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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA ÁREA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS Curso de Mestrado Acadêmico em Nanociências Daniel de Azevedo Ferrony DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA CONTE NDO NANOCÁPSULAS DE DEXAMETASONA: ESTUDO DE ESTABILIDAD E E AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO “IN VITRO” Santa Maria, RS 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Daniel de Azevedo Ferrony DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA CONTE NDO NANOCÁPSULAS DE DEXAMETASONA: ESTUDO DE ESTABILIDAD E E AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO “IN VITRO” Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação da Professora Doutora Marta Palma Alves, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nanociências em preenchimento dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Nanociências. Orientadora: Profª. Drª. Marta Palma Alves Santa Maria, RS 2009 Daniel de Azevedo Ferrony DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA CONTE NDO NANOCÁPSULAS DE DEXAMETASONA: ESTUDO DE ESTABILIDAD E E AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO “IN VITRO” Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação da Professora Doutora Marta Palma Alves, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nanociências em preenchimento dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Nanociências. Drª Marta Palma Alves – Orientadora (UNIFRA) Dr. Ruy Carlos Ruver Beck (UFSM) Dr. Sergio Roberto Mortari (UNIFRA) Santa Maria, ....... de ........................ de 2009 RESUMO Anti-inflamatórios corticosteróides são largamente utilizados para o tratamento tópico de lesões, que muitas vezes requerem tratamento prolongado, aumentando o risco de efeitos colaterais. Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de uma formulação semi-sólida de uso tópico contendo dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA), para o tratamento da psoríase. Para tanto, após o desenvolvimento da formulação semi-sólida e a incorporação das nanocápsulas contendo dexametasona, foram realizados estudos de estabilidade e de liberação do fármaco. As amostras foram armazenadas à temperatura de 40 °C (±2° C) e 75% UR (±5%) por 150 dias. Estas foram analisadas em intervalos de 1 mês com relação às características organolépticas, pH, viscosidade, espalhabilidade e teor do princípio ativo. Para a realização dos estudos de liberação foram utilizadas células de Franz modificadas. Todos os parâmetros determinados foram comparados com formulações contendo o fármaco na forma livre. As características organolépticas do CGNCDEXA mantiveram-se estáveis por um período de 60 dias. Para as formulações contendo o fármaco na forma livre, as alterações foram perceptíveis a partir do primeiro mês de análise. Alterações nas características organolépticas foram observadas para ambas as formulações, sendo mais intensas nas formulações contendo o fármaco na forma livre. Os valores de pH para ambas as formulações foram mantidos em torno de 6,0 ao final de 150 dias de experimento. As formulações de CGNCDEXA apresentaram comportamento reológico pseudoplástico, enquanto as formulações semi-sólidas contendo o fármaco na forma livre (CGDEXA) apresentaram comportamento plástico. Os valores de viscosidade da formulação de CGNCDEXA apresentaram diferença significativa (p≤0,05) em relação aos seus valores iniciais (7416 mPa) e após 150 dias (2315 mPa). Os valores de viscosidade da formulação de CGDEXA também apresentaram diferença significativa (p≤0,05) em relação aos seus valores iniciais (12730 mPa) e finais, após 150 dias (3170 mPa) de análise. Os valores de espalhabilidade da formulação de CGNCDEXA não apresentaram diferença significativa (p≥0,05) em relação aos seus valores iniciais (6184 mm2) e finais (6408 mm2). No entanto, para formulação de CGDEXA foi observada diferença significativa (p≤0,05) em relação aos seus valores iniciais (4364 mm2) e finais (6467 mm2) de espalhabilidade. A concentração de dexametasona diminuiu para ambas as formulações durante os 150 dias de experimento. Através das análises térmicas (DSC e TG) foi possível evidenciar a fusão da dexametasona, quando esta encontrava-se incorporada na formulação de creme gel na forma livre. No entanto, a análise térmica da formulação de creme gel contendo dexametasona na forma nanoencapsulada, não evidenciou sua fusão. O fluxo de liberação e a concentração total de dexametasona liberada para as formulações de CGNCDEXA foram significativamente menores (p≤0,05) do que a formulação contendo o fármaco na forma livre, sugerindo desta forma, uma liberação mais lenta da dexametasona nanoencapsulada. Através dos resultados, pode-se concluir que a incorporação das nanocápsulas de dexametasona em uma formulação de creme- gel contendo componentes emolientes apresentou características físico-químicas adequadas, representando viabilidade para preparação deste tipo de formulação. Palavras-chave: dexametasona, nanocápsulas, estabilidade, liberação, psoríase. ABSTRACT Anti-inflammatory, corticosteroids are largely applied for the lesion topical treatment, which many times require treatment for a prolonged period increasing the risks of collateral damage. This work has as its objective the development of a semi-solid formulation of topical use containing dexamethasone in the nanoencapsulated (CGNCDEXA), for the psoriases treatment. For that, after the development of a semi- solid formulation and the incorporation of dexamethasone nanocapsules, stability studies were carried out, thermical analysis, a releasing studies of the drug. The samples were stored at 40°C (±2°C) and 75% UR (±5%) for 150 days, being analyzed in intervals of 30 days concerning the organoleptic characteristics, pH, viscosity, spreading and drug. For the releasing studies modified Franz cells were used. All the analyzed parameters were compared to formulations containing the free form drug. The CGNCDEXA organoleptical characteristics remained stable for a period of 60 days. For the formulation containing the free drug, the alterations were noticeable from the first month of analysis. Organoleptical characteristic alterations were observed for both formulations, being more intense in the formulation containing the free form drug. The pH values for both formulations were kept around 6.0 at the end of 150 days of experiment. The CGNCDEXA formulations presented pseudoplastic rheological behavior, while the semi-solid formulation containing the free form drug (CGDEXA) presented plastic behavior. The viscosity values of the formulation of CGNCDEXA presented significant difference (p≤0,05) in relation to its initial values (7416 mPa) and after 150 days (2315 mPa). The viscosity values of the CGDEXA formulation also presented significant differences (p≤0,05) in relation to the initial values (12730 mPa) and final, after 150 days (3170 mPa) of analysis. The spreading values of the formulation of CGNCDEXA did not present significant difference (p≥0,05) in relation to its initial values (6184 mm²) and final (6408 mm²). However, for the CGDEXA formulation was observed a significant difference (p≤0,05) in relation to its initial values (4364 mm²) and final (6467 mm²) of spreading. The dexamethasone concentration decreased for both formulations during the 150 days of experiment. Through the thermical analysis (DSC and TG) it was possible to evidence the dexamethasone fusion, when it was found in the free form incorporated in the gel cream formulation. However, the thermical analysis of the gel cream formulation containing dexamethasone in the nanoencapsuled, did not evidence its fusion indicating a drug protection by the nanostructured system. The releasing flow and the total dexamethasone concentration released for the CGNCDEXA formulations were significantly smaller (p≤0,05)than the formulationscontaining a free form drug, thus suggesting, a slower release of the nonencapsuled dexamethasone. Through the results, it is possible to conclude that the dexamethasone nanocapsule corporation in a gel cream formulation containing emollient components presented proper physical- chemical characteristics, representing viability for the preparation of this kind of formulation. Key Words: Dexamethasone, nanocapsule, stability, realeasing, psoriases. LISTA DE TABELAS Tabela 1- Composição das suspensões de nanocápsulas, contendo dexametasona .......38 Tabela 2 - Composição do creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona ...........41 Tabela 3 – Formulação do creme base ...........................................................................41 Tabela 4 - Curva analítica usada para determinação da dexametasona nas formulações semi-sólidas ....................................................................................................................46 Tabela 5 - Curva analítica para determinação da dexametasona nos estudos de liberação “in vitro” .........................................................................................................................47 Tabela 6 - Parâmetros referentes à aparência, cor e odor das formulações, contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA), durante 150 dias de análise ..........................................................................................................61 Tabela 7 – Valores de pH do creme gel, contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) durante 150 dias de análises (n=3) ....63 Tabela 8 – Valores referentes ao índice de plasticidade (n) e coeficiente de consistência (K) para as formulações de creme gel com o fármaco nanoestruturado e ponto de fluidez para as formulações contendo o fármaco na forma livre (n=3) ......................................65 Tabela 9 - Valores de viscosidade, apresentados pelo creme gel, contendo a forma livre (CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) de dexametasona (n=3) ......................67 Tabela 10 - Valores de espalhabilidade apresentado pelo creme gel, contendo a forma livre (CGDEXA) e nanoencapsulada (CGNCDEXA) de dexametasona (n=3) .............70 Tabela 11 – Valores referentes à construção da curva analítica da dexametasona (n=3) 73 Tabela 12 – Análise de variância (ANOVA) correspondente às absorbâncias obtidas na determinação da curva analítica de dexametasona .........................................................74 Tabela 13 – Valores referentes ao doseamento da dexametasona, incorporada nas formulações semi-sólidas para forma nanoencapsulada e livre (n=3) ............................75 Tabela 14 – Valores referentes à construção da curva analítica para o teste de liberação (n=3) ...............................................................................................................................77 Tabela 15 – Análise de variância (ANOVA) correspondente às absorbâncias obtidas na determinação da curva analítica de dexametasona .........................................................78 Tabela 16 – Valores de fluxo, concentração total, coeficiente de regressão e coeficiente de permeabilidade das formulações de creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona (CGNCDEXA), creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona com adição de acetonitrila (CGNCDEXA C/ACN) e creme gel contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA) (n=6) ........................................................................................80 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Psoríase do couro cabeludo. Densas escamas cobrindo uma parte ou todo o couro cabeludo são altamente característicos da psoríase (HABIF, 2005) ........................23 Figura 2 – Psoríase em placas. As placas crônicas são vermelhas-foscas e cobertas de escamas. Tendem a permanecer em tamanho e em posição fixas por longos períodos (HABIF, 2005) ...................................................................................................................23 Figura 3 – Psoríase em placas. Apresentação clássica. As placas vermelhas espessas têm uma borda bem definida e escamas prateadas aderentes (HABIF, 2005) ..........................23 Figura 4 - Comparação entre os componentes histológicos de uma placa psoriática com a pele normal (LOWES et al., 2007) ..................................................................................25 Figura 5 - Estrutura química da dexametasona (GOODMAN & GILMAN, 2006) ...........31 Figura 6 – Representação gráfica de nanopartículas e nanoesferas poliméricas: a) fármaco dissolvido no núcleo oleoso das nanocápsulas; b) fármaco adsorvido à parede polimérica das nanocápsulas; c) fármaco retido na matriz polimérica das nanoesferas; d) fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica das nanoesferas (SCHAFFAZICK, et al., 2003) ..........................................................................................34 Figura 7 - Distribuição do diâmetro médio das suspensões de nanocápsulas contendo dexametasona ......................................................................................................................49 Figura 8 - Potencial zeta apresentado pelas suspensões de nanocápsulas contendo dexametasona ......................................................................................................................50 Figura 9 – Curva termogravimétrica para a dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio .........................................................................................51 Figura 10 – Curva termogravimétrica da formulação de creme gel contendo dexametasona livre (CGDEXA). Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio ............................................................................................................................52 Figura 11 – Curva termogravimétrica da suspensão de nanocápsulas de dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio .................................................53 Figura 12 – Termograma da formulação de creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio ........................53 Figura 13 - Calorimetria diferencial exploratória da formulação de creme gel contendo o fármaco na forma livre, na forma nanoencapsulada, da formulação de creme gel base e da dexametasona. Taxa de aquecimento 10 °C/min, sob fluxo de nitrogênio ....................55 Figura 14 - Diâmetro médio apresentado pela suspensão das nanocápsulas contendo dexametasona incorporadas no creme gel ..........................................................................57 Figura 15 - Diâmetro médio das partículas apresentado pela base de creme gel sem a incorporação da dexametasona ...........................................................................................57 Figura 16 - Diâmetro médio apresentado pela formulação de creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona após 150 dias de experimento ..........................................58 Figura 17 - Potencial zeta apresentado pelas nanocápsulas de dexametasona incorporadas no creme gel ..................................................................................................59 Figura 18 - Potencial zeta apresentado pelas nanocápsulas de dexametasona incorporadas no creme gel após 150 dias de experimentos ................................................60 Figura 19 – Formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre (A) e na forma nanoencapsulada (B), após 48 horas de preparação .................................................61 Figura 20 - Comportamento do CGDEXA durante os 150 dias de análise, referente às amostrasmantidas em estufa sob temperatura de 40° C e 75% UR ...................................62 Figura 21- Comportamento do CGNCDEXA durante os 150 dias de análise, referente as amostras mantidas em estufa sob temperatura de 40° C e 75% UR ...................................62 Figura 22 - Valores de pH para as formulações de CGDEXA e CGNCDEXA durante os 150 dias de experimento .....................................................................................................64 Figura 23 – Reograma das amostras, contendo nanocápsulas de dexametasona, referentes aos valores iniciais e após 150 dias de experimento ..........................................66 Figura 24 – Reograma das amostras, contendo dexametasona na forma livre referentes aos valores inicias e após 150 dias de experimento ............................................................66 Figura 25 – Viscosidade versus taxa de cisalhamento referentes ao creme gel, contendo dexametasona na forma de nanocápsulas (CGNCDEXA), relativo aos valores iniciais e após 150 dias de experimento à temperatura de 40° C e 75% UR .....................................68 Figura 26 - Viscosidade versus taxa de cisalhamento referentes ao creme gel, contendo dexametasona na forma livre (CGDEXA), relativo aos valores iniciais e após 150 dias de experimento à temperatura de 40° C e 75% UR ............................................................68 Figura 27 – Comparação entre os valores de viscosidade das amostras, contendo dexametasona na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e livre (CGDEXA) referentes aos valores iniciais e após 150 dias de experimento ..........................................................70 Figura 28 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para o CGDEXA ............71 Figura 29 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para o CGNCDEXA ......71 Figura 30 – Espalhabilidade inicial e após 150 dias de análises para as formulações de CGDEXA e CGNCDEXA ..................................................................................................72 Figura 31 – Representação gráfica da curva analítica da dexametasona ............................73 Figura 32 – Cromatograma do creme gel, contendo nanocápsulas de dexametasona (CGNCDEXA) ...................................................................................................................75 Figura 33 – Cromatograma do creme gel, contendo nanocápsulas sem dexametasona .....75 Figura 34 – Comparação do teor de dexametasona nas formulações, contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada, durante o período de análise (150 dias), à temperatura de 40° C .............................................................................................76 Figura 35 – Representação gráfica da curva analítica da dexametasona, utilizada para a realização dos estudos de liberação ....................................................................................78 Figura 36 - Liberação da dexametasona do creme gel na forma livre (CGDEXA), nanoencapsulada (CGNCDEXA) e com adição de acetonitrila à solução receptora (CGNCDEXA C/ACN) ......................................................................................................81 Figura 37 – Liberação da dexametasona do creme gel na forma nanoencapsulada (CGNCDEXA) e na forma livre (CGDEXA) ....................................................................81 Figura 38 – Liberação da dexametasona do creme gel na forma livre (CGDEXA) e na forma nanoencapsulada tratada com acetonitrila (CGNCDEXA C/ACN) ........................82 Figura 39 – Liberação da dexametasona na forma nanoencapsulada e com adição de acetonitrila ..........................................................................................................................82 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACN – Acetonitrila; ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; CGDEXA – Creme gel contendo dexametasona na forma livre; CGNCDEXA – Creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona; CGNCDEXA C/ACN – Creme gel contendo nanocápsulas de dexametasona contendo acetonitrila; CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência; DP – Desvio Padrão; DPR – Desvio Padrão Relativo; DSC – Calorimetria Exploratória Diferencial; PDI – Índice de polidispersão; RE – Resolução; TG – Análises Termogravimétricas; UR – Umidade Relativa. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................15 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................18 2.1 PELE .........................................................................................................................18 2.1.1 Epiderme ................................................................................................................19 2.1.2 Derme ....................................................................................................................20 2.1.3 Hipoderme .............................................................................................................20 2.2 ADMINISTRAÇÃO TÓPICA DE FÁRMACOS ....................................................20 2.3 PSORÍASE ...............................................................................................................22 2.3.1 Tipos de psoríase ...................................................................................................26 2.3.1.1 Psoríase crônica em placas .................................................................................26 2.3.1.2 Psoríase gutata ....................................................................................................26 2.3.1.3 Psoríase invertida ou flexural .............................................................................27 2.3.1.4 Psoríase eritrodérmica ........................................................................................27 2.3.1.5 Psoríase pustular ................................................................................................27 2.3.1.6 Psoríase ungueal .................................................................................................27 2.3.1.7 Artrite psoríatica .................................................................................................28 2.4 Corticóides tópicos para o tratamento da psoríase ...................................................28 2.4.1 Glicocorticóides .....................................................................................................29 2.4.1.1 Dexametasona .....................................................................................................31 2.5 SISTEMAS NANOESTRUTURADOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS ..................................................................................................................32 2.6 NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS ..................................................................34 2.7 LIBERAÇÃO E PENETRAÇÃO CUTÂNEA ........................................................35 3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................37 3.1 MATERIAIS ............................................................................................................37 3.1.1 Matéria-prima, solventes e outros materiais ..........................................................37 3.1.2 Equipamentos e materiais de laboratório ..............................................................37 3.2 MÉTODO .................................................................................................................38 3.2.1 Preparação das suspensões, contendo nanocápsulas de dexametasona .................38 3.2.2 Avaliação físico-química das suspensões de nanocápsulas, contendo dexametasona ..................................................................................................................393.2.2.1 Determinação do pH ...........................................................................................39 3.2.2.2 Distribuição do diâmetro médio das partículas e índice de polidispersão ..........40 3.2.2.3 Potêncial Zeta .....................................................................................................40 3.2.2.4 Análises térmicas (DSC e TG) ...........................................................................40 3.2.3 Preparação das formulações semi-sólidas contendo nanocápsulas de dexametasona .........................................................................................................................................40 3.2.3.1 Creme gel ............................................................................................................40 3.2.3.2 Creme base .........................................................................................................41 3.2.4 Determinação do diâmetro médio das partículas após a incorporação nas bases semi-sólidas ....................................................................................................................42 3.2.5 Determinação do potencial zeta após a incorporação nas bases semi-sólidas .......42 3.2.6 Estudo de estabilidade das bases semi-sólidas, contendo dexametasona na forma nanoencapsulada e na forma livre ..................................................................................42 3.2.6.1 Determinação das características organolépticas das formulações contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................................43 3.2.6.2 Determinação do pH das formulações, contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada .............................................................................................................43 3.2.6.3 Avaliação das características reológicas das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................................43 3.2.6.4 Determinação da espalhabilidade das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................................44 3.2.6.5 Doseamento das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ..................................................................................................44 3.2.6.5.1 Construção da curva analítica ..........................................................................45 3.2.7 Estudos de liberação “in vitro” ..............................................................................46 3.2.8 Construção da curva analítica para realização dos estudos de liberação ...............47 3.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DOS RESULTADOS ..............................................47 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..............................................................................48 4.1 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS SUSPENSÕES DE NANOCÁPSULAS, CONTENDO DEXAMETASONA ................................................................................48 4.1.1 Determinação do pH ..............................................................................................48 4.1.2 Determinação do diâmetro médio e índice de polidispersão das nanopartículas ..48 4.1.3 Determinação do potencial zeta .............................................................................49 4.1.4 Análises térmicas ...................................................................................................50 4.1.4.1Análises termogravimétrica – TG ........................................................................51 4.1.4.1.1 TG da dexametasona .......................................................................................51 4.1.4.1.2 TG da formulação semi-sólida com dexametasona livre .................................52 4.1.4.1.3 TG da suspensão com nanocápsulas de dexametasona ...................................52 4.1.4.1.4 TG da formulação com a dexametasona nanoencapsulada .............................53 4.1.4.2 Análise calorimétrica diferencial (DSC) ............................................................54 4.2 DESENVOLVIMENTO DA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA PARA A INCORPORAÇÃO DO FÁRMACO .............................................................................55 4.3 DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO MÉDIO DAS NANOPARTÍCULAS DE DEXAMETASONA, INCORPORADAS NAS BASES SEMI-SÓLIDAS ..................56 4.4 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ZETA DAS NANOPARTÍCULAS DE DEXAMETASONA INCORPORADAS NAS BASES SEMI-SÓLIDAS ...................59 4.5 ESTUDO DE ESTABILIDADE DAS BASES SEMI-SÓLIDAS, CONTENDO DEXAMETASONA NA FORMA NANOENCAPSULADA E NA FORMA LIVRE .60 4.5.1 Determinação das características organolépticas ..................................................60 4.5.2 Determinação do pH ..............................................................................................63 4.5.3 Determinação da viscosidade e espalhabilidade das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ...........................................64 4.5.3.1 Viscosidade .........................................................................................................64 4.5.3.2 Espalhabilidade ...................................................................................................70 4.5.4 Doseamento das formulações semi-sólidas, contendo dexametasona na forma livre e nanoencapsulada ..........................................................................................................73 4.5.4.1 Construção da curva analítica .............................................................................73 4.6 ESTUDOS DE LIBERAÇÃO “IN VITRO” ............................................................77 4.6.1 Construção da curva analítica para os estudos de liberação da dexametasona .....77 5 CONCLUSÕES ...........................................................................................................85 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................88 1 INTRODUÇÃO A psoríase é uma doença inflamatória crônica de pele que afeta igualmente, homens e mulheres em cerca de 1 a 3% da população mundial. Aproximadamente 30 a 40% dos adultos com psoríase apresentam o início dos sintomas antes dos 16 anos de idade (SUKHATME, 2009). Essa dermatose emerge da interação de uma base genética (herança poligênica), fatores ambientais e psicológicos (AZULAY, 1997; FITZPATRICK et al., 1997). Apesar de apresentar evolução benigna, a psoríase determina um importante impacto na qualidade de vida dos pacientes, interferindo em suas atividades diárias, nas relações sociais e interpessoais ou, ainda, atuando sobre aspectos psicossociais (KRUEGER et al., 2000; ARRUDA e MORAES, 2001; CORDORO, 2008). Muitos agentes tópicos estão disponíveis para o tratamento dessa doença, mas nenhuma das medicações tópicas é previsivelmente efetiva. Todos os pacientes requerem tratamento prolongado para obterem alivio, o qual frequentemente é temporário, dessa forma, a adesão é um problema e os pacientes ficam desestimulados pelo tratamento moderadamente efetivo que dura semanas ou meses. Os corticosteróides são uma classe de hormônios esteróides, produzidos pelas glândulas supra-renais, onde a dexametasona apresenta-se como exemplo de análogo sintético desse grupo, utilizado principalmente devido à sua atividade antiinflamatória e imunossupressora (SILVA, 2006; FOX, MERK e BICKERS, 2006). Quando usados topicamente, além de sua ação antiinflamatória, exercem atividade antimitótica. Dessa forma, os corticosteróides tópicos podem ser utilizados como agentes de primeira escolha no tratamento de alguns tipos de psoríase, promovendo uma diminuição da multiplicação celular e menorformação das camadas de queratina (MARTINDALE, 1999; SILVA, 2006). Entretanto seu uso prolongado pode induzir efeitos adversos (algumas vezes irreversíveis) como exacerbação das lesões, afinamento da pele, estrias, telangiectasias, hipopigmentação, e efeito rebote após a interrupção do tratamento (MARTINDALE, 1999; FUCHS, WANNMACHER e FERREIRA, 2006; JOSSE et al., 2009). O efeito rebote ocorre frequentemente após a interrupção abrupta do tratamento tópico prolongado. Dessa forma, antes da suspensão do mesmo, faz-se necessário a instituição de esquema terapêutico intermitente ou a substituição por agentes de menor atividade, objetivando a diminuição dos sintomas de retirada (FUCHS, WANNMACHER e FERREIRA, 2006). 16 A pele é um órgão que desempenha diversas funções, devido à arquitetura e às propriedades químicas e biológicas de suas várias estruturas. É um órgão dinâmico, dotado de grande capacidade renovadora e de reparação, bem como de certo grau de impermeabilidade. Apresenta como função vital a conservação da homeostasia, além de função sensorial e de defesa contra agressões físicas, químicas e biológicas (SAMPAIO e RIVITTI, 2001). A camada córnea é a camada mais externa do organismo e, devido às suas propriedades, desempenha um papel fundamental em relação à função protetora da pele, servindo como meio de comunicação entre o organismo e o meio exterior. Além da proteção mecânica a camada córnea apresenta impermeabilidade relativa à água e eletrólitos, evitando perdas hídricas e eletrolíticas, mantendo a homeostasia do indivíduo, bem como limitando a penetração de substâncias exógenas (SAMPAIO e RIVITTI, 2001; HUANG et al., 2005; AZULAY e AZULAY, 2006; PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009). Atualmente existe um grande interesse na liberação seletiva de fármacos, em vista disso, sistemas carreadores têm sido bastante estudados com objetivo de melhorar a seletividade e eficiência das formulações. Dentre estes, incluem-se os sistemas coloidais transportadores de fármacos, principalmente representados pelas nanopartículas poliméricas, lipossomas, emulsões submicrométricas e complexos lipídicos Uma liberação sustentada do fármaco poderá suprir a pele por um período de tempo mais prolongado, podendo-se, também, considerar que um tratamento no local da inflamação poderá reduzir a absorção sistêmica e os efeitos colaterais (MONACO, 2000; CABRAL, 2004; SCHMALTZ, DOS SANTOS e GUTERRES, 2005; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006). As nanopartículas poliméricas apresentam diâmetro inferior a 1µm e seu termo inclui as nanocápsulas e nanoesferas, as quais diferem entre si segundo sua composição e organização estrutural (SCHAFFAZICK et al., 2003). As nanocápsulas possuem uma parede polimérica disposta em torno de um núcleo oleoso onde o fármaco se encontra dissolvido ou então adsorvido à sua parede polimérica. Já as nanoesferas são formadas por uma matriz polimérica e não apresentam óleo na sua composição. Neste caso, o fármaco pode encontrar- se retido ou disperso em sua matriz polimérica (SCHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006). O uso desses sistemas permite o aumento da especificidade do fármaco, elevando sua concentração nos locais onde sua ação farmacológica é requerida. Dessa forma, pode-se evitar o acúmulo de fármacos em tecidos inespecíficos, e consequentemente, diminuir a ocorrência de efeitos tóxicos nesses locais. Além disso, o aumento da ação terapêutica do fármaco pode também contribuir para uma diminuição da dose administrada com consequente diminuição 17 de seus efeitos colaterais (SCHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006). Investigações têm evidenciado que as nanopartículas apresentam a tendência de acumularem-se em tecidos inflamados, podendo-se, desta forma, abrir novas perspectivas para atuação de fármacos anti-inflamatórios ou antibióticos em áreas inflamadas (KREUTER, 1994). Assim, de acordo com o que foi exposto, este trabalho tem como objetivo principal desenvolver uma formulação semi-sólida tópica com características emolientes contendo nanocápsulas de dexametasona para o tratamento da psoríase. Além de, preparar, caracterizar e realizar estudos de estabilidade com as formulações de creme-gel, contendo nanocápsulas de dexametasona, comparando-as com a forma livre do ativo. Da mesma maneira, realizar estudos de liberação “in vitro”, utilizando membranas de acetato de celulose em células de difusão tipo Franz, para avaliação do comportamento da cedência da dexametasona a partir deste tipo de sistema. 18 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 PELE A pele é um órgão de grande extensão e importância no organismo humano, sendo responsável por diversas funções como: proteção física, nutrição, pigmentação, termorregulação, transpiração, perspiração, defesa, absorção e percepção sensorial através dos elementos do sistema nervoso, situados na derme (DE SOUZA, 2004; HUANG, 2005; AZULAY e AZULAY, 2006). Participam, também, de diversas funções biológicas como a resposta inflamatória e imune, crescimento piloso, cicatrização e síntese de vitamina D (HEGEDUS et al., 2006). A via tópica é considerada uma via atrativa para administração de substâncias, pois, além de ser uma rota não invasiva, pode evitar a degradação de vários fármacos. Caracteriza- se não só como uma via para terapia local, mas também uma via para que fármacos alcancem efeitos regionais ou sistêmicos (ASBILL e MICHINIAK, 2000; MIYAZAKI et al., 2003). Dessa forma, apresenta-se como uma via acessível para administração de substâncias, devido aos problemas associados com outras rotas de administração, como a via oral e a parenteral (ASBILL e MICHINIAK, 2000; FOLDVARI, 2000; KORTING, MEHNERT e KORTING, 2007). O exemplo, mais comum é com o uso de anti-inflamatórios não esteróides administrados por via oral, os quais podem apresentar efeitos colaterais gastrointestinais, sendo diminuídos através da administração tópica dos mesmos (PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009). A pele é um órgão dinâmico que tem características de permeabilidade dependentes de fatores, tais como, (1) espessura do extrato córneo; (2) integridade do extrato córneo; (3) hidratação do estrato córneo; (4) coeficiente de partição da substância entre veículo e estrato córneo; (5) aplicação de promotores de permeabilidade. Os fatores 1 e 2 são manifestados em função da idade, do sexo, da raça e da região corporal. Os fatores 3 e 5 estão presentes quando a formulação ou as condições de tratamento são alteradas. O fator 4 é decorrente da lipofilia ou solubilidade relativa da substância entre o estrato córneo e o veículo (TAUBER, 1989). A pele humana compõe-se de três camadas de tecidos: a epiderme celular, estratificada e avascular; a derme subjacente de tecido conectivo e a hipoderme constituída pela gordura subcutânea (BARRY, 2005; HUANG et al., 2005). 19 2.1.1 Epiderme A epiderme é constituída por várias camadas de queratinócitos em diferentes estágios de diferenciação celular, além de conter melanócitos, células de Langerhans (importantes na resposta imune) e células de Merkel (envolvidas na percepção sensorial) (ASBILL e MICHINIAK, 2000; FOLDVARI, 2000). Os queratinócitos são responsáveis por, pelo menos, 80% das células epidérmicas, dispostos lado a lado e apresentam uma constante renovação. O alto índice de multiplicação de sua camada basal fornece células que vão gradativamente se modificando e migrando para a superfície formando a camada espinhosa ou de Malpighi. A seguir, essas células passam por um rápido estágio, em que apresentam o citoplasma mais basofílico e granuloso, a camada granulosa e transformam-se, subitamente, em células anucleadas (corneócitos), sendo então eliminadas para o meio ambiente através da camada córnea, a camada mais externa da pele (AZULAY e AZULAY, 2006). Essa diferenciaçãodemora em torno de duas semanas para pessoas jovens, e em torno de 37 dias para pessoas com idade maior que 50 anos (LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004). O estrato córneo é a camada mais externa da epiderme, sendo formado por 10-15 camadas de corneócitos, envolvidos por lipídios extracelulares, apresentando uma espessura que varia entre 10-20 µm. Devido à sua elevada organização estrutural e hidrofobicidade, o estrato córneo atua como a principal barreira para a penetração de substâncias aplicadas topicamente, mas também atua como um reservatório para formulações aplicadas por esta via (FERNANDEZ et al., 2000; FOLDVARI, 2000; LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004; KORTING, MEHNERT e KORTING, 2007; PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009). O grau de hidratação do estrato córneo é também um fator bastante importante para determinação da taxa de absorção percutânea de um determinado fármaco (ALVES, 2006). A pele, prejudicada por algum tipo de doença, torna-se mais permeável à água, sendo que na presença de psoríase, por exemplo, pode chegar a ser dez vezes mais permeável que em condições normais (DE SOUZA, 2004). No caso de lesões em que a integridade está comprometida e sua arquitetura se mostra alterada, a pele não desempenha mais o papel de barreira protetora, e o excipiente não precisa ter afinidades com as matérias graxas. 20 2.1.2 Derme A composição da derme envolve tecido conjuntivo denso composto por células, como fibroblastos granulócitos e macrófagos. Também é formada por macromoléculas sintetizadas pelos fibroblastos, as quais constituem a matriz extracelular, formada por colágeno, elastina, glicosaminoglicanas e glicoproteínas de estrutura. Nessa camada da pele, estão presentes as raízes dos pelos, as glândulas, terminações nervosas, vasos sanguíneos e linfáticos (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999; FOLDVARI, 2000; LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004). 2.1.3 Hipoderme A hipoderme, também conhecida como gordura subcutânea, funciona como amortecedor mecânico e barreira térmica, a qual sintetiza e estoca rapidamente substâncias energéticas prontamente disponíveis (BARRY, 2005). É um tecido subcutâneo que une a derme aos órgãos profundos. É formada por tecido conjuntivo adiposo de espessura muito variável conforme sua localização. Desempenha função de termogênese e energética, ou seja, quando necessário, através da lipólise, os ácidos graxos são liberados rapidamente. Isso acontece, já que a gordura é essencial na homeostermia, além de desempenhar função mecânica de amortecimento, sobretudo nos órgãos internos (HERNANDEZ e MERCIER- FRESNEL, 1999). 2.2 ADMINISTRAÇÃO TÓPICA DE FÁRMACOS Existem alguns aspectos importantes que devem ser considerados na seleção de um veículo tópico, tais como, a solubilidade do agente ativo no veículo; a velocidade com que o agente é liberado do veículo; a capacidade do veículo de hidratar o estrato córneo; a estabilidade do agente terapêutico no veículo e as interações químicas e físicas entre o veículo, o estrato córneo e o agente ativo. Tradicionalmente, os veículos têm sido considerados inertes do ponto de vista farmacológico, entretanto, devido às suas propriedades físicas peculiares, muitos podem ser terapeuticamente benéficos. Como exemplo, pode-se citar que a capacidade do veículo em retardar a evaporação da superfície da pele é menor nas tinturas e curativos úmidos e maior nas pomadas e cremes (ROBERTSON e MAIBACH, 2007). 21 Atualmente existe um grande interesse no desenvolvimento de formulações tópicas. Estas preparações são capazes de liberar o fármaco no sítio de ação, ou seja, no local inflamado, minimizando efeitos sistêmicos adversos, devido a sua baixa concentração plasmática (ROVENSKY et al., 2003; PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009). Estas formulações incluem cremes, géis e sistemas mais complexos, utilizando uma gama de fármacos como, por exemplo, os anti-inflamatórios corticosteróides. Em casos especiais, como na inflamação crônica com descamação, exemplo a psoríase, a mesma pode ser tratada de modo mais adequado, com preparações mais lubrificantes como cremes e pomadas, constituídos por substâncias que apresentem características hidratantes e emolientes. Ainda, cremes são frequentemente utilizados como veículos em placas psoriáticas exsudativas, bem como em áreas flexurais (HUANG et al., 2005). A eficácia terapêutica de um fármaco aplicado na pele depende principalmente de sua habilidade de penetração, podendo assim exercer a atividade farmacológica desejada. Considerando que a maioria dos fármacos possui propriedades físico-químicas inadequadas para penetrar efetivamente na pele, foram desenvolvidas ao longo dos anos, diferentes estratégias para aumentar a permeação de substâncias através da mesma (BONINA et al., 2001). Os principais passos envolvidos na absorção percutânea, incluem o estabelecimento de um gradiente de concentração que gera a força motriz para o movimento do fármaco através da pele; a liberação do fármaco do seu veículo (coeficiente de partição) e a difusão do fármaco através das camadas da pele(coeficiente de difusão). As características ideais de um fármaco tópico incluem baixa massa molecular (600Da), solubilidade adequada em óleo e água, bem como um alto coeficiente de partição (BARRY, 2004). A maior limitação dos fármacos para liberação transdérmica é a própria pele, que age como uma barreira, prevenindo a entrada de moléculas estranhas e impedindo a saída de substâncias endógenas. A principal barreira para penetração através da pele, é exercida pela camada mais superficial, o estrato córneo e sua compacta estrutura (KALIA e GUY, 2001; MORGANTI et al., 2001; MOSER et al., 2001; HUANG, 2005). A função de barreira também é ajudada pela atividade metabólica da pele, embora a capacidade de biotransformação seja consideravelmente mais baixa na pele do que no intestino ou fígado (SUHONEN, BOUWSTRA e URTTI, 1999). A permeação de substâncias através da pele pode ocorrer por difusão do ativo através da epiderme intacta ou através dos apêndices da pele como, por exemplo, os folículos pilosos 22 e glândulas sudoríparas. Entretanto cabe ressaltar que, devido à pequena porcentagem da superfície total da pele ocupada pelos seus anexos, a penetração de ativos por esta via é considerada pequena por alguns autores (LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004). Considerando a epiderme intacta, o ativo pode permear entre os queratinócitos ou através deles. No meio transcelular, o ativo tem que atravessar os queratinócitos e, depois, difundir-se também entre os lipídeos. Dessa forma, o meio intercelular é o maior determinante para a permeação cutânea (LEONARDI, MARTINS e KUREBAYASHI, 2004). Qualquer agressão na pele que remova água, lipídios ou proteínas da epiderme, pode alterar sua integridade e comprometer sua função (HABIF, 2005). Dessa forma, a penetração de substâncias aumenta várias vezes na pele inflamada, como por exemplo, na dermatite atópica. Nas doenças esfoliativas graves, como a psoríase eritrodérmica, parece haver pouca barreira à penetração desses agentes (ROBERTSON e MAIBACH, 2007). O gel-creme é uma emulsão cuja fase aquosa está previamente gelificada pelo polímero hidrófilo gelificante. Os agentes gelificantes, empregados na formação do gel- creme, são usualmente os mesmos utilizados para obtenção de um hidrogel, como por exemplo, carbopol (carbomer) e natrosol (FERREIRA, BRANDÃO e SILVA, 2002; FERNANDEZ-MONTES, 2005; MARTINI, 2005). 2.3 PSORÍASE A psoríase é uma doença inflamatória crônica a qual acomete a pele, com grande polimorfismo de expressão clínica (MARTINS, ARRUDA e MUGNAINI, 2004). Apresenta causa desconhecida e faz parte do grupo de doenças Pápulo-Escamosas, devido às características clínicas de sua lesão primária (HABIF, 2005). Afeta comumente as regiões do courocabeludo, joelhos, cotovelos e tronco (figura 1 a 3). As lesões podem permanecer localizadas ou tornarem-se generalizadas com o tempo (LOWES et al., 2007; SUKHATME e GOTTLIEB, 2009). Estudos têm relatado o aparecimento precoce de lesões no sexo feminino, mas este fato não é universalmente observado (FARBER e NALL, 1998; RAYCHAUDHURI e GROSS, 2000). 23 Figura 1 – Psoríase do couro cabeludo. Densas escamas cobrindo uma parte ou todo o couro cabeludo são altamente característicos da psoríase (HABIF, 2005) Figura 2 – Psoríase em placas. As placas crônicas são vermelhas-foscas e cobertas de escamas. Tendem a permanecer em tamanho e em posição fixas por longos períodos (HABIF, 2005) Figura 3 – Psoríase em placas. Apresentação clássica. As placas vermelhas espessas têm uma borda bem definida e escamas prateadas aderentes (HABIF, 2005) 24 Não existem evidências da presença de diferenças morfológicas na psoríase entre homens e mulheres (FARBER e NALL, 1998). Acredita-se que o fator genético exerça um papel fundamental no desenvolvimento da psoríase. Estima-se que aproximadamente 40% dos indivíduos que sofrem de psoríase tenham um parente em primeiro grau que tenha a doença (RICHARDSON e GELFAND, 2008). A psoríase é considerada uma doença não contagiosa que apresenta diversas formas e vários níveis de severidade (DOS SANTOS et al., 2005). Pode aparecer em qualquer idade, sendo que a doença de início tardio tende a ser mais leve. O aparecimento de lesões psoriáticas, logo após o nascimento, está relacionado à maior gravidade e antecedentes familiares (HABIF, 2005). Durante muito tempo, foi aceita como causa primária da doença, a hiperproliferação ceratinocítica associada à diferenciação epidérmica anormal, entretanto, com os avanços em biologia molecular e imunologia descobriu-se que sua causa é bem mais complexa (FARBER e NALL, 1998; RICHARDSON e GELFAND, 2008). A psoríase é mediada por linfócitos T e células dendríticas ativadas encontradas nas placas psoriáticas. Estas células liberam citocinas pró-inflamatórias como fator de necrose tumoral (TNF)-alpha, interleucinas (17, 23) e interferon gama que desencadeiam a liberação de outras citocinas conduzindo a hiperproliferação dos queratinócitos (SUKHATAME, 2009). Dessa forma, a psoríase é caracterizada como uma dermatose inflamatória imunomodulada por resposta tipo 1, pois há superexpressão das citocinas Th1 pró-inflamatórias com deficiência relativa de citocinas Th2 (DOS SANTOS et al., 2005). Os linfócitos T desempenham papel importante no desencadeamento e manutenção da inflamação. Sua expressão clínica só ocorre quando uma reação imunológica induzida por linfócitos T se desenvolve na pele do paciente (MARTINS, ARRUDA e MUGNAINI, 2004). Em 1978, as células T e os macrófagos foram identificados como as principais células do infiltrado inflamatório dérmico da psoríase. A partir de 1983, o fenótipo das células T foi identificado, CD4+ e CD8+, assim como o aumento das células dendríticas na derme (CARNEIRO et al., 2005). Existem evidências, indicando que a psoríase é imunologicamente mediada, como a resposta terapêutica a medicamentos imunossupressores, transferência da doença através do transplante de medula óssea em humanos e de células T purificadas de pele humana pré-psoriática em ratos e a presença de modificações nos receptores de células T de pele psoriática (FARBER e NALL, 1998). Essa reação imunológica pode ser desencadeada por fatores ambientais, combinados, como por exemplo, estresse, infecções e determinados tipos de medicamentos como o lítio. 25 O exame histológico da placa de psoríase (figura 4) demonstra alterações como o espessamento da epiderme e vasodilatação dos vasos sanguíneos da derme. Além disso, embora a pele normal apresente um número notável de células de defesa residentes, nas lesões psoriáticas observa-se um aumento do número de leucócitos. (DOS SANTOS et al., 2005; LOWES et al., 2007). Figura 4 - Comparação entre os componentes histológicos de uma placa psoriática com a pele normal (LOWES et al., 2007) Microscopicamente, observa-se o alongamento de pontes intercelulares com um encurtamento do tempo de trânsito do queratinócito epidérmico, devido a uma diminuição da monofosfato de guanosina cíclico (ALLEN Jr., 2001). O aumento na velocidade de crescimento e do ciclo celular leva ao acúmulo de células na superfície do corpo, sendo que estas células não descamam suficientemente. Enquanto as células de uma pele saudável amadurecem entre 28 e 30 dias, uma célula psoriática pode amadurecer em apenas 3 a 4 dias e atingir a camada superficial da pele, acumulando-se e formando lesões avermelhadas com escamas em relevo (DOS SANTOS et al., 2005). A descamação e a consequente perda da função barreira da pele, ocorre devido à falha dos 26 corneócitos psoriáticos em empilhar-se normalmente e secretar lipídios extracelulares para que ocorra a adesão entre eles (LOWES et al., 2007). 2.3.1 Tipos de psoríase A psoríase possui várias apresentações clínicas, as lesões típicas são eritematoescamosas, de limites bem precisos com halo periférico claro e escamas geralmente argênticas. Dependendo da apresentação clínica, as lesões podem sofrer variações em seu tamanho, morfologia e localização no organismo. As alterações histológicas da pele são idênticas nas suas diferentes formas clínicas (LOWES et al., 2007). A sua apresentação clínica subdivide-se em vários tipos, sendo: psoríase crônica em placas, gutata, invertida ou flexural, eritrodérmica, pustular, ungueal e a artrite psoriásica. 2.3.1.1 Psoríase crônica em placas Psoríase crônica em placas é constituída por placas crônicas não inflamatórias, bem definidas, sendo a apresentação mais comum da psoríase. As lesões podem surgir em qualquer local da superfície cutânea. Elas aumentam até certo tamanho e então tendem a permanecer estáveis por meses ou anos. Uma mácula temporária marrom, branca ou vermelha permanece quando a placa melhora (HABIF, 2005). 2.3.1.2 Psoríase gutata Psoríase gutata, é um tipo de psoríase caracterizada por lesões pequenas (0,5 a 1,5 cm de diâmetro), geralmente pouco descamativas, localizadas em região superior de tronco e extremidades proximais dos membros e, algumas vezes, do couro cabeludo. Geralmente as lesões da psoríase em gota não estão cobertas por escamas e não são tão finas como as placas psoriáticas. Essa forma é característica em crianças e adultos jovens, geralmente precedida de um quadro infeccioso, estreptocócico ou viral de garganta. Ocorre regressão no período de semanas a meses, às vezes, sem necessidade de tratamento (LINDEN e WEINSTEIN, 1999; CHRISTOPHERS e MROWIETZ, 1999; PETERS, WEISSMAN e GILL, 2000; ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI , 2001; LOWES et al., 2007). 27 2.3.1.3 Psoríase invertida ou flexural Psoríase inversa ou flexural é comumente encontrada nas axilas, peito e ao redor de dobras da pele como nos órgãos genitais e nádegas. O aspecto é seco e liso, avermelhado e inflamado, não apresenta escamas. Ela é facilmente irritável por atrito e suor, sendo mais comum em pacientes com excesso de peso (ALLEN Jr., 2001). 2.3.1.4 Psoríase eritrodérmica Psoríase eritrodérmica é o tipo menos comum da doença, acometendo 75% ou mais da superfície corpórea, com descamação fina, podendo levar à perda abundante de proteínas, dificuldade para manutenção da temperatura corporal e perda excessiva de fluidos (ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI , 2001). 2.3.1.5 Psoríase pustular - psoríase Pustular é caracterizada por lesões pustulosas sobre base eritemato- inflamatória, podendo ser dividida em três subtipos: - psoríase pustulosa generalizada, a qual evolui em surtos com febre no início do quadro e aparecimento súbito de erupção pustulosa disseminada, evoluindo para eritrodermia;- psoríase pustulosa anular, forma rara, na qual as lesões são anulares ou circinadas, semelhantes às do impetigo herpetiforme, que é uma forma de psoríase pustulosa da gravidez; - psoríase pustulosa localizada (PPL) onde diferenciam-se a PPL palmoplantar e acrodermatite contínua de Halopeau, na qual há comprometimento da região distal dos dedos das mãos e pés, podendo haver destruição da lâmina ungueal e até comprometimento ósseo (CHRISTOPHERS e MROWIETZ, 1999; ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI, 2001). 2.3.1.6 Psoríase ungueal A psoríase ungueal raramente ocorre isoladamente. Está presente em 10 a 80% dos pacientes acometidos pelos diversos tipos de psoríase. Ocorre mais frequentemente nas unhas dos dedos das mãos do que dos pés, apresentam a onicólise, depressões, hiperqueratose subungueal, alterações de cor ou estrias longitudinais ou transversais (SHAW, 1998; PETERS, WEISSMAN e GILL, 2000; ARRUDA, CAMPBELL e TAKAHASHI , 2001). 28 2.3.1.7 Artrite psoríatica A artrite psoriática pode ser desenvolvida por 10 a 30% dos pacientes acometidos pela psoríase. Os sintomas podem incluir rigidez, dor, inchaço, sensibilidade das articulações e tecidos moles, redução dos movimentos, rigidez matutina e cansaço. As articulações que geralmente são afetadas incluem os pulsos, joelhos, tornozelo, costas e pescoço. Acomete igualmente homens e mulheres, ocorrendo geralmente entre 30 a 50 anos (LINDEN e WEINSTEIN, 1999). 2.4 Corticóides tópicos para o tratamento da psoríase Corticóides continuam entre os agentes de primeira linha no tratamento tópico da psoríase em todas as faixas etárias (CORDORO, 2008). O tratamento vai depender do tipo de psoríase, da extensão do quadro e também de fatores como idade, ocupação, e condições gerais de saúde (SAMPAIO e RIVITTI, 2001). A terapia envolve a redução da velocidade de proliferação da epiderme, a diminuição da inflamação dérmica e da resposta imunológica. A aplicação tópica de cremes, pomadas, loções e spray com corticóides, é o tratamento mais utilizado (DOS SANTOS et al., 2005). Os cremes e pomadas com ação hidratante, contendo componentes oleosos ou emolientes, auxiliam na hidratação e sensação tátil da pele e, ainda, reduzem a descamação e a irritação (DOS SANTOS et al., 2005; ALTCHEK et al., 2006). Em indivíduos, onde a área da superfície do corpo envolvida pelas lesões corresponde a menos de 5%, é comum iniciar com tratamento tópico, exceto nos casos onde esse tipo de tratamento não tenha obtido sucesso anteriormente ou se a psoríase for debilitante ao local atingido (LEBWOHL, 2004; MENTER et al., 2009). Nos casos em que é atingida de 5 a 10% da superfície corporal, o dermatologista costuma receitar algum tratamento tópico, que, dependendo do caso, pode ser acrescido da fototerapia ou de medicações orais. Nos pacientes, onde há um envolvimento de mais de 10% da superfície corporal, somente a terapia tópica pode não ser suficiente, mas poderá ser de ajuda à fototerapia ou à terapia sistêmica (LEBWOHL, 2004, ALTCHEK, 2006). A severidade da psoríase pode ser agravada por lesões e irritação da pele, exposição solar, estresse e ansiedade, alguns medicamentos, infecções e dieta. Para pacientes com placas localizadas e incipientes, podem ser prescritos corticosteróides tópicos potentes ou de baixa ou média potência; também é possível usar 29 medicamentos que não sejam corticosteróides, como calcipotriol ou tazaroteno (LEBWOHL, 2004). A psoríase com envolvimento localizado geralmente é responsiva somente a corticosteróides de maior potência como o propionato de clobetasol (0,05%) e betametasona dipropionato (0,05%) ou valerato (0,1%), considerandos agentes de maior eficácia em seu tratamento tópico (FUCHS, WANNMACHER e FERREIRA, 2006). O tratamento com corticóides pode apresentar alguns efeitos adversos como: atrofias da pele, aparecimento de telangiectasias, víbices e púrpura (SAMPAIO e RIVITTI, 2001). A face e os pontos intertriginosos são as áreas mais suscetíveis a efeitos colaterais cutâneos provocados pelos corticosteróides tópicos. Dessa forma, corticóides fluorados, que apresentam modificações químicas afim de que haja um aumento na sua potência devem ser evitados para o tratamento destas regiões (DOS SANTOS et al., 2005; ALTCHEK et al., 2006; FOX, MERK e BICKERS, 2006). Algumas áreas limitadas podem necessitar de tratamentos alternativos. Por exemplo, o envolvimento das palmas das mãos e plantas dos pés pode ser debilitante e sabe-se que essas áreas são difíceis de tratar. Psoríase pustular das palmas das mãos e plantas dos pés respondem apenas ocasionalmente à terapia tópica. Embora as palmas das mãos e plantas dos pés constituam pequena percentagem da área da superfície corporal, pode justificar-se o tratamento com medicamentos orais ou com fototerapia (LEBWOHL, 2004). 2.4.1 Glicocorticóides Os corticosteróides são fármacos amplamente utilizados como efetivos e potentes anti- inflamatórios (figura 5). Dividem-se em glicocorticóides e mineralocorticóides. Ambos os grupos possuem ação sobre a retenção de sódio e água como sobre o metabolismo intermediário. A predominância de um ou outro desses efeitos é que os caracteriza. O principal exemplo de glicocorticóide endógeno nos seres humanos é o cortisol (hidrocortisona), enquanto a aldosterona é o principal mineralocorticóide (SILVA, 2006; FOX, MERK e BICKERS, 2006). Glicocorticóides são os mais eficazes antiinflamórios disponíveis, suplantando os não- esteróides, promovem melhora sistemática de uma série de manifestações clínicas, sem afetar a evolução da doença básica. Ao lado de esperados benefícios, há risco de potenciais efeitos adversos, observados numa variedade de tecidos orgânicos, na dependência de doses empregadas e, sobretudo, na duração do tratamento. Em uso agudo, são geralmente bem 30 tolerados. No tratamento prolongado, surgem efeitos adversos como: acne, hipertensão, predisposição maior às infecções microbianas, micóticas e virais, diabetes, úlcera gastro intestinal, inibição do crescimento, osteoporose, entre outros (FOX, MERK e BICKERS, 2006). A hidrocortisona é o protótipo dos glicocorticóides, e sua estrutura básica é a mesma de todos os esteróides, caracterizando-se pelo núcleo ciclopentanoperidrofenantreno. Alterações nas moléculas da hidrocortisona e da cortisona deram origem aos compostos glicocorticóides atuais, com potente atividade antinflamatória e com menor capacidade de retenção de sódio (SILVA, 2006). Os glicocorticóides possuem diferenças em relação à sua atividade antiinflamatória, dependendo de suas características químicas. Por exemplo, para atingir a atividade antiinflamatória de uma molécula de dexametasona são necessárias 5,3 moléculas de metil prednisolona, ou então, 26,7 moléculas de hidrocorticosona, sugerindo, dessa maneira que a dexametasona apresenta uma potência antiinflamatória superior aos demais glicorticóides (SUN et al., 2007). Sua eficácia terapêutica baseia-se primariamente na sua atividade antiinflamatória, mas podem também exercer efeitos antimitóticos no caso da psoríase e outras doenças dermatológicas associadas a um aumento da renovação celular (SILVA, 2006). Os efeitos anti-inflamatórios são decorrentes da estimulação da biossíntese da proteína lipomodulina que por sua vez, inibe a ação enzimática da fosfolipase A2. Deste modo é impedida a liberação de ácido araquidônico e em conseqüência, não se formam seus metabólitos, como prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos, que são mediadores da inflamação (KOROLKOVAS e DE FRANÇA, 2001; LIONZO, 2006). Os glicocorticóides determinam menor ocorrência de efeitos sistêmicos se usados em doses adequadas e por períodos não-prolongados, e reduzem radicalmente as manifestações da inflamação. Propriedade que resulta de seus efeitos profundos sobre a concentração, distribuiçãoe função dos leucócitos periféricos, bem como dos seus efeitos supressores sobre as citocinas e quimiocinas inflamatórias e outros mediadores da inflamação. Independente de sua causa, a inflamação caracteriza-se pelo extravasamento e pela infiltração dos leucócitos no tecido afetado. Além de seus efeitos sobre a função leucocitária, os glicocorticóides influenciam a resposta inflamatória ao reduzir a síntese de prostaglandinas, leucotrienos e fator de ativação de plaquetas, que resulta da ativação da fosfolipase A2. Por fim, os glicocorticóides reduzem a expressão da ciclooxigenase-2, a forma induzível dessa 31 enzima, nas células inflamatórias, diminuindo a formação de prostaglandina (ROBERTSON e MAIBACH, 2007). Os corticosteróides, quando usados topicamente, exercem ação antiinflamatória e antimitótica. A ação antiinflamatória obedece aos mecanismos básicos descritos para o uso sistêmico. Os corticosteróides, principalmente os halogenados onde a dexametasona se enquadra como exemplo, reduzem o número de mitoses, o que os torna úteis no tratamento da psoríase pela diminuição da multiplicação celular e menor formação de camadas de queratina (SILVA, 2006; ROBERTSON e MAIBACH, 2007). 2.4.1.1 Dexametasona A dexametasona (figura 5) é um esteróide, derivado do núcleo ciclopentanoidrofenantreno que apresenta atividade glicocorticóide e antiinflamatória. Apresenta massa molar de 392,47 g/mol. É um derivado fluorado da prednisolona e isômero da betametasona podendo ser caracterizada como um pó cristalino branco ou quase branco e inodoro, praticamente insolúvel em água; facilmente solúvel em etanol, acetona, dioxano e metanol; levemente solúvel em clorofórmio; muito solúvel em éter. Apresenta ponto de fusão entre 268° e 271° com decomposição. Sua solubilidade em água é de 1 mg/ml e seu coeficiente de partição octanol-tampão fosfato pH 7,4 a 37°C é de 1,33 (KOROLKOVAS e DE FRANÇA, 2001; MARTINDALE, 1996; EINMAHL et al., 1999; MOFFAT, OSSELTON e WIDDOP, 2004) Figura 5 - Estrutura química da dexametasona (GOODMAN & GILMAN, 2006) A dexametasona é um exemplo de análogo sintético de ação prolongada, com duração da atividade biológica maior que 48 horas e atividade glicocorticóide 30 vezes superior à hidrocortisona (SILVA, 2006). Apresenta estabilidade “in vitro”, sendo apropriada para utilização em sistemas de liberação de fármacos de ação prolongada (SUN, at al., 2007). 32 A dexametasona apresenta-se de 4 formas diferentes: na forma de acetato de dexametasona, isocotinato de dexametasona, fosfato sódico e tebutato (MOFFAT, OSSELTON e WIDDOP, 2004). A dexametasona apresenta a maior potência dentre os glicorticóides de ação sistêmica (KOROLKOVAS e DE FRANÇA, 2001). Entretanto seu uso contínuo, na forma sistêmica e/ou tópica apresenta algumas desvantagens como o surgimento de efeitos indesejáveis (FOX, MERK e BICKERS, 2006; JOSSE et al., 2009). Levando-se em consideração os efeitos apresentados por esse fármaco, alguns estudos estão sendo desenvolvidos com o objetivo de aumentar a eficácia da dexametasona e consequentemente, diminuir os seus efeitos adversos, bem como, a obtenção de sistemas de liberação prolongada. Beck e colaboradores (2003) realizaram o desenvolvimento e a caracterização de formulações de nanopartículas (poly (DL-lactide) e poly (ε-caprolactona) contendo dexametasona. Avaliaram ainda, a atividade antiinflamatória em ratos, através da inibição da formação do granuloma e inibição de edema de pato de rato, induzida por caragenina. Os autores observaram, uma melhora significativa na atividade farmacológica da dexametasona encapsuladadas em nanoesferas, em relação a formulação comercial (Decadron®) contendo o fármaco na forma livre. Cascone e colaboradores (2002) realizaram a incorporação de nanopartículas de PLGA contendo dexametasona em hidrogéis com álcool polivinílico e dextrano, com o objetivo de avaliar o mecanismo de liberação do fármaco encapsulado nas nanopartículas. Através deste estudo foi observado que a dexametasona foi liberada das nanopartículas de PLGA seguindo um mecanismo de difusão controlado. Além disto, verificaram que a presença de dextrano nos hidrogéis permitiu a liberação de uma quantidade maior de dexametasona em comparação aos hidrogéis sem a presença de dextrano (CASCONE et al., 2002). 2.5 SISTEMAS NANOESTRUTURADOS PARA ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS Nos últimos anos, sistemas utilizando nanopartículas poliméricas têm sido utilizados como uma das estratégias mais promissoras para a liberação de fármacos a sítios específicos de ação (ALVES et al., 2007). O desenvolvimento ou a alteração de protótipos químicos, visando um aumento da afinidade do fármaco sobre a pele pode ser um processo laborioso e limitado. Desta forma, a 33 associação do fármaco a um sistema que permita a alteração ou adequação de suas propriedades, sem modificar seu mecanismo de ação, parece ser uma alternativa considerável para contornar esse problema. Nesse sentido, o desenvolvimento de sistemas para vetorização de fármacos, através de sistemas nanoestruturados, estão sendo propostos com o intuito de controlar a liberação do fármaco em seu sítio ativo, aumentar sua especificidade e diminuir seus efeitos colaterais através da redução da dose administrada. Dentre estes sistemas nanoestruturados, encontram-se os carreadores coloidais, os quais têm sido propostos para liberação de fármacos na pele e no estrato córneo de uma forma mais específica. Desta forma, polímeros biodegradáveis na forma de partículas coloidais, têm sido estudados para aplicação em terapias antitumorais, antimicrobianas, e antiinflamatória tópica, injetável e oftálmica (COUVREUR, DUBERNET, PUISIEUX 1995; YOKOYAMA, OKANO, 1996; GIUNCHEDI et al., 1999; PINTO, ANDREMONT e COUVREUR., 2000; TUNÇAI et al., 2000; KIM e LEE., 2001; SHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN 2007). A vetorização de um fármaco permite a sua liberação em sítios fisiológicos específicos como órgãos, tecidos ou células, onde a atividade farmacológica é requerida. O direcionamento do fármaco a sítios específicos evita seu acúmulo em tecidos onde sua ação não é requerida, contribuindo para uma redução de efeitos colaterais e promovendo índices terapêuticos mais adequados (YOKOYAMA e OKANO, 1996; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006). Esses sistemas têm sido extensivamente estudados para administração oral e parenteral, podendo, também, serem utilizados para liberação de vários fármacos através da pele (JALÓN et al., 2001). Liberação imediata, bem como a liberação sustentada, tem sido relatada para suspensões de nanopartículas lipídicas sólidas (NPLS). Nos últimos anos, também os lipossomas foram bastante estudados, porém sua estabilidade é questionável e frequentemente outros tipos de carreadores têm sido testados para controlar melhor a liberação de fármacos (PINTO, ANDREMONT e COUVREUR, 2000). Devido à natureza polimérica das nanopartículas, as mesmas podem ser mais estáveis do que os lipossomas em fluidos biológicos e durante a armazenagem (MÜLLER, MÄDER e GOHLA, 2000). Para aplicação dérmica, ambas as características são interessantes, a liberação imediata pode ser útil para melhorar a penetração de uma substância. A liberação sustentada é importante para substâncias ativas, que possam causar irritação em concentrações altas ou que devam suprir a pele por um período prolongado de tempo (JENNING, SCHÄFER e GOHLA, 2000). 34 Por outro lado, um grande número de fármacos apresenta pouca solubilidade ou instabilidade em meio aquoso, fatores que podem levar a problemas na formulação. Neste sentido, as nanopartículas poliméricas podem proteger moléculas lábeis e melhorar a ação de fármacos com problemas de solubilidade (LEGRAND et al., 1999). 2.6 NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS Nanopartículas poliméricassão sistemas coloidais, medindo em torno de 10 nm a 1000 nm e tamanho similar aos lipossomas, apresentando melhor estabilidade que estes, durante a estocagem como “in vivo”. As nanopartículas podem consistir de uma matriz polimérica (nanoesferas) ou de um sistema reservatório oleoso envolvido por uma parede polimérica (nanocápsulas) (BARRAT, 2000) (figura 6). Podem, também, ser constituídas, por um sistema emulsionado, consistindo de uma fase dispersa (óleo) em uma fase contínua (água), estabilizada por emulsionantes (nanoemulsão) (KAN et al., 1999). Figura 6 – Representação gráfica de nanopartículas e nanoesferas poliméricas: a) fármaco dissolvido no núcleo oleoso das nanocápsulas; b) fármaco adsorvido à parede polimérica das nanocápsulas; c) fármaco retido na matriz polimérica das nanoesferas; d) fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica das nanoesferas (SCHAFFAZICK, et al., 2003) Polímeros biodegradáveis vem sendo estudados para a aplicação na área farmacológica. Como exemplo destes, podemos citar a poli(ε-caprolactona), que é um poliéster alifático bastante hidrofóbico, que apresenta uma velocidade de degradação lenta. Desta forma, tem sido empregado no preparo de nanocápsulas e para o desenvolvimento de sistemas de liberação prolongada (ROSA, PENTEADO e CALIL, 2000; FIALHO e CUNHA Jr., 2007). As formas de associação das formas ativas a esses sistemas coloidais dependem da natureza química dos fármacos, assim como da composição química dos sistemas. Nas 35 nanoesferas os fármacos podem encontrar-se retido ou molecularmente disperso na matriz, enquanto que, nas nanocápsulas, os fármacos estarão distribuídos na vesícula ou adsorvidos em sua parede polimérica (SCHAFFAZICK et al., 2003). Os métodos de preparação de nanopartículas poliméricas podem ser classificados em dois tipos: os métodos de polimerização in situ de monômeros dispersos (cianoacrilatos de alquila) e os métodos baseados na precipitação de polímeros pré-formados tais como poli(ácido lático), poli (ácido lático-co-ácido glicólico), poli(ε-caprolactona) e copolímeros do ácido metacrílico e de um éster acrílico ou metacrílico. Os dois tipos de métodos podem originar tanto nanoesferas quanto nanocápsulas (LAMPRECHT et al., 1999; TUNÇAY et al., 2000; PINTO, ANDREMONT e COUVREUR, 2000; SHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006). A adequada caracterização das nanopartículas é um pré-requisito importante para o controle de qualidade de produtos. Devido à natureza coloidal destes sistemas, dificuldades técnicas são encontradas na sua caracterização físico-química. Esta caracterização envolve parâmetros como: distribuição de tamanho da partícula, potencial zeta (determinação da carga de superfície), análises morfológicas, determinação da quantidade de fármaco (total, associado e livre), determinação do peso molecular, estudos de estabilidade (efeitos de estocagem em função do tempo), caracterização estrutural e cinética de liberação (GUTERRES et al., 1995; SHAFFAZICK et al., 2003; GUTERRES, BENVENUTTI e POHLMANN, 2006). 2.7 LIBERAÇÃO E PENETRAÇÃO CUTÂNEA Análises farmacocinéticas de liberação “in vitro”, a partir de sistemas nanoestruturados, têm contribuído enormemente para o entendimento sistemático e quantitativo de fármacos vetorizados. Uma otimização do sistema, baseada nessas avaliações de liberação, deveria ser determinada para cada caso, ou seja, para cada fármaco em estudo (ALVES et al., 2007) Durante décadas a pele tem sido utilizada como via de administração de substâncias dermatologicamente ativas, onde as moléculas do fármaco difundem-se para o tecido alvo para produzir seus efeitos terapêuticos (ZULLI, 2007). A distribuição de uma molécula ativa na pele é, principalmente, função das propriedades físico-químicas do fármaco, do veículo e ainda das propriedades fisiológicas do sistema biológico (PINTO, ANDREMONT e COUVREUR, 2000; ZULLI, 2007; PARDEIKE, HOMMOS e MÜLLER, 2009). Modelos 36 matemáticos estão sendo crescentemente aplicados para predizer a penetração percutânea, baseado em propriedades físico-químicas de ativos e veículos (PUGH, ROBERTS e HADGRAFT, 1996; SCHNEIDER et al., 1996; CRONIN et al., 1999). Estudos de permeação “in vitro” são essenciais para avaliar o comportamento do fármaco na pele e através da pele. Efetivamente, três parâmetros principais precisam ser considerados: (1) o tipo de membrana que será usada para avaliar a permeação do fármaco; (2) o modelo matemático que será utilizado para caracterizar a permeação do fármaco na pele; e (3) o modelo da célula de difusão que será adotado para realização do estudo (KATTAN, ASBILL e HAIDAR, 2000). A aplicação de técnicas biofísicas para monitorar a permeabilidade da pele, permitem uma melhor compreensão dos mecanismos de absorção em nível molecular. Este conhecimento pode ser usado para melhorar o desempenho de medicamentos dérmicos e transdérmicos associados a promotores de absorção ou a formas vetorizadas. Com esses dados, poderia ser possível comparar os resultados da via dérmica e transdérmica com os resultados alcançados pela via oral. Com esta possibilidade, o desenvolvimento deste tipo de sistema deverá com certeza, obter maior êxito (HADGRAFT, 1999). É importante também, que todos estes fatores físico-químicos, sejam relacionados com a atividade desempenhada por esses fármacos “in vivo”. 37 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS 3.1.1 Matéria-prima, solventes e outros materiais • Dexametasona (Base) – Henrifarma; • Poli(ε-caprolactona) wM = 80000 – Sigma-Aldrich; • Monooleato de sorbitano (Span 80) – Sigma; • Polissorbato 80 (Tween 80®) – Sigma-Aldrich; • Triglicerídios de ácidos cáprico/caprílico (Miglyol 810®) – Via Farma; • Carbopol 940® (polímero de ácido acrílico) – Henrifarma; • Trietanolamina – Via Farma; • Imidazolinidil uréia –Alpha Química; • Cera autoemulsionante aniônica – Galena; • Álcool cetílico – Alpha Química; • Glicerina – Alpha Química; • Oleato de decila (Cetiol V®) – Alpha Química; • Óleo de Rosa Mosqueta – Galena; • Acetona P.A – Nuclear; • Acetonitrila grau CLAE - J.T.Baker; • Água Milli-Q®; • Hidróxido de sódio – Nuclear; • Fosfato de potássio – Synth; • Tampão pH 4,0; • Tampão pH 7,0; • Membrana 0,45 µm – Millipore; • Membrana de acetato de celulose 0,45 µm – Sartorius Stedim biotech. 3.1.2 Equipamentos e materiais de laboratório • Evaporador rotatório 801 – Fisatom; • Balança analítica AX 200 – Shimadzu; 38 • Cromatógrafo líquido de Alta Eficiência – CLAE - Cromatógrafo líquido Young Lin Instrument, modelo YL9100 CLAE System, equipado com bomba modelo YL9110, detector com comprimento de onda variável UV/VIS modelo YL9160; • Coluna cromatográfica - Lichropher® 100 RP – 18, 250 mm, 4,0 mm, 5 µm) – Merck; • Lavadora Ultra-sônica – Unique; • Centrífuga TDL80-2B – Centribio; • Câmara climática TE 4001 – Tecnal; • Potenciômetro – Digimed; • Placas de vidro (espalhabilidade); • Viscosímetro rotacional – RV DV-1+ Brookfield; • Aparato vertical de célula de Franz – Adaptado; • Zetasizer® - Nano-ZS - Malvern. 3.2 MÉTODO 3.2.1 Preparação das suspensões contendo nanocápsulas de dexametasona As nanopartículas foram preparadas através do método de nanoprecipitação de polímeros pré-formados (FESSI et al., 1989), utilizando-se a dexametasona como fármaco na sua forma base, em uma concentração final de 0,5 mg/ml de suspensão. As nanocápsulas, contendo dexametasona foram desenvolvidas e caracterizadas por Friedrich e colaboradores (2008), utilizando, para isso, os componentes descritos na tabela 1. Tabela 1- Composição das suspensões de nanocápsulas, contendo dexametasona Fase orgânica (%) Triglicerídeos de ácidos cáprico e caprílico 3,30 Monooleato
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