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Trauma e resposta inflamatória Caracterizado por intensas reações e alterações hormonais e metabólicas Objetivo de manter a vida e restaurar as lesões e funções dos órgãos Primeira característica geral da resposta inflamatória ao trauma é que a sua intensidade é proporcional à gravidade do estresse, seja ele por traumatismo, intervenção cirúrgica, dor ou perda volêmica, infecção ou estresse psíquico Duas fases distintas da resposta metabólica ao trauma Na primeira fase, é como se o paciente já estivesse para morrer, o corpo já começa a diminuir o metabolismo para tentar conservar somente os órgãos vitais Depois que ele conseguiu se manter e passou a fase de estresse, o corpo tenta se recuperar na segunda fase, com o aumento do metabolismo 1ª fase: EBB Ocorre gradualmente em pacientes instáveis hemodinamicamente Função de manter a circulação cerebral e cardiopulmonar Ocorre imediatamente após a agressão e dura de 2 a 3 dias Reduz funções metabólicas DC, hipovolemia, gasto de energia, temperatura corporal, concentração de insulina e consumo de oxigênio Aumenta Resistência vascular periférica (reduzindo o fluxo sanguíneo), catecolaminas, concentração de ácidos graxos livres, glucagon e glicemia Pacientes com baixa perfusão tecidual que buscam manter as funções cardiopulmonares 2ª fase: Flow Phase Tem a função de reparar os danos causados pelo estresse Inicia-se com o catabolismo proteico e depois torna-se anabólico Intenso hipercatabolismo Inicia-se pós-estabilização cardiopulmonar Fase hiperdinâmica da resposta à agressão Aumento do gasto de energia, resistência à ação da insulina e catabolismo muscular proteico Fase corticoadrenérgica: Dura de 2 a 5 dias: tem aumento de catecolaminas, glicocorticoides e mineralocorticoides Fase de transição: Dura de 1 a 2 dias: diminui o catabolismo e aumenta anabolismo FASE INICIAL OU EBB FASE TARDIA OU FLOW 2-3 dias Estado hiperdinâmico Hipovolemia, hipotensão Retenção hídrica Diminuição do fluxo sanguíneo Aumento da permeabilidade vascular Aumento da resistência vascular sistêmica Diminuição da resistência vascular sistêmica Aumento de catecolaminas, glico e mineralocorticoides Aumento de catecolaminas e glicocorticoides Diminuição da insulina Aumento da insulina Aumento do glucagon Hipermetabolismo Hiperglicemia Hiperglicemia e proteólise Pietra Rosa TXIX Normalmente, passado o estresse cirúrgico, a maioria dos pacientes recuperam as principais funções vitais, em 4 a dias Em alguns pacientes, contudo, o processo de estresse não se desenvolve causando a disfunção de órgãos. Paciente começa a ter alteração do estado de consciência, taquipneia, febre, leucocitose, hipoxemia, hipocapnia, acidose metabólica, intolerância periférica à glicose Situações que induzem a resposta inflamatória ao trauma (RIT) Hemorragia Dor Ferida Choque circulatório Hipóxia Acidose Hipotermia, etc. Mediadores da RIT Citocinas pró-inflamatórias TNF, IL-1, IL-8, INF-gama Possuem efeito de aumentar a síntese de moléculas de adesão endotelial, migração e ativação de macrófagos, inflamação, febre, leucocitose para eliminar células necrosadas, proliferação de linfócitos, proteólise e gliconeogênese Também estimulam o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal Concentração de IL-6 tem valor de gravidade e prognóstico em traumas TNF-alfa e IL-1 estimulam a liberação sistêmica de IL-6 e IL-8, amplificando a resposta inflamatória Citocinas anti-inflamatórias IL-4, IL-10, IL-11, IL-13 Função: reduzir as lesões pulmonares agudas, a atividade citotóxica do macrófago, inibe produção de IL-1, e TNF e aumenta a proliferação de fibroblasto, ou seja, diminuem a ação de proteínas inflamatórias PCR, fibrinogênio e alfa2-macroglobulina são produzidas no fígado e estimulam o processo inflamatório Hormônios Função: fornece substrato para reparo tecidual e processo inflamatório Catecolaminas Função: taquicardia, taquipneia, efeito hipercatabólico, vasoconstrição periférica e diminuição do débito cardíaco Elas têm efeito catabólico e tentam reverter a hipotensão causada pelo trauma ou cirurgia Afetam o pâncreas endócrino que resulta em uma resistência à insulina Ocorre a ativação do sistema autônomo simpático -> secreção de catecolaminas pela medula adrenal -> noradrenalina As funções de alguns órgãos são diretamente ligadas à ação simpática e/ou das catecolaminas, como o fígado, pâncreas e rim ACTH Secretado pela hipófise, estimula a produção de cortisol (glicocorticoide) pelo córtex suprarrenal GH Estimula síntese proteica e inibe catabolismo proteico Promove lipólise (quebra de TG em ácidos graxos e glicerol) Tem efeito anti-insulínico: ele inibe a absorção de glicose e sua utilização pelas células, poupando glicose para os neurônios em situações de escassez Estimula gliconenólise hepática Estimular secreção de IGF-1 (insulin-like growth fator), que é produzido no fígado, músculos e outros tecidos IGF (fator de crescimento semelhante à insulina) Desempenha a mesma função da somatotrofina (resulta em estimulação proteica e inibe a degradação) Estimula lipólise Antagonista da insulina e estimula o sistema imunológico ADH Estimular a reabsorção de água nos túbulos renais proximais A VP também estimula a liberação o hormônio adenocorticotrófico (ACTH) da pituitária anterior e pode estar envolvida em seu controle e secreção Renina Estimula a produção de ANG I irá causar vasoconstrição e liberação de aldosterona Com isso também haverá o controle da hiperpotassemia (catabolismo muscular) O aumento de água corporal é importante pelo fato da perda de água ser maior: febre, drenagem, degradação de proteínas (rim) Cortisol Liberado pelo córtex da suprarrenal é diretamente proporcional ao grau da lesão Estimula proteólise, gliconeogênese hepática Permite síntese de novas proteínas nas áreas lesadas, novas células de defesa, mediadores inflamatórios, principalmente prostaglandinas e fornecimento de energia, além de lipólise e efeito anti-inflamatório (inibe o acúmulo de macrófagos e neutrófilos) Inibe absorção de glicose pelas células, aumentando glicemia*ou seja, aumenta glicemia para preservar órgãos vitais Glucagon Produzido pelo pâncreas, realiza gliconeogênese e glicogenólise no fígado, tem ação de lipólise Produzido pelas células alfa-pancreáticas, seu aumento ocorre após a cirurgia Insulina Inibe o catabolismo proteico e a lipólise Na fase EBB, mesmo liberando insulina o paciente permite hiperglicemia, já na fase flow haverá hiperglicemia em caso de resistência à insulina T3 e T4 Estão reduzidos bem como o TSH: diminui o metabolismo, uma vez que, se liberados, eles estimulam o consumo de O2 e aumentam a taxa metabólico A longo prazo, influenciam no crescimento e desenvolvimento. Gonadotrofinas A concentração de testosterona diminui por muitos dias, enquanto a concentração de LH varia Na mulher, a concentração de estradiol diminui por até 5 dias no pós-operatório Resposta sistêmica a cirurgia Ativação do sistema nervoso simpático SNA-simpático -> medula da adrenal -> secreção de catecolaminas -> noradrenalina -> sistema cardiovascular: taquicardia, hipertensão, fígado, pâncreas, rim Alteração hormonal Sistema endócrino: atuam no metabolismo de carboidrato, proteínas e lipídeo -> liberação dos hormônios da hipófise; resistência insulínica Metabolismo do carboidrato A concentração de glicose no sangue está relacionada com a intensidade da lesão cirúrgica A glicemia aumenta após o início da cirurgia A hiperglicemia persiste porque os hormônios catabólicos promovem a síntese de glicose existe uma falta relativa de insulina, juntamente com a resistência à insulina periférica. Adeno-hipófise libera ACTH que irá induzir o córtex adrenal (cortisol).Assim como, o sistema nervoso autônomo simpático libera catecolaminas O cortisol e as catecolaminas vão atuar na glicogenólise e gliconeogênese hepática provocando hiperglicemia Essa hiperglicemia será influenciada pela intensidade da lesão cirúrgica, pela falta relativa de insulina e pela resistência insulínica periférica Metabolismo proteico Estimulado pelo cortisol Aminoácido podem ser catabolizados para formar proteínas de fase aguda O córtex adrenal libera cortisol que vai induzir a proteólise no músculo esquelético Essa proteólise aumenta as escórias nitrogenadas na urina e os aminoácidos que geral energia e sintetizam novas proteínas Proteínas de fase aguda: PCR, fibrinogênio e alfa 2 microglobulina Metabolismo hidro-eletrolítico Secreção de ADH: retenção hidríca e aumento da concentração urinária Renina: secretada pelas células justaglomerulares do rim, ativando o sistema renina-angiotensina-aldosterona para estimular reabsorção de água e sódio A neuro-hipófise secreta ADH e prova a retenção hídrica As células justaglomerulares secretam renina que é convertida em Ang II e no córtex adrenal ocorre a liberação de aldosterona para reabsorção de Na+ e água Metabolismo lipídico Adenohipófise produz ACTH e GH O ACTH age no córtex adrenal para produção de cortisol enquanto o segundo leva à lipólise O SNA simpático também age na medula adrenal para produção de noradrenalina para estimular a lipólise, junto com ACTH e hormônio do crescimento O glicerol produzido na lipólise é o substrato par a gliconeogênese hepática Ativação do sistema imunológico Sem resolução ao estresse Ocorre disfunção de órgão, do tipo sequencial: Alteração do estado de consciência Taquipneia Febre Leucocitose Hiperbilirrubinemia Hipoxemia Hipocapnia Ácidose metabólica Intolerância periférica à insulina Aumento da ureia e creatinina plasmática Individualização dos quadros clínicos Infecção Resposta inflamatória ligada à presença de microrganismos em tecidos normalmente estéreis Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) Resposta inflamatória sistêmica, na ausência de infecção, caracterizada pela presença de duas ou mais das seguintes opções: Temperatura: > 38° ou < 36°C FC > 90 bpm FR > 20 ipm ou PaCO2 < 32 mmHg Leucócitos: >12000/MM³ OU <4.000/ BASTONETES > 10% Sepse É uma resposta inflamatória, sistêmica, na presença de infecção, associada a duas ou mais das condições citadas acima Choque séptico Sepse relacionada com hipotensão, apesar de adequada reposição volêmica e anormalidades da perfusão tecidual, a despeito da administração de drogas vasoativas Síndrome da disfunção de múltiplos órgãos É a presença de várias alterações nas funções orgânicas, de um determinado paciente crítico, cuja homeostase não pode ser mantida sem o adequado suporte avançado de vida Medidas para reduzir a RIT Técnica cirúrgica adequada Tempo de cirurgia Ser minimamente invasivo Controle da dor Associar bloqueio epidural com anestesia geral. O bloqueio adrenérgico reduz a intensidade da resposta inflamatória, com menor perda de proteína muscular Controle da temperatura corporal Controle das comorbidades Manutenção do estado hemodinâmico Utilizar baixa dose de hidrocortisona e fludrocortisona: reduz a mortalidade de pacientes com sepse Controle da glicemia Drenagem precoce de abcessos, desbridamento e controle dos focos de infecção Choque É um estado patológico definido por perfusão de oxigênio inadequada aos tecidos, levando a disfunção celular e falência orgânica Para uma homeostase adequada, é preciso haver um equilíbrio entre a função da bomba cardíaca, o volume do intravascular e o tônus vascular Alterações em um desses três fatores, podem levar ao choque É importante o reconhecimento do estado de choque o mais precocemente possível, de forma que seja ainda possível a reversão deste grave estado patológico Choque cardiogênico: “falta coração” – ex. infarto Choque hipovolêmico Choque distributivo: “falta tônus no sistema vascular” – ex. anafilaxia, choque séptico Choque obstrutivo Classificação Dependendo das alterações apresentadas, o choque pode se classificar em quatro tipos principais: o hipovolêmico, o cardiogênico, obstrutivo e distributivo Choque obstrutivo Causado pela obstrução mecânica do coração como a ocorrida no tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, na embolia pulmonar maciça Choque distributivo A bomba cardíaca está funcionando normalmente, o débito cardíaco está normal ou aumentado, sendo a principal alteração a diminuição da resistência vascular periférica, que ocorre nos capilares e nas vênulas Ex: choque séptico Choque cardiogênico Proveniente da falha na bomba cardíaca, como por exemplo no IAM Choque hipovolêmico Causado pela drástica perda de volume intravascular, que pode ser por hemorragia, vômitos, diarreia, desidratação, perdas para o terceiro espaço Ex: choque anafilático Fisiopatologia Alterações na PAM ou no metabolismo de O2 ativam barorreceptores e quimiorreceptores localizados no arco aórtico, corpo carotídeo, vasculatura esplênica, aparelho justaglomerular e SNC Em resposta ocorrerá a ativação do SRAA, liberação de catecolaminas nas terminações simpáticas e medula Adrenal, aumento do ACTH e cortisol, liberação de vasopressina pela neuro-hipófise, aumento da endotelina, glucagon, e redução da secreção de insulina Como consequência, tem-se aumento da força de contração do miocárdio e da FC Vasoconstrição arterial e venosa E distribuição da volemia, priorizando coração de SNC Aumento da reabsorção de água e Na+ pelos rins O metabolismo aeróbio é substituído pelo anaeróbio, levando a depleção de ATB, aumento do ácido lático e acidose metabólica. A PA é mantida através de barorreceptores que se encontram no corpo carotídeo, na crosta da aorta e no aparelho justaglomerular dos rins, que mandam informações para o centro bulbar. Caso haja queda da pressão, os barorreceptores informam ao cérebro que aumente a produção de catecolaminas e aumente a frequência cardíaca, com aumento do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Caso a pressão continue caindo, um estímulo adrenérgico provoca uma vasoconstrição periférica e esplênica, com transferência do sangue da microcirculação e de órgãos esplênicos para grandes vasos. Tal medida, tenta preservar órgãos nobres como cérebro e coração. Manifestações clínicas Síndrome da disfunção de múltiplos órgãos (SDMA) A apresentação clínica do choque é variável e depende da causa inicial e da resposta de múltiplos órgãos. Diferentes órgãos podem ser afetados mínima, leve, moderada ou gravemente. Isso leva a SDMA Diagnóstico do choque É eminentemente clínico, baseando-se em uma boa anamnese e exame físico A história clínica deve ser direcionada à procura da etiologia, fornecendo assim, subsídios para terapêutica mais adequada dessa síndrome clínica Para seu diagnóstico, há necessidade de identificarmos a presença de hipotensão arterial (PAS 90 mmHg PAM 60 mmHg ou uma queda maior que 40 mmHg na PAS), associada a sinais e sintomas de inadequação da perfusão: confusão mental, agitação Avaliação laboratorial Importante para avaliação da oferta de oxigênio e sua adequação para o metabolismo tecidual Saturação venosa central de oxigênio (SO2) Retrata a medida do balanço entre a oferta sistêmica e demanda tecidual de oxigênio, importante na avaliação e acompanhamento da resposta terapêutica; Quadros hipodinâmicos Quadros hiperdinâmicos Lactato (marcador de agressão tecidual secundário a hipóxia) Tríade Inicial Oximêtro de pulso + monitor cardíaco + Oxigênio-máscara de O2 ou intubação se sinais de insuficiência ventilatória (feito através do acesso venoso periférico) Monitor cardíaco Coletar sangue: hemograma,gasometria arterial, enzimas cardíacas, lactato e PCR Manter saturação acima de 92% Reposição volêmica Monitorar diurese: para ver se vai reagir às medidas terapêuticas Drogas habitualmente utilizadas nos pacientes Dopamina Baixas doses (3-5 mcg/kg/min): efeito dopaminérgico Vasodilatação renal e esplênica Nos pacientes com PAM controlada, que não urinam pela injúria renal, ela melhora o débito urinário Doses moderada (5-10 mcg/Kg/min): efeito inotrópico e cronotrópico Arritmogênicas Doses altas (8-20mcg/kg/min): vasoconstritoras Aumentam a resistência vascular periférica, o retorno venoso e as pressões de enchimento cardíacas Noradrenalina Importante como vasoconstritor e venoconstritor e moderado efeito inotrópico. Excelente amina para ser utilizada no choque séptico, já que o objetivo neste caso é a vasoconstrição. Dose: entre 0,1 – 1,0 mcg/kg/min Pode ser usada com a dopamina, em doses dopaminérgicas, visando a natriurese Adrenalina Catecolamina de maior efeito inotrópico e vasopressor mais potente É utilizada nos casos de choque cardiogênico ou séptico refratário a outras aminas Dose: entre 0,1-1,0 mcg/kg/min Tem alto poder arritmogênico Dobutamina Grande potência inotrópica e leve efeito vasodilatador arteriolar Melhora a contratilidade do miocárdio, reduz a pós carga e otimiza a pré-carga Aumenta a perfusão coronariana, acompanhando o aumento da demanda miocárdica de O2. Sua principal indicação é no choque cardiogênico Dose: 3-20 mcg/kg/min Choque hipovolêmico Ocorre diminuição da pré-carga devido à diminuição do volume intravascular. Consequentemente, há diminuição do DC, inicialmente compensado por taquicardia Principais causas Perda de sangue é a causa mais comum Trauma, sangramento ativo ou recente Diarreia Perda de líquido para terceiro espaço como ocorre na pancreatite aguda, nos vômitos e diarreia, nas queimaduras Quadro clínico Hipotensão Oligúria Pele fria e pegajosa Alteração do estado mental Acidose metabólica Tratamento Suporte básico: vias aéreas prévias, garantir a ventilação e dois acessos venosos periféricos calibrosos Os exames laboratoriais devem ser: TS + Rh, hemograma, eletrólitos, ureia, creatinina, gasometria arterial, TP/TTP, fibrinogênio A ressuscitação volêmica e da perfusão tissular: RL ou SF 0,9% 1000ml aquecido EV rápido Repetir 3 vezes caso não estabilize, avaliar concentrado de hemácias Perdas maiores que 30% da volemia ou 1500ml (manter Hb entre 7 e 9) Em caso de choque hipovolêmico causado por trauma Fazer avaliação ABCDE e o acesso venoso. Para se iniciar o tratamento é necessário estimar a perda de sangue do paciente. A estimativa é feita de modo simples, e o ATLS ensina-nos que podemos classificar a perda de sangue em 4 classes: A reposição hídrica inicial deve ser feita com solução cristalóide isotônica. O uso de grandes quantidades de soro fisiológico está relacionado com a acidose hiperclorêmica. Todo paciente em choque hipovolêmico deve estar adequadamente monitorado, e isso inclui verificação seriada da frequência cardíaca, da pressão arterial, saturação de oxigênio, medida do débito urinário e pressão venosa central. Com posse desses dados, podemos monitorar a cada minuto se a reposição hídrica está sendo eficaz e em velocidade adequada. A princípio, pode-se administrar rápido 50% da perda estimada de volume, sob monitoração contínua do paciente, e após esta etapa rápida avaliamos o estado geral do paciente. Se a resposta for eficiente, a velocidade para infusão do restante da necessidade deve diminuir, caso o contrário reavaliamos a necessidade. A reposição sanguínea está indicada naqueles pacientes em que houve grande perda sanguínea. Choque cardiogênico Ocorre quando o miocárdio é incapaz de bombear o sangue a fim de manter o DC. Caracterizado por hipoperfusão sistêmica e hipotensão devido a grave disfunção miocárdica, geralmente associado a edema pulmonar Principais causas Síndromes coronarianas agudas e suas complicações Insuficiência cardíaca avançada com agudização Miocardite Disfunção valvar Arritmia Achados comuns são sintomas atuais de IAM, turgência venosa jugular, franca congestão pulmonar, ictus desviado, presença de B3, hepatomegalia dolorosa, edema de MMII FC estará elevada e a ausculta pulmonar apresentará estertores de base Tratamento Medidas inicias Hemograma, ureia, creatinina, gasometria arterial e venosa central, eletrólitos, perfil lipídico, enzimas cardíacas, TP/TTPA, ECG, RX tórax, sinais vitais frequentes, acesso venoso central e acesso artéria Avaliar a necessidade de sedação, intubação e ventilação mecânica, com objetivo de corrigir a hipóxia e reduzir o trabalho ventilatório Analgesia: importante para reduzir o consumo miocárdico de O2 e reduzir o nível de catecolaminas séricas. A primeira opção é a morfina IV Reposição volêmica deve cautelosa, com monitorização dos parâmetros hemodinâmicos Terapia antitrombótica com AAS e heparinização são recomendadas O tratamento visa manter um mínimo esforço da bomba cardíaca, com o máximo de desempenho possível na tentativa de sustentar uma adequada perfusão tecidual. Deve-se tratar doença de base, aumentar o aporte de oxigênio, aliviar a dor, as nitroglicerinas (melhoram a isquemia cardíaca e ajudam a levar o oxigênio as áreas isquêmicas), pode se usar beta bloqueadores, deve-se fazer a hidratação Drogas inotrópicas (dobutamida) Vasodilatadores (diminuem a pós-carga do ventrículo esquerdo) IAM (uso de trombolíticos) Manifestações clínicas Dor precordial no IAM Hipotensão Extremidades frias e pegajosas FC aumentada como um reflexo para melhorar o débito cardíaco Ausculta pulmonar: estertores de base Fígado pode estar congesto, palpável e dolorido Choque distributivo Consequência muito severa da resistência vascular sistêmica. Alteração neste tipo de choque é na distribuição do volume sanguíneo na microcirculação e na circulação. O débito cardíaco encontra-se aumentado na tentativa de compensar a diminuição da RVS. Ocorre por: choque séptico, anafilaxia e choque neurogênico Choque séptico Definido como sepse grave associada a hipotensão refrataria a reposição volêmica e com necessidade de uso de vasopressor para manter a pressão arterial Causado por liberação de endotoxinas pelas bactérias que atuam nos pequenos capilares da microcirculação periférica, provocando um sequestro de líquidos para esta região Má perfusão tecidual associada ao dano inflamatório leva a insuficiência de vários órgãos como pulmão, fígado e rim Quadro manifesta-se em pacientes já com uma infecção estabelecida, que começam a se tornar taquicardíacos, taquipneicos, hipotensos com extremidades quentes e úmidas e confusão mental Pode haver febre Os exames laboratoriais mostram leucocitose com desvio a esquerda e granulações tóxicas em neutrófilos A gasometria pode mostrar acidose metabólica Os exames de imagem são utilizados para localizar o sítio de infecção e a escolha correta do ATB é o principal determinante do prognóstico na sepse Sepse: infecção associada a resposta inflamatória Sepse grave: associada a hipoperfusão, hipotensão e disfunção orgânica Anafilaxia Tem início geralmente após um desencadeante como anestesia, uso de medicamentos, picada de abelha, alimentos Manifestações clínicas associadas: prurido, rash cutâneo, rouquidão, dispneia, cornagem, sibilos, manifestações TGI Choque neurogênico Exemplo clássico é o trauma cervical, que ocasiona perda do tônus simpático, com manutenção do parassimpático, assim, há uma profunda vasodilatação, com extremidades quentes, na ausência de taquicardia (algumas vezes até com bradicardia) Nesta categoria, não há déficit de volume, pois o DC pode estar aumentado, normal ou diminuído A alteração é na distribuição do volume sanguíneona microcirculação e na circulação periférica É o que ocorre no choque séptico, no choque anafilático ou no choque neurogênico Em todos os casos, ocorre a vasoplegia periférica, devido a diminuição da resistência vascular periférica, que sequestra o volume da grande circulação, causando hipotensão e má perfusão tecidual Tratamento Reposição volêmica de vários litros de solução cristaloide Aminas vasoativas: dopamina, dobutamina Drenar o foco da infecção, se choque séptico Antibiótico terapia Choque obstrutivo Ocorre em consequência de uma obstrução mecânica ao fluxo sanguíneo, o que gera redução do DC e da perfusão sistêmica Principais causas Tamponamento cardíaco Embolia pulmonar Hipertensão pulmonar Pneumotórax Manifestações clínicas Turgência jugular que é a principal manifestação Má perfusão tecidual Se diferencia do choque hipovolêmico pela hipofonese de bulhas e pela turgência Há um déficit do DC, entretanto a causa não é cardíaca como no choque cardiogênico e sim extra cardíaca, isso ocorre devido a compressão do coração, como ocorre no pneumotórax hipertensivo, no tamponamento cardíaco e no tromboembolismo pulmonar Muitas vezes este choque está associado ao trauma de tórax aberto ou fechado Tratamento Se inicia com uma rápida infusão de cristalóides, enquanto se providencia o tratamento cirúrgico. No caso do pneumotórax hipertensivo, pode ser necessária a drenagem imediata na própria sala de emergência Escala de coma de Glasgow Treinando Caso 1: agressão por arma, branca, LHC, P: 140, PA: 60X30, FR: 28, MV + bilateral – não tem hemotórax), Raio- X de tórax sem desvio de traqueia. Qual o diagnóstico provável? Tamponamento cardíaco – choque obstrutivo – acesso ao pericárdio para retirar o sangue. Caso 2: Homem 60 anos, encontrado em dia chuvoso e frio na estrada ao lado de carro sinistrado, PA: inaudível, Temperatura axilar: 34° C, FC: 40, Glasgow 3. Conduta imediata: aquecer o homem para diminuir a hiportermia Caso 3: T C E - Fala palavras inapropriadas, abre os olhos a estímulos dolorosos, localiza estímulos, GLASGOW? 10 pontos
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