Buscar

Aula 1 - Bases anatômicas do exame neurológico

Prévia do material em texto

1 Bases anatômicas do exame neurológico 
 Bases anatômicas do exame neurológico
Parte 1 – A observação 
 
Objetivos 
✓ Conhecer os componentes do sistema nervoso 
e suas funções 
✓ Apontar manifestações clínicas das disfunções 
✓ Executar exame neurológico e localizar lesão 
 
 
 
 
Exame clínico 
Identificação 
✓ Espécie (cão ou gato) 
✓ Raça (raças pequenas tem MEG autoimune 
não sépticas do que raças grandes, Pastor 
Alemão tem mais doenças degenerativas) 
✓ Sexo (fêmeas – tumor de mama → metástase) 
✓ Idade (filhotes tem mais doenças infecciosas e 
anomalias congenitas do que idosos, idosos 
tem mais neoplasias) 
✓ Cor da pelagem (animais brancos com mais 
frequencia são surdos e predisposição para 
carcinoma de células escamosas) 
 
Anamnese 
✓ Sistemas (respiratorio, cardio, genitourinário 
porque a manifestação clínica pode ser 
neurológica, mas a etiologia de outro sistema) 
✓ Rotina (intoxicações, acesso a rua, produtos 
de limpeza, envenenamento) 
✓ Histórico (início e evolução) (animais com AVE 
ficam péssimos muito rápido, mas melhoram 
com o passar do tempo) 
✓ Interpretação (pedir para o tutor contar 
exatamente o que viu e pedir um vídeo se 
ocorrer novamente) 
 
Exame físico 
✓ Peso (acompanhamento) 
✓ Temperatura (algumas doenças inflamatórias 
e neoplásicas podem causar aumento de 
temperatura) 
✓ Linfonodos (superficiais e tentar o escapular) 
✓ Atrofias (pode ser indicativo de algumas 
doenças – indício de localização da lesão) 
✓ Dores 
 
 
 
 
Dismetria (característica de cerebelo): alteração 
da amplitude do movimento (hipermetria ou 
hipometria) 
 
 DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sistema Nervoso Central 
Encéfalo Medula espinhal 
Cérebro (telencéfalo, 
diencéfalo) 
Cerebelo 
Tronco encefálico 
(mesencéfalo, 
ponte, bulbo) 
C1-C5 
C6-T2 
T3-L3 
 L4-S1 
Sistema Nervoso Periférico 
Nervos Gânglios 
espinhal 
Cranianos 
(mistos, 
sensórios e 
motores) 
Terminações 
nervosas 
Espinhais 
(todos 
mistos) 
Sensórios 
motores 
Sensórios 
motoras 
Regra n° 1: Não vá com muta sede ao pode, 
faça sempre o exame clínico completo, 
afinal... É neurológico? 
 
Regra n°2: Conheça o Sistema Nervoso! As 
manifestações clínicas dependem da 
localização da lesão (anatomia) e não de 
sua natureza (etiologia) 
 
 
2 Bases anatômicas do exame neurológico 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
TELENCÉFALO (córtex) 
✓ Dividido em dois hemisférios cerebrais 
✓ Consciência, memória de comportamento 
aprendida 
✓ Comportamento 
✓ Coordena, controla, integra, modula áreas 
subcorticais 
✓ Processa informação sensória, planeja e 
responde (alterações em propriocepção) 
 
ESTÍMULOS, REFLEXOS E RESPOSTAS 
✓ Dendritos percebem o estímulo tátil e 
transmitem através de mensagem química 
✓ Neuronio aferente (sensório): a percepção do 
estímulo vai ocorrer no lado contralateral do 
telencéfalo (lado oposto ao qual houve 
estímulo) – a mudança de lado se chama 
decussação 
✓ Neurônio eferente (motor): determinam a 
contração dos músculos 
✓ Via rápida (reflexo) 
✓ O reflexo se resolve na medula espinhal 
✓ Ex: neoplasia no telencéfalo do lado direito – 
espera-se alteração nos membros esquerdos 
 
TELENCÉFALO – LOBOS CEREBRAIS 
✓ Lobo frontal: tomada de decisão, área motora 
✓ Lobo parietal: área sensorial 
✓ Lobo temporal: área auditiva / vestibular 
(sensorial) 
✓ Lobo occipital: área visual (terminam tratos 
para interpretação visual) 
✓ Estímulos chegam na sua maioria ao lobo 
parietal e chegam ao lobo frontal 
✓ Estímulos auditivos chegam diretamente no 
lobo temporal 
✓ Estímulos olfatórios chegam pelo bulbo 
olfatório e vão diretamente para o lobo frontal 
✓ Estímulos visuais chegam pelo nervo óptico e 
são direcionados para o lobo occipital 
✓ O conjunto de axônios subindo pela ME é 
chamado de trato 
 
DIENCÉFALO (estrutura mais perto da área sagital 
mediana) 
✓ Epitálamo: influencia a reprodução (glândula 
pineal) – cistos que alterem a glândula pineal 
podem gerar alterações de ciclo estral 
✓ Tálamo: consciência, triador de estímulos (se o 
estímulo é importante o (a junção dos dois 
hemisférios do tálamo é chamada de junção 
intertalâmica) 
✓ Animais com alteração no tálamo têm 
respostas exacerbadas de medo com 
estímulos sutis 
✓ Hipotálamo: comando visceral (Temperatura, 
ritmo cardíaco, percepção de saciedade), 
comportamento instintivo, hipófise 
 
CEREBELO 
✓ Coordena e controla amplitude e frequência 
de movimentos 
✓ Participa da resposta de ameaça (alterações 
cerebelares podem causar alterações na 
resposta de ameaça do animal) 
✓ Não participa da força e nem do início do 
movimento 
 
TRONCO ENCEFÁLICO 
✓ Formado por mesencéfalo (porção mais 
rostral), ponte e bulbo (porção mais caudal) 
✓ Todos os tratos sensórios e motores passam 
pelo tronco encefálico 
✓ Núcleo de 10 dos 12 pares de nervos cranianos 
✓ Controle da FR, PAS, sono/vigília 
✓ Início da manhã 
✓ Gatilho da consciência 
✓ Neurônios que controlam a marcha do animal 
estãa localizados no tronco 
 
A QUESTÃO DA CONSCIÊNCIA 
✓ Consciência é circuito, processo 
✓ A consciência é ativada no tronco e 
transmitida para as outras regiões 
✓ Alterações no tronco têm mais chance de 
causarem estado comatoso no animal 
 
DECUSSAÇÃO 
✓ A decussação ocorre na altura das pirâmides 
do bulbo 
✓ Lesões localizadas caudalmente às pirâmides 
causam manifestações clínicas ipsilaterais 
✓ Lesões localizadas rostralmente às pirâmides 
causam manifestações clínicas contralaterais 
✓ Alterações de tronco costumam ter 
manifestações clínicas ipsilaterais 
✓ Alterações em telencéfalo e diencéfalo 
causam manifestações clínicas contralaterais 
 
 
3 Bases anatômicas do exame neurológico 
 
 
 
 
EXAME NEUROLÓGICO 
Estado mental 
Consciência (tronco encefálico / córtex) 
✓ Alerta (interage com o ambiente) 
✓ Depressão (sonolência, menos interativo) 
✓ Estupor animal em decúbito, mas sente dor) 
✓ Coma (não reage nem a dor) 
 
Comportamento (tálamo – córtex) 
✓ Anamnese (em casa) 
✓ Idade / raça 
✓ Head pressing (compressão cefálica) 
✓ Andar em círculo 
✓ Convulsão 
✓ Agressividade 
✓ Hipoglicemia leva a convulsão que é uma 
alteração clássica de tálamo-cortex 
✓ A manifestação clínica é uma alteração de 
função do sistema neurológico e não 
necessariamente de uma lesão estrutural no 
sistema neurológico 
✓ Animais com hipovolemia chegam em estupor 
 
Postura (atitude = cabeça / olhos em relação ao 
corpo) 
✓ Head turn/ pleurotótono (giro da cabeça, os 
olhos desses animais ficam horizontais, 
manifestação sugestiva de alteração 
encefálica tálamo-cortex) 
✓ Head tilt (os olhos estão verticalizados, 
patognomônico de alteração em tronco 
encefálico e eventualmente com 
envolvimento cerebelar) 
✓ Postura palmígrada (região de carpo 
encostando no chão) / plantígrada (região de 
tarso encostando no chão) 
✓ Ventroflexão cervical (queda de potássio é 
uma das principais causas de ventroflexão 
cervical – postura clássica de alterações no 
sistema nervoso periférico. / gatos não 
possuem ligamento nucal, portanto se esse 
gato tiver um problema na ME na altura da 
cervical que comprometa a saida dos nervos 
para inervação da musculatura cervical pode 
acarretar em uma ventroflexão cervical) 
✓ Descerebelação / descerebração 
✓ Shiff-sherrington 
✓ Cifose (dor toracolombar) / escoliose 
(alterações que costumam ser congênitas) / 
lordose (fragilidade de musculatura 
abdominal) 
Ventroflexão cervical – doenças neuromusculares 
✓ Miopatia hipocalêmica 
✓ Deficiência de tiamina 
✓ Miastenia gravis 
✓ Polimiosite imunomediada 
✓ Intoxicação por organofosforado 
✓ Polineuropatias 
✓ Hipertireoidismo 
✓ Polimiopatia hipernatrêmica 
✓ Miopatia hereditária (Burmese, Devon Rex) 
Mas, em gatos, pode haver ventroflexãoem 
miopatias cervicais (SNC). Por que só no gato? 
Decerebração (rigidez descerebrada) 
✓ Espasticidade dos quatro membros 
✓ Redução de consciência 
✓ Pode ter opistótono (tônus aumentado da 
musculatura cervical) 
✓ Falta de comunicação entre o diencéfalo e 
tronco, ou seja, lesão grave no mesencéfalo 
(rostral) 
✓ Lesão em tronco rostral (mesencéfalo) – no 
exemplo o animal havia caído de um muro 
 
Descerebelação (rigidez descerebelada) 
✓ Espasticidade dos membros torácicos e flexão 
de membros pélvicos 
✓ Sem alteração de consciência 
✓ Pode ter opistótono 
✓ No exemplo, gato com infarto cerebelar 
 
Schiff-sherrington 
✓ Espasticidade dos membros torácicos (com 
resposta motora, propriocepção e reflexos) 
✓ Paralisia de membros pélvicos 
✓ Sem alteração de consciência 
✓ Dor na palpação da coluna 
✓ Lesão em T3-L3 (gravidade variável) 
 
Locomoção / marcha (córtex, tálamo, cerebelo, 
tronco, medula e NMI) 
✓ A locomoção é normal? 
✓ Qual é o problema? 
Claudicação (ortopedia x raiz – tumores na 
saida dos plexos / gatos – tromboembolismo 
aórtico na a. ilíaca) 
Regra n°3: O exame neurológico começa no 
chão: avalie estado mental, postura e 
locomoção 
 
 
4 Bases anatômicas do exame neurológico 
Paresia – redução da função motora 
(fraqueza) / Plegia – ausência da função 
motora (paralisia) 
Ataxia (sempre neurológica) 
(incoordenação), em geral vem sempre 
associada com a paresia 
✓ Que membros estão afetados? (tetra, para, 
mono, hemi) 
 
✓ Ataxia proprioceptiva (tronco e medula): falta 
de percepção acerca da posição do corpo e 
dos membros por interrupção de fibras 
ascendentes (rebolado, quedas), passo do 
membro afetado mais longo, dedos podem 
arrastar no chão, porque, em geral, está 
associado à paresia. Sem envolvimento da 
cabeça, sem tremor e sem dismetria. 
 
✓ Ataxia cerebelar (cerebelo): incapacidade 
de controlar a amplitude e frequência de 
movimento, tremor de intenção, dismetria, 
base de sustentação ampla. 
 
✓ Ataxia vestibular: inclinação e queda para um 
dos lados, em geral com nistagmo e head tilt. 
Se for bilateral, animal abaixado, relutante em 
se movimentar, movimentando a cabeça de 
um lado para o outro (às vezes, sem 
inclinação) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALERTAS 
✓ Conforme o paciente, mínima manipulação e 
contenção 
✓ Agilidade / ordem (10 minutos) 
✓ Ambiente e instrumental adequado 
(martelinho plexímetro, lux, cotonete, 
algodão, pinça curva) 
✓ Observação rigorosa (saber o que procura) 
✓ Ausência de alterações não descarta 
presença de doença 
 
Regra n°4: quando existe incoordenação, a 
forma dessa ataxia pode ajudar a localizar o 
sítio da lesão 
 
Regra n°5: o exame deve ser ágil, com 
mínima manipulação do paciente. tenha 
tudo à mão e saiba o que está procurando

Continue navegando