Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiopatologia da Aterosclerose Prevalência e significância: Uma condição que compromete as artérias de grande e de médio calibre de quase todos os seres humanos, pelo menos nas sociedades em que os alimentos ricos em colesterol são abundantes e baratos. Essa condição se inicia na infância e, na ausência de fatores aceleradores, se desenvolve lentamente até que esteja disseminada na idade avançada pode ser acelerada por fatores genéticos e ambientais. Caracterizada por espessamentos fibrosos localizados na parede arterial associados a placas infiltradas de lipídios, que podem finalmente sofrer calcificação. Placas antigas também estão propensas a sofrerem ulceração e ruptura, desencadeando a formação de trombos que obstruem o fluxo. Leva à insuficiência vascular nas extremidades, anormalidades na circulação renal e dilatações (aneurismas), e até ruptura, da aorta e de outras grandes artérias. Ela também leva a doenças comuns graves e fatais do coração e do cérebro, devido à formação de coágulos intravasculares no local das placas. Causa de 50% de todas as mortes quase todos os pacientes com IAM e a maior parte dos com acidente vascular cerebral resultante de trombose cerebral. Patogênese: O evento inicial da aterosclerose é a infiltração de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) na região subendotelial o endotélio é submetido a uma força de cisalhamento - tendência a ser distendido ou deformado pelo sangue circulante é mais marcante nos pontos onde as artérias se ramificam (onde os lipídios se acumulam ao máximo). As LDL são oxidadas ou alteradas de outras maneiras e a LDL alterada é captada pelos macrófagos, formando as células espumosas (Fig. 11.15). As células espumosas formam estrias de gordura estrias aparecem na aorta na 1ª década da vida, nas artérias coronárias na s2ª década e nas artérias cerebrais na 3ª e quarta décadas. A LDL normal não é captada por macrófagos a uma velocidade sufi cientemente rápida para que se formem células espumosas, contrariamente à LDL oxidada LDL oxidada ocasiona diversos efeitos deletérios, incluindo o estímulo para a liberação de citocinas e a inibição da produção de óxido nítrico. As células do músculo liso vascular, situadas na vizinhança das células espumosas, são estimuladas e se movimentam da média para a íntima, onde proliferam, depositam colágeno e outras moléculas da matriz e contribuem para o conjunto da lesão. As células do músculo liso também captam LDL oxidada e se transformam em células espumosas. Os lipídios se acumulam tanto intracelular quanto extracelularmente. Conforme as lesões ateroscleróticas envelhecem, as células T e macrófagos são atraídas para elas forma uma “sopa intercelular das placas” com diversas substancias prejudiciais às células (ex: ozônio) características de infecção de baixo grau células do músculo liso e das células endoteliais do vaso também produzem fatores de crescimento e citocinas. As placas amadurecem, com a formação de uma capa fibrosa sobre elas. As placas com capas defeituosas ou quebradas estão mais propensas à ruptura. As lesões, por si só, podem alterar os vasos a ponto de ser ocluídos, porém costuma ser a ruptura ou a ulceração das placas que desencadeia a trombose, bloqueando o fluxo sanguíneo. OBS: associação da aterosclerose – liberação deficiente de óxido nítrico e a vasodilatação imperfeita a LDL oxidada inibe a produção de ON. Se a acetilcolina for infundida via cateter em artérias coronárias normais, os vasos se dilatam; entretanto, se for infundida quando a aterosclerose estiver presente, os vasos se contraem. Esse fato indica que a secreção endotelial de ON é deficiente. Relação com o colesterol e outros lipídeos da dieta: O acúmulo de lipídio nas células espumosas é um evento importante para a progressão de lesões ateroscleróticas e sabe-se que a redução do colesterol plasmático retarda o progresso da aterosclerose. Por serem insolúveis, são transportados como partículas de lipoproteína especiais, o que aumenta a sua solubilidade. O colesterol e os triglicerídeos vindos da alimentação são armazenados nos quilomícrons envoltos por proteínas nas células do epitélio intestinal. Sob a ação da lipase da lipoproteína, essas partículas liberam triglicerídeos para os depósitos de gordura e para os músculos, e os quilomícrons remanescentes são capturados pelo fígado. O fígado também sintetiza colesterol e o armazena com proteínas específicas para formar as lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) VLDL entram na circulação e sob ação da lipase doam triglicerídeos para os tecidos elas se transformam nas lipoproteínas de densidade intermediária (ILD) ricas em colesterol e nas lipoproteínas de baixa densidade (LDL). LDL fornece colesterol para os tecidos e para todas as células, para a produção de membranas celulares e outros fins + fornecem a maior parte do colesterol precursor de todos os hormônios esteroides. A LDL oxidada é captada pelos macrófagos e pelas células do músculo liso nas lesões ateroscleróticas já as lipoproteínas de alta densidade (HDL) capturam o colesterol das células periféricas e o transportam para o fígado onde é metabolizado, mantendo baixos os níveis de colesterol no plasma e nos tecidos. HDL COLESTEROL BOM LDL COLESTEROL RUIM Estão sendo feitos esforços no sentido de aumentar a HDL, por meio de fármacos, no tratamento da aterosclerose. Manifestações clínicas: Anormalidade dos vasos sanguíneos arteriais pode afetar quase todos os órgãos do corpo. As placas ateroscleróticas calcificadas ocasionalmente detectadas no filme de raios X e possível visualização angiográfica de paredes arteriais deformadas. Geralmente assintomática até que uma de suas complicações se desenvolva. Nas artérias coronárias, o estreitamento aterosclerótico que reduz em mais de 75% o seu lúmen causa angina de peito, a dor torácica que resulta do acúmulo de substâncias causadoras da dor no miocárdio. Tipicamente, a dor se instala durante o exercício e desaparece com o repouso, conforme ocorre a depuração das substâncias pelo sangue. Quando as lesões ateroscleróticas causam coagulação e oclusão de uma artéria coronária, o miocárdio servido pela artéria morre (infarto do miocárdio). Na circulação cerebral, o bloqueio arterial no local das placas ateroscleróticas ocasiona acidente vascular encefálico trombótico. Na aorta abdominal, a aterosclerose extensa pode levar a um aneurisma e à ruptura do vaso. Nos vasos renais, a constrição localizada de uma ou de ambas as artérias renais causa hipertensão renovascular. Na circulação das pernas, a insuficiência vascular leva à claudicação intermitente (fadiga e dor frequente durante a caminhada, que é aliviada pelo repouso). Se a circulação de um membro estiver fortemente comprometida, a pele poderá sofrer ulceração, produzindo lesões difíceis de serem curadas. A gangrena também poderá ocorrer. A formação de coágulos e a obstrução ocorrem com menor freqüência nos vasos que atendem ao intestino ou a outras partes do corpo. Fatores de risco: O estrogênio aumenta a remoção de colesterol pelo fígado e a progressão da aterosclerose é mais lenta em mulheres na pré-menopausa do que em homens. Terapia de reposição com estrogênio protege o sistema cardiovascular em mulheres na pós- menopausa. Por outro lado, altas doses de estrogênio aumentam a incidência de coágulos sanguíneos e, mesmo baixas doses, produzem um leve aumento na coagulação. Porém, o tratamento com estrogênio em mulheres na pós-menopausa não impediu a ocorrência de ataques cardíacos posteriores. O efeito dos níveis plasmáticos aumentados de homocisteína e de moléculas relacionadas, como a homocistina e a tiolactona de homocisteína, uma condição normalmente conhecida como hiper- homocistinemia, merece ênfase. Esses aumentos são associados à ateroscleroseacelerada e a magnitude da elevação no plasma é positivamente correlacionada com a gravidade da aterosclerose homocisteína representa uma fonte significativa de H2O2 e de outras formas reativas de oxigênio e isso pode acelerar a oxidação da LDL. A homocisteína é um intermediário na síntese da metionina. Ela é metabolizada por enzimas que são dependentes da vitamina B6, da vitamina B12 e do ácido fólico. A suplementação alimentar com essas vitaminas reduz a homocisteína plasmática, geralmente ao nível normal. Para determinar se esses suplementos também reduzem a incidência de aterosclerose acelerada, serão necessários ensaios clínicos prolongados. Evidências de que a diminuição dos níveis plasmáticos de colesterol e de triglicerídeos, e a elevação dos níveis plasmáticos de HDL, reduzem e, em alguns casos, revertem o processo aterosclerótico são atualmente indiscutíveis restrição alimentar de colesterol e de gorduras saturadas, muito embora o controle da dieta desencadeie um aumento compensatório na síntese de colesterol pelo corpo. Quando o tratamento alimentar não é adequado, reduzir a conversão de mevalonato a colesterol com estatinas, fármacos que inibem a redutase hepática 3-metilglutaril coenzima A (HMG-CoA), enzima que catalisa essa reação, é um procedimento benéfico atorvastatina, a lovastatina, a pravastatina, a sinvastatina, a fluvastatina e a rosuvastatina. OBS: hipercolesterolemia grave instalada, devida à presença de receptores de LDL congenitamente deficientes, a terapia gênica vem sendo testada – biologia molecular. O tratamento antioxidante com agentes como o α-tocoferol, a vitamina E e o betacaroteno tem sido utilizado para inibir a oxidação da LDL e isso reduz a incidência de alterações ateroscleróticas em animais – resultados negativos em humanos. Fumo efeitos deletérios do fumo incluem o comprometimento endotelial causado pela hipóxia induzida pelo monóxido de carbono parar de fumar representa um importante caminho para diminuir o progresso da aterosclerose (para de fumar, Larinha!). Em virtude da força de cisalhamento aumentada imposta ao endotélio por uma pressão sanguínea elevada, a hipertensão representa outro importante fator de risco alterável para a aterosclerose. A diminuição da pressão sanguínea tem o seu maior efeito sobre a redução da incidência de acidente vascular encefálico (AVE), porém também ocorrem efeitos benéficos na doença cardíaca isquêmica redução da PA leva a diminuição dos AVE, dos infartos do miocárdio e da insuficiência renal. No diabetes, ocorrem complicações microvasculares e macrovasculares são primariamente relacionadas com a aterosclerose. A incidência de infarto do miocárdio é duplicada, quando comparada aos não-diabéticos; a deficiência circulatória grave nas pernas com gangrena é relativamente comum; ocorre um número maior de AVE trombótico, e a insuficiência renal é um problema sério. O controle rigoroso da pressão sanguínea nos diabéticos tem se mostrado mais eficaz na redução das complicações cardiovasculares do que o controle rigoroso da glicose sanguínea. A síndrome nefrótica e o hipotireoidismo também aceleram a progressão da aterosclerose e são condições tratáveis
Compartilhar