Novo Testamento: a Igreja Já no Novo Testamento, Deus não se limitou a uma instituição humana. Ao invés de agir por uma família, ou uma nação, ou uma instituição secular, Deus criou uma coisa nova. Deus criou a “igreja”, uma entidade puramente espiritual, fora do controle de qualquer ação humana, corpo mís- tico de Jesus na terra. É certo que, para- lelamente à igreja real de Cristo, também chamada pe- los teólogos de igreja invisível de Cristo, criaram-se estruturas humanas que também levam o nome de “igreja”. Al- guns denominam esse fenômeno de igrejas locais ou, ainda, igrejas denominacionais, quando essas estruturas humanas congre- gam diversas igrejas locais. Porém, isso em nada mudou o plano de Deus em relação aos seres humanos. Ele continua soberano, livre para agir por Mais do que receber o avivamen- to, o grande desafio é mantê-lo, preservando-se a unidade do Espírito no vínculo da paz e da unidade da fé. 38 meio da Sua igreja, acima de qualquer es- trutura humana, local ou denominacional. O que isso tem a ver com aviva- mento? A relação é com a estrutura sobre a qual ele passa a vir no Novo Testamen- to, conforme veremos a seguir. II. O Avivamento na Igreja 1. Uma estrutura divina como alvo a) O avivamento vem sobre a Igreja de Cristo Ao passo que, no Antigo Testamen- to, o avivamento vinha sempre sobre a mesma estrutura humana – o Estado de Israel -, no Novo Testamento o avivamen- to vem sempre sobre a estrutura divina – a Igreja de Cristo. Ou seja, no Novo Testamento, as es- truturas humanas são desprezadas por Deus. b) Deus não aceita monopólios humanos Enquanto que, no Antigo Testamento, Deus dera o monopólio para o povo de Israel, no Novo Testamento Deus veda a concessão de qualquer monopólio a qualquer homem. c) O exemplo de Jesus Cristo Jesus estabeleceu esse princí- pio em relação a ele próprio, que foi o fundador da Igreja. Leia com atenção o Evangelho de Marcos 9.38-40: “Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que, em teu nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia conosco. Mas Jesus respon- deu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós é por nós.” Vemos que, desde então, Jesus estabeleceu o princípio das igrejas li- vres. Ou seja, ninguém, nenhum homem pode se arvorar no direito de ser “dono da igreja”. 2. A Igreja é exclusivamente de Jesus Cristo a) Ninguém pode ter o monopólio da pregação do evangelho Nenhuma instituição, quer se chame de igreja, denominação, concí- lio, convenção, liga, ministério, federação ou confederação pode achar que tem o monopólio da igreja de Jesus. A igreja é de Jesus Cristo. Se nem Jesus, enquanto homem, quis ter o monopólio da pregação do evangelho, quem são os homens para acharem que uma organização pode ter tal monopólio a ponto de se levantarem contra alguém que Deus levanta para pre- gar o evangelho? b) A soberba nas organizações eclesiásticas Tais pessoas querem estar acima Avivamento é uma ação poderosa de Deus entre seu povo que é marcada por duas caracterís- ticas: arrependimento dos maus caminhos com retorno aos princí- pios estabelecidos por Deus em Sua palavra e manifestação do poder de Deus. 39 de Cristo. Nem Lúcifer ousou tal coisa. A Bíblia ensina que Lúcifer quis ser igual a Deus. Tais pessoas querem ser superio- res a Cristo. c) O avivamento não depende de estruturas humanas Assim, Deus, no Novo Testamen- to, envia o avivamento sobre a igreja. Quando uma estrutura humana envelhece espiritualmente, Deus não tem qualquer compromisso com ela. Em toda a história da igreja, nor- malmente Deus levantou o avivamento fora da estrutura humana, muito embora esses avivamentos, depois, voltassem a se organizar utilizando-se de estruturas humanas. Assim foi o avivamento pentecostal, gerado por Deus no final do século XIX e começo do século XX. III. O Avivamento Pentecostal 1. Avivamento pentecostal nos Estados Unidos 1.1. Um movimento pela santida- de como início Um poderoso sentimento de busca por santidade varreu os Estados Unidos no século XIX, a partir do lançamento, em 1848, da revista “Guia da Perfeição Cristã”, lançada por irmãos metodistas no intuito de reavivar o ideal de santidade pregado por John Wesley, fundador do metodismo. A partir desse movimento, denominado de “Movimento de Santidade”, o Espírito San- to sacudiu a estrutura religiosa da América do Norte. 1.2. O desenvolvimento do aviva- mento Os dois principais nomes do início do movimento foram Charles Parham, que ministrava com grande ênfase a doutrina de que o falar em línguas era a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo, e William J. Seymour, líder do avivamento da Rua Azuza, em Los Angeles, onde a maioria dos líderes do movimento pente- costal norte-americano recebeu a experi- ência pentecostal. A primeira grande igreja pentecos- tal a se organizar nos Estados Unidos foi a Igreja de Deus em Cristo, liderada por Charles H. Mason, um pastor negro da ci- dade de Memphis, Tenessee. Essa igreja tornou-se uma igreja preponderantemente de negros, embora muitos brancos tam- bém congregassem lá. A seguir, temos parte de uma impressionante descrição do início do avivamento nas palavras de Bartleman, um evangelista Holiness que, depois de ser despertado pelas notícias do avivamento de Gales em 1904, passou a dedicar sua vida à oração em favor de um avivamento em Los
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