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Psicodiagnóstico V, cap. 35 - HTP

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Desenho da Casa, Árvore e Pessoa (HTP)
Administração
- Para a administração do teste, o psicólogo entrega ao sujeito três folhas de papel em branco, lápis e borracha, solicitando-lhe que desenhe uma casa, uma árvore e uma pessoa
- Hammer (1991) propõe que se dê uma folha de cada vez, horizontalmente na frente do sujeito, para o desenho da casa, e verticalmente, para o desenho da árvore e da pessoa
- Burns e Kaufman, em 1970, propõe uma única folha de papel para que o sujeito nela faça os três desenhos importante para interrelacionar os desenhos
- A fase gráfica é seguida por uma fase verbal, pode-se utilizar uma abordagem mais aberta, sugerindo ao sujeito que fale sobre a casa, a árvore e a pessoa que desenhou, que conte uma história usando os três elementos, ou, ainda, pode ser usado um procedimento mais estruturado
- Topper e Boring (1969) propuseram a utilização de sete folhas de papel: uma, com linhas incompletas, para o sujeito completar o desenho, e as demais para que desenhe uma casa, uma árvore, uma pessoa (completa), uma pessoa do sexo oposto (completa), ele mesmo (completo) e qualquer outra coisa que queira
- Hammer (1991) faz a complementação dos desenhos acromáticos com uma fase cromática são fornecidas mais três folhas em branco, borracha e lápis de cor
- Morris (1976) salienta também a importância das observações durante a testagem: registrar as reações do sujeito às instruções, anotar o tempo de reação e os comportamentos verbais e não-verbais
Interpretação
- Para analisar os desenhos da casa, árvore e pessoa, é essencial “considerar as áreas mais amplas da personalidade investigadas por esses três conceitos
- A casa envolve a percepção de família, seja numa ótica atual, passada ou, ainda, num futuro idealizado, mas também aspectos do ego que tem tal percepção, que podem representar um autorretrato mãe
- A árvore e a pessoa permitem investigar o que se costuma chamar de auto-imagem e autoconceito
- Aspectos projetados na árvore associam-se com conteúdos mais profundos da personalidade pai
- A pessoa, revelaria a expressão da visão de si mesmo mais próxima da consciência e de sua relação com o ambiente
- Os desenhos cromáticos atingem camadas mais profundas da personalidade, em razão do impacto emocional da cor, de sua associação com aspectos infantis
- Hammer (1991) acha que os três desenhos proporcionam simultaneamente informações em diferentes níveis de personalidade 
Impressão geral:
- Pressupondo-se que a casa, a árvore e a pessoa especificamente desenhadas tenham sido selecionadas por terem uma significação simbólica para o sujeito, algo de muito pessoal se comunica pela impressão geral transmitida pelos conteúdos projetados
Interpretação de aspectos projetivos e expressivos globais:
- Van Kolck (1975) e Campos (1977) recomendam o exame de uma série de itens, como a posição, o tamanho, as características do traçado, as correções, os retoques, o sombreado, as borraduras, a simetria, a estereotipia etc.
- Segundo Groth-Marnat, a Posição e o tamanho são muito importantes
- A figura humana que se destaca pelo tamanho, a questão deve ser analisada com cuidado, porque pode se relacionar com egocentrismo, exibicionismo, com uma necessidade de chamar a atenção ou, ainda, de compensação por sentimentos de inadequação ou insegurança
- Posição, tamanho e outros detalhes que esclareçam conexões afetivas assumem significação mais específica, a partir do embasamento teórico
Interpretação do desenho da casa
- Na interpretação do desenho da casa, são considerados seus elementos essenciais (telhado, paredes, porta, janelas) e acessórios (chaminé, perspectiva, linha de solo etc.).
- Quanto mais lógica e estruturada é a representação da casa, tanto mais adequadas podem ser consideradas as condições de funcionamento do ego. Ao contrário, quanto mais aparecerem indícios bizarros e ilógicos, mais probabilidade há da presença de problemas psicopatológicos.
- A forma de representação das paredes associa-se com a força do ego
- O tamanho do telhado relaciona-se com a medida em que a fantasia distorce ou invade o funcionamento mental
- Portas e janelas representam canais de comunicação ou vias de acesso ao mundo externo. Portanto, a sua ausência significa inacessibilidade, isolamento
- A presença ou não de chaminé pode ser explicada por motivos socioculturais. Mas, apesar disso, é frequentemente representada, por se prestar como um símbolo de “calor psicológico”
- A linha de solo dá indícios sobre o contato com a realidade, principalmente no que se refere à qualidade e à firmeza do traço
Interpretação do desenho da árvore
- Representa o crescimento, pode revelar sentimentos do sujeito em várias fases de seu desenvolvimento, simbolizado pela progressão da raiz até a copa
- Tronco: sentimentos de poder e a força do ego, a estrutura dos galhos forneceria indícios sobre como o sujeito percebe sua capacidade de encontrar satisfação no ambiente 
- A copa representa a organização da personalidade e a maneira desta interagir com o ambiente
- Os galhos, sugerem sentimentos que podem ser bastante diversificados, caso sejam abundantes, diminutos, voltados pra dentro, quebradiços, mortos ou ausentes
- A organização total teria a ver com seus sentimentos sobre o próprio equilíbrio emocional
- A impressão geral do desenho é, em grande parte, determinada pela colocação no papel e pelo tipo de árvore
- A árvore bem centrada relaciona-se com equilíbrio e bom relacionamento com ambos os sexos
- Para a esquerda já não sugere equilíbrio emocional e se associa com forte influência materna
- Parte superior da folha, indica fuga na fantasia, mas, na parte inferior, inibição da fantasia e sentimentos depressivos
- A presença de frutos, em desenhos de adultos, associa-se com sentimentos de satisfação e criatividade
- Em desenhos infantis, maçãs pendentes sugerem necessidades de dependência, mas, quando se apresentam caídas no chão, sentimento de rejeição
Interpretação do desenho da pessoa
- Pode conter elementos do autorretrato ou de um self ideal, embora possa resultar da percepção de outras pessoas significativas
- Há representação das características pessoais, físicas ou psicológicas, como são na realidade, como são percebidas, sentidas, imaginadas ou projetadas
- É preciso considerar outros itens do desenho, como a cabeça, os detalhes associados com a comunicação e interação com o ambiente e com a atitude do sujeito frente aos seus impulsos
- Qualquer ênfase ou elaboração específica de alguma parte do corpo pode ter uma conotação real ou simbólica
Considerações especiais na interpretação do HTP
- A omissão de partes essenciais na representação da casa ou da árvore pode-se associar com deterioração intelectual
- É importante que o psicólogo esteja familiarizado com os efeitos do nível intelectual sobre a representação das figuras, para que não chegue a fazer interpretações indevidas
Indicadores diagnósticos
Traços psicóticos:
- Em pacientes com funcionamento em nível psicótico, são freqüentes as produções bizarras, com distorções importantes, que resultam no aparecimento de figuras ilógicas e irrealísticas.
- Pacientes esquizofrênicos apresentam o HTP mais comprometido
- No desenho da casa:
· Ausência de partes essenciais
· Representação ilógica, pela presença de transparências
· Representação sincrética, em que o telhado substitui a casa total, refletindo a exacerbação da fantasia
· Problemas de perspectiva
· Paredes com a extremidade fendida
- No desenho da árvore:
· Tronco fendido
· Copa com tamanho mínimo
- No desenho da pessoa:
· Ausência de partes essenciais
· Representação ilógica, com transparências
· Ambivalência no perfil, com corpo e cabeça em direções opostas
· Omissão da roupa ou ênfase nos órgãos sexuais
· Superacentuação de olhos ou de orelhas (hipervigilância paranoide)
· Perfil típico esquizofrênico: “sem cabelo, um rosto parecido com máscara e um físico magro, rígido, desvirilizado”
Disfunção cerebral:
- Muitas rasuras e piora no desempenho a cada nova tentativa de representar o conceito, com queixasdos pacientes de não se sentirem capazes de realizar a tarefa
- As figuras são simples, concretas
- A qualidade da linha está comprometida
- Dificuldades de simetria sugerem falta de equilíbrio
- A fadiga leva à piora do desempenho nos últimos desenhos, principalmente quando é usada a fase cromática
- Há problemas de organização
Traços depressivos e traços hipomaníacos:
- Traços depressivos:
· Casa simples, vazia, pobre, com portas abertas;
· Árvore desprotegida, tênue, desvitalizada, podendo apresentar nódulos, sombreamentos, ramos frágeis e copa pequena
· Figura humana frágil, mas organizada
- Os desenhos apresentam tamanho pequeno, sem sugestão de movimento, com traçado débil, trêmulo, cortado, inibido
- Habitualmente, são desenhos soltos “no ar”
- Traços hipomaníacos:
· Casa desenhada em perspectiva, com tamanho grande; ênfase nas portas e presença de flores
· Árvore com grande dimensão, em expansão, ultrapassando os limites da folha; copa esférica; ramos para fora e para o alto
· Figura humana de tamanho grande, com os braços para fora e para o alto; fisionomia com expressão de triunfo, imaturidade, infantilidade
- Os desenhos são localizados no canto da folha, voltados para o “alto”

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