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ESA-OABSP-Edição 38_Direitlo Previdenciário na atualidade Após Reforma EC n. 1032019

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Direito Previdenciário 
na atualidade
 A p ó s R e f o r m a E C n . º 1 0 3 / 2 0 1 9Edição 38
Ano 2021
SÃO PAULO
D
IR
ET
O
R
IA
O
A
B
 S
P
Gestão 2019/2021
PRESIDENTE
Caio Augusto Silva Dos Santos
VICE-PRESIDENTE
Ricardo Toledo Santos Filho
SECRETÁRIO-GERAL
Aislan De Queiroga Trigo
SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA
Margarete De Cássia Lopes
DIRETORA TESOUREIRA
Raquel Elita Alves Preto
CONSELHO SECIONAL
CONSELHO SECIONAL MEMBROS EFETIVOS:
Ailton José Gimenez
Alessandro Biem Cunha Carvalho
Alexandre Cadeu Bernardes
Alexandre Cotrim Gialluca
Alexandre Luís Mendonça Rollo
Ana Amélia Mascarenhas Camargos
Ana Carolina Moreira Santos
Ana Cristina Zulian
Ana Laura Simionato Victor
Ane Elisa Perez
Antônio Carlos Chiminazzo
Antônio Carlos Delgado Lopes
Carlos Fernando de Faria Kauffmann
Celso Fernando Gioia
Clarissa Campos Bernardo
Cláudia Patrícia de Luna Silva
Cristiano Ávila Maronna
Daniella Meggiolaro Paes de Azevedo
Danyelle da Silva Galvão
Diva Gonçalves Zitto Miguel de Oliveira
Edson Roberto Reis
Fabiana das Graças Alves Garcia
Fabrício de Oliveira Klébis
Flávio Olímpio de Azevedo
Gabriella Ramos de Andrade Moreira
Gislaine Caresia
Glauco Polachini Gonçalves
Guilherme Miguel Gantus
Irma Pereira Maceira
Ivan da Cunha Sousa
João Emílio Zola Júnior
José Meirelles Filho
José Pablo Cortês
José Paschoal Filho
José Roberto Manesco
Juliana Miranda Rojas
Júlio César Fiorino Vicente
Keilla Dias Takahashi Vieira
Leandro Sarcedo
Letícia de Oliveira Catani
Luciana Gerbovic Amiky
Luciana Grandini Remolli
Luís Augusto Braga Ramos
Luís Henrique Ferraz
Luiz Eugênio Marques de Souza
Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco
Luiz Gonzaga Lisboa Rolim
Marco César Gussoni
Marcos Antônio David
Marcos Rafael Flesch
Maria Das Graças Perera de Mello
Maria Helena Villela Autuori Rosa
Maria Sylvia Aparecida de Oliveira
Marina Zanatta Ganzarolli
Marisa Aparecida Migli
Milton José Ferreira De Mello
Odinei Rogério Bianchin
Orlando César Muzel Martho
Regina Maria Sabia Darini Leal
Renata Silva Ferrara
Roberto Pereira Gonçalves
Rogério Luís Adolfo Cury
Ronaldo José de Andrade
Rosana Maria Petrilli
Roseli Oliva
Rosineide Martins Lisboa Molitor
Rubens Rocha Pires
Sidnei Alzídio Pinto
Sílvia Helena Melges
Sônia Maria Pinto Catarino
Suzana Helena Quintana
Tayon Soffener Berlanga
Thiago Testini de Mello Miller 
Walfrido Jorge Warde Júnior
MEMBROS SUPLENTES:
Acyr Mauricio Gomes Teixeira
Ana Paula Mascaro José Izzi
André Luiz Simões de Andrade
Anna Lyvia Roberto Custódio Ribeiro
Antônio José Kaxixa Francisco
Arnaldo Galvão Gonçalves
Augusto Gonçalves
Carlos Alberto dos Santos Mattos
Carlos Eduardo Boiça Marcondes Moura
César Piagentini Cruz
Cláudia Elisabete Schwerz Cahali
Cristiano Medina da Rocha
Eduardo Silveira Martins
Élio Antônio Colombo Júnior
Éryka Moreira Tesser
Eugênio Carlo Balliano Malavasi
Fábio Gindler de Oliveira
Fabrício Augusto Aguiar Leme
Fernando Borges Vieira
Fernando Fabiani Capano
Fernando Mariano da Rocha
Íris Pedrozo Lippi
Isabela Guimarães Del Monde
Isabella Aita Maciel de Sá
João Batista Muñoz
Jorge Pinheiro Castelo
José Luiz Da Silva
Kátia De Carvalho Dias
Leandro Ricardo da Silva
Lia Pinheiro Romano de Carvalho
Liamara Borrelli Barros
Luciana Andréa Accorsi Berardi
Luiz Carlos Zuchini
Luiz Donato Silveira
Luiz Guilherme Paiva Vianna
Maitê Cazeto Lopes
Marcel Afonso Barbosa Moreira
Marcelo Kajiura Pereira
Marcelo Tadeu Rodrigues de Omena
Marcos Antônio Assumpção Cabello
Marcos Fernando Lopes
Marcos Guimarães Soares
Marie Claire Libron Fidomanzo
Mário Luiz Ribeiro
Maristela Sabbag Abla Rossetti
Myrian Ravanelli Scandar Karam
Nilson Bélvio Camargo Pompeu
Odilon Luiz de Oliveira Júnior
Ozéias Paulo de Queiroz
Patrícia Helena Massa
Paulo Henrique de Andrade Malara
Pedro Renato Lúcio Marcelino
Pedro Ricardo Boareto
Pedro Virgílio Flamínio Bastos
Rafael Olímpio Silva De Azevedo
Raquel Barbosa
Renata Lorenzetti Garrido
Rita Maria Costa Dias Nolasco
Rodnei Jericó da Silva
Rodrigo de Melo Kriguer
Rosângela Ferreira da Silva
Rubens Eduardo de Sousa Arouca
Rutinaldo da Silva Bastos
Ruy Janoni Dourado
Sérgio Martins Guerreiro
Sérgio Quintero
Sidmar Euzébio de Oliveira
Simone Henrique
Stella Vicente Serafini
Sueli Dias Marinha
Sueli Pinheiro
Sulivan Rebouças Andrade
Taísa Cintra Dosso
Thais Jurema Silva
Thays Leite Toschi
Thiago Penha de Carvalho Ferreira
Thiago Rodovalho dos Santos
Wagner Fuin
Willey Lopes Sucasas
William Nagib Filho
MEMBROS HONORÁRIOS 
VITALÍCIOS:
Antonio Claudio Mariz de Oliveira
Carlos Miguel Castex Aidar
José Roberto Batochio
João Roberto Egydio Piza Fontes
Luiz Flávio Borges D’urso
Marcos Da Costa
Mario Sergio Duarte Garcia
MEMBROS 
EFETIVOS PAULISTAS 
NO CONSELHO FEDERAL:
Alexandre Ogusuku
Guilherme Octávio Batochio
Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró
MEMBROS 
SUPLENTES PAULISTAS 
NO CONSELHO FEDERAL:
Alice Bianchini
Daniela Campos Libório
Fernando Calza De Salles Freire
ES
C
O
LA
 S
U
P
ER
IO
R
 D
E 
A
D
V
O
C
A
C
IA
D
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E
TO
R
IA
DIRETOR ESA OAB SP
Fernando Fabiani Capano
VICE-DIRETORA ESA OAB SP
Letícia de Oliveira Catani
CONSELHO EDITORIAL ESAOABSP
Otávio Luiz Rodrigues Júnior
Gianpaolo Poggio Smanio
Felipe Chiarello de Souza Pinto
Carlos Eduardo do Nascimento
Tatiana Shirasaki
Liton Lanes Pilau Sobrinho
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenador Geral ESAOABSP
Adriano de Assis Ferreira
Coordenador Acadêmico
Erik Chiconelli Gomes
Revisão Técnica
Raíssa Moreira Lima Mendes Musarra
Apoio Técnico-Operacional
Marcos de Jesus Martins Izidoro
CONSELHO CURADOR
CONSELHO CURADOR Gestão 2019/2021
PRESIDENTE
Edson Roberto Reis
VICE-PRESIDENTE 
Sueli Aparecida de Pieri
SECRETÁRIO 
Evandro Fabiani Capano
 
CONSELHEIROS 
Cíntia Regina Portes
José Meireles Filho
Luciano de Freitas Santoro
Marcos Antonio Madeira de Mattos Martins
Silvio Luiz de Almeida
REPRESENTANTE DO CORPO DOCENTE
Giuliana Ghizellini Carrieri
COORDENADOR DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO 
Eduardo Arantes Burihan
REPRESENTANTE DO CORPO DISCENTE
Ricardo Carazzai Areas
Direito Previdenciário na atualidade
Após Reforma EC n.º 103/2019
W W W . E S A O A B S P . E D U . B R
Prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Camila Ghizellini Carrieri
Giuliana Ghizellini Carrieri
01. A EXCLUSÃO DIGITAL E O DESAFIO DO ACESSO AOS 
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO BRASIL... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
Roberto de Carvalho Santos
02. ENSAIO SOBRE O MITO DA UNIVERSALIDADE DE ACESSO E 
COBERTURA E DA SOLIDARIEDADE DA PREVIDENCIA SOCIAL 
BRASILEIRA... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Heloísa Helena Silva Pancotti
Luiz Geraldo do Carmo Gomes
03. NOVA PREVIDÊNCIA E O ESVAZIAMENTO DO PRINCÍPIO 
DA LEGALIDADE... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38
Marco Aurélio Serau Junior
04. MUDANÇA DE PERSPECTIVA NA TUTELA DO DIREITO SÓCIO 
FUNDAMENTAL À PREVIDENCIÁRIA SOCIAL: ENTERRANDO O DISCURSO 
ECONÔMICO... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48
RodrigoMonteiro Pessoa
Jair Aparecido Cardoso
05. O IMPACTO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL 
NA DINÂMICA DO REGIME DE REPARTIÇÃO SIMPLES E DE 
“CAPITALIZAÇÃO”... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60
Tatiana Conceição Fiore de Almeida
06. O AMOR NOS TEMPOS DO STF... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72
Márcia Hoffmann do Amaral
Silva Turri
SUMÁRIO
ESCOLA SUPERIOR DE 
ADVOCACIA
 
São Paulo OAB SP - 2021
 
Coordenador de 
Editoração
Artur José Pavan Torres 
 
Jornalista Responsável
Marili Ribeiro
 
Coordenação de Edição 
Fernanda Gaeta
 
Coordenação Científica
Dra. Camila Ghizellini Carrieri
Dra. Giuliana Ghizellini Carrieri 
Dr. José Roberto Sodero 
Victório
 
Arte e Diagramação
Concept & Print
Bureau
 
Fale Conosco
Largo da Pólvora, 141 - 
Sobreloja - São Paulo SP
Tel. +55 11.3346.6800
 
Publicação Trimestral
ISSN - 2175-4462.
Direitos - Periódicos. 
Ordem Dos Advogados 
do Brasil
Edição 38 - Ano 2021
07. A BUSCA DA EFETIVIDADE DA PROTEÇÃO 
SOCIAL: DA NECESSIDADE DA INSERÇÃO 
DA LICENÇA PARENTAL COMO DIREITO 
HUMANO FUNDAMENTAL À IGUALDADE DE 
GÊNERO... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88
Miguel Horvath Júnior 
Juliana de Oliveira Xavier Ribeiro
08. A AÇÃO CIVIL PÚBLICA NA DEFESA DOS 
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106
Luiz Gustavo Boiam Pancotti
Heloísa Helena Silva Pancotti
09. A CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM 
COMUM PARA FINS DE APOSENTADORIA 
NO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA 
SOCIAL... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .120
Alessandro Cardoso Faria
Eloisa Vieira de Souza
Renata Tieme Shimabukuro
10. RETROCESSO NA RESSOCIALIZAÇÃO DA 
POPULAÇÃO CARCERÁRIA ORIUNDA DA 
RESTRIÇÃO DE ACESSO AO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO 
RECLUSÃO CAUSADO PELA LEI 13.846/2019... . . . .130
Jesus Nagib Beschizza Feres
11. OS ENUNCIADOS DO CONSELHO DE 
RECURSOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SOBRE 
APOSENTADORIA ESPECIAL .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .138
Adriane Bramante de Castro Ladenthin
12. A REPERCUSSÃO PREVIDENCIÁRIA DO ACIDENTE DO TRABALHO NO BENEFÍCIO 
DE PENSÃO POR MORTE – UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS SOFRIDOS PELOS 
DEPENDENTES DO SEGURADO... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .156
Priscilla Milena Simonato de Migueli
 
13. PLANEJAMENTO PREVIDENCIÁRIO PÓS REFORMA PREVIDENCIÁRIA 
E A ADVOCACIA “FULL SERVICE”... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166
Maura Feliciano De Araújo
14. O PAPEL DO MANDADO DE SEGURANÇA NO DIREITO PREVIDENCIÁRIO... . . . . . . . . . . . .178
Alexsandro Menezes Farineli
15. A PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA MTP Nº 620, 
DE 1º DE NOVEMBRO DE 2021 E REPERCUSSÕES NOS ACIDENTES COLETIVOS 
DE TRABALHO... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .190
José Roberto Sodero Victório
16. TRANSTORNOS DAS PERÍCIAS E A INDEFINIÇÃO DO PL 3914/20... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .202
Mônica Christye Rodrigues da Silva
17. CRIMES PREVIDENCIÁRIOS:LESIVIDADE X ADEQUAÇÃO.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .212
Ricardo Alves Bento
18. OS CÁLCULOS DA NOVA PENSÃO POR MORTE, APÓS A EC Nº 103/19... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .222
 Viviane Masotti
 
19. INSS DIGITAL E GUICHÊ VIRTUAL... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .240
Fernanda Angeli
Joseane Zanardi
Camila Ghizellini Carrieri
Pósfacio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .247
Camila Ghizellini Carrieri
Giuliana Ghizellini Carrieri
9Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
Camila Ghizellini Carrieri1
Giuliana Ghizellini Carrieri2
Recebemos a missão de organizar e coordenar uma revista eletrônica para a Escola 
Superior da Advocacia da OABSP dos competentes Diretores da Escola, Dr. Fenando 
Fabiani Capano e Dra. Letícia de Oliveira Catani, com muita honra e cientes da grande 
responsabilidade que nos era confiada.
A eleição do tema desta Revista Eletrônica foi quase que instantânea e não poderia 
ser outra: a área previdenciária, de nossa predileção, sim, mas sobretudo, pelo fato 
de que precisávamos homenagear a Comissão de Direito Previdenciário da OABSP 
– durante a gestão 2019/2021, verdadeira militante do interesse da Advocacia, em 
especial durante a Pandemia de Covid-19.
Neste contexto, nosso projeto foi recebido de forma amorosa pelo sempre 
Professor Dr. José Roberto Sodero Victório, que abraçou e militou para que, em um 
curto espaço de tempo, tivéssemos autores e autoras valorosas, de reconhecido valor 
e contribuição para o Direito Previdenciário e, hoje, estamos com a revista pronta e 
à disposição da comunidade jurídica.
1 Advogada. Especialista em Direito da Seguridade Social e Direito Constitucional. Presidente da Comissão de Seguridade 
Social da OAB de Ribeirão Preto. Membro da Comissão de Direito Previdenciário da OABSP. Vice-Presidente da Comissão 
de Assistência Judiciária da OAB de Ribeirão Preto/SP.
2 Advogada. Especialista em Direito Penal e Direito Constitucional. Membro do Conselho Curador da ESASP - gestão 2019-
2021. Presidente da Comissão de Assistência Judiciária da OAB de Ribeirão Preto/SP. Membro da Comissão de Direito 
Previdenciário da OABSP. Membro da Comissão Especial de Direito de Família e Sucessões da OABSP. Membro da Comissão 
de Assistência Judiciária da OABSP.
PREFÁCIO
10 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
Neste tópico, é importante destacar que em nenhum momento da história a 
advocacia previdenciária e uma comissão temática do ramo previdenciário conseguiram 
espaço e autonomia para realizar tanto em benefício não só da advocacia, mas em 
particular do beneficiário do INSS, como por exemplo, o convênio INSS DIGITAL, o 
Guichê Virtual entre tantas outras conquistas, e aqui cabe um agradecimento ao nosso 
Presidente Seccional da OABSP, Dr. Caio Augusto Silva dos Santos, que soube como 
ninguém selecionar a melhor representação da advocacia previdenciária, primeiramente 
com o Dr. José Roberto Sodero Victório e, posteriormente com a Dra. Adriane Bramante 
de Castro Ladenthin.
Mas porque o Direito Previdenciário seria um tema 
tão relevante para uma revista jurídica?
Sabemos que é da natureza humana garantir sua sobrevivência com o esforço do 
seu trabalho, assim como preocupar-se com o dia de amanhã, com o futuro incerto, 
considerando-se, inclusive, a eventualidade de estar incapacitadode prover sua própria 
existência, seja em razão de alguma doença, seja em razão do avanço da idade.
E é com base nessa preocupação em garantir a nossa sobrevivência no futuro que, 
de forma evolutiva, alcançamos, enquanto sociedade e através da intervenção estatal, 
o sistema de Previdência e da Seguridade Social.
Na atualidade, a Seguridade e a Previdência Sociais alcançaram uma relevância 
sem precedentes no cenário jurídico, social e político, em razão de três fatores 
determinantes e distintos: 1) a Reforma Previdenciária esculpida pela EC nº 103/2019, 
que trouxe uma reforma estrutural do sistema de previdência social, impondo 
consideráveis alterações aos benefícios, à idade mínima para se aposentar, ao tempo 
de contribuição necessário para a implementação do direito, ao cálculo de benefícios, 
estabelecendo regras de transição específicas, todas à impactar as fontes de custeio 
do sistema e minorar alegado déficit da Previdência; 2) a edição de novas legislações 
e normativas administrativas, a citar como exemplo o famoso Decreto 10.410/2020, 
e com a finalidade de tentar regulamentar o texto da Emenda Constitucional, mas que 
trazem previsões em si , suficientes a provar grandes debates jurídicos e consideráveis 
impactos à vida e à economia do segurado brasileiro; e 3) a pandemia mundial de 
COVID – 19, que asseverou as necessidades e vulnerabilidades humanas e nos convidou 
a modificar a nossa perspectiva e cultura de Previdência e Seguridade Sociais, haja vista 
que centenas de óbitos impactaram as famílias brasileiras, assim como as sequelas 
incapacitantes deixadas pela pandemia, impactando também a capacidade laboral, a 
vida e o orçamento de muitas pessoas.
11Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
Sabemos que, em um passado relativamente próximo, os advogados e a advogadas 
previdenciaristas eram tidos como agentes de um ramo do Direito do Trabalho, 
mas é certo que o ramo Previdenciário, dado a sua relevância e conteúdo próprios, 
se consolidou como área importante da ciência jurídica moderna, exigindo de seus 
operadores conhecimentos cada vez mais aprofundados e específicos.
Hoje, os advogados e a advogadas previdenciaristas são solicitados cada vez pela 
sociedade em face da crescente demanda por benefícios e, sobretudo, para atender à 
“nova” demanda de planejamento de sua previdência social.
É neste contexto que consideramos que a 
advocacia previdenciarista moderna, 
vocacionada à especialização, possui verdadeira 
missão, que hoje é, essencialmente, manter-se 
constantemente atualizada face às cotidianas 
alterações legislativas e a elaboração de novos 
sistemas e ferramentas de acesso à grande 
instituição INSS, que impactam diariamente 
a vida do segurado.
E assim, dentro deste cenário de constantes mudanças sociais, políticas e 
legislativas, que este compilado de artigos, selecionados entre expoentes e renomados 
autores e estudiosos da área previdenciária, desenvolvido com os temas mais atuais em 
discussão, se torna um instrumento valioso aos operadores do Direito Previdenciário, 
a militar como mais uma ferramenta de atualização, aprendizado e reflexão em sua 
jornada na defesa dos direitos sociais fundamentais.
O momento é mais do que oportuno e certamente, esta revista já é um grande 
sucesso e será uma referência para muitos operadores do Direito.
Convidamos a todos para uma excelente leitura e aproveitamos a oportunidade 
para externar a nossa gratidão.
12 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
01
 
A EXCLUSÃO DIGITAL E O DESAFIO DO ACESSO 
AOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO BRASIL
Roberto de Carvalho Santos3
RESUMO 
O presente texto tem como objetivo demonstrar as dificuldades impostas 
pelo sistema informatizado do INSS (Meu INSS) para acesso a benefícios 
previdenciários em face da exclusão digital no Brasil. Assim, incialmente, será feita 
uma introdução sobre a realidade da exclusão digital no Brasil, demonstrando 
suas causas e os programas desenvolvidos e em desenvolvimento para 
combatê-la. Em seguida, será apresentado um histórico do acesso a benefícios 
previdenciários no Brasil desde o início do século XXI até o atual cenário de 
concessão pela plataforma do Meu INSS. Por fim, observaremos como a exclusão 
digital tem sido um obstáculo à obtenção de benefícios pelos segurados. 
PALAVRAS-CHAVE 
Acesso a Benefícios Previdenciários; Meu INSS; Exclusão Digital.
3 Presidente do Instituto de Estudos Previdenciários – IEPREV. Advogado especialista em Direito Previdenciário. 
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
13Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
1. INTRODUÇÃO
 O emprego de tecnologia para 
prestação de serviços pela Administração 
Pública é fenômeno que vem ganhando 
bastante relevo nas últimas décadas, o 
que foi intensificado pela crise sanitária 
de 2020, ocasionada pela disseminação 
do vírus COVID-19. Em especial a partir 
da publicação do Decreto Legislativo nº 
6/2020, em 20 de março de 2020, que 
reconheceu a ocorrência do estado de 
calamidade pública no país, grande parte 
dos serviços públicos, que já passavam 
pela fase de digitalização, fecharam 
as portas de suas agências para sua 
prestação quase que exclusivamente por 
meio eletrônico. 
 No caso do Instituto Nacional do 
Seguro Social (INSS), no mesmo dia da 
promulgação do Decreto Legislativo nº 
06/2020, foi emitida a Portaria nº 412, 
que suspendeu o atendimento presencial 
nas agências até o dia 30 de abril, o que 
foi acompanhado de outras medidas, tais 
como a ampliação das tarefas da autarquia 
que poderiam ser solicitadas por meio 
eletrônico (Portaria nº 123 de 13 de 
maio de 2020) até criação de disposição 
legal que limita, de forma definitiva, 
o atendimento presencial apenas às 
situações excepcionais (art. 176-A do 
Decreto nº 3.048/1999 – incluído pelo 
Decreto nº 10.410/2020). 
 Apesar do processo de digitalização 
do fornecimento de serviços públicos ter 
se acelerado com a crise sanitária, fato é 
que se tratava de movimento inevitável, 
cujo prelúdio já era notável décadas antes. 
 Nesse contexto, em que os serviços 
públicos passam a ser fornecidos por meio 
digital, é imperioso o debate sobre o acesso 
da população brasileira às ferramentas 
tecnológicas que proporcionam o alcance 
aos direitos que devem ser garantidos 
pela Administração Pública. Esse acesso 
deve ser entendido não só em termos 
de estrutura física, com o suprimento de 
aparelhos eletrônicos e rede de internet, 
mas também no sentido de garantir à 
população condições intelectuais para 
lidar com esses instrumentos. Em outras 
palavras, é necessário observar se o 
avanço tecnológico no fornecimento de 
serviços pelo governo foi acompanhado 
do letramento digital dos brasileiros.
 O presente texto tem como objeto, 
portanto, analisar em que medida a 
digitalização dos serviços públicos no 
Brasil tem sido um problema a partir da 
perspectiva da exclusão digital de grande 
parcela da população, com foco no acesso 
aos direitos previdenciários, considerando 
que “os beneficiários do RGPS são, em 
sua maioria, pessoas de baixa renda, com 
pouco acesso a tecnologias, algumas delas 
com baixíssima escolaridade, sem contar 
com os analfabetos funcionais”4. 
 Para melhor compreensão do tema, 
inicialmente, será feita uma introdução 
sobre a realidade da exclusão digital 
no Brasil, demonstrando suas causas 
4 LAZZARI, João Batista; CASTRO, Carlos Alberto 
Pereira; KRAVCHYCHYN, Gisele Lemos e KRAVCHYCHYN, 
Jefferson Luis. Prática processual previdenciária: 
administrativa e judicial. 13 ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2021.
14 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
e os programas desenvolvidos e em 
desenvolvimento para combatê-la. Em 
seguida, será apresentado um histórico 
do acesso a benefícios previdenciários no 
Brasil desde o início do século até o atual 
cenário de concessão pela plataforma do 
Meu INSS. E, por fim, observaremos como 
a exclusão digital tem sido um obstáculo à 
obtenção debenefícios pelos segurados. 
2. DESIGUALDADE E EXCLUSÃO 
DIGITAL NO BRASIL
 Os anos 2000 testemunharam o 
surgimento da preocupação do governo 
brasileiro com políticas públicas e 
programas de inclusão digital. Essa 
apreensão decorre diretamente da 
necessidade de coordenar a integração dos 
objetivos econômicos e sociais previstos 
na Constituição em uma série de práticas 
de inclusão digital5. Essas práticas, por sua 
vez, foram acompanhadas da progressiva 
ampliação do uso da internet, que é 
hoje indispensável ao funcionamento da 
economia e da vida em sociedade como 
conhecemos. 
 Em razão disso, em 2004, por meio 
da publicação da Lei nº 11.012, foi criado o 
Programa de Inclusão Digital, que, dentre 
seus objetivos, buscava promover o acesso 
universal à seguridade social e aumentar o 
acesso à informação e ao conhecimento 
5 POLIDO, Fabrício Bertini Pasquot. A rota oposta de 
uma agenda global digital inclusiva a partir do Direito 
e regulação: cismas de um projeto negligenciado no 
Brasil. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo 
Horizonte, n. 122, jan./jun. 2021, pp. 269-322.
por meio da promoção da inclusão digital, 
meta que só seria alcançada por meio da 
alfabetização digital. 
 A alfabetização digital ou letramento 
digital é o “conjunto de competências 
e capacidades que possibilitam o uso 
adequado das tecnologias de informação 
e comunicação e a própria construção 
do conhecimento decorrente dessas 
tecnologias, incluindo a internet, sistemas 
de computação e redes digitais”6. Trata-
se, portanto, da “(...) competência em 
compreender, assimilar, reelaborar e 
chegar a um conhecimento que permita 
uma ação consciente, o que encontra 
correspondente no letramento digital”7.
Nesse sentido, não basta a simples 
compra de computadores para a população 
de baixa renda, é preciso fomentar a 
alfabetização tecnológica, ou seja, fornecer, 
em um primeiro momento, compreensão 
e proficiência básicas e mínimas para 
utilização das ferramentas tecnológicas 
e, em uma segunda fase, habilitar o 
cidadão para participar ativamente do 
mundo digital, compreendendo seus 
processos de informação e transmissão 
6 POLIDO, Fabrício Bertini Pasquot. A rota oposta de 
uma agenda global digital inclusiva a partir do Direito 
e regulação: cismas de um projeto negligenciado no 
Brasil. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo 
Horizonte, n. 122, jan./jun. 2021, pp. 269-322.
7 SILVA, Helena et al. Inclusão digital e educação 
para a competência informacional: uma questão 
de ética e cidadania e cidadania. In: Ci. Inf, vol. 34, 
n. 1, 2005, p. 28-36. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/ci/v34n1/a04v34n1.pdf>. Acesso em: 18 de agosto de 
2021. f. 33.
15Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
de conhecimento8.
O Programa de Inclusão Digital foi 
acompanhado por um extenso volume 
de outros projetos, tais como o Projeto 
Cidadão Conectado-Computador para 
Todos (Decreto nº 5.542/05), o Programa 
Um Computador por Aluno (PROUCA – Lei 
nº 12.249/10), o Programa Telecentros.BR 
(Decreto nº 6.991/09), o Programa Banda 
Larga para as Escolas (PBLE – Decreto nº 
6424/08), o Programa Nacional de Banda 
Larga (PNBL – Decreto nº 7.175/10) e o 
Programa Nacional de Redes de Banda 
Larga de Telecomunicações (REPNBL – 
Lei nº 12.715/12)9. 
Em 23 de abril de 2014 foi aprovada 
a Lei nº 12.965, mais conhecida como 
Marco Civil da Internet, com o objetivo de 
estabelecer princípios, garantias, direitos 
e deveres para o uso da Internet no Brasil. 
No que diz respeito ao dever do Poder 
Público em promover o letramento digital, 
os artigos 26 e 27 desse diploma legal 
assim preveem: 
Art. 26. O cumprimento do dever 
constitucional do Estado na 
prestação da educação, em todos os 
níveis de ensino, inclui a capacitação, 
8 ROVER, Aires José. O governo eletrônico e a inclusão 
digital: duas faces da mesma moeda chamada 
democracia. Inclusão digital e governo eletrônico. 
Zaragoza: Prensas Universitárias de Zaragoza, Lefis series, 
v. 3, p. 9-34, 2008. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/
portal/sites/default/files/ lefis_artigo_aires.pdf>. Acesso 
em: 18 de agosto de 2021.
9 POLIDO, Fabrício Bertini Pasquot. A rota oposta de 
uma agenda global digital inclusiva a partir do Direito 
e regulação: cismas de um projeto negligenciado no 
Brasil. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo 
Horizonte, n. 122, jan./jun. 2021, pp. 269-322.
integrada a outras práticas 
educacionais, para o uso seguro, 
consciente e responsável da internet 
como ferramenta para o exercício da 
cidadania, a promoção da cultura e o 
desenvolvimento tecnológico.
Art. 27. As iniciativas públicas 
de fomento à cultura digital e 
de promoção da internet como 
ferramenta social devem:
I - promover a inclusão digital;
II - buscar reduzir as desigualdades, 
sobretudo entre as diferentes regiões 
do País, no acesso às tecnologias da 
informação e comunicação e no seu 
uso; e
III - fomentar a produção e circulação 
de conteúdo nacional.10
Apesar dessas louváveis iniciativas, 
conforme o Mapa da Inclusão Digital 
formulado em 2012 pela Fundação 
Getúlio Vargas11, ainda havia bastantes 
cidadãos sem acesso à rede mundial 
de computadores. De acordo com o 
documento, as três principais razões que 
fizeram o brasileiro não utilizar a internet 
nos três meses que antecederam a 
pesquisa foram: (i) não achava necessário 
10 BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. 
Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para 
o uso da Internet no Brasil. Brasília, 23 de abr. de 2014. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 18 de 
agosto de 2021.
11 FGV, Mapa da Inclusão Digital. São Paulo: 
Centro de Políticas Sociais, 2012 Disponível em: 
<chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/
viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Fbibliotecadigital.
fgv.br%2Fdspace%2Fbitstream%2Fhandle%2F10438%
2F20738%2FTexto-Principal-Mapa-da-Inclusao-Digital.
pdf&clen=3143208>. Acesso em 17 de agosto de 2021.
16 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
ou não quis – 33,14%; (ii) não sabia utilizar 
a internet – 31,45%; e (iii) não tinha 
acesso a microcomputador – 29,79%. 
Dentre esses motivos, os dois últimos, que 
dizem respeito diretamente à exclusão 
digital, são mais frequentes em capitais 
com piores índices de desenvolvimento 
econômico e social do país: São Luiz (MA), 
Boa Vista (RR), Teresina (PI), Natal (RN) e 
Rio Branco (AC). 
Nesse ponto, é interessante notar 
como a exclusão social fomenta a exclusão 
digital na medida em que os cidadãos 
marginalizados são aqueles que não tem 
acesso ao conhecimento e às ferramentas 
tecnológicas. Do mesmo modo, a exclusão 
digital aumenta a exclusão social, uma vez 
que, sem o acesso à internet, os excluídos 
tendem a ser ainda mais excluídos por não 
conseguirem acesso a serviços públicos, a 
notícias, a conhecimento e, o que se tornou 
relevante com a pandemia da COVID-19, 
ao mercado de trabalho, ao mercado de 
consumo e a serviços de saúde. 
 No que diz respeito ao mercado de 
trabalho especificamente, ponto sensível 
quando se analisa a desigualdade social, 
conforme Zheng e Walsham: 
Em outras palavras, os vários níveis 
de divisão entre e dentro do trabalho 
digitalizado e não digitalizado sob 
covid-19 estão associados a rupturas 
mais profundas de desigualdade 
econômica e de classe, bem como 
à distribuição desigual de recursos 
através das fronteiras geográficas ao 
redor do globo e dentro das nações. 
Embora o trabalho remoto possa ser 
uma opção prontamente disponível 
para trabalhadores digitais durante 
uma crise de saúde pública, a 
muito celebrada “flexibilidade” e 
“autonomia” na economia de gig 
baseada em plataforma pode ser 
terrivelmente frágil sob graves 
perturbações no mercado e na 
economia.12
O mesmo pode ser dito do acesso 
à educação, uma vez que a capacidade 
dos alunos de se beneficiarem do ensino 
à distância pode ser desigual devido 
às desigualdades relativasao acesso à 
Internet e aos equipamentos eletrônicos, 
bem como à capacidade dos pais para 
apoiar os filhos e à forma distinta que 
escolas públicas e escolas privadas foram 
capazes de lidar com a migração do ensino 
para o computador durante a pandemia13. 
A alfabetização digital e o acesso 
às ferramentas tecnológicas são, nesse 
contexto, imprescindíveis para a inclusão 
do indivíduo na sociedade, seja para ter 
acesso ao mercado de trabalho, seja para 
conseguir a devida prestação de seus 
12 No original em inglês: “In other words, the multiple 
levels of division between and within digitalised and non-
digitalised work under covid-19 are associated with deeper 
ruptures of class and economic inequality as well as the 
uneven distribution of resources across geographical 
boundaries around the globe and within nations. While 
remote working may be a readily available option for digital 
workers during a public health crisis, the much celebrated 
‘flexibility’ and ‘autonomy’ in the platform-based gig 
economy could be terribly fragile under severe disruptions 
in the market and economy” In: ZHENG, Yingqin; WALSHAM, 
Geoff. Inequality of what? An intersectional approach 
to digital inequality under Covid-19. Information and 
Organization, v. 31, n. 1, 100341, 2021. f. 3.
13 UNCTAD. The COVID-19 Crisis: accentuating the 
need to bridge digital divides. Abril, 2020.
17Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
direitos pelo Poder Público. 
Atualmente vigora no país a Estratégia 
E-Digital, instituída pelo Decreto nº 9.319, 
em 21 de março de 2018, que, segundo 
Polido, diferentemente do Programa 
de Inclusão Digital de 2004, “ficam 
para trás em uma série de objetivos de 
inclusão digital relacionados, que seriam 
essenciais para uma transformação digital 
generalizada”14. 
Devido ao progressivo aumento da 
dependência da economia à tecnologia, 
isso se torna preocupante, sobretudo 
com a pandemia do COVID-19. Apesar 
da exclusão digital não ser o único 
motivo, certamente é fator que em muito 
influencia no atual índice de desemprego 
no país, que no primeiro trimestre de 2021 
ficou em 14,7%, segundo o IBGE15, maior 
percentagem desde o início das medições 
do instituto em 2012. 
 Ademais, a falta de iniciativas para 
promoção do letramento digital e acesso 
a ferramentas tecnológicas, sobretudo 
durante a pandemia, indubitavelmente 
terá reflexos na desigualdade do ensino 
público e particular no país.
 No acesso aos serviços públicos 
a situação não é diferente. Em 11 de 
14 POLIDO, Fabrício Bertini Pasquot. A rota oposta de 
uma agenda global digital inclusiva a partir do Direito 
e regulação: cismas de um projeto negligenciado no 
Brasil. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo 
Horizonte, n. 122, jan./jun. 2021, pp. 269-322.
15 BRASIL. Desemprego. Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: <https://
www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php>. Acesso em: 
18 de agosto de 2021.
abril de 2019, foi publicado o Decreto 
nº 9.756, instituindo o portal “gov.br”, 
que unificava, no âmbito dos órgãos e 
das entidades da administração pública 
federal direta, autárquica e fundacional 
do Poder Executivo federal, a prestação 
dos serviços públicos sob um cadastro 
único do cidadão. Hoje, sobretudo com 
a pandemia do COVID-19, que forçou o 
fechamento físico dos estabelecimentos 
do Poder Público, para se ter acesso a 
determinado direito, o “gov.br” é, muitas 
vezes, a única alternativa, como se verá 
adiante no caso do INSS, o que é de 
extrema preocupação à luz da exclusão 
digital brasileira. 
3. HISTÓRICO DO ACESSO A 
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS NO 
BRASIL
 O Brasil só passou a ter verdadeiras 
regras de caráter geral em matéria de 
previdência apenas no século XX. Em 
períodos anteriores, apesar de previsão 
constitucional, apenas alguns diplomas 
normativos ofereciam algum tipo de 
proteção ao trabalhador de forma isolada. 
A doutrina majoritária considera como 
marco inicial da Previdência Social no 
país a edição da Lei Eloy Chaves em 1923 
(Decreto Legislativo nº 4.682), que criou 
as Caixas de Aposentadoria e Pensões nas 
empresas de estrada de ferro16. 
16 LAZZARI, João Batista e CASTRO, Carlos Alberto 
de. Manual de Direito Previdenciário. 24 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2021. 
18 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
 A partir de então, surgiram várias 
outras caixas de pensão e aposentadoria, 
cada qual vinculada a um determinado ramo 
de atividade. A padronização da concessão 
de benefícios só foi acontecer em 1949, 
com a publicação do Regulamento Geral 
das Caixas de Aposentadorias e Pensão 
(Decreto nº 26.778/49), já a padronização 
normativa para o amparo dos segurados 
só foi ocorrer em 1960, com a aprovação 
da Lei nº 3.807, denominada Lei Orgânica 
da Previdência Social (LOPS)17. 
 Naquele momento, os organismos 
previdenciários ainda estavam 
descentralizados, o que só foi mudar com 
a criação do Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS – Decreto-lei nº 
72/66). Todavia, o INPS ainda não oferecia 
proteção social ao trabalhador rural e ao 
trabalhador doméstico, que só passaram 
a ter algum tipo de salvaguarda com a 
Lei Complementar nº 11/1971 (criação 
do FUNRURAL) e Lei nº 5.859/1976, 
respectivamente18. 
 A Constituição de 1988 foi a 
responsável por unificar todo o sistema, 
criando o atual Regime Geral de Previdência 
Social, excluindo apenas os trabalhadores 
que fossem regidos por sistema próprio 
de previdência, tais como servidores 
públicos e militares, e os brasileiros que 
não contribuem para nenhum regime por 
17 IBRAIM, Fábio Zambite. Curso de Direito 
Previdenciário. 25 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2020. 
18 LAZZARI, João Batista e CASTRO, Carlos Alberto Pereira 
de. Manual de Direito Previdenciário. 24 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2021.
não exercerem atividade laborativa, como 
por exemplo as crianças19.
 Em 1990 foi criado o Instituto 
Nacional do Seguro Social (INSS), 
autarquia federal que passou a coordenar 
as funções de concessão de benefícios 
e arrecadação previdenciários, tendo 
esta última função sido transferida para 
a Secretaria da Receita Federal em 2007 
(Lei nº 11.457). No ano seguinte, foram 
aprovadas as Leis nº 8.212 e nº 8.213, 
que tratam do custeio e dos benefícios da 
previdência social20. 
 Ainda que a Previdência Social tenha 
sofrido algumas reformas constitucionais 
consideráveis (EC nº 20/98, EC nº 41/03, 
EC nº 47/05 e EC nº 103/19), a estrutura 
de concessão de benefícios permaneceu a 
mesma, feita por meio do INSS. 
 No final da década de 1990 e 
primeiros anos da de 2000, a previdência 
social brasileira passou a enfrentar passou 
a enfrentar um grande problema no que 
diz respeito ao atendimento do cidadão 
nas agências do INSS. Conforme relatório 
produzido pelo Dataprev21, de cada 10 
pessoas que procuravam uma Agência da 
Previdência Social no país, sete voltavam 
para casa sem sequer obter as informações 
19 LAZZARI, João Batista e CASTRO, Carlos Alberto 
Pereira de. Direito Previdenciário. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense; MÉTODO, 2021.
20 LAZZARI, João Batista e CASTRO, Carlos Alberto Pereira 
de. Manual de Direito Previdenciário. 24 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2021.
21 EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA 
PREVIDÊNCIA SOCIAL. A virada da previdência social: 
como acabaram as filas nas portas das agências. 1. 
ed. Brasília: DATAPREV, 2013.
19Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
básicas de que precisavam. Era urgente 
que se pensasse em estratégias para a 
humanização dos serviços prestados à 
população brasileira, o que veio a ser 
implementado, dentre outras medidas, 
com a criação da Central de Atendimento 
135, parte do Projeto de Gestão do 
Atendimento (PGA).
 A partir da criação do telecentro, 
aliada a abertura da possibilidade de 
agendamento eletrônico do atendimento 
presencial (Sistema de Agendamento 
Eletrônico – SAE), mais pessoas puderam 
ser atendidas em um menor intervalo de 
tempo, dandofim às enormes filas que, 
no início dos anos 2000 estampavam 
os noticiários. Segundo o relatório do 
Dataprev, uma pesquisa realizada pelo 
INSS em 2008 mostrou que 80% das 
pessoas, que ligavam para o 135, queriam 
apenas informações22, demanda legítima 
da população, mas que, muitas vezes, 
na rotina das agências, representava um 
entrave para o atendimento e concessão 
de benefícios àqueles que precisavam. 
 A partir do fim da primeira década 
dos anos 2000, percebeu-se a necessidade 
de investir em tecnologia com o objetivo 
de agilizar ainda mais os processos de 
trabalho do INSS. Nesse contexto, foi 
publicada a Lei Complementar nº 128, de 
19 de dezembro de 2008 que, além de 
outras medidas, modificava o art. 29-A 
22 EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA 
PREVIDÊNCIA SOCIAL. A virada da previdência social: 
como acabaram as filas nas portas das agências. 1. 
ed. Brasília: DATAPREV, 2013.
da Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios)23, 
ampliando a base de dados do Cadastro 
Nacional de Informações Sociais (CNIS)24, 
o que auxiliava na aferição dos dados 
dos segurados, evitando solicitação de 
diligências desnecessárias pelo INSS. 
 Esse processo de digitalização, 
como já tratado, seguiu a tendência 
mundial na busca do uso da tecnologia em 
todos os aspectos da vida em sociedade. 
Com os avanços da tecnologia, novas 
oportunidades para seu uso foram criadas, 
com novos desafios a serem enfrentados25. 
Em 11 de novembro de 2011 foi instituído 
o processo eletrônico no âmbito do INSS, 
por meio da Resolução nº 166/PRES/INSS, 
o que demonstrava essa preocupação com 
a necessidade de adaptar as instituições a 
esse novo contexto digital. 
23 Art. 29-A. O INSS utilizará as informações constantes 
no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS sobre 
os vínculos e as remunerações dos segurados, para fins de 
cálculo do salário-de-benefício, comprovação de filiação ao 
Regime Geral de Previdência Social, tempo de contribuição 
e relação de emprego. In: BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de 
julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da 
Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 24 de 
jul. de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 20 de agosto de 
2021.
24 O CNIS é um banco de dados do governo federal 
criada em 1989 pelo Decreto 97.936, que armazena as 
informações dos trabalhadores brasileiros necessárias para 
garantir seus direitos trabalhistas e previdenciários. No 
cadastro constam dados relativos a vínculos, remunerações 
e contribuições do trabalhador, que servem como prova 
da filiação à previdência social e permitem a apuração 
do direito a benefícios e seu valor. In: LAZZARI, João 
Batista; CASTRO, Carlos Alberto Pereira; KRAVCHYCHYN, 
Gisele Lemos e KRAVCHYCHYN, Jefferson Luis. Prática 
processual previdenciária. 13 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2021. 
25 FILGUEIRAS, Fernando; ALMEIDA, Virgílio. Governance 
for the digital world: neither more state nor more 
market. Palgrave Macmillan, 2021. (Ch. 4: Governance for 
digital technologies, p. 75-104).
20 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
A crescente busca pela automatização 
dos processos culminou na criação do 
Meu INSS, a partir da Instrução Normativa 
nº 96/PRES/INSS, em 14 de maio de 
2018. Trata-se de plataforma digital, 
vinculada ao sistema gov.br, que permite 
ao segurado e o INSS acessar informações 
sociais, bem como efetuar requerimentos, 
agendar perícias, realizar simulações, 
dentre outras funcionalidades que ao 
logo do tempo estão sendo inseridas na 
plataforma. 
Influenciado pelo domínio do 
capitalismo de vigilância, o governo 
brasileiro tornou-se cada vez mais 
dependente de entidades comerciais: 
a internet e as companhia de telefone, 
para promover os direitos básicos de seus 
cidadãos, em especial os previdenciários. 
Apesar de antes já possuir domínio dos 
dados dos cidadãos, a forma como isso se 
expandiu pelo uso da tecnologia, alterou 
totalmente a dinâmica do atendimento à 
população pelo governo26. 
A pandemia do COVID-19 
intensificou ainda mais a necessidade de 
se buscar alternativas tecnológicas para o 
serviço público. Com o isolamento social, 
o atendimento presencial nas agências foi 
suspenso, tendo o Meu INSS se tornado 
o principal meio para requerimento de 
benefícios.
4. ACESSO A BENEFÍCIOS 
26 LYON, David. The culture of surveillance: Watching 
as a way of life. John Wiley & Sons, 2018 (Introduction: 
Surveillance Culture Takes Shape, p. 9-34).
PREVIDENCIÁRIOS E A EXCLUSÃO 
DIGITAL
 As instituições estão em constante 
transformação e mudança, se adaptando a 
novos contextos e promovendo mudanças 
de paradigmas pela introdução de novos 
procedimentos. Essa transformação, seja 
ela por acidente, evolução ou intenção, 
requer a observância de vários fatores 
e resiliência para decifrar os novos 
problemas e se adaptar a novas soluções. 
Nesse sentido, no mundo digital: “O 
grande desafio para a governança do 
mundo digital é criar uma nova ordem. Ou 
seja, o mundo digital precisa ser regido 
por uma nova gramática, com atributos 
para se adaptar e produzir para um mundo 
novo e complexo.”27 
A pandemia da COVID-19 impôs ao 
mundo o desafio do isolamento social, o 
que representou a necessidade de se buscar 
alternativas digitais para a transposição 
das atividades presenciais para o meio 
virtual. Diante de desafio, o INSS permitiu 
a expansão das funcionalidades do 
atendimento da central 135, por meio 
da Portaria nº 123 (13 de maio de 2020), 
permitindo que os atendentes abrissem 
tarefas no Meu INSS dos segurados para 
solucionar eventuais pendências.
Todavia, esse atendimento 
27 Tradução minha. No original: “The big challenge for 
governance of the digital world is to create a new order. 
In other words, the digital world needs to be governed 
in a new grammar, with attributes to adapt and produce 
in order for a complex and new world.” In: FILGUEIRAS, 
Fernando; ALMEIDA, Virgílio. Governance for the 
digital world: neither more state nor more market. 
Palgrave Macmillan, 2021. (Ch. 4: Governance for digital 
technologies, p. 75-104).
21Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
pressupõe que o segurado tenha acesso 
a computador, rede banda larga e 
alguma ferramenta que lhe possibilite a 
digitalização de documentos. Ademais, 
subentende que o cidadão será capaz 
de compreender o sistema do Meu INSS 
e executar as tarefas necessárias para 
solucionar, sozinho, seu problema. 
A tendência pela busca de 
ferramentas tecnológicas ficou ainda mais 
forte a partir da publicação do Decreto 
10.410, em 30 de junho de 2020, que 
acrescentou ao Decreto 3.048/99, o art. 
176-A, com a seguinte redação:
Art. 176-A. O requerimento 
de benefícios e de serviços 
administrados pelo INSS será 
formulado por meio de canais de 
atendimento eletrônico, observados 
os procedimentos previstos em ato 
do INSS.
§ 1º O requerimento formulado 
será processado em meio eletrônico 
em todas as fases do processo 
administrativo, ressalvados os atos 
que exijam a presença do requerente.
§ 2º Excepcionalmente, caso o 
requerente não disponha de meios 
adequados para apresentação 
da solicitação pelos canais 
de atendimento eletrônico, o 
requerimento e o agendamento 
de serviços poderão ser feitos 
presencialmente nas Agências da 
Previdência Social.28
28 Grifo meu. BRASIL. Decreto 3.048, de 6 de maio 
de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e 
dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.
Depreende-se do dispositivo 
supracitado que, em caráter permanente, 
os meios eletrônicos serão o canal principal 
dos segurados para o requerimento de 
benefícios, sendo aceito o atendimento 
presencial apenas na hipótese de atos 
que exijam a presença do requerente ou 
quando o segurado não possui meios para 
o atendimento eletrônico. 
Todavia, em função dessa presunção 
de acesso a meios digitais, não há qualquer 
informação sobre como o segurado poderá 
agendar um atendimentopresencial. 
Na prática, isso tem se tornado quase 
impossível.
Há, assim, uma crescente rigidez 
no âmbito do INSS, que, em prol da 
celeridade dos processos administrativos, 
que desconsidera o direito fundamental 
dos segurados ao acesso aos benefícios 
previdenciários. 
Ademais, é necessário fazer algumas 
ponderações acerca da transparência 
do algoritmo que orienta o sistema do 
Meu INSS. Transparência é o elemento 
por meio do qual os cidadãos podem 
tomar conhecimento acerca do modo 
como os sistemas de decisão fazem 
escolhas que afetam suas vidas29. É por 
meio dessa compreensão que é possível 
responsabilizar os coordenadores dos 
gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm. Acesso em: 23 de 
agosto de 2021.
29 FILGUEIRAS, Fernando; ALMEIDA, Virgílio. Governance 
for the digital world: neither more state nor more 
market. Palgrave Macmillan, 2021. (Ch. 4: Governance for 
digital technologies, p. 75-104).
22 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
sistemas para que sejam aprimorados.
Ao se analisar o Meu INSS e os 
diplomas normativos que o regem, 
observam-se enormes problemas que 
atingem não só o segurado ordinário, 
mas que trazem dificuldades até mesmo 
aos advogados previdenciaristas, que, em 
tese, estão mais bem preparados para 
lidar com esse sistema. 
Exemplo disso é a Portaria DIRBEN/
INSS nº 902, de 23 de junho de 2021, que 
disciplina e a rotina de tratamento prévio 
de tarefas de reconhecimento inicial 
de direitos, que é feita exclusivamente 
por inteligência artificial. Esse 
diploma normativo é responsável pelo 
indeferimento de inúmeros requerimentos 
administrativos e não está disponível em 
nenhum canal oficial do governo. A única 
forma de ter acesso à portaria é pagando 
a assinatura do sítio eletrônico de um 
servidor da autarquia previdenciária.
Outra forma de ilustrar esse cenário 
hostil é observando-se as próprias 
mudanças institucionais dentro do INSS 
e, em consequência, do sistema do Meu 
INSS. A todo o tempo o governo cria e 
extingue secretarias dentro da autarquia, 
desloca funcionários de outros setores 
para tentar lidar com o déficit de servidores 
sem qualquer treinamento, aumenta ou 
diminui competências da autarquia e, 
como ocorreu nas últimas semanas recria 
o Ministério do Trabalho e da Previdência 
através de medida provisória. 
A desorganização institucional é 
extremamente confusa e frágil, o que 
provoca reflexos dentro das ferramentas 
do INSS, tal como o Meu INSS. Não 
é incomum, por exemplo, lidar com a 
instabilidade do sistema ou com mudanças 
na interface e nomenclatura de opções de 
serviço. Como exemplo, temos o ícone de 
acesso ao CNIS, que antes possuía o título 
de “Cadastro Nacional de Informações 
Sociais (CNIS)”, depois passou a ser 
chamado de “Extrato de Contribuições” 
e, atualmente, é nomeado de “Extrato de 
Contribuições (CNIS)”. 
Essa realidade se agrava 
principalmente ao pensarmos na 
população que mais depende do INSS, 
pois, se advogados tem dificuldade para 
entender essas contínuas mudanças 
organizacionais, quem dirá pessoas de 
baixa renda e idosos, com pouco acesso a 
tecnologias, com baixa escolaridade e, em 
sua grande parte, analfabetos funcionais 
e/ou digitais. 
A tecnologia atende a uma análise 
exclusivamente matemática de eficiência, 
o que nem sempre converge com as 
necessidades do público que mais depende 
do INSS: “muito comumente os segurados 
e dependentes são hipossuficientes, não 
apenas do ponto de vista financeiro, mas 
igualmente nos aspectos informacionais e 
culturais, com idade elevada, baixo grau 
de instrução e por vezes dificuldades de 
compreensão dos itens da vida moderna”30. 
Ainda que a autarquia previdenciária 
30 SERAU JÚNIOR, Marco Aurélio. Operação pente-fino 
e minirreforma previdência: Lei 13.846/2019. Porto 
Alegre: Paixão, 2019. f. 132-133.
23Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
tenha firmado acordos de colaboração 
para ampliar o acesso dos segurados mais 
vulneráveis aos benefícios, tais como o 
INSS Digital (parceria OAB-INSS), esses 
acordos não são de amplo conhecimento 
da população e, mesmo que fossem, 
não seriam capazes de atender a todos 
que precisam. Há, nesse sentido, uma 
progressiva privatização do serviço 
informacional do INSS, que fica a cargo 
dos advogados, quando e se consultados.
Além disso, o INSS Digital acentua 
ainda mais as desigualdades regionais de 
acesso digital, pois depende de convênios 
individuais com cada uma das seções 
estaduais da OAB, o que, na prática, 
significa que estados como São Paulo e 
Minas Gerais tem acesso uma gama de 
serviços maior do que estados com menor 
índice de desenvolvimento.
Por fim, destaca-se que a plataforma 
do Meu INSS foi implantada e tem 
sido ampliada sem qualquer campanha 
governamental que informe a população 
de suas funcionalidades. O que se percebe 
são apenas eventuais propagandas 
que apenas indicam, de forma tímida, a 
existência da plataforma. 
Diante desse cenário, é possível 
perceber que o INSS caminha por um 
ambiente cada vez mais inacessível para 
grande parcela da população, sobretudo 
considerando o enorme abismo que o 
iletramento digital impõe ao público da 
autarquia previdenciária. 
Não se propõe, por óbvio, que o 
INSS deixe de usar a tecnologia na análise 
de benefícios. Há que se reconhecer que 
o sistema Meu INSS se provou bastante 
eficaz para vários casos, sobretudo com 
em virtude do número de requerimentos 
administrativos, a imposição de isolamento 
social na pandemia do COVID-19 e o 
consequente aumento na demanda por 
auxílio-doença. Todavia, é necessário um 
olhar crítico sobre como essa plataforma 
tem sido utilizada e seus reflexos na vida 
de milhares de brasileiros que, além de 
muitas vezes terem acesso precário à 
internet, não possuem conhecimento 
técnico suficiente para avaliar se o sistema 
está analisando seu caso sob a melhor 
ótica legal.
A implementação dos deveres e 
direitos políticos, civis e sociais dependem 
do livre acesso à informação sobre esses 
deveres e direitos. Em outras palavras, 
dependem da ampla disseminação e 
circulação da informação, que possibilite 
um processo comunicativo de discussão 
crítica sobre a forma como os problemas 
em torno da implementação desses 
deveres e direitos devem ser solucionados 
para a construção de uma sociedade 
mais justa e, portanto, com maiores 
oportunidades para todos os cidadãos31.
Trata-se de direito fundamental 
do cidadão, definido no inciso XXXIII 
do art. 5º da Constituição: “todos têm 
direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, 
31 SILVA, Helena et al. Inclusão digital e educação 
para a competência informacional: uma questão de 
ética e cidadania e cidadania. In: Ci. Inf, vol. 34, n. 1, 
2005, p. 28-36. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
ci/v34n1/a04v34n1.pdf>. Acesso em: 18 de agosto de 2021.
24 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
ou de interesse coletivo ou geral, que 
serão prestadas no prazo da lei, sob pena 
de responsabilidade, ressalvadas aquelas 
cujo sigilo seja imprescindível à segurança 
da sociedade e do Estado”32. 
 Em um país com índices de 
desigualdade social e digital tão 
acentuadas, como demonstrado 
anteriormente, é imprescindível que o Meu 
INSS seja pensado não como a ferramenta 
principal de concessão de benefícios, mas 
sim como uma alternativa, pelo menos até 
que se promovam inciativas no sentido de 
fornecer aos segurados meios materiais 
e intelectuais para que efetivamente 
utilizem o sistema para o seu melhor 
interesse.
5. CONCLUSÃO
 A partir desse artigo, pretendeu-se 
analisar como a exclusão digital no Brasil 
tem interferido no acesso a benefícios 
previdenciários pelo sistema informatizado 
do INSS (MeuINSS). Em uma primeira 
análise, foi feito um estudo acerca dos 
programas para o fomento do letramento 
digital, bem como o fornecimento de 
ferramentas tecnológicas à população e 
os deveres legais do Estado para combater 
a exclusão digital. Demonstrou-se queas iniciativas atuais do governo estão 
aquém das necessidades dos brasileiros. 
Em seguida, examinou-se o histórico do 
32 BRASIL. Constituição da República Federativa 
do Brasil, de 05.10.1988. Brasília, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituiçao>. Acesso em: 26 de agosto de 2021.
acesso a benefícios previdenciários no 
Brasil, demonstrando como as ferramentas 
tecnológicas auxiliaram a combater as 
enormes filas das agências do INSS. 
Por fim, foi explorado o funcionamento 
do Meu INSS e as dificuldades que os 
excluídos digitais enfrentam na concessão 
de benefícios previdenciários, levando 
em conta que, a partir da publicação do 
Decreto nº 10.410/2020, os atendimentos 
presenciais se tornaram uma exceção. 
 Não se discute aqui os evidentes 
benefícios que a tecnologia pode trazer 
à Administração Pública na prestação 
de serviços à população, principalmente 
tendo-se em vista o isolamento que a 
pandemia do COVID-19 impôs a todos. 
Todavia, o uso de ferramentas tecnológicas 
deve ser pensado em uma perspectiva 
que permita o efetivo acesso do cidadão 
a seus direitos. 
 No caso dos benefícios 
previdenciários, que por sua natureza 
são concedidos a pessoas comumente 
hipossuficientes – inválidos e idosos 
–, a digitalização dos serviços do INSS 
deve ser ainda mais cautelosa no que diz 
respeito à exclusão digital, a fim de que 
esta não produza maiores impactos na 
exclusão social, por impedir o acesso a 
direitos básicos do cidadão. 
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S
25Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
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05.10.1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
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Acesse:
https://issuu.com/
esa_oabsp 
www.esaoabsp.edu.br
28 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
02
ENSAIO SOBRE O MITO DA UNIVERSALIDADE DE 
ACESSO E COBERTURA E DA SOLIDARIEDADE DA 
PREVIDENCIA SOCIAL BRASILEIRA.
Heloísa Helena Silva Pancotti33
Luiz Geraldo do Carmo Gomes34
RESUMO
O ensaio se propõe a discutir questões dogmáticas relacionadas ao direito 
previdenciário, sobretudo em sua principiologia. No âmbito do texto, propõe-se 
analisar como as estruturas de biopoder atuam recolhendo contribuições das 
classes sociais economicamente mais vulneráveis para sustentar os benefícios 
das classes mais abastadas. Para tanto será utilizada uma pesquisa realizada na 
cidade de São Paulo pela Rede Nossa São Paulo, que é realizada desde 2012 e 
traz dados sobre os 96 distritos da cidade de São Paulo, abordando indicadores 
de várias áreas da administração pública com base em dados oficiais publicados 
anualmente. Ao final, os indicadores serão contrapostos aos dados de renda, 
expectativa de vida, tomando por base o de melhores e piores índices para que 
se observe em quais distritos os indivíduos contribuem mais, por mais tempo 
e quais conseguem acesso e por quanto tempo aos benefícios, dividindo os 
indivíduos em razão da identidade de gênero.
PALAVRAS-CHAVE
Solidariedade, Universalidade, Direito Previdenciário, Vulnerabilidades.
33 Mestre- UNIVEM. Doutorado em andamento UENP- Universidade Estadual do Norte do Paraná. Diretora Científica do 
IEPREV- Instituto de Estudos Previdenciários. Parecerista da Revista Científica da DPU. Conselheira Editorial da Revista de 
Prática Previdenciária da Editora Paixão. Autora de Livros, Capítulos de Livros e Artigos Científicos. 
34 Doutor em Função Social do Direito, Mestre em Ciências Jurídicas. Post-doctorarte training no programa de LLM in 
Laws da School of Law na University of Limerick. Visiting Lecturer da School of Law da University of Limerick (Irlanda). 
Foi pesquisador visitante do Dipartimento di Scienze Giuridiche da Università di Bologna (Itália) e do Dipartimento 
Giurisprudenza da Università degli Studi di Siena (Itália). Segundo vice presidente da comissão de assuntos acadêmicos 
do IBDFAM- Instituto Brasileiro de Direito de Família e membro do IDB- Instituto de Direito e Bioética. Autor de diversos 
artigos e capítulos de livros.
29Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
1. INTRODUÇÃOO Direito Previdenciário é um 
direito social fundamental, tem status 
constitucional e consta de vários 
tratados internacionais de direitos 
humanos em que o Brasil figura como 
signatário, incorporando-se ao sistema 
legislativo nacional com status de norma 
constitucional à partir de 1.988 por força 
do exposto no artigo 5º § 2º da CRFB que 
dispõe que os direitos e garantias nela 
expressos não excluem outros direitos 
decorrentes dos tratados internacionais.
É de suma importância na proteção 
de seus segurados e beneficiários em 
momentos de vicissitudes que possam 
impedir a manutenção do sustento e 
vincula de maneira obrigatória todos que 
percebem renda em razão de atividade 
laborativa. É cediço afirmar que incide 
sobre toda forma de renda obtida em 
razão da própria força do trabalho e tem 
natureza parafiscal.
 A maioria destes sistemas 
mescla inspirações no modelo alemão 
bismarquiano, que é mais primitivo, não 
universal e com menor rol protetivo e no 
modelo inglês, que visa a universalidade 
de atendimento, financiado por meio 
de impostos arrecadados de toda a 
sociedade.35
 Quando as discussões acerca da 
reforma da previdência começaram a 
ganhar corpo na agenda política brasileira, 
trazia premissas discutíveis como a 
instabilidade financeira do sistema que 
35 IBRAHIM, Fábio Zambite. 2020, p. 50.
se dizia deficitário, muito embora não 
faltassem dados empíricos que revelassem 
o contrário36. Da mesma forma, o principal 
foco era o abandono total do modelo 
beveridgeano solidário, para a adoção do 
modelo capitalizado bismarquiano e com 
coberturas limitadas.
 Esta foi a principal pedra de toque 
do plano reformista e o ponto em que 
não houve possibilidade de aprovação. 
Contudo, muito embora a solidariedade 
e a universalidade de cobertura e 
atendimento sejam princípios basilares que 
sustentam nosso sistema de previdência 
social, ao menos na teoria, se analisado 
pela perspectiva foucaultiana, é possível 
perceber que se trata de um modelo 
que perpetua as desigualdades sociais e 
de gênero, é mais eficiente quanto mais 
alta a classe dos segurados e é incapaz 
de oferecer proteção à toda sociedade, 
desconectando-se dos princípios aos 
quais deveria se ancorar. 
 No primeiro capítulo, analisaremos 
os princípios da universalidade de cobertura 
e atendimento e da solidariedade ante os 
marcadores sociais revelados pelo Mapa 
da Desigualdade produzido na cidade 
de São Paulo, maior cidade do país, que 
oferece um microcosmos de amostragem 
suficiente para reproduzir formas de 
atuação em todo território nacional, em 
razão da diversidade de gênero, etnia e 
sócio econômica presentes.
 No segundo capítulo, serão 
contrapostas as regras de acesso aos 
benefícios pós reforma, que vinculam 
36 MÜLLER, Piatã. 2016.
30 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
idade, tempo contributivo, capacidade 
de recolhimento em valores e em prazo 
suficientes, fidelidade contributiva, aos 
marcadores de renda, gênero, raça e 
distrito da cidade, o que oferecerá um 
panorama acerca da possibilidade de 
acesso aos benefícios e tempo de fruição.
 No terceiro capítulo, passaremos 
a abordar os resultados obtidos no 
primeiro e segundo capítulo aos dados 
de expectativa de vida, empregabilidade 
e adequação legal das pessoas 
trans- assim consideradas as pessoas 
transexuais e travestis- bem como à 
população intersexo.
 Ao final, pretende-se comprovar 
que a estruturação do modelo de 
seguridade social não é capaz de atender 
à sua finalidade de proteção ante a 
vulnerabilidade social ocasionada pela 
perda da renda e capacidade de prover 
o próprio sustento, assim como tem sido 
transformada, por meio das reformas 
legislativas, de maneira a servir como 
eficiente arrecadador das fontes de 
custeio nas camadas mais vulneráveis 
que, contudo, tem menores chances de 
acessar os benefícios e quando o fazem, 
se dá por tempo menor.
2. O MITO DA SOLIDARIEDADE E DA 
UNIVERSALIDADE DE COBERTURA E 
ATENDIMENTO
O primeiro princípio que se tem 
contato ao dedicar-se ao estudo do direito 
previdenciário é o da solidariedade. 
Previsto no artigo 3º, I da CFRB, 
deveria refletir os objetivos fundamentais 
da República Federativa do Brasil que 
prevê a construção de uma sociedade 
livre justa e solidária, comprometida com 
a erradicação da pobreza, marginalização 
e redução das desigualdades sociais e 
regionais, assim como a promoção do 
bem de todos sem preconceito de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
Para tanto, delineou-se que o 
sistema de seguridade social do qual 
a previdência social faz parte, seria 
financiado por meio de uma ampla e 
diversificada fonte de custeio, que dentre 
outras rubricas, arrecadaria contribuições 
sociais, escalonadas de forma diferentes 
de acordo com a espécie de segurados e 
as faixas distintas de contribuição.
Com isso, acreditava-se buscar uma 
equidade na forma de participação e 
custeio. Contudo as faixas progressivas 
somente são aplicáveis aos trabalhadores 
formais, domésticos e avulsos (aqueles 
que geralmente trabalham mediante a 
intermediação de entidades sindicais ou 
órgãos gestores de mão de obra). 37
Num cenário de amplo desemprego, 
os informais (que podem ser enquadrados 
como contribuintes individuais e os 
facultativos (que não exercem atividade 
remunerada) se sujeitam ainda às regras 
antigas de tributação que preveem 
alíquotas fixas de 20% para o plano 
completo, 11% ´para o plano simplificado 
e 5% para o facultativo de baixa renda.38 
37 Lei 8.212/91, artigo 20.
38 Lei 8.212/91, artigo 21.
31Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
Sobre o plano relativo aos 
facultativos de baixa renda, é importante 
salientar que a necessidade de validação 
das contribuições periodicamente, 
burocratiza e inviabiliza o acesso aos 
benefícios, criando um limbo protetivo e 
consequente judicialização de demandas, 
já que as regras para pagamento de 
contribuições em atraso trazidas na EC 
103/2019, ai incluídas as relativas ao 
desenquadramento do contribuinte na 
condição de baixa renda.
Uma outra observação é de suma 
importância para que se compreenda como 
a solidariedade atua de forma perversa 
quanto mais vulnerável o segurado, é que 
os benefícios previdenciários somente 
são acessíveis ao rol de segurados e seus 
dependentes. 
Quanto menor a renda e maior a 
informalidade do trabalho desempenhado, 
menores as chances de manter-se 
segurado dado que no desenho legislativo 
atual, com o advento do Decreto nº 
10.410/20 que alterou substancialmente 
o Decreto n º 3.048/99 (Regulamento 
da Previdência Social), somente são 
consideradas as contribuições realizadas 
pontualmente e em valor suficiente para 
fins de manutenção da qualidade de 
segurado.
Da mesma forma, o beneficiário 
do auxílio acidente não mais mantém 
a qualidade de segurado em razão da 
percepção deste benefício, que é devido 
em caso de perda parcial da capacidade 
laborativa, sendo pago até o momento 
da aposentadoria. Ocorre que o benefício 
tem valor reduzido, caráter indenizatório, 
não sendo suficiente para subsistência.
Convém aqui fazer um aparte, 
dada a interdisciplinaridade proposta 
neste ensaio, salientar que verbas que 
possuem natureza indenizatória não 
são tributáveis, contudo, o legislador 
previdenciário notabilizou-se por colocar 
o segurado diante de uma escolha 
diabólica: ou contribui em razão da renda 
oriunda deste benefício, ou aceita a perda 
da qualidade de segurado, que o tornará 
inapto à percepção dos demais benefícios 
previdenciários.
É possível perceber, pensando numa 
sociedade estratificada por renda, que 
quanto maior a estabilidade, renda e 
longevidade, mais apto está o segurado a 
fruir dos benefícios previdenciários e com 
maior tempo de gozo.
Contrário senso, quanto menor a 
estabilidade empregatícia, a informalidade 
e a renda, menores são as chances de 
acesso ao rol de benefícios.
Como tudo que envolve o Brasil, dadas 
as peculiaridades advindasda imensa 
desigualdade social e heterogeneidade da 
distribuição de renda, há um complicador 
de suma importância, nesta correlação 
contributiva. 
Desde que se instalou a instabilidade 
democrática nos idos de 2015/2016, a 
normatização das relações de trabalho 
sofreu imensa flexibilização e com 
a instabilidade econômica e muitos 
trabalhadores migraram do trabalho 
celetista ou regulado, para o trabalho 
precário ou uberizado.
32 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
Além dos trabalhos para aplicativos, 
os trabalhadores intermitentes, herança 
maldita da Reforma Trabalhista, passaram 
a pertencer à classe dos que, apesar de 
pertencer a uma categoria de trabalhador 
formal, percebe intervalos que podem 
durar até meses em sua jornada de 
trabalho. Deveria ser utilizada somente por 
empresas que exercem atividades sazonais, 
contudo, disseminou-se pelo país.
Quatro anos após a Reforma 
Trabalhista, o emprego informal aumentou, 
assim como o desemprego e os índices de 
trabalho formal continuam a despencar.
Houve a desmobilização dos 
sindicatos pelo sufocamento de seus 
recursos e a economia nacional se debela, 
em razão do desparecimento da circulação 
do dinheiro.
O Mapa da Desigualdade reflete 
esse cenário e é possível alcançar essa 
dinâmica pela verificação dos dados 
colhidos ano a ano.
A população mais vulnerável vive 
em bairros mais densamente populados, 
de maioria feminina, preta ou parda, 
com menos oferta de emprego formal 
à população economicamente ativa 
(290 vezes menor que a média paulista), 
recebendo remunerações 3,8 vezes menor 
que a média paulista (R$ 7.620,00 em 
São Domingos e R$ 1.990,00 em Cidade 
Líder). O acesso ao transporte em massa 
é 194 vezes menor, o acesso à internet 
móvel e 2.513 vezes, as ocorrências de 
violência contra a mulher são 15 vezes 
maiores, contra a população LGBTQIAP+ 
é 56 vezes maior, A violência racial é 57 
vezes maior, a taxa de homicídio de jovens 
é 24 vezes maior, a idade média ao morrer 
é absurdamente desigual (80,9 anos no 
Alto de Pinheiros e 58,3 anos em Cidade 
Tiradentes).39
Os casos de gravidez na adolescência 
são 60 vezes maiores em Marsilac com 
relação a Moema, bairro onde há a menor 
incidência de casos.40
No próximo capítulo, observaremos 
de que forma, essas diferenças abissais 
vão impactar a cobertura previdenciária 
dos segurados.
3. IMPACTOS DA DESIGUALDADE NA 
COBERTURA PREVIDENCIÁRIA.
 Em primeiro lugar, para fins 
didáticos e metodológicos, cumpre 
esclarecer que no âmbito deste ensaio, 
apenas trataremos das regras transitórias 
relacionadas à Reforma da Previdência, 
posto que a menção a regras de transição, 
que são várias, levaria à superação dos 
limites de espaço do trabalho.
Adolescentes grávidas não possuem 
proteção previdenciária, por decorrência 
não perceberão auxílio maternidade, a 
menos que contribuam na condição de 
facultativo, o que é impensável para a 
população de baixa renda. Da mesma 
forma, as chances de que esteja exercendo 
atividade remunerada ou possua emprego 
são remotas.
39 Rede Nossa São Paulo (2021).
40 Ibidem.
33Revista Científica Virtual - 38ª EDIÇÃO 2021 
 Isso não vem a ser um grande 
problema para as adolescentes residentes 
em Moema, bairro de classe alta, já que a 
renda familiar é capaz de suprir a proteção 
estatal.
Para a população vulnerável, uma 
nova adição ao grupo familiar pode 
significar fome. Não há previsão de 
qualquer auxílio assistencial (modalidade 
universal e acessível aos não contribuintes) 
de benefício de proteção à gestante ou ao 
nascituro com rendimentos condizentes 
com os do salário maternidade, que 
ofereça proteção equiparada.
Um outro ponto importante, é que a EC 
103/20019 adotou uma nova sistemática 
para os benefícios programáveis. Passou 
a exigir idade mínima para os benefícios 
de tempo de contribuição, o que obriga 
o segurado a permanecer um tempo 
maior vertendo contribuições. Além de 
instituir a idade mínima, passou também 
a determinar percentuais mínimos 
incidentes no Salário de Benefício de 60% 
cumprida a carência da aposentadoria por 
idade, com possibilidade de acréscimo 
de 2% para cada ano de contribuição 
excedentes à carência. 
As idades mínimas foram fixadas em 
62 anos para a mulher e 65 para o homem. 
Cabe aqui tecer algumas 
correlações entre os indicadores 
do mapa da desigualdade e a nova 
redação constitucional dos benefícios 
programáveis da previdência social.
Na região periférica (Anhanguera, 
Iguatemi) a oferta de emprego formal é 
290 vezes menor, o que significa dizer 
que os residentes na periferia possuem 
maior chance de desemprego o de 
exercer atividades informais, que são 
complicadores à manutenção da fidelidade 
contributiva ao sistema previdenciário. 
Com a intermitência contributiva, as 
chances de atingir a carência necessária 
para a aposentadoria programável (15 
anos para a mulher e 20 anos para o 
homem) é menor. Exceder esse tempo 
contributivo, o que garantiria melhor 
renda mensal inicial de benefício, é uma 
tarefa ainda mais árdua.
Retomando o raciocínio, se a menor 
renda se concentra na região periférica, 
assim como o emprego informal, a 
população periférica contribui mais, pois 
não tem acesso às escalas contributivas 
progressivas. Contribuem em percentuais 
que são aplicados de forma indistinta 
tanto ao piso quanto ao teto contributivo.
Seria redundante apontar que o 
impacto financeiro desta contribuição 
em uma família de baixa renda é 
superior ao impacto em uma família de 
alta renda, sobretudo no RGPS com o 
teto contributivo. É cediço dizer que a 
incidência da contribuição previdenciária 
nas menores rendas dos trabalhadores 
informais incide sobre a totalidade, 
enquanto para os trabalhadores com 
remunerações acima do teto, apenas 
parcialmente.
Assim, evidencia-se ainda mais 
a forma como o desenho do sistema 
contributivo previdenciário é mais cruel 
quanto maior a vulnerabilidade.
34 38ª EDIÇÃO 2021 - Revista Científica Virtual 
Se tomarmos como exemplo a 
incidência de casos de violência contra 
a mulher, ante os índices 42 vezes maior 
em Guaianazes, com relação ao Alto de 
Pinheiros, antevemos que a mulher que tiver 
maior dificuldade em se manter segurada ao 
regime de previdência social, terá menores 
chances de percepção de beneficio por 
incapacidade temporária decorrente das 
lesões resultantes de violência.
Novamente, todas as mulheres 
trabalhadoras formais ou informais 
devem obrigatoriamente contribuir ao 
sistema previdenciário, contudo, as 
condições sócio econômicas exercem 
importante força excludente para as 
classes mais baixas e vulneráveis da 
população economicamente ativa. O 
mesmo raciocínio é aplicável à população 
LGBTQIAP+ e à população preta e parda.
A contraposição dos indicadores 
demográficos, econômicos e sociais das 
populações pertencentes às classes altas 
e baixas, escancara que nem mesmo a 
Previdência Social escapa à lógica do 
biopoder, que assegura que as classes 
vulneráveis permaneçam à margem da 
sociedade, sem acesso à mesma proteção 
que os demais membros da sociedade, 
reforçando os processos excludentes, 
numa lógica absolutamente paradoxal à 
finalidade constitucional de assegurar a 
proteção face às vicissitudes, diminuir a 
pobreza e fomentar o desenvolvimento 
social.
Na análise dos benefícios 
programáveis, encontramos a maior lacuna 
protetiva na aposentadoria por idade. 
A diferença da idade ao morrer de um 
morador do distrito de Alto de Pinheiros é 
80,9 e de cidade Tiradentes é e 58,3. 
Levando-se em consideração 
a confluência de todos os índices já 
analisados, o segurado do Alto de Pinheiros 
homem, terá vertido um número maior de 
contribuição e em valores maiores, dada 
a estabilidade financeira decorrente da 
menor dificuldade em obter renda formal. 
Permanecerá por mais tendo recebendo 
as parcelas previdenciárias, enquanto 
que o segurado de Cidade Tiradentes, se 
conseguir atingir a carência necessária 
para acesso ao beneficio de aposentadoria 
por

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