Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TERRITÓRIO É PODER AUTOR(A): CARLA PONTES ● “Terra para Rose” e o MST O documentário “Uma terra para Rose” narra a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) pela reforma agrária, mais especificamente no que diz respeito à ocupação da Fazenda Anoni, que já estava em processo de desapropriação há algum tempo. A obra mostra a situação em que se encontrava a estrutura fundiária brasileira naquela época considerada antiquada, sem qualquer tipo de organização e extremamente injusta. O documentário ainda reúne depoimentos de vários participantes do movimento que contradiziam de forma extrema com o que era e ainda é veiculado pelas mídias que criminalizam o MST e classificam suas ocupações como invasões. Diante de tudo o que é dito e colocado pelo documentário, é possível perceber que uma das principais barreiras do MST ainda é a questão da predominância do interesse das minorias (fazendeiros, aqueles que detêm maior poder aquisitivo) que acabam por fazer com que a busca pela justiça social, uma melhor distribuição de terras se torne ainda mais difícil. A falta de uma “atenção” por parte do governo, criação de políticas agrícolas que funcionem, a própria falta de representatividade por parte de quem deveria nos representar e uma boa administração são alguns entre tantos outros fatores que mostram o quanto a nossa estrutura fundiária ainda deixa a desejar. ● Escala, Projeção e Simbolização A escala dentro dos três mecanismos que auxiliam o direito (escala, projeção, simbolização) é aquele que fornece maior riqueza de detalhes e os mesmos poderiam trazer à tona diferentes realidades jurídicas do direito como o local, o nacional e o global. Pode ainda interferir na questão da legalidade o que irá ajudar a distinguir aquilo que pertence ao direito e o que deve ser excluído, podendo ainda ser aplicada dentro de um contexto social, na definição de estratégias visando o poder no cotidiano por exemplo. Visto deste ponto a escala está bem próxima do direito na questão da busca por ordem, através dos detalhes e obviamente do poder De acordo com a projeção, as formas de direito distinguem se de acordo com o tipo de projeção adotado, havia ainda a questão da ordem jurídica que possuiria um centro e uma periferia: a partir do momento que era feita a experiência de caminhar do centro em direção a periferia as distorções passavam a ser mais visíveis e ainda mais disformes. A aproximação da projeção com o poder é realizada com base na questão de decisões mais técnicas, mais ideológicas. A simbolização diz respeito aos símbolos gráficos usados para assinalar os elementos e as características da realidade espacial. Dependendo dos símbolos em mapas ou qualquer outro material podem motivar tensão entre dois tipos de simbolização da sociedade que muitas vezes tem embates que seriam um homérico e outro bíblico. Pode ser extremamente importante em seu “modo jurídico” bem como na tomada de decisões, podendo ofertar certa autonomia e “passando verdade” quanto aqueles que irão exercer o direito. ● Mapeamento Participativo Através de um mapeamento participativo, que incluiria populações locais, é possível a construção de uma representação do espaço bem como a possibilidade do estabelecimento de relações entre linguagens e práticas territoriais e a originalidade dos sujeitos da representação e seus possíveis efeitos de poder sobre o espaço. Porém essa noção de mapeamento possui uma certa indeterminação: porque ao mesmo tempo em que é constituída para dar voz às comunidades de base e grupos desfavorecidos, sua realização depende da estrutura de poder na qual está inserida o que poderia vir a ser um complicador. A partir das muitas experiências que vivenciamos cotidianamente, é possível perceber o quanto o território em que nos encontramos diz sobre nós, o que pode nos levar à conclusão de que o espaço estaria totalmente associado à formação das identidades desses grupos subalternos, que a partir dessa relação passam a tratar a comunidade em que vivem como um “mundo próprio” onde os moradores gerenciam tudo, passam a exercer certo poder sobre o espaço podendo haver até a criação de leis e discussões quanto ao uso de recursos naturais. ● Cartografia Ambientalizada Cartografia ambientalizada seria uma representação de uma ordem ecológica do espaço, de determinação racional de “vocações naturais” das diferentes porções do território, buscando uma incorporação de pessoas, grupos sociais e instituições quanto às questões do meio ambiente, do espaço. Os principais impasses seriam: “dificuldades metodológicas” por parte do ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico) uma espécie de órgão responsável pelo planejamento territorial, que não está encontrando indicadores de possíveis associações entre variáveis sociais e ambientais contando ainda com uma falta de algo sólido quanto às suas políticas; falta de um bom planejamento ou “plano b” quando algo não sai como o esperado como o caso de conflitos de toda ordem como os que envolvem terras, os sociais entre outros; a questão da fragmentação também é algo que deve ser pensado, visto que essa divisão do território poderia proporcionar informações mais assertiva bem como descobertas quanto a dinâmica social do espaço e evitaria possíveis “subtrações” em sua história; que se tornem visíveis as dinâmicas espaciais do tecido social que são importantes quando se fala de movimentos pelo território e seus recursos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACSELRAD, Henri. Sobre os usos sociais da Cartografia. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional. BIEMBENGUT, Maria Salett. 18. Mapeamento como princípio metodológico para a pesquisa educacional. 2008. DA SILVA, Christian Nunes; VERBICARO, Camila. O mapeamento participativo como metodologia de análise do território. Scientia Plena, v. 12, n. 6, 2016. Terra para Rose, de Tetê Moraes. Brasil, 1987, 84 minutos. Documentário sobre a primeira ocupação de latifúndio improdutivo no Brasil, a Fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul, em 1985.
Compartilhar