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RESTAURAÇÕES CLASSE V ➢ São cavidades envolvendo o terço cervical nas faces vestibular e lingual de todos os dentes. ➢ Desordens e patologias que afetam o tecido duro de dentes: o Origem congênita: ▪ Hereditárias. o Origem adquirida: ▪ Deficiência alimentares; ▪ Influência de substancias químicas; ▪ Distúrbios do metabolismo e infecções de etiologia bacteriana; ▪ Perdas de estrutura de etiologia não bacteriana (abrasão, erosão, abfração e atrição). DIAGNÓSTICO: ➢ Através do exame clínico; ➢ Jogo clinico adequado, boa iluminação e jato de ar. ➢ Tipos de classe V: o Lesões cariosas; o Lesões cervicais não cariosas (LCNC) → erosão, abrasão e abfração; o Restaurações insatisfatórias ou deficientes. ➢ É importante que o profissional saiba diagnosticar a causa da lesão: o Prevenir o desenvolvimento de novas lesões; o Interromper a progressão de lesões já existentes; o Montar plano de tratamento ideal. LESÃO CARIOSA: ➢ A região cervical do elemento dentário é onde ocorre o maior acúmulo de placa nas superfícies livres, isso propicia o desenvolvimento da lesão cariosa. ➢ Cavitada e não cavitada → acesso direto às lesões → lesão pode ser controlada e o processo carioso detido. LCNC ➢ As LCNC são definidas como uma perda irreversível de tecido dental mineralizado causada por uma associação de fatores sem o envolvimento de bactérias. ➢ Quais são as causas mais comuns de LCNC? o Essas lesões são resultado de uma interação de fatores, em que os mais importantes são: ▪ Oclusão (contato inadequado entre os dentes antagonistas); ▪ Alimentação rica em ácidos (frutas cítricas e refrigerantes em excesso, por exemplo); ou ácidos provenientes do próprio organismo (estômago); ▪ Escovação dental com técnica inadequada. ➢ O efeito se dá na região cervical por ser o local onde o momento flector é máximo, pela concentração de tensões nessa região, resultado do seu menor diâmetro, o que explicaria a maior incidência em dentes inferiores e, ainda por ser a região do dente onde o esmalte tem menor espessura. ➢ Teoria da flexão dentária: o Yettram; Wright; Pickard, 1976: a estrutura dentária humana e os tecidos de suporte apresentam diferentes propriedades mecânicas, influenciando na distribuição de forças: ▪ O esmalte próximo a JAC fica altamente estressado, em razão da reação das forças que fluem por entre essa fina estrutura. o Lee, Eakle, 1984: lesões cervicais em forma de cunha podem indicar que o estresse oclusal é o principal fator desencadeante dessas lesões e que outros fatores locais desempenham um papel secundário na dissolução da estrutura dentária, criando a lesão: ▪ Quando há uma força incidindo sobre o dente, fora de seu longo eixo, ocorre uma tendência ao movimento de alavanca, o que causa o aparecimento de regiões no dente onde existem concentrações de forças de compressão e outras onde há forças de tensão, localizando-se próximo ao fulcro do dente, que está exatamente na região cervical. o Hipótese – estresse oclusal como fator importante para o desenvolvimento de LCNC: melhor explicação sobre a morfologia e localização das lesões; o Trauma oclusal por si só não explica a ocorrência das lesões (ácidos, escovação inadequada), já que muitos dentes exibem sinais de oclusão traumática sem desenvolverem lesões cervicais. EROSÃO: ➢ O clássico modelo de erosão dentária é constituído de uma lesão com depressão e côncava central na dentina, cercada por margem elevada de esmalte mostra-se rasa, lisa e polida, e geralmente localizada nas faces linguais ou palatinas: ➢ Perda patológica de tecido dentário de forma crônica e indolor provocada por substâncias químicas ou processos eletrolíticos, sem envolvimento de bactérias; ➢ OBS.: restaurações de amálgama → ilhotas de amálgama → ácido deteriora a estrutura dental, mas não a restauração: ➢ Ácidos endógenos: anorexia, bulimia, refluxo gastroesofágico; ➢ Ácidos exógenos: presentes no ar (local de trabalho/indústrias), grande contato com água de piscina (nadadores), uso de medicamentos ácidos, dieta excessiva em ácidos (refrigerantes, sucos, vinagre). ➢ Protocolo para a prevenção e acompanhamento da erosão dentária: ABRASÃO: ➢ A área da lesão cervical se mostra quase sempre em forma de “V”, tenso aspecto lisa e brilhante: ➢ Geralmente localizada nas faces vestibulares; ➢ Remoção de tecido dental por forças patológicas excessivas e repetitivas por objetos ou substancias externas, podendo ser difusa ou localizada; ➢ Causas: o Grande força na escovação; o Dentifrícios abrasivos; o Escovas com cerdas duras, fricção de objetos. ➢ Características: o Lesão profunda; o Bordos não tão definidos; o Superfície dura e lisa, podendo apresentar ranhuras; o O grau de perda é maior em dentes proeminentes (incisivos, caninos, PM e dentes adjacentes a áreas edêntulas) e no lado do arco oposto à mão dominante que sustenta a escova dentária; ➢ Tratamento: o Orientação de higiene bucal, englobando escovação técnica (sem uso de força), uso de dentifrícios menos abrasivos e escovas de cerdas macias; o Restaurações com CIV ou RC, desde que o tamanho da cavidade permita a inserção de tais materiais. ABFRAÇÃO: ➢ Forma especial de defeito em forma de cunha na região cervical de um dente, e se concentra na JCE: ➢ Perda patológica de estrutura dentaria devido a um estresse oclusal, que por flexão dental repetida provoca falha no esmalte e na dentina; ➢ Geralmente ocorre em superfícies cervicais vestibulares de dentes bem suportados periodontalmente; ➢ Pode afetar um dente ou mais em um hemiarco; ➢ Mais comum no PM, 1M e caninos superiores; ➢ Principal etiologia aceita: sobrecarga oclusal mastigatória, má oclusal, bruxismo (efeito generalizado); ➢ Causa sintomatologia dolorosa. ➢ Tratamento: o Análise e ajuste oclusal; o Placa miorelaxante; o Cirurgia ortognática; o Terapia ortodôntica; o Restaurações com CIV ou RC, desde que o tamanho da cavidade permita a inserção de tais materiais. ➢ Diagnóstico diferencial: HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA CERVICAL (HSDC): ➢ Com o aumento da incidência de LCNC, houve também crescimento dos casos de sintomatologia dolorosa; ➢ É definida com a exacerbação da resposta pulpar a estímulos externos (físicos e químicos); ➢ A teoria atualmente aceita para explicar a hipersensibilidade é a teoria hidrodinâmica: o O cemento da porção radicular que recobre a área cervical do dente é mais fino sendo facilmente removido, expondo a dentina e os prolongamentos odontoblásticos. ➢ Tratamento: o Necessidade de diagnóstico diferencial entre casos de hipersensibilidade dentinária, cisões de cárie, restaurações com defeito, elementos dentais fraturados, alterações endodônticas, doenças periodontais e traumatismos oclusais e LCNC; o A dor é provocada, cessando com a remoção do estímulo e é, em geral, localizada; o Há vários tipos de produtos no mercado odontológico atualmente para o tratamento da HSDC: visam obliterar a luz dos túbulos dentinários para diminuir a movimentação fluídica e diminuir o limiar de excitação das fibras nervosas; o Os dessensibilizantes mais utilizados: ▪ Fluoreto de sódio; ▪ Fluoreto estanhoso; ▪ Fluorfosfato acidulado; ▪ Pasta de fluoreto de sódio a 33%; ▪ Fosfato de cálcio; ▪ Solução de glutaraldeído a 2%; ▪ Oxalato de potássio; ▪ Nitrato de potássio; ▪ Oxalato de ferro; ▪ Lasers de baixa potência; ▪ Dentifrícios; ▪ Vernizes fluoretados; ▪ Sistemas adesivos; ▪ Procedimentos restauradores; ▪ Cirurgia periodontal. TRATAMENTO RESTAURADOR DAS LESÕES CERVICAIS: CIMENTO DE IONÔMERODE VIDRO: ➢ Adesão química a estrutura dentária, favorecendo um melhor vedamento evitando microinfiltrações, e biocompatibilidade; ➢ Módulo de elasticidade, que o propicia a acompanhar a flexão dentária evitando que haja o rompimento de sua ligação com a estrutura dentária; ➢ Libera flúor. RESINA DE MICROPARTÍCULAS OU DE NANOPARTÍCULAS: ➢ Em casos onde a estética é necessária, de preferência tendo uma base de ionômero de vidro, já que esse material permite uma melhor compatibilidade de cor com o dente. TRATAMENTO RESTAURADOR: ➢ A restauração das lesões cervicais é necessária pelas seguintes razões: o Estética, principal razão pela qual o paciente procura o tratamento; o Fortalecimento da estrutura dentária; o Tentar estacionar a progressão da lesão; o Prevenir o acúmulo de placa bacteriana; o Prevenir posterior perda de substância por abrasão; o Evitar exposição dentinária e/ou pulpar. PROXIMIDADE COM A GENGIVA: ➢ Tratamento dentário satisfatório – respeitar: o Aspectos mecânicos; o Aspectos biológicos; o Aspectos estéticos. ➢ Estabilidade oclusal; integridade do tecido dental e saúde dos tecidos de proteção e suporte. ➢ Restauração supragengival: o Favorece a higienização da interface dente- restauração: o Tratamento restaurador dentro dos padrões ideais; o Margens das restaurações bem adaptadas; o Contorno adequado; o Evitar ao máximo o acúmulo de bactérias. ➢ Afastamento gengival: o Isolamento absoluto; o Isolamento relativo com fio retrator gengival. ESPAÇO BIOLÓGICO: ➢ Distância entre a gengiva marginal e a crista óssea alveolar, abrangendo a inserção conjuntiva, epitélio juncional e o epitélio do sulco gengival; ➢ Margem de segurança → 3mm: o Integridade do epitélio juncional e inserção conjuntiva; o Aderência dessas estruturas na estrutura dentária. ➢ Se houver invasão: o Aumento de coroa clínica: gengivectomia, osteotomia; o Procedimento periodontal que permite exposição coronal a fim de se obter uma coroa clínica com margens cervicais íntegras acima da crista óssea alveolar: ▪ Melhor adaptação da restauração; ▪ Restabelecimento do espaço biológico; ▪ Saúde aos tecidos de sustentação. ➢ Aumento de coroa clínica: o Previamente ao processo restaurador: o O dente deve ser restaurado provisoriamente, a fim de se estabelecer um correto contorno da coroa dental, ajudando no condicionamento gengival prévio à restauração definitiva; ➢ Restauração transcirúrgica em aumento de coroa clínica: o Restauração associada a procedimentos cirúrgico- periodontais; o Restabelecimento funcional e estético em menor tempo; o Não é a mais indicada: não possibilita a maturação do tecido conjuntivo e o restabelecimento final da altura da crista gengival. PREPARO CAVITÁRIO: ➢ Lesão cariosa: o Remoção de tecido cariado e acabamento da cavidade. ➢ LCNC: o Não é necessário preparo cavitário, mas pode-se regularizar o desgaste do dente. ➢ Cuidados durante o preparo cavitário – BISEL: o Se atentar a localização da cavidade, muito cervical em que já não tem esmalte (subgengival) e se não for região estética, como na oclusal → SEM BISEL; o Se tiver esmalte somente no ângulo cavossuperficial incisal ou oclusal da cavidade → FAZER BISEL. CONDICIONAMENTO ÁCIDO E ADESÃO: ➢ Melhor indicação para cada caso: o Extensão da lesão, tipo de substrato e material restaurador utilizado. ➢ Em LCNC, geralmente, o tecido dentinário se apresenta esclerótico (hipermineralizado): o Alguns autores sugerem maior tempo de condicionamento ácido. ➢ Iniciar aplicação do ácido fosfórico em esmalte e em seguida aplicar no interior da cavidade (dentina) por 15 segundos; ➢ Lavagem da cavidade pelo dobro de tempo do condicionamento; ➢ Secagem: o Bolinha de algodão ou papel absorvente estéril. o Dentina deve apresentar brilho úmido. ➢ Aplicação do sistema adesivo (técnica de acordo com cada fabricante). ➢ LCNC x sistemas adesivos autocondicionantes: o Para a maioria dos adesivos autocondicionantes, o condicionamento prévio do esmalte com ácido fosfórico é necessário para uma melhor retenção da restauração; o Quando o adesivo universal (autocondicionante) é utilizado após o condicionamento ácido prévio em dentina, a capacidade de vedação desta piora; o Condicionamento ácido em dentina para adesivos universais não é recomendado. RESTAURAÇÃO COM RC: ➢ Primeiro incremento nas paredes cervical e axial; ➢ Segundo incremento nas paredes oclusal e axial; ➢ Terceiro e último incremento deve unir os incrementos anteriores e restabelecer a anatomia; ➢ Gel isolante e fotopolimerização final. ACABAMENTO E POLIMENTO: ➢ Pontas diamantadas finas e extrafinas – ponta de lápis; ➢ Brocas multilaminadas com formato semelhante; ➢ Discos de borracha de abrasividade decrescente; ➢ Disco de feltro + pasta de polimento. CONCLUSÃO: ➢ Para um tratamento restaurador direto satisfatório em classe V é necessário fazer o diagnóstico correto; ➢ Conhecer os fatores etiológicos, e se estão inter-relacionados a fim de traçar um plano de tratamento, eliminado o agente agressor. Somente após esses passos é que será aplicado o tratamento para a hiperestesia (restaurações ou dessensibilizantes) e restabelecimento dental funcional e estético. Ignorar alguma dessas evidências pode acarretar insucesso clínico a curto prazo; ➢ Conhecimento das possíveis técnicas operatórias, dos materiais indicados para cada caso, das peculiaridades de cada paciente e das possíveis intercorrências que ele possa ter de enfrentar a fim de alcançar o sucesso de tratamento.
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