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Microbiologia e Imunologia U N O PA R M IC RO B IO LO G IA E IM U N O LO G IA Vânia Aparecida Terra Malachias Microbiologia e Imunologia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Malachias, Vânia Aparecida Terra ISBN 978-85-8482-120-4 1. Tópicos gerais. I. Título. CDD 570 © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Everson Matias de Morais Editoração e Diagramação: eGTB Editora Malachias – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 172 p. Unidade 2 | Microbiologia e imunologia das bactérias Seção 1 - Classificação e estrutura bacteriana 1.1 | Classificação das bactérias 1.1.1 | Morfologia bacteriana 1.2 | Forma e arranjo das bactérias 1.3 | Estruturas bacterianas Seção 2 - Crescimento, metabolismo e genética bacteriana 1.1 | Crescimento bacteriano 1.2 | Metabolismo bacteriano 1.3 | Genética bacteriana 1.4 | Mutações no material genético Unidade 1 | Tópicos gerais em microbiologia e imunologia Seção 1 - Introdução ao estudo da microbiologia e à relação dos microrganismos no ambiente 1.1 | Introdução ao estudo da microbiologia 1.2 | Relação dos microrganismos no ambiente Seção 2 - As áreas da microbiologia - biotecnologia e as aplicações biotecnológicas dos microrganismos 1.1 | Áreas da microbiologia 1.2 | Biotecnologia e as aplicações biotecnológicas dos microrganismos Seção 3 - Introdução ao estudo da imunologia e os conceitos básicos das respostas imunes 1.1 | História da imunologia 1.2 | Conceitos básicos das respostas imunes 1.2.1 | Imunidade inata e adquirida 1.2.2 | Imunidade adquirida 1.2.3 | Processos ou reações inflamatórias Seção 4 - Técnicas de amostragem, coleta, preservação e métodos de análise dos microrganismos 1.1 | Coleta, transporte e armazenamento de amostras 1.2 | Métodos de análise dos microrganismos 1.2.1 | Tipos de meio de cultura 1.2.2 | Diagnóstico molecular Sumário 49 53 53 53 54 56 63 63 64 64 64 13 13 18 21 21 23 27 41 9 27 28 29 33 37 41 42 42 44 Unidade 3 | Microbiologia e imunologia dos vírus Seção 1 - Estrutura e ciclo de vida de vírus 1.1 | História 1.2 | Propriedades gerais dos vírus Seção 2 - Compreendendo uma infecção viral 2.1 | Uma doença viral pode passar despercebida? 2.2 | Como se dá o início de uma infecção viral? 2.3 | Citopatogênese 2.4 | Infecção do tipo lítica 2.5 | Infecções não líticas 2.6 | Vírus oncogênicos Seção 3 - Principais viroses humanas 3.1 | As principais viroses que acometem o ser humano, e seus mecanismos fisiopatológicos 3.2 | Vírus da hepatite 3.3 | Vírus da gripe 3.4 | Propriedades características dos retrovirus 3.4.1 | Mononucleose infecciosa 3.4.2 | Dengue 3.4.3 | Febre hemorrágica por ebola 3.4.4 | Febre amarela 3.4.5 | Catapora e herpes-zóster 3.4.6 | Rubéola 3.4.7 | Sarampo 3.4.8 | Varíola 3.4.9 | Papilomavírus 3.4.10 | Varicela e herpes zoster 93 97 97 98 101 101 102 104 105 107 107 109 109 110 113 113 116 117 117 117 118 118 119 119 120 121 Seção 3 - Microbiota normal do corpo humano/patogênese bacteriana e classificação das bactérias de interesse médico 1.1 | Microbiota normal do corpo humano 1.2 | Patogênese bacteriana e classificação das bactérias de interesse médico 1.3 | Transmissão e evasão das defesas primárias como a pele e o ácido estomacal 1.4 | Adesão, colonização e invasão 1.5 | Ações patogênicas das bactérias 1.6 | Bactérias de interesse médico Seção 4 - Respostas imunes às bactérias intracelulares e extracelulares 1.1 | Bactérias intracelulares 1.2 | Bactérias extracelulares 69 81 69 72 74 76 77 78 82 84 Unidade 4 | Microbiologia e imunologia dos vírus Seção 1 - Introdução ao estudo dos fungos/ estrutura, fisiologia, morfologia, reprodução dos fungos 1.1 | Introdução ao estudo dos fungos 1.2 | Estrutura dos fungos 1.3 | Fisiologia, morfologia, reprodução 1.3.1 | Fisiologia 1.3.2 | Morfologia 1.3.3 | Reprodução 1.3.4 | Ciclo assexuado 1.3.5 | Ciclo sexuado Seção 2 - Principais micoses humanas 1.1 | Micoses humanas 1.2 | Micoses sistêmicas 1.2.1 | Paracoccicidioidomicose 1.2.2 | Blastomicose 1.2.3 | Histoplasmose 1.2.4 | Coccidioidomicose 1.3 | Micoses superficiais e cutâneas 1.3.1 | Tinea versicolor 1.3.2 | Tinea Nigra 1.3.3 | Piedra Branca 1.3.4 | Piedra Preta 1.4 | Micoses cutâneas 1.5 | Micoses subcutâneas 1.6 | Micoses oportunistas 1.6.1 | Cândidose 1.6.2 | Criptococose 1.6.3 | Arpergilose Seção 3 - Patogenicidade e imunidade aos fungos 1.1 | Imunidade natural e adquirida aos fungos Seção 4 - Imunologia do vírus e suas técnicas de diagnóstico laboratorial 4.1 | Prevenção viral e exames laboratoriais 4.2 | Imunologia viral 4.3 | Intererons, e nossos mecanismos de defesa 4.4 | Métodos de testes sorológicos 4.4.1 | Método de elisa 4.4.2 | Isolamento e cultivo viral 123 123 125 127 128 129 129 135 139 139 140 142 142 143 144 144 146 149 149 150 151 152 153 154 155 155 157 158 158 159 161 163 163 164 164 167 167 Apresentação O estudo da Microbiologia capacitará o aluno a reconhecer os organismos que fazem parte do mundo microbiano. Aqui, você saberá quem são os microrganismos, como foram descobertos, qual a sua estrutura e como podem ser importantes em várias áreas de aplicação. Os estudos voltados para o potencial biotecnológico dos microrganismos mostraram uma vasta capacidade de aplicação destes organismos na tecnologia de alimentos, utilização de microrganismos no tratamento de resíduos líquidos e sólidos, biorremediação de ambientes contaminados por substâncias tóxicas, são alguns dos benefícios que estes organismos trazem para o nosso dia a dia. Descobriremos como o papel dos microrganismos nos ambientes terrestres e aquáticos é fundamental no equilíbrio da vida no nosso planeta e também como promotores de doenças. Os principais microrganismos estudados pela Microbiologia são as bactérias, os fungos, as algas microscópicas, os protozoários e os vírus. Além desses grupos, a Microbiologia pode abordar o estudo de alguns parasitas e vermes, como o grupo dos helmintos. Neste livro, serão demonstrados os aspectos ligados às bactérias, aos vírus e aos fungos. Muitos microrganismos, normalmente inofensivos, vivem na superfície e no interior do corpo humano, sem produzir sintomas característicos de uma doença e são denominados microbiota normal ou flora normal do corpo humano. Alguns microrganismos são chamados de microbiota transitória, pois não residem permanentemente, podem ficar no corpo por dias, semanas ou meses, mas tendem a desaparecer. Alguns dos microrganismos que habitam o corpo humano são denominados patógenos oportunistas, porque normalmente não causam doenças em uma pessoa saudável, entretanto, em condições ambientais diferentes, como baixa imunidade do hospedeiro, o patógeno pode se desenvolver além do normal e causar os sintomas de uma doença. Os microrganismos, denominados patogênicos são aqueles organismos capazes de provocar uma doença com sintomas característicos. Ao longo dos séculos, milhares de pessoas morreram por causa de epidemias causadas por microrganismos desconhecidos na época, ou por falta de vacinas e antibióticos ainda não disponíveis para combater as doenças. Ainda neste livro, veremos aspectos ligados à imunologia dos microrganismos em todas as unidades. Imunologia é o estudo das respostas imunológicas do nosso organismo contra organismos invasores.Neste livro, veremos as respostas imunes do organismo humano contra os vírus, as bactérias e os fungos. Finalmente, devemos considerar que todo conhecimento a respeito desses seres vivos nos tornará mais capacitados e eficientes no estabelecimento de uma relação equilibrada e saudável com os mesmos. Unidade 1 TÓPICOS GERAIS EM MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA Nesta seção, iniciaremos o estudo da Microbiologia, definindo e compreendendo os aspectos históricos da Microbiologia que propiciaram a evolução desta ciência e de outras ligadas à ela, bem como entender a relação dos microrganismos no ambiente. Além disso, será possível a compreensão dos aspectos estruturais que garantem a classificação dos microrganismos em procariotos e eucariotos. Aqui veremos a diversidade de campos de aplicação desta ciência, Seção 1 | Introdução ao estudo da microbiologia e à relação dos microrganismos no ambiente Seção 2 | As áreas da microbiologia - biotecnologia e as aplicações biotecnológicas dos microrganismos Objetivos de aprendizagem:Conceituar e compreender os aspectos importantes ligados à história da Microbiologia e Imunologia que propiciaram os avanços nas diversas áreas da Microbiologia básica e das suas finalidades práticas, bem como diferenciar os objetivos dos diferentes campos de aplicação da microbiologia na medicina, alimentos, agricultura, indústria e ambiente e todos os aspectos ligados à biotecnologia. Além disso, interpretar e compreender as técnicas de amostragem, coleta, preservação e métodos de análise dos microrganismos e os conceitos básicos das respostas imunes do nosso organismo contra os microrganismos patogênicos. Vânia Aparecida Terra Malachias Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 12 Serão abordados agora os importantes aspectos da evolução da imunologia como ciência e os conceitos básicos das respostas imunes aos microrganismos. O estudo desta seção será direcionado às técnicas de amostragem, coleta, armazenamento e análise dos microrganismos patogênicos causadores de doenças nos seres vivos. O estudo será dirigido com relação às técnicas moleculares e imunológicas utilizadas no diagnóstico e identificação de microrganismos. Seção 3 | Introdução ao estudo da imunologia e os conceitos básicos das respostas imunes Seção 4 | Técnicas de amostragem, coleta, preservação e métodos de análise dos microrganismos através das diversas áreas de aplicação da microbiologia como ciência básica e aplicada, ligada à microbiologia de alimentos, ambiental, médica e industrial. Nesta seção, enfocaremos também a diversidade microbiana como fonte importante de recursos genéticos para o avanço da biotecnologia que garante o desenvolvimento de novos fármacos e aplicações nas áreas de saúde, agricultura, indústria e meio ambiente. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 13 Introdução à unidade O microrganismo foram os primeiros a colonizar a terra num período geológico em que o planeta passava por grandes transformações e quando a atmosfera ainda não tinha oxigênio. A ação de produtos metabólicos microbianos durante milhões de anos resultou numa atmosfera rica em oxigênio e revolucionou a face do planeta, garantindo a evolução das mais diversas espécies. Historicamente, pesquisadores concentraram esforços no conhecimento sobre os microrganismos causadores de doenças no homem e somente ao longo dos últimos anos a microbiologia ambiental vem ganhando força. A Microbiologia atualmente se encontra ligada à indústria e à própria biotecnologia. Existem dois tipos de resposta imunológicas responsáveis pelos mecanismos de defesa do nosso organismo contra os patógenos, a resposta inata ou inespecífica e a resposta adaptativa ou específica. As culturas in vitro continuam sendo um importante procedimento em todos os laboratórios clínicos para a detecção de muitos microrganismos, embora o uso de testes que detectam, rapidamente, a presença de antígenos microbianos e testes moleculares venham substituindo os métodos de cultivo de microrganismos. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 14 Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 15 Seção 1 Introdução ao estudo da microbiologia e à relação dos microrganismos no ambiente Nesta seção, iniciaremos o estudo da Microbiologia, enfatizando a evolução desta ciência e de outras ligadas à ela. Além disso, será possível a compreensão dos aspectos estruturais que garantem a classificação dos microrganismos em procariotos e eucariotos, bem como entender a relação dos microrganismos no ambiente. A ciência Microbiologia se preocupa com o estudo dos organismos microscópicos e de suas atividades. A palavra surgiu originalmente do grego miKros : pequeno; bio: vida e logos: ciência. A Microbiologia se preocupa com a forma, a estrutura, a reprodução, a fisiologia, o metabolismo e a identificação dos seres microscópicos. Inclui o estudo da sua distribuição natural, suas relações recíprocas e com outros seres vivos, seus efeitos benéficos e prejudiciais sobre os homens e as alterações físicas e químicas que provocam em seu meio ambiente (PELCZAR et al., 1996). Através do estudo da Microbiologia, podem ser demonstrados os princípios da Biologia, já que os microrganismos têm muitas características importantes e ideais para a pesquisa dos fenômenos biológicos. Os microrganismos podem crescer rapidamente e de maneira conveniente, em tubos de ensaio ou frascos, exigindo, assim, menos espaço e cuidados de manutenção do que as plantas superiores e os animais. Os processos metabólicos dos microrganismos seguem os padrões que ocorrem nos vegetais superiores e nos animais, fornecendo sistemas específicos para a investigação das reações fisiológicas, genéticas e bioquímicas que são a base da vida (BOSSOLAN, 2002). O estudo da Microbiologia foi impulsionado com a descoberta do microscópio por Leeuwenhoek (1632 – 1723) e assim os microrganismos foram descritos pela primeira vez por Anton van Leeuwenhoek entre 1670 a 1680. No entanto, permaneceram na obscuridade e somente em 1840 o patologista alemão Friedrich Henle, através da “teoria dos germes”, propôs que os microrganismos eram os responsáveis por 1.1 Introdução ao estudo da microbiologia Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 16 Saiba mais sobre a introdução à microbiologia, acessando: <https:// www.youtube.com/watch?v=uMdBrOed4uA>. Acesso em: 29 dez. 2014. causar doenças. A partir de 1870 a 1880, a microbiologia como ciência tem sua devida importância através de experimentos elegantes e clássicos realizados por Louis Pasteur, considerado o Pai da Microbiologia, e Robert Koch confirmaram que os microrganismos eram responsáveis por causar raiva, peste, cólera e tuberculose. As contribuições de Pasteur vão desde as teorias microbianas das fermentações e doenças, distribuição dos microrganismos no ambiente, os meios para controlá-los ao desenvolvimento de vacinas efetivas para controle de doenças animais e a raiva humana. Com essas contribuições, em 1910 nasce a era da quimioterapia, quando Paul Ehrlich descobriu o primeiro agente antimicrobiano, seguido pela descoberta da penicilina, em 1928 por Alexander Fleming e da estreptomicina em 1935 por Selman Wasksman, em 1943. A partir daí, foi possível que pesquisadores como Lister, desenvolvessem as práticas da cirurgia antisséptica, e a partir disso o desenvolvimento da Imunologia com Metchnikoff e Ehrlich e da virologia com John Enders (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1984, 2001; MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009; LEVINSON, 2010). O termo se refere a todo ser vivo ou organismo microscópico, geralmente, constituído por uma célula apenas, ou seja, unicelulares. Vírus, fungos, protozoários, cianobactérias e bactérias são exemplos de grupos de microrganismos cuja diversidade genética garante a maior variedade comparada aos demais grupos de seres vivos. Estes grupos de microrganismos possuem estruturas, metabolismo, forma, habitat e locomoçãomuito distintos entre si. Com base em sua estrutura e na complexidade de sua organização foram classificados em eucarióticos ou procarióticos. Os fungos e protozoários são eucarióticos, enquanto as bactérias são procarióticas. As algas ou cianobactérias são microrganismos contendo clorofila e são procarióticos conhecidas como cianobactérias. Reflita sobre o que, afinal, significa o termo “microrganismo”. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 17 Reflita sobre a diferença entre procariotos e eucariotos. Esta divisão contempla principalmente as diferenças da estrutura celular e, portanto, as diferenças de organização da maquinaria celular, como descreveremos a seguir. A célula eucariótica possui um núcleo verdadeiro que possui múltiplos cromossomos, sendo circundado por uma membrana nuclear e contendo organelas especializadas em realizar funções especiais, como a mitocôndria e lisossomo e ribossomos maiores. O nucleoide de uma célula procariótica consiste em uma única molécula de DNA, desprovido de membrana nuclear, exibe ribossomos menores e não contem organelas. Observe na figura a seguir, uma representação do microrganismo eucariótico e procariótico. As bactérias possuem parede celular complexa e baseada na sua estrutura se dividem em: bactérias gram-positivas possuem uma camada espessa de proteoglicanos e gram-negativas possuem camada fina de proteoglicanos e uma camada externa sobreposta. As bactérias estão presentes no ambiente que nos cerca, incluindo o ar que respiramos, a água que bebemos e a comida que comemos, sendo que muitas não são virulentas enquanto outras são capazes de produzir doenças que ameaçam a vida. Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-Wv1vh2p1x4c/TwdOkGRN0oI/AAAAAAAAAdw/4z5WK57zB-k/s1600/ CLULAS%257E1.PNG>. Acesso em: 10 dez. 2014. Figura 1.1 | Procarioto e eucarioto Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 18 Fonte: Disponível em: <http://www.sciencephoto.com/media/626534/view>. Acesso em: 24 nov. 2014. Fonte: Disponível em: <http://henrystrongingoldberg.blogspot.com.br/aspergillus.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2014. Figura 1.2 | Bactéria: enterobacter Figura 1.3 | Fungo: aspergillus Os fungos possuem estrutura celular mais complexa, possuindo núcleo, mitocôndria, complexo de Golgi e retículo endoplasmático. Os fungos podem existir em forma unicelular (leveduras) ou filamentosa. Os parasitas variam em tamanho, desde protozoários minúsculos, até organismos grandes como as tênias, que fica difícil imaginar como classificados em micróbios. Nós abordaremos somente alguns protozoários de interesse por causarem doenças, enquanto os outros parasitas serão estudados na disciplina de parasitologia. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 19 Fonte: Disponível em: <http://lh3.ggpht.com/-ffp1SryOxxA/Uzs_tCSHYfI/AAAAAAAAQ74/HcTdjPqme4E/Trypanosoma %252520cruzi%25255B2%25255D.jpg?imgmax=800>. Acesso em: 24 nov. 2014. Fonte: Disponível: <http://www.sciencephoto.com/media/626433/view>; <http://www.sciencephoto.com/ media/626434/view>. Acesso em: 24 nov. 2014. Figura 1.4 | Parasita: trypanosoma entre as células sanguíneas Figura 1.5 | Ilustração de vírus Os vírus são classificados como microrganismos, porém são diferentes de todas as formas celulares de vida, sendo constituídos por uma molécula de ácido nucleico, DNA ou RNA, envolvido por um envoltório proteico ou capsídeo que protege o ácido nucleico e facilita a fixação e penetração do vírus na célula do hospedeiro (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1984, 2001; MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009; LEVINSON, 2010). Em 1969, Robert H. Whittaker popôs a classificação dos organismos baseada a partir da maneira pela qual o organismo obtém nutrientes de sua alimentação, basicamente pela fotossíntese, absorção ou ingestão, e, desta forma, os microrganismos, são encontrados em três dos cinco reinos propostos: reino Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 20 Monera (bactérias e cianobactérias), reino Protista (algas e protozoários) e reino Fungi (fungos, leveduras e bolores). “Os organismos eucarióticos superiores são colocados no reino Plantae (plantas verdes fotossintéticas e algas superiores) e Animalia (animais que ingerem alimentos)” (CARVALHO, 2010, p. 20). Os microrganismos foram os primeiros a colonizar a terra num período geológico em que o planeta passava por grandes transformações e quando a atmosfera ainda não tinha oxigênio. Originariamente, pequenos microrganismos, bastante distintos do que os que existem hoje, utilizavam como fonte de energia, principalmente, compostos de enxofre (INDRIUNAS, 2014). Estes microrganismos foram evoluindo até as mais diversas formas conhecidas hoje (e muitas ainda desconhecidas). A ação de produtos metabólicos microbianos durante milhões de anos resultou numa atmosfera rica em oxigênio e revolucionou a face do planeta. A liberação de oxigênio (O2) para atmosfera, produto residual da fotossíntese, foi o agente transformador e seu papel como seres fotossintetizantes e produtores de oxigênio passou a ser vital, viabilizando condições apropriadas para a manutenção da vida na superfície do planeta. O2 passou a filtrar os raios ultravioletas e o gás carbônico, resultante do processo de respiração dos microrganismos e criou uma barreira que mantem as faixas de temperatura condizentes com o desenvolvimento da vida (efeito estufa). A partir daí, a evolução de organismos mais complexos estava garantida (INDRIUNAS, 2014). Hoje, se sabe que a existência e a diversidade de seres vivos no planeta está intimamente ligada à diversidade e à atividade metabólica de microrganismos na natureza. Podemos citar as algas (fitoplâncton) que são organismos aquáticos microscópicos fotossintetizantes responsáveis por grande parte da produção de oxigênio. “Grandes acidentes marinhos, como derramamento de óleo de navios têm um impacto muito grande neste grupo de organismos, e consequentemente na produção de oxigênio” (INDRIUNAS, 2014). Além disso, os organismos aquáticos microscópicos são a base da cadeia alimentar nos sistemas aquáticos. “Estes microrganismos, algas, bactérias, protozoários e também minúsculos crustáceos e outros invertebrados servem de fonte de energia para outros organismos superiores” (INDRIUNAS, 2014). 1.2 Relação dos microrganismos no ambiente Sabe-se também que além dos microrganismos realizarem a fotossíntese, eles participam de processos ecológicos bastante importantes que incluem a ciclagem de matéria orgânica, ciclos biogeoquímicos, manutenção da fertilidade e estrutura dos Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 21 1. Quais as diferenças da estrutura celular entre procariotos e eucariotos? 2. Qual o significado da palavra microbiologia? 3. Qual o significado do termo “microrganismo”? solos, entre outros que serão discutidos na próxima seção. Apesar da grande importância dos microrganismos sobre o impacto ambiental, como mencionado, historicamente pesquisadores concentraram esforços no conhecimento sobre os microrganismos causadores de doenças no homem. Inclusive a própria história da microbiologia como ciência parte do interesse sobre os microrganismos causadores de doença, como mencionado no início desta seção, e somente ao longo dos últimos anos a microbiologia ambiental vem ganhando força. Os microrganismos desempenham papel importante na exploração de minérios, na melhoria da qualidade das águas e alimentos, na agricultura, na deterioração de alimentos e outros materiais úteis ao homem. Os microrganismos são usados para resolver importantes problemas ambientais, como a reciclagem da água, decomposição de óleo resultante do derramamento acidental de petróleo em vários ecossistemas do solo e cursos d’água e reciclagem dos elementos químicos dos vários ambientes. (INTRODUÇÃO, 2014). Aprofunde seu conhecimento e conheça um pouco mais sobre a história desta ciência tão importante, a Microbiologia em: <https:// www.youtube.com/watch?v=xxX-yvojcU8>.Acesso em: 29 dez. 2014. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 22 Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 23 Seção 2 Áreas da microbiologia – biotecnologia e as aplicações biotecnológicas dos microrganismos Abordaremos aqui as diversas áreas de aplicação da microbiologia como ciência básica e aplicada ligada à microbiologia de alimentos, ambiental, médica, industrial, enfocando a participação dos microrganismos no avanço da biotecnologia. A microbiologia tem por objetivo o estudo dos microrganismos e suas atividades. Assim, a Microbiologia pode ser dividida em duas áreas principais: a microbiologia básica e a microbiologia aplicada. A microbiologia básica estuda a morfologia dos microrganismos, seus arranjos e reações aos processos de coloração, metabolismo, fisiologia, genética, potencial de patogenicidade dos microrganismos e classificação, enfim, a caracterização e identificação dos diferentes grupos de microrganismos, organizando seu foco de estudo nas bactérias dentro da Bacteriologia, dos fungos dentro da Micologia, das algas dentro da Ficologia e dos vírus e príons dentro da Virologia. Muitos destes aspectos da Microbiologia básica serão abordados nas próximas unidades deste livro. O outro aspecto da Microbiologia se preocupa com a aplicabilidade dos microrganismos, de acordo com suas características e atividades, podendo ser utilizados para várias finalidades práticas. Baseada nos diferentes campos de aplicação da Microbiologia, este estudo se divide em: medicina, alimentos e laticínios, agricultura, indústria e ambiente. Microbiologia médica: estuda os microrganismos causadores de doenças infecciosas em humanos e animais (Microbiologia Veterinária). Destacando-se os aspectos de diagnóstico clínico laboratorial, patogénicos e epidemiológicos. “Este campo de aplicação está relacionado com o controle e prevenção das doenças, associado, portanto às práticas assépticas, antibioticoterapia, quimioterapia e imunização, bem como com a epidemiologia e os métodos de diagnóstico das doenças infecciosas” 1.1 Áreas da microbiologia Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 24 (BAGLIANO, 2012). Ainda esta área, em conjunto com pesquisas na área de engenharia genética, tem por objetivo “[...] a produção de enzimas bacterianas que dissolvam coágulos sanguíneos, vacinas humanas utilizando vírus de insetos e testes laboratoriais rápidos para diagnóstico de infecção viral [...]” (BOSSOLAN, 2002, p. 5). Microbiologia Ambiental: estuda microrganismos, particularmente bactérias e fungos que desempenham um papel importante na decomposição de matéria orgânica. A ação de bactérias e os fungos como decompositores são de grande interesse e importância. Muitos microrganismos efetuam também a conversão de resíduos orgânicos em combustíveis alternativos como metano, hidrogênio e gás sulfídrico. Desempenham papel importante na biorremediação que consiste no controle de poluentes por processos biológicos, através do uso de microrganismos, normalmente plantas. Microrganismos ou suas enzimas são utilizados tecnologicamente para remover (remediar) ou reduzir poluentes no ambiente. A biorremediação é utilizada para decomposição de substâncias tóxicas liberadas no meio ambiente devido a acidentes ou à atividade industrial e neste sentido, podem ser utilizada no tratamento de águas, na degradação de poluentes específicos, como herbicidas e inseticidas. Neste processo, “[...] os cientistas selecionam microrganismos [...] que em presença do agente tóxico, conseguem eliminá-lo ou transformá-lo em alguma substância que não seja tóxica” (INDRIUNAS, 2014). Muitos microrganismos já vêm sendo utilizados Eles são responsáveis pela reintrodução da matéria orgânica à cadeia alimentar. Através da transformação de compostos mais complexos em compostos mais simples que eles possam absorver, para manter seu metabolismo e reprodução, os microrganismos conseguem absorver grandes quantidades de carbono e disponibilizá-las a outros organismos (INDRIUNAS, 2014). A capacidade de transformação não se limita somente a compostos orgânicos, mas também de muitos compostos inorgânicos. Dessa forma, é possível o manejo do nitrogênio (um composto inorgânico) na rotação de culturas agrícolas, onde após a colheita, plantas leguminosas, associadas a bactérias fixadoras de nitrogênio, são reincorporadas ao solo, enriquecendo-o com este nutriente, favorecendo a cultura de outras espécies (INDRIUNAS, 2014). Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 25 para esse fim, pois desde a década de 80 as pesquisas têm avançado. As vantagens são a redução de custos, além de o próprio processo ser autocontrolado, ou seja, “a proliferação dos microrganismos vai depender da oferta da substância, assim, inicialmente, quando a quantidade da substância a ser biodegradada é grande, os microrganismos se proliferam, e seu número decresce conforme a disponibilidade diminui” (INDRIUNAS, 2014). Microbiologia de Alimentos: estuda os microrganismos envolvidos na produção de alimentos como, por exemplo, iogurtes, queijo, pão ou bebidas. A Microbiologia alimentar estuda ainda as doenças que podem ser transmitidas pelos alimentos, como por exemplo, infecções causadas por salmonelas, intoxicações causadas por estafilococos e clostrídios, avaliando os processos de controle da produção, manuseio e processamento dos microrganismos utilizados nos alimentos. A Microbiologia atualmente se encontra ligada à indústria e com a própria biotecnologia. Um exemplo é a indústria farmacêutica em que os microrganismos são utilizados na síntese de uma variedade de substâncias químicas, desde antibióticos mais complexos a enzimas. A indústria do petróleo tem utilizado bactérias e seus produtos, para aumentar a extração do petróleo de rochas reservatório. Na indústria química, em que certos microrganismos são capazes de fermentar material orgânico animal e humano, produzindo gás metano que pode ser coletado e usado como combustível. E ainda na biometalurgia nas atividades químicas de bactérias para extrair minerais, como cobre e ferro de minérios de baixa qualidade (BOSSOLAN, 2002). Leia o artigo que enfoca o tema biorremediação intitulado: Uso de microrganismos para a biorremediação de ambientes impactados. Disponível no link: <http://www.tratamentodeagua.com.br/r10/Lib/ Image/art_737726757_4818-22161-2-PB.pdf>. Leia também: <http://estaticog1.globo.com/2014/04/16/caderno- dos-microrganismos-eficientes.pdf>. 1.2 Biotecnologia e as aplicações biotecnológicas dos microrganismos É importante ressaltar que grande parte dos avanços da biotecnologia moderna é resultante das descobertas recentes nas áreas de genética, fisiologia e metabolismo de microrganismos, por isso a história da biotecnologia mistura-se Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 26 com a de outras ciências, inclusive com a Microbiologia. A descoberta da célula em um pedaço de cortiça, por Robert Hooke, desencadeou uma séria de outras descobertas que enriqueceram o avanço de várias ciências. Juntamente com a descoberta do microscópio, por Anton Van Leeuwenhoek, que também trouxe grandes avanços nas áreas biológicas desde então. Com a descoberta da estrutura do DNA, em 1953, houve uma revolução na genética e em 1973 nasce a era da engenharia genética, com a primeira transformação gênica, quando cientistas construíram em gene com parte do DNA bacteriano e parte do DNA de um sapo. Com a engenharia genética, é possível transferir genes específicos de uma espécie doadora para uma espécie receptora de forma controlada, permitindo selecionar tipos mais desejáveis de plantas, por exemplo, na agricultura, considerando os programas de melhoramento como aumento de produtividade, resistência a pragas e doenças, qualidade nutricional dos alimentos entre outros. Atualmente, com o avanço nos conhecimentos de genética, fisiologia, estatística, botânica e agronomia o melhoramento genéticose tornou realmente uma ciência. O homem já lidava com a biotecnologia muito antes de entender a própria Biologia. Exemplo disso são os processos fermentativos, ou seja, a fermentação de grãos de cereais para produção de bebidas alcoólicas. Não restam dúvidas de que a Biotecnologia do século XXI é muito diferente da usada no século passado, quando o termo foi usado para descrever os processos de produção de vinhos, pães e derivados lácteos. No contexto atual, estas técnicas mais antigas não se enquadrariam no conceito de biotecnologia. O que distingue a biotecnologia moderna da antiga não são os princípios envolvidos, mas as técnicas utilizadas. Com a evolução do conhecimento cientifico, a genética clássica passou a contar com recursos ainda mais modernos e surge a genética molecular, nova ciência dentro da biotecnologia. O melhoramento molecular difere do melhoramento genético convencional ao tornar a previsão de uma nova variedade como, por exemplo, de plantas num procedimento com resultados previsíveis. As técnicas moleculares possibilitaram, portanto, a evolução da biotecnologia principalmente as que utilizam sondas genéticas (PCR) para identificação e modificação de material genético de uma célula. A biotecnologia é reconhecida como uma das tecnologias para o século XXI e prevê o desenvolvimento industrial sustentável, a utilização de recursos renováveis, ‘tecnologia limpa’ e redução do aquecimento global (BULL; MARRS; KURANE, 1998), devido às suas características de inovação radical, impacto atual e potencial frente a problemas globais (doenças, nutrição e poluição ambiental) (KATE, 1999). Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 27 Fonte: Adaptado de: Canhos e Manfio (2001). Quadro 1.1 | Alguns exemplos de utilização direta de microrganismos em processos biotecnológicos em diferentes segmentos da indústria Indústria de alimentos Indústria farmacêutica Agroindústria produção e preservação de alimentos; produção de bebidas, aromas e essências aditivos para alimentos (emulsificantes e espessantes); alimentos funcionais (nutracêuticos). compostos farmacologicamente ativos; antibióticos; antimicrobianos e antivirais; vitaminas e hormônios; vacinas e probióticos; biopolímeros de aplicação médica (e.g., pele artificial); biotransformações em química fina. aumento de fertilidade do solo; fixação biológica de nitrogênio; controle biológico de insetos e patógenos; promotores de crescimento de plantas; promotores de crescimento animal; antiparasiticidas; antibióticos, antimicrobianos, antivirais; vitaminas e hormônios; vacinas e probióticos; compostagem e tratamento biológico de resíduos. Indústria Química biotransformações em química fina e produção de matérias-primas; assimilação de metano e enxofre em processos industriais; surfactantes; matérias-primas industriais diversas: polissacarídeos, polímeros, ácidos orgânicos, aminoácidos; enzimas de aplicação industrial (detergentes, têxteis, papel e celulose). Ambiental biorremediação de vazamentos de petróleo e resíduos tóxicos. monitoramento de poluentes (biossensores). tratamento de resíduos industriais e águas residuárias. biomineração (recuperação de metais pesados e radioisótopos). recuperação de áreas degradadas (micorrizas e bactérias fixadoras de nitrogênios). Energia geração de combustíveis: álcool e bioerefino de petróleo. A Biotecnologia, além de substituir processos e produtos tradicionais, através da engenharia genética, apresenta grandes perspectivas de melhorar o bem-estar da população por meio de melhores soluções para problemas de saúde, alimentação, energia, materiais e meio ambiente. Quadro 1.2 | Aplicação comercial da nova biotecnologia às necessidades da sociedade ÁREA APLICAÇÃO POTENCIAL Saúde - remédios e vacinas mais eficazes com maior grau de pureza e a um custo menor; - diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças genéticas. Alimentos - novos produtos processos alimentícios mais eficientes. - melhor rendimento e qualidade na produção agropecuária. Energia - maior eficiência na conversão de biomassa em combustíveis. - menor consumo energético em processos industriais; - aumento na recuperação de petróleo. Materiais - menor custo na produção de produtos químicos com matérias-primas de biomassa; - extração econômica de minerais de baixo teor. Meio Ambiente - alternativas biológicas à herbicidas e pesticidas; - tratamento de detritos tóxicos. Fonte: Villen (2002). Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 28 Reflita sobre a grande importância das diferentes áreas da microbiologia e da biotecnologia para a economia do nosso país. 1. Quais os objetivos da Microbiologia básica e da Microbiologia aplicada? 2. Quais as áreas aplicabilidade da Microbiologia? 3. No que consiste a biorremediação? 4. O que significa biotecnologia nos dias atuais? Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 29 Seção 3 Introdução ao estudo da imunologia e os conceitos básicos das respostas imunes Nesta seção, estudaremos os tipos de resposta imunológicas responsáveis pelos mecanismos de defesa do nosso organismo contra os patógenos, a resposta inata ou inespecífica e a resposta adaptativa ou específica, porém antes disso, iniciaremos o estudo com uma breve história da Imunologia. A doença era vista por nossos antepassados como castigo das divindades, prevalecendo assim, culturalmente, durante séculos na crença das populações. A ira dos Deuses às afrontas provocadas pelo homem originavam as epidemias responsáveis por eliminar populações, no passado. Acampamentos gregos foram exterminados pela peste. O termo imunidade é derivado da palavra em latim immunitas. Durante o quinto século a.C., a palavra imunidade foi mencionada pela primeira vez por Tucídides, em uma infecção que ele chamou "peste". No século XII, o surgimento da imunologia começa quando os chineses observaram que os indivíduos que se recuperavam da varíola eram resistentes a ataques posteriores desta doença. Diante disto, inalavam o pó das crostas secas das pústulas de varíola de humanos ou as inseriam em pequenos cortes na pele, em busca de proteção. Porém, só em 1976, Edward Jenner verificou a proteção induzida pelo vírus da varíola bovina contra a varíola humana, iniciando o conceito de vacinação e com este evento nasce a recente ciência conhecida como imunologia. Como a varíola bovina não causava doença grave no homem, o uso desse procedimento reduziu os riscos decorrentes da varíola em níveis insignificantes. A eficácia dessa técnica foi denominada vacinação (vacca do latim quer dizer vaca) e o termo tem sido utilizado deste então (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1984; 2001; LEVINSON, 2010; MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009). 1.1 História da imunologia Saiba mais sobre introdução à imunologia, acessando: <https://www. youtube.com/watch?v=sRtgB_pXAus>. Acesso em: 29 dez. 2014. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 30 Vamos estudar agora como o nosso organismo se defende da agressão por outros organismos como vírus, bactérias, fungos e parasitas. Existem diferentes formas de associação entre os seres vivos e outras espécies que ocorreram durante o processo evolutivo das espécies e que resultaram em diferentes formas de associações. 1 - duas espécies podem se beneficiar como ocorre com nossa flora intestinal; 2 - uma se beneficia, enquanto não afeta a segunda; 3 - benefício de uma com consequente prejuízo da outra (COELHO-CASTELO et al., 2009). O último tipo é aquele que leva ao desenvolvimento de doenças e será alvo de discussão dessa seção, em que serão abordados os mecanismos fisiológicos do sistema imune. As células (figura a seguir) e moléculas responsáveis pela imunidade formam o sistema imunológico e a resposta coletiva e coordenada a substâncias estranhas é chamada de resposta imunológica (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008). 1.2 Conceitos básicos das respostas imunes Fonte: Disponível em: <http://immudotme.files.wordpress.com/2011/10/immune_cells.jpg>.Acesso em: 24 nov. 2014. Figura 1.6 | Células do sistema imune Saiba mais sobre as células do sistema imune, acessando: <http://www.youtube.com/watch?v=iSLFmacuGS4>. Também aprofunde seu conhecimento conhecendo os órgãos do sistema imune: <https://www.youtube.com/watch?v=YwZ0Yk7ef2I>. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 31 1.2.1 Imunidade inata e adquirida Fonte: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-HchwN6kqSVM/ThMZQ4J3NLI/AAAAAAAAALU/KR2XycRGzUk/ s1600/045+-+Fagocitose.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2014. Figura 1.7 | Fagositose Nesta unidade, serão abordados conceitos básicos dos principais componentes do sistema imune, os mecanismos de resposta específica contra os diversos agentes causadores de infecção. “O estabelecimento de uma infecção, em um hospedeiro susceptível, envolve vários mecanismos, sendo um dos mais relevantes o modo de interação do microrganismo com o sistema imune e a resposta desse contra o agente invasor” (COELHO-CASTELO et al., 2009, p. 127). Existem dois tipos de respostas imunológicas responsáveis pelos mecanismos de defesa do nosso organismo contra os patógenos: a resposta inata ou inespecífica e a resposta adaptativa ou específica. A resposta inata ou inespecífica serve como um alerta para o sistema imune e é mediada pelas reações iniciais contra os microrganismos, até que ocorra a ativação da resposta imune adaptativa ou específica. A resposta inata consiste de mecanismos de defesa celulares e bioquímicos que já existiam antes do estabelecimento de uma infecção e que estão programados para responder rapidamente a infecções (COELHO-CASTELO et al., 2009). Os principais componentes do sistema imunológico inato são: 1 - Barreiras físicas e químicas, tais como o epitélio e as substâncias antimicrobianas produzidas nas superfícies epiteliais. 2 - Células fagocitárias: neutrófilos, macrófagos e células NK (Natural Killer) (figuras a seguir). Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 32 Fonte: Disponível em: <http://www.microbiologybook.org/Portuguese/chap1fig14_small.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2014. Figura 1.8 | Célula NK 3 - Proteínas do sangue, incluindo frações do sistema complemento e outros mediadores da inflamação. 4 - Proteínas denominadas citocinas, regulam e coordenam a imunidade inata. Saiba mais sobre o sistema complemento, acessando: <https://www. youtube.com/watch?v=VUjhLPY6khY>. Acesso em: 29 dez. 2014. O sistema Imune natural bloqueia a entrada de micróbios e elimina ou limita o crescimento de muitos micróbios que são capazes de colonizar os tecidos. Os principais locais de entrada para os microrganismos, mas que também servem de barreira contra eles, devido ao seu epitélio de revestimento (queratina), são a pele e o trato gastrointestinal e respiratório. Caso os microrganismos ultrapassem estas barreiras no tecido encontrarão os macrófagos e outras células fagocíticas que expressam receptores na sua superfície que se ligam e ingerem micróbios e outros receptores que reconhecem diferentes moléculas e ativam as células. (PROPRIEDADES, 2014). Estes receptores são conhecidos como receptores de reconhecimento padrão Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 33 Fonte: Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/06/macrofagos.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2014. Figura 1.9 | Macrófago (receptores Toll) que reconhecem um padrão molecular de proteínas ou antígenos presentes na superfície de diversos micróbios. Os macrófagos (figura a seguir) efetuam diversas funções que servem coletivamente para eliminar os micróbios ingeridos. Os macrófagos secretam citocinas que promovem o recrutamento de outras células como os neutrófilos que são atraídos por estas citocinas e saem dos vasos sanguíneos chegando ao local da infecção. As citocinas são as proteínas responsáveis por muitas das respostas inatas e adquiridas e assim funcionam como moléculas mensageiras do sistema imunológico (PROPRIEDADES, 2014). Os neutrófilos e macrófagos exercem sua ação microbicida contra vários tipos de agentes e são células importantíssimas para a defesa do hospedeiro. Estas conhecidas como fagócitos, eliminam os micróbios ingeridos, através da produção de espécies reativas do oxigênio e liberação de enzimas lisossômicas num processo denominadas fagocitose. O acúmulo de leucócitos e sua ativação para destruir os micróbios são uma parte da resposta do hospedeiro chamada inflamação. A resposta imune inata contra os vírus consiste na produção de citocinas antivirais chamadas interferons que ativam as células natural killer (NK), as quais destroem as células infectadas por vírus. Os micróbios que resistem a essas reações de defesa iniciais entram na corrente sanguínea onde são reconhecidas por proteínas circulantes da imunidade natural, principalmente as que fazem parte do sistema complemento. As superfícies microbianas podem ativar diretamente as proteínas do sistema complemento (via alternativa de ativação do sistema complemento), cujos produtos de clivagem estimulam a inflamação, revestem os microrganismos, facilitando seu reconhecimento pelas células fagocíticas, portanto, auxiliam a fagocitose e criam furos ou poros nas membranas celulares Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 34 dos microrganismos levando à sua lise. O sistema complemento também pode ser ativado por anticorpos (via clássica de ativação do sistema complemento). (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008; LEVINSON, 2010). Quadro 1.3 | Importantes componentes da resposta inata Fatores que limitam a entrada de microrganismos no corpo Camada de queratina da pele intacta. Barreira mecânica que impede a entrada dos micróbios. Lisozima das lágrimas e outras secreções. Degrada o peptideoglicano da parede celular bacteriana. Cílios respiratórios. Elevam o muco contendo organismos capturados. Baixo pH do estômago e da vagina. Retarda o crescimento de micróbios. Fagócitos de superfície (ex.: macrófagos alveolares). Ingerem e destroem micróbios. Defensinas. Formam poros na membrana microbiana. Microbiota normal da garganta, do cólon e da vagina. Ocupam receptores, impedindo a colonização por bactérias. Fatores que limitam o crescimento de microrganismos no corpo Células natural killer. Mata células infectadas por vírus. Neutrófilos. Ingerem e destroem micróbios. Macrófagos e células dendríticas. Ingerem e destroem micróbios e apresentam antígenos às células T auxiliares. Interferons. Inibem a replicação viral. Complemento. C3b é uma opsonina; o complexo de ataque à membrana cria orifícios nas membranas bacterianas. Transferrina e lactoferrina. Sequestram o ferro necessário ao crescimento bacteriano. Febre. A temperatura elevada retarda o crescimento bacteriano. Resposta inflamatória. Limita a disseminação de micróbios. Fonte: Adaptado de: Levinson (2010). Os mecanismos da resposta inata proporcionam uma defesa eficaz, entretanto, muitos microrganismos desenvolveram resistência à imunidade natural e a sua eliminação requer os poderosos mecanismos da resposta adquirida que, em alguns casos, são ineficazes também frente aos mecanismos de evasão que desenvolvem algum patógeno e isto explica as doenças infeciosas. A resposta inata, portanto, desempenha duas funções principais: a morte de micróbios invasores e ativação de processos imunes adquiridos ou adaptativos e, depois de um determinado tempo, as respostas ocorrem simultaneamente durante o controle de uma infecção (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008; LEVINSON, 2010). Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 35 Acesse o material que aborda os principais componentes do sistema imune e boa leitura! Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/ upload/d/cap1.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2014. Antígenos são peptídios resultantes do processamento de proteínas e podem possuir na sua constituição dois ou mais aminoácidos. 1.2.2 Imunidade adquirida A imunidade adquirida usa estratégias principais para combater a maioriados micróbios como, bactérias, fungos, parasitas e vírus, conforme seguem abaixo: 1- Promove a secreção de anticorpos que se ligam aos micróbios extracelulares, promovendo sua ingestão e subsequente destruição por fagócitos. 2- Fagócitos (macrófagos e neutrófilos) ingerem os microrganismos e os destroem e as células T auxiliares aumentam a capacidade microbicida dos fagócitos. 3- Linfócitos T citotóxicos (CTLs) destroem as células infectadas por microrganismos intracelulares que são inacessíveis aos anticorpos. Conforme a localização extracelular ou intracelular do microrganismo, a resposta adquirida ativará um ou mais desses mecanismos de defesa (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008). As características que definem a imunidade adquirida incluem a especificidade para determinadas estruturas dos diferentes agentes invasores. Após o primeiro contato com o micróbio, as células da imunidade adquirida adquirem a habilidade para distinguir as diferentes moléculas em geral. Isto é possível através da geração de células de memória que possibilitam responder com maior intensidade a exposições secundárias por um mesmo microrganismo que propiciarão uma resposta mais eficaz. (COELHO-CASTELO et al., 2009). Especificidade e diversidade – as respostas imunológicas adquiridas são específicas para determinada proteína para qual o linfócito T foi elaborado a reconhecer, portanto, reconhece apenas peptídeos específicos de determinado antígeno. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 36 Estes peptídeos ou antígenos foram previamente processados dentro das células apresentadoras de antígenos conhecidas como APCs. Entre as APCs mais conhecidas, destacam-se as células dendríticas e os fagócitos mononucleares: Monócitos e Macrófagos. As APCs apresentam os antígenos para o linfócito T, através de um complexo conhecido como MHC, complexo principal de histocompatibilidade, consequentemente as células T reconhecem e respondem a antígenos associados à superfície celular, mas não a antígenos solúveis. Os linfócitos T subdividem-se em populações distintas e são conhecidos como Células T auxiliares (TCD4+) e linfócitos T citotóxicos (TCD8+). A população de células T auxiliares conhecidas por TCD4+ (T helper) é heterogênea, sendo constituída de duas subpopulações: Th1 e Th2 e respondem pela imunidade celular e humoral respectivamente. As células T auxiliares secretam proteínas chamadas citocinas, cuja função é estimular a proliferação e a diferenciação das células T. A resposta TH1 (figura a seguir) é conhecida como imunidade celular. A resposta Th1 está relacionada com a defesa contra protozoários, bactérias intracelulares e vírus e, portanto, leva a ativação dos macrófagos e outros leucócitos. Os microrganismos intracelulares, tais como vírus e algumas bactérias, sobrevivem e proliferam dentro dos fagócitos e de outras células do hospedeiro, onde ficam inacessíveis aos anticorpos circulantes. A defesa contra essas infecções é uma função da imunidade celular que promove a destruição dos micróbios que residem nos fagócitos ou a lise das células infectadas. Na imunidade celular os linfócitos T ativam os macrófagos para que eliminem os microrganismos fagocitados ou os LT citotóxicos (CTLs) destroem diretamente as células infectadas. Agora vamos conhecer um pouco mais sobre o MHC, assistindo o vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QU_edDJuRPg>. Acesso em: 29 dez. 2014. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 37 A resposta Th2 (figura anterior) é mais efetiva contra os helmintos e bactérias extracelulares através da ativação das células B para produção de anticorpos conhecida também por imunidade humoral, portanto, os linfócitos T auxiliares CD4+ também estimulam respostas das células B. Imunidade humoral é mediada, portanto, pelos anticorpos que são produzidos pelos linfócitos B. Os anticorpos reconhecem especificamente os antígenos microbianos, neutralizam e marcam os micróbios para a eliminação pelos vários mecanismos efetores. A imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa contra os micróbios extracelulares e suas toxinas, pois os anticorpos circulantes no sangue podem se ligar a eles e ajudar na sua eliminação. Fonte: Adaptado de: Abbas, Lichtman e Pillai (2008). Figura 1.10 | Resposta imune humoral e celular Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 38 Embora isoladamente os anticorpos por si só não tenham a capacidade de destruir bactérias, anticorpos podem neutralizar os microrganismos, impedindo sua ligação com o tecido do hospedeiro. Adicionalmente, em associação com o complemento, os anticorpos podem lisar bactérias e funcionar como opsoninas, facilitando a fagocitose (MACHADO et al., 2004, p. 648). Seguem algumas características de imunoglobulinas que são glicoproteínas com função de anticorpo produzidas pelos linfócitos B: IgG - Possui função de aglutinação de antígenos e ativação do sistema complemento. É capaz de neutralizar toxinas e vírus, garantido a imunidade do bebê. IgM - É uma estrutura pentamírica presente como receptores de membrana, sendo a 1ª produzida após contato com o antígeno. IgA - É encontrado em mucosas, atuando contra infecções locais. IgE - Se liga a alérgenos e desencadeia a liberação de histaminas dos mastócitos. Atua na defesa de parasitas. IgD - Atua como receptor dos linfócitos B e sua função é indefinida. Sobre a estrutura dos anticorpos e as características das imunoglobulinas, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=pTLPa0jhVJQ>. Agora aprofunde seu conhecimento sobre o reconhecimento de antígeno pelo anticorpo, acessando o link: <https://www.youtube.com/ watch?v=UneS4xS35kA>. Acesso em: 29 dez. 2014. Os linfócitos T citotóxicos (CTLs, CD8+) ativados se proliferam e se diferenciam em CTLs que destroem células que produzem antígenos estranhos, como as células infectadas por vírus e outros microrganismos intracelulares (MACHADO et al., 2004; ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008). A seguir há um pequeno resumo, em que os LT auxiliares reconhecem antígenos presentes na superfície das APCs (células apresentadores de antígenos) e secretam citocinas que estimulam vários mecanismos da imunidade adquirida e da inflamação. Os CLTs reconhecem os antígenos presentes nas células infectadas destruindo-as. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 39 Veja, a seguir, alguns conceitos e um resumo das respostas inflamatórias tão importantes durante a resposta inata e adquirida. Os processos inflamatórios caracterizam e explicam os sinais clínicos observados nas diferentes doenças infeciosas. Definições – Inflamação: é a resposta protetora dos tecidos vascularizados contra um agente agressor, com o objetivo de destruir, diluir ou bloquear o agente agressor. Fonte: Adaptado de: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rio:Antero_de_Quintal/Notepad3#mediaviewer/ File:Lymphocyte_activation_simple.png>. Acesso em: 24 nov. 2014. Figura 1.11 | Função dos linfócitos T auxiliares: as células apresentadoras de antígeno apresentam antígenos via mhc Assista a um resumo que trata desta introdução sobre as respostas imunológicas aos organismos estranhos ao nosso organismo, acessando: <https://www.youtube.com/watch?v=99ahXeGyuUY>. Acesso em: 29 dez. 2014. Aprofunde seu conhecimento, acessando: <https://www.youtube. com/watch?v=_p9wLEj5QZc>. Acesso em: 29 dez. 2014. 1.2.3 Processos ou reações inflamatórias Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 40 A inflamação é considerada uma reação complexa a vários agentes nocivos, como os microrganismos e células danificadas geralmente necróticas que consistem de respostas vasculares, respostas celulares e reações sistêmicas. Causas – Inflamação: o processo inflamatório tem várias causas e estão relacionadas com muitas doenças. Conheça as principais causas que levam à inflamação: Agentes Biológicos - bactérias, fungos, protozoários, vírus. Agentes Químicos - ácidos e álcalis fortes,cáusticos. Corpos Estranhos - farpas, terras, sutura. Reações Imunológicas - reações de hipersensibilidade, artrite reumatoide, lupus eritematoso. Agentes Físicos - queimadura solar, traumatismos/ fraturas. Necroses - infarto do miocárdio, necroses em geral de etiologias variadas: hepatites virais, queimaduras. Sinais cardinais ou manisfestações vlínicas: os sinais que acompanham os processos inflamatórios são: tumor, rubor, calor, dor, perda de função. Alterações vasculares resultantes dos processos inflamatórios: através das alterações vasculares poderemos compreender alguns sinais clínicos da inflamação. As alterações do calibre vascular durante a inflamação ocorrem devido à vasodilatação que acarreta um aumento do fluxo sanguíneo no local da inflamação, levando ao aparecimento dos sinais clínicos: calor e rubor (eritema). A vasodilatação durante a inflamação ocorre devido à liberação de substâncias químicas, como a histamina e óxido nítrico, pelas células envolvidas no processo. Além disso, ocorrem alterações estruturais na parede dos vasos que permitem que as proteínas e fluídos plasmáticos deixem a circulação sanguínea, ou seja, saem de dentro dos vasos e se acumulem no tecido ocasionando o edema. Eventos celulares resultantes dos processos inflamatórios: além das proteínas e fluídos ocorre também emigração dos leucócitos, ou seja, saídas dos glóbulos brancos da circulação e seu acúmulo no foco da lesão. Os principais leucócitos na inflamação aguda são os neutrófilos e na inflamação crônica os macrófagos. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 41 Fonte: Adaptado de: Kumar, Abbas e Fausto (2005). Figura 1.12 | Alterações vasculares e celulares na inflamação Edema – ocorre devido ao extravasamento e deposição de plasma, proteínas e células no tecido, ou seja, fora do vaso sanguíneo. 1. Quais os tipos de resposta imunológicas responsáveis pelos mecanismos de defesa do nosso organismo contra os patógenos? 2. Quais os principais componentes do sistema imunológico inato? Caro aluno reflita sobre quais são os aspectos básicos dos mecanismos de defesa do nosso organismo contra os patógenos de uma forma geral. Este conhecimento é de extrema importância para a compreensão dos aspectos da defesa imunológica contra bactérias, vírus e fungos que serão vistos isoladamente nas outras unidades deste livro. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 42 Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 43 Seção 4 Técnicas de amostragem, coleta, preservação e métodos de análise dos microrganismos O estudo desta seção será direcionado para as técnicas de amostragem, coleta, armazenamento e análise dos microrganismos patogênicos causadores de doenças nos seres vivos. É importante saber que outras metodologias podem ser utilizadas, de acordo com as diferentes amostras obtidas de outros materiais retirados do ambiente, como: alimentos, água etc., de acordo com a finalidade do diagnóstico que se propõe realizar. O isolamento do microrganismo de amostras de material infeccioso prevê uma coleta. A coleta é a parte fundamental do processo e deve ser realizada seguindo critérios que garantam o procedimento. Um procedimento mal realizado durante a coleta do material pesquisado pode levar à contaminação do mesmo por outras bactérias, resultando no insucesso da pesquisa do real agente etiológico da doença, podendo resultar numa terapia antibiótica inadequada. A amostra clínica deve ser colhida com o mínimo de contaminação e do verdadeiro local da infecção. Por exemplo, evitar a contaminação durante a coleta de exsudatos de feridas para não tocar na pele adjacente, com a contaminação da amostra de endométrio com secreção vaginal e um cuidado especial com a limpeza do tecido uretral e períneo antes da coleta de urina. Durante a coleta de material de abscessos profundos, em que se utiliza agulhas ou cânulas, deve- se conhecer a fisiopatologia dos processos infecciosos para se estabelecer o melhor período de coleta durante a infecção, proporcionando um maior acerto no isolamento do agente causador da doença (SOUZA; MONTALVÃO, 2014). Para uma boa execução da técnica escolhida para isolar o agente causador da doença a quantidade de material colhida deve ser suficiente o que nem sempre é tarefa fácil, lembrando, por exemplo, que durante os processos infeciosos agudos há abundância de exsudatos, porém, nas crônicas, há escassez. (SOUZA; MONTALVÃO, 2014). 1.1 Coleta, transporte e armazenamento de amostras Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 44 Recipientes, dispositivos de coleta e meios de cultura devem ser rigorosamente esterilizados para evitar contaminação da amostra. Utilizar frascos com boca larga para coleta de urina e escarro evita a contaminação do frasco e a tampa firme que evite o vazamento do material no transporte (SOUZA; MONTALVÃO, 2014). Para as amostras colhidas com swabs, recomenda-se swabs com pontas de alginato de cálcio, dracon ou poliéster, porque o algodão pode ter ácidos graxos que impedem certas bactérias sensíveis. Os swabs de orofaringe devem ser colocados em meios de transporte, evitando o ressecamento e a morte bacteriana (SOUZA; MONTALVÃO, 2014). As amostras devem ser coletadas, sempre que possível, antes do uso de antibióticos que reduzam o resultado da cultura, possibilitando um falso negativo (SOUZA; MONTALVÃO, 2014). Observar sempre as regras de cadastro do paciente, evita trocas e informações erradas. Para tanto, o recipiente deve ser rotulado de maneira legível e contendo todas as informações completas sobre o paciente, tais como, numeração do exame, data hora e local da coleta do material, nome do médico responsável pelo pedido do exame (SOUZA; MONTALVÃO, 2014). Embora os testes que detectam rapidamente a presença de antígenos microbianos e testes moleculares que detectam a presença de ácidos nucleicos bacterianos tenham substituído os métodos de cultivo para a detecção de muitos microrganismos, as culturas in vitro continuam sendo um importante procedimento em todos os laboratórios clínicos. Para muitas doenças, o crescimento in vitro de um microrganismo específico do sítio de infecção é o método definitivo para identificação da causa da doença. O sucesso dos métodos de cultura depende da biologia do organismo, do sítio de infecção, da resposta imune do paciente à infecção e da qualidade dos meios de cultura. A maior parte dos meios de cultura é preparada por grandes companhias comerciais com competência nessa produção. Os laboratórios adquirem estes meios destas empresas e poucos laboratórios preparam seus próprios meios de cultura (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1984; 2001; LEVINSON, 2010; MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009). 1.2 Métodos de análise dos microrganismos 1.2.1 Tipos de meio de cultura Os meios de cultura podem ser enquadrados em quatro categorias gerais: 1 – Meios não seletivos de enriquecimento – permitem o crescimento da Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 45 maioria dos organismos sem exigências nutricionais complexas. 2 e 3 – Meios seletivos e diferenciais – com objetivo de isolar um microrganismo presente numa mistura de organismos (ex.: patógenos entéricos nas fezes). Podem conter inibidor para o crescimento de organismos não desejados ou conter ingredientes específicos que permitam a identificação de determinado agente infecioso (ex.: adição de lactose e indicador de pH para identificar organismos fermentadores de lactose). 4 – Meios especializados – permite a detecção e organismos específicos (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1984, 2001; LEVINSON, 2010; MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009). Tipo Exemplo de Meios Finalidade Meio não seletivo Agar sangue. Isolamento de bactérias e fungos. Meio não seletivo Agar chocolate. Isolamento de bactérias, incluindo Haaemophilus e Neisseria gonorrhoeae. Meio não seletivo Agar Muellen-Hinton. Meio para teste de sensibilidade bacteriana. Meio não seletivo Caldotioglicolato. Meio de enriquecimentos para bactérias anaeróbicas. Meio não seletivo Agar Sabourand dextrose. Isolamento de fungos. Meio Seletivo ou Diferencial Agar MacConkey. Meio seletivo para bactérias gram- negativas; diferencial para bactérias fermentadoras de lactose. Meio Seletivo ou Diferencial Agar manitol hipertônico. Meio seletivo para estafilococos; difer- encial para S.aureus. Meio Seletivo ou Diferencial Agar xilose-lisina deoxilato. Meio seletivo; diferencial para Salmonella e Shigella em culturas entéricas. Meio Seletivo ou Diferencial Meio Lowentein-Jensen . Meio seletivo para micobactérias. Meio Seletivo ou Diferencial Agar Middlebrook. Meio seletivo para micobactérias. Meio Seletivo ou Diferencial Candida CHROMagar. Meio seletivo e diferencial para leveduras. Meio Seletivo ou Diferencial Agar inibidor de fungos filamentosos. Meio seletivo para fungos filamentosos. Meio especializado Agar carvão extrato de levedura tamponado. Isolamento de Legionella e Nocardia Meio especializado Agar cistina telurito . Isolamento de Corynebacterium diphtheriae. Meio especializado Caldo Lim. Isolamento de Streptococcus agalactiae. Meio especializado Agar MacConkey sorbitol. Isolamento de Escherichia coli O157. Meio especializado Agar Regan Lowe. Isolamento de Bordetella pertussis. Meio especializado Agar tiossulfato-citrato-sais biliares- sucrose (TSBS). Isolamento de espécies de Vibrio. Quadro 1.4 | Tipos de meio de cultura Fonte: Adaptado de: Murray, Rosenthal e Pfaller (2009) Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 46 O DNA e o RNA ou proteínas de um agente infeccioso em uma mostra clínica podem ser utilizados para ajudar a identificação do agente. As vantagens das técnicas moleculares são a sensibilidade, a especificidade e a segurança. A detecção de material genético microbiano pode ser realizada por eletroforese ou por sondas genéticas (PCR). Para as técnicas de identificação de material genético, é preciso a extração e purificação do DNA. Lembrando que estas técnicas são muito utilizadas para os ensaios em Biotecnologia. Os antígenos de microrganismos presentes nas amostras clínicas podem ser detectados, identificados e quantificados por técnicas imunológicas. Estas técnicas avaliam a respostas de anticorpos a estes antígenos específicos da estrutura dos microrganismos, bem como a história pessoal de exposição aos agentes infecciosos. Na maioria dos casos a mesma técnica avalia antígenos e anticorpos. Os complexos antígenos-anticorpo podem ser detectados, diretamente, por técnicas de precipitação ou por marcação de anticorpos com sonda radioativa, fluorescente ou enzimática ou podem ser identificados indiretamente, através da quantificação de uma reação provocada pelo anticorpo, como fixação de complemento. Várias doenças infecciosas e parasitárias são pesquisadas pelos métodos imunológicos, sobretudo o ELISA. 1.2.2 Diagnóstico molecular Diagnóstico sorológico: 1 - Para a extração e purificação do DNA, acesse o link: <https://www. youtube.com/watch?v=oXbKcuv_WQQ>. Acesso em: 29 dez. 2014. 2 – Agora, assista um vídeo sobre a técnica de eletroforese: <https:// www.youtube.com/watch?v=hsJogSdzs40>. Acesso em: 29 dez. 2014 3 - Sobre as técnicas moleculares que utilizam sondas genéticas, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=rn40R5w5Fkw>. Acesso em: 29 dez. 2014 Sobre o princípio das técnicas sorológicas, acesse o capítulo do livro pelo link: <http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap1.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2014. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 47 1. Descreva brevemente quais são os principais métodos de análise de Microrganismos. 2. Quais são as categorias de meios de cultura e qual o objetivo de utilização destes meios? Reflita sobre as técnicas de análises de microrganismos, suas vantagens e limitações. Experimentos elegantes e clássicos confirmaram que os microrganismos eram responsáveis por muitas doenças. Vírus, fungos, protozoários, cianobactérias e bactérias são exemplos de grupos de microrganismos. Com base em sua estrutura e na complexidade de sua organização foram classificados em eucarióticos ou procarióticos. A Microbiologia atualmente se encontra ligada à indústria e com a própria biotecnologia. Com a evolução do conhecimento cientifico, a genética clássica passou a contar com recursos ainda mais modernos e surge a genética molecular, nova ciência dentro da biotecnologia. Existem dois tipos de resposta imunológicas responsáveis pelos mecanismos de defesa do nosso organismo contra os patógenos, a resposta inata ou inespecífica e a resposta adaptativa ou específica. A resposta inata ou inespecífica serve como um alerta para o sistema imune e é mediada pelas reações iniciais contra os microrganismos, até que ocorra a ativação da resposta imune adaptativa ou específica. A imunidade adquirida usa e estratégias específicas para combater a maioria dos micróbios, como as bactérias, os fungos, os parasitas e os vírus. As culturas in vitro continuam sendo um importante procedimento em todos os laboratórios clínicos para a detecção de muitos microrganismos, embora o Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 48 Caro aluno, esta unidade tratou de diversos assuntos que são introdutórios ao estudo da Microbiologia e Imunologia e, portanto, são de imprescindível importância para a compreensão das demais unidades, por isso acessem os links recomendados e bom estudo! 1. No que consiste a resposta inata ou inespecífica do nosso organismo contra os microrganismos? 2. Quais são as estratégias ou mecanismos efetores de defesa principais da imunidade adquirida para combater a maioria dos microrganismos? 3. Como será definido a mecanismo de defesa utilizada pela imunidade adquirida para combater os microrganismos? 4. Por que a imunidade humoral é o principal mecanismo de defesa contra os micróbios extracelulares e suas toxinas? 6. Por que a coleta de material infeccioso é parte fundamental do processo de análise de microrganismos? 5. Defina inflamação. uso de testes que detectam rapidamente a presença de antígenos microbianos e testes moleculares venham substituindo os métodos de cultivo. Tópicos gerais em microbiologia e imunologia U1 49 Referências ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BAGLIANO, Roger Vinicius. O que é microbiologia? Portal Educação. 8 nov. 2012. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/21224>. Acesso em: 5 dez. 2014. BOSSOLAN, Nelma R. Segnini. Introdução à microbiologia. São Paulo: IFSC – USP, 2002. Disciplina Biologia 3. Disponível em: <http://iseib.edu.br/biblioteca/wp-content/ uploads/2013/05/INTRODU%C3%87%C3%83O-%C3%80-MICROBIOLOGIA.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2014. BULL, Alan. T.; MARRS, Barry L.; KURANE, Ryuichiro. 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Acesso em: 24 nov. 2014. Unidade 2 MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA DAS BACTÉRIAS Nesta seção, descreveremos as estruturas bacterianas externas e citoplasmáticas. Baseado na sua estrutura, conheceremos a morfologia bacteriana: tamanho, forma e arranjo das bactérias. Nesta seção, veremos como acontece a reprodução bacteriana, bem como o ciclo de crescimento e as características das diferentes fases do crescimento bacteriano. Além disso, conheceremos a genética bacteriana, ou seja, a constituição de uma célula bacteriana baseada no seu material genético e os processos que garantem variabilidade genética, ou seja, as características importantes às bactérias para sobrevivência, de acordo com a evolução. Seção 1 | Classificação e estrutura bacteriana Seção 2 | Crescimento, metabolismo e genética bacteriana Objetivos de aprendizagem: Os objetivos desta unidade são identificar as características das bactérias com relação ao tamanho, à morfologia e às estruturas bacterianas, assim como conhecer estruturas bacterianas, o crescimento e a sua genética, identificando as bactérias da flora normal e as bactérias causadoras de doença e os mecanismos patogênicos que levam à instalação da doença infecciosa. Além disso, iremos abordar os principais mecanismos de defesa do nosso organismo, ou seja, as respostas imunológicas contra as bactérias intracelulares e extracelulares. Vânia Aparecida Terra Malachias Microbiologia e imunologia das bactérias U2 52 Agora, vamos conhecer as bactérias que fazem parte da nossa flora normal dos diferentes órgãos do nosso corpo. Estas bactérias habitam nosso organismo em perfeito equilíbrio e, portanto, sem causar doenças. Um microrganismo é considerado um patógeno quando é capaz de causar doença, desta forma, nesta seção conheceremos também os estágios da infecção bacteriana, enfatizando os fatores de virulência das bactérias patogênicas e as principais bactérias causadoras de doenças. Nesta seção, vamos entender o sistema imunológico contra as bactérias, a imunidade natural e adquirida de acordo com a localização do agente no hospedeiro (intracelular, extracelular) e os mecanismos de evasão das bactérias. Seção 3 | Microbiota normal do corpo humano/ patogênese bacteriana e classificação das bactérias de interesse médico Seção 4 | Respostas imunes às bactérias intracelulares e extracelulares Microbiologia e imunologia das bactérias U2 53 Introdução à unidade As bactérias podem ser classificadas de acordo com suas características microscópicas e ainda outras classificações são propostas de acordo com as estruturas externas e internas baseadas no seu metabolismo, como veremos adiante. Noções do crescimento e a genética bacteriana garantem a compreensão da variabilidade genética, facilitando a compreensão da evolução das bactérias. O conhecimento das bactérias que fazem parte da microbiota normal, bem como das bactérias patogênicas e os mecanismos de patogenicidade ligados à promoção da doença serão abordados nesta unidade. Finalmente, o entendimento do conhecimento sobre a morfologia e estrutura bacteriana nos possibilitará o entendimento das respostas de defesa do nosso organismo contra as agressões sofridas pelas bactérias patogênicas. Microbiologia e imunologia das bactérias U2 54 Microbiologia e imunologia das bactérias U2 55 Seção 1 Classificação e estrutura bacteriana Descreveremos a abaixo a classificação bacteriana de acordo com seu tamanho, forma e arranjo, observados microscopicamente. A seguir, estudaremos as estruturas bacterianas externas e citoplasmáticas que são de extrema importância para compreendermos seu importante papel no ambiente ou como as responsáveis por grande parte da doenças infecciosas, como veremos na seção 3. As células bacterianas são conhecidas como procariontes (do grego: núcleo primitivo), enquanto que as células animais, plantas e fungos são eucariontes (do grego: núcleo verdadeiro). Os procariontes não possuem núcleo típico nem outras organelas. (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009; TRABULSI et al., 2008). Classificamos as bactérias de acordo com suas características macroscópicas e microscópicas, pelas propriedades metabólicas e de crescimento, pela 1.1 Classificação das bactérias 1.1.1 Morfologia bacteriana Fonte: Disponível em: <http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/images/5/52/Tiposcelula.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2014. Figura 2.1 | Célula eucariota e procariota Microbiologia e imunologia das bactérias U2 56 antigenicidade e pelos genótipos. Ao nível microscópico, analisando a morfologia bacteriana classificam-se as bactérias de acordo com o tamanho, forma e arranjo (figura a seguir). Fonte: Disponível em: <http://www.grupoescolar.com/a/b/DFE55.gif>. Acesso em: 26 nov. 2014. Fonte: Disponível em: <http://www.sciencephoto.com/image/601652/530wm/C0214478-Mycobacterium_ tuberculosis-SPL.jpg >. Acesso em: 26 nov. 2014. Figura 2.2 | Forma e arranjo das bactérias Figura 2.3 | Bacilo: mycobacterium tuberculosis De acordo com a forma, as bactérias podem ser classificadas em 3 grupos: cocos, bacilos e espiroquetas. 1.2 Forma e arranjo das bactérias: Microbiologia e imunologia das bactérias U2 57 As bactérias em forma de cocos (esféricas) recebem ainda denominações diferentes de acordo com o seu arranjo: Agrupados aos pares: Diplococos Ex.: Neisseria meningitides (meningococo). Agrupados em quatro cocos – Tétrades Agrupados em oito cocos em forma cúbica: Ex.: espécie Sarcina. Agrupados em cadeias Ex.: Streptococcus salivarius, Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Streptococcus mutans. Agrupados irregularmente, lembrando cachos de uva. Ex.: Staphylococcus aureus. Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Treponema_pallidum.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2014. Fonte: Disponível em: <http://www.leko-grbic.hr/img/photo/enterococcus_faecalis.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2014. Figura 2.4 | Espiroquetas: treponema pallidum Figura 2.5 | Cocos: enterococcus faecalis Microbiologia e imunologia das bactérias U2 58 As bactérias variam em tamanho de 0,3 por 0,8 µm até 10 por 25 µm. As bactérias
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