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TCC- Tecnologia e Sociedade -TIJOLOS ECOLOGICOS

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-1-
1. Introdução
 
Neste trabalho será abordado um tema contemporâneo que envolve diferentes e importantes discussões, fundamentais para o desenvolvimento integrado a áreas relacionadas ao meio ambiente, às questões sociais e econômicas. O trabalho se baseará no tema geral escolhido por todos os alunos da turma 52: Tecnologia e Sociedade. Para iniciar a abordagem do tema, serão esclarecidos os conceitos relativos ao tema geral.
Segundo SPINDOLA & NEVES (2001), tecnologia é toda a descoberta científica que possa ser incorporada nos modos de "fazer" humano, racionalizando, acelerando e minimizando esforços. A tecnologia assim entendida influencia os modos de fazer educação, os modos de fazer medicina e os modos de fazer agricultura.
O conceito de sociedade que é dado por LEVY JR. (1977) é de que a mesma é um tipo de sistema social que possui os requisitos básicos para sua continuidade como sistema auto-suficiente, sendo esses requisitos: uma organização que tenha por bases a localização no espaço e o parentesco, um sistema que determine a distribuição de recursos materiais e de recompensas de acordo com as funções exercidas e regras que controlem essa distribuição, os processos de competição e os conflitos. Para o pensador marxista italiano GRAMSCI (1989), sociedade é uma esfera social de organizações privadas, associações e instituições de natureza econômica e política (empresas, escolas, igrejas, sindicatos etc.), caracterizada pela produção espontânea de idéias, pactos e acordos capazes de consolidar ou contestar a hegemonia dos grupos dominantes. 
Atualmente, existe um consenso em nossa sociedade: que as novas tecnologias influenciam muito nossas vidas. E pode-se pensar essa realidade sob duas perspectivas: a primeira vê a tecnologia como parte do processo de evolução da ciência, necessária, útil e positiva, cabendo a nós compreendermos seu funcionamento e sua relação com a sociedade. Já a segunda pregaria um cuidado com a imposição de certos limites à tecnologia, pois ela afastaria o homem de sua verdadeira natureza (PEDRO, 2003).
É indiscutível que a tecnologia evoluiu de tal maneira a provocar grandes avanços na qualidade de vida do homem como no caso de prevenção e cura de doenças, de tecnologias de informação, no aumento da produtividade dos alimentos e até na melhor ocupação espacial. Porém, os impactos negativos também são enormes: a depleção de recursos naturais, a diminuição da qualidade do ar, da água e do solo, além da sua utilização para fins bélicos.
É questionável que a maioria do dinheiro destinado a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) acabe sendo canalizada para projetos militares de utilização duvidosa, tais como o desenvolvimento de armas de destruição em massa e a exploração do espaço, já que a tecnologia não é ética ou politicamente neutra. É chegado o momento em que ela deva ser aplicada de maneira responsável e compromissada para elevar o nível de bem-estar coletivo, ou seja, de maneira “ambientalmente segura, socialmente benéfica e eticamente aceitável” (RATTNER, 2004). 
Mas, para que isso ocorra, a sociedade civil não deve deixar que as inovações tecnológicas fiquem a critério de cientistas, políticos e empresários. Ela deve exercer certo controle sobre as inovações tecnológicas, usando o Princípio da Precaução para zelar pela necessidade de, além de contemplar os aspectos técnicos e econômicos, melhorar a desigualdade social e o processo de agressão ao meio ambiente (RATTNER, 2004).
Sendo assim, o desafio da nossa atualidade é criar condições para atenuar, ou até reverter, os danos existentes em nossa sociedade que afetam muito a população, estando os mesmos relacionados ao uso da tecnologia e seus efeitos ainda desconhecidos (JACOBI, 2004).
Dentro desse contexto, foi escolhida pela turma 52 a pergunta geral relacionada ao tema: “De que forma as diferentes tecnologias podem influenciar as necessidades sociais?”. Essa pergunta aborda o fato de a tecnologia poder ser usada para fins benéficos ou maléficos e oferece aos grupos a possibilidade de escolher seu próprio caminho.
Tendo em vista que o trabalho está sendo desenvolvido por uma turma de Gestão Ambiental, optou-se por estudar um aspecto positivo da tecnologia, pela possibilidade de ajudar nas questões ambientais e sociais, definindo assim como pergunta específica: “De que maneira a sociedade é beneficiada quando produtos ecológicos voltados à moradia são utilizados?”.
Assim, a forma benéfica de aplicação de tecnologia escolhida como ponto principal desse trabalho é a construção e manutenção de moradias de maneira menos agressiva ao meio ambiente, através do uso de produtos ecológicos e de tecnologias alternativas, visando alcançar a sustentabilidade e o equilíbrio com a natureza.
É interessante analisar o conjunto sociedade-natureza-tecnologia, e não somente sociedade e tecnologia, ou melhor, é importante analisar a sociedade tecnológica: na complicada relação entre sociedade e natureza foi adicionado um elemento artificial (tecnológico). Com isso, formaram-se híbridos mistos de cultura, de natureza, de artifício, humano, não-humano, e o número de híbridos não pára de aumentar. Então, para entender a sociedade tecnológica, é preciso identificar sua constituição híbrida e submetê-la a processos de purificação, sendo estes movimentos para encontrar uma ordem na dinâmica atual da sociedade (PEDRO, 2003).
Baseados nessas importantes discussões sobre tecnologia, sociedade e meio ambiente e na pergunta, os alunos da turma de Gestão Ambiental testaram a hipótese: “A sociedade é beneficiada pela redução de impactos ambientais e de custos”.
 
 
 1. 1. Objetivos
 
            Os objetivos do trabalho são:
 
· pesquisar as tecnologias existentes no ramo de produtos ecológicos na construção de moradias e suas possíveis aplicações;
· avaliar os possíveis efeitos das aplicações, tanto no aspecto ambiental quanto no social e econômico;
· verificar a viabilidade da implantação desses produtos;
· divulgar o resultado das pesquisas.
 
 
1. 2. Justificativa
            A aplicação de produtos ecológicos na moradia é o enfoque do projeto que está sendo desenvolvido, devido à grande preocupação atual com a minimização dos impactos ambientais. Esses produtos diminuem a produção de resíduos porque, tanto na sua aplicação como na fabricação, a utilização de matéria-prima é otimizada e os resíduos são reutilizados. 
            O fato da escolha do tema estar relacionado com moradia é resultado da conclusão de que esta é uma necessidade básica da população. Levando em conta que um dos objetivos é divulgar os produtos ecológicos, espera-se que os dados obtidos nesse trabalho tragam mais informações e despertem o interesse sobre o uso de produtos ecológicos.
Devido ao fato do Brasil ter um déficit habitacional de 4 milhões de residências (TRIGUEIRO, 2003), é importante popularizar novas tecnologias aplicáveis à moradia com o intuito de diminuir seus preços. Assim, estas se tornariam mais acessíveis a um maior número de pessoas, contribuindo com a contenção da crise habitacional.
 
 
2. Metodologia
		Foram realizadas diversas pesquisas bibliográficas, incluindo sites na Internet, jornais, teses, periódicos e livros. Dentre essas pesquisas, também foram realizadas três entrevistas em campo, com representantes de diferentes tipos de instituições, sendo uma comercial, uma ONG e um núcleo de pesquisa.
	 Na Escola Politécnica, a entrevista foi realizada com o professor Vanderley John, formado em engenharia e pesquisador na área de construção sustentável. Na Ecocasa, instituição que revende produtos ecológicos em Limeira, foi entrevistado o consultor Walter A. Oliveira Filho. Na organização não-governamental Sociedade do Sol, localizada na Cidade Universitária, entrevistamos o engenheiro elétrico Augustin T. Woelz.
3. Resultados e Discussões
 
No mundo atual é muito utilizado o termo “sustentabilidade”, que se define por: "(...) atendimento das necessidades das gerações atuais, sem comprometer a possibilidade de satisfação das necessidades dasgerações futuras" (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1987). No entanto, após um período de evolução de mais de uma década, partiu-se do termo "desenvolvimento sustentável" até chegarmos ao que hoje se denomina "sustentabilidade". O termo ‘desenvolvimento sustentável’ começou a ser utilizado especialmente por grandes empresas para se referir exclusivamente à gestão ambiental, num período em que estavam sendo muito pressionadas pela própria comunidade. O impacto de seus modelos produtivos começou a ser alvo de reflexões e passou-se a discutir a questão da "ecoeficiência”, ou seja, como produzir mais e melhor, agredindo cada vez menos o meio ambiente, emitindo menos poluentes, reduzindo a produção de lixo industrial, entre outras ações. Porém, uma das grandes barreiras que impede a sociedade contemporânea de atingir os padrões de sustentabilidade é o desperdício.
Na maioria dos dicionários, desperdício é sinônimo de esbanjamento, perda, não aproveitamento, gasto inútil ou exagerado. Mas vai muito além disso. Na verdade, é o oposto do uso consciente dos recursos. Isto normalmente acontece porque as pessoas têm princípios equivocados relacionados à utilização dos recursos, como pressupor a existência de bens no presente e usufruir deles na ilusão de que jamais acabarão; pensar que, em razão de haver muito, pode ser usado à vontade e de maneira imediatista; cultivar a mentalidade do consumo frenético e irracional (BARBUTO, 2005).
Especialistas estimam que o valor do desperdício possa alcançar cerca de 15 a 40% do PIB – R$150 bilhões por ano. Mesmo com a falta de precisão, essas estimativas do desperdício assustam e exigem providências. 
No Brasil isso ocorre constantemente, principalmente devido à abundância de recursos naturais, baixo investimento em tecnologia e educação, negligência e deficiência no manuseio dos recursos. Deve-se ressaltar que isso ocorre em todas as camadas da sociedade e em todos os níveis de produção, desde a extração da matéria-prima até o produto final. Alguns setores perdem até 40% do que produzem, como o dos horticultores. No caso da água, estima-se que o consumidor paulista desperdice 5%, o equivalente a 92 bilhões de litros por ano só no Estado de São Paulo, o suficiente para abastecer a população da cidade de Guarulhos. Se considerarmos as perdas com vazamentos, a previsão é que esse percentual alcance 50%, dependendo da região do país. Cerca de mil toneladas de alimentos são desperdiçadas por dia nas feiras livres em todo o país. Na construção civil, a cada três prédios construídos, joga-se fora material para erguer mais um (UNILIVRE, 2004).
A construção civil é um dos setores da economia que mais desperdiça recursos naturais, cujos gastos desnecessários influenciam diretamente no desenvolvimento do país, tendo em vista que esse setor representa 7% do PIB brasileiro e emprega boa parte da população. Segundo pesquisa do Departamento de Engenharia de Construção da Escola Politécnica da USP, a construção civil desperdiça em média 56% do cimento, 44% da areia, 30% do gesso, 27% dos condutores e 15% dos tubos de PVC e eletrodutos. Os percentuais correspondem à diferença entre a quantidade de material previsto no orçamento e o que efetivamente é usado na obra (TRIGUEIRO, 2003).
O combate ao desperdício na construção civil virou palavra de ordem nas grandes empreendedoras. Nos cálculos de Lenilson Marques Araújo, gerente da empresa de engenharia JCM, as obras perdem, em média, 22,3% do material – o índice já chegou a 30%. Mas as construtoras estão muito mais preocupadas com cálculos precisos. "Estamos armando ações para pegar o rastro do racionamento de energia e levar para outros setores. Uma idéia é priorizar empréstimos para empresas que combatem o desperdício", diz Alfredo Gastal, gerente de projetos do Ministério do Meio Ambiente. Há algum tempo, a Sabesp, empresa que distribui água em São Paulo, está enviando técnicos a escolas, postos de saúde, condomínios residenciais e empresas para tentar diminuir o desperdício (UNILIVRE, 2004).
Atualmente, com valores como qualidade, produtividade, proteção ao meio ambiente, pesquisa e tecnologia sendo incorporados ao processo produtivo, a construção civil é colocada em debate, na busca de atender as demandas do mercado e de incorporar outros campos de atuação, a partir de um novo conceito de produção (BRASIL, 2001).
Dentro deste novo processo de produção, uma das áreas mais importantes e promissoras é a construção sustentável, definida pelo Instituto de Desenvolvimento da Habitação Ecológica como: "(...) um sistema construtivo que promove intervenções sobre o meio ambiente, adaptando-o para as necessidades de uso, produção e consumo humano, sem esgotar os recursos naturais, preservando-os para as gerações futuras. Esta tendência faz uso de ecomateriais e de soluções tecnológicas e inteligentes para promover o bom uso e a economia de recursos finitos (materiais, água e energia não-renovável), a redução da poluição, a melhoria da qualidade do ar no ambiente interno e o conforto de seus moradores e usuários" (ARAÚJO, 2003).
O embrião da construção sustentável foi o conceito “greenbuilding”, que surgiu na Europa e nos Estados Unidos a partir da década de 1970. Com a crise energética decorrente dos altos preços do petróleo no mercado internacional, os construtores passaram a pensar modos de se construir de forma menos agressiva ao meio ambiente, com uso de fontes alternativas de energia, como a solar. Nos anos 1980, houve o "boom" dos sistemas de avaliação da performance ambiental dos edifícios, o que fortaleceu o movimento (VIALLI, 2005).
Há também um outro tipo de construção, que se baseia completamente no uso de resíduos e de energias alternativas: é o “earthship”. Esse modelo arquitetônico está baseado nos trabalhos do arquiteto norte-americano Michael Reynolds e foi desenvolvido há mais de 30 anos. Suas características mais importantes são: construir a casa orientada para o NorteNo caso do hemisfério Sul., para que haja ampla captação da luz e do calor do Sol, utilização de fontes de energia alternativa – como a solar e a eólica – e a utilização de sistemas de captação e de reúso de água (URUEÑA, 2002). 
A idéia de construir de forma integrada ao meio ambiente pode remeter a casebres rústicos no meio silvestre, renunciando ao conforto da vida moderna. É neste equívoco que encontramos algumas diferenças entre Construção Sustentável e Construção Ecológica. A primeira é produto da sociedade tecnológica atual, aderindo ou não ao uso de materiais naturais e produtos reciclados de resíduos. Outra característica é que mesmo quando utiliza produtos ou processos artesanais, mescla técnicas tradicionais à moderna tecnologia, enquanto a Construção Ecológica ou Natural causa o mínimo de alteração e impactos sobre o meio ambiente, permitindo a interação entre homem e natureza. Porém, ambas têm em comum o fato de gerarem habitações que preservem o meio ambiente e de buscarem soluções locais para problemas causados pelo seu próprio processo (ARAÚJO, 2003). 
Dentre os princípios da construção sustentável inclui-se todo e qualquer estudo relacionado à análise de impactos ambientais, disponibilidade de recursos, durabilidade e qualidade dos materiais utilizados, planejamento e gestão da obra, buscando o elo entre eficiência, conforto e conservação ambiental. Em relação à eficiência desse tipo de construção, estão inseridos: 
• Utilização dos recursos naturais de forma passiva e menos danosa ao meio, como o melhor aproveitamento da iluminação natural, levando em consideração o clima e microclima do local para a construção eficaz;
• Uso consciente da energia elétrica e aproveitamento das fontes de energia renováveis e de baixo impacto ambiental sempre que possível (solar, eólica, etc.); 
• Uso de tecnologias que permitam a economia da água, ou seja, reúso e recirculação para fins não potáveis, redução e aproveitamento da pluviosidade local. 
• Destinação adequada dos resíduos como reciclagem e adubagem para materiais orgânicos;
• Uso de produtos ecológicose tecnologias sustentáveis para o desenvolvimento da obra;
• Máxima redução do uso de amianto, chumbo, alumínio dentre outros produtos prejudiciais ao meio ambiente.
Atendendo a essas novas exigências, surgiu o mercado de produtos ecológicos voltados ao consumidor final. Apesar de promissor, este mercado ainda é pouco explorado na América do Sul, onde esse conceito ainda é associado ao termo artesanal ou, até mesmo, a mecanismos de tratamento ou redução de resíduos e poluentes. 
Há de se destacar que produto ecológico é todo artigo elaborado tecnologicamente "limpo", com o intuito de reduzir os impactos causados ao meio ambiente e a demanda por seus recursos, aproveitando fontes de energia renováveis e reutilizando materiais naturais ou industrializados. 
De acordo com Márcio Augusto Araújo, consultor e diretor do IDHEA, produto ecológico é aquele que, artesanal, manufaturado ou industrializado, de uso pessoal, alimentar, residencial, comercial, agrícola e industrial, seja menos poluente, menos tóxico, notadamente benéfico ao meio ambiente e à saúde, contribuindo para o desenvolvimento de um modelo econômico e social sustentável (ARAÚJO, 2005).
Através da difusão de produtos ecológicos, propicia-se a educação ambiental, criando, assim, uma consciência eco-social comunitária de redução, reutilização e reciclagem (3 Rs). Além disso, essa nova tendência atende tanto as necessidades do mercado, proporcionando lucro e produtividade, quanto as do consumidor, através da qualidade e do custo benefício em longo prazo. 
O Brasil reúne todas as condições para ser um verdadeiro celeiro de produtos ecológicos e reciclados, gerando emprego e levando cidadania a milhões de pessoas, tornando-se um modelo de sustentabilidade para outras nações, por ser o país mais rico do mundo em matérias-primas naturais renováveis (23% da biodiversidade planetária), ter um lixo abundante e ainda pouco aproveitado (245 mil toneladas/dia), além de milhões de toneladas de resíduos agrícolas e industriais mal contabilizados (ARAÚJO, 2005). A grande problemática dessa questão, além do abismo na falta de informações, é a forma de possibilitar a identificação desses produtos pela população. 
A certificação é a forma mais segura para que a identificação seja feita pelos consumidores. Ela não deve ser apenas um selo, mas deve ser o resultado de uma avaliação técnica criteriosa e mantida através de inspeções periódicas e tão severas quanto a primeira (como ocorre no caso da madeira certificada no Brasil pelo FSC – Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal). Esse selo nem precisa ter caráter oficial, pois existem bons exemplos de certificações confiáveis fornecidas por organizações privadas, como o selo verde mais importante dos Estados Unidos (conferido pela ONG Green Seal) e o selo verde da madeira no Brasil (ARAÚJO, 2005). A falta de certificação no Brasil é muito séria e prejudica o desenvolvimento do mercado verde, onde os selos verdes confiáveis só abrangem a madeira e os produtos orgânicos alimentícios. 
O mercado de produtos ecológicos deve ser encarado como uma inovação no mundo corporativo. Com uma sociedade cada vez mais consciente dos riscos da degradação ambiental, cobrando mudanças eficazes nos meios de produção e manejo dos produtos, porém mantendo sua qualidade e confiança, torna-se necessária a adoção de “tecnologias limpas” que atendam a essas exigências. Este mercado surge como uma alternativa que promove ganhos socioeconômicos através da redução/amenização dos impactos diretos e indiretos sobre o meio ambiente, da eco-consciência e dos lucros comerciais. 
No Brasil, algumas exigências são impostas através das leis de proteção ao meio ambiente, para serem seguidas durante os processos industriais, na tentativa de reduzir os impactos, porém há descaso da parte legislativa em relação ao uso da água. O Código de Água de 1934, primeira lei brasileira a levar em conta os recursos hídricos, visava somente o uso da água para geração de energia elétrica, não pensando em seus demais usos, como o abastecimento público. Somente em 1997 entrou em vigor a Lei Federal nº. 9.433, que estabeleceu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Adotou-se então o conceito de bacia hidrográfica, revelando os seus múltiplos usos e seu valor econômico (ALMANAQUE, 2005). 
	No 3º Fórum Mundial de Água, realizado em 2004 em Quioto, o reaproveitamento de água foi uma das principais temáticas. Foram mostrados exemplos de países como Holanda, Estados Unidos e Israel, onde já se injetam os efluentes industriais e de esgoto, devidamente tratados, no solo para recarga de aqüíferos.
	O reúso de água não soa como algo tão inovador se pensarmos que naturalmente a água do planeta, por processos naturais, é renovada. Segundo José Carlos Mierzwa, coordenador do Centro Internacional de Referência de Reúso da Água (CIRRA), o reúso pode ser facilmente aplicado. As atividades agrícolas poderiam, sem maiores problemas, empregar esse tipo de água, bem como as indústrias, nos processos de resfriamento e as residências na descarga (VOX, 2004).
	A Sabesp (Sistema de Abastecimento do Estado de São Paulo), empresa que capta, trata e distribui água para a cidade de São Paulo, atualmente produz cerca de 65 mil litros de água por segundo somente para a demanda da Região Metropolitana de São Paulo (SABESP, 2005). Para incentivar o reúso de água na capital paulista, foi promulgada a Lei nº. 175/2005 que institui o Programa de Conservação, Uso Racional de Água e Reúso em Edificações. Essa lei tem como objetivo instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização de fontes alternativas para a captação de água e reúso. No artigo 3º temos algumas soluções técnicas a serem adotadas pelas edificações, que dentro de dez anos, no máximo, devem se regulamentar. Bacias sanitárias de volume de descarga reduzido, chuveiros e lavatórios com volumes fixos de descarga, torneiras dotadas de arejadores e a instalação de hidrômetros individuais nas unidades habitacionais devem ser instaladas o mais rápido possível. Já a captação, armazenamento e utilização de águas pluviais e de águas servidas (utilizadas no tanque, máquina de lavar, chuveiro e banheira) podem ser instalados dentro do prazo máximo, já que exigem grandes complicações técnicas, e mesmo recursos financeiros (SÃO PAULO, 2005).
	Nos condomínios, o gasto com água é o segundo maior, atrás apenas da folha de pagamento. João Favari, síndico de um condomínio que tem 30 apartamentos, já se adequou ao programa proposto pela nova lei, tendo como resultado uma economia de aproximadamente 40% nos gastos com água (CLASSIFICADOS, 2005). Segundo Sibylle Muller, engenheira civil especializada em Gestão e Tecnologias Ambientais e diretora da AcquaBrasilis (empresa que projeta e implementa sistemas de reúso e uso racional da água), demora de seis meses a um ano para que a economia na conta de água cubra os gastos com a implementação do programa, porém o gasto inicial ainda afasta os consumidores.
3.1.	 Produtos Ecológicos
3.1.1. Aquecimento Solar 
	
	A matriz energética brasileira é a hidroeletricidade. Mesmo que seja uma forma de geração de energia não-poluente da atmosfera, ela também causa impactos ambientais e sociais consideráveis como a perda de espécies nativas, a remoção de pessoas, alterações no microclima, pois exige o alagamento de áreas muito extensas (SCARLATO & PONTIN,1998).
	Outro problema da hidroeletricidade é a distância entre as áreas produtoras de energia e os principais centros urbanos e regiões industriais, causando a perda de parte da produção ao longo das redes de transmissão, o que eleva o custo final ao consumidor (NESTOR, 2001).
	O uso residencial é responsável pelo consumo de 24% da produção de energia no país e, desse total, 26% é atribuído ao aquecimento de água, que é feito predominantemente através do chuveiro elétrico, presente em praticamente todas as residências das áreas mais povoadas do país (GRUPO, 2003). Uma alternativa para a obtenção de energia para o aquecimento de águaé a captação da energia solar.
	Segundo o professor e pesquisador Vanderley JohnEngenheiro, pesquisador e professor da Escola Politécnica da USP. Foi entrevistado em visita feita pelo grupo. (comunicação pessoal), esse equipamento é totalmente eficaz, tanto no sentido econômico, reduzindo despesas na conta de energia, quanto no sentido ambiental, de reduzir os impactos causados na obtenção de energia hidroelétrica. 
	As regiões localizadas na zona intertropical do globo, como o Brasil, são atingidas pela radiação solar com mais intensidade durante o ano todo, em comparação às regiões temperadas e polares. Pela sua localização e sua grande extensão de 8.514.876,599 km2 (IBGE, 2002), o Brasil se torna um dos países com grande potencial de energia solar (MARTINS, 2004), porém, “a geração de energia solar é ainda pequena e um dos principais motivos é a falta de investimentos em pesquisas para desenvolver sistemas, que poderiam assegurar o uso eficiente da energia solar” (DIAS, 2004).
	Existem no mercado algumas opções de aquecedores de água que utilizam a radiação solar como fonte de energia. Seu sistema de funcionamento não é complexo. Geralmente são compostos por duas etapas: a captação da energia e o armazenamento da água aquecida.
O coletor solar, ou térmico, é revestido em sua porção superior (a que receberá a incidência dos raios do Sol), por uma placa de vidro, que permite a passagem da luz (ondas curtas), mas, na reflexão, os raios infravermelhos (ondas longas) serão retidos (SCARLATO & PONTIN, 1998), fazendo com que o calor não se perca, criando uma espécie de efeito estufa. Esse vidro também tem a função de impedir a passagem da água de chuvas ou a entrada de materiais sólidos. 
	Sob o vidro externo, há uma chapa metálica escura, para garantir a melhor absorção e transmissão do calor coletado, pois os metais são ótimos condutores de calor e as cores escuras absorvem o calor.
	O calor capturado é transferido a uma tubulação, geralmente de cobre, por onde a água a ser aquecida circula. Essa tubulação se situa logo abaixo da chapa metálica, o que garante a transmissão de calor mais eficientemente. 
	O coletor é revestido em sua parte inferior por um isolante térmico, como poliuretano expandido ou lã de vidro, para evitar a dispersão do calor coletado.
A água aquecida é armazenada em um reservatório conhecido como boiler. Esse reservatório é feito de aço inoxidável, por causa da ação corrosiva que a água tem, e ele é revestido por poliuretano expandido para manter a temperatura da água. O boiler armazena a água aquecida e possui um encanamento que se divide para abastecer as partes da casa onde se utiliza a água quente (SOLARES, 2005).
	Em visita a uma empresa que faz representação comercial de tecnologias ambientais em Limeira, São Paulo, conhecemos outros dois tipos de aquecedores de água a partir da energia solar. Um deles, próprio para o uso em piscinas, é constituído por placas de plástico preto, cujo interior é totalmente oco, sendo a espessura de aproximadamente um centímetro. A água circula por esse espaço, sendo aquecida a partir da exposição da placa ao sol. Um termostato controla o fluxo da água da piscina ao aquecedor de acordo com a temperatura pré-estabelecida.
	Outro modelo que conhecemos foi o que utiliza um fluido importado cujo ponto de ebulição é de 32 graus Celsius, aquecendo a água que circula na serpentina de cobre do coletor solar. Esse fluido precisa ser substituído a cada cinco anos, podendo ser descartado no ambiente, por ser biodegradável. Segundo dados da empresa, esse tipo de aquecedor reduz em 40% o valor da conta de energia e em dois anos o cliente já terá recuperado o valor do investimento (US$1.700,00 para um aquecedor de 150 Litros).
	O principal problema desse tipo de aquecimento de água é o alto custo de implantação nas residências. Outro aspecto negativo é que, por depender da radiação solar, em dias nublados o aquecedor solar precisará do auxílio de um termostato para manter a temperatura escolhida. Podemos também citar que os equipamentos necessários ocupam uma determinada área e não são todas as residências que dispõem de espaço suficiente para sua instalação. 
	 Existem também as opções mais econômicas e de preço mais acessível às populações de baixa renda. Na entrevista do grupo com Augustin T. WoelzEngenheiro elétrico e coordenador da organização não governamental Sociedade do Sol, sediada na Cidade Universitária em São Paulo. Foi entrevistado em visita feita pelo grupo., foi apresentado um novo modelo de aquecimento de água com radiação solar. O sistema é muito simples de ser construído e não requer muito gasto em sua implantação, pois é constituído por materiais comuns e facilmente encontrados em lojas de materiais para construção. Com R$ 200,00 ele já pode ser instalado.
	Esse sistema pode ser implantado pelo próprio morador da residência, somente sendo necessário obter a apostila de instruções disponibilizadas no site da organização. O sistema é constituído por uma caixa d’água comum, três placas de plástico usadas normalmente para fazer coberturas de teto, canos de PVC, uma lata de refrigerante vazia e sobras de serragem, tapete, jornal ou isopor, para fazer a conservação da temperatura da água já aquecida dentro da própria caixa d’água, um variador de voltagem e um chuveiro comum.
	Todo o funcionamento do sistema se baseia na diferença de densidades da água fria (mais densa) e da água quente (menos densa). A princípio a água fria, advinda da caixa d’água, passa pela tubulação e chega até as três placas de plástico que, em seu interior possuem divisórias formando pequenos circuitos por onde a água passa lentamente, e, em contato com o calor absorvido pela placa, se aquece. É muito importante frisar que, para que o calor seja absorvido com mais eficiência, é preciso que as placas sejam pintadas com tinta preta.
	Após a água caminhar pelo circuito no interior das três placas, ela sai aquecida podendo chegar a até 58° C, registrados em São Paulo, e retorna à caixa d’água através da tubulação de PVC. Dentro da caixa d’água, a água quente se mantém na parte superior e a água fria na parte inferior, não sendo misturadas devido à diferença das densidades. O nível da água na caixa é medido através de uma espécie de bóia feita com uma lata de refrigerante. A água é mantida quente no interior da caixa, devido ao efeito térmico que os retalhos de tapete, a serragem e os outros produtos produzem. A água aquecida pode ser utilizada diretamente da caixa d’água, sendo sua temperatura controlada no chuveiro pelo variador de voltagem, o que reduz o gasto de energia elétrica no resistor do chuveiro.
	As desvantagens desse sistema são bem evidentes: em dias de tempo nublado, o sistema é praticamente abandonado; chuvas de granizo podem danificar as placas de captação, pois são bem frágeis; não são esteticamente agradáveis e a pior desvantagem é o uso do PVC, muito poluente em sua fabricação e tóxico (quando queimado libera gases tóxicos). Segundo os cálculos feitos pelo engenheiro, se esse sistema fosse implantado em todas as residências do Brasil (40 milhões), o aumento da produção de PVC seria de 7%, o que poderia gerar mais problemas ambientais. 
	O público que mais procura esse sistema é a classe média, que o implanta, segundo o engenheiro entrevistado, primeiramente para diminuir a conta de energia, em segundo lugar, para pôr em prática seus conhecimentos (a partir da instalação do aquecedor) e em terceiro lugar vem a preocupação ambiental. 
	A ONG possui projetos de distribuição dos materiais em escolas públicas e comunidades carentes, sendo monitorados e observados os resultados.
3.1.2. Mini-Estação de Tratamento de Água / Reúso 
	Atualmente, estão sendo criadas novas formas de construir moradias visando minimizar os impactos causados tanto em sua construção quanto em sua manutenção. Um produto muito interessante é a mini-estação de tratamento de água e esgotos domiciliares. As mini-estações são sistemas modulares, fabricados em plástico leve e não-tóxico,usados no tratamento dos efluentes.
	Esse equipamento, que realiza o tratamento biológico de todas as águas usadas em um imóvel, é recomendado para qualquer tipo de construção: residências, edifícios, condomínios, indústrias (apenas em águas com resíduos orgânicos), parques, casas em áreas de praia, chácaras, sítios, fazendas e em lugares onde não haja atendimento pela rede pública.
	As mini-estações são indicadas, também, para quem deseja fazer o reúso da água tratada no próprio ambiente construído, para funções como: descarga de vasos sanitários, lavagem de piso e automóveis, regas de horta e jardins. As mini-estações realizam um tratamento de caráter biológico, associando etapas anaeróbias (com ausência de oxigênio) e aeróbias (presença de oxigênio), através das quais ocorre a descontaminação do efluente. A carga orgânica contida na água é removida pela ação de microorganismos eficientes (bactérias), eliminando possíveis organismos causadores de doenças e evitando a contaminação do lençol freático. Essa ação permite que a água devolvida ao meio ambiente saia com cor cristalina, sem turbidez ou odores, sem oferecer riscos à saúde e ao meio ambiente, podendo ser reutilizada para funções não-potáveis (IDHEA, 2005a).
	Os benefícios das mini-estações de tratamento são muitos. A fácil instalação e manutenção, não utilizando alvenaria nem obras complexas, e a possível instalação em ambientes freqüentados por poucas pessoas são fatores importantes na hora de escolher o produto. Além de tratar a água e o esgoto no local de geração do resíduo, permite o reaproveitamento das águas usadas para funções secundárias. Também podendo ser lançada em corpos d’água ou infiltrada diretamente no solo sem risco de contaminação.
	A eficiência é muito superior a de sistemas de concreto, pois as mini-estações são impermeáveis e não possuem o risco de trincas (comuns a fossas e filtros de cimento), 
exigindo pequena área para instalação (a partir de 4m2). São modulares, de plástico não-tóxico, e podem ser ampliadas, caso cresça o número de usuários. O uso desse sistema, além de reduzir o consumo de água e diminuir o impacto no meio ambiente, propicia a economia de 40% (em média) na conta de água. Outra vantagem é que os sistemas modulares podem ser dimensionados de acordo com o número de usuários e sua contribuição diária (IDHEA, 2005a).
	As etapas do tratamento são simples de serem realizadas. Começam com a entrada do efluente por um difusor de entrada, com quebra de sólidos e redução da velocidade de entrada dos efluentes, evitando a turbulência do material já depositado. Em seguida, os efluentes vão para o tanque séptico, onde ocorre a decantação dos materiais pesados no fundo e a flutuação dos materiais leves na parte superior, com a formação de área de lodo ao fundo, formando uma área de depuração ao centro, e uma área de materiais flutuantes na parte superior. Depois, o efluente passa por um pré-filtro de saída, preenchido com brita nº 03, para impedir a passagem de materiais sólidos flutuantes. Em seguida, ele vai para a caixa de inspeção, que é a passagem entre o tanque séptico e o septo-difusor II, feita para facilitar a distribuição do efluente. Mais adiante ocorre a passagem dele pelo filtro aeróbio, onde ocorre o tratamento pela filtragem lenta e pela ação bacteriana. 
              O efluente tratado poderá, então, infiltrar no solo, ser coletado e conduzido a corpo receptor ou reaproveitado. A água tratada não é potável, portanto, não deve ser bebida, usada para cozinhar e lavar alimentos, banhos e lavar roupa.
A limpeza do lodo no tanque séptico é feita a cada um, três ou cinco anos, de acordo com o modelo escolhido. O sistema não requer manutenções, exceto a limpeza do tanque séptico (primeiro componente do sistema).
 A mini-estação não reaproveita a água diretamente, apenas a trata e a disponibiliza para o reúso. Para que o reaproveitamento ocorra há a necessidade de adotar alguns complementos, como cisternas, equipamentos para bombeamento e sistemas para pós-tratamento da água (cloração, uso de raios ultravioleta).
Em uma residência, a instalação de um sistema mais complexo de reúso é muitas vezes inviável, sendo necessário o implante de cisternas, com as quais não há uma forma simples de testar a qualidade da água e que demanda muito espaço. Com base nessas afirmações, a ONG Sociedade do Sol vem desenvolvendo um projeto em paralelo com o do ASBC (Aquecedor Solar de Baixo Custo), um sistema de reúso para ser aplicado em casas populares que capta a água do banho e, com um tratamento simples com cloro, reutiliza a mesma nas descargas da casa. Esse projeto auxiliaria tanto na economia de água potável – pensando em nível global, como recurso natural – como também com a população que deve se adequar à Lei do Reúso, porém ainda não se encontra concluído.
3.1.3. Areia Artificial 
	
	Atualmente, 90% da produção nacional de areia é obtida a partir da extração em leitos de rios. A quantidade de areia consumida anualmente na construção civil brasileira é 320 milhões de m3 - volume que daria para construir 7100 estádios como o do Maracanã (KUCK, 2003), sendo que a areia natural é utilizada para produção de concretos e argamassas.
	Esse processo de extração é feito com a tecnologia de cavas, que gera impactos sérios sobre o meio ambiente, em conseqüência da retirada da cobertura vegetal e degradação do curso d’água. O processo propicia erosão, assoreamento e perda do solo superficial, além de causar problemas sanitários à população local – pois as cavas causam gigantescas “poças“ de água parada, criando então um ambiente ideal para proliferação de mosquitos que transmitem doenças. 
	Vale lembrar também que a exaustão de áreas próximas aos grandes centros consumidores e a restrição dessa atividade extrativa pelos órgãos de fiscalização ambiental conduz o mercado consumidor dos grandes centros urbanos a buscar agregados (areia e britas) em lavras cada vez mais distantes. Como conseqüência disso, tem-se a elevação do custo final do produto, afinal cerca de 70% do custo da areia natural corresponde a frete de transporte (LIMA, 2001).
	Em contrapartida, existem pesquisas sendo desenvolvidas, principalmente pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) e a Coppe/UFRJ, para a obtenção de areia artificial com base em finos de pedreiras de brita (pó de pedra). A produção da areia artificial (ou areia de brita) se dá por intermédio de uma britadeira especial que faz a "rebritagem" do fino da brita, deixando-o nas mesmas condições da areia natural, (dentro das normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas), portanto, também pode ser utilizada na construção civil.
	A areia artificial, além de ser obtida por uma tecnologia limpa, apresenta outras vantagens. Em relação ao custo, pelos cálculos do consultor da Convem Mineração, o metro cúbico de areia natural gira atualmente em torno de R$ 24, enquanto o da areia artificial atinge, em média, R$ 20 (SALVADOR, 2003). Quanto à qualidade, segundo LIMA (2001), em testes de resistência à compressão, a areia artificial apresentou resultados melhores do que a natural. Para o pesquisador Vanderley John (comunicação pessoal), a areia de brita é considerada um ótimo produto, pois traz dois benefícios principais: não extrai a areia do leito do rio e diminui a distância de transporte, reduzindo a liberação de gás carbônico. Segundo ele, “para o uso na grande São Paulo é fantástica”. Mas devem ser levadas em conta sempre a distância do mercado consumidor e a disponibilidade da extração da mesma em outras regiões.
3.1.4. Tinta Ecológica
	Um trabalho pioneiro no Brasil de pesquisa e investigação de produtos e materiais para pinturas ecológicas com uso em Arquitetura e construção civil vem sendo realizado. Como exemplos desses produtos que foram desenvolvidos para a demanda atual, podemos citar a ecotinta, que é um produto mineral à base de cal, veiculado em água, para pinturas de paredes em áreas internas e externas, alvenaria, madeira e metal (IDHEA, 2005b).
A ecotinta não tem cheiro,elimina menos compostos orgânicos voláteis (COVs) em relação à tinta convencional, não é afetada pela umidade, nem forma bolor e não elimina odores (IDHEA, 2005b).
Alguns benefícios das tintas ecológicas são (IDHEA, 2005b):
·	Isentas de produtos derivados de petróleo; 
·	Não usam pigmentos à base de metais pesados; 
·	Dificultam a formação de bolor; 
·	Permeáveis ao vapor da água; 
·	Custo competitivo.
	Embora a ecotinta mineral apresente algumas vantagens ambientais e econômicas, o pesquisador Vanderley John (comunicação pessoal) alega que não há diferenças consideráveis entre o produto alternativo e o convencional. Segundo John, o que há, de fato, é o marketing ambiental exagerado.
Também existe outro tipo de tintas ambientalmente melhores, elaboradas à base de terra, com cores que variam de acordo com a tonalidade do solo utilizado na sua produção. Apesar de ser ambientalmente melhor, segundo Walter Oliveira FilhoConsultor da empresa Ecocasa, localizada em Limeira. Foi entrevistado em visita feita pelo grupo. (comunicação pessoal), ela não pode atender um consumo em larga escala pelo fato de não existirem depósitos de terra, com tom de cor homogêneo, grandes o suficiente para atender um alto nível de produção e padrão de qualidade.
Além disso, deve-se existir certo cuidado na hora de definir um depósito de terra para esse fim, para que não sejam utilizados solos férteis ou cobertos por florestas nativas.
3.1.4. Tijolo ecológico 
Com relação aos tijolos, a opção de produto ecológico que tem sido empregada é o tijolo de solo-cimento. Esse produto gera menos impacto porque não necessita da derrubada de árvores para lenha, já que não vai ao forno. A terra usada como matéria-prima deve ser de solo arenoso, que é pouco fértil e abundante. Por outro lado, para fabricar o tijolo comum utiliza-se argila, que geralmente é retirada de terras férteis e próximas de mananciais (BRANDÃO, 2005).
	Com o uso desse produto há a diminuição de custos e do tempo de construção, porque é necessária menos massa de assentamento. Os tijolos possuem encaixe longitudinal que, além de garantir um encaixe perfeito, facilitam o prumo e o acabamento (ECOCASA, 2005). 
Como o tijolo convencional e o tijolo ecológico são totalmente diferentes, tanto na sua composição quanto no seu formato e tamanho, o modo de utilizá-lo também deve ser diferente, necessitando mão-de-obra especializada, para que haja melhor aproveitamento de suas vantagens, não deixando que ocorra desperdício ou erros na hora da construção, segundo o consultor do Ecocasa (comunicação pessoal).
Ainda devido à diferença de formato, o tijolo ecológico não permite a utilização de algumas técnicas arquitetônicas, como a construção de paredes curvas.
As principais vantagens do uso dos tijolos ecológicos ou modulares são (L & F, 2005):
·	Os produtos alternativos são mais leves que os convencionais; 
·	São fabricados em um modelo que é “furado” no meio, facilitando a passagem das instalações elétricas e hidráulicas;
·	A construção utiliza menos ferragens, porque as colunas de sustentação são embutidas;
·	O tempo de construção é diminuído pela metade;
·	Os custos são reduzidos, em média, em 40% em relação ao tijolo baiano, quando não realizado o acabamento;
·	O tempo para a produção do produto alternativo é menor: 3 dias contra 9 do produto tradicional.
De acordo com Vanderley John (comunicação pessoal), mesmo com grandes vantagens, a aplicação em larga escala desse tijolo deve ser bem avaliada, pois seu uso só pode ser feito em construções térreas. Cidades bem desenvolvidas como São Paulo não suportariam um grande número de construções térreas, por falta de espaço, mostrando assim sua melhor capacidade de atender regiões rurais e de baixa densidade demográfica.
Há também a necessidade de protegê-lo sempre do contato direto com a água para evitar danos, o que pode ser feito através da colocação de beirais nos telhados, segundo John. 
Nem todos os tijolos ditos ecológicos preocupam-se com a questão do uso de solos menos férteis, pois a argila é mais barata do que o solo arenoso como matéria prima. Sendo assim, o grande diferencial de todos eles é que não necessitam da etapa tradicional de passagem pelo forno (o que evita a derrubada de árvores), já que são compostos basicamente pela terra e pelo agregador e estabilizador de solos, produto comercializado pronto. Esse agregador de solos é fabricado nos Estados Unidos, e fornece ao tijolo resistência (L & F, 2005).
            Alguns empresários brasileiros trouxeram o agregador para o Brasil, com a finalidade de formar mão-de-obra especializada, difundir a técnica e possibilitar a construção de casas mais baratas (ALANÍS, 2005). 
            Pensa-se no tijolo ecológico como alternativa para baratear as casas populares. Em uma casa popular, no padrão das que são financiadas pela Caixa Econômica Federal no Amazonas, seria alcançada uma redução de 55% no valor da construção final, pois é utilizado menos reboco, e o uso de argamassa e pintura são opcionais (FEICON, 2005).
 
3.1.6. Madeira ecológica 
Ao discutir-se o termo “madeira ecológica”, é muito comum associá-lo tanto à “madeira certificada” - que se refere ao modo como é retirada e comercializada, respeitando as normas legislativas para esta atividade extrativista – quanto à madeira de reflorestamento, que é proveniente de plantios florestais renováveis. Um exemplo desse tipo de madeira é a Lyptus, um híbrido entre duas espécies de eucaliptos (MACIEL, 2005).
Porém, será abordado nesse trabalho o termo “madeira ecológica” referindo-se à “madeira plástica”, um novo tipo de madeira emergente de inovações que estão presentes no mercado, feita de produtos plásticos utilizados anteriormente e que seriam descartados. 
	Os plásticos tornam-se uma problemática sócio-ambiental após sua deposição. Por apresentarem uma degradação muito lenta (cerca de cem anos), eles causam grandes problemas urbanos, como alagamentos devido ao entupimento de vias. “Na Grande São Paulo, que sofre com as constantes enchentes, estima-se que 30% do total de resíduos são formados por plásticos. Uma das soluções para esse desafio é a madeira plástica, que alia aspectos ecológicos, econômicos e sociais" (LOUZAS, 2003).
	A madeira plástica é um produto moderno, resultado de alta tecnologia industrial aplicada para transformar resíduos plásticos em peças que imitam a madeira comum. É composta por resíduos plásticos pós-consumo de diversas procedências, como embalagens e recipientes de PP (polipropileno), PE (polietileno) e PET (politereftalato de etileno). Contém fibras vegetais para reforço e não contém PVC (policloreto de vinil) (IDHEA, 2005c). 
	Na entrevista realizada pelo grupo com Walter Filho (comunicação pessoal), foi levantada a questão da utilização de garrafas PET para a fabricação de madeira plástica. Ele afirma que isso não é possível devido este material ser de baixa densidade, enquanto a produção da madeira plástica requer matéria-prima de alta densidade, o que justifica a maior resistência do produto em relação à madeira comum. 
Dentre os benefícios de seu uso podemos citar (IDHEA, 2005c):
·	Material 100% reciclado e reciclável. 
·	Impermeável.
·	Resistente à umidade e agentes químicos em geral, não é atacado por cupins ou fungos.
·	Não requer elementos de proteção como seladoras e vernizes. 
·	Fácil instalação, permite uso de pregos e parafusos. 
·	Aceita uso de ferramentas de corte manual (serrote, arco de serra etc.). Para as peças com alma de aço, deve-se usar serra para aço manual ou elétrica. 
·	As sobras do material podem ser recicladas novamente.
Na entrevista com o pesquisador Vanderley John (comunicação pessoal), ele acrescentou que através da pesquisa realizada por seu grupo constatou-se que, por ser feita de plástico – material que não suporta a radiação ultravioleta – a madeira plástica pode sofrer uma deformação lenta por calor e tempo, não se sabendo direito quanto tempo ela pode durar sem que essa modificação ocorra.
Docente do Departamento de Engenharia Mecânica daFaculdade de Engenharia (FE) da UNESP, o engenheiro mecânico Nazem Nascimento trabalha com esse material há aproximadamente 10 anos. Ele pesquisa um processo de fabricação adequado às condições brasileiras, em que diferentes tipos de plástico são postos numa máquina trituradora e são transformados em pequenos grãos para serem moldados em uma matriz, por meio de uma prensa mecânica. "Meu objetivo é encontrar uma forma barata e que não exija tecnologia muito sofisticada de obter o produto", esclarece. Segundo o engenheiro mecânico, outra característica desse processo é dispensar a necessidade de separar e lavar os vários tipos de plástico utilizados (LOUZAS, 2003). 
	Nascimento afirma que tem condições de projetar uma pequena fábrica capaz de produzir cinco toneladas por mês e cujas instalações absorveriam por volta de 10 pessoas. "As prefeituras poderiam utilizar o material produzido, por exemplo, na confecção de placas de sinalização, bancos de praças e cercas de jardim", comenta. "Além disso, com o aumento da coleta de plástico incentivada pela fábrica, o investimento para recolher e depositar o lixo urbano será menor". Ele acredita que o projeto é interessante, principalmente, para administrações municipais preocupadas em dar um destino ao lixo, que seja menos prejudicial ao meio ambiente, e, ao mesmo tempo, criar empregos em sua região (LOUZAS, 2003).
	Apresentando grandes atrativos para o setor de produtos ecológicos, a madeira plástica é uma nova tendência que requer responsabilidade para manter o emblema “ambientalmente correto”. Sua utilização só será viável em termos socioeconômicos e ambientais se a matéria-prima utilizada para fabricá-la realmente provier de resíduos plásticos, ou seja, aqueles já utilizados pela população e que se encontram descartados.
	Imaginando um cenário de produção em alta escala, possível a médio prazo, se houver a compra de plásticos “novos” para a manufatura da madeira ecológica, a geração de resíduos será ainda maior, agravando os impactos ambientais. Portanto, é de fundamental importância que as empresas comprometam-se a respeitar a condição de “reduzir, reutilizar e reciclar” (3 Rs), desenvolvendo, por exemplo, métodos de coleta em aterros sanitários.
3.1.7. Telha ecológica
 Um dos grandes problemas na construção civil atual são as telhas compostas de amianto. Esse composto é considerado nocivo à saúde humana e foi classificado como resíduo de classe D pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), isto é, além de ser considerado perigoso à saúde, também exige ser colocado em aterros especiais. A exposição de tal material aumenta os riscos de asbestose (doença respiratória) e câncer de pulmão de acordo com o tempo de exposição. Em 42 países como França, EUA e Chile, a utilização desse composto foi expressamente proibida, e no Brasil há inúmeros projetos de lei para vetar o uso do amianto (SCILIAR, 1998).
	Na cidade de São Paulo, uma lei estabelecida durante a gestão de Marta Suplicy, ex-prefeita da capital, aprovou o banimento do amianto nas novas construções civis da cidade de São Paulo. O Supremo Tribunal Federal, porém, decidiu vetar essa lei, talvez pelo fato de que o Brasil seja um dos maiores produtores e consumidores de amianto do mundo. Então, também se observa um jogo de interesses, devido ao fato de que com a proibição do uso do amianto, muitas empresas extratoras desse recurso serão prejudicadas, e por isso, empresários ligados ao ramo pressionam o governo e alegam que, caso ocorra o fechamento das minas, eles devem ser ressarcidos monetariamente.
	Há de se considerar ainda o impacto ambiental da extração do amianto, que é extraído de rochas compostas de silicato hidratado, causando desmatamento, destruição de ecossistemas, problemas com o solo e inúmeros outros impactos que a mineração causa.
	Não se pode esquecer das telhas fabricadas de barro cozido, que também geram impactos ambientais. Os problemas causados pela telha de barro cozido estão estritamente ligados à retirada da matéria-prima para fabricá-la. A extração do barro para a fabricação das telhas causa impactos tanto no solo quanto na água e no ar. Como exemplo é possível citar a diminuição da calha de rios, a retirada de mata ciliar, erosões e poluição do ar causada pelas máquinas, além da produtividade por área ser baixa (FEPAM, 2005).
	Por esses motivos, estuda-se cada vez mais a substituição das telhas de amianto e de barro cozido por outros produtos e compostos que apresentem as mesmas funções e utilidades que aquelas possuem, porém que não causem tantos impactos no meio ambiente.
	Inúmeros novos produtos estão sendo produzidos e implementados para a substituição das telhas convencionais. Um deles é a telha reciclada composta de embalagens de pasta de dente ou embalagens longa-vida de leite (mais conhecida como “Tetra Pak”). De acordo com os dados obtidos em entrevista com Walter Filho (comunicação pessoal), esta última é composta da reciclagem de produtos Tetra Pak e polietileno de baixa densidade, ou seja, saquinhos de supermercado são utilizados como aglomerante. Desta forma podemos utilizá-la em três versões: sem revestimento externo (chamada de “natural”), com revestimento metalizado ou com uma pintura que imita a cor “marrom” das telhas tradicionalmente utilizadas hoje em dia. A primeira versão, porém, apresenta um certo problema devido à baixa durabilidade - em média 5 anos. Após esse período, ela pode apresentar uma necessidade de manutenção, pelo fato que o polietileno começa a ser corroído por sua exposição direta ao sol. Por esse motivo, é recomendado que se utilize a telha revestida, pois a camada de revestimento atua como uma proteção à exposição solar direta, fazendo com que a durabilidade da mesma se prolongue e chegue aos 15 anos, em média. Apesar da prolongação do tempo de uso, sua aplicação ainda sofre resistências pelo fato da durabilidade, pois o telhado é mais duradouro.
	Uma característica importante citada por Vanderley John (comunicação pessoal) é que o plástico utilizado na fabricação das telhas não foi feito para durar muito tempo, devido ao fato de ser proveniente de embalagens que seriam descartadas em pouco tempo, não sendo feitas para receber raios ultravioleta constantemente. Dessa forma, são necessárias pesquisas mais profundas para que a segurança na utilização desse tipo de telha seja garantida. 
	Contudo, há de se considerar que são feitas apenas com produtos reciclados e reduzem impactos ambientais no processo de transformação, e também possuem propriedades térmicas melhores que as telhas comuns, pois funcionam como bons isolantes. São menos agressivas à saúde humana, de fácil manuseio e podem ser recicladas, permitindo sua revenda para a fábrica de origem. Além disso, empresas que produzem tal tipo de telha, muitas vezes unem-se às cooperativas de catadores, gerando portanto, um valor social ao produto (IDHEA, 2005d). 
	Outro tipo de telha alternativa, que está sendo desenvolvida e implementada, é a telha de fibrocimento vegetal. É composta por cimento, resíduos da siderurgia e fibras vegetais, como as de bananeira, sisal, coco, dentre outras plantas. A produção dessa telha visa criar uma nova tecnologia que possibilite a absorção de impactos e energias muito maiores em relação às outras, devido à resistência que as fibras que aparecem em sua composição possuem. Também se busca minimizar os impactos causados pelas outras e aproveitar recursos que estariam sendo descartados, como as fibras do sisal, que são muito desperdiçadas durante sua extração, segundo estudos e análises.
	Segundo Vanderley John, essa telha possui menor preço em relação à de barro cozido e também à de Tetra Pak. Soma-se a isso que suas propriedades foram bastante estudadas, chegando à conclusão de que seu uso é seguro. 
	Uma desvantagem é que, pelo processo de produção ser complexo e exigir um grande controle de qualidade, apenas técnicos especializados devem realizá-lo, já que qualquer descuido compromete as qualidades e as características da telha (JUNIOR,2002).
	
4. Considerações Finais
	Primeiramente, é de extrema importância ressaltar que a maior dificuldade encontrada ao elaborar esse trabalho e tirar dele conclusões concretas foi a falta de material bibliográfico confiável e de profissionais que desenvolvam pesquisas ou conheçam profundamente o assunto. Por tratar-se de um tema novo, a deficiência de informações é muito grande, sendo essas apresentadas por vendedores, que expõem apenas as características positivas dos produtos, ou por profissionais que iniciaram suas pesquisas há pouco tempo, não havendo, portanto, um tempo necessário para concluírem sobre as reais vantagens e desvantagens existentes. Dentre os poucos profissionais que pudemos contatar, houve grande divergência de informações, dificultando a obtenção de dados confiáveis pela equipe. 
	Um fato constatado pelo grupo foi a ilusão que o termo “produto ecológico” transmite. Infelizmente, nenhum deles é perfeitamente empregável, mesmo os que apresentam grandes vantagens em termos ambientais, sempre havendo problemas que podem estar relacionados ao preço, à durabilidade ou à viabilidade destes.
	Como são uma nova tendência no mercado da construção civil, faz-se urgente a certificação legal desses produtos, sendo concedida apenas aos realmente “ecológicos”. Isso porque torna-se fácil enganar o consumidor ou distorcer suas vantagens e desvantagens utilizando-se o título “ambientalmente correto” e, principalmente, pela não existência de normas técnicas de fabricação dos mesmos. Portanto a fiscalização dos órgãos produtores deve ser rigorosa para que este mercado não se beneficie às custas de produtos taxados como ecológicos, mas que causam tantos impactos quanto os convencionais.
	É ainda importante considerar que a construção sustentável deve se basear em um tripé de aspectos: econômico, social e ambiental. De nada adianta existirem tecnologias que diminuam os impactos ambientais se essas não são acessíveis para todos devido ao seu alto custo, principalmente para países subdesenvolvidos. 
	É notável que o primeiro fator que nos faz pensar no momento da escolha de um produto é seu preço. Portanto, o aprimoramento de pesquisas nesse ramo é extremamente necessário para que haja um desenvolvimento de tecnologias que possam reduzir os custos de produção, o que refletiria numa maior demanda pelo mercado consumidor.
	Esse trabalho propunha privilegiar o abrandamento dos impactos de ordem ambiental, mas a pesquisa de campo e a literatura mostraram que, na prática, não é possível priorizar o meio ambiente, deixando o fator econômico em segundo plano. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, as questões de ordem ambiental alcançam, no máximo, o mesmo patamar daquelas de ordem social e econômica, nunca sendo totalmente priorizadas.
Além disso, segundo Vanderley John (comunicação pessoal), a moradia sustentável não deve ser ambientalmente correta apenas em sua construção, mas principalmente durante sua manutenção. A construção leva em torno de 2 anos, enquanto sua manutenção deverá ser feita por, em média, 50 anos, podendo causar um impacto muito maior, caso não seja responsavelmente feita.
Portanto, a inserção dos produtos ecológicos no mercado consumidor exige responsabilidade em termos de produção, certificação e fiscalização, para que a sociedade seja beneficiada ambientalmente. 
Especialistas consideram que nenhuma sociedade pode ser considerada sustentável se o tipo de construção utilizado por ela não tiver preocupações sérias em diminuir seus impactos ambientais.
4.	Referências Bibliográficas 
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ARAÚJO, M.A. Produtos ecológicos para uma sociedade sustentável. São Paulo, 2005. IDHEA - INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA HABITAÇÃO ECOLÓGICA. Disponível em: <http://www.idhea.com.br/artigos_entrevistas_artigo001.htm>. Acesso em: 25 set. 2005. 
 
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(é um portal, de que cidade, que artigo, matéria????)(PARTE CLAUDIO)
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