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Fisi�l�gia Geral Aluna de Medicina: Greice A. Giongo Livro: Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia médica, 13ª ed. Definições ★ A fisiologia estuda os mecanismos que mantêm o indivíduo em equilíbrio e se baseia no estudo das funções das céls e órgãos. É a arte de manter o equilíbrio no meio interno. ★ Célula - é a unidade funcional, que se adapta a determinada função. ★ Características básicas da cél - produzem energia a partir de reações aeróbias, liberam produtos no citoplasma e reproduzem novas céls. Meio interno da célula É o líquido extracelular, é onde se encontram dissolvidos íons e nutrientes e onde se encontram os produtos finais das reações químicas realizadas pela cél. Está em constante troca com LIC. Em um indivíduo adulto, de peso médio, 60% do líquido é IC e 40% EC. O LEC se divide em intersticial e plasma, sendo a sua maior parte intersticial. O LIC é o hialoplasma ou citosol. 40% do seu peso é sólido e 60% líquido. desses 60%, ⅔ está no LIC e ⅓ no LEC, sendo 80% no intersticial e 20% no plasma. Pessoas idosas e obesas têm menos água. Diferenças entre LEC e LIC ❖ No líquido extracelular (fora da célula) encontram-se grandes qtdades de Na, cloretos, e íons bicarbonatos. Nutrientes para a cél, como: O, glicose, ác. graxos e aa, e produtos das reações: Uréia, CO², entre outros. ❖ No líquido intracelular encontra-se K, Mg e fosfatos. ❖ O fluído extracelular é transportado através de todas as partes do corpo por meio do mov do sg nos vasos sguíneos e pela movimentação de fluidos pelos capilares e espaços intercelulares dos tecidos. ❖ Para manter as funções do corpo em equilíbrio, agrupamentos celulares assumiram a função de homeostase. O mecanismo da homeostase estabiliza condições que estão desreguladas, como qdo ocorre uma alteração de T०. ❖ Grupos de células especializadas fazem parte de órgãos específicos e compreendem: um sistema gastrointestinal, que digere e absorve os alimentos; um sistema respiratório que capta o oxigênio (O2) e elimina o gás carbônico (CO2); um sistema excretor (urinário) que remove excretas sólidas e líquidos; um sistema cardiovascular que distribui os alimentos, o oxigênio (O2) e os produtos do metabolismo; um sistema reprodutor para a perpetuação da espécie e os sistemas nervoso e endócrino (hormonal) para coordenar e integrar as funções metabólicas dos outros sistemas. ❖ Esses sistemas contribuem para a manutenção da homeostasia. Home�stase: manutenção do meio interno O termo homeostasia foi criado por Walter Cannon em 1929 e significa manter as condições no meio interno, quase constantes. Existem poderosos sistemas de controle para manter as concentrações de sódio, íons de hidrogênio, nutrientes e outras substâncias do organismo, em níveis que permitam às células, órgãos e tecidos realizarem suas funções. As funções normais do organismo exigem ações integradas de células, tecidos, órgãos e múltiplos sistemas de controle nervosos, hormonais e locais que contribuem conjuntamente para a homeostasia e para a boa saúde. A doença é considerada uma ruptura da homeostasia, mesmo assim, no estado doente, os mecanismos homeostáticos permanecem ativos e mantêm funções vitais, por meio de múltiplas compensações. Essas compensações podem dificultar a distinção entre a causa princ da doença e as respostas compensatórias e podem, a longo prazo, contribuir para anomalias adicionais ao organismo. Por exemplo, as doenças que com prometem a capacidade dos rins de excretar sal e água podem levar a uma elevação da pressão arterial, que inicialmente ajuda a recuperar os valores normais de excreção, de modo que seja possível manter um equilíbrio entre a absorção e a excreção renal. Esse equilíbrio é necessário para a manutenção da vida, mas, durante longos períodos, a pressão arterial elevada pode danificar vários órgãos, incluindo os rins, causando aumentos ainda maiores na pressão arterial com intensificação da lesão renal. Sistema de transporte e de troca do líquido extracelular O líquido extracelular (LEC) é transportado através do corpo em 2 estágios: 1º pela movimentação do sg pelos vasos sguíneos, 2º movimentação entre os capilares sguíneos e os espaços intercelulares entre céls e tecidos. Todo o sangue (sg) percorre o circuito circulatório uma vez a cada minuto, qdo o corpo está em repouso, e até 6x qdo ativo. O sg, ao percorrer os capilares sguíneos, ocasiona a troca contínua do LEC entre a parte plasmática do sg e o L. intersticial que preenche os espaços intercelulares. As paredes dos capilares são permeáveis a maioria das moléculas no plasma do sg, com exceção das proteínas. Origem d�s nutrientes do LEC Sistema respiratório: o sg capta O₂ nos alvéolos. A memb entre os alvéolos e o lúmen dos capilares pulmonares - memb alveolar - tem 0,4 a 2,0 micrômetros de espessura e o O₂ se difunde, por mov molecular, através dessa memb para o sg. Trato gastrointestinal (TGI): ocorre um processo de absorção - o TGI recebe os alimentos e absorve carboidratos, ácidos graxos e aa e são esses nutrientes que passam para o LEC. Fígado e órgãos que realizam funções metabólicas: o fígado altera a composição química de algumas substâncias liberadas pelo TGI tornando-as mais efetivas para o corpo. Céls adiposas, mucosa GI, rins e glândulas endócrinas contribuem para modificar substâncias e armazenar até que sejam necessárias. O fígado tbém elimina resíduos e subs tóxicas. Sistema musculoesquelético: proporciona mobilidade para a proteção contra ambientes adversos, sem o qual o organismo e seus mecanismos homeostáticos poderiam ser destruídos. Remoção d�s produt�s finais do metabolismo Remoção do CO₂ pelos pulmões: o movimento respiratório do ar para dentro e para fora dos pulmões libera o CO₂, presente na corrente sanguínea, para a atmosfera. O CO₂ é o produto do metabolismo mais abundante. Rins: removem CO₂, produtos finais do metabolismo como uréia e ác. úrico e o excesso de íons e água dos alimentos que podem se acumular no LEC. A primeira filtragem remove quantidades grandes de plasma - dos capilares glomerulares para os túbulos e depois reabsorve para o sangue as substâncias necessárias - glicose, aa, água e muitos íons. Produtos residuais, como ureia, é pouco reabsorvida e passa pelos túbulos para a urina. Trato Gastrointestinal (TGI): elimina por meio das fezes - materiais não digeridos e resíduos não aproveitáveis. Fígado: secreta na bile substâncias não digeridas, que depois são eliminadas nas fezes. Atua desintoxicando e removendo fármacos. Regulação das funções corporais Sist. nervoso (SN): é composto por três partes: 1. aferência sensorial 2. SNC (Sistema Nervoso Central) ou parte integrativa 3. eferência motora A parte sensorial detecta o estado do corpo e do meio ambiente, exemplo: os olhos são órgãos sensoriais que nos dão a imagem do ambiente. O SNC possui o cérebro e a medula espinhal. O cérebro processa e armazena a informação gerando as reações que o organismo vai devolver em resposta às sensações. A eferência motora transmite o que foi gerado pelo cérebro para realizar o desejo de cada um. O SNA (Sistema Nervoso Autônomo) opera em nível subconsciente e controla funções dos órgãos internos, como movimentos do trato GI e secreções das glândulas. Sist. hormonal: glândulas endócrinas, tecidos e órgãos secretam hormônios, que são transportados pelo LEC para outras partes do corpo. Esses hormônios irão ajudar a regular a função celular.Ex: insulina controla o metabolismo de glicose, hormônios adrenocorticoides controlam os íons de sódio e de potássio e o metabolismo proteico, o H. paratireoide controla cálcio e fosfato dos ossos. Os hormônios formam um sistema de regulação que complementa o sistema nervoso. Proteção do corpo Sistema Imune: composto por glóbulos brancos, células teciduais derivados dos glóbulos brancos, do timo, dos linfonodos e dos vasos linfáticos. Esse sistema permite ao corpo distinguir suas próprias células das células e substâncias estranhas e destruir os invasores por fagocitose ou pela produção de leucócitossensibilizados ou por proteínas especializadas que destroem ou neutralizam os invasores. Sistema Tegumentar: a pele e seus apêndices (unhas, pelos) formam o limite entre o meio interno do corpo e o externo. Ela cobre, acolchoa e protege tecidos e órgãos, além de regular a temperatura e excretar resíduos. Corresponde cerca de 12 a 15% do peso corporal. Reprodução: contribui na homeostasia por meio da geração de novos seres para substituir os que estão morrendo. Sistemas de controle do corpo Os sistemas de controle atuam dentro dos órgãos e por todo corpo para controlar as inter-relações entre órgãos. Por ex: sist. respiratório age em conjunto com o sist. nervoso regulando a concentração de CO₂ no LEC. Fígado e pâncreas regulam concentração de glicose, etc. Exempl�s de mecanism�s de controle Regulação de O₂ e CO₂ no LEC: O O₂ é essencial para as reações a nível celular, por isso, o organismo dispõe de um mecanismo especial para manter as concentrações quase constantes no LEC. Esse mecanismo é dependente das características químicas da hemoglobina presente nas hemácias. Na passagem de sangue pelos pulmões a hemoglobina capta o O₂, quando o sangue passa pelos capilares sanguíneos ela libera O₂ no líquido tecidual em que há O₂ reduzido. Essa regulação é chamada de função de tamponamento do O₂ pela hemoglobina. O CO₂ é produto final de reações oxidativas, por isso, seu excesso no sangue causa desregulações, como a cessação das reações realizadas pelas células que fornecem energia. Porém, concentrações altas de CO₂ excitam o centro respiratório fazendo com que o indivíduo respire mais rápido e profundo, o que remove o excesso de CO₂ do sangue e dos tecidos teciduais, até que a concentração volte ao normal. Regulação da Pressão Sanguínea Arterial (PSA) O sist. barorreceptor é um mecanismo de controle de ação rápida. Estão localizados nas bifurcações das Aa. carótidas, no pescoço, e no arco da aorta, no tórax. São estimulados pelo estiramento da parede arterial. Quando a PA (Pressão Arterial) sobe, os barorreceptores envia, impulsos nervosos para o tronco cerebral, esses impulsos inibem o centro vasomotor, que por sua vez, diminui o número de impulsos transmitidos por esse centro, por meio do SNS (Sistema Nervoso Simpático), para o coração e vasos sanguíneos. A redução desses impulsos ocasiona a diminuição da atividade de bombeamento do coração e também a vasodilatação dos vasos sanguíneos periféricos, permitindo o aumento do fluxo sanguíneo pelos vasos. Ambos os efeitos diminuem a PA. Quando a PA está abaixo do normal, ocorre a redução do estímulo dos receptores de estiramento, fazendo com que o centro vasomotor fique mais ativo e, assim, causa aumento do bombeamento cardíaco e vasoconstrição. Faixas normais e características físicas d�s constituintes do LEC Valores fora das faixas normais são gerados por doenças, lesões ou grandes agressões ambientais. Deve-se levar em consideração os limites, a faixa de normalidade é estreita. Por ex: o equilíbrio ácido-básico do corpo possui valor normal de 7,4, sendo que uma alteração para baixo ou para cima, de apenas 0,5 unidades, podem ser letais. Outro fator, é a concentração de íons potássio - quando ele cai para menos de um terço do normal, o indivíduo provavelmente apresenta paralisia, em consequência da incapacidade dos nervos de conduzir impulsos. Em contrapartida, se os íons de K₊ aumentarem para duas ou mais vezes em relação ao normal, o músculo cardíaco será gravemente deprimido. Além disso, se a concentração de cálcio (Ca₂₊) cai abaixo da metade, o indivíduo poderá apresentar contrações tetânicas dos músculos, devido a geração espontânea de impulsos nervosos em excesso nos nervos periféricos. Quando a concentração de glicose cai abaixo da metade normal, o indivíduo apresenta irritabilidade mental e, até, convulsões. Constituintes e características físicas do LEC Valor normal Faixa normal Limite não letal em curto prazo Unidade O₂ venoso 40 35 - 45 10 - 1000 mmHg CO₂ venoso 45 35 - 45 5 - 80 mmHg Íon Na⁺ 142 138 - 146 115 - 175 mmol/L Íon K⁺ 4,2 3,8 - 5,0 1,5 - 9,0 mmol/L Íon Ca²⁺ 1,2 1,0 - 1,4 0,5 - 2,0 mmol/L Íon Cl⁻ 106 103 - 112 70 - 130 mmol/L Íon HCO₃⁻ 24 24 - 32 8 - 45 mmol/L Glicose 90 75 - 95 20 - 1.500 mg/dL Natureza de feedback negativo na maioria d�s sistemas de controle. Se um fator se torna excessivo ou deficiente, o sist. de controle inicia um feedback negativo que consiste em uma série de alterações que restabelecem o valor médio do fator, mantendo a homeostasia. Por exemplo: na regulação de CO₂, a alta concentração do gás no LEC aumenta a ventilação pulmonar, o que diminui a concentração de CO₂ no LEC, pois os pulmões eliminam mais CO₂ do organismo. Portanto, a alta concentração de CO₂ desencadeia eventos para diminuir a concentração em sentido ao valor normal, o que é negativo para o estímulo normal. Da mesma maneira, a diminuição excessiva da concentração de CO₂ produz um feedback que aumenta a concentração, o que, também é, uma resposta negativa em relação ao estímulo inicial. O ganho do sist. de controle A eficácia dos sist. de controle é determinada pelo ganho do feedback negativo, calculado da seguinte forma: ganho=correção/erro Ex: infundi-se grande volume de sangue em uma pessoa em que o sist. barorreceptor não está funcionando, a pressão passa de 100 para 175 mmHg. Infundindo o mesmo volume de sangue em uma pessoa em que o sist. barorreceptor estiver funcionando, a pressão se eleva 25 mmHg. Deste modo, o sist. de controle por feedback provocou uma correção de -50 mmHg (de 175 para 125 mmHg), permanecendo um aumento de 25 mmHg, chamado “erro”. Isto significa que o sist. de controle não é 100% eficaz na prevenção de alterações. Neste exemplo, a correção é de -50 mmHg e o erro é de 25 mmHG, o ganho do sist. barorreceptor é de -2 mmHg, ou seja, o distúrbio que aumenta ou diminui a PA o faz apenas com um terço do que ocorreria se esse sistema de controle não estivesse presente. O ganho de alguns sistemas de controle são maiores do que o do sist. barorreceptor, por ex, o ganho do sist. que controla a Temperatura (T⁰) interna do corpo (-33 quando a pessoa é exposta ao frio). Feedback p�sitivo - cicl�s vici�s�s e morte O feedback positivo não leva a estabilidade, mas, a instabilidade e, por vezes, a morte. Por exemplo: o coração bombeia 5 litros de sangue por min. Se houver uma perda sanguínea de 2 L a quantidade de sangue no corpo cai para níveis muito baixos, sendo insuficiente para o coração bombear eficientemente. Consequentemente, a PA cai e o fluxo de sangue para o músculo cardíaco diminui, resultando em enfraquecimento do coração, diminuição acentuada do bombeamento e diminuição do fluxo sanguíneo coronariano. Esse ciclo se repete várias e várias vezes até que ocorra a morte. A cada ciclo do feedback ocorre um maior enfraquecimento do coração, ou seja, o estímulo inicial causa mais estímulo, o que é um feedback positivo. Um feedback positivo moderado pode ser superado pelo feedback negativo do corpo, e o ciclo vicioso não se desenvolve. No ex supracitado, se a perda sanguínea tivesse sido de 1 litro, os mecanismos normais de feedback negativo para controle de débito cardíaco e da PA superariam o feedback positivo, e o indivíduo se recuperaria. A utilidade do feedback positivo Em alguns casos, o corpo utiliza o feedback positivo a seu favor. É o caso dos fatores de coagulação. Assim que um vaso sanguíneo se rompe e começa a formar um coágulo, enzimas no interior do coágulo são ativadas, essas enzimas agem sobre outras enzimas inativadas, causando mais coagulação. Esse processo continua até que o orifício no vaso se feche e o sangramento cesse. Outro caso de feedback positivo útil, é nas contrações uterinas. Quando as contrações ficam fortes para que a cabeça do feto empurre o colo uterino, o estiramento do colo envia sinais através do músculo uterino para o corpo do útero, causando ainda mais contrações. Outro uso do feedback positivo, é na geração de sinais nervosos.Quando a membrana da fibra nervosa é estimulada, ocorre o vazamento de íons Na⁺ para o interior da fibra. Esse íon dentro da fibra muda o potencial da membrana, o que, por sua vez, causa maior abertura dos canais, mais alteração de potencial e maior abertura de canais de Na⁺. O leve vazamento se torna uma explosão criando o potencial de ação. Esse potencial de ação faz com que a corrente elétrica flua, tanto no interior como no exterior, ao longo da fibra, dando início a outros potenciais de ação. Nos casos em que o feedback positivo é útil, o feedback positivo faz parte de um processo geral de feedback negativo. Por exemplo, no caso de coagulação sanguínea, o processo de coagulação por feedback positivo é processo de feedback negativo para a manutenção do volume normal de sangue. Controle adaptativo - feed-forward O cérebro usa o princípio chamado controle por feed-forward. Por exemplo: Alguns movimentos do corpo ocorrem tão rápido que não há tempo para os sinais percorrerem todo o caminho da periferia do corpo até o cérebro, e então, voltarem, novamente a periferia para controlar o movimento . Se os movimentos não são realizados de forma correta, o cérebro corrige os sinais de feed-forward, que envia aos músculos na próxima vez. Se ainda forem necessárias mais correções, este processo será realizado novamente. Esse processo é chamado de controle adaptativo, que de certa forma, é um feedback negativo retardado.
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