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Importância da matéria 1. Por imperativo de segurança jurídica, toda pessoa deve ter um lugar que seja considerado a sede central de seus negócios. Neste local, salvo disposição especial em contrário, a parte com quem contratamos poderá ser demandada, uma vez que o foro de domicílio do réu fixa a regra geral de competência territorial (art. 46 do CPC/2015; art. 94 do CPC/1973). Conceito 1. Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional. · A primeira é a noção de domicílio ligada à vida privada da pessoa; · A segunda à sua vida social e profissional. Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. Morada, residência e domicílio: distinções necessárias 1. Morada é o lugar onde a pessoa natural se estabelece provisoriamente. 2. Residência pressupõe maior estabilidade. É o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente. 3. O domicílio, segundo vimos acima, é o lugar onde a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional. Não basta, pois, para a sua configuração, o simples ato material de residir, porém, mais ainda, o propósito de permanecer (animus manendi). Tratamento legal e mudança de domicílio Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 1. O Novo Código Civil admitiu a pluralidade de domicílios. “O domicílio da pessoa natural”, dispõe o art. 70, “é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”. Ocorre que “se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 2. A mudança de domicílio opera-se com a transferência da residência aliada à intenção manifesta de o alterar. A prova da intenção resulta do que declarar a pessoa às municipalidades do lugar que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a determinaram. Tais regras encontram assento no art. 74: Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem. 3. A “mudança de domicílio, depois de ajuizada a ação, nenhuma influência tem sobre a competência de foro. O art. 87 do Código de Processo Civil dispõe: ‘Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. Domicílio aparente ou ocasional 1. para as pessoas que não tenham residência certa ou vivam constantemente em viagens, elaborou-se a teoria do domicílio aparente ou ocasional, fruto do gênio de HENRI DE PAGE, segundo a qual “aquele que cria as aparências de um domicílio em um lugar pode ser considerado pelo terceiro como tendo aí seu domicílio” Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Domicílio da pessoa jurídica 1. Em regra, o domicílio civil da pessoa jurídica de direito privado é a sua sede, indicada em seu estatuto, contrato social ou ato constitutivo equivalente. É o seu domicílio especial. 2. Se não houver essa fixação, a lei atua supletivamente, ao considerar como seu domicílio “o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações”, ou, então, se possuir filiais em diversos lugares, “cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados” (art. 75, IV e § 1.º, do CC/2002). Aliás, o Supremo Tribunal Federal já assentou entendimento no sentido de que “a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência ou do estabelecimento em que se praticou o ato” (Súmula 363). 3. pessoas jurídicas de direito público, por sua vez, têm domicílio previsto em lei, da seguinte forma (art. 75 do CC/2002): Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1°. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2°. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. Espécies de domicílio 1. O domicílio pode ser: a) voluntário; b) leal ou necessário; c) de eleição Domicílio voluntário 1. Domicílio voluntário é o mais comum. Decorre do ato de livre vontade do sujeito. Domicílio leal ou necessário 1. Domicílio legal ou necessário decorre de mandamento da lei, em atenção à condição especial de determinadas pessoas. Assim, têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso (art. 76 do CC/2002). · Domicílio do incapaz: é o do seu representante ou assistente; · Domicílio do servidor público: o luar em que exerce permanentemente as suas funções; · Domicílio militar: o luar onde serve, e, sendo da Marina ou da Aeroáutica, a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado; · Domicílio do marítimo: o luar onde o navio estiver matriculado; · Domicílio do preso: o luar em que cumpre a sentença; Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 2. Quanto ao agente diplomático: Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve. 3. O domicílio de eleição ou especial, por fim, decorre do ajuste entre as partes de um contrato: Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. Referências: GAGLIANO, Pablo Stolze. RODOLFO, Pamplona Filho. Novo curso de direito civil – Parte geral – vol. 1. 23 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
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