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Esporotricose uma doença negligenciada no Brasil e altamente endêmica no Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE DE FARMÁCIA 
 
 
 
 
 
THAMIRIS CRISTINI DE LIMA ROCHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPOROTRICOSE: UMA DOENÇA NEGLIGENCIADA NO BRASIL E 
ALTAMENTE ENDÊMICA NO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2021 
 
 
 
THAMIRIS CRISTINI DE LIMA ROCHA 
 
 
 
 
 
ESPOROTRICOSE: UMA DOENÇA NEGLIGENCIADA NO BRASIL E ALTAMENTE 
ENDÊMICA NO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
à Faculdade de Farmácia da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do grau de 
bacharel em Farmácia. 
Orientadora: Profª Drª Livia Cristina Liporagi 
Lopes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
2021 
RESUMO 
 
ROCHA, Thamiris Cristini de Lima. Esporotricose: uma doença negligenciada no 
Brasil e altamente endêmica no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2021. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) - Faculdade de Farmácia, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021. 
 
A esporotricose é uma doença causada por fungos do complexo Sporothrix, 
como Sporothrix schenckii, que teve seus primeiros casos descritos na literatura em 
1907, e estavam relacionados a trabalhadores agrícolas e/ou profissionais que 
mantinham contato diretamente com o solo. Com o passar dos anos, tivemos uma 
mudança nesse perfil de pacientes acometidos por esta patologia. Atualmente, a 
maioria dos casos relatados está diretamente relacionado ao contato com felinos, e 
não mais com o solo. A consequência dessa mudança de perfil de contaminação foi o 
crescente número de casos, principalmente na região Metropolitana do Rio de Janeiro, 
onde vive-se uma epidemia da doença. O objetivo deste trabalho foi coletar 
informações atualizadas sobre o atual panorama da doença no Rio de Janeiro, 
buscando ressaltar a importância de medidas de ações sanitárias a serem tomadas. 
A metodologia aplicada para este estudo foi um levantamento bibliográfico com 
pesquisas em bancos de dados e coleções online da Elsevier Editora (ScienceDirect) 
e da biblioteca virtual de saúde do National Institutes of Health's National Library of 
Medicine (NIH/NLM – PubMed Central). Os critérios de inclusão foram artigos 
científicos que explorem o tema proposto, publicados entre os anos de 2010 e 2020, 
buscando as seguintes palavras-chave: Esporotricose/“Sporotricosis”, 
“Sporothrix”/“Sporothrix schenckii”, Negligenciada/“Neglected”, Rio de Janeiro, 
Brasil/“Brazil”. Adicionalmente, realizou-se uma pesquisa online para consultar 
documentos de organizações nacionais (ANVISA e Ministério da Saúde) e 
internacionais, contribuindo com dados para compor o presente estudo. Através dos 
levantamentos realizados, foi possível observar o aumento nos números de casos de 
esporotricose no estado do Rio de Janeiro a partir do ano de 2015, onde foram 
confirmados 792 casos, seguido pelos anos de 2016 e 2017, onde 1124 e 1375 casos 
foram confirmados, respectivamente. De acordo com os dados oficiais analisados, de 
2013 a 2019, a esporotricose no estado do Rio de Janeiro acometeu, na maioria dos 
casos, pacientes do sexo feminino (64% dos acometidos), sendo a faixa etária de 
maior prevalência igual ou maior a 60 anos, estando esses casos mais concentrados 
na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro e no município de Nova Iguaçu. 
Podemos concluir que houve uma mudança no perfil epidemiológico da doença, 
quando comparados aos anos anteriores, onde a doença era descrita por acometer 
trabalhadores rurais ou que tinham contato direto com o solo, e se concentrava nas 
regiões mais afastadas da região metropolitana. 
 
Palavras-chave: Esporotricose. Sporothrix. Negligenciada. Rio de Janeiro. Brasil.
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido forças para chegar até aqui. 
Agradeço a minha orientadora que prontamente aceitou este desafio junto comigo, 
sendo sempre muito solícita e motivadora. 
A minha família que sempre me incentivaram a dar o meu melhor, e sempre fizeram 
o possível e o impossível para que eu pudesse chegar até aqui. 
Aos meus amigos, que entenderam que minha ausência temporária era necessária, e 
mesmo distante, aturaram meus surtos de estresse. Principalmente aqueles que me 
acompanharam nessa trajetória: meu amigo e irmão que a UFRJ me deu, Ricardo; 
minha eterna dupla que me acompanhou do primeiro ao último período, Priscila; meu 
amigo mais ciumento, alegre e que sofreu junto comigo este período todo, Cleber; e 
ela que foi minha dupla no finalzinho, que me incentivava e segurou muito a peteca 
junto comigo, Babi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
AP – Área Programática 
CCZ - Centro de Controle de Zoonoses(CCZ) Paulo Darcoso Filho 
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz 
IMMVJV- Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman 
IPEC – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas 
LAPCLIN-DERMZOO- Serviço de Zoonoses, atual Laboratório de Pesquisa Clínica 
em Dermatozoonoses em Animais Domésticos 
NIH/NLM - “National Institutes of Health's National Library of Medicine” 
SES-RJ – Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro 
SSKI - Solução saturada de iodeto de potássio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Lesões de Esporotricose. A: cutânea localizada; B: linfocutânea; C: cutânea 
disseminada. Fonte: Nota Técnica 09 DVE/DVZ/COVISA/2020 - Vigilância e Manejo 
Clínico da Esporotricose Humana no Município de São Paulo, Prefeitura de São Paulo, 
2020............................................................................................................................13 
Figura 2: Lesões de esporotricose felina. Fonte: GREMIÃO, 2019...........................14 
Figura 3: Evolução do número de casos de esporotricose em humanos no Rio de 
Janeiro. Dados compilados a partir dos dados oriundos de Schubach; Barros; Wanke, 
2008............................................................................................................................20 
Figura 4: Fluxograma de rotina para diagnóstico e tratamento da esporotricose 
desenhado com base nas informações consolidadas através da estrutura proposta 
pelo IPEC, gerado através dos dados de Barros et al, 
2010............................................................................................................................21 
Figura 5: Evolução dos números de casos suspeitos e confirmados de esporotricose 
no estado do Rio de Janeiro, de 2013 a 2019, conforme as informações consolidadas 
a partir dos Boletins Epidemiológicos Esporotricose 007/2016, 001/2018 e 001/2019. 
Dados compilados a partir dos dados oriundos dos Boletins Epidemiológicos 
Esporotricose 007/2016, 001/2018 e 
001/2019.....................................................................................................................27 
Figura 6:Representação do número de casos de esporotricose total nas populações 
caninas e felinas, de 2017 a 2020, com base no compilado de informações presentes 
no documento estatístico do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de 
Zoonoses e de Inspeção Agropecuária. Dados compilados a partir dos dados oriundos 
do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária..............................................................................................................31 
Figura 7: Relação entre os números de casos de esporotricose canina versus felina, 
de acordo com o compilado de informações presentes no documento estatístico do 
Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária..............................................................................................................32LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Distribuição dos Eventos de Capacitação realizados pela Vigilância e 
Assistência da Esporotricose Humana no estado do Rio de Janeiro, de 2011 a 
2015............................................................................................................................26 
Tabela 2. Compilado de informações do Perfil Epidemiológico da Esporotricose no 
estado do Rio de Janeiro, de 2013 a 2019, de acordo com os registros oficiais 
publicados pelos Boletins Epidemiológicos Esporotricose 007/2016, 001/2018 e 
001/2019.....................................................................................................................28 
Tabela 3. Número de casos de esporotricose total nas populações caninas e felinas, 
de 2017 a 2020, de acordo com a Área Programática no município do Rio de Janeiro, 
com base no compilado de informações presentes no documento estatístico do 
Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária..............................................................................................................30 
Tabela 4. Dados estatísticos relacionados ao número de casos por ano de cães e 
felinos acometidos pela esporotricose. Informações compiladas e dados estatísticos 
calculados com base nas informações fornecidas pelo documento estatístico do 
Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária..............................................................................................................33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 10 
2. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................................................... 11 
2.1. Complexo Sporotrix schenckii ......................................................................................................... 11 
2.2. Esporotricose – Transmissão da doença ......................................................................................... 11 
2.3. Esporotricose – Aspectos Clínicos ................................................................................................... 12 
2.4. Esporotricose – Tratamento ........................................................................................................... 15 
2.5. Esporotricose – Diagnóstico...........................................................................................................16 
2.6. A esporotricose e o gato/felino......................................................................................................17 
2.7. A evolução da esporotricose no Rio de Janeiro .............................................................................. 19 
3. OBJETIVO ............................................................................................................................................ 23 
3.1. Objetivo Geral ................................................................................................................................23 
3.2. Objetivo Específico ........................................................................................................................23 
4. METODOLGIA.....................................................................................................................................24 
5. RESULTADOS: Panorama Atual da Epidemia de Esporotricose no Rio de Janeiro ............................ 25 
6. DISCUSSÃO ......................................................................................................................................... 34 
7. CONCLUSÃO.......................................................................................................................................37 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A esporotricose é uma doença causada por fungos do complexo Sporothrix, 
como Sporothrix schenckii, que foi descrito pela primeira vez em 1898 por Benjamin 
Schenck, nos Estados Unidos (SCHENCK, 1898), tendo o primeiro caso descrito no 
Brasil em 1907 (LUTZ; SPLENDORE, 1907). Na maioria dos casos, trata-se de uma 
infecção benigna limitada à pele e ao tecido celular subcutâneo; porém, pode atingir 
ossos e órgãos internos e, em casos raros, pode ainda ser primariamente sistêmica, 
tendo início pulmonar (CARVALHO et al, 2002). 
Sua ocorrência é descrita em regiões de climas tropical e subtropical, sendo 
uma das micoses cutâneas mais frequentes na América Latina (CONTI DIAZ, 1989). 
Pode acometer indivíduos independentes do gênero, idade e/ou raça (BONIFAZ; 
VÁZQUEZ-GONZÁLEZ; PERUSQUÍA-ORTIZ, 2010), e é determinada, 
principalmente, pela possibilidade de contato com o agente etiológico, estando 
relacionado com certas atividades laborais (ROSA et al, 2005). 
A doença está relacionada a trabalhadores agrícolas e/ou profissionais que 
mantém contato diretamente com o solo, uma vez que o fungo se multiplica em 
matéria orgânica em decomposição. Enquanto mundialmente é conhecida como a 
doença que acomete jardineiros, agricultores e pessoas que têm contato com a terra, 
nos últimos anos têm sido conhecida como a doença do gato, no Rio de Janeiro, 
conforme descrito pelo Boletim Epidemiológico Esporotricose 007/2016. Desde 1998 
o Rio de Janeiro apresenta uma hiperendemia de esporotricose por transmissão 
zoonótica pelo gato (BARROS et al, 2010). 
Na América do Sul, a maioria dos casos descritos é do Brasil (LOPES et al, 
1999) onde, de acordo com Barros e colaboradores (2010), apesar do grande número 
de casos, apenas o estado do Rio de Janeiro alcançou proporções endêmicas. De 
acordo com os dados de diagnóstico da doença apresentados pelo IPEC (Instituto 
Pesquisa Evandro Chagas – Fundação Oswaldo Cruz), inicialmente em 1997 eram 
diagnosticados de 1 a 3 casos/ano, tendo atingido uma média de 43 casos/ano no ano 
2000 (BARROS et al, 2010). 
Assim sendo, todos esses dados motivam o desenvolvimento desse estudo, 
com o objetivo de coletar informações atualizadas sobre o atual panorama da doença 
no Rio de Janeiro, ressaltando a importância de medidas e ações sanitárias a serem 
tomadas. 
 
 
11 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
2.1. Complexo Sporothrix schenckii 
 
Por muitos anos a esporotricose foi descrita como uma micose causada pelo 
fungo dimorfo Sporothrix schenckii, que está presente na natureza na sua forma 
filamentosa à 25°C e, quando presente no hospedeiro, na temperatura média de 37°C, 
se apresenta leveduriforme (GUARRO; GENE; STCHIGELI et al., 1999). A 
temperatura ideal para o crescimento do S. schenckii é em torno de 30 a 37°C (GOSH, 
2002), enquanto a umidade relativa não pode ser inferior a 92% (KWON-CHUNG; 
BENNET, 1992). De acordo com Noriega e colaboradores (1993), o fungo prospera 
em solo rico em celulose, com uma faixa de pH de 3,5 a 9,4 e uma temperatura média 
de 31°C. 
Porém, estudos mais recentes demonstraram a existência de outras espécies 
de Sporothrix capazes de transmitir a doença. Utilizando sequenciamento genético, 
Heidriche e colaboradores em 2009 demonstraram que existe variabilidade genética 
entre as amostras de S. schenckii, sugerindo então que o gênero Sporothrix seja 
composto por um complexo de espécies. Sendo assim, foi adotada a nomenclatura 
de Complexo Sporothrix schenckii, o qual pertencem as espécies: S. schenckii strictu 
sensu, S. albicans, S. brasiliensis, S. globosa, S. luriei e S. mexicana (ZHOU et al, 
2013). 
Essas espécies apresentam diferenças em suas distribuições geográficas e 
potenciais patogênico sem mamíferos. Na China encontra-se, predominantemente, S. 
globosa; na Áfricado Sul, S. schenckii; e no Brasil, S. brasiliensis. Destes, S. 
brasiliensis é considerada a espécie com maior fator de virulência, capaz de invadir 
tecidos animais e podendo levar o hospedeiro à morte (ZHANG et al., 2015). 
 
2.2. Esporotricose – Transmissão da doença 
 
Muito conhecida como sendo a doença do jardineiro e/ou trabalhadores que 
lidam em contato com o solo, a esporotricose é transmitida através do contato com 
solo ou materiais orgânicos depositados no mesmo, que estejam contaminados pelo 
fungo Sporothrix spp. A doença pode ainda ser transmitida através de arranhões, 
mordidas ou contato com exsudato contaminado de lesões de gatos, quando o agente 
 
 
12 
 
etiológico é o S. brasiliensis ou S. schenckii, sendo assim, considerada uma doença 
zoonótica (ZHANG et al., 2015). 
S. schenckii é capaz de infectar o homem e diversos animais, que podem 
apresentar diferentes formas clínicas da doença (SCHUBAC; BARROS; WANKE, 
2008). De acordo com Orofino-Costa e colaboradores (2017), atualmente o Brasil 
apresenta duas rotas de transmissão de esporotricose para o homem: uma rota 
considerada sapronótica, onde indivíduo se contamina através do contato direto com 
o solo e matéria orgânica em decomposição; e uma rota chamada de zoonótica, onde 
o indivíduo se contamina através de felinos. A forma de transmissão horizontal animal 
(gato-gato) é a mais difícil de ser controlada, dificultando o controle da epidemia. 
 
2.3. Esporotricose – Aspectos Clínicos 
 
Com a epidemia de esporotricose zoonótica no estado do Rio de Janeiro, novas 
apresentações clínicas foram identificadas (LOPES-BEZERRA; SCHUBACH; 
COSTA, 2006), sendo proposta uma nova classificação para a doença. Anteriormente 
a esporotricose era classificada apenas de acordo com os quadros cutâneos e extra-
cutâneos (BARROS et al, 2008), evoluindo posteriormente para uma classificação 
mais específica dentro da forma cutânea: cutânea-linfática, cutânea-localizada e 
cutânea-disseminada. 
De acordo com Lopez-Bezerra e colaboradores (2006), ainda podemos 
classificar clinicamente a esporotricose de acordo com a região do organismo que ela 
atinge. 
 
- Manifestações de pele (cutâneas): 
 - Linfocutâneas (cutânea-linfática); 
 - Cutâneas fixas (cutâneas localizadas); 
 - Inoculações e Múltiplas (cutâneas disseminadas); 
- Manifestações nas membranas de mucosas: 
 - Formas oculares; 
 - Formas nasais; 
- Manifestações Sistêmicas: 
 - Osteoarticular; 
 - Disseminada; 
 
 
13 
 
 - Pulmonar; 
 - Neurológica; 
 - Podendo evoluir para um quadro de sepse. 
 
Figura 1: Lesões de Esporotricose. A: cutânea localizada; B: linfocutânea; C: cutânea 
disseminada. Fonte: Nota Técnica 09 DVE/DVZ/COVISA/2020 - Vigilância e Manejo 
Clínico da Esporotricose Humana no Município de São Paulo. 
 
A esporotricose pode ainda apresentar uma manifestação imunorreativa ou 
apresentar uma regressão espontânea. 
Cães e humanos raramente irão desenvolver a forma disseminada da doença 
(SCHUBACH et al., 2015). Os gatos costumam desenvolver a forma disseminada, 
demonstrando assim a suscetibilidade da espécie ao agente (PIRES, 2017) (Figura 
2). Em humanos, a manifestação mais frequente da doença é a cutânea (BARROS et 
al, 2008). 
 
 
14 
 
 
Figura 2: Lesões de esporotricose felina. Fonte: GREMIÃO, 2019. 
 
No geral o período de incubação da doença varia de 1 a 4 semanas, podendo 
durar cerca de 6 meses em casos mais raros (RAMOS-E-SILVA et al, 2007). 
Geralmente a forma mais comum da esporotricose é a sua forma cutânea, que neste 
caso, não costuma apresentar mais de 30 dias de incubação. O indivíduo desenvolve 
no local da inoculação um nódulo subcutâneo pequeno, firme e móvel. 
Posteriormente, este nódulo irá se tornar macio e formará uma úlcera ou cancro 
persistente. Nódulos adicionais irão se desenvolvendo à caminho dos vasos linfáticos, 
e irão progredindo para um ulceração. Em adultos, essa forma é mais comum nos 
membros superiores, enquanto que em crianças, aparece mais comumente na 
face(PATANGE et al, 1995). 
Na forma disseminada da doença, o período de incubação pode variar, sendo 
mais longo do que na forma cutânea. Normalmente acomete indivíduos que 
apresentam a saúde debilitada, seja devido a doenças de base ou por algum tipo de 
imunocomprometimento. Após a inoculação, ocorre a disseminação por via 
hematogênica apresentando lesões subcutâneas que, após algumas semanas ou 
meses, podem progredir para uma ulceração (CAMPBELL; ZAITZ, 2004). 
A apresentação mais rara da doença é a forma pulmonar que, por apresentar 
semelhança clínica com a tuberculose, acaba tendo um diagnóstico errôneo e/ou 
tardio. Nesta manifestação, o paciente pode apresentar febre, perda de peso, tosse 
 
 
15 
 
crônica, fadiga e anorexia. E devido ao diagnóstico tardio, o paciente pode acabar 
progredindo ao óbito (PLUSS; OPAL, 1986). 
 
2.4. Esporotricose – Tratamento 
 
Inicialmente o tratamento da esporotricose cutânea era baseado na 
administração de soluções de iodo. Porém, por conta da elevada toxicidade do iodo, 
com o passar dos anos, o tratamento vem sendo substituído, apesar do iodo ainda ser 
muito utilizado, devido seu baixo custo (KAUFFMAN; HAJJEH; CHAPMAN, 2007; 
LOPES-BEZERRA; SCHUBACH; COSTA, 2006). O mesmo aconteceu no tratamento 
de formas cutâneas disseminadas, linfocutâneas recidivantes e extracutâneas, onde 
a anfotericina B era o fármaco mais efetivo, porém também apresentava restrições de 
uso devido sua baixa tolerabilidade (COSKUN et al, 2004), apresentando ainda 
nefrotoxicidade em até 30% dos pacientes com quadro de insuficiência renal aguda 
(KAUFFMAN, 1995). 
Além da solução de iodo e da anfotericina B, o tratamento pode ser realizado a 
base de itraconazol, terbinafina e fluconazol. A escolha do tratamento adequado será 
decidida pela condição clínica do paciente, a extensão das lesões cutâneas, a 
avaliação a respeito das interações medicamentosas, os possíveis eventos adversos, 
e a presença de envolvimento sistêmico ou não (BEZERRA; SCHUBACH; COSTA, 
2006). Já o iodeto de potássio, além do elevado grau de toxicidade, apresenta um 
grande risco referente ao abandono do tratamento, uma vez que a posologia do 
mesmo se dá através de um fracionamento em muitas ingestões diárias, estando 
sujeito ainda ao aparecimento de vários efeitos adversos, como diarréia, vômitos, 
náuseas, acidose metabólica, hipertiroidismo, hipotireoidismo, dermatite herpetiforme 
e iododerma (STERLING; HEYMANN, 2000). 
O tratamento com itraconazol tem se mostrado eficaz nas formas cutânea fixa 
e linfocutânea da doença. Já o tratamento com fluconazol tem se mostrado menos 
eficaz do que itraconazol, e deve ser utilizado somente em pacientes onde não houve 
uma boa tolerabilidade ou haja interações medicamentosas ao itraconazol 
(KAUFFMAN; HAJJEH; CHAPMAN, 2000). Estudos têm demonstrado que a 
terbinafina tem sido eficaz e bem tolerada, assim como o itraconazol no tratamento 
das formas cutâneas (FRANCESCONI et al, 2011). Sua administração se dá por via 
 
 
16 
 
oral, sofrendo rápida absorção e distribuição na pele, unhas e tecido adiposo (RANG, 
2004). 
Atualmente, o protocolo recomendado para tratamento de esporotricose se 
baseia na administração oral de 200mg/dia de itraconazol, durante 2-4 semanas, 
devendo ser mantido após o desaparecimento de lesões, geralmente com duração 
total de 3-6 meses de tratamento, em pacientes com lesões fixas ou linfocutâneas 
(BARROS et al, 2010). Já em casos nos quais o paciente não responda ao tratamento, 
recomenda-se a administração oral de 500mg de terbinafina duas vezes ao dia e 40-
50 gotas de solução saturada de iodeto de potássio (SSKI) três vezes ao dia. Em 
pacientes que não houve boa tolerabilidade de outros antifúngicos, a administração 
de 400-800mg/dia de fluconazol é recomendada. Para outras manifestações clínicas, 
como as sistêmicas, recomenda-se a combinaçãode itraconazol, terbinafina e 
anfotericina B (KAUFFMAN et al, 2007). 
 
2.5. Esporotricose – Diagnóstico 
 
 O diagnóstico da esporotricose se dá através da correlação de exames clínicos 
e laboratoriais com dados epidemiológicos regionais. Os exames laboratoriais podem 
ser feitos pela análise de espécimes, através de biópsia de tecidos ou pus de lesões. 
Para infecções disseminadas, podem ainda ser analisados materiais como escarro, 
urina, sangue, fluído cérebro-espinhal e fluidos sinoviais, de acordo com o órgão 
afetado (BARROS; PAES; SCHUBACH, 2011a). 
 Em humanos, o exame de microscopia direto não se apresenta como uma boa 
alternativa, uma vez que as leveduras são pequenas, apresentando cerca de 2 a 6 m 
de diâmetro, bem como escassas nas lesões. Já nos casos em gatos, devido a alta 
carga de fungos nas lesões, esse exame apresenta uma boa eficácia no diagnóstico 
(BARROS; PAES; SCHUBACH, 2011a). 
 Um dos métodos mais recomendados para diagnóstico de esporotricose é o 
isolamento e a identificação através da cultura celular (KWON-CHUNG; BENNET, 
1992). O isolamento de S. schenckii é facilmente obtido após a sua semeadura em 
meio de ágar Sabouraud com cloranfenicol e cicloheximida (ágar Mycosel) (MORRIS-
JONES, 2002). Levando em consideração que os métodos de cultura podem levar 
cerca de 5 a 7 dias para apresentar um resultado satisfatório, outros métodos foram 
sendo desenvolvidos para melhorar a velocidade do diagnóstico (REISS et al, 2000). 
 
 
17 
 
A detecção molecular de S. schenckii é um diagnóstico rápido e valioso nos casos nos 
quais há baixa carga fúngica, o que impossibilita a detecção através do exame de 
microscopia direta (BARROS; PAES; SCHUBACH, 2011a). 
 Existe ainda a possibilidade de realização do teste cutâneo de esporotriquina, 
que detecta a hipersensibilidade tardia, sendo capaz de predizer se o indivíduo já 
expressou uma resposta imune celular ao agente etiológico. Porém, este teste é mais 
utilizado para fins de investigação epidemiológica, apresentando uma reação positiva 
para cerca de 90% dos casos confirmados de esporotricose, mas podendo indicar 
uma infecção anterior ou exposição prévia ao fungo (ITOH; OKAMOTO; KARIYA, 
1986). 
Outra opção para o diagnóstico de esporotricose não muito utilizada é a 
detecção de anticorpos. De acordo com Barros e colaboradores (2011), é importante 
frisar que os resultados de todos os testes de detecção de anticorpos têm teor 
presuntivo, sendo um resultado positivo somente em casos nos quais há uma 
correlação clínica e epidemiológica de esporotricose. Somente após a avaliação da 
correlação clínica e epidemiológica pode-se determinar com precisão o diagnóstico 
final verdadeiramente positivo para esporotricose. 
 
2.6. A esporotricose e o gato/felino 
 
 O primeiro relato do papel dos felinos na transmissão de esporotricose ocorreu 
em 1980, onde relatou-se o envolvimento de cinco pessoas que mantiveram contato 
com um gato infectado pela doença (READ; SPERLING, 1982). Nos últimos anos têm-
se notado o aumento no número de casos zoonóticos relacionado ao envolvimento de 
felinos. 
Sendo assim, se faz necessário destacar o papel dos mesmos na epidemiologia 
da doença (ANTUNES et al., 2009). De acordo com Barros e colaboradores (2010), 
de 1998 a 2009 foram registrados pelo IPEC, no estado do Rio de Janeiro, mais de 2 
mil casos em humanos e mais de 3 mil em gatos, sendo a maior transmissão zoonótica 
desta micose já registrada. Com o aumento do número de casos de esporotricose em 
felinos, houve o surgimento de um novo grupo de risco, agora, composto por 
proprietários de gatos e veterinários (HIRANO et al., 2006, YESGNESWARAN et al., 
2009). 
 
 
18 
 
 Dentre os animais domésticos, os gatos são os que apresentam maior 
susceptibilidade a contaminação pelo S. schenckii. Não se sabe ao certo o motivo, 
porém acredita-se que esteja relacionado aos seus hábitos de cavar buracos e brincar 
com terra, além de brincarem e brigarem entre si, o que pode causar arranhões e 
outras lesões que podem funcionar como porta de entrada para o patógeno 
(ANTUNES et al., 2009). Cães também são afetados, porém não apresentam 
potencial significativo zoonótico (SCHUBACH et al.,2006). Uma das hipóteses 
levantadas por vários autores é que os gatos só possuem esse potencial de 
transmissão devido à grande quantidade de leveduras presentes nas lesões 
(TABOADA, 2000). A falta de estudos ambientais e moleculares, assim como a falta 
de conhecimento a respeito da resposta imune de felinos contra o fungo, não permite 
afirmar o motivo real dessa alta suscetibilidade dos gatos à infecção por esporotricose 
(BARROS et al., 2010; SCHUBACH et al., 2003). 
 Um estudo realizado por Schubach e colaboradores (2004) analisou 347 casos 
de gatos com esporotricose, de 1998 a 2001. De acordo com o estudo, dos 347 casos 
analisados, 10 não apresentavam lesões de pele e 91 casos eram de gatos 
assintomáticos aparentemente saudáveis; 39,5% dos casos apresentavam múltiplas 
lesões, 34,9% estavam relacionados à lesões de mucosas do trato respiratório e 
digestivo, e apenas 19,3% dos casos desenvolveram a forma linfocutânea da doença. 
A esporotricose felina pode apresentar uma série de manifestações clínicas, desde 
uma forma subclínica que pode vir a progredir a múltiplas lesões cutâneas para forma 
disseminada, sendo fatal. 
 Um dos maiores problemas da esporotricose felina é a dificuldade de manter o 
tratamento por um longo período, ressaltando ainda que nem todos os gatos 
respondem bem ao tratamento. Assim, é extremamente necessário que haja 
cooperação e persistência por parte do proprietário, para que o tratamento seja eficaz 
(SCHUBACH, MENEZES& WANKE, 2012). 
 Atualmente, o tratamento de esporotricose felina é baseado nas administrações 
dos antifúngicos azólicos cetoconazol e itraconazol, os triazólicos posaconazol e 
fluconazol, os iodetos de sódio e potássio, a terbinafina e a anfotericina B (PEREIRA 
et al., 2009). A posologia do cetoconazol no tratamento de esporotricose felina varia 
de 5 a 27 mg/kg a cada 12 ou 24 horas por via oral (PEREIRA et al., 2010; SCHUBACH 
et al., 2012). Porém, este antifúngico tem sido substituído pelo itraconazol, salvo 
exceções, onde devido o custo do tratamento, prioriza-se o cetoconazol, que é mais 
 
 
19 
 
barato (PEREIRA et al., 2009). De acordo com Rosser e Dunstan (2006), a dose de 
itraconazol por via oral recomendada para a esporotricose felina varia de 5 a 10 mg/kg, 
a cada 12 ou 24 horas. 
Além disso, há certa dificuldade de realizar o diagnóstico precocemente, uma 
vez que as lesões de esporotricose se assemelham àquelas que ocorrem em outras 
dermatopatias de cães e gatos, como criptococose, leishmaniose, micobacteriose, 
neoplasias e piodermites, sendo importante a realização do diagnóstico diferencial 
(ANTUNES et al., 2009). Quanto mais rápido e preciso for feito o diagnóstico e iniciar 
o tratamento, maiores serão as chances de cura do animal, além de reduzir a taxa de 
transmissão. 
 De acordo com Barros e colaboradores (2010), uma das principais 
problemáticas da epidemia zoonótica de esporotricose é que, ao detectar a 
contaminação do gato, principalmente quando o proprietário também se encontra 
infectado, o indivíduo teme que ocorram mais contaminações no seu domicílio e pode 
acabar abandonando o animal, ou ainda, sacrificando-o, o que favorece a 
disseminação da doença. O animal longe de sua residência não estará em isolamento, 
e acabará infectando outros animais. E naqueles casos nos quais o proprietário 
sacrifica o animal, o corpo do mesmo deve ser incinerado pois, caso contrário, poderá 
contaminar o solo que poderá servir de nova fonte de infecção para hospedeiros 
suscetíveis (Barros et al., 2010) . 
 
2.7. A evolução da esporotricose no Rio de Janeiro 
 
 A partir do final da década de 1990, o Rio de Janeiro começou apresentar 
aumento nonúmero de casos esporotricose, chegando então a assumir um status de 
epidemia. Dentro deste contexto, temos os felinos domésticos como maior fonte de 
transmissão da doença (BARROS et al., 2008; SILVA et al., 2012). Para que fique 
claro o quanto esses números estão aumentando cada vez mais, podemos observar 
a curva de crescimento abaixo (Figura 3), referente aos casos de esporotricose no 
estado do Rio de Janeiro de 1987 a 2017. 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Evolução do número de casos de esporotricose em humanos no Rio de 
Janeiro. Dados compilados a partir dos dados oriundos de Schubach; Barros; Wanke, 
2008. 
 
 Como pudemos visualizar na figura 3, até 1998 só existiam 13 casos de 
esporotricose humana diagnosticados no Rio de Janeiro (SCHUBACH; BARROS; 
WANKE, 2008), o que corrobora com os dados de Barros e colaboradores (2010), que 
mostraram que até o ano de 1997 eram registrados de 1 a 3 casos/ano, tendo 
apresentado um pico de 9 casos em 1998. Em contrapartida, a partir do período de 
1998 até 2004, tivemos um aumento no número de casos, apresentando um número 
58 vezes maior do que no período anterior. Neste mesmo período, foram 
diagnosticados 1503 casos de esporotricose em gatos e 64 casos em cachorros 
(SCHUBACH; BARROS; WANKE, 2008). 
De 2008 a 2011 a cidade do Rio de Janeiro apresentou mais de 2340 casos em 
humanos, tendo uma média de 585 casos por ano, enquanto nos anos subsequentes, 
foram diagnosticados 1485 casos no ano de 2016 e 1741 casos no ano de 2017, que 
juntos totalizaram 3226 casos em apenas dois anos (SCHUBACH et al., 2012; Rio de 
Janeiro, Boletim Epidemiológico Situação Epidemiológica da Esporotricose, 2018). 
 Em 1997, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) criou dentro do Instituto de 
Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC) o Serviço de Zoonoses, atual Laboratório 
de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (LAPCLIN-
13
759
2340
3226
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
1987 - 1998 1998 - 2004 2008 - 2011 2016 - 2017
Número de Casos
 
 
21 
 
DERMZOO/IPEC-FIOCRUZ), que seria destinado a estudar as leishmanioses e as 
micoses em animais domésticos de propriedade de pacientes assistidos no Serviço 
de Dermatologia Infecciosa do IPEC/Fiocruz, tendo registrado então, em 1998, o 
primeiro caso de um felino de propriedade de um paciente, posteriormente, 
identificando outros gatos na mesma residência e no entorno, também infectados pela 
esporotricose. Em 1999 a doença continuou avançando, apresentando um total de 29 
casos, sendo 27 destes oriundos do contato com gatos doentes. No ano seguinte o 
IPEC diagnosticou 43 casos de esporotricose em humanos (BARROS et al., 2010). 
A partir do aumento no número de casos, o IPEC começou a traçar uma rotina 
para o diagnóstico e tratamento da esporotricose, conforme segue no fluxograma 
abaixo, para que fosse possível esclarecer os aspectos desta epidemia (Figura 4). 
 
 
Figura 4: Fluxograma de rotina para diagnóstico e tratamento da esporotricose 
desenhado com base nas informações consolidadas através da estrutura proposta 
pelo IPEC, gerado através dos dados de Barros et al, 2010. 
 
 Com base nessa rotina, foram realizadas duas séries de um estudo de casos, 
sendo a primeira série de 1998 a 2001, tendo tido 178 pacientes atendidos, e a 
segunda série de 2002 a 2004, tendo atendido 572 casos. Uma das informações mais 
relevantes destes estudos é que o tempo de inicio de tratamento desde o 
aparecimento das primeiras lesões foi reduzindo. Foi possível evidenciar que a forma 
mais frequente da doença foi a linfocutânea, seguida da forma cutânea localizada. 
Como ponto de partida para o tratamento utilizava-se o itraconazol como droga de 
primeira opção. Porém, nos casos nos quais o paciente não apresenta condições de 
Exame 
Clínico
Coleta de Dados 
Sociedemográfico
s e Epidemiológico
Coleta de 
Material para 
Diagnóstico 
Micológico
Coleta de 
Material para 
Diagnóstico 
Diferencial
Monitoramento 
de Eventos 
Adversos
Tratamento 
Específico
Acompanha
mento Pós-
Tratamento
 
 
22 
 
acesso a essa medicação, era utilizado o iodeto de potássio. Dos 148 casos tratados 
com itraconazol, 89,6% apresentaram-se curados, 5,4% precisaram aumentar a dose 
de itraconazol (100mg/dia para 200 a 400mg/dia), e apenas 5,4% não responderam 
ao tratamento com itraconazol, sendo necessário a mudança para o iodeto de potássio 
(BARROS et al., 2010). 
 Além do aumento no número de casos, nota-se a alteração do grupo mais 
acometido pela infecção. Se anteriormente tínhamos os profissionais que trabalhavam 
diretamente com o solo como sendo os mais acometidos, a realidade atual é outra. O 
grupo mais acometido pela doença são mulheres de 40 a 59 anos, de baixo nível 
socioeconômico, e que realizam atividades domésticas, sendo possível ainda traçar 
as regiões com maior ocorrência da doença no estado do Rio de Janeiro, estando 
essas localizadas na região metropolitana do estado, na capital e nos municípios de 
Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias (BARROS et al., 2010). 
 Outro ponto que chama a atenção e contribui para a evolução desta endemia é 
a dificuldade de diagnóstico e tratamento para a doença, não somente em humanos, 
mas principalmente nos gatos. Há uma carência no diagnóstico preciso da 
esporotricose, devido à falta de treinamento e preparo das equipes de atenção básica 
de saúde, agravada pela falta de unidades suficientes que prestem serviços de 
diagnóstico e tratamento para os felinos. 
Atualmente no Rio de Janeiro temos duas unidades que prestam serviços para 
os felinos, ambas estão localizadas no município do Rio de Janeiro: o Centro de 
Controle de Zoonoses (CCZ) Paulo Darcoso Filho, localizado em Santa Cruz, e o 
Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (IMMVJV), na Mangueira. 
Tais localidades dificultam a continuidade do tratamento, pois nem todos os 
proprietários conseguem arcar com o transporte dos felinos até estas unidades com 
frequência, além de não haver a disponibilidade de tratamento gratuito para os felinos 
(BARROS et al., 2010). 
 
 
23 
 
3. OBJETIVO 
 
3.1. Objetivo Geral: 
O objetivo deste trabalho foi coletar informações atualizadas sobre o atual 
panorama da doença no estado do Rio de Janeiro, buscando ressaltar a importância 
de medidas de ações sanitárias a serem tomadas. 
 
3.2. Objetivos Específicos: 
 - Descrever a ocorrência da esporotricose humana no período de 2010 a 2020; 
 - Definir o perfil socioeconômico mais atingido pela esporotricose humana; 
 - Definir o grupo de risco para a esporotricose humana; 
 - Descrever a ocorrência da doença nos hospedeiros caninos e felinos; e 
 - Descrever a dificuldade de controlar a expansão do número de casos da 
doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4. METOLOGIA 
 
Utilizamos como metodologia aplicada neste estudo o método observacional, 
através de um levantamento bibliográfico com pesquisas em bancos de dados e 
coleções online da Elsevier Editora (ScienceDirect) e da biblioteca virtual de saúde do 
National Institutes of Health's National Library of Medicine (NIH/NLM – PubMed 
Central). 
De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados artigos científicos 
que exploraram o tema proposto, publicados entre os anos de 2010 e 2020, buscando 
as seguintes palavras-chave: Esporotricose/“Sporotricosis”, “Sporothrix”/“Sporothrix 
schenckii”, Negligenciada/“Neglected”, Rio de Janeiro, Brasil/“Brazil”. Adicionalmente, 
realizamos uma pesquisa online para consultar documentos de organizações 
nacionais (ANVISA e Ministério da Saúde), contribuindo com dados oficiais acerca do 
panorama atual da pandemia. 
Ao todo, foram consultados 52 artigos, que deram embasamento para a parte 
de introdução e desenvolvimento deste trabalho. Porém, para fins de resultados, 
foram utilizados três BoletinsEpidemiológicos de Esporotricose, publicados pela 
Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, além do Boletim Epidemiológico 
publicado pela Coordenação de Vigilância de Zoonoses do município do Rio de 
Janeiro, e da Resolução SES Nº 674 DE 12/07/2013, ma vez que estes documentos 
forneceram as informações mais atualizadas a cerca do panorama atual do número 
de casos da doença e são as fontes oficiais para a obtenção de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
5. RESULTADOS 
 
Panorama Atual da Epidemia de Esporotricose no Rio de Janeiro 
 
 No ano de 2013, devido o aumento no número de casos de esporotricose no 
estado do Rio de Janeiro, a doença passou a integrar a lista de agravos de notificação 
do estado do Rio de Janeiro, conforme estabelecido pela Resolução da Secretaria 
Estadual de Saúde (SERJ) n°674. Desde então, além dos números de casos estarem 
mais próximos à realidade vivenciada, medidas para tentar conter a expansão dos 
números de casos puderam começar a acontecer. Dentre as medidas tomadas desde 
então, destacam-se a capacitação de profissionais de saúde, bem como notas e 
informes técnicos contendo orientações para notificação e vigilância da doença. 
No do período de outubro de 2011 a julho de 2015, foram realizados 10 eventos 
de Capacitação pela Vigilância e Assistência da Esporotricose Humana no estado do 
Rio de Janeiro, contemplando 9 regiões do estado do Rio de Janeiro e impactando na 
capacitação de 313 funcionários das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde. 
Apesar deste ciclo de capacitação ter se iniciado em 2011, só ganhou força a partir 
de 2013 (Tabela 1), quando a doença passou a integrar a lista de agravo de 
notificações compulsórias. O último ciclo de capacitação ocorreu em 2015, o I 
Encontro Estadual sobre Vigilância Integrada das Zoonoses e Doenças Transmitidas 
por Vetores, que contou com a participação de 90 profissionais lotados entre as 9 
regiões onde as capacitações foram ministradas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Tabela 1. Distribuição dos Eventos de Capacitação realizados pela Vigilância e 
Assistência da Esporotricose Humana no estado do Rio de Janeiro, de 2011 a 2015. 
 
 
Período: Regiões do RJ: 
Profissionais 
Capacitados: 
out/11 Metropolitana I e II 30 
nov/13 Médio Paraíba 16 
nov/13 Baixada Litorânea 21 
dez/13 Metropolitana I 4 
abr/14 Metropolitana I 31 
ago/14 Centro Sul 32 
set/14 Metropolitana I e II 23 
out/14 
Médio Paraíba, Baía 
de Ilha Grande, Centro 
Sul 45 
nov/14 Metropolitana I 14 
jul/15 
Todas as 9 reigões do 
Estado - I Encontro 
Estadual sobre 
Vigilância Integrada 
das Zoonoses e 
Doenças Transmitidas 
por Vetores 97 
Total: 
10 eventos em 9 
regiões 313 
Fonte: Dados compilados a partir do Boletim Epidemiológico Esporotricose 001/2018. 
 
Através dessas rodadas de capacitação foi possível obter uma padronização 
das informações, gerando uma atualização contínua de dados, permitindo uma rápida 
tomada de decisão de acordo com o perfil da doença no estado do Rio de Janeiro. 
 Ainda, devido à sua inserção na lista de agravos de notificação, de 2013 em 
diante passamos a ter um número de casos oficial publicado pelos Boletins 
Epidemiológicos de Esporotricose. Por se tratar de dados oficiais, utilizamos os 
números de casos publicados pelos Boletins Epidemiológicos de Esporotricose 
007/2016, 001/2018 e 001/2019, que relatam os números de casos de 2013 a 2019, 
conforme demonstrados no gráfico abaixo (Figura 5). 
 
 
 
27 
 
 
 
 
Figura 5: Evolução dos números de casos suspeitos e confirmados de esporotricose 
no estado do Rio de Janeiro, de 2013 a 2019, conforme as informações consolidadas 
a partir dos Boletins Epidemiológicos Esporotricose 007/2016, 001/2018 e 001/2019. 
Dados compilados a partir dos dados oriundos dos Boletins Epidemiológicos 
Esporotricose 007/2016, 001/2018 e 001/2019. 
 
Como pudemos observar a partir de 2015, o número de casos suspeitos de 
esporotricose no estado do Rio de Janeiro começou a aumentar drasticamente. No 
mesmo ano foram registrados 1.177 casos suspeitos, no qual 792 destes tiveram 
diagnóstico de esporotricose confirmado. Porém, foi em 2017 que ocorreu o maior 
pico de casos da doença registrado: 1.741 casos suspeitos no estado, sendo 1.375 
destes com diagnóstico positivo confirmado. 
Aparentemente os anos de 2018 e 2019 apresentaram uma queda nos 
números de casos suspeitos e confirmados. Porém, observa-se uma defasagem de 
informações entre um Boletim e outro. No Boletim Epidemiológico de Esporotricose 
007/2018 foram publicados os casos de esporotricose de 2015 a 18 de maio de 2018, 
enquanto o Boletim Epidemiológico de Esporotricose 01/2019 não apresentou os 
dados atualizados referente ao ano de 2018, e incluiu apenas os casos de 2019 até 
10 de dezembro de 2019. Desta forma não é possível concluir se realmente ocorreu 
uma queda verdadeira e significativa no número de casos nesses anos supracitados. 
646
787
1177
1485
1741
319
242
564 521
792
1124
1375
219
214
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Casos Suspeitos
Casos Confirmados
 
 
28 
 
A partir dos Boletins Epidemiológicos de Esporotricose também concluímos 
que, conforme descrito na literatura, o perfil da doença tem apresentado uma 
mudança. Se antes a maioria dos acometidos eram homens que trabalhavam e/ou 
tinham contato direto com o solo, atualmente, 64% dos casos analisados durante esse 
período se tratava de pacientes do sexo feminino que, na maioria dos casos, exerciam 
atividades domésticas; e/ou ainda quando indivíduos do sexo masculino, uma maior 
prevalência em indivíduos maiores de 60 anos, provavelmente, já inclusos no perfil de 
aposentados. 
Com exceção do ano de 2018, que apresenta dados incompletos, os demais 
anos tiveram prevalência da faixa etária com maior número de casos em indivíduos 
com idade igual ou maior de 60 anos (Tabela 2). 
 
Tabela 2. Compilado de informações do Perfil Epidemiológico da Esporotricose no 
estado do Rio de Janeiro, de 2013 a 2019, de acordo com os registros oficiais 
publicados pelos Boletins Epidemiológicos Esporotricose 007/2016, 001/2018 e 
001/2019. 
 
Ano: 
Número 
de Casos 
Suspeitos 
Número de 
Casos 
Confirmados 
Números de 
Casos 
Confirmados 
- Sexo 
Masculino 
Números de 
Casos 
Confirmados 
- Sexo 
Feminino 
Faixa etária 
com Maior 
Número de 
Casos 
Regiões com 
Maior Número 
de Casos 
2013 646 564 34% 66% - - 
2014 787 522 33,50% 66,50% - - 
2015 1.177 792 34,10% 65,90% 
Maior ou 
igual 60 anos 
Metropolitana 1 
e Nova Iguaçu 
2016 1.485 1.124 35,60% 64,40% 
Maior ou 
igual 60 anos 
e 40-49 anos 
Metropolitana 1 
e Nova Iguaçu 
2017 1.741 1.375 38,60% 61,40% 
Maior ou 
igual 60 anos 
Metropolitana 1 
e Nova Iguaçu 
2018 319 219 37,90% 62,10% 50-59 anos 
Metropolitana 1 
e Nova Iguaçu 
2019 242 214 37,85% 62,15% 
Maior ou 
igual 60 anos 
e 50-59 anos Angra dos Reis 
Total 6397 4810 36% 64% - - 
Fonte: Boletins Epidemiológicos Esporotricose 007/2016, 001/2018 e 001/2019. 
 
 
 
 
29 
 
Como observado na Tabela 2, a esporotricose apresentava-se muito 
concentrada na região Metropolitana do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense, 
principalmente no município de Nova Iguaçu, até o ano de 2018. Porém, de acordo 
com as informações do Boletim de Esporotricose 001/2019, neste ano, a maioria dos 
casos foi registrada no município de Angra dos Reis, na Costa Verde do estado do 
Rio de Janeiro. Dos 214 casos confirmados no ano de 2019, 81 destes foram 
notificados no município de Angra dos Reis, ou seja, 38% dos casos estavam 
concentrados nesta região, seguido pelos municípios de São Gonçalo (38 casos), 
Magé (37 casos) e Petrópolis (29 casos). O município do Rio de Janeiro apresentou 
apenas 4 casos notificados e nenhum caso registrado no município de Nova Iguaçu. 
Como pudemos observar no desenvolvimentodo trabalho, de acordo com os 
dados descritos mais atuais na literatura, uma das principais fontes de transmissão de 
esporotricose no estado do Rio de Janeiro têm sido os felinos. Por conta disso, 
achamos válido ressaltar o impacto da esporotricose nesta população. Atualmente 
não há um levantamento consistente em relação ao número da populações canina e 
felina saudável e nem acometida pela doença, não sendo possível determinar o 
quanto estas populações estão sendo afetadas. Porém, no município do Rio de 
Janeiro, o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de 
Inspeção Agropecuária apresenta uma estimativa do número de cães e felinos 
baseada na população humana do município registrada pelo censo do IBGE 2010. De 
acordo com o documento disponível no site da Prefeitura do Rio de Janeiro a 
população canina estimada no município representa 10% da população humana, 
enquanto a população felina representa 20% da população canina. Logo, podemos 
estimar a partir do censo do IBGE 2010 que, se tínhamos uma população humana de 
6.320.446, temos então uma população de mais de 630 mil cães e 126 mil felinos. 
Este documento apresenta os números de casos registrados de esporotricose em 
cães e felinos, nos anos de 2017 a 2020 (atualizado até 30 de novembro de 2020). 
Estes casos foram agrupados de acordo com a Área Programática (AP), 
conforme a Tabela 3, o que nos permite identificar as regiões dentro do município do 
Rio de Janeiro, com maior prevalência da doença em cães e felinos. Assim, é possível 
concluir que as regiões mais acometidas pela doença nessas populações tem sido a 
Zona Oeste, nos bairros de Campo Grande e Guaratiba, e Santa Cruz, pertencentes 
às APs. 5.2 e 5.3, respectivamente. Em contrapartida, as regiões da Zona Sul (AP. 
 
 
30 
 
2.1) e Grande Tijuca (AP. 2.2), apresentaram os menores índices da doença em 
animais. 
 
Tabela 3. Número de casos de esporotricose total nas populações caninas e felinas, 
de 2017 a 2020, de acordo com a Área Programática no município do Rio de Janeiro, 
com base no compilado de informações presentes no documento estatístico do 
Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária. 
 
 2017 2018 2019 2020 Total: 
Área Programática (AP): 
 
Total 
 
Total Total Total 
Número de 
Casos Totais 
Por Região: 
1.0 - Região Central 316 133 60 52 806 
2.1 - Região Zona Sul 85 39 15 13 219 
2.2 - Região Grande Tijuca 95 40 31 20 277 
3.1 - Região da Leopoldina e Ilha do 
Governador 362 168 135 91 1150 
3.2 - Região do Grande Méier 390 112 94 66 934 
3.3 - Região de Irajá, Madureira, 
Anchieta e Pavuna 468 177 126 124 1322 
4.0 - Região Grande Jacarepaguá e 
Barra da Tijuca 208 107 119 82 824 
5.1 - Região de Realengo e Bangu 244 230 297 209 1716 
5.2 - Região de Campo Grande e 
Guaratiba 919 841 1.152 802 6509 
5.3 - Região de Santa Cruz 927 1000 1.109 805 6755 
Total: 4.021 2.847 3.139 2.276 20545 
Fonte: Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária. 
 
Assim como observamos um aumento no número de casos de esporotricose 
em humanos no ano de 2017, no mesmo período ocorreu o maior pico no número de 
esporotricose na população canina e felina durante os anos analisados (Figura 6). 
 
 
 
31 
 
 
 
Figura 6: Representação do número de casos de esporotricose total nas populações 
caninas e felinas, de 2017 a 2020, com base no compilado de informações presentes 
no documento estatístico do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de 
Zoonoses e de Inspeção Agropecuária. Dados compilados a partir dos dados oriundos 
do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária. 
 
Quando analisamos a relação entre os números de casos entre cães e felinos 
é notório que o número de casos felinos prevalece (Figura 7), mesmo a população 
canina sendo cinco vezes maior do que população felina, de acordo com a estimativa 
do levantamento do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses 
e de Inspeção Agropecuária. 
 
4021
2847
3139
2276
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
2017 2018 2019 2020
Casos de Esporotricose na População Canina 
e Felina entre os anos de 2017 e 2020 
Número de Casos Totais de
Caninos e Felinos
 
 
32 
 
 
Figura 7: Relação entre os números de casos de esporotricose canina versus felina, 
de acordo com o compilado de informações presentes no documento estatístico do 
Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária. 
 
Ao realizar um comparativo entre os números de casos canino versus a 
expectativa da população canina, temos um número inferior a 0,03% de cães 
acometidos por ano, enquanto a mesma comparação em felinos apresenta uma média 
de 2,54% da população felina acometida por ano (Tabela 4). 
No acumulado dos quatros anos analisados foram registrados 312 casos de 
esporotricose canina no município do Rio de Janeiro, enquanto no mesmo período 
foram registrados 12.814 casos de esporotricose felina. Esse número de casos canino 
e felino representa apenas aqueles que chegaram ao conhecimento das autoridades 
municipais, uma vez que muitos casos não são registrados, seja por falta de 
diagnóstico ou por serem animais de rua (abandonados/sem proprietários) (Tabela 4). 
 
 
 
 
 
3925
2779
3055
2212
96 68 84 64
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
2017 2018 2019 2020
Número de Casos de Esporotricose na 
População Canina e Felina
Número de Casos Felinos
Número de Casos Caninos
 
 
33 
 
Tabela 4: Dados estatísticos relacionados ao número de casos por ano de cães e 
felinos acometidos pela esporotricose. Informações compiladas e dados estatísticos 
calculados com base nas informações fornecidas pelo documento estatístico do 
Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção 
Agropecuária. 
Ano: 
Número 
de Casos 
Caninos: 
(%) de Caninos 
Contaminados: 
Números 
de Casos 
Felinos: 
(%) de Felinos 
Contaminados: 
2017 96 0,02% 3.925 3,11% 
2018 68 0,01% 2.779 2,20% 
2019 84 0,01% 3.055 2,42% 
2020 64 0,01% 3.055 2,42% 
Total: 312 0,01% 12.814 2,54% 
 
 
 
 
34 
 
6. DISCUSSÃO 
 
A partir da inserção da esporotricose humana na relação de Doenças e Agravos 
de Notificação Compulsória no Estado do Rio de Janeiro, no ano 2013, pudemos notar 
o surgimento de dados cada vez mais detalhados possibilitando uma rápida tomada 
de decisão pelas autoridades locais, como, por exemplo, o aumento do número de 
eventos de Capacitação realizados para os funcionários das secretarias de saúde, 
que anteriormente, havia ocorrido apenas uma única vez, no ano de 2011. Ressalta-
se que estes eventos contribuíram para o que número de casos diagnosticados 
corretamente aumentasse, uma vez que muitos casos anteriormente acabavam sendo 
diagnosticados de maneira errônea, o que pode ter favorecido a disseminação da 
doença na região. 
Observamos que há uma correlação entre os números de casos em humanos 
e população canina e felina, como visto no ano de 2017, onde ambas as populações 
apresentaram os maiores números de registros de casos confirmados. Mesmo as 
informações oficiais possuindo âmbitos diferentes, uma vez que os dados caninos e 
felinos são de origem municipal, enquanto os dados de humanos são de origem 
estadual, é notório que a partir deste ano houve um aumento no número de casos 
tanto na população humana quanto na população canina e felina. 
Como relatado anteriormente, não podemos concluir que nos anos de 2018 e 
2019 o número de casos de esporotricose em humanos apresentou uma drástica 
queda, uma vez que os períodos analisados não contemplam o ano todo nesses dois 
casos. Ressalta-se ainda que não há nenhuma informação oficialsobre o número de 
casos de esporotricose humana no estado do Rio de Janeiro durante o ano de 2020. 
O ponto chave desta revisão dá-se por conta da comprovação de que o perfil 
epidemiológico dos pacientes acometidos pela esporotricose humana no estado do 
Rio de Janeiro tem sofrido alterações. Se antes tínhamos como grupo prevalente com 
maior número casos confirmados homens que mantinham atividades relacionadas 
com o solo, como colheita e plantio agrônomo ou jardinagem, conforme descrito 
previamente na literatura, no atual cenário temos uma prevalência dos casos em 
mulheres, que em sua maioria são responsáveis por atividades domésticas. 
Adicionalmente, a faixa etária de maior prevalência abrange indivíduos acima dos 60 
anos, provavelmente na faixa da aposentadoria, passando assim um maior tempo no 
ambiente doméstico. 
 
 
35 
 
Esse distanciamento da prevalência dos números de casos em humanos nas 
regiões agrícolas/de campo acaba refletindo o aumento da prevalência nas regiões 
urbanas, como a região Metropolitana e os municípios da Baixada Fluminense do Rio 
de Janeiro. Ou seja, a mudança no perfil dos pacientes acometidos está diretamente 
relacionada às regiões endêmicas. 
Quando correlacionamos essa mudança de perfil epidemiológico com os 
achados literários, que já indicavam que o aumento no número de casos esporotricose 
em humanos estava relacionado com o aumento de número de casos felinos, 
concluímos que população mais acometida pela doença é a população que mais tem 
contato com os animais domésticos. Aposentados e mulheres que se dedicam à 
atividades domésticas acabam ficando responsáveis pelo cuidado de animais 
doméstico, como felinos, bem como pela limpeza do ambiente, aumentando assim a 
possibilidade de exposição e o risco de contaminação. 
Um dos maiores motivos que fazem com que os felinos estejam diretamente 
relacionados à epidemia atual é que, uma vez contaminados, facilmente se tornam 
um transmissor em potencial da doença. Estes podem se contaminar através do solo, 
fazendo movimentos para cavar na terra, de modo que ambiente contaminado serve 
como foco de transmissão da doença. 
Um segundo ponto a ser destacado é que, ao ser contaminado, o animal pode 
brigar com outros animais, mesmos aqueles animais domésticos que ainda tem o 
hábito de irem para rua, fazendo com que a população felina de rua e doméstica 
acabem se contaminando de maneira cruzada. 
E por último e mais relevante, deve-se ressaltar que o tratamento da 
esporotricose em felinos é longo e atualmente só existem duas unidades no Rio de 
Janeiro que oferecem esse tratamento de maneira gratuita para estes animais. Por 
conta da dificuldade de adesão ao tratamento e medo de que outras pessoas da 
família e/ou outros animais domésticos possam se contaminar, muitas vezes, ao ser 
diagnosticado com a doença, este felino acaba sendo abandonado pelas ruas, ou 
ainda sendo sacrificado pelo dono, e abandonado sem que seja realizada a 
incineração do corpo, podendo assim contaminar o solo e contribuir para o ciclo da 
doença. 
Uma das maiores problemáticas do controle da epidemia de esporotricose no 
estado do Rio de Janeiro é que a maioria dos casos está centralizado em regiões mais 
pobres do estado, tornando a esporotricose uma doença negligenciada. Na região 
 
 
36 
 
metropolitana, quando relacionamos os casos de esporotricose em felinos e caninos, 
de acordo com as APs, as regiões com histórico de menor poder aquisitivo 
apresentam a maior concentração de casos registrados, enquanto as regiões da Zona 
Sul, Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Grande Tijuca, que são as regiões que 
apresentam uma população com maior poder aquisitivo, apresentam número de casos 
são menores. 
Este panorama de concentração da doença em regiões de menor poder 
aquisitivo pode ainda gerar um agravamento no empenho das grandes indústrias 
farmacêuticas no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes, o que poderia 
reduzir o tempo de tratamento e, principalmente, o desenvolvimento de vacinas, uma 
vez que a população mais acometida pela doença não representa uma população de 
compradores de potencial para as indústrias farmacêuticas. 
O desenvolvimento de vacinas para cães e felinos seria de suma importância 
para o controle desta epidemia, uma vez que o animal contaminado não possui 
controle sob a disseminação desta doença, e acaba transmitindo a mesma para outros 
animais ao seu redor. 
 
 
 
37 
 
7. CONCLUSÃO 
 
Apesar de ser uma doença que, na maioria dos casos, evolui de forma branda, 
a esporotricose pode levar a óbito pacientes que possuam comorbidades e/ou sejam 
imunocomprometidos, requerindo que medidas de contenção devam ser tomadas com 
urgência. Para isto, é necessário que hajam esforços das organizações públicas, uma 
vez que não é uma área de interesse das grandes indústrias farmacêuticas. 
O número de casos de esporotricose em humanos está cada vez mais 
concentrado na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro e nas cidades 
vizinhas urbanizadas, estando esta epidemia diretamente relacionada aos números 
de casos em felinos, tratando-se assim de uma epidemia zoonótica, necessitando que 
haja uma política de controle dessa zoonose com urgência. 
Para concluir, ressalto ainda algumas medidas que impactariam na redução do 
número de casos de esporotricose no estado do Rio de Janeiro: 
- Ampliação do número de postos de atendimento que oferecem tratamento 
gratuito para felinos; 
- Realizações de ações de controle da esporotricose em animais; 
- Ampliar a divulgação de informações acerca da esporotricose para a 
população; 
- Estimular as organizações públicas e privadas para o desenvolvimento de 
vacinas para animais e o desenvolvimento de medicamentos que permitam um 
tratamento a curto prazo.
 
 
38 
 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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	1. INTRODUÇÃO
	2. DESENVOLVIMENTO
	2.1. Complexo Sporothrix schenckii
	2.2. Esporotricose – Transmissão da doença
	2.3. Esporotricose – Aspectos Clínicos
	2.4. Esporotricose – Tratamento
	2.5. Esporotricose – Diagnóstico
	2.6. A esporotricose e o gato/felino
	2.7. A evolução da esporotricose no Rio de Janeiro
	3. OBJETIVO
	4. METOLOGIA
	Panorama Atual da Epidemia de Esporotricose no Rio de Janeiro
	6. DISCUSSÃO
	8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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