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Universidade Federal da Bahia Departamento de Geologia e Geofísica Aplicada PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO Prof.: Luciano Magnavita 2001 i BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Beaumont, E. A. & Foster, N. H., 1999: Exploring for Oil and Gas Traps. AAPG Treatise of Petroleum Geology, Handbook of Petroleum Geology, 1150 p. Hunt, J. M., 1996: Petroleum Geochemistry and Geology. 2a Edição, Freeman, São Francisco. North, F. K., 1985: Petroleum Geology. 1a Edição, Unwin Hyman, Boston, 631 p. Selley, R. C., 1998: Elements of Petroleum Geology. 2a Edição, Academic press, Londres, 470 p. ii SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA...................................................................................................................... i SUMÁRIO .............................................................................................................................................................. ii PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO ........................................................................................................................... 1 QUEM É O EXPLORACIONISTA DE PETRÓLEO? ...................................................................................... 2 CARACTERÍSTICAS COMUNS A EXPLORACIONISTAS (OILFINDERS)............................................ 2 DUAS MANEIRAS PARA TORNAR-SE UM EXPLORACIONISTA........................................................ 2 TREINAMENTO ACADÊMICO NECESSÁRIO ......................................................................................... 3 IMPACTO DA TECNOLOGIA ..................................................................................................................... 3 EQUIPES ........................................................................................................................................................ 4 CRIATIVIDADE............................................................................................................................................ 4 TREINAMENTO VISUAL ............................................................................................................................ 5 O PENSAMENTO CRIATIVO...................................................................................................................... 5 MELHORANDO O PROCESSO DE PENSAMENTO CRIATIVO ............................................................. 8 VISUALIZAÇÃO........................................................................................................................................... 8 PESQUISA COM EXPLORACIONISTAS BEM-SUCEDIDOS .................................................................. 9 SISTEMAS PETROLÍFEROS.......................................................................................................................... 15 ELEMENTOS E PROCESSOS ESSENCIAIS DE SISTEMAS PETROLÍFEROS..................................... 15 INVESTIGAÇÃO DO SISTEMA PETROLÍFERO..................................................................................... 16 DENOMINAÇÃO ........................................................................................................................................ 16 GRAU DE CERTEZA DO SISTEMA PETROLÍFERO.............................................................................. 17 EXTENSÃO TEMPORAL, ESTRATIGRÁFICA E GEOGRÁFICA ......................................................... 19 BACIA, PROVÍNCIA, PLAY, PROSPECTO................................................................................................... 23 EXEMPLOS DE APLICAÇÕES DO CONCEITO...................................................................................... 26 SISTEMAS VERTICALMENTE DRENADOS .......................................................................................... 27 SISTEMAS LATERALMENTE DRENADOS............................................................................................ 28 POR QUE FAZER O TRABALHO DE CAMPO ........................................................................................ 30 VANTAGENS DO TRABALHO DE CAMPO ........................................................................................... 30 ELEMENTOS CRÍTICOS............................................................................................................................ 31 AVALIAÇÃO DOS ELEMENTOS CRÍTICOS .......................................................................................... 32 CHECKLIST DOS ELEMENTOS CRÍTICOS............................................................................................. 32 QUE ELEMENTO É O MENOS ENTENDIDO E POR QUE?................................................................... 34 OBJEÇÕES AO TRABALHO DE CAMPO ................................................................................................ 38 PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO DE CAMPO................................................................................. 40 GEOQUÍMICA DE SUPERFÍCIE NA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO ..................................................... 54 BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA GEOQUÍMICA AO PROGRAMA DE EXPLORAÇÃO ..................... 56 PREMISSAS BÁSICAS ............................................................................................................................... 56 TIPOS DE EXSUDAÇÕES.......................................................................................................................... 57 LIMITAÇÕES E INCERTEZAS.................................................................................................................. 58 ATIVIDADE DA EXSUDAÇÃO ................................................................................................................ 59 ZONAS DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO ........................................................................................................ 64 MAGNETOMETRIA ....................................................................................................................................... 76 USO DA MAGNETOMETRIA NA PROSPECÇÃO .................................................................................. 76 GRAVIMETRIA X MAGNETOMETRIA................................................................................................... 77 MAPAS DE INTENSIDADE TOTAL E RESIDUAIS............................................................................... 78 VARIAÇÕES NO CAMPO MAGNÉTICO LOCAL................................................................................... 79 MUDANÇAS DE ELEVAÇÃO DEVIDO A UMA FALHA....................................................................... 79 MUDANÇAS LITOLÓGICAS DEVIDO A UMA FALHA........................................................................ 79 INTERPRETAÇÃO DE MAPAS RESIDUAIS ........................................................................................... 81 APLICANDO MAGNETOMETRIA NA PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO............................................... 83 GRAVIMETRIA............................................................................................................................................... 84 APLICAÇÃO DE GRAVIMETRIA NA PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO................................................ 84 USO DA GRAVIMETRIA........................................................................................................................... 84 VANTAGENS DA GRAVIMETRIA........................................................................................................... 85 DESVANTAGENS DA GRAVIMETRIA ................................................................................................... 85 TEORIA........................................................................................................................................................ 85 GRAVIMETRIA X MAGNETOMETRIA................................................................................................... 86 AQUISIÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO....................................................................................................... 87 TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO ROTINEIRAS................................................................................. 88 iii TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO PARA INTERPRETAÇÃO ............................................................ 89 PROCEDIMENTO PARA INTERPRETAÇÃO GRAVIMÉTRICA........................................................... 90 INTERPRETAÇÃO ESTRUTURAL ........................................................................................................... 91 VARIAÇÃO DE DENSIDADE DAS ROCHAS.......................................................................................... 91 MODELOS DE ANOMALIAS GRAVIMÉTRICAS................................................................................... 92 EFEITO DA DENSIDADE .......................................................................................................................... 93 EFEITO DA PROFUNDIDADE .................................................................................................................. 94 EFEITO DO TAMANHO............................................................................................................................. 95 EXEMPLO DE CASOS................................................................................................................................ 95 EXEMPLOS DO RECÔNCAVO ................................................................................................................. 97 A SÍSMICA NA PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO.......................................................................................... 99 FASES DE UM PROJETO SÍSMICO.......................................................................................................... 99 TEMAS RECORRENTES.......................................................................................................................... 100 SÍSMICA 3-D: O CUBO DE DADOS ....................................................................................................... 104 CRONOLOGIA .......................................................................................................................................... 104 MAPAS ESTRUTURAIS SÍSMICOS CONSTRUÍDOS A PARTIR DE LEVANTAMENTOS 2D E 3D111 COMPONENTES DE UM LEVANTAMENTO 3-D ................................................................................ 114 VISUALIZAÇÃO DE DADOS 3-D........................................................................................................... 115 INTERPRETAÇÃO ESTRUTURAL ......................................................................................................... 120 PREPARAÇÃO DO DADO SÍSMICO...................................................................................................... 121 CRIANDO UM MAPA ESTRUTURAL INTEGRADO............................................................................ 126 SISMOESTRATIGRAFIA ............................................................................................................................. 136 OUTRAS FEIÇÕES SÍSMICAS ASSOCIADAS À GÁS.......................................................................... 145 RESERVAS DE PETRÓLEO1 ....................................................................................................................... 147 STATUS DE RESERVA ............................................................................................................................ 147 CÁLCULO DAS RESERVAS DE PETRÓLEO........................................................................................ 149 FAVORABILIDADE DOS PROSPECTOS................................................................................................... 152 CHANCE DE SUCESSO ........................................................................................................................... 154 FATOR DE CHANCE (FC) ....................................................................................................................... 156 ECONOMIA DE EXPLORAÇÃO ................................................................................................................. 157 ANÁLISE ECONÔMICA .......................................................................................................................... 158 CONCEITO DE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) .......................................................................... 158 CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS EXPLORATÓRIOS....................... 160 POSTMORTEM .............................................................................................................................................. 162 NOÇÃO DE PORTFÓLIO ............................................................................................................................. 163 1 PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO Aurélio: Método e/ou técnica empregada para localizar e calcular o valor econômico de jazidas de petróleo. Ou, em outras palavras, a busca por acumulações de hidrocarbonetos economicamente viáveis. Para que isso ocorra são necessárias certas características de personalidade e o domínio de determinadas técnicas, desde o reconhecimento preliminar de uma bacia sedimentar através de métodos geofísicos, até a escolha, priorização e quantificação de um prospecto exploratório com base em métodos estatísticos. 2 QUEM É O EXPLORACIONISTA DE PETRÓLEO? CARACTERÍSTICAS COMUNS A EXPLORACIONISTAS (OILFINDERS) 1. Pensam positivamente. 2. São auto-motivados e têm iniciativa. 3. São persistentes. 4. Possuem imaginação vívida controlada por fatos. 5. Possuem criatividade desenvolvida através do pensamento visual. DUAS MANEIRAS PARA TORNAR-SE UM EXPLORACIONISTA 1. Familiarizar-se com os métodos e técnicas de outros exploracionistas 2. Desenvolver a habilidade de visualização. 3 TREINAMENTO ACADÊMICO NECESSÁRIO 1. Geologia estrutural, estratigrafia, sedimentologia, geomorfologia, paleontologia, sensoriamento remoto, mineralogia, petrologia, vulcanismo, geologia econômica, geofísica e geoquímica. 2. Um curso em engenharia de petróleo também é útil. 3. Curso de campo rigoroso é essencial, uma vez que o profissional deve aprender a observar e registrar a informação acuradamente no campo, pensar em três e quatro dimensões, e desenvolver um sentimento do tamanho das feições geológicas. IMPACTO DA TECNOLOGIA Apesar de toda a tecnologia hoje disponível, apenas uma pequena percentagem de pessoas na busca de óleo, gás e minerais encontram-nos em quantidades comerciais. 4 EQUIPES 1. Para superar a imensa quantidade de know-how tecnológico necessário para uma exploração bem sucedida, as companhias formam grupos multi-disciplinares. 2. Entretanto, a faísca de criatividade de um ou mais membros da equipe para corretamente interpretar a geologia é o elemento essencial para o sucesso. CRIATIVIDADE 1. Dado que todos os geólogos e geofísicos sejam igualmente treinados, o que difere o exploracionista bem sucedido dos outros na multidão? R.: Criatividade, a qual é melhorada através do pensamento visual. 2. Criatividade neste caso pode ser concebida como a habilidade para ver o mesmo dado, que todos os outros tiveram acesso, de uma forma diferente. Envolve olhar os dados de muitas perspectivas diferentes, ainda que sempre honrando os fatos. 5 TREINAMENTO VISUAL 1. Geologia é uma ciência visual. Para fazer observações perspicazes e criar conceitos mais imaginativos, a habilidade visual do geólogo deve ser inteiramente desenvolvida. 2. Uma forma de desenvolver esta habilidade é através do desenho, de fazer diagramas, e registrar na caderneta de campo as feições geológicas. 3. Com o advento da máquina fotográfica, isto tem sido cada vez mais deixado de lado e perde-se uma das mais poderosasarmas do aprendizado: o pensar visualmente e o observar criticamente, pois ao desenhar o profissional se depara com as dificuldades de interpretar um afloramento. O PENSAMENTO CRIATIVO ESTÁGIO DESCRIÇÃO Primeira Percepção Notar algo que parece errado ou que está faltando Saturação Saturando o cérebro com informação Incubação Colocar o problema de lado por um tempo Iluminação Tornando-se ciente de uma solução para o problema Verificação Testando a solução Aplicação Aplicando a solução 6 1. PRIMEIRA PERCEPÇÃO O exploracionista torna-se ciente do potencial da área, seja pela presença de bons indícios e reservatórios, ou pela presença de uma acumulação análoga próxima, ou porque tem o conhecimento de uma nova técnica que pode mudar o valor econômico de um determinado play. 2. SATURAÇÃO Envolve um completo estudo de toda a informação relativa ao problema, como poços de controle, geologia de superfície e subsuperfície e dados sísmicos. Uma vez que a mente encontra-se totalmente saturada, então é tempo para o processo de incubação, que implica na atuação do subconsciente e na análise dos dados. 3. INCUBAÇÃO Um dos principais bloqueios à criatividade ocorre ao fim do estágio de saturação. Nós condicionamo-nos a acreditar que, uma vez os dados reunidos e estudados, seríamos capazes de colocá-los em algum tipo de fórmula e vir com uma resposta rápida. Esta não é a seqüência do processo criativo. A informação deve ser processada no subconsciente para que uma resposta seja encontrada. Depois da saturação, o melhor é relaxar e permitir ao subconsciente trabalhar no problema. 7 4. ILUMINAÇÃO Em geral quando você está no meio da noite, ou caminhando, ou olhando pela janela, a solução de uma questão vem num flash. De repente, toma-se consciência da resposta ao problema desenvolvido no subconsciente. 5. VERIFICAÇÃO A resposta ao problema pode ou não ser correta. Assim, deve- se testar rigorosamente a idéia. Isto inclui todos os dados de subsuperfície e de superfície. Caso se mantenha correta, deve- se mover para o último estágio. 6. APLICAÇÃO Deve-se encontrar os meios financeiros para se testar a idéia (prospecto) através da perfuração de um poço ou, pelo menos, conduzir algum trabalho de campo ou atirar nova sísmica. Esta é uma fase de convencimento a quem possui os recursos para tal. 8 MELHORANDO O PROCESSO DE PENSAMENTO CRIATIVO Três condições promovem o pensamento criativo: 1. MOTIVAÇÃO: porque pensamento criativo significa trabalho árduo; 2. INFORMAÇÃO: porque novos conceitos exploratórios são criados a partir de informações que sejam corretas e prontamente disponíveis; 3. FLEXIBILIDADE: porque quando nossos conceitos estão errados, nós devemos ser suficientemente flexíveis para mudá-los. VISUALIZAÇÃO Através do desenho e de outros exercícios visuais, podemos trazer para o consciente o nosso lado direito do cérebro, assim aumentando grandemente nossa habilidade criativa. Desenhar força-nos a extrair do objeto desenhado somente os elementos importantes do mesmo. 9 PESQUISA COM EXPLORACIONISTAS BEM- SUCEDIDOS 1. Que conselho você daria para alguém que deseje tornar-se um exploracionista? R.: Tenha uma boa formação, trabalhe com um mentor bem- sucedido, estude histórias de casos de campos de óleo e gás e use toda a informação disponível. 2. Qual seu período mais produtivo? R.: Não foram bem-sucedidos até que tivessem cinco ou mais anos de experiência. 3. Qual o fator motivador mais importante? R.: A excitação da busca. Dinheiro é bom, mas não é o verdadeiro agente motivador. 4. Alguém ensinou você a achar óleo? R.: Apesar da importância de um mentor, a maioria disse que aprendeu por si mesmo. 5. Você gosta de desenhar? R.: 86% disseram que sim. 6. De onde você consegue suas melhores idéias para novos plays? R.: Desenvolver e aplicar análogos a partir de um forte conhecimento de histórias de casos é valioso. 7. Como você supera o bloqueio do exploracionista? R.: Coloco o problema de lado por um tempo, permitindo incubação. 10 8. Você funciona melhor sozinho ou em equipe? R.: Gostam de um escritório onde possam estar sozinhos mas, quando precisam testar uma idéia, que haja alguém para ajudar. APLICAÇÃO DO MÉTODO CIENTÍFICO NA PROSPECÇÃO Passo Ação Exemplo (s) 1 Coloque o problema • Onde estão as acumulações econômicas de HC 2 Colete dados • Afloramentos, sísmica, métodos potenciais e perfis de poços 3 Formule uma hipótese • Correlacione poços com a sísmica; contorne mapas estruturais e de espessura,etc. 4 Faça predições • Recomende compra de áreas • Recomende perfuração de um poço pioneiro 5 Teste predições observando fenômenos • Detalhe sismicamente um prospecto • Perfure um pioneiro 6 Aceite, modifique ou rejeite a hipótese • Perfure um outro pioneiro • Outro poço para testar uma hipótese modificada • Devolva a área 11 MEDINDO E AVALIANDO PREDIÇÕES CIENTÍFICAS 1. Um ponto importante em prospecção é a comparação entre a previsão esperada por um determinado poço e aquela constatada. 2. Uma forma de medir o grau de confiança em nossas previsões é, onde seja possível, mapas devem ser construídos em dois estágios: Estágio 1: Uma interpretação preliminar que deliberadamente exclui uma porção aleatória da informação disponível. Estágio 2: Um mapa revisado incorporando toda a informação para comparar e testar a interpretação. Estágio 3: Se o previsto versus o constatado não coincide, reveja a hipótese de contorno original e ajuste-a para coincidir com os dados. 12 EXPLORAÇÃO ANÁLOGA 1. Cada armadilha é única devido à complexa combinação de variáveis geológicas que a define. Entretanto, existem feições geológicas que são elementos críticos da acumulação tanto dentro como fora da bacia. 2. Algumas pessoas trabalhando em exploração não têm a imagem mental do que estão procurando. Assim, como alguém pode reconhecer alguma coisa que não sabe com o que se parece? Assim, além de entender o habitat do petróleo, deve-se ter em mente imagens de campos análogos. 3. Visualizar uma acumulação é a chave para explorar qualquer tipo de trapa. O exploracionista deve ter sempre uma imagem mental diante dele para assim maximizar as chances de sucesso. 4. Manter-se sempre focalizado no que se está buscando (os elementos críticos derivados dos análogos) ajuda a definir métodos exploratórios, localização de poços e direção de penetração. 5. Apesar de acumulações de óleo e gás pertenceram a duas amplas categorias, isto é, trapas estruturais e estratigráficas, existem centenas de variações desses tipos de armadilhas. Assim, o exploracionista deve estudar cuidadosamente as várias maneiras como os hidrocarbonetos podem se acumular. Assim, é recomendável o estudo de atlas e compilações de campos de petróleo. 13 6. Normalmente, três a cinco fatores críticos devem estar presentes para que um determinado tipo de armadilha ocorra. Quando estudamos campos análogos locais dentro de uma bacia ou região, ou talvez numa situação similar em outra parte do mundo, podemos desenvolver os elementos críticos de um determinado tipo de play, o qual pode tornar-se numa descoberta. APLICAÇÃO DE ELEMENTOS CRÍTICOS EXEMPLO 1: Turbiditos terciários da Bacia de Campos 1. Alto da seção rifte abaixo do prospecto 2. Janela de sal que permita a migração de óleo do gerador rifte para o reservatório pós-rifte. 3. Falha conectando o gerador e o reservatório. 4. Anomalia de amplitude associada ao refletor referente aos reservatórios. 14 SALSAL RESERVATÓRIOS GERADOR V V V EXEMPLO 2: 1. Fm. Sergi, pré-rifte da Bacia do Recôncavo 2. Bloco falhado 3. Alto estrutural 4. Camadas carreadoras ou contato lateral com o gerador. 15 SISTEMAS PETROLÍFEROS Um SistemaPetrolífero engloba um pod de uma rocha geradora e todas as acumulações de óleo e gás geneticamente relacionadas. Sistema: descreve todos os elementos e processos interdependentes que formam a unidade funcional que cria acumulações de hidrocarbonetos. Petrolífero: descreve compostos que incluem (1) altas concentrações de hidrocarboneto gasoso encontrado não apenas em reservatórios convencionais, mas também em hidratos, reservatórios fechados, folhelho fraturado e carvão, (2) condensado, (3) óleo e (4) betume. ELEMENTOS E PROCESSOS ESSENCIAIS DE SISTEMAS PETROLÍFEROS ELEMENTOS: ♦ Rocha Geradora ♦ Rocha Reservatório ♦ Rocha Selante ♦ Rocha Sobreposta PROCESSOS: ♦ Formação da Armadilha ♦ Geração-Migração-Acumulação de Hidrocarbonetos 16 INVESTIGAÇÃO DO SISTEMA PETROLÍFERO ♦ Correlação óleo-óleo ♦ Correlação óleo-rocha geradora ♦ História de soterramento (geohistória) ♦ Mapa do sistema petrolífero ♦ Seção geológica do sistema petrolífero ♦ Carta de eventos ♦ Tabela com acumulações de hidrocarbonetos ♦ Determinação da eficiência geração-acumulação DENOMINAÇÃO É dada pela designação da: 1. Rocha geradora 2. Rocha reservatório que contém o maior volume de HC in- place 3. Símbolo que expressa o grau de certeza na presença do Sistema Petrolífero EXEMPLO: Nome do reservatório CANDEIAS-SERGI(!) Nome da rocha geradora Grau de certeza 17 GRAU DE CERTEZA DO SISTEMA PETROLÍFERO Indicado por (!) quando conhecido, (.) quando hipotético e (?) quando especulativo. Grau e Certeza Critérios Símbolo Conhecido Correlação petróleo-rocha geradora (!) Hipotético Ausência de correlação HC- rocha geradora, mas evidência geoquímica (.) Especulativo Evidência geológica ou geofísica (?) 18 Passo Tarefa 1 Encontre alguma indicação da presença de um sistema petrolífero 2 Determine o tamanho do sistema petrolífero seguindo os seguintes passos: Passo Tarefa A Agrupe ocorrências de petróleo geneticamente relacionadas através de características geoquímicas e ocorrências estratigráficas B Identifique a rocha geradora usando correlações petróleo-rocha geradora C Localiza a área do depocentro gerador responsável pelas ocorrências de petróleo D Faça uma tabela das acumulações para determinar a quantidade de hidrocarbonetos no sistema petrolífero e qual o reservatório que contém a maior volume de petróleo 3 Nomeie o sistema petrolífero 19 EXTENSÃO TEMPORAL, ESTRATIGRÁFICA E GEOGRÁFICA ASPECTOS TEMPORAIS: um sistema petrolífero tem três aspectos temporais importantes: IDADE: tempo requerido para o processo geração- migração-acumulação de hidrocarbonetos. MOMENTO CRÍTICO: época que melhor demonstra a geração-migração-acumulação de hidrocarbonetos. TEMPO DE PRESERVAÇÃO: começa imediatamente após o término do processo geração-migração-acumulação e se estende até o presente. Durante esta época, remigração, degradação física ou biológica da acumulação pode ocorrer. 20 ASPECTOS ESPACIAIS: cada sistema petrolífero pode ser definido espacialmente pelas suas extensões geográfica e estratigráfica. EXTENSÃO GEOGRÁFICA: ela é determinada pelo momento crítico. É definida como uma linha que circunscreve o depocentro gerador e todas a exsudações de óleo e gás, indícios e acumulações originadas da geradora. 21 22 EXTENSÃO ESTRATIGRÁFICA: compreende as unidades litológicas que compõem os elementos essenciais dentro da extensão geográfica do sistema petrolífero, desde a base do gerador ou do mais profunda acumulação na área, até o topo da rocha sobreposta. CARTA DE EVENTOS: mostra a relação temporal dos elementos essenciais e processos de um sistema petrolífero. Também mostra o tempo de preservação e o momento crítico para o sistema. 23 BACIA, PROVÍNCIA, PLAY, PROSPECTO PROVÍNCIA PETROLÍFERA: área onde o petróleo ocorre em quantidades comerciais. BACIA SEDIMENTAR: depressão preenchida por rochas sedimentares. A depressão é limitada na base pelo embasamento, que pode ser ígneo, metamórfico ou sedimentar. O preenchimento sedimentar inclui a matéria rochosa, matéria orgânica e a água depositadas na depressão. No momento em que o petróleo é gerado, então um sistema petrolífero é formado. SISTEMA PETROLÍFERO: inclui o depocentro gerador, os caminhos de migração do petróleo e as ocorrências de petróleo descobertas geneticamente relacionadas. Assim, o sistema petrolífero inclui somente as ocorrências de petróleo descobertas. PLAY: Consiste em um ou mais prospectos geneticamente relacionados que definem uma ou mais acumulações comerciais de petróleo ainda não descoberto. PROSPECTO: : armadilha potencial que deve ser avaliada por um poço para que seja determinado se a mesma contém quantidades comerciais de petróleo. 24 Item a ser comparado Bacia Sedimentar Sistema petrolífero Play Prospecto Investigação Rochas sedimentar es Petróleo Trapas Trapa Análise Econômica Nenhuma Nenhuma Essencial Essencial Tempo geológico Época de deposição Momento crítico Presente Presente Existência Absoluta Absoluta Condicional Condicional Custo Muito baixo Baixo Alto Muito alto Análise Bacia Sistema Play Prospecto Modelagem Bacia Sistema Play Prospecto RELAÇÃO ENTRE SISTEMA PETROLÍFERO E PLAY Num play, as acumulações de petróleo são comerciais e ainda não foram descobertas; num sistema petrolífero, as ocorrências de petróleo já foram descobertas. Quando um play baseia-se num sistema petrolífero em particular, ele é chamado play complementar. Num play, três variáveis são usualmente avaliadas: potencial petrolífero (fluidos), trapa (rochas sedimentares) e sincronismo (tempo). POTENCIAL PETROLÍFERO (“Petroleum Charge”): é o volume e as características do óleo e do gás disponíveis para o trapa, caso este exista. 25 TRAPA: inclui o reservatório, a selo e a geometria na interface reservatório-selo. SINCRONISMO: refere-se ao fato do trapa ter se formado antes do petróleo entrar no reservatório. O risco exploratório pode ser estimado pela multiplicação das três variáveis acima. Um play localizado dentro ou fora da extensão geográfica do sistema tem o seguinte nível de riscos: 1. Menor risco; acumulações envolvem a trapa. 2. Algum risco; acumulações localizadas em três lados da trapa. 3. Arriscado; acumulações localizadas em apenas um lado da trapa. 4. Maior risco: acumulações distantes do prospecto. 26 EXEMPLOS DE APLICAÇÕES DO CONCEITO 27 APLICAÇÕES EM ESCALA REGIONAL Sistemas petrolíferos podem ser em sistemas verticalmente e lateralmente drenados. SISTEMAS VERTICALMENTE DRENADOS São geralmente encontrados em riftes, deltas, áreas transcorrentes e compressionais onde a migração é controlada por falhas e fraturas. Possuem as seguintes características; ♦ Acumulações ocorrem acima ou próxima ao depocentro gerador. ♦ Migração lateral ocorre a curta distância. ♦ Acumulações múltiplas, empilhadas, possuem óleos geneticamente relacionados. ♦ Exsudações superficiais são comuns em sistemas “supercharged”. ♦ As maiores acumulações raramente são encontradas no início da história de perfuração. 28 SISTEMAS LATERALMENTE DRENADOS Mais usualmente encontradas em bacias cratônicas e de ante- país, em províncias com baixa a moderada deformação estrutural. Possuem um selo lateralmente contínuo sobreposto a um reservatório lateralmente contínuo. Possuem as seguintes características; ♦ Acumulações de óleo geralmente ocorrem em estratos termicamente imaturos localizados longe do depocentro gerador. ♦ Acumulações contendo óleo migrado a longas distâncias em média respondem por 50% do óleo trapeado. ♦ Um único reservatório de mesma idade quea rocha geradora contém a maior parte do petróleo trapeado. ♦ Em sistemas “supercharged”, grandes depósitos de óleo pesado geralmente ocorre em estratos termicamente imaturos próximo à margem erodida (limite geográfico) do sistema petrolífero. ♦ As maiores acumulações são encontradas no início da história de perfuração. 29 GEOLOGIA DE SUPERFÍCIE: IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DE CAMPO Numa campanha de prospecção, o trabalho de campo deve ser usado para a estimativa do risco de um play exploratório. O resultado dele não necessariamente diminui o risco exploratório, mas pode melhorar a definição do risco. Bom planejamento e logística são requeridos para o sucesso de qualquer trabalho de campo. As seguintes tarefas estão associadas com o trabalho de campo: ♦ coleta de amostras para análise; ♦ descrição e medição de pacotes sedimentares; ♦ mapeamento de feições de superfície; ♦ interpretação do significado das relações observadas. O trabalho de campo pode ser de dois tipos: direto e indireto. Trabalho de campo direto: é aquele que é conduzido na bacia que está sendo explorada, onde as formações aflorantes estão presentes em subsuperfície Trabalho de campo indireto: é conduzido em outra bacia, que não aquela sob exploração. Ele aplica-se onde a geologia de superfície de uma bacia bem estudada é usada como análoga da geologia de subsuperfície de uma outra bacia (p. ex., bacias marítimas). 30 POR QUE FAZER O TRABALHO DE CAMPO 1. As técnicas analíticas evoluem. 2. Muito óleo já foi descoberto apenas com geologia de superfície. Obviamente, os objetivos do trabalho devem ser mais variados e especializados, uma vez que as estruturas anticlinais mais óbvias já foram descobertas na maioria das bacias. 3. Velhos mapas não satisfazem as necessidades atuais, como o mapeamento de determinadas mudanças de fácies ou discordâncias sutis que hoje guiam a prospecção exploratória. 4. Integração com outros dados para o entendimento do sistema petrolífero. VANTAGENS DO TRABALHO DE CAMPO • Barato: comparado com outras técnicas. • Vantagem competitiva: o trabalho de campo pode propor recomendações de como prosseguir com a exploração ou gerenciar o risco técnico. • Dados em primeira mão: os mapas existentes podem não ser válidos, pois nunca é clara a distinção entre observação direta e interpretação. • Integração de dados: o trabalho de campo pode ser integrado porque cruza diferente disciplinas. Ex.: folhelhos podem ser analisados para determinação da idade, conteúdo geoquímico ou velocidade acústica. 31 • Aumenta a confiança: o trabalho de campo impulsiona a confiança do exploracionista. Além disso, exibir amostras representativas de uma rocha geradora ou de um reservatório numa apresentação e sempre gera interesse. • Ferramenta de marketing: uma excursão de campo através de afloramentos críticos é útil para incutir interesse em gerentes, parceiros e investidores. • Novas idéias: o trabalho de campo ajuda o exploracionista a gerar novas idéias. Ele provê um ambiente de discussão e permite a aplicação de novos conceitos. As rochas não mudam; o que muda é o modo como as vemos e interpretamos. ELEMENTOS CRÍTICOS Sete elementos são críticos para que uma acumulação de hidrocarbonetos ocorra em subsuperfície: 1. Rocha reservatório 2. Rocha geradora 3. Selo 4. História térmica 5. Migração e trapeamento de hidrocarbonetos 6. História geológica da bacia 7. Estilo e história estrutural 32 AVALIAÇÃO DOS ELEMENTOS CRÍTICOS 1. Que combinação desses elementos críticos ocorreu para formar os campos descobertos? 2. Quais são as principais causas para os poços secos na mesma bacia? 3. Há um elemento comum responsável pelos poços secos? CHECKLIST DOS ELEMENTOS CRÍTICOS 33 34 QUE ELEMENTO É O MENOS ENTENDIDO E POR QUE? Para isso, são necessários os seguintes passos: 1. Exame dos trabalhos anteriores Este é o primeiro passo, realizado através da análise das recomendações, relatórios, mapas, seções sísmicas, seções geológicas, trabalhos de campo, etc. Coteje os resultados num sumário para cada elemento crítico 2. Determinação do estágio exploratório da bacia Determine se a bacia é fronteira, emergente ou madura com respeito à prospecção de petróleo. Bacias consideradas novas fronteiras tendem a beneficiar-se mais do trabalho de campo, pois os elementos críticos não são bem entendidos e não foram ainda provados através de uma descoberta de hidrocarbonetos. Entretanto, bacias emergentes e maduras podem também beneficiar-se do trabalho de campo. 35 36 3. Confecção de uma coluna estratigráfica Confeccione uma coluna estratigráfica mostrando o que é conhecido sobre cada um dos sete elementos. Uma coluna estratigráfica desse tipo pode mostrar o seguinte: • Arranjo vertical e espessura relativa das formações • Formações que afloram • Significado exploratório de cada formação • Sumário sucinto do que é conhecido em subsuperfície • Inter-relação entre a superfície e a subsuperfície. 37 ESTIMANDO O RISCO Risco: é uma exposição a um resultado indesejável ou a uma chance de perda. Em exploração é a exposição à ocorrência de um poço seco após uma campanha exploratória. Determinação do risco: determine o risco associado com cada elemento crítico. Por exemplo, para reservatório pode ser espessura ou preservação da porosidade; para rocha geradora, pode ser riqueza orgânica ou maturidade. Hierarquize o risco do maior p/ o menor: 1. Porosidade do reservatório 2. Maturidade da rocha geradora 3. Espessura do reservatório Os elementos críticos de maior risco (risco-chave) são aqueles com os quais se deve ter as maiores preocupações. Reduzindo o risco: que informação é necessária para reduzir- se ou estimar-se melhor os maiores riscos. Por exemplo, que dado de campo você escolheria para a estimativa da porosidade do reservatório? Assim, planejar um método que contemple as dúvidas sobre cada risco-chave é o passo mais importante em qualquer projeto de campo. Isto feito, os objetivos do trabalho de campo aparecem naturalmente. 38 APÓS TUDO ISTO, AINDA É NECESSÁRIO O TRABALHO DE CAMPO? O trabalho de campo poderá preencher lacunas na estimativa do risco dos elementos críticos, como porosidade do reservatório, conteúdo orgânico da geradora, capacidade selante da armadilha, etc. Além disso, dados de campo são a base para interpretações geológicas da escala regional para a microscópica. OBJEÇÕES AO TRABALHO DE CAMPO Nem todos os geólogos aceitam a importância do trabalho de campo. Assim, a contínua relevância do trabalho de campo não é universalmente reconhecida FRASES DERROTISTAS 1. Toda geologia de superfície já foi feita. Não há nada de novo a fazer. • Isto é um engano, pois no campo a tendência é ver somente o que fomos treinados para ver. Assim, novas técnicas e conceitos levam a novas idéias que não foram antes aplicadas. 2. Os dados de campo e os mapas de superfície existentes são suficientemente bons. • Como podemos dizer que os mapas são bons o bastante se não foram testados? 3. Outras atividades têm uma maior prioridade do que o trabalho de campo. 39 • Isto pode ser verdadeiro. Entretanto, prioridades baseadas em falta de informação são extremamente perigosas. 4. Não há afloramentos em minha área. • Isto pode ser verdadeiro, tal como em bacias marítimas. Tente usar análogos – modernos, antigos ou ambos – como ferramentas preditivas e guias para a interpretação 5. O resultado final de um trabalho de campo é incerto. • Incerteza é o caso com a maioria das coisas na vida. Se pensarmos assim, nunca nada será feito. 6. Nenhum dos geólogos trabalhando no projeto tem experiência de campo. • Uma grande oportunidade de treinamento está à espera dos inexperientes. No projetodevem estar mesclados veteranos e noviços, pois de outro modo o número daqueles com experiência de campo continuará a declinar. 7. O método é de muito baixa tecnologia e ultrapassado para ser significativo hoje. • Geólogos de escritório baseiam-se perigosamente em dados de segunda e terceira mão. Eles colocam esses dados num computador e esperam que os resultados façam sentido. Dados de campo são de primeira mão e assim podem ter sua qualidade assegurada. 8. O trabalho de campo custa muito dinheiro. • Quanto custaria não ter a informação necessária? 9. O trabalho de campo é apenas mais uma diversão • Sim, alguns geólogos retornam do trabalho de campo falando mais do bom tempo que tiveram do que dos dados que coletaram, dando a impressão de que tiveram somente 40 diversão. A verdade é que, nem todo trabalho de campo é fácil. É necessário boa forma física, tolerar condições adversas, apreciar desafios e, mais importante, incorporar os resultados ao esforço exploratório geral. PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO DE CAMPO 41 QUANDO IR PARA O CAMPO A época da realização do trabalho de campo é de fundamental importância no projeto. Assim, deve-se conduzir a campanha no momento em que os resultados terão maior impacto no projeto. O melhor momento é durante a época de aquisição sísmica. Ao tempo em que as linhas são atiradas, processadas e estejam prontas para serem interpretadas, os dados de campo estarão compilados e prontos para serem incorporados à interpretação. Além disso, o acampamento da equipe sísmica pode ser usado pela equipe de geologia de superfície. O QUE DEVE SER LEVADO EM CONTA Antes de ir para o campo, (1) determine a escala do trabalho, (2) examine mapas geológicos e imagens de sensoriamento remoto, e (3) avalie a qualidade dos afloramentos. 1. Determine a escala do trabalho: uma tarefa importante é despender o tempo de campo de acordo com a escala e os objetivos do projeto (da tectônica até a microscópica). Se o objetivo principal for interpretar o estilo estrutural, então fotografias aéreas serão importantes. 2. Examine os mapas geológicos: levante as seguintes questões • Está satisfeito e confiante nos mapas? • O mapeamento faz sentido? Se não, por que não faz? 42 • Há afloramentos acessíveis das formações que ocorrem em subsuperfície? • Quão abundantes são as exposições na área de estudo? • Como foi estudada a área e com que objetivos em mente? 3. Adquira imagens de sensoriamento remoto: fotografias aéreas, imagens de Landsat, SPOT e Radar são úteis em avaliar a geologia de superfície. Imagens de sensoriamento remoto podem ser úteis numa análise preliminar da área de campo, tendo as seguintes virtudes: • Dá uma “visão de pássaro” na área de estudo. • Ajuda a avaliar os mapas geológicos existentes. • Influencia o planejamento do itinerário de campo. • Mostra padrões de afloramentos. • Mostra as drenagens em relação aos padrões de afloramento. • Exibe o papel que a vegetação exerce no programa. • Dá uma visão dos lineamentos, falhas e fraturas. • Revela anomalias a serem investigadas. 4. Avalie a qualidade dos afloramentos: a qualidade dos afloramentos vai ser altamente influenciada pelo clima. Devido à pouca vegetação, áreas desérticas tendem a ter afloramentos de boa qualidade, ocorrendo o inverso em áreas tropicais. Se você não tem idéia da localização dos melhores afloramentos, consulte especialistas. Saiba antes de ir e economize dinheiro e esforço. 43 44 REVISANDO TRABALHOS ANTERIORES Seja crítico ao usar trabalhos anteriores: pergunte a si mesmo: 1. Quais foram os objetivos dos projetos de campo anteriores? Foram eles atingidos? Há alguma coisa que foi feita ou que não foi feita e que você deveria fazer? 2. Os trabalhos anteriores visavam a busca de hidrocarbonetos? Caso positivo, pode você utilizar os dados? Caso negativo, são os dados ainda úteis? 3. Os trabalhos anteriores provêem alguma das respostas que você necessita ou levantam mais questões? Conheça as seções tipo da área de estudo: reveja as seções tipo disponíveis na literatura e faça as seguintes perguntas: 1.Onde as formações foram descritas pela primeira vez na área de estudo? 2. Quem primeiro as descreveu? Faça um reconhecimento nas linhas sísmicas: faça um reconhecimento ao longo das linhas sísmicas e documente os afloramentos de acordo com os pontos de tiro. Considere um sobrevôo: um sobrevôo num pequeno avião é um modo excelente de se ter uma idéia do terreno, tamanho da área, rotas de acesso, etc. Fotografias tomadas no vôo são uma ótima maneira de ilustrar idéias sobre a área, especialmente feições de grande escala que não podem ser fotografadas do terreno. 45 RECOMENDAÇÕES ÚTEIS Estratégia de amostragem: planeje tanto quanto possível 1. Que equipamentos (martelos, pás, etc.) são necessários para a amostragem? 2. Que amostras necessitam ser coletadas e com que propósito? 3. Quem irá coletar as amostras e como elas serão selecionadas? 4. O intemperismo das amostras é um fator limitador? 5. Conjuntos múltiplos de amostras serão coletados para análises? Se positivo, quantos? 6. Como as amostras devem ser transportadas (sacos de plástico, de pano, caixas, etc.)? Alguma precaução especial deverá ser tomada para evitar contaminação ou desagregação da amostra? Procure anomalias: procure anomalias como exsudações, fontes termais, anomalias topográficas. As questões colocadas são: 1. Por que elas ocorrem onde estão? 2. O que elas esclarecem sobre a geologia da área? 3. Elas levantam questões a serem respondidas? 46 PLANEJAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO Trabalhos de campo não são conduzidos da mesma maneira em duas áreas diferentes. O que é comum é a necessidade de planejamento para um trabalho de campo exeqüível. 1. Quanto vai custar o trabalho? O orçamento deve prever o seguinte: • Aquisição de dados • Compra de equipamentos • Salário dos participantes • Transporte para o campo para pessoal e equipamento • Transporte no campo para pessoal e equipamento • Reparo de veículos e/ou equipamentos • Comida, água, etc. • Pernoite da equipe no campo • Seguro de acidente • Comunicação entre o campo e o escritório • Análises especiais dos dados e/ou amostras coletadas • Preparação e distribuição do relatório final PLANEJAMENTO DO ITINERÁRIO • Conheça os objetivos exploratórios e planeje em função deles. • Marque pontos no mapa com as localidades a serem estudadas, e estabeleça aproximadamente quanto tempo irá despender em cada uma. • Aceite que o planejamento de campo nem sempre pode ser específico. Às vezes o melhor a ser feito é dizer 47 “Precisamos despender um dia nesta área para ver o que existe por lá”. • Hospede-se tão próximo aos afloramentos quanto possível. • Conheça rotas de acesso aos afloramentos e estradas, e saiba quanto demora de viajar do ponto A para o ponto B. • Conheça a topografia, drenagem e vegetação da área. • Estimule contribuições ao estabelecimento do itinerário dos outros membros da equipe. • Deixe espaço para o mau tempo e o inesperado. QUEM LEVAR PARA O CAMPO? 1. Determine o grau de especialidade necessário para o projeto. Por exemplo, o trabalho pode requerer um carbonatólogo, um estruturalista ou um geoquímico. 2. Caso não conheça um especialista, identifique-os através da literatura, sociedades geológicas locais, autoridades mineiras e universidades. 3. Um geólogo de campo local pode ser extremamente útil pelo conhecimento da localização dos afloramentos e por permitir uma troca de idéias com quem já conhece a área. 48 QUANDO IR PARA O CAMPO? 1. Conduza o trabalho de campo na época em que ele mais vai contribuir para o projeto. 2. Determine a melhor época do ano de acordo com as condições climáticas. 3. Decida se o trabalho será feito de uma só vez ou emetapas, como por exemplo: I. Fase de reconhecimento inicial para determinar acessos e questões logísticas. II.Fase de coleta de dados em que o trabalho é conduzido em detalhe. III. Fase final para verificar a qualidade do trabalho, coletar amostras adicionais e fechar “janelas” existentes. 4. Determine a duração do trabalho, que pode ser de dias a semanas, a depender do número de pessoas, tamanho da área e número de afloramentos a serem estudados. 5. Faça um cronograma e acompanhe-o durante o trabalho (Microsoft Project é um bom para isto). Ao retornar, avalie quão efetivo foi o uso do tempo no campo. O QUE LEVAR PARA O CAMPO? 1. Determine como a equipe irá para o campo e o que precisarão levar através de um cheklist. 2. Como a equipe irá se mover no campo? • Será em carros comuns? Jeeps? Helicópteros? Barcos? 49 • Quantas pessoas constituem o grupo e que equipamentos irão carregar? • Há combustível e serviços disponíveis para os veículos? • A equipe estará sempre junta ou será necessário que se separem durante o trabalho? Do ponto de vista de segurança, ninguém deve trabalhar sozinho no campo. EQUIPAMENTO 50 DADOS E REFERÊNCIAS Lista de dados e referências a serem levadas para o campo. Material de referência e discussão Seções geológicas selecionadas Linhas sísmicas selecionadas Mapas selecionados Colunas estratigráficas Fotografias aéreas e imagens de sensoriamento remoto Mapas topográficos Guias de campo preexistentes. ESTEJA PREPARADO 1. Aprenda o básico sobre a área, incluindo costumes, língua e comida, se diferentes da sua própria. 2. Obtenha as permissões necessárias de proprietários e autoridades, se possível por escrito. 3. Identifique acidente potenciais no campo. Carregue um estojo de primeiros socorros e soro anti-ofídico. Também verifique as condições médicas dos membros da equipe, tais como alergias a comida, remédios ou insetos. 4. Mantenha-se em contato com o escritório, principalmente se estiver trabalhando numa área isolada. 51 COLETA DE DADOS 1. A coleta de dados é fundamental no campo. Tenha um sistema de coleta e o registro dele. 2. Escreva a cada dia suas principais idéias e observações. Isto irá facilitar na preparação do relatório final. Amostras: mantenha uma lista ou planilha de todas as amostras coletadas. Um laptop é ótimo para isto, mas uma caderneta de campo também vai bem. Informações úteis são: 1. Número do ponto onde a amostra foi coletada. 2. Análise planejada para a amostra. 3. Número de amostras duplicadas, se houver. 4. Coordenadas do ponto de coleta da amostra. Rótulos da amostras: determine um sistema de rótulo para os sacos de amostragem. Um sistema efetivo deve incluir a data, número do ponto e número da amostra, marcados com tinta indelével. Exemplo: 23/4-5-22G: amostra coletada dia 23 de abril no ponto 5, vigésima segunda amostra para análise geoquímica. Tamanho: saiba o tamanho das amostras a serem coletadas de acordo com os tipos de análises a serem realizadas. 52 RETORNO DO CAMPO • Reveja o itinerário percorrido • Sumarie os dados coletados • Comece a análise das amostras • Formule as recomendações preliminares • Estime quando as análises e as recomendações estarão completas. Os resultados do trabalho de campo podem influenciar o curso da exploração de três maneiras: 1. Melhorar ou refinar a interpretação de subsuperfície 2. Indicar se mais dados deveriam ser coletados ou nova tecnologia aplicada 3. Guiar o planejamento da operação Devemos lembrar que após um trabalho de campo pode-se recomendar (1) nenhuma ação, (2) aquisição de mais dados ou (3) perfuração de poços. 53 EVITANDO PROBLEMAS Campanhas de campo fracassam pelas seguintes razões: • Mau tempo • Coleta pobre de dados • Estratégia de amostragem pobre • Mau planejamento • Objetivos não realistas • Resultados confusos ou pobremente documentados Alguns dos fatores acima estão sob o controle de quem planeja a campanha. Assim: 1. Conheça as limitações da equipe de campo. 2. Gerencie o tempo efetivamente, seja realístico e planeje. 3. Quando no afloramento, aproveite ao máximo o momento. 4. Saiba exatamente que informação você quer de cada afloramento antes de chegar no ponto. 5. Documente suas observações da maneira mais completa e clara possível. 54 GEOQUÍMICA DE SUPERFÍCIE NA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO Exsudações de óleo e gás têm sido notadas por milhares de anos e levaram à descoberta de muitas áreas produtoras de petróleo. A prospecção geoquímica de superfície para petróleo consiste na busca de ocorrências de hidrocarbonetos e seus produtos de alteração quimicamente identificáveis, os quais servem como indicativos da localização de acumulações ainda não descobertas de óleo e gás. Todos os métodos de prospecção geoquímica de superfície assumem que os hidrocarbonetos gerados e acumulados em profundidade vazam em quantidades variáveis, detectáveis em superfície. As técnicas de prospecção geoquímica podem ser diretas ou indiretas. Técnicas diretas analisam pequenas quantidades de hidrocarbonetos que ocorrem no espaço poroso no solo, ou que são adsorvidas na porção de granulometria fina do solo, ou que são incorporadas aos cimentos do solo. Técnicas indiretas detectam mudanças induzidas pelas exsudações no solo, sedimentos e vegetação. Em relação à verificação de anomalias geoquímicas, há agora um consenso nos seguintes pontos: 1. Todas as bacias exibem algum tipo de indicação de hidrocarbonetos próximo ou na superfície. 55 2. As acumulações de petróleo são dinâmicas e seus selos são imperfeitos. 3. Exsudações de hidrocarboneto podem ser ativas ou passivas, e são visíveis (macro-exsudações) ou somente detectáveis analiticamente (micro-exsudações). 4. Hidrocarbonetos movem-se verticalmente, através de milhares de metros de estratos, por falhas ou fraturas em tempo relativamente curto (semanas a anos). 5. O processo de migração é principalmente vertical mas pode também ocorrer lateralmente a grandes distâncias. 6. As relações entre as anomalias de superfície e de subsuperfície variam de simples a muito complexas. A presença de uma anomalia geoquímica na superfície não garante uma descoberta comercial de petróleo, mas estabelece a presença de hidrocarbonetos na área de interesse. A exsudação representa o fim do caminho da migração e assim as estruturas ao longo desse caminho devem ser consideradas mais prospectivas do que aquelas não-associadas com tais anomalias. 56 BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA GEOQUÍMICA AO PROGRAMA DE EXPLORAÇÃO 1. Permite detecção direta de hidrocarbonetos ou induzida em solos, sedimentos ou no fundo do mar. 2. Documentar a presença de um sistema petrolífero efetivo. 3. Possibilita a hierarquização de bacias, plays ou prospectos antes da obtenção de licenças de exploração ou condução de aquisições sísmicas detalhadas. 4. Gera leads geoquímicos para avaliação geofísica e geológica posterior. 5. Avalia áreas onde levantamentos geofísicos são impraticáveis ou ineficientes devido a fatores geológicos ou ambientais. 6. Tem pouco ou nenhum impacto ambiental (a maioria dos métodos). PREMISSAS BÁSICAS 1. Hidrocarbonetos são gerados e acumulados em profundidade e vazam para a superfície em quantidades variáveis mas detectáveis. Além disso, é conhecida a relação estreita entre exsudações e fraturas e falhas. 2. A anomalia na superfície pode ser confiavelmente relacionada com uma acumulação de petróleo em 57 profundidade, sendo isto mais verdadeiro em áreas onde a geologia é relativamente simples. 3. A anomalia geoquímica ou microbiológica representa o final do caminho de migração, um caminho que pode ser de curta distância na vertical ou de longa distância na migração lateral.TIPOS DE EXSUDAÇÕES 58 LIMITAÇÕES E INCERTEZAS As limitações podem ser em decorrência da geologia da área ou do próprio método geoquímico escolhido. 1. LIMITAÇÕES GEOLÓGICAS a) A expressão geoquímica da exsudação é complexa e variada. b) Não há uma correlação direta entre a anomalia de superfície e a acumulação em subsuperfície. c) A integração bem-sucedida dos dados de geoquímica de superfície com a geologia de subsuperfície torna-se progressivamente mais difícil cada vez que a geologia torna-se mais complexa. d) Reservatórios que são significativamente subpressurizados ou que contêm óleo pesado podem não ser detectados pelo método. 2. LIMITAÇÕES INERENTES AO MÉTODO a) Nenhum método isolado funciona em todo lugar; há muitos métodos para serem escolhidos. b) Uma anomalia de superfície não pode ser relacionada a um reservatório ou a uma profundidade específica. 59 c) Subamostragem e/ou uso de técnicas de amostragem impróprias causam ambigüidade que levam a erros de interpretação. d) A presença de uma anomalia geoquímica na superfície não garante uma descoberta comercial de quantidades significativas de petróleo. ATIVIDADE DA EXSUDAÇÃO Atividade da exsudação refere-se à taxa de exsudação de hidrocarbonetos. Dois termos extremos são diferenciados na atividade de exsudação: ativa e passiva. EXSUDAÇÃO ATIVA Refere-se a áreas onde hidrocarbonetos exsudam em grandes concentrações em sedimentos rasos e solos, e na coluna d’água nas bacias marítimas. São facilmente detectáveis pelas técnicas de amostragem existentes. Ocorrem em bacias que estão presentemente gerando hidrocarbonetos e/ou que contêm excelentes caminhos de migração. 60 EXSUDAÇÃO PASSIVA Refere-se a áreas onde não está ocorrendo uma exsudação ativa. As exsudações usualmente contêm hidrocarbonetos de baixo peso molecular e hidrocarbonetos voláteis de alto peso molecular em concentrações acima do background. Exsudações em níveis anômalos podem ser detectadas apenas próximo a pontos de maior vazamento ou abaixo da zona de distúrbio máximo. ZONA DE DISTÚRBIO MÁXIMO Consiste numa zona que ocorre próximo à superfície, a profundidades e espessura variáveis, na qual processos sedimentares e biológicos alteram ou destroem hidrocarbonetos voláteis. Concentrações anômalas de hidrocarbonetos podem não ser detectadas se as amostras não são coletadas a profundidades abaixo da zona de distúrbio máximo. Amostragens mais profundas podem ser requeridas em zonas de exsudação passiva. 61 MICRO-EXSUDAÇÕES x MACRO-EXSUDAÇÕES Há um contínuo de concentrações de exsudações desde os menores níveis detectáveis até exsudações visíveis. MACRO-EXSUDAÇÕES Referem-se a exsudações de óleo e gás visíveis. Ocorrem em áreas muito localizadas que contêm grandes concentrações de hidrocarbonetos leves e, se houver, hidrocarbonetos de alto peso molecular. Localizam-se em terminações de falhas, fraturas e discordâncias e camadas carreadoras aflorantes. 62 MICRO-EXSUDAÇÕES São definidas como altas concentrações de voláteis ou semi- voláteis detectáveis analiticamente em solos, sedimentos ou na água. Essas exsudações invisíveis são reconhecidas pela presença anômala de um dos seguintes: 1. Hidrocarbonetos leves (principalmente C1- C5). 2. Hidrocarbonetos voláteis ou semi-voláteis de alto peso molecular (tal como HC de 2-4 anéis aromáticos). 3. Micróbios oxidantes de hidrocarbonetos. 4. Produtos de alteração induzidos por hidrocarbonetos. A maioria dos métodos geoquímicos de superfície foram desenvolvidos para a detecção de micro-exsudações. EVIDÊNCIAS DE MICRO-EXSUDAÇÕES Comprovações da existência de micro-exsudações são as seguintes: 1. Aumento da concentração de HC leves e micróbios oxidantes de hidrocarbonetos em solos e sedimentos acima de reservatórios de petróleo. 2. Aumento da razão de hidrocarbonetos leves no gás do solo acima de reservatórios de óleo e gás. 63 3. Mudanças laterais abruptas nas concentrações e razões acima citadas ao longo das bordas das projeções desses reservatórios na superfície. 4. Similaridades das razões isotópicas de carbono para o metano e outros HC leves nos gases do solo e naqueles encontrados nos reservatórios subjacentes. 5. Desaparecimento e reaparecimento de anomalias de gás e microbiana em resposta à depleção e repressurização do reservatório. A taxa de migração na formação de micro-exsudações varia de menos de 1 metro por dia a dezenas de metros por dia. EVIDÊNCIAS GEOQUÍMICAS DE EXSUDAÇÕES ♦ Concentrações anômalas de HC em sedimentos, solos, água e mesmo na atmosfera. ♦ Anomalias microbiológicas. ♦ Anomalias de gases inertes como hélio e radônio. ♦ Mudanças mineralógicas como a formação de calcita, pirita, urânio, enxofre, sulfetos e certos óxidos de ferro magnéticos. ♦ Alterações de minerais de argila ♦ Anomalias radioativas 64 ♦ Anomalias geotérmicas e hidrológicas ♦ Anomalias geobotânicas ♦ Propriedades acústicas, elétricas e magnéticas alteradas dos solos e sedimentos ZONAS DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO Bactérias e outros micróbios têm um profundo papel na oxidação de hidrocarbonetos que migram até a superfície. A atividade microbiológica, juntamente com a migração de longo-termo de HC, levam ao desenvolvimento de zonas de oxidação-redução que favorecem mudanças químicas e mineralógicas induzidas por hidrocarbonetos. Essa complexidade de manifestações levou a um grande número de técnicas de prospecção geoquímica, p. exemplo: 1. detecção de hidrocarbonetos diretamente em amostras da superfície ou do fundo do mar; 2. detecção de atividade microbiana relacionada a exsudações; 3. detecção de efeitos secundários de alterações induzidas por hidrocarbonetos. 65 66 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE HIDROCARBONETOS MÉTODOS GEOQUÍMICOS DIRETOS São métodos projetados para a detecção de HC nos solos, em sedimentos próximos à superfície, em sedimentos do fundo do mar e nas águas. Detecção de Hidrocarbonetos Leves (metano a pentano): um dos primeiros, mais pesquisados e testados métodos de geoquímica de superfície. Os hidrocarbonetos leves podem ser detectados como: • gás livre nos poros efetivos; • gás intersticial aprisionado no espaço poroso entre grãos; • gás adsorvido em partículas sedimentares ou aprisionados dentro de cimentos carbonáticos; • gás dissolvido na água ou presente na atmosfera. Detecção de Hidrocarbonetos Pesados: são compostos aromáticos, hidrocarbonetos na faixa gasolina, e óleos normais ou biodegradados, detectados principalmente ao longo do caminho de falhas ou fraturas. 67 MÉTODOS GEOQUÍMICOS INDIRETOS São todos baseados na premissa de que alterações de sedimentos e do solo são induzidas por exsudações. Incluem os seguintes métodos de detecção: 1. Microbiano 2. Hélio 3. Radiométrico 4. Iodo 5. Alteração do solo 6. Elementos-traço 7. Elétrico 8. Magnético 9. Biogeoquímico 10. Geobotânico 68 DETECÇÃO INDIRETA DE HIDROCARBONETOS Alguns métodos indiretos são melhor entendidos e confiáveis do que outros, como por exemplo: 1. Métodos microbianos (“Geomicrobiologia”) detectam a presença de micróbios oxidantes de hidrocarbonetos nos solos e sedimentos. Esses micróbios não são esperados em quantidades significativas se não houver uma fonte de hidrocarbonetos presente, como uma exsudação. 2. Hélio: não se encontra associado apenas com o petróleo, mas é um constituinte comum em acumulações de petróleo. Devido à sua mobilidade, inércia química e natureza abiogênica constitui-se num marco geoquímico indireto. Os outros métodos indiretos são menos entendidos e nem sempre associados apenas com exsudações de petróleo. OBJETIVOS DO LEVANTAMENTO GEOQUÍMICO Os principais objetivos de um levantamentogeoquímico são: 1. estabelecer a presença, distribuição e composição dos hidrocarbonetos na área de interesse; 2. determinar o alimentador de hidrocarbonetos provável para leads e prospectos específicos. 69 LEVANTAMENTO DE RECONHECIMENTO Tem como objetivo a comprovação da presença de hidrocarbonetos termogênicos, ou seja, a existência de um sistema petrolífero efetivo. Além disso, a composição das exsudações indica se uma bacia ou play é mais adequado para a prospecção de óleo ou de gás. As exsudações também podem ser correlacionadas com algum óleo ou gás conhecido e assim identificar o sistema petrolífero específico presente. Um outro ganho é assegurar que uma futura aquisição sísmica cubra áreas com anomalias geoquímicas identificadas. AVALIAÇÃO DE LEADS E PROSPECTOS Se o objetivo do levantamento é avaliar leads e prospectos específicos, as anomalias podem servir para a hierarquização dos prospectos com base nas associações desses prospectos com as anomalias. AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO Levantamentos detalhados podem ajudar na escolha de poços dentro de um campo de petróleo nas bordas do mesmo, delinear os limites de campos subdesenvolvidos e identificar compartimentos não-drenados ou bypassed. 70 SELEÇÃO DO MÉTODO DE LEVANTAMENTO Vai depender das questões que precisam ser respondidas: 1. Qual é o objetivo do levantamento – demonstrar a presença de um sistema petrolífero numa área de fronteira, hierarquizar prospectos e leads ou determinar o tipo de petróleo (óleo ou gás) a ser encontrado? 2. Que outros dados são disponíveis na área do levantamento (imagens de satélite, aeromagnetometria, gravimetria, sísmica, etc.)? 3. Que outros métodos geoquímicos foram previamente utilizados com sucesso na área de interesse ou numa área geologicamente análoga? 4. Que limitações são impostas na área do levantamento (terra ou mar, água rasa ou profunda, floresta ou deserto, bacia remota ou madura, limites de orçamento ou de pessoal)? Métodos diretos são preferíveis a métodos indiretos pois podem identificar a natureza e maturidade da rocha geradora. Entretanto, sempre que possível use mais de um método geoquímico, por exemplo combine um direto e um indireto. 71 LEVANTAMENTOS EM BACIAS MARÍTIMAS Meio a ser amostrado Objeto a ser analisado Métodos Atmosfera Hidrocarbonetos Radar ou laser Água superficial Manchas de óleo Sensores remotos ou amostragem direta Água Hidrocarbonetos dissolvidos Farejador marinho, análise da água Macro ou micro- exsudações Sísmica de alta resolução, sonar, amostragem direta Fundo do mar Alterações induzidas por hidrocarbonetos Contrates topográficos, acústicos ou de temperatura: amostragem para indicadores microbianos ou geoquímicos 72 LEVANTAMENTOS EM BACIAS TERRESTRES Meio a ser amostrado Objeto a ser analisado Métodos Macro- exsudações de óleo e gás, manchas, impregnações Mapeamento geológico, registro histórico, sensoriamento remoto amostragem direta Micro-exsudações Amostragem do solo e do sedimento Superfície do terreno Alteração induzida por hidrocarbonetos Amostragem do solo e do sedimento para indicadores microbianos e geoquímicos; aeromagnetismo; métodos elétricos e radiométricos Hidrocarbonetos leves Câmaras ou coletores especiais Ar do solo Não- hidrocarbonetos Câmaras ou coletores especiais Hidrocarbonetos leves, aromáticos Desagregação da amostra ou extração ácida para cromatografia; fluorescência ultra-violeta Solo/ Sedimento Não- hidrocarbonetos ou anomalias diagenéticas Micróbios oxidantes de HC, sais no solo (carbonatos, iodatos, sulfatos, etc.); minerais de argila, metais traço; susceptibilidade magnética; radiometria 73 PROJETANDO UM LEVANTAMENTO A tabela abaixo pode ser utilizada como um guia para organização do projeto: Passo Ação 1 Pesquise o (s) método (s); investigue as contratadas 2 Use mais de um método quando possível 3 Guie-se pela experiência passada na bacia 4 Baseie o programa de amostragem no tamanho do alvo e na geologia 5 Realize um levantamento para calibração num campo análogo 6 Integre com os dados geológicos e geofísicos LOCALIZAÇÃO DAS AMOSTRAS 1. Em áreas de fronteira, comece com a busca e a análise de exsudações visíveis de óleo e gás. 2. Dados geoquímicos adicionais podem ser necessários ao longo de linhas sísmicas ou ao longo de seções regionais localizadas sobre feições geológicas relevantes. 3. A depender dos objetivos do levantamento, o espaçamento das amostras pode variar de 500 – 1.000 m ao extremo de 50 – 100 m. 74 ALGUMAS DICAS PARA INTERPRETAÇÃO Exsudações de hidrocarbonetos podem representar o vazamento a partir de uma acumulação ou a partir de uma camada carreadora ou outro caminho de migração. 1. Anomalias e Migração Vertical: se a bacia é caracterizada predominantemente por migração vertical então uma anomalia em superfície pode ser correlacionada com a presença de um trapa com hidrocarbonetos em subsuperfície. 2. Anomalias e Migração Lateral: se a bacia é caracterizada por migração predominantemente lateral, então a interpretação é mais difícil uma vez que a as anomalias podem não estar localizadas diretamente acima da acumulação. Nesse caso é necessária uma boa integração com os dados geológicos e geofísicos. 3. Composição dos Hidrocarbonetos da Macro- Exsudação: o petróleo visível na maioria de exsudações de óleo e gás geralmente estão alterados por biodegradação e perda de voláteis. Apesar disso, a análise química e isotópica da de tais exsudações permite inferir- se a natureza da rocha geradora (p. exemplo, se marinha ou lacustre), grau de maturação e correlação com rochas geradoras conhecidas e óleos existentes na bacia. 4. Composição dos Hidrocarbonetos da Micro- Exsudação: nesse caso, a obtenção de informação analítica é mais difícil pois geralmente somente hidrocarbonetos leves estão presentes (metano a pentano). Algumas vezes a fração gasolina e aromáticos também 75 estão presentes. A composição do petróleo pode ser inferida pelas razões hidrocarboneto/gás do solo, composição isotópica dos gases do solo, fluorescência característica de extratos do solo ou de sedimentos, e análise cromatográfica do extrato. 76 MAGNETOMETRIA USO DA MAGNETOMETRIA NA PROSPECÇÃO 1. A magnetometria é capaz de delinear blocos de embasamento falhado através do uso e interpretação de mapas residuais e perfis magnéticos. 2. Distúrbios magnéticos causados por rochas são efeitos localizados no campo magnético normal da terra. 3. A magnetita não é o único mineral magnético, mas é a causa dominante de anomalias. 4. O conteúdo de magnetita de rochas do embasamento pode ser duas ordens de magnitude (100 vezes) maior do que o conteúdo de rochas sedimentares. Assim, variações no campo magnético resultam principalmente da presença de rochas do embasamento sob a seção sedimentar. 5. O campo magnético terrestre é medido em nanoTeslas (nT; anteriormente conhecido como “gamas”). EFEITO DA LATITUDE: um mesmo objeto tem diferentes assinaturas a diferentes latitudes devido à inclinação magnética – o ângulo no qual o vetor do campo magnético está orientado em relação à superfície da terra. 77 GRAVIMETRIA X MAGNETOMETRIA Característica Gravimetria Magnetometria Cauda da anomalia Variações de densidades horizontais Variações no conteúdo de magnetita Uso preferencial Definir feições geológicas de grande escala, forma de estruturas e determinar rejeito de falhas do embasamento Definir blocos de embasamento, localizar corpos intrusivos e profundidade geral do embasamento 78 MAPAS DE INTENSIDADE TOTAL E RESIDUAIS Variações ou susceptibilidades magnéticas podem ser analisadas pelo uso tanto de mapasde intensidade total, como de mapas residuais. MAPAS DE INTENSIDADE TOTAL: usados na definição de grandes feições geológicas, tais como a forma da bacia ou a presença de rochas anômalas profundas no embasamento. MAPAS RESIDUAIS: revelam feições geológicas mais detalhadas, em particular a geometria e configuração de blocos de embasamento individualmente. INTENSIDADE TOTAL: medida do magnetômetro depois que um modelo do campo magnético normal da terra é removido. ANOMALIA RESIDUAL: é aquela que permanece depois que a tendência magnética regional é removida da intensidade total. 79 VARIAÇÕES NO CAMPO MAGNÉTICO LOCAL São devidas a: 1. mudanças litológicas nas rochas do embasamento com as correspondentes diferenças no conteúdo de magnetita; 2. mudanças na elevação do topo do embasamento onde o mesmo tem susceptibilidade magnética (k) uniforme. Entretanto, mudanças litológicas tendem a sobrepujar a resposta magnética devido a mudanças de elevação do embasamento em decorrência de falhas. MUDANÇAS DE ELEVAÇÃO DEVIDO A UMA FALHA A presença de uma falha é uma interpretação comum de um aumento ou diminuição magnética. Nestes casos, um alto magnético aparece no bloco alto da falha. MUDANÇAS LITOLÓGICAS DEVIDO A UMA FALHA 80 Na figura abaixo tem-se uma falha separando blocos de embasamento de diferentes litologias e susceptibilidades. Se as susceptibilidades magnéticas médias (k1 e k2) dos blocos de embasamento são desconhecidas, então não se pode determinar a direção do mergulho da falha uma vez que a resposta magnética sobrepuja em muito aquela devido a mudanças de elevação do embasamento. O resultado é que muitas falhas (entre 40-50%) mostram um baixo magnético no bloco alto. ELEVAÇÕES DO EMBASAMENTO Se o embasamento tem susceptibilidade uniforme, a resposta da anomalia magnética é óbvia. 81 INTERPRETAÇÃO DE MAPAS RESIDUAIS Uma dificuldade em interpretar mapas residuais é assumir que altos e baixos do embasamento são causados por mudanças de elevação em rochas do embasamento na bacia sedimentar. Ao contrário, a maioria das anomalias magnéticas são causadas por mudanças litológicas e suas respectivas mudanças em susceptibilidade. Estimativa da Profundidade do Embasamento: em geral dentro de um grau de certeza de ± 15% em condições favoráveis. Interpretando o Rejeito da Falha: falhas de alto ângulo que cortam o embasamento geralmente mostram mudanças de amplitude anômalas das anomalias magnéticas, tantos dos altos como dos baixos. Na figura abaixo, uma série de quatro anomalias magnéticas (dois altos e dois baixos) de direção NE-SW localizados na porção oeste do mapa, abruptamente perde amplitude ao longo de uma linha ortogonal de direção NW-SE (A-A’). As anomalias mais fortes localizadas a oeste da linha A-A’ indicam que a fonte magnética (embasamento) está mais rasa desse lado, desse modo determinando esse bloco como um alto em relação ao bloco adjacente. Mais a leste, as quatro anomalias desaparecem ao longo de uma linha de direção NW-SE (B-B’), novamente sugerindo a presença de uma falha com bloco baixo para NE. 82 83 APLICANDO MAGNETOMETRIA NA PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO A magnetometria pode ser uma ferramenta extremamente útil na prospecção de petróleo. Seu uso apropriado depende do seguinte: • integração com a sísmica, subsuperfície e outros dados; • desenvolvimento de um padrão de falhas no embasamento a partir do dado magnético. A magnetometria pode ser aplicada de várias maneiras: • no auxílio da interpretação sísmica 2D e 3D; • estabelecimento de novos programas 2D e 3D; • ajuda em programas baseados primariamente em dados de subsuperfície (poços); • estimativa da profundidade do embasamento em amplas áreas. Desse modo, a magnetometria pode ser uma primeira aproximação para a definição de blocos falhados no embasamento, que depois poderão ser confirmados com a gravimetria e a sísmica, que são métodos mais dispendiosos. 84 GRAVIMETRIA APLICAÇÃO DE GRAVIMETRIA NA PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO As medidas gravimétricas são afetadas pelas mudanças na densidade das rochas. Métodos gravimétricos de superfície ajudam na interpretação estrutural de subsuperfície e são particularmente bons e baratos em estudos de reconhecimento em áreas onde a sísmica é demasiadamente cara ou de pobre qualidade. Os métodos gravimétricos ajudam na identificação do tamanho, forma e profundidade de massas anômalas. Efetivamente, a gravimetria identifica contrastes laterais de densidade em subsuperfície, sendo particularmente boa em diferenciar estruturas geológicas horizontalmente. O método gravimétrico não é tão bom quanto o método magnetométrico na determinação de profundidade, pois as distribuições de densidade tendem a ser difusas em subsuperfície. USO DA GRAVIMETRIA • Determinação da forma de massas de sal; • localização de estruturas sob empurrões ou vulcânicas; • determinação de grandes falhas e sentido de movimento das mesmas; • localização de recifes; • localização de intrusivas; 85 • definição da configuração geral da bacia; • mapeamento de grandes feições tectônicas. O método gravimétrico também pode ser aplicado em poços de petróleo, medindo diretamente densidades distantes do poço e através do revestimento. VANTAGENS DA GRAVIMETRIA • Ferramenta rápida e barata para avaliar grandes áreas; • método não-destrutivo, mede um campo existente através de medidas passivas; • pode ser facilmente integrado com outros dados. DESVANTAGENS DA GRAVIMETRIA • necessita de suporte geológico e geofísico para ser interpretado; • não produz diretamente uma seção geológica sem input de dados geológicos; • anomalias superpostas pode confundir a interpretação; • a resolução piora com a profundidade. TEORIA Os efeitos da gravidade causados por feições geológicas em subsuperfície se superimpõem ao campo gravitacional total da terra. Esses efeitos são chamados anomalias, que são tipicamente menos do que 100 ppm do campo total. 86 Várias correções são feitas para remover-se o campo da terra da medida total para que se possa imagear essas anomalias. Em exploração de petróleo, a gravidade é medida em miligals (mGal). Tipicamente, anomalias exploratórias são geralmente < 25 mGal, sendo que os gravímetros são capazes de medir diferenças < 0,5 mGal. GRAVIMETRIA X MAGNETOMETRIA A figura abaixo compara o campo gravitacional (esquerda) e o campo magnético (direita) da terra. O campo gravitacional sempre aponta para baixo; assim, suas medidas podem ser escalares. Em contraste, o campo magnético pode apontar para qualquer direção; portanto a informação vetorial é essencial na interpretação magnética. 87 AQUISIÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO Dados gravimétricos podem ser coletados em terra, no mar, no ar e por satélites. Em terra, no mar e no ar a maioria dos sensores consiste de uma massa colocada na ponta de uma mola. Em terra, o instrumento é horizontalizado e a massa é posicionada no ponto nulo para leitura da tensão na mola. Em medidas dinâmicas no mar e no ar, a posição da massa e da tensão na mola são registradas continuamente. O instrumento está colocado numa plataforma estabilizada para manter a posição vertical, e a posição da palataforma é medida continuamente. As medidas resultantes não são tão precisas quanto aquelas tomadas em terra. Levantamentos gravimétricos por satélite são derivados das medidas altimétricas da superfície do mar tomadas pelo radar. O mar se conforma com o campo gravitaciopnal da terra: a primeira derivada da altura da superfície do mar é a gravidade no nível do mar. Assim, satélites só podem fazer medidas gravimétricas sobre a água, i.e., no mar ou em grandes superfícies de lagos. 88 TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO ROTINEIRAS Correção Definição Parâmetro (s)
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